Revista Missão Salvatoriana - Janeiro / Fevereiro e Março de 2021

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/editorial

SEJA BEM-VINDO

/sumário

À R E V I S TA M I S S ÃO S A LVATO R I A N A !

/3 Palavra do Provincial /4 Pe. Jordan /6 Aconteceu /8 Educação /9 Juventude /10 Principal /12 Social /13 Comunicação /14 Espiritualidade /16 Missões /17 Comunidades /18 Salvatorianos /19 Infantil

Neste ano, a Família Salvatoriana se organiza para celebrar um grande evento de sua história: a beatificação do Venerável Servo de Deus Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan, confira mais detalhes nesta edição. Em especial ao Ano de São José, veja detalhes sobre a Carta Apostólica “Patris Corde - Com coração de Pai”, publicada em celebração aos 150 anos da declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica. Nesta edição, leia também sobre a devoção de Padre Jordan ao santo. Confira a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

/expediente

No caderno “Espiritualidade”, leia sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 e JPIC: justiça, paz e integridade da criação. Saiba mais sobre os impactos da pandemia e leia uma reflexão sobre a realidade que ainda não passou. Ainda sobre isso, veja também a retomada das aulas em nossas unidades escolares, em 2021.

Provincial: Pe. Francisco Sydney Macêdo Gonçalves, sds Editor: Pe. Carlos Jobed Malaquias Saraiva, sds As matérias não assinadas são de responsabilidade do editor

No caderno “Missões”, confira as ações salvatorianas no Maranhão. No caderno seguinte, veja as obras em Moçambique, na África.

SUGESTÃO DE CONTÉUDO

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EDIÇÃO Aline F S Oliveira DIAGRAMAÇÃO Carol Romão REVISÃO Ariane Miranda

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R E V I S TA M I S S Ã O S A LVAT O R I A N A


/palavra do provincial

Querido Leitor, Estamos iniciando um novo ano repleto de muita esperança: a imprensa anunciando que a vacina contra a Covid-19 ficou ainda mais próxima da população; o Papa Francisco nos presenteando com a boa notícia de uma Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontecerá no México, entre os dias 21 a 28 de novembro. Aproxima-se a data da Beatificação do Fundador da Família Salvatoriana, Pe. Francisco Jordan. Aqui no Brasil, tivemos a alegria de acolher em janeiro deste ano, o Jn. Elivelton Gomes dos Santos como novo membro da Província Salvatoriana Brasileira. Também acompanhamos a entrada do noviciado em Manizales, na Colômbia, dos formandos brasileiros Jocimar Costa Rosa, Fabiano Maffi e Leonardo dos Santos Raimundo, e do Uruguaio Emiliano Manuel Álvarez Rodríguiz, que se juntaram com outros noviços Venezuelanos e Colombianos. Tivemos também, no início do ano, as celebrações jubilares de Vida Religiosa do Pe. Francisco Sydney, do Pe. Arno Boesing e do Pe. Renato Simoneto: 25 anos, 60 anos e 70 anos, respectivamente. Terminando o mês de fevereiro, foi a vez do Pe. Fernando Rizzardo celebrar 40 anos de Vida Presbiteral. Dando continuidade aos comentários dos textos-chave da Palavra de Deus sobre a fundação da Família Salvatoriana, vamos refletir sobre o trecho bíblico de Mateus 28, 19-20: “Ide, pois, e tornai discípulos meus todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. Em dois versículos encontramos uma

grande riqueza. Logo no início, encontramos o verbo “ir”, conjugado no imperativo afirmativo. Jesus espera e deseja que os seus discípulos continuem a sua missão. É o grande apelo que o Divino Salvador faz, para que não fiquemos parados, olhando o tempo passar. Aqui, podemos dizer que o Papa Francisco partilha deste mesmo pensamento quando incentiva a Igreja a estar sempre “em saída”, para encontrar-se com os outros e dizer o quanto é importante abraçar e assumir a proposta salvadora de Jesus Cristo. Quando encontramos o trecho: “tornai discípulos meus todas as nações”, é uma forma de entender que a experiência que fazemos do amor de Deus não pode ficar retida em nós, precisamos partilhá-la com outros, para nos sentirmos salvos por Deus, que quer que tenhamos vida em abundância. Ser batizado é assumir que somos filhos de Deus e pertencentes à Igreja deixada por Seu Filho. Com isso, somos a Igreja e assumimos a sua missão. Pelo batismo recebemos a tríplice missão de ser sacerdotes, profetas e reis. Não há dúvida de que é uma das maiores graças que podemos receber. Jesus deixou um projeto bem concreto de vida no qual podemos aprender constantemente com Ele e, se o assumimos como referência, tornamonos mais humanos e solidários. A promessa que Jesus fez antes de voltar para o Pai: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” é, para nós, a certeza de que jamais estaremos sozinhos. Pe. Francisco Jordan insistia que os salvatorianos deveriam anunciar Jesus Cristo: “Não sossegueis até que todos conheçam, amem e sirvam a Jesus, o Salvador! ”.

Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds Diretor Provincial

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/Pe. Jordan

Beatificação de Padre Jordan Por Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds

A Família Salvatoriana se organiza para celebrar um grande evento de sua história: a beatificação do Venerável Servo de Deus Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan. A nossa alegria também se amplia, porque o milagre, responsável pelo reconhecimento da Igreja, aconteceu no Brasil. Numa partilha informal com Pe. Leomar Deon, sds, foi-me pedido que partilhasse um pouco sobre todo o processo e seus desdobramentos. Como se trata de uma longa e complexa história, deixo aqui registrado em rápidas pinceladas como tudo aconteceu. Estava em atendimento paroquial, naquela ocasião pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Jundiaí-SP, quando recebi com alegria a visita da senhora Gisele C. Santos, a qual veio ao meu encontro trazendo uma bela notícia. Comentou-me que sua médica, com a qual deu-se seu acompanhamento de pré-natal em sua gravidez, havia lhe dito que esta recebera um verdadeiro milagre em sua vida o qual deveria ser partilhado e testemunhado. Tal relato passo a compartilhá-lo com vocês, agora. Em janeiro de 2014, o casal Gisele C. Santos e Fernando F. da Silva soube que estavam realizando um grande sonho de serem pais. Logo no início da gravidez, Gisele foi alertada do risco que corria, ela e o feto, porque o saco gestacional estava deslocado e com princípio de hemorragia. Ao iniciar os ultrassons, foi detectado que o bebê seria anão. No sétimo mês, foi constatado um tumor de grande proporção na placenta. Foram feitos exames fora da cidade de Jundiaí, os quais apresentaram os mesmos resultados. A gravidez teria de ser interrompida pelo risco de morte do bebê e da mãe. Neste tempo, Gisele, família e amigos, pediram a intercessão de Pe. Francisco Jordan. O parto foi marcado para o dia 08 de setembro de 2014. Lembremo-nos que no dia 08 de setembro, a Igreja celebra a festa da Natividade de Nossa Senhora e, nós, a Família Salvatoriana, o aniversário de morte de Pe. Francisco Jordan. A grande alegria neste dia para eles, foi receber a notícia de que todos os prognósticos apresentados inicialmente, constatando que a criança seria anã, não se confirmaram e que o tumor na placenta tinha desaparecido. As duas situações foram confirmadas com exames médicos! Pois bem, voltando àquele dia da visita de Gisele na secretaria paroquial, após ela ter me relatado o que aconteceu, solicitei-a que me desse autorização para conversar com os médicos cujos nomes ela havia me mencionado, bem

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/Pe. Jordan como uma cópia de todos os exames realizados no seu prénatal e pós-natal. Chamou-me a atenção o fato de que todos os profissionais envolvidos eram unânimes em dizer que não encontravam na literatura científica algo que pudesse justificar o acontecido. Com os exames apresentados e os laudos apresentados pelos respectivos médicos, todo o material foi encaminhado para o postulador da Causa, Pe. Adam Teneta, sds, residente na Casa Mãe dos Salvatorianos, em Roma. Quando este tomou posse do material, levou-o a um médico indicado pela Congregação da Causa dos Santos (CGS) que, ao examinar tudo, recomendou que fosse aberto um processo na Diocese de origem onde o fato ocorreu, no caso, a Diocese de Jundiaí. A partir disso, estive com Dom Vicente Costa, Bispo da Diocese de Jundiaí e o relatei tudo, inclusive mostrandolhe o documento que veio do médico italiano. Dom Vicente recolheu todas as informações e solicitou o parecer do Dr. Eurico A. Malagodi, renomado médico em Jundiaí. Este, por sua vez, também atestou desconhecer na literatura científica um caso que se enquadrasse nesta situação. Desta forma,

Dom Vicente constituiu uma Equipe para compor o tribunal eclesiástico, a fim de recolher todo o material e os testemunhos dos envolvidos no caso. O tribunal eclesiástico levou de novembro de 2015 a agosto de 2016 para concluir todo o trabalho. Todos os membros assumiram suas funções com muita competência e eficiência. Em agosto de 2016, Pe. Adam entregou todo o processo na Congregação para a Causa dos Santos. O processo em Roma foi concluído quando o Cardeal Angelo Becceu compareceu à audiência com Sua Santidade, o Papa Francisco, em 19 de junho de 2020, e lhe apresentou o resultado final da Banca dos Médicos e dos trabalhos dos Teólogos sobre o milagre que foi atribuído à intercessão do Pe. Francisco Jordan. Diante desse relato, posso concluir dizendo que fui agraciado por participar deste longo processo e por receber semanalmente relatos de graças alcançadas por intercessão do Pe. Francisco Jordan. Para nós, motivo de júbilo e gratidão a Deus.

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/aconteceu /25 ANOS DE VIDA RELIGIOSA PADRE FRANCISCO SYDNEY DE MACÊDO GONÇALVES, SD Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds, nasceu em Fortaleza (CE), no dia 21 de janeiro de 1969. Cresceu na sua infância, adolescência e juventude em Fortaleza, no convívio familiar e, aos 23 anos, sentiu o despertar de algo muito importante, quando iniciou sua caminhada vocacional, ingressando no Instituto Mãe do Salvador de Fortaleza, bairro de Parangaba, Fortaleza, CE. Este foi um tempo propício para amadurecer o primeiro chamado. Atualmente, é Diretor-Provincial da Província Salvatoriana Brasileira e celebra 25 anos de Vida Consagrada. Agradecemos sua alegre doação e seu testemunho de fidelidade e dedicação no serviço a Deus, à Igreja e à Família Salvatoriana. Parabéns pela sua caminhada!

/70 ANOS DE VIDA RELIGIOSA PADRE RENATO SIMONETO, SDS O Senhor Deus concedeu ao casal João (Giovanni) Simonetto e Ana Viecelli Simonetto nove filhos, dos quais um recebeu o nome de Renato Giovanni Simoneto. O seu nascimento ocorreu em Santa Catarina, na cidade de Pinheiro Preto, no dia 24 de junho de 1932. Aos doze anos de idade tomou uma decisão importante: entrar para o Seminário Salvatoriano de Videira, em Santa Catarina. Sua disponibilidade e empenho em ser pastor e guia é um exemplo para quem pretende se consagrar no serviço a Deus e aos irmãos. Celebrando o Jubileu de Vinho no mês de fevereiro deste ano, Pe. Renato completa 70 anos de vida religiosa dedicada à Província Salvatoriana Brasileira. Dizem que o vinho envelhecido é melhor. Você não está envelhecido, pelo contrário, os 70 anos vividos na Vida Religiosa é uma renovação e revigoramento da graça vocacional, é uma bênção sempre atual e privilegiada concedida por Deus. A tua vida por si só é um testemunho de fidelidade e exemplo a todos nós. Parabéns!

