Arte e História na Faculdade de Medicina

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ARTE E HISTÓRIA NA FACULDADE DE MEDICINA UNIVERSIDADE DE LISBOA VICTOR OLIVEIRA BOOK BY THE

© EDIÇÃO By the Book, Edições Especiais para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

TÍTULO Arte e História na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa © AUTOR Victor Oliveira

REVISÃO Isabel Costa

CAPA Quadro de Columbano Bordalo Pinheiro (p.98) EDIÇÃO DE IMAGEM Maria João de Moraes Palmeiro DESIGN Veronique Pipa

COORDENAÇÃO EDITORIAL E PRODUÇÃO Ana de Albuquerque | Maria João de Paiva Brandão IMPRESSÃO Printer ISBN 978-989-53493-8-8

DEPÓSITO LEGAL 504468/22

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS assinalados juntos das imagens, com excepção: António Homem Cardoso: pp. 168-171; Fundação Galouste Gulbenkian: pp. 72-73 inferiores; as restantes pertencem ao arquivo da Unidade de Audiovisuais da Faculdade de Medicina de Lisboa

BY THE

BOOK

Edições Especiais, lda Rua das Pedreiras, 16-4º 1400-271 Lisboa T. + F. (+351) 213 610 997 www.bythebook.pt

7 PREFÁCIO Fausto J. Pinto 10 INTRODUÇÃO 12 ORIGENS DO ENSINO MÉDICO EM LISBOA 18 CAMPO DE SANTANA 25 Os Medalhões 55 XV Congresso Internacional de Medicina de 1906 68 HOSPITAL DE SANTA MARIA 77 ARTE E PATRIMÓNIO 79 Retratos e Bustos 143 Objectos e a sua história 167 Museu Egas Moniz 173 Lápides 176 PRESENTE E FUTURO 188 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Exposição de Angiografias cerebrais”. Átrio do Edifício Egas Moniz – FMUL.

Prefácio

FAUSTO J. PINTO

Ahistória de qualquer instituição constitui um legado essencial para compreender melhor o que a mesma representou no passado, per mitindo, ainda, dar a conhecer, no presente, o caminho que foi des bravado pelos que nos antecederam, ficando, assim, como um registo para memória futura. É também um testemunho do muito que foi feito e um tri buto aos muitos que contribuíram para o seu crescimento, permitindo ainda perceber o que significou para a comunidade em que se inseriu e o impacto que teve fora dela. A história do ensino da Medicina em Lisboa é fascinante, com muitos capítulos ainda por escrever e quiçá desvendar, sendo o presente livro mais um contributo significativo para entendermos melhor a nossa história. Nela têm papel central vários edifícios, desde o Hospital de Todos-os-Santos até ao Hospital de Santa Maria, passando pelo Hospital de S. José, Santa Marta, Edifício do Campo Mártires da Pátria e tantos outros que foram usados ao longo dos séculos para cumprir a função de formação dos médicos de várias gerações. Pelos seus corredores passaram vários vultos da Medicina portuguesa, muitos dos quais deixaram marca profunda na nossa sociedade. Nalguns casos ficaram imortalizados em nomes de hospitais, de ruas, edifícios ou mesmo Fundações.

A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa é a herdeira de toda esta história e tem sido a fiel depositária de vários elementos históricos, que têm servido para lembrar a memória dos muitos que passaram e contribuíram para o enriquecimento do ensino médico em Portugal. Contam-se assim inúmeros livros, revistas, dispositivos e instrumentos médicos vários, mobiliário, qua dros, esculturas, bustos e os famosos medalhões, que retratam toda uma his tória ao longo dos últimos séculos.

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Apesar de todo este património, faltava algo que interligasse todos estes ele mentos de forma adequada, conciliando-os com o propósito para os quais fo ram concebidos. É, assim, que surge a ideia inicial do Prof. Victor Oliveira em compilar num livro toda a informação sobre um conjunto de doze medalhões existentes na Faculdade, bem como da vasta coletânia de retratos e bustos, respeitantes a um conjunto de figuras que tiveram papel muito relevante na história do ensino médico em Lisboa. A partir da ideia inicial floresceu todo um trabalho que foi muito além desse plano original. Assim, ao mesmo tempo que nos faz uma descrição detalhada dos vários elementos que compõem este fabuloso espólio, onde estão incluídos os vários retratos, bustos e medalhões, expõe, de forma muito elegante e bem documentada, um enquadramento per feito com alguns momentos históricos da Medicina em Portugal, como seja, a título de exemplo, o famoso Congresso Internacional de Medicina de 1906, que constitui um marco histórico da Medicina portuguesa. Ao longo do texto deixa ainda algumas notas sobre os vários personagens, bem como sobre alguns aspetos relacionados com eventos ou momentos únicos, que são bem reveladores do profundo conhecimento que tem, bem como da capacidade de integração de toda esta informação, de forma a satisfazer a curiosidade natural sobre vários destes personagens, fazendo-o sempre com o rigor que o caracteriza. Fica pois a FMUL com uma dívida de gratidão ao Prof. Victor Oliveira por ter sido sempre capaz de manter uma postura institucional exemplar, que muito nos apraz, insistindo sempre na preservação da memória histórica da nossa casa. Este livro é disso testemunho e pelo conjunto da sua riqueza iconográfica e pelo excelente texto, sucinto, mas muito informativo e bem documentado, é-lhe conferido, desde já, lugar de grande destaque no espólio da FMUL . Foi para mim um enorme prazer ter acompanhado a sua feitura e vê-lo despontar de forma tão digna.

