Revista Bertheriano (Set/Out/Nov/Dez 2022) - Português

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Estamos preparando e celebrando o Natal de Jesus. Este é um tempo muito especial e marcante na espiritualidade cristã. Entretanto, por mais lindas que sejam nossas árvores de natal, por mais harmoniosas que sejam as canções e por mais belos que sejam os presentes, não podemos esquecer que a cruz da morte e ressurreição de Jesus é o transfundo da paisagem natalina.

Esta lembrança não rouba o brilho e a alegria da celebração da encarnação do Filho de Deus. Antes, o mistério pascal reforça seu caráter de boa e alegre notícia para todas as pessoas e povos. O Verbo que se faz pequeno a ponto de caber inteirinho numa manjedoura é o mesmo que se faz silêncio no alto da cruz. E isso não por não querer dizer de si mesmo, mas porque, crucificado por amor em meio a duas outras vítimas, ele diz sua palavra final sobre si mesmo e sobre a humanidade.

A celebração do Natal de Jesus torna-se ainda mais significativa e comprometedora no contexto de intolerância e acirramento político que vivemos no Brasil, especialmente no ano eleitoral que estamos concluindo. Precisamos ornamentar nossas casas e Igrejas com presépios, coerência e criatividade, atualizando a Boa Notícia de Deus e renovando sua força de denúncia e profecia.

Como não estampar nele os decretos tão discretos quanto danosos que obrigam também hoje os brasileiros e brasileiras a uma peregrinação sem fim em busca de pão e de vida? Como não visualizar no presépio a figura de Herodes, fazendo de tudo para se manter no poder? Como não levar um susto vendo a estrela-guia sendo substituída por uma arma ameaçadora? Como não perceber que, movidos por interesses eleitoreiros e por uma cultura da exclusão, há pessoas que se aproximam do presépio para se apropriar do nome de Jesus, e não para honrá-lo com seus dons?

Como cristãos, somos pessoas movidas pela esperança e pela confiança agradecida em Deus, que é como um pai, e não como um patrão. Quem pertence a um movimento que brotou da cruz, não pode descrer da força da semente. Quem aceita o convite e sai apressado, acompanhando os passos dos pastores para ver o que Deus está fazendo nas grutas de Belém não vive no escuro. Mas não podemos trair a mensagem revolucionária do Natal de Jesus, que nos põe incondicionalmente ao lado dos pequenos, pacíficos e misericordiosos.

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Expediente

Essa é uma publicação da: Província dos Missionários da Sagrada Família

América Latina

Governo Provincial MSF América Latina

Pe. Itacir Brassiani

Superior Provincial

Pe. Fernando Ibáñez

Vice Provincial

Assistentes Provincial

Pe. Pedro Leonides

Pe. Raúl Vera

Pe. Domingos de Sá Filho

Equipe de Comunicação MSF

Ir. Héctor Pinto G.

Ir. Wanderson Noguera A.

Fr. Igor Pereira dos Santos

Fr. Wesley Araujo da Silva

Fr. Lidiomar Pereira

Contato e Pedidos

Província dos Missionários da Sagrada Família

Produção:

Superior Provincial

Edição

Mário Augusto Arcanjo

Revisão de texto Mário Augusto Arcanjo

Editoração

Agência Arcanjo

Capa e diagramação

Letícia Sales

Rua da Floresta, 1043 - Bairro Petrópolis

Cx. Postal 3056 - CEP: 99051-260

Passo Fundo - RS - Brasil

Fone: (54) 3313-2107

E-mail: secretaria@msagradafamilia.com.br

Site: www.misafala.org

Impressão e tiragem

Gráfica Berthier / 2.000 exemplares

2 Editorial Editorial
Sumário 02 Editorial 03 Missão no Mundo 04 Missão Povíncia América Latina 08 Central 23 Espiritualidade
Testemunhos
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Obituário
Editorial
Por Pe. Itacir Brassiani, msf

Missão em Kuare, Papua Nova Guiné

Lembro-me que, durante minha primeira missão em Kuare, eu vivi o Natal com meus paroquianos. Foi meu primeiro Natal em Papua. Nas profundezas da selva, uma missão longe da estrada principal esconde a beleza da comunidade, de pessoas reunidas em torno de Jesus e a vida simples. Lindamente situada no vale, a missão aos pés do Monte Keresa, que durante séculos foi a montanha sagrada dos ancestrais das tribos Kewabi e Wiru, com os fiéis desta região, tornou-se minha Belém.

A igreja paroquial foi bastante danificada ao longo dos anos. Há também uma escola e um pequeno hospital aqui, algumas lojas com produtos básicos como arroz, sopas chinesas ou latas de atum. Eles não tinham um presépio tradicional como nós conhecemos. Foi então que, certa vez, consegui adquirir e trazer figuras e imagens grandes de presépios, fiquei ansioso pelo Natal. Ninguém sabia o que eu estava escondendo em minha casa durante meio ano. Todos os dias eu olhava para essas figuras e esperava a primeira estrela no céu como uma criança! Na noite anterior à véspera de Natal, decorei a Igreja sob a luz da lua e uma pequena tocha. Ao terminar, fechei as janelas e a porta da Igreja pela primeira vez. De manhã, quando as pessoas chegaram à Igreja, ficaram muito surpresas porque, pela primeira vez na história da missão nesta cidade, a Igreja estava fechada. Apenas anunciei a Adoração ao Santíssimo Sacramento e a Missa da tarde. Pedi também que cada família preparasse alguma comida. Eles só sabiam que íamos rezar e que haveria missa.

Ao cair da noite, quando todo o povo estava reunido, rezávamos a Vigília de Natal. Li uma passagem da Bíblia e abençoei a comida. Nossa véspera de Natal foi muito simples. Sentamos na grama compartilhando a comida que trouxemos, cada família compartilhou algo comigo. Fui o que recebi a maior quantidade de comida, para alegria das crianças e idosos com quem pude compartilhar. Uma grande alegria tomou conta de nossos corações, enquanto eu esperava o sol se pôr. Ao anoitecer,

começamos a rezar os mistérios gozosos do Rosário, relacionados ao Natal. Ligamos o gerador de energia e, cantando, nos dirigimos à Igreja. Todos estavam felizes pelo Natal de Jesus.

A Igreja estava escura, apenas pequenas lâmpadas iluminavam a manjedoura e as figuras de Jesus, Maria e José.

Quando abri a Igreja, viram a manjedoura com as figuras da Sagrada Família, os pastores, os animais e o Anjo. Surpresa e alegria silenciaram os cânticos, dando lugar a gritos de alegria e aplausos diante de Jesus menino. O olhar de espanto e alegria fazia com que, para eles, tudo fosse muito real; as crianças apontavam o dedo em direção aos camelos e os magos. A cena ficou gravada profundamente em meu coração. Iniciamos a Adoração e depois a Santa Missa. Por muito tempo depois da missa as pessoas adoravam Jesus rezando em silêncio.

E assim, durante toda a época do Natal, nos reuníamos à noite para ficar com a Sagrada Família em nosso Presépio Papua à luz de velas e pequenas luzes de Natal. Os paroquianos não queriam desmantelar o presépio depois do Natal, mas me pediram para que ficasse montado o ano todo. Eu disse a eles que não devemos perder este Mistério, nos preparando novamente até a chegada do próximo natal. Foram as celebrações natalinas mais bonitas que vivi. Percebi que devo ser como uma criança que se alegra com o Natal do Senhor, com o anseio de me preparar, a cada ano, para este mistério extraordinário da presença de Jesus entre nós.