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/aconteceu /60 ANOS DE VIDA RELIGIOSA PADRE ARNO BOESING, SDS O Pe. Arno Boesing, sds, filho de Matias Albino Boesing e de Teresa Graf Boesing, nasceu no dia 9 de abril de 1937, em Itapuí (Ibicaré), Santa Catarina. Ingressou no Seminário Preparatório de Videira (SC), em 13 de fevereiro de 1951 e lá fez o Primário, concluindo em 1952. No dia 2 de fevereiro deste ano, Pe. Arno celebrou o Jubileu de Diamante, com 60 anos de vida religiosa. O diamante é o pico da maturidade do cristal. A pedra é considerada um mineral de excelência e é símbolo do poder espiritual invencível e inalterável. Alegremo-nos e exultemos de alegria ao celebrarmos os 60 anos de sua vida religiosa. Uma vida totalmente dedicada ao Povo de Deus na Província Salvatoriana Brasileira e alicerçada profundamente na vivência do Carisma e da Missão Salvatoriana. Que o Divino Salvador continue abençoando a sua vida, Vocação e Missão, com muita paz, alegria e saúde. Parabéns!

/40 ANOS DE VIDA PRESBITERAL PADRE FERNANDO VITORINO RIZZARDO, SDS Pe. Fernando Vitorino Rizzardo, sds, nasceu no dia 7 de junho de 1951, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul (RS). É filho de José Rizzardo e Rosa Deon Rizzardo, ambos falecidos. Aos quatorze anos, saiu da casa dos pais para ingressar no Instituto Videirense, em 30 de janeiro de 1965. A Primeira Profissão Religiosa na Sociedade do Divino Salvador foi no dia 24 de fevereiro de 1974, em Videira (SC), sendo o Provincial Pe. Armando Spohr, sds. Uma boa espiritualidade, vinda sempre de um forte empenho na pastoral diocesana, o conduziu nos passos, Dom e Carisma Salvatorianos. Você celebra com grande mérito e ação de graças o Jubileu de Esmeralda, a pedra do amor incondicional. Segundo a cultura Egípcia, a pedra Esmeralda está associada ao renascimento da opção de vida e ao reavivar os sentimentos do coração. Parabéns!

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/educação

Retomada das aulas em nossas unidades escolares, em 2021 Pe. Jair Carlesso, sds

Os nossos colégios, Divino Salvador Jundiaí e Divino Salvador Itu, mesmo situados em regiões diferentes do Estado de São Paulo, o que faz com que tenham que seguir diferentes regras de quarentena estabelecidas pelo Plano São Paulo, retomaram juntos suas atividades no dia 25 de janeiro deste ano. Porém, é importante destacar que, com o intuito de cumprir todos os protocolos de segurança normatizados pelo governo do Estado, ambos têm trabalhado arduamente desde o início da pandemia, em 2020, para a perfeita adequação de suas estruturas. Assim, asseguramos que, ao retornarmos presencialmente as atividades em 2021, pudemos proporcionar conforto e segurança aos nossos profissionais, alunos, pais e responsáveis. Neste primeiro momento, as aulas estão sendo ministradas no modelo híbrido, ou seja, os alunos podem acompanhar os conteúdos de maneira presencial ou online. Para que os dois Colégios estivessem preparados para aulas remotas sincrônicas, investimos em modernos equipamentos tecnológicos, tais como: computadores, lousas digitais, câmeras de alta resolução, microfones e conexão de internet de alta velocidade. Assim, podemos atender, de forma igualitária, tanto aos que acompanham as aulas presencialmente quanto àqueles que participam das aulas ministradas pelos professores em tempo real, mas remotamente. Nesta nova e desafiadora perspectiva educacional, as atividades que têm sido propostas foram previamente pensadas e desenvolvidas para que todos os alunos consigam absorver, ao máximo, os conteúdos necessários em cada etapa do processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, como uma grande escola não se constrói apenas com infraestrutura, as nossas duas instituições de ensino também foram organizadas para atender todos os nossos alunos e cuidar das questões educacionais e emocionais. Neste sentido, “o cuidado de si para cuidar do outro” é, sem dúvida, a máxima para o bom convívio e a autoproteção. Aos pais ou responsáveis, cabe a importante tarefa de serem exemplos das práticas do bom cuidado, da manutenção dos protocolos de segurança e de apoio aos filhos para que estes aprendam a lidar de uma forma positiva com a adversidade. Infelizmente, a pandemia fez com que muitos alunos ficassem quase um ano sem aulas presenciais. Assim, o retorno tem sido marcado por uma ansiedade natural, isto é, por uma frequente antecipação mental daquilo que pode vir a ser. Enquanto se gasta energia na tentativa de se prever o futuro, corre-se o risco de deixar passar a oportunidade de lidar com o ‘real’ da forma como ele se apresenta. Não podemos negar que passamos por um momento difícil, assustador e que muita insegurança ainda nos rodeia. Porém, conseguir vivenciar o presente com fé e amor é fator fundamental para o controle da ansiedade e uma aprendizagem efetiva. Por isso, o acolhimento e o convite à dedicação a aprender do jeito possível e disponível no momento, são as marcas deste início de ano letivo. Seguimos, confiantes e atentos, o caminho que nos foi concedido e contamos sempre com a parceria entre escola, alunos e responsáveis como condição essencial para que o novo sistema de revezamento entre aulas presenciais e online continue a ser bem sucedido. 8