Estou certo de que representará um excelente contributo para a história da FMUL e deleitará os seus leitores, que tenham interesse em saber um pouco mais da mesma.

É, pois, com muito orgulho que parabenizo o Prof. Victor Oliveira que, me lhor do que ninguém, soube incorporar o espírito que tem norteado a nossa Faculdade como “Uma instituição que honra o Passado e constrói o Futuro”.

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Desenho a carvão de Júlio Pomar, 1986. Biblioteca de Neurociências (piso 8).

Retrato de Pedro Manuel de Almeida Lima (1903-1985)

Nasceu e faleceu em Lisboa. Ainda aluno, iniciou a colaboração com o Prof. Egas Moniz, que se manteve por toda a vida, executando as angiografias cerebrais e as leucotomias que culminariam no Prémio Nobel, em 1949.

Após estágio com Hugh Cairns, em Londres, viria a ser o primeiro neurocirurgião português. Sucedeu ao Prof. António Flores, na Cadeira e Serviço de Neurologia, que à data integravam uma secção neurocirúrgica. No seu mandato foi feita a transferência para o Hospital de Santa Maria.

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INTRODUÇÃO

Possui a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa um extenso e valioso património, com algumas peças herdadas de há séculos, onde se contam lápides, bustos, medalhões, quadros, fotografias, equipa mentos, etc. Em particular, a sua biblioteca, conserva documentos que remon tam ao século XIV constituindo um património riquíssimo.

Muitos dos documentos retratam personalidades que fazem parte da história da Medicina portuguesa, pois cada um deles tem um passado notável e, por isso, foram homenageados.

Alguns dos vultos perpetuados nestas obras (esculturas, quadros e lápides), viram a sua memória esfumar-se no tempo. Se bem que tal seja de recear numa instituição centenária não deixa de se lamentar o facto de muitos dos passantes por corredores e outros locais da Faculdade, membros da comunidade académica, não saberem o seu nome nem o que eles representam.

Temos assistido com alguma tristeza a que alunos, futuros médicos que darão continuidade à nossa cultura, passem por um anfiteatro cujo nome conhecem, mas que nada saibam da figura e obra de quem assim se pretendeu perpetuar. Não esqueçamos que O médico que apenas sabe Medicina, nem Medicina sabe (Abel Salazar), mas também que A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás. Mas, só pode ser vivida olhando-se para a frente (Søren Kierkegaard). Este trabalho só foi possível com o contributo empenhado de várias pessoas que devem ser salientadas. A Dra. Susana Oliveira Henriques, Bibliotecária da Área de Biblioteca e Informação da FMUL e a toda a sua equipa, inexcedíveis em competência e entusiasmo, indo tantas vezes além do que era expectável.

A Prof. Dra. Marta Lourenço, Directora do Museu da Universidade de Lisboa (MUHNAC-ULisboa), pela sua competência e disponibilidade.

Toda a dedicada e competente equipa da Unidade de Audio-Visuais da FMUL, sempre disponíveis para fotografar e trabalhar as imagens, mesmo quando as soberbados com as múltiplas actividades de apoio ao ensino.

A equipa da editora By the Book, com créditos firmados em publicações histó ricas cujas competência e arte materializaram mais este trabalho.

Por último, o reconhecimento ao Prof. Doutor Fausto Pinto, Director da FMUL , sempre sensível aos assuntos da história e da cultura, consciente do valor do património de que era, em última instância, zelador, pela sua sensibilidade e apoio constantes sem o qual este trabalho não teria sido possível.

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ORIGENS DO ENSINO MÉDICO EM LISBOA

Apontamentos de cirurgia (1774), Biblioteca da FMUL .

Em 1492, D. João II determinava a construção de um grande hospital em Lisboa, que viria a ser inaugurado em 1504, no reinado de D. Ma nuel I, e com ele se estabeleceu formalmente o ensino médico e cirúrgi co em Lisboa e no País.

O modelo de construção estava de acordo com o que de mais moderno existia na época, ombreando com os melhores estabelecimentos similares de Itália, vindo a ser admirado no estrangeiro.

