Revista Automotive Business - edição 22

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ETHANOL SUMMIT

ETANOL NA ROTA DE COMMODITIES STUDIO REBIZZI

LEGISLAÇÃO NORTE-AMERICANA E DE OUTROS 25 PAÍSES PODE INCENTIVAR A PRODUTIVIDADE DO ETANOL BRASILEIRO MAURO BORGES LEMOS, DA ABDI: escala mundial para viabilizar etanol

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etanol pode se transformar em commodity para atender a legislação em vigor no mercado norte-americano e em outros 25 países. A lei nesses mercados exige a adição de 10% do produto à gasolina. No caso específico dos EUA, grande mercado consumidor, poderá surgir um problema em médio e longo prazos: a limitação da expansão da área de cultivo de milho nos Estados Unidos, que hoje é de 14,5 milhões de hectares. “Para atender a demanda de 57 bilhões de litros em 2015 os norte-americanos terão de importar etanol”, afirmou o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, José Goldemberg. Para resolver o problema norte-americano existem duas saídas. Uma é as pesquisas com etanol celulósico maturarem rapidamente, garantindo o fornecimento do produto para o mercado doméstico de lá. O governo Obama dá suporte a esses estudos, porém ainda não há garantia de sua capacidade em suprir a falta futura de etanol.

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A outra opção é importar do Brasil, que reúne duas condições ideais para atender a demanda. A primeira é o fato do etanol de cana-de-açúcar ser considerado o melhor em aproveitamento energético em todo o mundo. A segunda é a possibilidade de expandir a área de plantio, que atualmente ocupa 6 milhões de hectares. “O Brasil é o produtor mais vantajoso”, afirma Goldemberg. A medida adotada pelos EUA e os outros 25 países de adicionar 10% de etanol à gasolina tem por objetivo melhorar o balanço nas emissões de CO2. Para atingir essa meta, o ex-ministro mostra mais uma vantagem do etanol de cana por ser, segundo ele, mais favorável para a redução de emissões do que o de milho. Com maior demanda pelo etanol de cana e mais mercados consumidores ao redor do mundo, o produto deverá se transformar em commodity. Essa visão de futuro é partilhada por Mauro Borges Lemos, diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimen-

to Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O diretor da ABDI acredita que essa elevação de patamar do etanol levaria à criação de um produto ao mesmo tempo mais homogêneo, para ser classificado como commodity, e misturável, mantendo o conceito flex, desenvolvido no Brasil. “Somente dessa maneira se conseguirá competir com os combustíveis fósseis”, disse. Para elevar a produção de etanol há necessidade de expandir a base produtora. Isso implica a instalação de novas usinas (greenfields, no jargão do setor), o que geraria impacto positivo nas comunidades onde fossem implantadas. Marcos Neves, professor da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto, defende essa nova onda de investimentos. “Teremos na prática a interiorização do desenvolvimento e da atividade econômica”, afirmou. Neves produziu estudo sobre os impactos de duas novas usinas de cana-de-açúcar na cidade de Quirinópolis (GO), instaladas em 2006. O número de empregos na cidade, que era de 5 mil em 2005, passou para 11 mil em 2011. A arrecadação de impostos também cresceu. Goiás, que em 2005 recolhia R$ 8 milhões em Impostos sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), passou para R$ 24 milhões seis anos depois. Já a fazenda municipal arrecadava em Impostos Sobre Serviços (ISS) R$ 900 mil em 2005 e passou a recolher R$ 9 milhões seis anos depois. “Sem queda na produção de alimentos”, assegurou Neves.


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