Textos da XI Assembleia Nacional da AMI

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SITUAÇOM ESPECÍFICA DA MOCIDADE

As condiçons da juventude som sempre umha volta de porca pior do que as “gerais”, entanto que gerais se associam a “homem branco produtivo”. Assim, as mulheres, as labregas, as desempregadas, as pretas, as trabalhadoras, as idosas... E também a mocidade pola condiçom de se-lo sofremos umha exploraçom engadida, o poder esmaga com mais força: as cifras de desemprego, de emigraçom, de precariedade agudizam-se em extremo na franga de idade por baixo dos 30 ou 35 anos. Temos também umhas características geracionais diferentes, a prática totalidade de nós somos nativas na sociedade líquida de consumo, na modernidade e na vida social tecnológica. Nom conhecemos tempos melhores. Aliás, o poder adulto, como forma de poder opressivo específico exerce-se sobre nós polo simples facto de termos menos anos. Assim, infantiliza-se-nos e tenta-se desacreditar a nossa opiniom ou agir. É em definitiva mais umha face do patriarcado. Chega-se à adolescência, como um momento de confronto, quando estamos situando-nos no nosso lugar na vida. Nom é casual ser precisamente entre a juventude onde se geram as principais acumulaçons de força dos processos revolucionários, onde se desenvolvem os mais altos graos de combatividade, generosidade e entrega. Também de audácia e engenho. O poder adulto -ou esta outra cara do machismo- consegue invisibilizar-se por causa de as pessoas que o sufrimos poucas vezes termos desenvolvidas ferramentas para reconhece-lo e defendermo-nos dele. De facto, umha das armas dos sistemas repressivos contra nós, é buscar “alianças” adultas com pessoas da nossa contorna, desde o paternalismo. Assim a polícia pode ir às nossas casas avisar às famílias de que nos “estamos metendo em política”, ou aos nossos centros de ensino e pedir informaçom ao professorado sobre nós. O poder adulto busca perpetuar relaçons de poder, nas que as mais novas estejamos ao serviço dos interesses das mais velhas. Assim garante-se que a nova força de trabalho seja mansa -educaçom na submisom-, integrando neste processo desde a família até instituiçons educativas e de controlo social. O poder adulto, como todo poder, é un processo em desenvolvimento supervisado polos aparatos de Estado e polos sistemas paraestatais e extraestatais. Com o que querem criar cidadás ao seu gosto e serviço: “cidadaos de bem”, “bons espanhois”, “trabalhadores qualificados”, e “prevençom da delinquência”, “prevençom sanitária”. Se por acaso as famílias nom exerceram a suficiente presom, o Estado já tem mecanismos para encarreirar as jovens dentro das necessidades estratégicas do capitalismo, mecanismos que, desde logo, variam dependendo da classe, sexo-género e nacionalidade (da propaganda até prisons de menores, de livros escolares a anúncios de televisom).

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