Até então a saúde do cidadão estava entregue ao cuidado do próprio sem que o Estado tivesse necessariamente devida intervenção. As receitas, na generalidade das instituições, provinham de donativos dos residentes nas imediações e, por isso, existam inúmeros hospícios de pequena dimensão com capacidade que não iam além de uma a duas dúzias de enfermos.

Ao acolher num grande hospital os doentes, vieram também os recursos de to dos os pequenos hospícios os quais, como era hábito, tinham cada um o nome de um santo padroeiro.

Assim, dessa reunião surgiu o Hospital de Todos-os-Santos (Omnia Sanctorum).

Dispunha-se agora de um verdadeiro hospital, onde se localizavam várias en fermarias para diversos tipos de patologias, com instalações adequadas.

Garantia-se sobretudo asseio, cama, mesa e roupa lavada. Cada cama era atri buída a um só doente, contrariamente ao que acontecia a muitas instituições da época, em que se partilhava o leito por dois enfermos.

Insistia-se sobremaneira na alimentação sendo consumido um número eleva do de galináceos o que era meia cura para muitos doentes.

As cabeceiras das camas estavam afastadas da parede onde se interpunham cortinas de modo a que se pudesse circular sem os doentes verem o transporte dos falecidos.

A disposição dos corredores foi concebida para um acesso lateral à igreja para que os doentes pudessem assistir à missa sem saírem das enfermarias.

Placas de numeração de camas do Hospital de Todos-os-Santos.

Biblioteca da FMUL.

Quanto ao ensino, era sobretudo a prática da cirurgia, das sangrias e algumas mezinhas.

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Painéis de azulejos: Vista de Lisboa, Museu do Azulejo, e Hospital de Todos-os-Santos, Museu da Cidade.

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Com o decorrer dos tempos foi-se estabelecendo o ensino com necessidade de recurso ao conhecimento da anatomia e os professores aliavam estas duas tarefas de estudo.

O ensino da anatomia fundamental, sofria de muitas dificuldades. A utiliza ção dos cadáveres era mal vista pela igreja e também pela população em geral, sendo considerada uma “violação”, o que levou a que, por diversos períodos, fosse proibida. Também havia limitações naturais devido ao tempo quente que putrificava rapidamente os corpos, preferindo-se as dissecções para épocas mais frias, quando autorizadas. A isto associava-se a ideia, não totalmente desprovida de senso, de que quem as praticasse corria sério perigo de morte, o que estaria obviamente ligado às doenças infecto-contagiosas do cadáver.

Ser cirurgião e também professor (lente) do Hospital de Todos-os-Santos era uma posição de grande prestígio e proventos correspondentes. A dificuldade em ter professores adequados ao ensino é bem traduzida no fac to de que apenas o quarto professor de Anatomia fosse português, Manuel Constâncio.

O terramoto de 1755 foi, como se sabe, devastador, mas uma parte do Hos pital de Todos-os-Santos conseguiu manter-se a funcionar, tendo muitos dos internados sido, na altura, distribuídos por tendas e espaços nas poucas casas senhoriais sobreviventes.

O seu funcionamento, embora limitado, manteve-se até 1775, altura em que sob a administração do Marquês de Pombal se transferiu para o Colégio Jesuí tico de Santo Antão-o-Novo, entretanto desocupado em 1759, com a expulsão dos jesuítas do território nacional. Passaria a chamar-se agora Hospital Real de S. José em homenagem ao monarca reinante. O Professor de Anatomia e Cirurgia, Manuel Constâncio, que transitou do antigo hospital, bateu-se tenazmente para a constituição de uma Escola de Cirurgia estruturada em moldes de acordo com o que existia nos países europeus mais desenvolvidos. Assim, a Real Escola de Cirurgia viria a nascer no Hospital Real de S. José em 1825 e a evolução dos tempos levou a que em 1935 se transformasse na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que viria novamente a trans formar-se, em 1911, em Faculdade de Medicina de Lisboa, chegando aos nossos dias.

Retrato a óleo sobre tela de Manuel Constâncio, exposto na Sala de Reuniões da Direcção da FMUL (piso 3).

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Sebenta de Cirurgia, 1774. Biblioteca da FMUL.

Fachada do Colégio de Santo Antão-o-Novo, posterior ao terramoto.

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Peças que encimavam os medalhões. No canto superior esquerdo da imagem pode observar-se duas volutas.

Depósito da FMUL.

Os Medalhões

Onovo edifício viria a beneficiar, em 1905, da colocação de um conjunto de 12 medalhões esculpidos em mármore pretendendo perpetuar os no mes grandes de vultos da história do ensino médico-cirúrgico na capital.

A escolha dos homenageados foi motivo de decisão ponderada pois o número de personalidades estava limitado às características do edifício não sendo pos sível fisicamente acomodar mais.

