Trecho: Os detetives do Prédio Azul - Aventuras culinárias

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1. O TERROR

DOS TOMATES

No mesmo dia em que o imbatível, o insuperável, o inesquecível detetive Tom viajaria com sua mãe para a Índia, eu e meu pai estávamos nos mudando para o famoso Prédio Azul. Antes de partir, Tom se despediu de todos e me disse baixinho: – Pippo, a capa verde ficou pendurada num gancho, no clubinho. Se você provar que tem talento para ser um bom detetive, ela pode ser sua. Pouco depois, ele foi embora com dona Rafaela e não houve quem não chorasse ali na portaria. Até mesmo a dona Leocádia deixou escapar umas lágrimas. 9


No dia seguinte, acordei bem cedo e não conseguia pensar em outra coisa: eu precisava provar que tinha talento para investigar e conquistar a famosa capa verde. Mas como? Talvez você ainda não me conheça. Meu nome é Filippo Tomatini e meus amigos me chamam de Pippo. Minha especialidade é comida italiana em geral: pizzas, lasanhas, nhoques! Meu pai, Salvatore Tomatini, nasceu na Itália, mas mora no Brasil desde pequeno. Ele é o melhor cozinheiro que conheço e adoro ficar ao seu lado, aprendendo as receitas que ele não para de inventar. O grande chef Tomatini gosta de dizer que tenho jeito para a culinária, só que eu gosto mesmo é do teste de qualidade: provo e digo na lata o que penso. Se está cru ou passado, se está sem sal ou salgado demais, se va bene ou se va male! Um dos meus passatempos favoritos é plantar. Aonde vamos, meu pai e eu, sempre plantamos tomates, muitos pés de tomate! Afinal, nós não ficamos um dia sequer sem comer tomates. Mal nos mudamos para o Prédio Azul, começamos 10


uma horta no jardim do prédio para garantir almoços e jantares. Quando meu pai me adotou, eu era um bebê e hoje nem me lembro de nada. Só sei que ele era louco para ser pai e passava o dia fazendo mamadeiras deliciosas para mim. Depois, fui apelidado de “o terror dos tomates”, porque nunca saio de casa sem o meu espremedor de tomates portátil. Meu ketchup eu mesmo faço: fresquinho, espremido na hora! Quando já estávamos bem instalados no novo apartamento, comecei a seguir a detetive Mila e o detetive Capim para tentar ser um bom investigador, como eles. Acontece que, para entrar no time dos detetives do Prédio Azul, eu precisava mostrar toda a minha perspicácia. Para isso, porém, faltava um caso a ser desvendado! Foi numa quarta-feira bem calorenta que o meu batismo de fogo começou. Meu pai saiu rumo ao pátio para colher tomates e preparar o seu famoso pomodori ripieni di riso (tomates recheados com arroz), quando meus amigos e eu 11


ouvimos – lá da portaria – seu grito desesperado, exagerado, bem no estilo italiano:

Mamma mia! Ma comme mai? Ladro di pomodoro! Imediatamente, Mila, Capim e eu corremos até o pátio, antes que ele tivesse um troço! Logo depois descobrimos o problema: os tomates do grande chef Tomatini tinham desaparecido! Quem seria o gatuno guloso? Aquela era a minha primeira investigação e eu não podia falhar. Precisava convencer Mila e Capim de que era capaz de solucionar mistérios e também precisava ajudar meu pai a encontrar o ladrão de seus tomates. Mas meus amigos ainda nem tinham me chamado para conhecer o clubinho. Eles eram veteranos, e eu, novato. Mila, a moradora mais antiga, conhecia cada canto do prédio. Capim, filho do porteiro Severino, 12


dominava bem o funcionamento da portaria. E eu... Bem, eu ainda não sabia muita coisa mesmo. Sem capa nem lupa, segui com os dois detetives para o apartamento de Severino, que tinha almoçado um pouco antes com nosso amigo Capim. A frigideira ainda estava sobre o fogão e vimos algumas marcas amarelas, de ovo. O almoço deles parecia ser sempre o mesmo: arroz com ovo. Ou ovo com arroz. Apesar de Capim afirmar que ele e Severino não haviam comido tomate no almoço, analisamos a pia e a lata de lixo para ver se havia caroços caídos ali, mas necas. Risquei Severino da lista que havíamos feito e tiramos também o nome do meu pai, que nunca roubaria os próprios tomates. Restavam apenas dois suspeitos: SALVATORE TO MATINI CARLOS EDUA RDO SEVERINO DONA LEOCÁD IA

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Assim que entramos no elevador, vimos uma marca vermelha bastante estranha perto dos botões. Cheirei e confirmei: era tomate! E estava bem perto do S, que leva ao subsolo, ou seja, ao porão do prédio.

