MAPA DOS BAOBÁS DO BRASIL

Page 11

I

N

T

R

O

D

U

Ç

Ã

O

O

idealizador do Projeto Baobá, Gilberto J. S. Vasconcelos deu início - em dezembro de 2008 - a um levantamento dos baobás de Pernambuco, no intuito de quantifi car os exemplares adultos. Tarefa quase impossível afi rmar o número exato. Em quase três anos de pesquisas, não foi encontrado nenhum registro com a localização de todos os baobás existente no país. Para materialização deste projeto, foram percorridos mais de 7.000km nos estados de: Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, para localizar, monitorar, coletar frutos e fotografar os baobás nas quatro estações e, também, este mesmo período foi dedicado a experimentos e técnicas de germinação e produção de mudas. O estado de Pernambuco é, definitivamente, o reduto dos baobás no Brasil, com mais de noventa baobás plantados. Entretanto, não se pode negar que o município de Assú - RN é a capital nacional dos baobás centenários, com nove exemplares catalogados. O mapa dos baobás do Brasil tem, como objetivo principal, mostrar a localização dos baobás centenários e os demais exemplares recentemente plantados. Tem, também, o objetivo de difundir no Brasil, como produzir mudas deste gigantesco vegetal, sua importância para os nativos da savana africana, seu valor nutricional e o evidente elo ente o tráfi co de escravos e sua introdução em nosso país. É notório que os baobás centenários que aqui se encontram têm, como personagem principal, os escravos, (é comum entre os nativos africanos o uso dos frutos do baobá como alimento). Uma infi nidade de informações foi encontrada, todavia não há registros que comprovem quem - de fato - introduziu o baobá – Adansonia digitata no Brasil.

CONHECEND O OS BAOBÁ S O baobá é uma árvore de grande porte, originária das savanas africanas, da ilha de Madagascar e nordeste da Austrália. Apesar de milenar, foi espargido - a partir do século XX - através do escritor francês Antoine de Saint-Exupery. Em 1444, conduzidos por Gomes Piers, os navegantes portugueses chegaram à ilha africana de Gorée (pertencente hoje ao Senegal) e permaneceram no local até 1595, período em que a ilha se tornou propriedade dos holandeses. Os navegantes registraram que, lá, ainda se podia apreciar o brasão de Dom Henrique gravado em árvores. Por sua vez, na metade do século XV, o cronista Gomes de Eanes Zurara assim descreveu as árvores encontradas, na obra Chronica dos Feitos de Guiné (Lisboa, 1453): “Árvores muito grandes e de aparência estranha; entre elas, algumas tinham desenvolvido um cinturão de 108 palmos a seu pé ( cerca de 25 metros). O tronco de um baobá não é mais alto do que o tronco de uma árvore de noz; rende uma fi bra forte usada para cordas e pano; queima da mesma maneira como linho”. Segundo o cineasta Licínio Azevedo, na savana africana o tronco do baobá é escavado por curandeiros ou feiticeiros e usados como reservatório para armazenar água durante o período chuvoso, visando o período de seca. Quem se propuser a 12 fazer esse trabalho de escavação interna da árvore não poderá ingerir alimento com sal, nem ter relações sexuais enquanto durar o serviço, segundo eles, 11


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.