Texto Pedro Moura 1
Seis Esquinas de Inquietação. Autores Brasileiros Contemporâneos1 André Diniz, Marcelo D’Salete, Pedro Franz, Diego Gerlach, André Kitagawa e Rafael Sica.
Exercício do político. Enquanto conjunto constituído por textos publicados, a banda desenhada faz desde logo parte da esfera pública. Independentemente da sua história apenas lhe ter permitido na contemporaneidade uma abertura tópica a abordagens mais desenvoltas, maduras e diversificadas, ela sempre foi, como qualquer acto humano, político. Esta palavra remete à ideia de cidade, polis, de uma comunidade orgânica entre uma prática, uma teoria, e uma vida comum. Como escreve Hannah Arendt em A condição humana: “a Polis, se formos precisos, não é a cidade-estado no seu local físico, mas antes a organização das pessoas na medida em que esta emerge de uma acção conjunta, de um diálogo, e o seu verdadeiro espaço reside entre as pessoas vivendo em conjunto neste propósito, pouco importando onde estejam”. No entanto, nem todas as vidas têm a mesma presença, peso e agência. As vidas não existem fora da pólis, e, segundo as lições de Judith Butler, elas estão mesmo vinculadas às existentes relações de poder. A banda desenhada, logo à partida, e no nosso momento histórico – em que nunca houve tanta diversidade de produção, de géneros e de abordagens
E
1 Pedro Moura escreve de acordo com a antiga ortografia F
D © Diego Gerlach, Ano do Bumerang, 2011 E © Pedro Franz, Promessas de Amor a Desconhecidos Enquanto Espero o Fim do Mundo, vol. 1, 2010. F © Rafael Sica, “Fim”,s/título, s/d
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