O Hospital de Todos-os-Santos

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José de Vasconcelos de Menezes (MENEZES, 1987) alude a uma interligação entre o hospital e as navegações. E embora afirme não ter encontrado documento que incontestavelmente comprove que Todos-os-Santos foi construído como consequência directa da expansão marítima, inclina-se no entanto, para essa hipótese.

O porquê da localização do edifício Para a escolha do local onde veio a edificar-se o Hospital Real – a horta do Convento de São Domingos, lado Oriental do Rossio, sítio que por ser baixo e alagadiço não apresentava as melhores condições para uma fundação destinada a proteger a saúde pública –, concorreu certamente, além da sua situação central e acessível, o facto de ser terreno “despejado”, isto é, sem quaisquer outras construções. A circunstância de, tratando-se de um terreno doado por D. Afonso III ao Convento para cultivo, ser fácil ao rei retomá-lo em troca de compensações por si concedidas, também devia ter pesado nesta decisão. Vejamos agora a localização deste hospital e ainda a maneira como as referidas formas de sensibilidade se exprimiam ou revelavam, não só no conjunto arquitectónico das suas instalações, como ainda na ornamentação do seu interior. Construída na Praça da Figueira, a planta do Hospital de Todos-os-Santos era em cruz, talvez baseada no exemplo dos hospitais italianos e espanhóis que eram cruciformes, tendo os mesmos sido projectados, na sua grande maioria, pelo arquitecto Henrique Egas; eventualmente terá sido ele também o autor do projecto do nosso Hospital Real de Todos-os-Santos. Os degraus da escadaria que dava acesso ao respectivo templo, situavam-se a 8,6 metros do Rossio, na sua actual configuração. Vestígios desses degraus chegaram até nós e foram descobertos em 1953 no interior do restaurante “Irmãos Unidos” (CARMONA, 1954). – 73 –


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