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A Igreja e o Pacto Educativo Global

A educação sempre foi um tema pertinente e de sumo interesse para a ação evangelizadora da Igreja. Afinal, evangelizar, essência da Igreja, tem por finalidade anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, o Divino Salvador, considerando que os valores contidos na palavra de Jesus desencadeiam também na pessoa humana um processo educativo ininterrupto e global. Esse processo deve sempre ser considerado como humanista, com fundamento integral e totalizante das dimensões fundamentais da vida humana.

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No dia 15 de outubro de 2020, o Papa Francisco convocou a Igreja e a todo mundo, instituições diversas, denominações religiosas e governos, para uma ação solidária em prol de uma educação humanista visando a transformação da sociedade. A ideia é discutir, mobilizar e tornar o Pacto uma realidade concreta na vida das pessoas, fomentando a criação de políticas educacionais e internacionais.

Esta iniciativa possui sete compromissos principais: colocar a pessoa no centro de cada processo educativo; ouvir as gerações mais novas; promover a mulher; responsabilizar a família; se abrir à acolhida; renovar a economia e a política e cuidar da casa comum.

O Papa Francisco, no dia 05 de outubro de 2021, disse no Vaticano, no encontro de Religiões e Educação, Pacto Educacional Global: “se no passado, mesmo em nome da religião, se discriminaram as minorias étnicas, culturais, políticas e outras, hoje queremos ser defensores da identidade e dignidade de toda a pessoa e ensinar as novas gerações a acolherem a todos sem discriminações”.

Dentro desse contexto em discussão, quero frisar dois termos que acredito ser importante considerar quando falamos em educação: os termos “processo” e “integral”. Hoje, na abordagem pelos educadores de políticas educacionais adequadas para a educação da pessoa humana, sobretudo na infância, adolescência e juventude, urge entendermos que educação envolve e toca o ser humano por inteiro e deve ser processual, isto é, não podemos reduzir a aprendizagem e desenvolvimento da pessoa a apenas um período de tempo e a uma visão conteudista (estudar e assimilar conteúdos) e mercantilista (educação em vista do mercado de trabalho). A educação deve ser, portanto, inclusiva, globalizante e conscientizadora de cidadania. E porque não dizermos também promotora da dimensão espiritual do ser humano? Isso é um ponto discutido pelo Pacto Educativo Global.

Pe. Carlos Jobed Malaquias Saraiva, sds Coordenador da Equipe de Comunicação

Escutar com o ouvido do coração!

O Papa Francisco, em ocasião do 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, nos fez um grande e profundo convite: escutar com o ouvido do coração. Podemos nos questionar a o que o pontífice se refere e como isso interfere em nossa vivência cotidiana. Com isso, perceberemos que a resposta não parece ser um simples sentimento ou apenas um relato de sua santidade. Escutar com o ouvido do coração é colocar-se inteiro, sem medidas, sem discriminação, mas com profundo desejo de conhecer, reconhecer e perceber quem nos fala. Queremos anunciar o Salvador e, para tal devemos, como Ele, ouvir.

Naquela passagem do cego Bartimeu (Mc 10, 46-51), que estava às margens da sociedade, abandonado, perdido, sem esperança, Cristo o ouve. Primeiro ouve seu grito e tendo-o ouvido, para, faz com que se aproxime, pergunta “O que queres que eu te faça?”, escuta com atenção, percebe-o e depois faz com que a salvação aconteça. Aqui vemos claramente o Divino Salvador sendo ouvinte atento dos profundos desejos da humanidade. Nas palavras do Papa: “a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus.” Jesus vê e escuta não apenas aquele cego, mas as nossas cegueiras, as nossas irresponsabilidades, a nossa falta de escuta dos clamores de uma sociedade perdida na instantaneidade e na busca desenfreada de poder, que gera guerras e morte.

A escuta corresponde ao estilo “ humilde de Deus.”

Tenhamos consciência do alerta de nosso pontífice, reconheçamos que “a escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação.” Sejamos ousados; escutemos as diferenças; saiamos do comodismo. “Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade”, diz o Papa.

Por fim, para nós que nos dispomos a conhecer e tornar conhecido o Divino Salvador, cabe o ouvir com nossos corações, com a docilidade de perceber os clamores da sociedade e levar, como o Beato Francisco Jordan, o amor que tudo pode transformar, pelos meios e modos que a caridade de Cristo inspirar.

Asp. Djalma Rodrigo