O Exército e o Azulejo

Page 1

Tr adiç ão e Arte

O exército e o Azulejo Augusto Moutinho Borges

BY T HE

BY THE

BOOK

Edições Especiais

9 789898 614377

BOOK

O exército e o Azulejo TT r a d i ç ã o e A r t e Augusto Moutinho Borges


©E d i ç ã o By the Book, edições especiais, lda para Estado Maior do Exército Título

O exército e o azulejo – tradição e Arte

© T e x t o Augusto Moutinho Borges r e v i s ã o mafalda souto T r a d u ç ã o d a v e r s ã o i n g l e s a david michael greer F o t o g r a f i a Luís Chaves Ribeiro (as restantes) | Augusto Moutinho Borges (p.177 inf., pp.178-179) AR Q UIVO F O T OGR Á F I C O Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE) A P OIO T É C NI C O (CAVE) Fernando de Freitas Lúcio, Tenente-Coronel | Carlos Martins Prada, Major | Hélder Alves Ribeiro, 1.º Sargento | José Miranda da Cunha, Soldado T r a t a m e n t o d e i m a g e m Maria João de Moraes Palmeiro A l ç a d o P át i o d o s C a n h õ e s (nascente) Sandra Gameiro Baptista INV E N T Á RIO P A T RIMONIAL Direção de História e Cultura Militar (DHCM) A P OIO T É C NI C O (DHCM) Aníbal Alves Flambó, Major-general | Cristóvão Flórido da Fonseca, Capitão De s i g n Forma, Design: Veronique Pipa | Margarida Oliveira C o o r d e n a ç ã o E d i t o r i a l e P r o d u ç ã o Ana de Albuquerque | Maria João de Paiva Brandão I m p r e s s ã o PRINTER PORTUGUESA IS B N 978-989-8614-37-7 Dep ó s i t o Le g a l 414 414/16

B Y TH E

BOOK

Edições Especiais, lda Rua das Pedreiras, 16-4º 1400-271 Lisboa T. + F. (+351) 213 610 997 www.bythebook.pt


Índice 5

Prefácio

9

Apresentação

13 O Exército e o Azulejo 15 Unidades

23 Brasões de Armas e Estandartes 29 Quadros de Honra e Homenagens 31 Painéis 35 Registos 37 Toponímia 39 Padrões e Figuras Avulso 42 Outros exemplos

47 Direções

Estado 49 Maior do Exército 55 Palácio Lavradio 61 Palácio Vilalva 63 Direção de Formação 67 Direção de Comunicações e Sistemas de Informação

73 Residências e Messes

Palácio 75 Pombal | Almeida e Araújo 77 Palácio Barbacena 87 Convento de Nossa Senhora da Graça 91 Palácio Reynolds

95 Museus Militares

97 Museu Militar de Lisboa 105 Museu Militar de Elvas 109 Museu Militar dos Açores

111

Estabelecimentos de Ensino

Academia 113 Militar 117 Escola do Serviço de Saúde Militar 121 Colégio Militar 131 Instituto dos Pupilos do Exército

137 Edifícios religiosos

Convento 141 de Chelas 147 Convento de Santa Cruz 153 Mosteiro de São Dinis e de São Bernardo 159 Capela do Paço Real das Passagens

165 Unidades Assistenciais

Unidade 167 de Saúde Tipo II de Évora

171 Patronos 177 Memória das Unidades

181 Artistas e centros produtores 185 Mestres e Pintores 187 Fábricas, Oficinas e Ateliers 189 Bibliografia 190 Glossário


4|


Prefácio

Estado Maior do Exército – Lisboa

Fortemente empenhado na conservação, salvaguarda e registo do vasto património cultural, artístico e arquitetónico à sua guarda, o Exército Português aceitou a sugestão do Professor Doutor Augusto Moutinho Borges, em boa hora apresentada na Escola do Serviço de Saúde Militar há cerca de dois anos e, culminando um extraordinário esforço conjunto, publica hoje O Exército e o Azulejo – Tradição e Arte. Generosamente, o Professor Doutor Augusto Moutinho Borges propôs-se elaborar um livro sobre os azulejos existentes nas Unidades e que sabia merecerem ampla divulgação, projeto que se perspetivava à partida trabalhoso, moroso e, consequentemente, oneroso, mas que sabia iria entusiasmar o Comando do Exército. Na certeza de que a obra daí resultante iria enriquecer o conjunto de obras já editadas sobre o vasto património do Exército nas mais variadas vertentes, o Exército decidiu apoiar a iniciativa, processo que iria ser desenvolvido de forma colaborativa e progressiva em diferentes fases, materializando-se no levantamento e registo das peças e subsequente trabalho de seleção realizado pelo Autor. Fruto desta excelente e altruísta cooperação, dá-se agora a conhecer, de forma ampla e rigorosa, o vastíssimo património disseminado pelas diversas Unidades, Estabelecimentos e Órgãos, na esperança que o brilhante registo resultante para memória futura possa também contribuir para um melhor conhecimento e divulgação desta manifestação artística, versátil e genuína, tão presente no património do Exército.