Os papuas me ensinaram a alegria do Natal, alegria com lágrimas no rosto e coração cheio de gratidão a Deus porque, nesta noite, nasceu uma Luz que ilumina toda escuridão, até os dias de hoje.

3 Missão no mundo
Pe. Robert Ablewicz, MSF Papua-Nova Guiné

Alegria de seguir o Messias

“Ide por todo o universo e pregai o Evangelho a todas as Criaturas” (Mc 16,15)

Deus nos chama a partir da nossa realidade, de nosso contexto histórico. Deus não se importa com a condição de vida que cada um leva em seu percurso, não olha o tipo de família que temos, mas sim o coração de quem se sente chamado para essa missão da evangelização. O convite de Jesus sempre foi e continua sendo aberto para todos, ou seja, homens e mulheres de boa vontade e de livre espontaneidade para assumir tal missão. Jesus nos chama para que estejamos todos no mesmo barco, mas cada um com seu remo, colaborando no funcionamento do mesmo barco que é sua Igreja. “Ah! Senhor Iahweh, eis que eu não sei falar, porque sou ainda criança!” (Jr 1, 6). Como o jovem Jeremias, antes mesmo de partir da casa dos meus pais, me sentia pequeno perante uma missão tão grande que Deus me preparava, me sentia criança que ainda não sabia falar. Mas agora percebo que Deus nos conhece antes mesmo que fôssemos criados, nos escolhe e nos consagra para sua grande missão e, assim, Deus usa da nossa pequenez para realizar a sua obra.

De fato, me senti chamado para a missão desde a adolescência. Ingressei no grupo vocacional em 2005, acompanhado pelos missionários da Boa Nova, das irmãzinhas da Imaculada Conceição de Santa Paulina e do animador paroquial das vocações, na paróquia São Miguel Arcanjo de Malema.

Em 2010, depois de longo caminho vocacional, conheci os Missionários da Sagrada Família. Em 2011 despedi-me pela primeira vez dos meus pais, para a missão de Mecubúri. Foi no dia 4 de maio de 2013, que eu parti das terras Moçambicanas rumo ao Brasil, a fim de prosseguir com a minha formação. De 2014 a 2016, recebi a formação filosófica, e em 2017 tive a graça de fazer o noviciado em Santiago do Chile.

No dia 24 de fevereiro de 2018, fiz a minha primeira consagração a Deus, através dos votos religiosos. Nos anos seguintes, fiz o curso de Teologia em Minas Gerais e, em seguida, fui destinado à missão em Moçambique, concretamente na casa de formação na cidade de Nampula, para auxiliar nos trabalhos por aqui iniciados. Nessa perspectiva, partilho a alegria da minha experiência de missão em terras Moçambicanas. A missão é árdua, mas possível de se realizar na medida em que nos entregamos para a mesma causa. Destaco aqui a boa convivência entre

os formadores e os formandos, acredito que estamos empenhados a concretizar os ideais do nosso fundador, de construir comunidade fraterna.

Portanto, depois da bela experiência da caminhada vocacional, estou me entregando por definitivo para Deus e sua Igreja, através dos Votos Perpétuos. O meu sim a Deus é uma resposta positiva ao projeto dos Missionários da Sagrada Família em Moçambique. Esta missão, que começou no ano de 2007, chega hoje aos 15 anos de atuação nas terras Moçambicanas. É uma missão desafiadora, mas muito envolvente e de muito amor. Como se sabe, os missionários inseridos nessa realidade, não se dedicam apenas em atender as comunidades, mas aos vários projetos sociais: Projeto do Instituto Agrário, Projeto Criança Aprende, Aldeia da Criança, entre outros. A comunidade local de Moçambique busca corresponder com o carisma “Missão” em suas três tarefas específicas: atendimento às comunidades, animação às famílias e animação vocacional. Eu, sendo a primeira vocação dos Missionários da Sagrada Família em Moçambique, partilho a alegria de ser acolhido e por acreditarem na minha vocação.

A missão de Mecubúri é um dos exemplos de boa organização, dedicação e zelo ao Evangelho em unidade e comunhão com a Arquidiocese de Nampula. A presença dos missionários em Moçambique é significativa e importantíssima para o povo. Por isso, a missão deve ser alimentada por cada um de nós que fazemos parte desse projeto, através das orações e de várias formas de colaboração. Atualmente a missão de Moçambique conta com nove formandos, dos quais seis são aspirantes e três postulantes. Isso nos alegra muito, pois se nota os frutos do trabalho missionário por aqui desenvolvido, por isso é que acreditamos na colaboração e na disponibilidade de todos os membros. A missão de Moçambique se alegra ainda com a presença de mais um membro! A presença do Padre Adilson será um reforço para essa grandiosa missão, que comporta mais de 300 (trezentas) comunidades, como animação e fortalecimento na casa de formação em Nampula. Diante disso, nos resta agradecer ao Senhor da messe, o cultivador das vocações, para que nos motiva cada dia a responder sim ao compromisso assumido. Que o Deus da vida continue nos inspirando no Espírito da missão. Coragem aos que são enviados para além-fronteiras.

4 Missão Povíncia América Latina
Fr. Carvalho Paulo Wilson, MSF

25 anos de missão MSF em Bolívia

Projetos e Ações

"Neste ano, a missão na cidade de Santa Cruz de la Sierra completou 25 anos. Essa Missão foi pensada a partir de um desejo comum das províncias MSF da América latina como espírito de congregacionalidade e ação pelo centenário de nossa fundação (1895-1995). Em 1993, durante o VII Encontro Interamericano MSF, se elaborou o Projeto Missionário Interamericano, o qual destaca que este Projeto Missionário da Região Americana dos Missionários da Sagrada Família, foi concebido como um serviço ao povo concreto, com sua Igreja local onde encontramos maior urgência e nos convida a acompanhálos, como um aporte modesto de nossas províncias para a celebração do Centenário da Congregação e como um meio para dinamizar nosso carisma e espiritualidade de forma encarnada”.

Nestes 25 anos olhando pelas urgências, desenvolvemos serviços concretos à Igreja cruceña. Hoje contamos com a Guardería Nazareth (uma creche), o Projeto Pe. Juan Berthier e o Centro de Espiritualidade Nazareth. Também, aportamos para um modelo paroquial de Comunidades, dando assim atenção especial às Comunidades Eclesiais de Base – CEB’s.

A Guardería Nazareth é um centro infantil criado no ano 2000, que acolhe crianças dos seis meses até os cinco anos de idade e tem capacidade de atender até 80 crianças, oferecendo um bom desenvolvimento físico e intelectual as crianças, possibilitando assim que os pais possam trabalhar despreocupados, sabendo que as crianças estão sob os cuidados de profissionais.

Com interesse na Congregação, em nossa missão e inspirados pelo nosso fundador, um grupo de paroquianos criou, em 2015, o Projeto Pe. Juan Berthier, que atende até 20 membros entre crianças, adolescentes e jovens com diversas deficiências, como também a seus familiares, fazendo um acompanhamento integral da pessoa.

E, para um atendimento espiritual, se construiu o Centro de Espiritualidade Nazaret, um espaço que acolhe confortavelmente até 60 pessoas, para fazerem encontros pastorais ou retiros espirituais. O Centro de Espiritualidade é uma oportunidade para que os paroquianos possam gozar de um lugar de formação e mística cristã. Entretanto, é um espaço aberto que acolhe também atividades e grupos de toda arquidiocese, como também de toda a igreja da Bolívia, um espaço amplamente missionário.

