degustação do livro Depressão e Mediunidade

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DepressĂŁo e Mediunidade Jairo Avellar CĂŠlio Alan Kardec Wanderley Oliveira Wander Lemos


Índice

Prefácio O EVANGELHO COMO TERAPÊUTICA NA DEPRESSÃO 1.0 – Histórico da Depressão 2.0 – Conceito da Depressão 2.1 – A Tristeza 2.2 – A Melancolia 2.3 – O Desespero 3.0 – Sinais da Depressão 4.0 – Antítese da Depressão 5.0 - Terapêutica Espírita para a Depressão 6.0 – Mandamentos Infalíveis da Depressão 7.0 – Terapêutica Evangélica da Depressão 8.0 – Homeopatia, Espiritismo e a Depressão 9.0 – Espiritismo, Psiquiatria e Transtorno Bipolar

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A DEPRESSÃO SOB A ÓTICA DA PSIQUIATRIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA 1.0 – Introdução 2.0 – Histórico 3.0 – Epidemiologia 4.0 – Classificação e Quadro Clínico 5.0 – Aspectos Espirituais 6.0 – Tratamento 7.0 – Tratamento Espiritual 8.0 – Debate: Depressão tem cura?

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A DEPRESSÃO SOB A ÓTICA DA PSICOLOGIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA 1.0 – A Psicologia 1.1 – O que é a Psicologia 1.2 – Evolução do Termo 1.3 – Considerações Pessoais 2.0 – Origens da Psicologia 2.1– Considerações Pessoais 3.0 – Raízes da Psicologia 4.0 – As Muitas Psicologias 5.0 – Esta Tal de Depressão 5.1 – Terminologia 5.2 – Apropriação pela Psicologia 5.3 – Historicidade


5.4 – Antecedentes Clínicos 5.5 – Como Ela Acontece 6.0 – Depressões Espirituais 6.1 – Depressão por Influência Espiritual 6.2 – Depressão por Obsessão 6.3 – Depressão Anímica 6.4 – Depressão Personímica 6.5 – Considerações Pessoais 7.0 – O Pensar do Existencialismo e a Depressão 7.1 – O Existencialismo e a Depressão 8.0 – O Atendimento ao Depressivo 8.1 – Processo Correto 8.2 – Alopatia x Homeopatia 8.3 – Psicofarmacologia 9.0 – Tratamento Espiritual 9.1 – Fluidoterapia 9.2 – Reuniões Esclarecedoras 9.3 – Terapias de Vidas Passadas 9.4 – Hidroterapia 9.5 – O Núcleo Espírita 10.0 – A Evangelhoterapia ASPECTOS ESPIRITUAIS DA DEPRESSÃO – MEDIUNIDADE Apresentação dos autores

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O Evangelho como terapeutica na depressĂŁo CĂŠlio Alan Kardec


1.0 - HISTÓRICO DA DEPRESSÃO

A depressão remonta a eras priscas da humanidade e naturalmente os fatores mais marcantes e propiciadores dela são algo divergentes para cada época. Desde Hipócrates, a medicina estuda a depressão, chamada na antiguidade de melancolia. Os gregos supunham que uma disfunção hepática produzia os quadros da depressão: seria o acúmulo da bilis negra (melanos = negra e kholia = bilis), resultando na melancolia. (...) Muitos conhecem a história de Judas Iscariotes, considerado traidor do Cristo, e é possível imaginar o atroz remorso pungindo-lhe a consciência dilacerada contemplando as cenas angustiantes e humilhantes do calvário. O espírito Humberto de Campos descrevendo estes momentos relata: “O mau discípulo, com um oceano de dor na consciência, peregrinou em derredor do casarão maldito, acalentando o propósito de desertar do mundo, numa suprema traição aos compromissos mais sagrados de sua vida. Antes, porém, de executar seus planos tenebrosos, junto à figueira sinistra, ouvia a voz amargurada do seu tremendo remorso”. O discípulo de Jesus foi das figuras mais conhecidas da história Cristã, execrado em todos os tempos,