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/juventude

Testemunho: devoção jovem a São José UMA AMIZADE QUE SE INICIOU NO SILÊNCIO

Como falar de uma devoção? Como contar um testemunho? Sempre que alguém pede que eu conte um testemunho ou fale sobre minhas devoções, fico sem saber o que falar, pois na minha vida as coisas acontecem muito naturalmente. Eu gosto de dizer que, em relação aos Santos, não sou eu e nem nós que escolhemos, mas sim, eles que nos escolhem como amigos. Todos sabemos que a amizade é algo natural, que nasce no dia a dia, no cotidiano de nossa vida; assim iniciou-se minha amizade com São José. Cresci frequentando uma capela que sempre teve uma devoção particular por esse grande Santo, as festas habitualmente eram muito grandes para homenagear o homem que doou sua vida cuidando do Divino Salvador. Lembro-me das grandes ornamentações, das procissões com muitas pessoas e da bela celebração Eucarística, tudo para a honra do pai honorífico de Jesus. O que, desde o início, me chamou atenção na vida de São José, foi seu silêncio, o qual sempre achei belíssimo, pois foi a maior qualidade que vi neste grande homem de Deus. Sei que ele tem grandes virtudes, como justiça, prudência, amabilidade e tantas outras, mas, como já falei, o silêncio sempre foi, e é, o que me encanta em São José; creio que seja meu oposto, pois sou muito falante. Sempre tive curiosidade sobre a vida dos Santos, mas, em relação a São José, as coisas se deram um pouco diferentes pois, como disse no início, são eles que nos escolhem como amigos. E como é importante nessa caminhada rumo a Cristo ter alguém como modelo para seguir! Em São José podemos ver claramente esse amor tão profundo pela pessoa de Jesus. Como dizia São Pedro Julião, guardião Eucarístico: Como é belo esse título, que é dado a José, e verdadeiramente ele foi, pois Maria era o Sacrário vivo, o tabernáculo onde Jesus era preservando, e como São José o guardou e protegeu! Vendo todas essas qualidades, como não amar alguém assim? E foi assim que tudo começou, a presença dele chegou de maneira simples e silenciosa, como ele é. Sempre me confiei à providência desse homem em minha vida.

Santa Teresa de Jesus estava certa em suas afirmações, pois quem chama seu socorro nunca fica sem resposta. Como São José foi e é providente na minha vida! Ele é verdadeiramente um Pai, e como tal, cuida, providencia e adverte seus filhos. Através desse Pai, aprendemos a querer o que Deus quer em nossa vida. Sempre peço duas grandes coisas a ele: primeiro - amar seu filho Jesus e O guardar como ele O guardou; segundo - ter a graça de uma santa morte, pois há alguns relatos de santos místicos, que ele, na hora da morte, foi assistido por Jesus e Maria; por isso peço-lhe sempre uma boa morte. Lembro-me da primeira oração de São José que ouvi, que foi:

“SE O ANJO DO SENHOR NÃO VOS V A L E R , V A L E I - M E S Ã O J O S É ! ”.

E, para mim, o termo Pai nunca deixou falta na vida espiritual e nem material. Por fim, se posso dizer algo sobre ele, digo: amai sem medo São José, pois ele nos conduz ao seu filho Jesus.

Por Iago Nascimento Silva

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Por Agência Arcanjo

O ano de 2021 foi escolhido pelo Papa Francisco para ser o ano de São José. Pai amado, pai na ternura, na obediência, no acolhimento, na coragem criativa, trabalhador e sempre na sombra: estas foram as palavras do pontífice ao escrever a Carta apostólica “Patris Corde - Com coração de Pai”, publicada em celebração aos 150 anos da declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica. São José expressou concretamente a sua paternidade ao ter convertido a sua vocação humana “na oblação sobre-humana de si mesmo ao serviço do Messias”. E, por isso, ele “foi sempre muito amado pelo povo cristão”. Nele, “Jesus viu a ternura de Deus”. Deus, de fato, “não nos condena, mas nos acolhe, nos abraça, nos ampara e nos perdoa”. José é pai também na obediência a Deus: com o seu ‘fiat’, salva Maria e Jesus e ensina a seu Filho a “fazer a vontade do Pai”, cooperando “ao grande mistério da Redenção”. Neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado e compreensivo. O acolhimento praticado pelo pai de Jesus “convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são”, com “uma predileção especial pelos mais frágeis”. A Carta apostólica evidencia também a “coragem criativa” de José, “o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência”. Ela se pronuncia e vem do alto, sobretudo nas dificuldades. Como protetor de Jesus e de Maria, José “não pode deixar de ser o Guardião da Igreja”, pois todo necessitado é “o Menino” que José continua a guardar e de quem se pode aprender a “amar a Igreja e os pobres”. Outro ponto acerca de São José é a sua relação com o trabalho. Honesto carpinteiro, José nos ensina “o valor, a dignidade e a alegria” de “comer o pão fruto do próprio trabalho”. Além disso, o Papa escreve dizendo que “É necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica”. Com São José, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho. Ainda segundo a Carta apostólica, “Não se nasce pai, torna-se tal... E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido exercita a paternidade a seu respeito”. 10

