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7 Estimulação

Sensório-motora: Quais os Limites?

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Este capítulo será dedicado a um termo muito disseminado no neurodesenvolvimento: estimulação. Até que ponto a estimulação sensório-motora é saudável? Quais seriam os limites? Quando falamos em estimulação, esse termo é interpretado como “vamos encher a criança de informação”, “vamos dar muitos brinquedos eletrônicos” ou até o famoso “vamos lotar a agenda da criança”. No entanto, limites, benefícios e malefícios da estimulação pouco são explorados e, em alguns casos, essa estimulação em excesso e sem propósito produz sobrecarga no processamento de informação, afetando negativamente o desenvolvimento.

Nossa cultura coloca muita importância na estimulação, mas pouco se fala ou se discute sobre a relevância de desenvolver a capacidade de inibir. Assim, a estimulação sensório-motora deve ser interpretada dentro de seus limites e de suas possibilidades, para que a questão da inibição também possa ser trabalhada, porque estimular em excesso uma criança produzirá alterações no processamento de informação.

O desenvolvimento do cérebro é um processo multifacetado que não resulta apenas de informações maturacionais ou ambientais separadamente. Logo, a maturação do sistema nervoso acontece na interação com o ambiente, com as experiências que são fornecidas para as crianças. Muito do que sabemos sobre o desenvolvimento do cérebro vem do estudo com modelos animais. Animais criados em ambientes estimulantes com muitos brinquedos e companheiros para brincar desenvolvem cérebros mais pesados e têm mais sinapses do que aqueles que crescem em condições

Tronco cerebral (ponte, bulbo e mesencéfalo): Entrada sensorial independente Sensório-motor, em especial, audição, visão, toque e olfato

1 Cerebelo: Inputs sensoriais, coordenação do movimento e no equilíbrio, rolar e rastejar

Áreas mais primitivas do córtex cerebral:

Desenvolvimento da prontidão sensorial Consciência corporal Sistema de planejamento motor simples

Córtex cerebral:

Integração multissensorial e sensorial Concentração

Consciência temporal Coordenação motora fina

Neocórtex:

Integração sensorial e multissensorial em tarefas mais complexas Autoestima e regulação emocional Aprendizagem acadêmica

Mudanças no Sono: o que isso tem a ver com Cognição?

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Sono é um tema que sempre traz muitos questionamentos e, por vezes, até polêmica. É uma das preocupações primordiais dos pais, e os profissionais acabam mirando em regras e tabelas fixas que nem sempre ajudam as famílias em suas individualidades e características. Questões como “será que a criança está dormindo de forma adequada?” aparecem o tempo todo, mas o que seria um sono adequado e de qualidade? Entender não só a quantidade de horas dormidas, como também seus diferentes estágios, é importante. No entanto, muitas vezes precisamos entender que a avaliação qualitativa se mostra relevante, ou seja, conhecer o sono vai muito além de medidas e quantidade, porém passa pela capacidade de entender cada caso, o que proporciona um olhar global da criança.

O sono tem importância significativa para a consolidação da aprendizagem e da organização da memória. Ele também influencia a regulação emocional. O sono nos primeiros anos de vida é fundamental para que a aprendizagem e sua consolidação ocorram, para que as memórias sejam bem construídas.1,2 O sono é uma das atividades primárias do cérebro e tem papel importante no desenvolvimento cognitivo e psicossocial saudável no início da vida.2 A alteração do sono ao longo da vida tem sido associada a diferentes tipos de transtornos, entre eles os transtornos psiquiátricos (p. ex., transtorno bipolar, depressão, transtornos de ansiedade, esquizofrenia).3 O sono mostra-se um fator regulador, realizando função de “limpeza” das impurezas e dos substratos da atividade neural produzida durante o dia. O sono ou a falta de sono associa-se também durante o memória, sobretudo na velhice, e a demências, como a doença de Alzheimer.4 retransmissor de informações dos sentidos para o córtex cerebral. Durante a maioria dos estágios do sono, o tálamo fica quieto, permitindo que você se desligue do mundo externo. No entanto, durante o sono REM, o tálamo está ativo, enviando ao córtex imagens, sons e outras sensações que preenchem nossos sonhos.

A glândula pineal, localizada nos dois hemisférios do cérebro, recebe sinais do núcleo supraquiasmático e aumenta a produção do hormônio melatonina, que ajuda a adormecer quando as luzes se apagam. O prosencéfalo basal também promove o sono e a vigília, enquanto parte do mesencéfalo atua como um sistema de excitação. A liberação de adenosina (um subproduto químico do consumo de energia celular) das células do prosencéfalo basal e, provavelmente, de outras regiões incentiva seu impulso de sono. Por isso, a cafeína neutraliza a sonolência bloqueando as ações da adenosina, e a amígdala torna-se cada vez mais ativa durante o sono REM.6

Durante o sono, o cérebro fica menos responsivo aos estímulos externos. É um importante ciclo de repouso e, enquanto descansamos, nosso cérebro passa por diferentes fases do sono. Em adulto saudável, o sono divide-se em duas fases principais, e cada fase é partilhada em ciclos. A primeira fase consiste no movimento não rápido dos olhos (NREM; do inglês, non-rapid eye movement), e a segunda é o REM. A fase NREM