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porém raros analisam a sua consciência mergulhada na mais profunda depressão, resultando de um equívoco irreparável!... (...) Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios, já apresentava nos primórdios do Cristianismo a receita para afastar os processos depressivos: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados” (Bíblia Sagrada, 2ª epístola aos Coríntios, 4:8). A falta de motivação para viver, o pessimismo renitente e a amargura irresolvida sempre comprimiram a criatura humana para o despenhadeiro de descrença, atrelando-a nos cipoais causadores da depressão e Jó, então dotado do espírito de religiosidade, não foi uma exceção. Muitos estudiosos preceituam ser a tendência à depressão uma herança de nossos pais, com causas de características psicológicas, genéticas e orgânicas. Não ignoramos a influência do meio, mas estamos convencidos que a depressão tem a sua gênese no Espírito, que é o herdeiro de si mesmo, gerando agora ou trazendo do pretérito existencial os conflitos psicológicos que, em algum momento, por reação anímica, afloram no comportamento em forma de distúrbios ou transtornos, inclusive os depressivos. Um equívoco que muitos espíritas...


2.0 - CONCEITO DA DEPRESSÃO Consiste em uma alteração acentuada do humor, com baixa da atividade geral, causador de desesperança, sofrimento interno profundo, ausência de fé em si próprio, na vida e em Deus. O Dr. Antônio R. Damásio define a depressão como “uma breve dor até sentimentos profundos de futilidade e desespero suicida”. A depressão resulta de um comportamento anormal, em que a perturbação maior está na afetividade. A ciência médica afirma existirem fatores fisiológicos, bioquímicos e psicológicos envolvidos nas causas e incidência dessa afecção. Vários sintomas depressivos surgem a partir: • Do acometimento de doenças como tuberculose, aids, câncer maligno, esclerose múltipla, mal de alzheimer, artrite reumatóide e outras; • Da utilização de medicamentos antibióticos, psicotrópicos, analgésicos, etc. “Há momentos de profunda exaustão, em nossas reservas mais íntimas. As energias parecem esgotadas e as esperanças se retraem apáticas. Instala-se a sombra, dentro de nós, como se espessa noite nos envolvesse. Mantenhamos, pois, a confortadora certeza de que a tempestade é seguida

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pela atmosfera tranqüila e de que não existe noite sem alvorecer” (Fonte Viva, lição nº.41). O Espírito Emmanuel, ao mesmo tempo nesta sua fala, retrata o processo depressivo e o alento para experimentar-lhe a cura. Consideramos importante acrescentar fatores morais e espirituais susceptíveis também de causar a depressão. O primeiro está associado aos sentimentos de auto-acusação e de auto-depreciação, engendrando uma idéia interior de culpa, baixa estima e de permissão. Como conseqüência, o indivíduo tende ao silêncio, ao retraimento, predispondo-se gradativamente a estados depressivos. Já o fator espiritual pode surgir a partir de causas pretéritas longínquas, repercutindo no presente, lastreadas em conflitos psicológicos e emocionais não resolvidos no curso de uma ou outra vida e que afloram do inconsciente sob determinadas circunstâncias do meio, tempo e lugar. Enquadram-se aí também as chamadas obsessões espíritas, que significam a ação malévola de um ser sobre outro ser, desde a influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a subjugação completa das faculdades orgânicas e mentais, conforme conceitua Allan Kardec em O Livro dos Médiuns. (...)


2.1 - A TRISTEZA

A tristeza faz parte da condição humana e não há quem não a tenha sofrido. A tristeza é uma reação normal e saudável diante de qualquer infortúnio, todavia, se prolongada ou profunda, sinaliza para a depressão. Eis algumas matrizes da tristeza: • Complexo de inferioridade - presente nos indivíduos que se julgam menos capacitados para o desempenho ou realização de determinadas atividades e quase sempre são corroídos pelo sentimento danoso da inveja. Alguns agem dissimuladamente, outros se introvertem permitindo a inanição em suas vidas. Tanto num como noutro quadro existe um prejuízo psico-social, desaguando, por vezes, no rio indesejável da tristeza; (...) • Fracasso - possível de ocorrer com qualquer criatura na terra. O fracasso deve ser aceito como natural, não a situação de fracassado susceptível de provocar a inapetência. O imprevidente não pode ignorar que a tempestade possui certas funções educativas e regeneradoras. Heráclito, filósofo présocrático, dizia: “O homem não vai duas vezes ao mesmo lugar de um rio”. Isto é verdade. Ainda que

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ele retornasse no mesmo ponto do rio, as águas não seriam mais as mesmas e assim é aquele que sente seu coração vazado pela tristeza resultante do fracasso. Amanhã será outro dia e as experiências serão sempre diferentes. É preciso ressurgir um novo ânimo e a vida proporcionará uma circunstância nova. Basta crer, procurar e fazer acontecer; (...)