|5


6|

A riqueza e singularidade do património azulejar espelhado nesta obra, é um incentivo e um forte estímulo à descoberta renovada destes lugares e um alerta para a obrigatoriedade da preservação de tão importante acervo. General Frederico José Rovisco Duarte Chefe do Estado Maior do Exército

À esquerda e à direita: Estado Maior do Exército – Lisboa Em baixo: Regimento de Cavalaria N.º 3 – Estremoz


|7


12 |


O exĂŠrcito e o Azulejo


72 |


Residências e Messes

Palácio Barbacena – Lisboa

O Exército, mantendo prática ancestral de acolhimento aos Oficiais enquanto estes se deslocam em serviço em território nacional, presta apoio no alojamento e refeições em espaços próprios. Dentro da hierarquia militar o CEME tem, estatutariamente, residência oficial enquanto no serviço de funções, sendo esta o Palácio Pombal, também conhecido como Palácio Almeida e Araújo, em Queluz, nome do seu construtor (marquês de Pombal) e do último proprietário (conde de Almeida e Araújo). No palácio encontra-se interessante conjunto de silhares azulejares D. Maria I (1734-1816) de sabor neoclássico. Em Évora, o Palácio dos Mesquitas, da Direção de Formação, tem um grande painel com motivo religioso, século XVIII, azul sobre branco ao gosto joanino, retirado do Convento da Graça, como se identifica pelo brasão de armas dos Frades Eremitas Calçados de Santo Agostinho, e aplicado no local em meados do século XX. No presente, as Messes de Oficiais em Portugal que apresentam azulejaria são o Palácio Barbacena, Lisboa, e o Convento da Graça, Évora.

| 73


74 |


Palácio Pombal | Almeida e Araújo Queluz Classificado como MN – Monumento Nacional, 1993 O palacete foi mandado edificar em 1795 pelo 2.º marquês de Pombal, para acompanhar a família real quando se deslocava para Queluz. O edifício tem uma escala muito singela mas bastante marcante pela envolvência que tem ao estar integrado no complexo edificado do próprio Palácio de Queluz. As janelas muito altas em relação ao solo demonstram que era um edifício para ser visto, mais do que para ser habitado. Na segunda metade do século XIX, foi comprado pelos condes Almeida e Araújo e posteriormente pelos duques de Palmela, que o venderam em 1978 ao Governo Militar de Lisboa, sendo no presente a Residência Oficial do CEME.

| 75

De planta quadrada, o palacete desenvolve-se em dois pisos, sendo evidente a pedra de armas dos Carvalhos, primeiros proprietários do imóvel. O espaço interior estrutura-se em função do átrio oval, coberto por cúpula com claraboia, a partir do qual se distribuem as diferentes divisões do palacete. Nas salas, as paredes são decoradas por frescos em trompe l’oeil de figuras alegóricas e troféus, a par dos silhares policromos azulejados D. Maria I, com festões, grinaldas e representações de paisagens. Na escadaria azulejos de reprodução baseados em modelo pombalino.


90 |


Palácio Reynolds Estremoz A atual Messe de Oficiais de Estremoz foi construída entre 1905 e 1906 por Roberto Rafael Reynolds (1856-1927), seguindo um modelo decorativo neoárabe, onde a habitação se desenvolveu à volta de um pátio totalmente preenchido com azulejos e estuques inspirados na arte islâmica. No chão lambrilhas coloridas intercaladas com tijoleira vidrada refletem a suave coloração que entra pela cobertura envidraçada, tornando o espaço apetecível à privacidade.

Em Portugal, o centro produtor cerâmico que desenvolveu este modelo artístico, inspirado na ancestral decoração de muitos palácios reais, foi a Fábrica de Cerâmica das Caldas da Rainha, modelos que podemos ver presentes noutros espaços nacionais, como na Torre de São Sebastião, Cascais. Pelos anos de 1950, o palácio foi comprado pelo Regimento de Cavalaria N.º  3, próximos que estavam os dois edifícios, cumprindo as funções de bem receber os Oficiais da Unidade.

| 91




146 |


Convento de Santa Cruz Lamego Classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público, 1967 O antigo Convento de Santa Cruz foi iniciado em 1596 com o objetivo de ser doado aos Lóios. As obras do complexo conventual decorreram durante vários anos, havendo referências de empreitadas decorrentes em 1676, para “feitura de nova capela-mor”. A fachada principal da igreja é flanqueada por duas torres sineiras de planta quadrada. O transepto e a capela-mor estão revestidos por retábulos e sanefas de talha dourada de diversas épocas, que se conjugam com painéis de azulejo de iconografia diferenciada. O revestimento azulejar marca uma campanha decorativa que se estendeu pelo século XVIII, tentativa

| 147

de atualização estética em relação ao barroco da talha e do azulejo. Os painéis cerâmicos ganham dinâmica nos conjuntos do transepto, que envolvem, do lado do Evangelho, a arca tumular de Manuel Pinto da Fonseca e representam passos da vida de São Bento de Núrsia (480-547). Executados em 1725, encontram-se atribuídos a uma das mais importantes oficinas lisboetas e à mão de Policarpo de Oliveira Bernardes. Do lado oposto, dominam os milagres de Santo António, de autor desconhecido, mas de oficina lisboeta de cerca de 1730. Pela extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o convento passou para o Exército.




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.