Nossas paróquias Maria Reina de las Américas e Nuestra Señora del Rosario estão localizadas no espaço geográfico de distribuição urbana que é chamado de anel. Nós estamos localizados no último, que é o oitavo, no qual é distante do centro e possui uma grande área geográfica. Tal realidade nos favoreceu a promoção das Comunidades Eclesiais de Base – CEB’s, onde, nos bairros mais distantes da matriz paroquial, famílias se reúnem periodicamente em casas, para celebrarem a fé e compartilhar entre si a realidade de suas vidas e, assim, aportam com solidariedade uns com os outros no espírito das primeiras comunidades cristãs. Ao menos uma vez por mês, nas casas ou praças, celebramos com eles a Eucaristia, animando-os na unidade e caridade da Igreja.

Estas são algumas de nossas áreas de missão que desenvolvemos durante esses 25 anos. Com a proteção da Virgem da Salette e o espírito da Sagrada Família, continuamos animados e animando a missão ao chamado de sempre “estar perto daqueles que estão longe”.

5 Missão Povíncia América Latina
Fr. Wesley Araujo Santa Cruz de la Sierra - Bolívia

A comunidade surda é uma terra de missão para nossa igreja cruzeirense

“Toda língua proclame que Jesus é o Senhor para a glória de Deus Pai” (Fp 2,11)

Esta citação bíblica foi a inspiração para formar o ministério dos surdos na comunidade de Nazaré, pertencente à paróquia Maria Rainha das Américas. No dia 31 de outubro de 2021, iniciouse a pastoral dos surdos com a novena de Natal e depois com as celebrações eucarísticas, ambas transmitidas nas redes sociais da paróquia.

Marisol Vidal y Carmela Saucedo, catequistas de referida comunidade, são as impulsionadoras de levar adiante esta pastoral, a qual nasceu com o objetivo de levar todas as pessoas surdas a uma profunda experiência de Deus através dos sacramentos e da interpretação da missa em língua de sinais. “O desafio da pastoral dos surdos é poder chegar a mais casas de surdos, usando a linguagem de sinais para transmitir o Evangelho”, disse Marisol.

Carmela comenta que os surdos têm muitas dificuldades, a comunicação é uma barreira e por isso se sentem discriminados, sozinhos e até doentes: - “aqui na pastoral, a catequese e a formação são dadas à família para que possam se relacionar com os filhos sem barreiras", comentou.

O desejo de levar a palavra de Deus através da língua de sinais, se concretiza na Pastoral dos surdos, que quer ser aquele lugar onde a pessoa surda chega, ela sinta-se integrada e ativa, especialmente dentro de sua comunidade paroquial.

Como uma pessoa surda vive a fé? “Dentro da comunidade cristã católica aqui de Santa Cruz, as pessoas surdas vivem sua fé individualmente porque não encontraram um lugar onde sejam acolhidas e tenham a oportunidade de vivê-la em comunidade”, disse Marisol.

Carmela convida as pessoas que desejam fazer parte desta Pastoral a fazê-lo com muita alegria. Ela diz que a pessoa surda ouve pelos olhos e fala pelas mãos, daí a imagem para a pessoa surda é essencial.

É um pouco difícil adaptar a linguagem comum à linguagem de sinais, os gestos e o contexto do local são usados, cores vivas não são uma boa combinação porque a pessoa surda se distrai e é por isso que os intérpretes de linguagem de sinais se vestem com cor preta.

A comunidade surda é uma terra de missão para a nossa Igreja, através do ministério dos surdos queremos levar o Evangelho da Boa Nova, trazer nossos irmãos surdos para nossa comunidade e fazê-los se sentir em casa, sentir-se parte mais ativa nas nossas comunidades paroquiais.

6 Missão Povíncia América Latina
Margarita Justiniano Jornalista, Santa Cruz de la Sierra – Bolívia

Conscientes de que a Família é uma comunidade de vida e de amor, e que nela encontra a sua plenitude assumindo e promovendo a vida cristã, atrevemo-nos a dizer que a Igreja deve ser o caminho para que se possa encontrar a tão almejada plenitude. De tal forma que, em nossa paróquia Maria Reina de las Americas, em Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, embora não tenhamos uma Pastoral Familiar bem estabelecida que esteja a serviço das famílias, temos toda a Pastoral focada e dirigida na família.

Há mais de dez anos trabalhamos em conjunto com as diversas pastorais e grupos de nossa comunidade paroquial, procurando ver e conhecer os diferentes problemas que as famílias em nosso meio sofrem, buscando meios para alcançá-los. Assim, como propomos que na catequese dos sacramentos de iniciação para crianças e jovens, também se pode realizar uma catequese para os pais e ter reuniões de família. Desta forma, conseguimos chegar a muitos lares que, por falta de Cristo, estavam se desintegrando.

Conseguimos iniciar um projeto de vital importância para a nossa comunidade paroquial, que apoia muitas famílias que precisam de um espaço; um lugar onde possam ser ouvidas e cuidadas com especial cuidado diante de problemas de convivência e do cotidiano. Desta forma, o Centro de Escuta “Sagrada Família” nasceu com o objetivo principal de acompanhar e orientar famílias em diversos problemas, contemplando também a formação e prevenção, conta com profissionais nas áreas de: Psicologia, Serviço Social, orientação de casais, espaço mulheres, direito civil e penal.

Ao longo do caminho, também pudemos perceber que em muitas famílias havia uma grande tristeza por ter um familiar com deficiência. Isso afetava muito a capacidade dos membros de desenvolverem suas vidas normalmente e, acima de tudo, causava muita dor. Em muitos lares, houve o abandono de algum membro da família, deixando a responsabilidade para uma pessoa, e esta teve que assumir grandes desafios, com uma carga por vezes pesada demais para ser carregada sozinha. Assim, nasceu o Projeto Juan Berthier, para crianças, adolescentes e jovens com deficiência! Este projeto, além de promover a independência das pessoas com deficiência, trabalha muito para as famílias ao oferecer apoio psicológico, oficinas para mães solteiras, para mulheres empreendedoras e orientação para cada membro destas.

Sinto uma imensa alegria em poder compartilhar com vocês, este belo trabalho que realizamos como comunidade paroquial, além de poder contar sempre com a ajuda dos Missionários da Sagrada Família, pois foram de vital importância para o início desses projetos. Vocês não podem imaginar como os Missionários da Sagrada Família têm levado a termo, o nome que carregam, como o Centro de Escuta “Sagrada Família” e o Projeto “Juan Berthier”, este que é o fundador da Congregação dos MSF.

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Gisela Suárez Comunicadora Social Santa Cruz de la Sierra
A família é o lugar da primeira experiência com Deus

Como viver o Natal hoje

“Tu vens, tu vens, eu já escuto teus sinais...”.

Quando começa a soprar o Vento Natalino; quando o céu se debruça mais uma vez sobre a face da terra, não se pode ficar indiferente. Com certeza, vivemos um tempo de corações petrificados e indiferentes, de negacionismos e egoísmos, de surdez. Como nunca, vivemos a dura realidade de uma sociedade que se fechou ao diálogo, de instrumentalização da Palavra de Deus e da própria fé, de muito frio no coração humano.