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Por Pe. Itamar Roque, sds

O Santo Padre, o Papa Francisco, escolheu o dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, para o início do Ano de São José, o Pai adotivo de Jesus e o Carpinteiro. A data marca o 150º aniversário da Promulgação do Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, o Quemadmodum Deus, com o qual o Beato Pio IX, em 1870, declarou São José, Padroeiro da Igreja Católica Apostólica Romana. Como devoto ardoroso de São José, Pe. Jordan, no dia 10 de março de 1899, dirigindo-se à Comunidade reunida para o Capítulo das Culpas, falou sobre a veneração a São José como sendo um dos principais Santos Padroeiros da Sociedade do Divino Salvador: “É, pois, justo que o veneremos de uma maneira toda especial nos encontros mensais de oração em honra a São José e na Novena em preparação à Festa de São José. Como então, devemos venerá-lo? Primeiramente pela oração, participando, com particular devoção, do encontro de oração que já fazemos. E, em segundo lugar, que vocês se esforcem, particularmente neste tempo, para adquirir a caridade e, em especial, aquelas virtudes que são tão importantes para um religioso. Antes de tudo, porém, vocês devem aprender dele um grande amor a Jesus e a Maria. Depois, sobretudo a pobreza, a obediência e o silêncio. Aprendam de São José o silêncio, a obediência, a humildade e, particularmente, o amor a Jesus e à Maria”, (Alocuções 95,01-03). No dia 8 de março de 1901, Pe. Jordan falando novamente sobre a devoção a São José, apresenta três razões principais porque devemos venerá-lo. “Sua posição relativamente a Cristo, perante o Salvador: São José é o pai nutrício, o protetor do Divino Salvador. Ele lhe será próximo. Está em íntima convivência com Ele. E, por isso, ele apresenta certa semelhança com os religiosos, principalmente com os Sacerdotes Religiosos, que também estão muito próximos ao Salvador, que o tocam e convivem com Ele.

Por sua vida, por sua piedade, por sua devoção e por sua santidade, São José nos ensina como nós devemos nos relacionar com Cristo, o Divino Salvador. Devemos seguir os passos de São José no nosso relacionamento com Cristo, como Religiosos e como Presbíteros.

Sua posição com relação a Maria: ELE LHE É ÍNTIMO, É O ESPOSO DA QUERIDA MÃE DE DEUS. É SEU P R OT E TO R . E S TÁ U N I D O A E L A P O R U M AMOR CASTO. É SEU AMIGO. ELE NOS ENSINA COMO DEVEMOS DIRIGIR À MÃE DE DEUS. É ELE QUE NOS AGRACIA COM A Q U E L A T E R N A C A S T I D A D E , Q U E FA Z D E NÓS FILHOS PREDILETOS DA MÃE DE DEUS.

Sua posição perante a Santa Igreja: E L E É O PA D R O E I R O DA I G R E J A . É O P R OT E TO R DA S A N TA I G R E J A E DA S CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS. É ELE QUE PROVIDENCIA OS RECURSOS!”

(Alocuções 140, 2-6). Em nossa Província Salvatoriana Brasileira temos algumas Obras dedicadas a São José, como Santo Padroeiro: Paróquia São José - Vila Pery, em FortalezaCE; Paróquia São José, em Duque Bacelar-MA; várias Capelas / Comunidades em outras Paróquias e o Instituto São José, etapa do Propedêutico, em Várzea Paulista-SP. Que este “Ano de São José” alimente em nossa vida ainda com mais fervor, como Família Salvatoriana, as virtudes por ele vividas e na sua imitação obtenhamos dele a graça de sua poderosa intercessão. Ó Bemaventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida e Salvação. São José, roga por nós para que sejamos autênticos seguidores e apóstolos do Divino Salvador. Amém!

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/social

Impactos da pandemia UMA REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE Q U E A I N DA N ÃO PA S S O U Por Pe. Deolino Pedro Baldissera, sds

A pandemia já celebrou seu primeiro aniversário em ação no meio de nós. No início, se esperava que durasse alguns poucos meses e em seguida a vida retomasse sua rotina. Não foi isso que aconteceu, ela continua preocupando e impondo limitações na vida de todos, causando muito sofrimento físico, psíquico e multiplicando problemas de ordem econômica e política e de relações. Esse tempo prolongado em que ela predomina sobre a vida de todos tem causado muitos estresses e angústias, deixando sequelas em muitos que foram contaminados, causando desânimo, desorientando outros e desafiando a todos. Ela já causou muitos impactos de várias espécies. Quero comentar, aqui, apenas alguns que atingem o emocional de todos. O primeiro impacto é aquele da desestabilização da vida cotidiana. Fomos forçados a “ficar em casa” a contragosto, trazendo limitações de convívio com os outros, causando problemas de toda ordem, obrigando a nos habituarmos com costumes novos, para os quais não se haviam feito ensaios prévios. De repente, somos submetidos ao uso de máscaras obrigatórias, álcool gel, distanciamento, coisas que não faziam parte de nossos hábitos. Isso tudo mexeu com o lado emocional, desestabilizando muita gente, criando angústias e, em algumas situações, depressão e desespero. Os cuidados com o vírus invisível tornaram-se uma obrigação constante e algoz. Não se tem escolha, o vírus não poupa ninguém seja de que classe for, raça ou nação. Ninguém pode se vangloriar que está fora de perigo, mesmo aqueles que já o contraíram ou foram vacinados. Já

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se sabe que ele tem rescindido em muitos casos. O medo das sequelas que ele pode deixar é também inquietante. Com relação ainda sob o impacto emocional, podese dizer que ficamos à mercê de situações inusitadas, começamos a ter medo de que quem antes não temíamos, não da pessoa em si, mas pela possibilidade dela ser uma portadora assintomática do vírus e, por isso, contaminar sem querer. Em outros casos, fez brotar sentimento de culpa por descobrir que levou o vírus para casa e familiares ficaram doentes por causa dele. Que dor profunda fica na pessoa que, contra a vontade, ficou sabendo que o vírus que contraiu e levou para casa repicou em uma pessoa querida e ela veio a falecer por causa dele. São impactos causadores de sofrimentos emocionais e causam descompensações dolorosas. São preços altos que muitos pagam devido a pandemia. Cada um reage de forma diferente, mas ninguém pode ficar indiferente à situação. Todos estamos esperando uma espécie de milagre por meio das vacinas que ora começam a ser aplicadas. Contudo, sabemos que também elas são limitadas, não garantem 100% de imunização, além de demorar até chegar a todos. São bilhões de pessoas no mundo todo que a aguardam. Até chegar a vez de cada um, pode demorar, e aí fica a angústia da espera. E, se contrair a Covid-19 antes de ser vacinado, de que adianta ter vacina se ela não chegou a tempo? Assim, são muitos fatores desestabilizadores que precisamos aprender a administrar. Nem todos têm paciência suficiente e nem conhecimento para esses enfrentamentos. Contudo, é necessário continuar se precavendo, pois, não se tem muitas opções. Ninguém está livre do vírus que tem a capacidade de mutações ainda mais perigosas. Embora a situação seja essa, também não podemos nos desesperar, mesmo que demore algum tempo, a pandemia será vencida e seus impactos superados.

