Trecho - Meu pai, o grande pirata

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Em memória de Piero. MQ

Título original: Mio padre il grande pirata publicado por orecchio acerbo s.r.l., viale Aurelio Saffi, 54 – 00152 Roma Copyright © 2013, orecchio acerbo, Roma Copyright da edição brasileira © 2018: Jorge Zahar Editor Ltda. rua Marquês de S. Vicente 99 – 1o | 22451-041 Rio de Janeiro, RJ tel (21) 2529-4750 | fax (21) 2529-4787 editora@zahar.com.br | www.zahar.com.br Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Grafi a atualizada respeitando o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Tradução: Celina Portocarrero Projeto gráfico: orecchio acerbo Impressão: Geográfica Editora CIP-Brasil. Catalogação na publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ C155m

Calì, Davide Meu pai, o grande pirata/Davide Calì; ilustração Maurizio A.C. Quarello; tradução Celina Portocarrero. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Pequena Zahar, 2018. il. Tradução de: Mio padre il grande pirata ISBN 978-85-66642-59-9 1. Ficção infantojuvenil italiana. I. Quarello, Maurizio A.C. II. Portocarrero, Celina. III. Título.

18-48218

CDD: 028.5 CDU: 087.5


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Quando eu era crianรงa, meu pai vivia longe. Sรณ voltava para casa uma vez por ano, no verรฃo, por duas semanas. Meu pai tinha cheiro de mar. Porque era um pirata.

Um grande pirata.



Assim que chegava, meu pai me botava no colo, abria um grande mapa cheirando a poeira e me mostrava todos os lugares onde estivera. E, para cada lugar, me contava de um navio que tinham atacado e de quantas vezes haviam decidido salvar a vida dos marinheiros em troca de todos os tesouros que transportavam.


Mas ele nunca trazia tesouros para casa. – Papai, por que você nunca traz nenhum tesouro para casa? – eu perguntava. E ele começava a rir. – Porque os tesouros estão num lugar seguro que só eu e o Tatuado conhecemos. É por isso!


Meu pai tinha uma tripulação,


e eu sabia o nome de todos.

O Tatuado era um pirata cheio de tatuagens, que nunca falava. Por ele falava Centavo, o papagaio. Também havia Tabaco, que sabia cozinhar e contava umas histórias de fantasmas de arrepiar; Barbudo, que, diziam, já era peludo desde criança; Diminuto, que era da altura de um menino mas não tinha medo de nada.


E depois havia: Fígaro (era chamado assim porque jå tinha sido barbeiro), que tocava gaita e nas noites de lua cheia chorava como uma criança;


O Turco, que era forte como um touro e que uma vez lutou desarmado com um peixe espada (e ainda tinha as cicatrizes), mas tambĂŠm sabia ser delicadĂ­ssimo: era ele quem remendava as velas rasgadas pelo vento; Vendaval, que era famoso por soltar gases barulhentos durante a noite; Salsicha, que cheirava a mofo e, nas noites de tempestade, jogava fora as salsichas feitas em casa pela sua irmĂŁ, gordurosas e picantes.


Meu pai sempre me trazia um


presente. No meu aniversรกrio de sete anos, trouxe uma bandeira pirata que o Turco tinha costurado especialmente para mim.



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