Antes de continuar, preciso contar uma coisa: meu pai e eu não éramos os únicos moradores novos do prédio. Pouco depois da gente, chegaram dezenas de caixotes na portaria com uma imensa letra T. Rapidamente descobrimos que pertenciam a um certo Theobaldo, um homem barbudo e um pouco fedido, dono de uma capa longa e antiga, que, lamentavelmente, nunca era lavada. A partir de informações dadas por Severino, ficamos sabendo que esse tal de Theobaldo agora dormia no sofá da dona Leocádia. A síndica mais mal-humorada do planeta vivia implicando com ele, mas o dono da capa fedida nunca se abalava. Passava o dia no porão do prédio, 14


cercado por potes com conteúdos bem esquisitos que não lembravam em nada os temperos do meu pai. Mila, Capim e eu estávamos loucos para saber mais sobre aquele vizinho e aproveitamos o sumiço dos tomates para ir ao porão falar com ele. Quando chegamos lá, ele estava desencaixotando muitos potes coloridos e pareceu ficar tenso com a nossa presença. 15


– Não derrubem nada, por favor! – Pode deixar, Theobaldo. Diga, o que você almoçou hoje? – perguntou Mila, tirando o bloquinho do bolso de sua capa vermelha. – Se vieram atrás de comida, estão no lugar errado. – Não. Só queremos saber o que o senhor comeu – emendou Capim. – Bem, eu comi churrasco de... Ah, deixa para lá. Vocês não entenderiam. – Churrasco de tomate, por acaso?! – inquiri, nervoso, me precipitando. – Nunca comi churrasco de tomate antes, mas não parece má ideia! – o barbudo me respondeu, rindo. Enquanto ele ria, pude observar os fios de sua barba e, de repente, vi um pontinho vermelho bem escondido ali. Aquele criminoso não escaparia facilmente! – Se o senhor não comeu tomate no almoço, que marca vermelha é essa na sua barba, posso saber, seu Theobaldo? 16


– Ah, isso? – ele perguntou, passando o dedo na barba. – Bem, eu não comi tomate fresco, mas vamos combinar que torresmo de gafanhoto sem ketchup não tem a menor graça, não acham? – Torresmo de gafanhoto? – Capim, Mila e eu repetimos juntos, nos entreolhando. Em seguida, ele nos ofereceu um gafanhoto chamuscado e mostrou seu pote de ketchup industrializado. Saímos dali apressados, estranhando muito os hábitos alimentares daquele homem que engolia gafanhotos como se fossem batatas fritas. Risquei mais um nome que ainda nem tinha entrado na lista, mas merecia nossa atenção: SALVATORE TOMATINI CARLOS EDUARDO SEVERINO DONA LEOCÁDIA THEOBALDO

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Já dentro do elevador, Mila comentou, baixinho: – Depois de descobrir quem roubou os tomates do seu pai, Pippo, precisamos investigar esse Theobaldo. Não acham? – Concordo, Mila – sussurrou Capim. – Além de comer gafanhotos chamuscados, que outras manias esquisitas será que ele tem? – Será que ele é perigoso?! – perguntei. – É isso o que precisamos saber, Pippo. Para não corrermos riscos! – encerrou Mila. E assim ficou combinado.

Ainda no elevador, Capim lembrou que o pai de Mila andava fazendo uma dieta para perder peso: – Ei, Mila, quem faz dieta gosta de comer salada. E quase toda salada leva tomate, certo? – Tem razão, Capim – eu disse. – Vamos perguntar ao seu Carlos Eduardo se ele comeu tomate hoje. 18


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