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/comunicação

55º Dia Mundial das Comunicações Sociais Por Pe. Carlos Jobed Saraiva, sds

Desde 1967, no Pontificado de Paulo VI, a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações apresentando uma mensagem a todos. Ela é apresentada inicialmente no dia 24 de janeiro, em comemoração à memória litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, e celebrada na Solenidade da Ascensão do Senhor uma semana antes do Pentecostes. Neste ano, o Papa Francisco nos presenteia com uma mensagem bastante instigante no plano da comunicação:

VEM E VERÁS (JO 1,46). COMUNICAR ENCONTRANDO A S P E S S OA S O N D E E S TÃO E COMO SÃO.

Trata-se de uma reflexão acerca da necessidade, dada a realidade comunicacional de hoje, de resgatarmos uma comunicação em profundidade, autêntica, que supere a troca de informações meramente pré-fabricadas. Isto é, distante da vida e dos fatos concretos das pessoas, na visão de Francisco. Desse modo, o comunicador reduzse a ser apenas um espectador dos acontecimentos, não possibilitando experiências de encontro com as realidades das pessoas. É preciso encontrar as pessoas em seu mundo real, onde estão e como são, fugindo, entre outras coisas, de uma visão meramente ideológica e superficial. Diz-nos o Papa Francisco na mensagem, “é necessário sair da presunção cômoda do ‘já sabido’ e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspectos”.

O pensamento de Francisco se concretiza quando nos deparamos com uma multiplicidade de meios de comunicação que temos hoje, as novas tecnologias de comunicação, novas mídias, sobretudo no mundo digital. Como se dão as comunicações nestes meios? Como as informações são veiculadas? Aqueles que são jornalistas, profissionais da comunicação, ou as pessoas comuns, levam em conta essa realidade quando comunicam ou recebem informações? É no âmbito das experiências, das relações concretas interpessoais, do “vem e verás”, que construiremos uma autêntica comunicação. Vale mencionar, como uma das questões de fundo trazidas pela mensagem do Papa Francisco, o fenômeno das Fake News. Estamos vivendo um momento de ressignificação de nossa vida apostólico-missionária na Província Salvatoriana Brasileira, fruto de um trabalho iniciado no início de 2020 e cumulado em nossa última Assembleia Provincial. Entendamos o termo “ressignificação” como o processo de dar um novo significado à realidade presente, lendo os sinais dos tempos do tempo presente. É um dos pilares do Carisma Salvatoriano. Neste sentido, a mensagem do 55º Dia Mundial das Comunicações vem nos motivar como salvatorianos a, no campo da comunicação, uma das nossas linhas de apostolado, concretizarmos o sonho de nosso fundador Pe. Jordan, de comunicar em profundidade os ensinamentos do Cristo Salvador a todas as pessoas, numa perspectiva universal.

P R O V Í N C I A S A LVAT O R I A N A B R A S I L E I R A

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/espiritualidade Vª CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA C R I S TO É A N O S S A PA Z : DO QUE ERA DIVIDIDO, FEZ UMA UNIDADE, (EF 2,14A) F R AT E R N I DA D E E D I Á LO G O : CO M P R O M I S S O D E A M O R

Por Pe. Flavio Lima da Silva

No Brasil, realizamos anualmente durante a Quaresma a Campanha da Fraternidade. Ela nos convida a rever nossa resposta ao gesto de amor de Jesus Cristo, que doou sua vida para nos salvar.

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Desde os anos 80, a CF é ecumênica, assumida em conjunto pela Igreja Católica e mais 6 igrejas cristãs, em resposta ao apelo de Jesus: “Que todos sejam um!” (Jo 17,21).

Àqueles que pretendiam apedrejar a mulher acusada de adultério, Jesus provoca à autocrítica, convidando a atirar a primeira pedra quem nunca teve pecado! Assim também a mulher teve chance de transformar sua vida.

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Jesus convida a mudar as relações humanas e sociais, sem apego incondicional à Lei, mas comprometidos com a causa do amor.

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Na Quaresma deste ano somos convidados a construir novos caminhos para o diálogo e pontes de amor e paz em lugar dos muros de ódio.

A CF convida a atender ao convite de Jesus de irmos ao encontro da vida marcada pelo amor, anunciada por Ele.

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Para nos conduzirmos à “superação das polarizações e violências’’, a CF deste ano nos convida a redescobrirmos a força do diálogo, buscando relações mais fraternas; denunciar violências; comprometermo-nos para o bem da “casa comum”; contribuir com a superação das desigualdades; praticar o amor ao próximo; a superação da cultura do ódio, realizando ações concretas da cultura do amor; promover a convivência ecumênica e interreligiosa; estimular o diálogo em meio a diversidade de crenças e ideologias; compartilhar experiências concretas de diálogo e convívio fraterno.

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A CF 2021 pretende favorecer a conversão pessoal e comunitária a fim de superarmos toda forma de segregação, tornando real o objetivo da vinda de Cristo: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10).

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A conversão nos questiona em nosso envolvimento com a transformação social, econômica, espiritual, ecológica, individual e coletiva, para sermos coerentes com os ensinamentos de Jesus.

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Jesus nos convida a assumir uma nova vida, compartilhando bens com os pobres.

