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JOÃO FIGUEIREDO

Como foi seu início com o skate?

Eu já brincava de corrida com o skate dos outros na rua, mas no meu aniversário de 7 anos, ganhei meu primeiro skate do meu tio e desde então, nunca nos separamos. Você foi um skatista que procurou se profissionalizar ou foi skate for fun?

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Eu sempre gostei de competir, é um momento q eu consigo chegar em um nível maior do que o meu dia a dia, mas aqui no RJ sempre foi uma coisa complicada, pouco incentivo, poucos eventos, muitas panelas....... Se eu falar que não queria ser pró é mentira, teve até um momento q eu me vi meio deprimido quando percebi q não seria possível, mas nunca foi o meu foco principal e com o tempo o skate me resgatou pelo simples prazer de andar com os amigos.

Você que é da segunda geração do skate no Brasil, diga-nos como era o skate nos anos 70,80 no país?

Dos anos 70 só sei o que ouvi de histórias, conheço alguns dessa geração, mas eu comecei em 88 e tinha 7 anos na época, eu lembro de uma galera no Bairro peixoto em Copacabana, na maioria surfistas q desciam as ladeiras q tinham acabado de ser asfaltadas, dando slides, subindo as calçadas, wallrides e boneless pra todos os lados (ninguém dava ollie rsrs) mas a sensação do rolé, acho q era a mesma!

E o skate? Você anda de skate atualmente? Como é o skate na sua vida?

Ando de skate todos os dias q consigo, é a minha maior paixão e sempre q me afasto um pouco disso, minha vida piora. Eu falo que quando fiz a minha primeira tattoo, escrevi skateboarding nas costas, skateboard, porque se eu me perder e não souber quem sou, a tattoo vai me lembrar e "ing" porque é infinitivo, contínuo, nunca vai acabar!

O que você acha do mercado de skate atual? Acredita que tenha a mesma essência?

Não acho q a essência esteja perdida, mas com certeza ela está contaminada, vejo muitos que entram no mercado com a essência, mas no fim a necessidade do lucro acaba se impondo.

Se temos grandes representantes do skate brasileiro no mundo, o que falta para o mercado nacional crescer na mesma proporção?

Começamos errados, copiando marcas gringas, plagiando o q já era famoso e isso tem um peso até hoje, porque ficamos pra sempre com a sensação de q o que é gringo é melhor. Poucas marcas nacionais realmente se consolidaram e fazem produtos de primeira qualidade. Mas eu vi a indústria nacional crescer e falir algumas vezes já e acho q estamos em um momento de crescimento de novo, com muito mais mercado e cabe a cada marca, fazer por onde pra fortalecer a base e ter sua prosperidade.

Como você vê a volta do skate old school? Recebemos constantes relatos de pessoas que voltaram a andar de skate depois de muito tempo. O que acha disso?

Eu vejo não só skatistas q voltaram a andar, como vejo alguns q começaram depois dos 30, 40. É um pouco engraçado pra mim, porque quando eu era moleque, eu imaginava andar de skate o máximo q eu conseguisse até uns 25, 30 anos, pois na minha cabeça, nem era possível depois disso, não tinha ninguém mais velho assim pra dar uma referência, uma pessoa de 40 anos era "velho demais pra isso" e tou eu aqui com meus 41, andando e evoluindo ainda! Rsrs.

Algum assunto que não abordamos que você gostaria de comentar? Fique à vontade.

Olimpíadas, desde q isso foi anunciado eu tive um pouco de medo do q aconteceria. Eu postei no dia q fiquei sabendo: NÃO DEIXEMOS DE SER MARGINAIS! hoje eu percebo que ganhamos outras vertentes no skate. O skate marginal não pode e nunca vai acabar, porque é a verdadeira essência, mas hoje temos um outro nicho mais "atleta", q vejo à parte do q vivemos no dia a dia e não acho q seja ruim, só me preocupa é o q vejo os pais fazendo, muitos q nunca nem andaram de skate e levam seus filhos pra "treinar skate" quando eu vejo uma criança na pista sem vontade de andar ou tentar uma manobra específica e os pais ficam cobrando a evolução, fico assustado, não é assim q funciona. Pra fazer certas manobras, temos q querer e acreditar muito q vamos conseguir, é um momento só seu e muitos dos riscos q passamos naquele momento, só são vencidos porque estamos com 110% de capacidade mental, então forçar uma criança a se por nessa situação sem ela querer, é muito perigoso e acho q muitos pais não enxergam isso!