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• Carência Afetiva - indivíduos mais exclusivistas e egocêntricos abrem-se pouco no amor aos outros, desarmonizando o campo dos seus interesses afetivos. A carência afetiva pode levar à paralisia dos desejos nobres com diminuição do próprio gosto pela vida. Curiosamente, os Espíritos que fazem morada nas regiões do invisível, ou mais propriamente no “plano espiritual”, não são imunes a depressão associada a carência afetiva. Relatemos um desses casos e, por uma questão pessoal, os nomes e datas não correspondem exatamente à realidade, conquanto todos os fatos sejam verdadeiros. Em reunião de desobsessão de que participamos no Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla, de Belo Horizonte, já na fase de intercâmbio, um Espírito que envergara a indumentária carnal feminina na sua última peregrinação terrena, ajustou-se à organização mediúnica da sensitiva e começou a confabular conosco, demonstrando desequilíbrio


nas suas emoções. A sensitiva era médium psicofônica sonambúlica, um instrumento confiável que não guardava lembrança alguma dos fatos ocorridos durante o transe mediúnico, demonstrando amargura indefinível, quando exteriorizada. — Quero ver a minha filha. Como dói minha separação dela. Para dar curso ao diálogo, certamente desejado pelos instrutores espirituais, arrematamos: — Quem não sofre mediante a perda ou ausência dos entes queridos? — É muito fácil falar, só quem sente sabe fazer juízo correto do problema. — Este que lhe fala também sente a ausência de entes queridos, inclusive de alguns que já sofreram a morte física. — O meu caso é diferente moço! Eu morri e uma angústia indefinível devora-me a alma. Minha existência é um permanente desassossego, as lágrimas não cessam e minha lembrança se aprisiona na minha filhinha ausente, que não vejo. Talvez nem se lembre mais de mim. Se soubesse que a morte era isto, preferiria uma morte de fato em que nada subsistisse. — Não diga isto, irmã, pois somos Espíritos imortais e Deus, na sua magnificência nos reserva grandes alegrias para o porvir!

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— Não vejo assim, pois a morte interrompeu o curso de minhas legítimas afeições. — As verdadeiras afeições são perenes, minha amiga, nem a morte ou o renascimento as fazem sucumbir. — Não estou entendendo e o que me prometeram não sinto poder realizar aqui! — Nossos desejos retos são sempre considerados e, aqui, na Casa de Scheilla, você é recebida com imenso carinho e atenção! Qual é o seu desejo? — Ver minha filha. Só assim vejo perspectiva de cura da minha tristeza profunda.

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Procuramos uma sintonia mais profunda naquela hora para entender os caminhos terapêuticos delineáveis para a irmã tão sofrida e intuimo-nos para dar uma direção diferente ao diálogo. — Conte-nos um pouco da sua história, do seu drama, isto far-lhe-á bem... — Ah, moço! Eu era muito feliz e tinha importantes propósitos a realizar na Terra. Um dia, eu e minha filhinha preparávamos a volta para casa e cumpria-nos atravessar a Avenida Cristiano Machado, quase esquina com Rua Jacuí. A avenida, sempre muito movimentada, tinha tão somente o tráfego de ônibus na sua pista central e, em atravessando, inadvertidamente olhei somente para um dos sentidos de tráfego. Quando dei-me conta, um ônibus descia em grande velocidade e pareceu-me impossível avançar ou retroceder. Pela ação do instinto, empurrei minha filha com força, quase arremessando-a,