Para a decisão sobre os 12 professores constituiu-se uma comissão secretariada pelo Prof. António José Serrano, personalidade de reconhecida competência no conhecimento da História da Medicina, apoiado por Ricardo Jorge, outro conhecedor profundo da História da Medicina portuguesa. Tal decisão teve lugar no âmbito da 4.ª sessão do Conselho da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa de 18 de Janeiro de 1901.

A condição fundamental era terem sido professores, portugueses ou estrangeiros, que tivessem participado no ensino médico em Lisboa, isto é, no Hospital Real de Todos-os-Santos e na Real Escola de Cirurgia. Outra condição era o início de funções anteriormente a 1936, data da criação da Escola Médico-Cirúrgica, excluindo assim eventuais personalidades ainda vivas o que acautelava algum eventual melindre.

Finalmente, foram escolhidas as personalidades a perpetuar e atribuída a sua localização nas paredes laterais do edifício:

Do lado nascente (fachada lateral direita): Manuel Constâncio, Monravá y Roca, Bernardo Santucci, Pierre Dufau, Rodrigues de Guevara e António Ferreira.

Do lado poente (fachada lateral esquerda): Joaquim José Sant’Ana, Bernardi no António Gomes (pai), José Lourenço da Luz, António Gomes Lourenço, António de Almeida e António Cruz.

Tais medalhões em mármore, com um diâmetro de 90 cm, eram ornados com peças decorativas em calcário e foram colocados em 1905. Não são conhecidas fotografias ou desenhos que reproduzam em pormenor estas peças nas res pectivas paredes mas apenas referências vagas tais como: …em frisos especiais, veem-se os medalhões dos distintos médicos, honra da ciência portuguesa…

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ANTÓNIO FERREIRA

(1616?–1679)

Nasceu em Lisboa, mas o ano é incerto, apontando-se para 1616 e 1626, parecendo, no entanto, mais plausível a primeira data.

1644 Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra.

1645 Enviado a Tânger para combater a peste que aí grassava. Terá sido contagiado, mas recuperou. 1650 1.º Barbeiro dos cárceres do Santo Ofício (Maio) e Sangrador (Agosto).

1654 Cirurgião da Enfermaria dos Males do Hospital Real de Todo-os-Santos. 1657 Familiar do Santo Ofício. 1658 Cirurgião dos Feridos do Hospital Real de Todos -os-Santos. 1661 Cirurgião dos Cárceres da Inquisição. Cirurgião de Número da Casa Real (Novembro). Cirurgião das Reais Câmaras de D. Afonso VI e D. Pedro II. 1662 Acompanhou a Londres a Infanta D. Catarina para o casamento com Carlos II de Inglaterra.

Segundo a investigação de António J. Serrano, seu pai e avô terão sido barbeiros do Santo Ofício durante déca das. No seu esforço para se aproximar do Santo Ofício e respectivas benesses, teve um percalço significativo quando pretendeu ser “familiar”, pois descobriu-se que uma sua avó tinha acabado na fogueira por motivos não apurados. Não obstante, conseguiu tornear essa adversidade e ser bem sucedido.

Granjeou as maiores honrarias e benefícios régios, ao longo dos anos, traduzidos em tensas e prebendas di versas, algumas extensivas à sua família.

É autor do livro: Luz verdadeira e recopilado exame de toda a cirurgia, de que resultaram quatro edições, a última das quais em 1757, oitenta e sete anos após a primeira!

É considerado o cirurgião português de maior prestígio e sucesso do século XVII.

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Manuscrito de 1670 e edição de 1683, Biblioteca da FMUL.

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ANTÓNIO MONRAVÁ Y ROCA

Natural da Catalunha, não é segura a data exacta do seu nascimento.

Licenciado e Doutorado pela Universidade de Lérida (Espanha). Estágios em Barcelona e Valência.

1721 Chega a Portugal a convite de D. João V. 1721 Lente de Anatomia no Hospital Real de Todos-os -Santos.

1732 Exonerado compulsivamente.

Exerceu Medicina em Espanha e veio para Lisboa em 1721, por mediação do embaixador de Portugal em Madrid, para ocupar o lugar de Professor de Anatomia do Hospital Real de Todos-os-Santos, tornando-se tam bém cirurgião da corte.

Foi uma figura controversa, elogiado por uns e con siderado charlatão por outros, gerou conflitos com colegas, alunos e autoridades, tendo sido exonerado compulsivamente em 1732.

Segundo Martins e Silva: O principal mérito de Monravá y Roca terá sido o de introduzir o ensino anatómico em cadáve res humanos. Da sua biografia ressalta ainda a capacidade de intervenção cirúrgica reconhecidamente superior à dos da sua época. Foi também o introdutor em Portugal do conceito das associações de ensino privado, ao criar em 1739, a Academia das Quatro Ciências que integravam: Medicina, Cirurgia, Anatomia e Física.