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A Quaresma nos propõe 40 dias dedicados à oração, ao jejum, à partilha do pão, e à conversão em nossas práticas e posturas diante da vida, cientes de que o jejum que agrada a Deus é desatar os laços da maldade, partilhar o pão com o faminto... (cf Is 58,6-8).

11 A CF 2021 convida a viver um jejum que agrada a Deus, um jejum que leve à superação da intolerância, do racismo, da violência e do preconceito. 12

Seguindo os caminhantes de Emaús (cf Lc 24,13-35), naquela jornada de 11 quilômetros, supliquemos também nós: “Fica conosco, Senhor! Se o coração arde em chamas, os pés partem em missão!”.

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A CF convida as comunidades de fé a realizarem o caminho de Emaús, que é caracterizado pelas seguintes paradas: Primeira parada: “ver”: um convite para conversar sobre os acontecimentos mais recentes, e ver se as saídas que identificamos são coerentes com a Boa Nova do Evangelho.

R E V I S TA M I S S Ã O S A LVAT O R I A N A


/espiritualidade Segunda parada: “julgar”: acontece quando a mente e o coração se abrem, quando Jesus se põe à mesa e convida para o banquete. Jesus ensina a trilhar caminhos de coexistência em sociedades divididas pelos muros da intolerância (cf Ef 2,1-4ª). Terceira parada: “agir”: é a atitude dos discípulos de Emaús que, ao reconhecer Jesus, voltam para Jerusalém para partilhar a Boa Nova que Cristo ressuscitou. A vida triunfou, não a violência! Quarta parada: “celebrar”: a diversidade na criação revela o amor de Deus para conosco. Nada justifica a inimizade e a anulação da diversidade humana, dividindo “judeus e gentios” (cf experiência do apóstolo Paulo).

Dom Antônio de Assis Ribeiro, sdb, Bispo Auxiliar – Arquidiocese de Belém, quando elabora uma síntese da CF 2021, nos propõe 4 perguntas para refletir sobre a campanha da fraternidade, que acreditamos ser muito interessante para enriquecer nossos propósitos e ação missionária. 1.

O que podemos fazer para crescer na capacidade de diálogo: pessoalmente, comunitariamente, em família, no trabalho...? 2. O que podemos estimular em nossos (filhos, estudantes, fiéis...) para crescerem na capacidade de diálogo? 3. O que mais me (nos) dificulta de fazer a experiência do diálogo? 4. Quando a experiência religiosa impede a possibilidade do diálogo?

ARTE: ATELIÊ15

A Igreja vem de forma profética, representada pela CNBB no Brasil e em consonância de um grito libertador que ecoa dos pronunciamentos e orientações do Papa Francisco, se posicionar diante das injustiças sociais que assolam nossos tempos e, principalmente, a realidade do Brasil. Assim como consta na Declaração da Família Salvatoriana, seguindo os ensinamentos do Venerável Padre Jordan que nos diz “Proclamai a palavra de Deus,

insisti no tempo oportuno e inoportuno, repreendei, suplicai e exortai com paciência a doutrina, ide e, com perseverança, dizei ao povo todas palavras de vida eterna” (Regra de 1884).

P R O V Í N C I A S A LVAT O R I A N A B R A S I L E I R A

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/missão

Missões no Maranhão Por Jn. Claudio da Silva Serralheiro e Jn. Carlos Antônio da Silva Maia

O ano de 2021, para nós, iniciou de forma maravilhosa, apesar da pandemia que continua a pôr à prova todo e qualquer sistema de saúde no nosso país e no mundo. Nós, junioristas Salvatorianos, fizemos a experiência de passar por comunidades rurais e urbanas, entre os dias 14 de janeiro e 2 de fevereiro, no município de Coelho Neto, Maranhão. Neste sentido, destacamos uma experiência marcante, proveitosa, profunda e bela desde uma intimidade espiritual entre Deus, nós e o povo ao qual fomos enviados. Momentos de dança e alegria, música e festa, oração e silêncio, leitura orante da palavra e adoração ao Santíssimo sacramento,

pregação e partilha, visitas e bênçãos, celebração da palavra e caminhadas. Tudo compôs a bela sinfonia missionária vivida por nós em terras de anúncio. Não é difícil perceber que estamos vivendo períodos de bastante dificuldades, restrições e medo. E neste contexto, ter a oportunidade de lembrar às pessoas que Deus continua nos abençoando, que a sua misericórdia ainda ecoa em nós, é uma experiência revigorante. Foi um tempo privilegiado para revitalizar e animar a nossa vocação, no meio de um povo acolhedor, amável e profundamente religioso.

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Além disso, também vale destacar a acolhida fraterna com que a comunidade salvatoriana de Coelho Neto nos proporcionou, tanto na casa paroquial como nos momentos de lazer, possibilitando a partilha da vocação e o estreitamento da amizade. De igual forma, ressaltamos o imenso carinho com que fomos recebidos nas casas dos paroquianos, fazendo-nos perceber o quanto Deus é bom conosco. Assim, sob o amparo de Senhora Sant’Ana, Padre Jordan e Nossa Senhora Mãe do Salvador vivenciamos momentos intensos de amor e salvação em nosso estado de vida como consagrados junto a um povo tão querido, amado e sempre mais sedentos de Deus como reza o salmista: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?” (Sl 41, 3). E desta forma é que partimos: mais sedentos da vontade de Deus!


/comunidades

Nossas Obras em Moçambique Por Pe. Célio Roberto, sds

Falar de nossas obras em Moçambique é um verdadeiro imenso prazer, pois ajudou-me a ir em busca de históricos mais antigos que a caminhada que tenho. Um dado muito importante, caro leitor, é que na visita de 2004 do Superior Geral Pe. Andrew Urbanski, realizou-se o envio de três membros da nossa Província Brasileira para darem início a Missão em Moçambique.