Celebrar o Natal, neste momento, é ter uma forte reação contra tudo isso. É preciso ajuntar as palhas do presépio que aqueceram o Menino Jesus para aquecer o nosso coração com o fogo do amor que se encarna no Emanuel. É preciso crer que lutar pela justiça, pela paz, nunca foi e nunca será em vão. É preciso retomar o pincel da esperança para colorir o horizonte da humanidade, tão necessitada de redenção e de novos caminhos de convivência.

Num universo marcado pelo ódio e violência, de tantas agressões contra o ser humano e contra o meio ambiente, a sacralidade natalina deve falar com toda a eloqüência pelo nosso testemunho de fé e de esperança que um novo mundo é possível.

Celebrar bem o Natal, hoje, é manter viva e animada a nossa existência de peregrinos e missionários. É não perder a oportunidade de fazer arder os nossos corações e de pôr-se a caminho (Lc.24,32-33). É fazer arder os corações dos nossos familiares e dos membros da Comunidade, promovendo e participando dos encontros em preparação para o Natal. É não se omitir diante da Campanha Pela Evangelização. É lembrar novamente que há um exemplo extraordinário para seguir, tornando-o referência para todo o nosso jeito de ser e de agir. É ter um sentimento profundo de pertença à Igreja Sinodal, de participação, de comunhão e de missão.

Assim como o nascimento de Jesus dividiu o calendário da humanidade em dois tempos marcantes, o Natal deste ano deveria, também, marcar a nossa vida como um tempo de vida nova, em que não fosse apenas de poesia, de luzes, de belos presépios, de festividades, mas de alegre recordação de que jamais fomos esquecidos pelo nosso Deus que não está acima de nós, mas no nosso meio de nós, a tal ponto que se torna nosso parceiro na nossa vida e na nossa luta, na qual, a causa primeira sempre será Ele e o seu Reino.

Todo o Natal tem um sentido vocacional, o deste ano não pode ser diferente, até porque, estamos no ano vocacional. Com certeza, o Natal é graça e missão, é um tempo especial de sentir e de viver como discípulos missionários do Senhor Jesus que sopra sobre nós e nos envia, como fez outrora com os primeiros apóstolos e discípulos.

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Pe. Euclides Benedetti, MSF Santo Ângelo

Presépio:

lugar do encontro

No presépio da vida, Maria está presente, é "Discípula-Mãe" que vive a caridade do anúncio: Jesus – Salvação em presépio; é a necessidade humana de nascer de novo, renovar-se (Jo 3,3-8) em Jesus. O ‘Sim’ (Lc 1,38.45-55) de MariaMãe torna-se manjedoura da Redenção Universal. A eternidade encontra seu lugar no humilde presépio de Jesus, a Criação e o Divino estão presentes na história humana e divina. Essa aliança, Encarnação, Paixão e Ressurreição, é a nova realidade no coração humano. A luz natalina ilumina a todos e o canto dos anjos espalham sobre a Terra a paz (Lc 2,13-14). Os fragilizados se encantam com a presença de Deus, e as culturas - expressão da realidade humana - se enriquecem com a ‘cultura Divina” - expressão de fé - (Mt 2,9-12); Deus está Conosco (Mt 1,23)! O Presépio é uma nova maneira de viver a alegria com Deus, é o ‘Novo Colorido’ à existência humana: o Amor se faz ALEGRIA! E com esta alegria renovada podemos cantar junto aos anjos que a eternidade e o mundo, a Igreja e a vida formam o Presépio de Jesus.

Do coração de Maria e do seu ventre materno (presépio de Deus) brotou a árvore da vida: o Presépio nasceu! Do calvário humano e das lágrimas (oblação) de Maria: a cruz vence, foi plantada no coração humano (Mt 10,38), e assim, nasceu a vida (a vida transformada), e o “Presépio de Jesus” se tornou a nossa alegria!

Como filhos de Maria e discípulos de Cristo encarnado, rezemos confiantes esta oração: Maria-Mãe, ajuda-nos a amar Jesus, com o amor do teu coração, assim seja! Amém!

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Só o amor é aquele que dá valor a todas as coisas.”
(Salesianas Missionárias)
"
Pe. Wilson Lams
Santa Cruz de la Sierra, Bolivia

Espanha:

Embora o secularismo esteja se tornando mais evidente, a chama do Natal ainda está presente. Ao longo da história, os fortes momentos de descanso sempre foram e são a Páscoa e o Natal, além das férias de verão. É curioso que um país que todos os dias dá as costas a Deus e o afasta do seu quotidiano continue a manter estes tempos.

Como católico, estou feliz e convencido de que continuará assim, porém, o verdadeiro significado deste tempo litúrgico se tornou em momentos de descanso e de viagem. Devo dizer que também caí nessa armadilha, marcada pela sociedade em que vivemos: consumismo, festas, férias. Mas um dia resolvi parar e perceber o que de fato ocorre nessas datas. Nasce o salvador, aquele que mais tarde dará sua vida na cruz por mim. Não preciso de diversão, não preciso gastar mais, preciso perceber que Jesus vai nascer, e isso tem que encher meu coração de verdadeira felicidade. Eu gosto de colocar o presépio, pois na Espanha também é uma tradição.

No dia 24 de dezembro, a família está reunida a jantar e, no meio da mesa, está a manjedoura vazia. O jantar rápido e leve porque gosto de assistir à Missa da Meia-Noite, que se celebra às 23h na nossa paróquia. No dia do Natal, coloco o menino Jesus na manjedoura e ele nos acompanha durante todo o ano, pois todos que entram na minha casa o veem, ele está posto deitado, em um dos móveis do corredor, para receber todos que ali chegam.

É lindo ver a cidade com enfeites de Natal e, embora as pessoas não percebam realmente que estamos esperando o Salvador, há algo de especial, de solidariedade e o carinho que, de alguma forma, brotam. Pode-se passar um ano sem ver um familiar, um amigo, mas nestas datas há sempre um telefonema, uma visita ou votos de felicidade!

Vivo este tempo de alegria celebrando estes dias fortes na minha comunidade paroquial. Nos dias que temos de descanso, porém não há celebração litúrgica ou festejos, dedico a descansar e passear pelo campo, visitar os presépios de outras paróquias e instituições porque, felizmente, ainda há quem os prepararam e montam.

Esqueci de mencionar que no dia em que damos férias às crianças da catequese, celebramos a festa de Natal na paróquia. Cada grupo prepara uma canção de Natal, uma peça de teatro e terminamos com a chegada dos Reis Magos. Os pequeninos entregamlhes as suas cartas, mas são cartas especiais, pois não pedem presentes, mas sim intenções de saúde, ou situações difíceis e então nosso pároco os leva para o convento carmelita, onde se reza em intenção destes pedidos.

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Lola Bartolomé Torrejón de Ardoz, Madrid
A chama do Natal está presente

Tradições de Natal na Polônia

As tradições natalícias na Polónia são cultivadas com grande entusiasmo, mesmo as famílias que raramente visitam a igreja, preservam-nas e transmitem-nas de geração em geração. O Natal na Polônia não é apenas uma parte da fé, mas também um elemento de cultura. Todos os poloneses sabem quais são os costumes da véspera de Natal, embora as tradições de Natal diferem por região, tento descrever os mais populares.

Durante a véspera de Natal, onde tudo está focado na preparação do jantar, a maioria das pessoas jejua. Em cada casa é colocada a árvore de Natal, muito mais importante do que colocar o presépio. A árvore de Natal, como “árvore da vida", é um símbolo cristão que lembra às pessoas o dom da imortalidade. Os presentes são colocados sob a árvore de Natal, é uma imitação de bondade, que eles abrem no final da ceia de Natal.