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(1671?–1753)

Segundo Maximiano Lemos Júnior: Monravá era um erudito extravagante, cheio de amor-próprio, que o levava a reputar-se uma sumidade da medicina europeia, o que é testemunhado pelas numerosas polémicas que travou com homens notáveis. Publicou em 1725 o seu Breve Curso de Nova Cirurgia, livro inferior, com certeza, a alguns dos que o precederam, e em que resume quase a sua terapêutica ao uso de cinco preparados cujo segredo reservava para si: o óleo humano, o espírito do sangue humano, o crânio humano, o sal humano e a múmia, medicamentos, cujo modo de prepara ção determina imediatamente o vómito aos indivíduos menos sujeitos a ele. Demais, ventila questões extremamente extra vagantes, chegando a conclusões singulares. Monravá escreve trabalhos em que há menos o intuito de rebater os argumen tos galénicos do que o propósito de insultar os autores. Ou porque o seu ensino não desse os resultados que lhe supu nham ao princípio, ou por outra qualquer razão, foi em 1732 substituído no lugar que ocupava, pelo italiano Bernardo Santucci

Não é conhecido o seu percurso posterior mas, em 1774, foi editada em Lisboa mais uma obra com dedicatória a D. João V. O que faz supor que tivesse permanecido em Portugal, pelo menos até essa data.

Edições de 1725 e de 1744, Biblioteca da FMUL.

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ARTE E PATRIMÓNIO

Retratos e Bustos

Na tradição de respeito pelos médicos que, por algum motivo, tiveram ac tividade julgada particularmente relevante com implicações nas diversas áreas, quer na docência e organização da FML , quer no progresso da Medici na, ou no prestígio da classe médica junto da comunidade, ou na organização de estruturas de saúde e actuações que trouxeram benefícios inegáveis para as populações, ou ainda quaisquer outras acções que se entenderam merecedoras de recordação para além da memória dos seus contemporâneos, optou-se pela representação dos homenageados.

Assim, são património da FML , um conjunto valioso de quadros a óleo, quase todos trazidos das instalações anteriores no Campo de Santana, representando professores que por algum motivo mereceram, ao longo dos tempos, a homenagem dos seus pares. Representa-se assim, a óleo em molduras douradas, o retrato em fundo escuro, em trajes académicos e com ar solene. Mereceram naturalmente a sua colocação em áreas nobres da FML .

A um outro nível, optou-se por esculturas, representando o busto dos home nageados com inscrições nos seus plintos onde, em poucas palavras, se identi fica o personagem e se justifica a homenagem.

No topo da hierarquia existem estátuas de corpo inteiro e de grandes dimen sões, necessariamente ao ar livre, em locais públicos, como a do Professor Egas Moniz, na frente do edifício do Hospital/Faculdade, e a do Professor Sousa Martins, no Campo de Santana.

Tendo em consideração as devidas motivações, recorde-se que a estátua de Egas Moniz foi de iniciativa oficial enquanto a de Sousa Martins resultou de uma subscrição pública.

No entanto, existe algo em comum: ambos os monumentos foram substituí dos precocemente pois considerou-se não terem a dignidade devida.

A decisão sobre estas homenagens e o modo como foram materializadas é, naturalmente, discutível mas tal é próprio dos contextos e afectos em que são gerados e isto é indissociável da condição humana.

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ANTÓNIO JOAQUIM FARTO

Nasceu em Arraiolos. A data do seu nascimento não é conhecida com exatidão pois existem referências dís pares: 1783 e 1790, e faleceu a 21 de Outubro de 1856. Não se conhecem dados anteriores relativos à sua formação.

1797 Ajudante das Enfermarias.

1805 Fiscal de Banco. 1808 Cirurgião de Banco. 1810 Cirurgião na Enfermaria de Sifilíticos.

1817 Regente interino da Cadeira de Operações (Hospi tal Real de S. José).

1818 Regente da Cadeira de Partos. 1822 Lente da Cadeira de Operações (sucedendo a António de Almeida); Regente da Cadeira de Anato mia; Nomeado Cirurgião da Real Câmara. 1829 Nomeado Cirurgião-Mor do Reino. 1830 Director da Escola Régia Cirúrgica até ao seu falecimento.

A 23 de Setembro de 1822 foi nomeado Escudeiro e Cavaleiro Fidalgo. A 9 de Outubro de 1824 submeteu pedido ao Rei D. João VI que lhe fosse feita mercê das autorizações necessárias para professar com o hábito da Ordem de Cristo, na Igreja de N. S. da Luz (Lisboa), o que lhe foi concedido, por decreto assinado pelo en tão Marquês de Palmela, a 20 de Novembro de 1824. A 3 de Março de 1827 foi nomeado Cirurgião-Mor do Rei. A 7 de Março de 1827 foi agraciado Comendador da Ordem de Cristo com honras de Fidalgo Cavaleiro da Casa Real.

Terá sido um dos cirurgiões que assistiu ao parto do 11.º filho de D. Maria II, que terminou com a morte de mãe e filho, tendo baptizado o recém-nascido in articu lo mortis em 15 de Novembro de 1853.