Os caminhos da chegada foram marcados em unidade com as Irmãs Salvatorianas que vivem em Chimoio. Tendo analisado o campo de ação, no dia 01 de janeiro de 2006, em comunhão com o Bispo Dom Lúcio de Xai Xai, foi assumida a Missão Moçambique, na cidade de Chókwè.

São frutos de Hosi (do Senhor), nesta missão, os padres: Davide, Alfredo e Celestino. Mas temos muitos outros seminaristas, candidatos a fazerem deste solo, terras Santas de Missão Salvatoriana – pescadores de homens. Em unidade com as Irmãs Salvatorianas, desejamos formar grupos de leigos Salvatorianos. Sabendo dos desafios culturais e linguísticos, no entanto, o desejo de fazer-se um com todos é bem maior e faz com que o projeto ganhe vida a cada dia. Cores, músicas e sonhos... miséria, enfermidades e guerras, são alegrias e desafios de ontem e de hoje. Não viemos para diminuir ou apagar os problemas, mas, viver cada momento, segundo a Missão do Pai e a ação do Espírito Santo nos impulsione a chegar. Este é o nosso objetivo, Tornar todos, DiscípulosMissionários do Divino Salvador. Pedindo a Mamá (Mãe) Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, que nos ajude a carregar a Cruz destes tempos difíceis, para que cheguemos a festejar, mais uma vez, diante do altar, todas as nossas vidas entrelaçadas no amor ao Cristo Salvador.

K A N I M A M B U VA M A KU E R O ! OBRIGADO, IRMÃOS!

O tempo passou e esta missão foi tomando novos rumos e novas lideranças. O povo foi, aos poucos, entendendo nossa dinâmica de trabalho, os “meios e modos” de que nosso Pai Fundador, tão generoso, nos dotou. Frutos foram surgindo, vocações foram respondendo ao chamado e novos campos de ação foram sendo criados. Nossos passos nos colocam dentro da história Salvatoriana aqui em Moçambique, para um mundo que estreita e alarga vínculos. Estamos presentes hoje em Maputo (serviços de seminário de filosofia e assistência na paróquia), temos uma Paróquia na Diocese de Chimoio, no Distrito de Vanduzi e permanecemos em Chókwè, com duas paróquias e um Seminário Propedeuta.

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/salvatorianos

Pe. Renato Simoneto, sds 70 anos de Profissão Por Pe. Renato Simoneto, sds

No dia 28 de janeiro de 1944, fui acolhido no seminário preparatório de Videira (SC). Um ano mais tarde, fui para São Paulo (Jundiaí) para os cursos ginasial e colegial. No dia 01 de fevereiro de 1950, recebi o hábito salvatoriano e um ano depois emiti os primeiro votos religiosos, ou seja, há 70 anos atrás, tinha eu na época 18 anos de idade. Anteriormente a esses dados, eu havia frequentado o Colégio Imaculada Conceição das Irmãs Salvatorianas, em Videira. Devo lembrar que vi a igreja Matriz da Imaculada Conceição atual, quando da abertura dos fundamentos para a construção da Igreja atual. Na época eu conhecia os padres Romualdo, Erfo, Bruno, Frederico, Bernardo e Clemente, mais tarde, todos salvatorianos, que atendiam a paróquia de Videira. Depois do Noviciado, fiz os estudos de filosofia e teologia no seminário Nossa Senhora da Assunção (Salvatoriano). Fui ordenado no dia 21 de setembro de 1957, depois disso ainda tive a oportunidade de fazer o ano de pastoral (1959), fazer o Instituto Superior de Pastoral Catequética, no Rio de Janeiro (1967) e mais tarde tive a oportunidade de fazer o curso de Letras, em Palmas. Posteriormente fiz a complementação da Filosofia para a licenciatura plena em Ijuí (RS) e outros cursinhos. Depois de 1957, sempre estive envolvido nos trabalhos pastorais das nossas diversas paróquias e devo também dizer que nunca me afastei dos livros de estudo, principalmente catequese e teologia em geral. Desde a primeira data que eu indiquei em 1944, devo dizer que tudo me foi conquistado pela Congregação Salvatoriana, à qual desde o preparatório até o curso de letras sempre apoiou os estudos. Devo, particularmente, reconhecer que não fora a Congregação Salvatoriana eu seria um agricultor. A minha consagração, a vida religiosa (1951) foi um ato definitivo, embora fosse a primeira e, depois, ratifiquei em 1954 pelos votos 18

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perpétuos. Nas minhas andanças pelas paróquias salvatorianas, sempre procurei estar ao lado da minha consagração, vivendo a condição de salvatoriano (“que eles te conheçam e Aquele que enviaste Jesus Cristo,” Jo 17,3), que é também o grande lema dos salvatorianos. Um momento que devo reconhecer muito útil para mim foi o ano de 1973 e 1974, quando a Província Salvatoriana Brasileira me liberou para ajudar ao Arcebispo da diocese de Botucatu – SP. Lá, eu tive contato com leigos convertidos à fé por meio do Cursilho de Cristandade e depois também com o TLC (Treinamento de Liderança Cristã), especificamente para jovens, e pude colaborar com isso, para a fé de diversas pessoas. Hoje, na Província Salvatoriana Brasileira, sou o Padre mais idoso, sou também o de profissão religiosa mais antiga e mais velho em Ordenação. Por tudo isso e muito mais, devo reconhecer o grande benefício que, para mim, foi a vida religiosa salvatoriana, nela estou há 70 anos e é claro que com essa idade (88) só posso pedir que o Senhor me assista, me abençoe e me guarde nesta fé que guardei e a vida religiosa que abracei, há tanto tempo. À Mãe do Senhor Jesus Cristo, cuja devoção sempre pratiquei, Mãe do Divino Salvador, que sempre me acompanhou mil graças e louvores!


/infantil

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