Preparando a mesa, coloca-se um pouco de feno sobre a toalha. Este costume refere-se ao nascimento de Jesus na pobreza. Dependendo da região e das tradições familiares, o número de pratos da véspera de Natal varia, mas geralmente são doze pratos e não contém carne. As carpas são comidas de várias formas, anchovas, sopa de beterraba vermelha, sopa de cogumelos, macarrão com papoila, tarte de couve e cogumelos, bolo de fruta, compota de frutos secos. Experimentar cada uma é garantir a felicidade durante todo o ano.

Tradicionalmente, a ceia de Natal começa com a primeira estrela no céu. É uma referência simbólica à Estrela de Belém, que significa o nascimento de Jesus. Normalmente são as crianças que têm a tarefa de encontrar a primeira estrela no céu. Toda a família se reúne ao redor da mesa, lê-se o Evangelho do nascimento de Jesus e reza-se, abençoando a família. Em seguida, todos os participantes do jantar se felicitam e dividem o pão. Este gesto simboliza a vontade de partilhar com os entes queridos, os frutos do seu trabalho quotidiano e o pão da Eucaristia.

Na mesa da véspera de Natal, é colocado um lugar de sobra com o prato vazio. É para um visitante não anunciado, para um dos ausentes e, também, para lembrar um familiar falecido. A vela, que simboliza a luz de Cristo entre nós, não pode faltar.

Após o jantar, cantam-se canções de Natal e chega o momento mais feliz para as crianças, que é a entrega dos presentes. E ainda, para terminar este dia, várias famílias participam da missa do nascimento de Jesus, que se inicia às 24h. No dia 25, o Natal é comemorado em família. Já no dia 26, amigos e vizinhos são visitados.

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P. Slawomir Wiktorowicz, MSF Torrejón de Ardoz – Espanha

Família e Natal na Indonésia

A palavra Advento vem de Adventus (latim), que significa vinda. Portanto, é um tempo de preparação para a vinda do Senhor, e também é expressão de fé no Senhor Jesus que está presente agora, bem como a expectativa de sua segunda vinda: o fim dos tempos (escatologia). O Advento organiza uma liturgia solidária e também serve para refletir sobre a disponibilidade de nossos corações, casas ou famílias como lugares ou espaços para a presença de Deus. Além de se prepararem em família, estas também estão frequentemente presentes e envolvidas na igreja local: em seus bairros e na paróquia.

O tempo do Advento dura 4 semanas. Entrando na semana 3ª, Domingo Gaudete, as famílias costumam estar ocupadas preparando tudo o que é necessário para a celebração do Natal, decorando a casa e preparando a mente, acolhendo o Sacramento da Penitência. Na 4ª semana, a família começa a preparar uma gruta ou presépio em um canto da casa. A maioria das famílias se acomodam na sala de estar. Os pais começam a preparar presentes de Natal para seus filhos, assim como para outras crianças que chegarão à casa após a celebração do dia de Natal.

Toda família se reúne: os filhos que saíram de casa para estudar ou trabalhar, ou mesmo os filhos casados, retornam para casa a fim de comemorar o Natal com suas famílias.

Na véspera de Natal, Pai, mãe e filhos, se sentam juntos na igreja e assistem solenemente à missa com outras famílias. Após a celebração, as famílias costumam rezar juntas em frente à gruta da Igreja ou a Belém. E não esquecem de capturar ou fazer documentação fotográfica ou vídeo com sua família, assim como com outros parentes.

Chegando em casa, eles rezam novamente de modo breve, em frente à gruta ou manjedoura de Natal. Depois disso, eles rezam para comer com toda a família. As crianças compartilham experiências no grupo familiar antes de receber os presentes de Natal e entregar àqueles para o qual foi preparado.

No dia de Natal, mais uma vez, as famílias vão para celebração Eucarística do Natal. Depois de se cumprimentarem e desejarem um Feliz Natal às outras famílias, regressam às suas casas, onde se abrem a outras famílias que virão partilhar a alegria do Natal. Os presentes de Natal preparados pela família, são distribuídos entre as crianças que chegam. À tarde, as famílias saem de casa para compartilhar o nascimento do menino Jesus em orfanatos e lugares onde os bebês nascem sem o amor de seus pais. Esta é uma celebração de Natal para a família. Devemos sempre compartilhar a alegria, compartilhar o Deus conosco (Emanuel).

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Pe. Yohanes Arisanto, MSF Secretário da Pastoral da Família da Conferência Episcopal da Indonésia

Celebração do Natal na República Democrática do Congo

O Natal é uma das maiores celebrações que o povo congolês festeja. Na Igreja, a festa começa já no final da missa matinal do dia 24 de dezembro, com o canto “Okoya lelo, Kristu okoya lelo, solo solo” que significa “vai vir hoje, com certeza, Cristo vai vir hoje”. Com este canto, o povo de Deus já mergulha no ambiente festivo e acolhedor.

No percurso do dia, os fiéis fazem limpeza profunda das igrejas, instalam o presépio e ornamentam para receber a Deus que vem visitá-los. Neste momento, as igrejas ficam fechadas, ninguém pode ver o presépio e nem a ornamentação antes da hora prevista para o início da celebração. No presépio não consta a presença dos três reis magos. Eles são colocados no dia da epifania. Às 20hs começa uma breve cena teatral, relatando os acontecimentos, desde a anunciação, até o nascimento do menino Jesus. A eucaristia é celebrada à meianoite, podendo chegar até às duas horas da madrugada. Geralmente, são os adultos que participam desta missa. As crianças e jovens participam da missa diúrna. As igrejas ficam lotadas e muitos acompanham a missa de fora.

As ornamentações são feitas também nos lares familiares e nas ruas. Muitas famílias amigas se reúnem para comer juntas. Em algumas cidades, se instalam as mesas nas ruas para expressar a solidariedade, onde todos comem. Cada família prepara a comida que está ao seu alcance e todos comem alegre e festivamente. Os pais costumam comprar roupas novas, brinquedos ou algo especial para as crianças. Nas cidades grandes, os pais levam as crianças nas praças ou nos parques. Nas cidades do interior, a festa continua à noite com as danças tradicionais, caso tenha lua cheia. Durante este período, da véspera de dezembro até segunda-feira após o ano novo, o povo fica em casa, ninguém vai para a roça. Este é o Natal na minha querida terra!

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Por Claver Mfaa, noviço MSF Passo Fundo/ RS

Natal na República

Centro-Africana

A particularidade da festa de Natal na República Centro-Africana é a mobilização em todos os níveis. Nos mercados, a festa de Natal é uma oportunidade para aumentar o volume de negócios, enquanto nas famílias é a alegria, o reagrupamento e a partilha de refeições fraternas.

As festividades do Natal começam no dia 24 de dezembro, com missas e dramatizações nas comunidades religiosas em que se narra a história do nascimento do menino Jesus, o Príncipe da Paz. Nas ruas, apitos são soados por toda parte, levando as pessoas a festejar!

A noite ainda é longa para as crianças, elas ficam impacientes para ver o que o Papai Noel lhes trará. Finalmente amanhece e muitas crianças acordam com brinquedos nas mãos. Alguns não têm a sorte de ganhar brinquedos, ficam chateados, porém não deixam de se divertir com outras crianças.

As pessoas também aproveitam para passear. Muitas saídas são também para locais públicos em concertos e cerimônias religiosas. Vários jogos e danças tradicionais marcam o final do dia.