Foi um dos fundadores do Jornal das Ciências Médicas que viria a ser órgão oficial da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa.

Faleceu a 21 de Outubro de 1856, aos 84 anos devido a febre intestinal remitente, segundo a Gazeta Médica de 1857.

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(1783/90(?)–1856)

Retrato a óleo sobre tela exposto na Sala de Reuniões da Direcção da FMUL. (Legado de Dr. Duarte Augusto Abranches Bizarro)

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ANTÓNIO

DE LIMA

Nasceu em Lagos, a 17 de Novembro de 1787, e faleceu em Lisboa a 8 de Novembro de 1856. Iniciou-se na prática da cirurgia ainda adolescente, sob orientação de seu pai, cirurgião no hospital de Lagos. Com 13 anos foi incorporado no exército (Regimento de Infantaria 2), em Lagos, como ajudante de cirurgião. Em 1808 o seu regimento foi mobilizado, sob comando inglês, para combater os invasores franceses. Em Agos to de 1809, quando a sua unidade entrou em Espanha e por alegadas desavenças com um oficial inglês, de sertou e juntou-se ao exército francês que regressava a França.

No ano seguinte, encontra-se no quartel-general im perial de Napoleão, em Paris. Durante a sua perma nência em França, teve oportunidade de aprender com os grandes cirurgiões militares da época, pois incorpo rou o exército em várias batalhas.

Terminado o conflito, o governo francês atribuiu o acesso ao curso de Medicina aos interessados que tivessem servido nas Forças Armadas. Assim, frequentou o Hôtel-Dieu e, em Julho do mesmo ano (1814), recebeu a graduação com distinção, não sendo claro como terá conseguido o grau de doutor, citado em alguns textos. Regressou a Portugal no ano seguinte (1815), mas en frentou animosidades devido à sua situação de deser tor. Conseguiu, no entanto, ser perdoado por decreto de 16 de Fevereiro de 1816, ficando obrigado a assumir a função de Físico-Mor em Moçambique por seis anos. Lima Leitão não cumpriu na íntegra o trabalho, pois sabe-se que esteve no Brasil em 1818, provavelmente para contactos com a Corte e, em 1819, foi nomeado Fí sico-Mor e Intendente-Geral da Agricultura do Estado da Índia.

Aí, a sua estadia foi agitada pois envolveu-se nas con vulsões políticas, reflexo das lutas liberais em Portu gal, que levou à prisão do Vice-Rei, acabando também ele, por ser preso.

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JOSÉ
LEITÃO (1787–1856)

Regressa a Portugal como deputado eleito às Cortes pelo Estado Português da Índia. Sabe-se que estava em Lagos em 1824 mas, no ano seguinte, estabeleceu -se em Lisboa, ocupando o lugar de Lente da Real Esco la de Cirurgia.

Com a nova vitória do absolutismo, optou por uma po sição discreta e ambígua, que lhe permitiu manter-se como docente. Não se eximiu, no entanto, a azedas crí ticas dos liberais, seus antigos correligionários.

1814 Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medi cina de Paris.

1825 Lente de Clínica Médica na Real Escola de Cirurgia (Real Hospital de S. José).

1837/53 Lente de Patologia Médica da Escola Médico -Cirúrgica de Lisboa.

18-- Director de Enfermaria do Hospital Real de S. José. 1844/46 Presidente do Conselho de Saúde Pública do Reino.

Em 1853 tentou introduzir a homeopatia no ensino da Escola Médico-Cirúrgica tendo chegado a traduzir o texto do seu fundador Samuel Hahnemann. Tal sus citou forte polémica e, como consequência, a sua des credibilização na fase final da vida.

Outros Cargos

Foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa.

Foi deputado às Cortes pelo Círculo de Lisboa (1826). Grande dinamizador da Sociedade de Ciências Médi cas de que foi co-fundador e seu segundo presidente, cumprindo vários mandatos sucessivos (1838/42). Agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo. À sua actividade médica e política juntou ainda dotes literários que confirmam a sua cultura atribuindo-se -lhe conhecimentos de francês, inglês, latim e grego. Traduziu do original inglês O Paraíso Perdido, epopeia em verso de John Milton (edição de 1840).

A natureza das coisas: poema/Tito Lucrecio Caro; trad. António José de Lima Leitão.

Biblioteca da FMUL.

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FRANCISCO ANTÓNIO BARRAL

Nasceu e faleceu em Lisboa.

Teve a fama de ser o médico mais prestigiado de Lisboa, considerado mesmo como “sábio” por alguns colegas.

1827 Licenciatura pela Faculdade de Medicina de Paris. 1830 Médico Extraordinário do Hospital de S. José. 1834 Lente Substituto de Matéria Médica e Farmácia da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.