na tentativa de salvar sua vida. Ah! Mais tarde, não sei precisar depois de quanto tempo, e passado o período de atordoamento, descobri-me viva apesar de paradoxalmente morta e não a vendo junto de mim, imaginei-a tendo escapado do acidente. Mas não conseguia vê-la! Cheguei a duvidar da existência de Deus, que não atendia ao meu único desejo, o de rever minha filha. O meu coração opresso, minha alma crescentemente angustiada, produziram uma revolta em mim. Mais importante que o próprio céu, era minha filha. Tenho ou não tenho razão, moço? — Estudemos a sua situação com calma. Não surgiram seres para ajudá-la? — Sim, pacientes e generosos tentaram aplacar a minha excitação, que percebo agora doentia. — Certamente lhe acenaram com perspectivas alentadoras para o futuro. — É verdade, e por último, trouxeram-me a esta Instituição de Auxílio para melhor ajustar minhas idéias. Vocês me colocarão em contato com minha filha? — Claro, convém primeiro você estar bem para não prejudicar sua menina. Nossa emoção descontrolada cria campo negativo, podendo afetar quem lhe sofre a injunção. Sabemos do bem que deseja a ela... — Se não posso vê-la agora, porque vocês não me trazem notícias dela? Ficamos a pensar fazendo uma conexão com a Espiritualidade na procura de novo rumo a conversação e certamente intuída ela asseverou:

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— Eu digo onde ela mora. — Faça-o então! — Minha filha reside na Rua ..., no Bairro Jardim Montanhês. Ela mora com minha querida mãezinha de nome Mariinha. — Você se recorda da data do acidente? Com muitas dificuldades, explicitou a data e notamos ter decorrido o prazo de um ano somente e ficamos algo perplexos, pois Espíritos que desencarnam de forma traumática raramente refazem-se de forma a comparecer às reuniões mediúnicas e tão rapidamente entreter conversação equilibrada e consciente. A entidade manifestante informou-nos ainda o seu nome completo, o de sua filha e idade, dizendo ficar no aguardo de notícias da filha. Uma ansiedade gostosa levou-nos a procurar no outro dia o endereço e Dona Mariinha nos atendeu cordialmente. Chorou muito quando relacionamos os detalhes do acidente, então desconhecidos. Lágrimas furtivas banharam o nosso rosto quando uma criança passou a nossa frente oferecendo um gracioso sorriso. A genitora carnal falou que sua filha foi muito boa e exagerava até nos atos de bondade. Se um carente fazia um pedido de uma peça de roupa, ela ofertava sempre a melhor e não a mais desgastada. Só aí entendi a razão de uma comunicação espiritual precoce... Retornamos felizes para o nosso lar e agradecemos a Deus com uma prece.


No sábado seguinte, Maria das Graças retornou à reunião mediúnica para nos agradecer, dizendo-se muito satisfeita com as boas notícias que lhe proporcionamos. É evidente que as informações foram dadas durante o descanso reparador de nosso corpo físico, através da exterioração de nosso Espírito. Já em casa, as reflexões assomaram a nossa mente: a ação dos que se propõem à generosidade, a boa disposição e atenção para com o que a vida pede significam caminhos atenuadores do sofrimento e propiciadores de uma retomada de rumos, apontando invariavelmente para dias melhores para o porvir. Foi o caso do Espírito Maria das Graças, deprimido no mundo espiritual, porém seus méritos e a ação benfazeja dos irmãos maiores tornaram possível remover os desencantos para a descoberta da paz.

2.2 - A MELANCOLIA

“Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes dos vossos corações e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que espera a felicidade e a liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com

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languidez. O abatimento é uma espécie de apatia, que de vós se apodera, tornando-vos infelizes” (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo V, A Melancolia). A melancolia é um estado dos que se rendem à apatia no desânimo, vitimados de estranha anemia de ordem moral. Caracteriza-se pela lentificação das funções psíquicas, psicológicas e psicomotoras do indivíduo, causando perda inevitável de energia vital. Ela acontece, sobretudo, nos indivíduos que se autoisolam ou que demoradamente se silenciam. Analisemos ambas as situações: (...) 18


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Itapuã é um selo editorial do Instituto Editorial D’Esperance

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