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Maria,modelo de Mãe e Mulher

Na cena da Visitação Santa à Isabel se revela a missão de Maria para o mundo feminino:

Assim, podemos dizer que a revelação da dignidade feminina alcança sua máxima plenitude em Maria. Nela, o ideal da mulher não é uma coisa abstrata, uma construção de artifício, uma meta inalcançável. Pois mesmo sendo Imaculada, sendo concebida sem o pecado original, ela passou por dificuldades, assim como todas as mães enfrentam desafios. Teve que sair grávida de sua terra Natal, e não encontrou um lugar digno para dar à luz, a não ser uma estrebaria; teve que fugir com seu Menino Deus, pois queriam matá-lo; passou sofrimentos de toda a ordem até ver seu Filho pregado numa cruz. Mas nunca esmoreceu, nunca desistiu de buscar e cumprir a vontade de Deus. E hoje, junto a Ele, continua olhando para nós e nos acompanhando como Mãe benigna, consoladora dos aflitos, auxílio dos cristãos. Agradeçamos por termos esta Mãe tão próxima de nós!

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Central
Ir.
"
Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”! (Lc 1,42).

São José, que figura tão presente!

Um homem que ouviu o pedido de Deus "você vai me representar"

José, o jovem que no estábulo de Belém se aproxima e se inclina sobre o Menino como sombra do Pai, o recebe em seus braços, contempla e adora a Deus como nenhum outro ser humano pode fazer. Testemunho do amor de Deus por cada um de nós, ternura e respeito. Tomando Deus nos braços e beijando-o, sentindo que é sua responsabilidade protegê-lo e educá-lo, para que a humanidade experimente um Deus próximo e que caminha ao lado deles. Que bela missão! Sem ostentação e nem palavras, agiu de forma correta e responsável de tal maneira que até os dias de hoje é credenciado para ser chamado de "Pai de Jesus". Por isso, pode-se ler o que está escrito "não é este o filho de José?" (Lc. 4,22) ou "Jesus, filho de José de Nazaré" (Jo 1,45) "Não é este o filho do carpinteiro?" (Mt.13, 55).

Que este Natal seja um convite aos homens que serão pais: olhem para José e o imitem nos valores que ele pôs em prática, ao assumir a responsabilidade por aquele que nasceu e que seria parte fundamental da sociedade Cristã. Que todos sejam pais presentes como São José.

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Irmã Yolanda Guajardo G. Filhas de São José, Osorno - Chile

Acolher Jesus no Natal

Deus escolhe a Maria e José para que formem a Sagrada Família de Nazaré. No começo vivenciaram certas inquietudes interiores. Maria não entende como ela fora a escolhida para ser a Mãe de Deus. Até questiona: "como uma pobre serva poderá ser a Mãe do Salvador"? Mas Deus vai mostrando os caminhos que apaziguam o seu coração. Quando olhamos a pessoa de José, homem simples, com belíssimo ofício de carpinteiro, também o encontramos confuso, inquieto e que até cogita a possibilidade de abandonar tamanha responsabilidade que Deus lhe confiou..

Notamos que a Sagrada Família tem suas inquietudes, inseguranças, medos e, ao mesmo tempo, o desejo de assegurar e testemunhar que é possível assumir o projeto que Deus lhes requer. É no modo simples de viver e na grandeza da ternura encontrada na Sagrada Família de Nazaré que o menino Jesus fora educado – ele crescia em sabedoria e graça.

Diante de todas essas ansiedades, dúvidas, poderíamos nos perguntar: "como nos preparamos como família, como comunidade, para receber o menino Jesus que ano após ano renasce dentro de cada um de nós? Que alegrias o menino Jesus traz para nossos lares?"

Desejamos ser capazes de acolher

Jesus no Natal, não na fria manjedoura do nosso coração, mas em um coração cheio de amor e humildade, tão puro, imaculado e caloroso com o amor uns pelos outros.

(Santa Teresa de Calcutá)

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Fr. Lucas Pirolli Porto Alegre

Três estranhos entram em minha vida

Quem são esses três que chamamos de reis ou sábios? Cada uma das diferentes culturas se reflete em suas roupas, cor da pele, idioma, mas todas as três com um único propósito. Por que os chamaram de reis? Pode ser por causa de suas roupas! Mas, por que os chamaram de magos? Eles viram uma estrela muito brilhante no céu e decidiram segui-la. Eles observavam o céu. Podiam ser astrônomos ou cientistas, quem mais olharia para o céu com tanta insistência? Quem procuraria sinais lá em cima e quem, encontrando-os, os seguiriam? Quem faria uma viagem sem saber os quilômetros ou o tempo necessário para chegar, e porque levariam, ouro, mirra, incenso? Certamente, eles são sábios.

Todo dia seis de janeiro nós os celebramos, estes que trazem presentes e, depois, voltam com ótimas notícias para anunciar o nascimento de uma criança que transformou suas vidas! E nós, que presentes esperamos? O que é mais importante para mim, para a família, para a comunidade? Como o nascimento de uma criança muda nossas vidas?

Eu quero que você cante e ore mediante o que irá acontecer, pois é algo que deve se deve buscar e não somente esperar. Não é uma fantasia ou uma lenda, mas fé, amor. Eles virão!

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P. Roberto G Barrera, MSF José C. Paz, Buenos Aires

Os Pastores

Falar de um momento que vem delinear toda a nossa história enquanto cristãos, nos transporta para a cena que preencheu com tamanha alegria os corações dos que estavam presentes. Sim, os presentes foram minimamente escolhidos para presenciarem este acontecimento que marcou e marca ainda hoje a nossa humanidade.

Dentre os escolhidos, estavam os pastores de Belém. Homens simples, marginalizados, pouco apreciados pela sociedade, sempre longe do convívio humano. Viviam junto com os animais, pelos quais eram responsáveis pela proteção das ovelhas, animais extremamente dóceis e totalmente indefesos, necessitando assim de constante vigilância e acolhimento.

Jesus, nascendo em Belém, numa estrebaria e envolto em faixas, é colocado em uma manjedoura. Coube aos anjos avisar aos escolhidos, entre eles os pastores, sobre esse importante acontecimento. Sim, aqueles que eram excluídos, esquecidos pela sociedade da época, são agraciados neste momento por presenciar e anunciar o nascimento do Rei, do Filho de Deus.

Nos últimos anos, infelizmente, fomos privados de um abraço, um sorriso ou um aperto de mão, gestos que celebram a chegada do Menino Deus no Natal. Tivemos que nos adaptar às diversas formas disponíveis para espalhar a Boa Nova.

E hoje, conhecendo um pouco mais sobre quem eram os pastores de Belém, sabemos por quem Jesus quer ser anunciado neste tempo de graça? E quem é esse Jesus que, como os pastores de Belém, devemos anunciar? É tempo de reflexão, de sermos vigilantes e termos um olhar de verdadeiros pastores que anunciam, cuidam, protegem. E que o Menino Deus possa ser acolhido nos corações e lares da humanidade, que sejamos como aqueles que foram escolhidos para portar a Boa Nova.

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Maria Cristina da Silva Rocha Psicóloga e Pós Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Perinatalidade e Parentalidade. Paróquia Menino Jesus de Praga Arquidiocese de Montes Claros.

Estrela de Belém

A estrela do Belém também nos convida a renovar nosso próprio compromisso com Deus e com o próximo. Ano após ano, todo dia 25 de dezembro, quando celebramos o nascimento de Jesus, somos chamados a realizar atos de bondade que expressam solidariedade entre nós, cultivando assim o verdadeiro amor.