1837 Lente de Patologia e Terapêutica Interna, Patolo gia Geral e História da Medicina.

Presidente da Sociedade de Ciências Médica (1852/53). A sua actividade estendeu-se pela prática clínica e es tudos de farmacologia (matéria médica). Nesse contexto dedicou especial interesse à anestesia que estava a surgir. Teve intervenção em múltiplas áreas da Medicina do seu tempo.

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(1801–1878)

JOÃO PEDRO BARRAL

Nasceu e faleceu em Lisboa.

Pioneiro da cirurgia sob anestesia com clorofórmio.

Licenciado pela Escola Régia de Cirurgia.

Ensinou Anatomia Teórica e Prática na Escola Régia de Cirurgia.

Examinador de Anatomia.

Demonstrador de Anatomia na Escola Régia de Cirurgia.

1838 Lente Substituto da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.

Lente Catedrático de Patologia e Terapêutica Cirúrgica.

Jubilação.

Foi cirurgião do Hospital Real de S. José, Director de Banco e da Enfermaria de S. Francisco. Realizou a pri meira intervenção cirúrgica em Portugal, utilizando o clorofórmio (com o apoio de Bernardino António Go mes – filho). Era irmão de outro cirurgião e docente, o Prof. Francisco António Barral.

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(1805–1862)
1823
1824/25
1825
1826
1849
1855

Nasceu em Vila Franca de Xira a 3 de Dezembro de 1880, e faleceu em Lisboa a 6 de Maio de 1970. Filho de um clínico que exercia na sua terra, Dr. Cle mente José dos Santos, era neto do bibliotecário-mor do Parlamento e sócio da Academia Real das Ciências, que viria a receber o título de Barão de Clemente, como reconhecimento da sua actividade. Devido à doença da mãe e do número de irmãos, foi este seu avô que tomou a seu cargo a sua educação, trazendo-o para Lisboa, onde frequentou um colégio na Rua do Machadinho e em 1899 ingressou no curso da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.

1903 Licenciado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lis boa (Tese: Terciarismo e Parasífilis – etiologia e profi laxia).

1903/04 Estágios em Paris e Estados Unidos. 1906 Cirurgião dos Hospitais Civis de Lisboa; Douto ramento (Tese: Aspectos cirúrgicos das pancreatites crónicas).

1907 Professor Extraordinário da Escola Médico-Cirúr gica de Lisboa. 1909 Estágios em Berlim e em outros centros europeus. 1910 Organizou o Curso Livre de Urologia no Hospital do Desterro. 1911/16 Regente de Propedêutica Cirúrgica da FML. 1917/18 Médico do CEP, prestou serviço como cirurgião em hospitais ingleses e franceses. Esteve também colocado no 26th General Hospital 32th Stationary Hospital de Wimereux.

1925 Director do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Arroios em Lisboa.

1930 Catedrático de Urologia da Faculdade de Medici na de Lisboa – Hospital Escolar de Santa Marta.

1941 Catedrático de Patologia e Terapêutica Cirúrgica da FML.

1943/45 Director da Faculdade de Medicina de Lisboa. 1948 Catedrático de Patologia e Terapêutica Cirúrgica da FML.

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REYNALDO DOS SANTOS (1880–1970) Fotografia na Clínica Universitária de Cirurgia Vascular (piso 4).

Terminado o curso, inicia uma série de estágios, que te rão sido importantes no seu percurso. Primeiro em Pa ris com Théodore Tuffier (1857-1929), cirurgião francês pioneiro da cirurgia cardiovascular, nomeadamente aneurismas da aorta e também cirurgia pulmonar. Vi sitou também as clínicas de Guyon, Albarran, Cathelin e Pinard.

No ano de 1904 fez um périplo pelos Estados Unidos, visitando clínicas em Boston, Chicago, Rochester, Balti more, Filadelfia e Nova Iorque.

Dos nomes mais conceituados salientam-se ainda: Alexis Carrel, Prémio Nobel da Medicina de 1912 pelos seus trabalhos sobre a estrutura dos vasos sanguíneos e transplante de órgão, e Harvey Cushing, um dos fun dadores da Neurocirurgia. Continuou a visitar centros estrangeiros, ao longo da sua vida, mantendo-se actualizado nas áreas cirúrgi cas do seu interesse.

Em 2 de Março de 1909 patenteou o Urorhytmographo, equipamento destinado a registar o valor e o ritmo da função renal e o funcionamento dos ureteres.

Em 1916 entrou em conflito com o Prof. Oliveira Feijão a propósito do rumo do ensino na FML

A carta que Reynaldo dos Santos lhe escreveu foi apre sentada por este ao Conselho da Faculdade o que levou à deliberação de o desligar do serviço, sem vencimen to, e dando origem a um processo disciplinar. O ofício era assinado pelo Prof. José Gentil a 5 de Julho de 1916. Reynaldo dos Santos afirmava em carta a Raúl Proen ça: A crise educativa resolve-se mandando gerações novas completar os estudos nos outros países… sem receio de os desnacionalizar. O que desnacionaliza é encontrar a pátria inferior, vazia e estúpida

No decurso deste conflito, Reynaldo dos Santos optou por dar aulas “não oficiais” no Hospital de Arroios, que se traduziu num enorme sucesso junto dos alunos, passando este a ser conhecido por “Universidade de Arroios”.