A luminosidade que a estrela irradia, na melhor das hipóteses, revela o caminho para uma renovação da nossa própria vida, iluminando o mais profundo do coração e da alma, para nos unir aquele que nos amou por primeiro: DEUS.

Esta estrela representa, por outro lado, no contexto atual, a “Luz da Vida” para toda a humanidade. Com a sua própria luz, guia cada um pelo verdadeiro caminho da fé e da esperança! Somos acompanhados por Nosso Senhor Jesus Cristo e pela Bem-Aventurada Virgem Maria!

Esta estrela, em suma, aproxima-nos do essencial da vida em comunidade, entregando-nos fortemente à vontade de Deus de continuar a lutar por um mundo melhor, mais feliz, pacífico e próspero.

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Hijas(os) de la Salette, Chile

Vejam, ela está dando os primeiros passos!

Um bebê ensaia seus primeiros passos com mais ou menos 10 meses de vida, mas é possível que os passos só se tornem firmes depois de 18 meses. Isso depende dos avanços obtidos na fase anterior, quando a criança ousa arrastar-se ou engatinhar. É uma questão de coordenação e sincronia de muitos elementos neurológicos, musculares e psíquicos.

No dia 12 de novembro, a Província América Latina completou seu primeiro ano de vida. Sendo um organismo social e eclesial, a Província pode ser comparada a uma criança, mas apenas em alguns aspectos. Pois ela foi dada à luz por um esforço coletivo e como resultado de vários anos de gestação. Ademais, nasceu já com uma série de atividades e responsabilidades em curso.

No desempenho do meu ofício de Superior Provincial tive a oportunidade de encontrar-me com coirmãos de quase todas as Comunidades. Tanto nos encontros interpessoais como nas reuniões e encontros virtuais, sempre ressoam diversas perguntas: O que mudou com a unificação? Quais são os sinais visíveis dessa nova realidade? Quando daremos os primeiros passos? Quando veremos a Província América Latina dando passos firmes?

Tenho a convicção de que a nova Província começou a se mover e situar-se no espaço quando cada um dos seus membros decidiu colocar diante dos seus olhos, de forma imaginária mas sincera, a ampla circunscrição que ela abrange: presenças do Sul ao Norte do Chile, na região metropolitana de Buenos Aires, no Oriente boliviano, nos três ângulos e no coração do Brasil, no sofrido e vigoroso Centro-Norte de Moçambique.

Os movimentos se tornaram mais definidos e seguros quando cada um começou a se interrogar sobre sua própria disposição e suas condições concretas para assumir um eventual ofício pastoral em algum destes lugares, interagindo e convivendo com coirmãos dos quais mal conhece o nome. Mesmo quando a resposta à interrogação ressoou responsavelmente e sinceramente negativa, o pensamento abrangia toda a nova Província.

Mas todos sabemos que a nova Província terá um corpo, um rosto e uma perspectiva definida e clara quando cada membro, independentemente da idade e vínculo canônico, buscar com os olhos e com o coração os nomes e os rostos dos mais de 130 membros que a compõe; quando palavras como Patu, Hornopirén, José C. Paz, Namina, Itamarati e outros tantos tiverem o condão de fazer o coração bater mais forte; quando o projeto estratégico da província deixar de ser um papel guardado nalguma prateleira e tiver força para questionar, iluminar e suscitar iniciativas; quando as comunicações da Província despertarem tanto interesse quanto uma mensagem de um familiar ou uma notícia sobre o Papa Francisco; quando mais e mais coirmãos, mirando o mapa da América Latina e da África, ousarem dizer, com voz trêmula pela consciência dos próprios limites: “Eis-me aqui, Senhor: envia-me! Tu és minha força e minha taça!”

Uma instituição pode nascer por um simples ato formal e público de uma autoridade, como o decreto do Superior Geral. Mas o nascimento e o desenvolvimento de uma Província que deseja ser uma só família congregada numa só missão, depende dos vínculos que se criam mediante a decisão e o empenho firme e constante de cada um dos seus membros.

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O primeiro ano da Província dos Missionários da Sagrada Família – da América Latina - fundada em 12 de novembro de 2021, tem se apresentado em uma série de encontros presenciais e virtuais, com o objetivo de realizar o projeto missionário como uma só família numa só missão, frase esta que se inspira no ideal que Padre Berthier concretizou em Grave - Holanda, nos primeiros anos da Congregação e que hoje continua ressoando fortemente em cada membro da família MSF.

Ser uma só família numa só missão significou conhecer uns aos outros (muitos por meios virtuais), ter uma visão ampla das frentes missionárias que são atendidas pelos membros da MSF e transmitir isso a todas as pessoas que nos acompanham em cada uma das comunidades e que são parte essencial de nossa jornada.

Ser uma só família numa só missão nos convida a poder dar o pouco que às vezes temos a outros que precisam de mais. É ter uma visão ampla, que nos permite ver além de nossas fronteiras pastorais, é ir onde somos necessários, é dar o primeiro passo: "Assim como você me enviou ao mundo, eu também lhes envio ao mundo" (João 17,18).

A Província dos Missionários da Sagrada Família – América Latina deu passo, partindo de uma agenda agitada que permitiu atividades como: o encontro sobre nosso Carisma, para aprofundar o conceito teológico da missão ad gentes e as implicações para nossa organização e atuação como Província; retiros nas comunidades locais; encontro de estudo sobre o perfil de uma paróquia missionária e os caminhos para alcançá-lo; encontro de formação sobre economia numa perspectiva comunitária e solidária, para todos os confrades; encontro com os frades com menos de 10 anos de votos perpétuos; reunião presencial de formadores; visitas provinciais a diferentes comunidades; reunião presencial do Conselho Amplo. Além disso, a Província, neste primeiro ano, viveu momentos dolorosos, como a morte de cinco sacerdotes, Juan Paulo de Groot (Chile), Heribert Stahl (Brasil), Bernardo Flores (Argentina), Alcino Maldaner (Brasil) e Aloísio Raymundo Lunkes (Brasil). Por outro lado, teve a graça de ter a ordenação sacerdotal do Pe. Guilherme Ferreira, em Taiobeiras/MG e as ordenações diaconais de Ricardo Klock em São Carlos/SC e Igor Pereira em Rio Verde/GO.

O Papa João Paulo II, em uma mensagem contundente ao VIII Congresso Missionário Mexicano e ao II Congresso Missionário Latino-Americano, disse: “agora bem convencido de que o trabalho realizado deve ser aprofundado, seu amor a Cristo e ao homem faz com que você entenda claramente que finalmente, chegou a hora da América Latina se projetar além de suas próprias fronteiras, «ad gentes»” (Puebla, n. 368), e é assim que cada um de nós (sacerdotes, irmãos, leigos) está convidado a não ficar quieto contemplando o mar, o lago, o pôr do sol, mas ousar, perder o medo e aceitar o chamado de Jesus: Vamos atravessar para o outro lado!

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Vamos atravessar para o outro lado!

Nosso Norte no Chile

O mês de julho é o mês de celebrar a Nossa Senhora do Carmo, Rainha e Mãe do Chile. Falar da identidade do nosso Norte é lembrar a nossa identidade mestiça: Aimarás, Quéchuas, Atacamenhos, Collas e Diaguitas com o sangue espanhol. As danças religiosas são irmandades cristãs cujos membros utilizam, de forma tradicional e com sentido de oração, expressões da arte ritual de origem andina, dirigida especialmente à Mãe de Jesus.