Equipamento para injecção de contraste na execução de aortografias, Colecção FMUL, MUHNAC-ULisboa – Sala Branca Edmée Marques.

[©MUHNAC-ULISBOA/José Fadolla]

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De seguida prestou serviço nos anos de 1917 e 1918, in tegrado no CEP, desempenhando funções de cirurgião em unidades de saúde francesas e inglesas, tendo ob tido a patente de capitão do CEP e major do exército inglês.

Foi membro do Comité inter-aliado para o estudo da ci rurgia de guerra e, em 1922, foi distinguido com o grau de Cavaleiro da Legião de Honra Mais tarde, acompanhou os trabalhos do Prof. Egas Moniz, no desenvolvimento da angiografia, tendo le vado a investigação para os vasos periféricos, culminando com a invenção da aortografia, em 1929, o que constituiu um avanço importante no diagnóstico da patologia vascular quer aórtica, quer dos vasos abdo minais e dos membros inferiores.

Mereceu largo reconhecimento internacional na área da Medicina, averbando vários Doutoramentos Honoris Causa e diversos outros galardões de sociedades cientí ficas internacionais.

Foi presidente da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa (1930/32).

Presidiu à Academia das Ciências de Lisboa (1961/63).

No domínio das artes foi investigador da arte portu guesa, sendo autor de cerca de 400 trabalhos relacio nados com a história e a crítica da arte.

Foi co-fundador da Academia Nacional de Belas Artes (1924) e da Academia Portuguesa de História (1932).

Foi Presidente da Academia Nacional de Belas Artes (1937/67).

Foi director da publicação: Colóquio: Revista de Artes e Letras (1959/1970).

Em 1959 foi inaugurado o Centro de Angiologia Rey naldo dos Santos, no Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Maria, para execução de estudos angiográficos.

Busto de Reynaldo dos Santos, na FMUL, no edifício com o mesmo nome.

Autor: Francisco Franco.

São de referir as obras na área das artes:

• Álvaro Pires D’Évora – Pintor (1922);

• A Torre de Belém (1922);

• A Escultura em Portugal (1948/50);

• Ourivesaria Portuguesa nas colecções particulares (1959);

• A Faiança portuguesa dos séculos XVI e XVII;

• Oito Séculos de Arte Portuguesa (1970).

Têm especial relevo as suas investigações que levaram à identificação das tapeçarias portuguesas de Nuno Gonçalves em Prastana, Espanha (1915), e os estudos sobre o pintor Álvaro Pires D’Évora, considerado o pri meiro pintor português (1922).

O seu espólio está conservado na Casa-Museu Reynal do dos Santos, na Parede (Cascais).

O seu nome é recordado no Hospital de Vila Franca de Xira, Agrupamento de Escolas de Vila Franca de Xira e Rua Reynaldo dos Santos.

Em Lisboa existe a Rua Reynaldo dos Santos (Benfica), bem como em outras localidades do País.

Na Faculdade de Medicina de Lisboa foi inaugurado o edifício com o seu nome em 16 de Dezembro de 2019.

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ELECTROTERAPIA

As duas figuras mostram um equipamento sofisticado de Electroterapia, de fabrico alemão por Koch & Sterzel – Dresden, com múltiplas utilizações. A fábrica come çou a laborar em 1904 e terminou em 1945, quando foi destruída pelos bombardeamentos. (Colecção FMUL, MUHNAC-ULisboa – Sala Branca Edmée Marques) [©MUHNAC-ULISBOA/José Fadolla]

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APARELHO DE
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DESENHO DE MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA

(Lisboa, 1893 – Paris, 1992)

Embora tivesse começado a ter aulas de desenho, pintura e modelação em tenra idade, iniciou, formalmente, os estudos artísticos na Academia Nacional de Belas-Artes, tendo frequentado em 1926, as aulas de Anatomia que integravam o curso e eram leccionadas tradicionalmente pelos professores de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa, neste caso o Profes sor Henrique Jardim de Vilhena (1879-1958). Terá sido nessa época que fez o desenho que aqui se reproduz. (Cartaz no Instituto de Anatomia – FMUL, piso 1)

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UMA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA

Acto Operatório: Quadro pelo Prof. Cândido Nunes da Silva (1914-2007). Foi Professor Catedrático de Ci rurgia da FMUL e artista plástico nas horas vagas. Já jubilado fez uma exposição individual na Galeria dos Coruchéus em Lisboa, exibindo aguarelas de cariz naturalista.

(Serviço de Cirurgia, CHULN – HSM, piso 2)

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