Nossas expressões do Norte são marcadas pela dança. Dança-se desde o nascimento até a morte, passando pelas diferentes fases da vida. Aqui estão algumas de nossas danças do Norte, que são compartilhadas com Peru, Bolívia e o Norte da Argentina. Para quem não sabe, essas regiões formavam o Colla Suo, a província meridional do império inca.

1. “Chino”: Amantes da Virgem Maria “Chinita”. Sua dança representa o índio minerador, imitando o quinquén, pássaro que traz chuva. Importante no trabalho da mineração dos filhos do deserto.

2. “Danzante”: Dança, geralmente de moças, que expressavam a alegria de sua fé. Foi dançado nas fazendas e mais tarde nos santuários. Surgiu por volta de 1800.

3. “Turbantes”: Dança mestiça com grande influência espanhola.

4. “Peles vermelhas”: Dança que surgiu nos campos de salitre por volta de 1930. É inspirada nos filmes do oeste americano, onde os indígenas e mestiços do Norte se identificavam com suas dores e sofrimentos. Dança generalizada nos santuários marianos do Norte.

5. “Gitanos” (ciganos): Dança de salto, que evoca a alegria e a liberdade da raça ou etnia. Diz-se que foram dançadas por volta da década de 1940 por ciganos húngaros e que, ao som de pandeiros e lenços, expressaram a sua liberdade.

6. “Cuyacas”: Dança pastoril que dançavam as virgens do sol do império. Hoje é dançada por meninas e senhoras. Eles mostram a domesticação das lhamas, os rituais de sacrifício e trançam a vara, expressando agradecimentos e bênçãos.

7. “Chunchos”: Dança que nos lembra os guerreiros amazônicos, levados como escravos pelos incas. É uma das danças mais antigas do santuário do Carmo.

8. “Diabladas”: Surgem em La Tirana em 1957, quando Gregorio Ordenes agrupa os diabos vermelhos, ou diabos soltos de Tarapacá, e forma a Primeira Diablada do Chile, Servos da Virgem do CARMO. Esta dança é uma catequese que mostra a luta do bem contra o mal, onde o Arcanjo Miguel é o vencedor na luta contra os

demônios e os 7 pecados capitais.

9. “Morenos”: Surgiu nos campos de salitre nos anos 1930. Evoca o seu passado de dor e sofrimento através do som dos chocalhos e do desejo de liberdade. Há degraus de morenos, conhecidos como "Pitucos" e “Salto”.

10. “Morenadas”: Eles nos lembram os escravos africanos trazidos para a América que trabalhavam nas minas e fazendas. Nos falam sobre o desejo de liberdade, porque para sermos livres é que Cristo nos libertou (Gl 5,1).

11. “Zambos”: Dança mestiça entre negros indígenas. É uma paródia de escravo. Negro, de mentalidade branca que usa o chicote para forçar seus irmãos a trabalhar. Os chocalhos lembram seu passado (correntes de escravidão).

12. “Antawaras”: Dança de invocação ao sol que, com as mãos levantadas, clama por seu retorno. Dançam no Machaq Mara, ou Inti Raymi [festival religioso incaico em homenagem ao nascimento do deus sol] (Ano Novo indígena). Dançam também a Jesus no sacramento, no ostensório, o novo sol que nasce do alto (Lc 1,78-79).

13. “Callahuayas”: Eles nos lembram os médicos de ervas que viajavam pelas terras altas, carregando suas ervas medicinais. Eles se cobriram com um guardachuva feito de penas de Suri.

14. “Suri Sicuris”: Dança pastoril que, ao som das sicuras (zampoña, flauta de vários tubos), imita o suri, avestruz andino. É uma bela dança acrobática.

15. “Osadas”: Dança que mostra o poder reinante do mal e suas forças inimigas. É um poder aparente, mas que será derrotado.

A dança religiosa nos lembra o rei Davi, que rodopiava dançando diante da procissão da Arca da Aliança (1Cr 15,27-29), e nos convida a louvar a Deus com todo o nosso ser: mente, corpo e espírito (Salmo 150), e para manifestálo em uma grande orquestra de aclamação.

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Espiritualidade
Pe. Eduardo Álvarez, MSF Coquimbo - Chile

Espiritualidade

A espera com Maria

Não tenhas medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus (Lc 1,26-38)

Cristo continua a viver na Palavra, nos Sacramentos, em cada homem, em cada acontecimento, no amor dos irmãos. Ele nos conduzirá à casa do Pai onde Maria nos precedeu na glória.

Virgem Maria da Esperança, és filha do teu Filho, serva do teu Senhor, mãe do Altíssimo Salvador. Aquele que viveu nos céus, viu o esplendor de sua beleza! Teve o prazer de preparar na terra uma morada digna e pura. Obtenha-nos dele a superabundância da graça, para que permaneçamos nesta vida fiéis ao seu serviço.

E, depois da passagem desta vida, vamos ficar ao lado daquele que de ti nasceu: Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina para sempre. Amém!

1. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, Amém Com MARIA nos preparamos para ouvir a Palavra de Deus. (Começamos cantando ou ouvindo uma música para Maria)

2. A Palavra ilumina nossa realidade (Leitura bíblica: Lucas, Lc 1,26-38)

No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria. Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôsse a pensar no que significaria semelhante saudação.

O anjo disse-lhe: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi e reinará sobre a casa de Jacó para sempre e seu reino não terá fim."

Maria perguntou ao anjo: “Como se fará isso, pois não conheço homem?”. Respondeu-lhe o anjo: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, aquela que é tida por estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível.” Então disse Maria: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo afastou-se dela.

Pergunta para refletir: O que a leitura nos diz? Qual é a atitude de Maria?

3. A Palavra nos ajuda a discernir "Não temas!", palavras que lemos com frequência

no Evangelho; o próprio Senhor terá de repeti-las aos Apóstolos quando sentirem de perto a força sobrenatural e também o medo ou pavor diante das prodigiosas obras de Deus. Podemos nos perguntar a razão desse medo. É um medo ruim, um medo irracional? Não! É um medo real, medo este que sentem aqueles que se consideram pequenos e pobres diante de Deus. Que sentem claramente sua fraqueza, sua limitação diante da grandeza divina, e experimentam sua pequenez diante da riqueza do Todo-Poderoso. É o Papa São Leão que se pergunta: “Quem não verá no próprio Cristo a sua própria fraqueza?”. Maria, a humilde donzela da aldeia, sentese pequena… mas em Cristo sente-se forte e o medo desaparece! Então compreendemos bem que Deus "escolheu o que é fraco no mundo, para confundir o que é forte" (1Cor 1,26). O Senhor olha para Maria vendo a pequenez de sua serva e realiza nela a maior maravilha da história: a Encarnação do Verbo Eterno como cabeça de uma humanidade renovada. Como se aplicam a Maria aquelas palavras que Georges Bernanos disse ao protagonista de Alegria: “Uma sensação primorosa de sua própria fraqueza a confortou e consolou maravilhosamente, porque era como se fosse o sinal inefável da presença de Deus nela; O próprio Deus brilhou em seu coração”.

Pergunta para refletir: Quais são nossos medos de dizer sim ao Senhor?

4. A Palavra nos abre para nos comunicarmos com Deus

O mundo inteiro, a criação eterna, está atento. Ele está esperando a resposta de Maria. A consolação dos pobres, a redenção de todos, depende de sua resolução. Além disso, hoje, Deus espera que continuemos a redenção da humanidade.

A terra é revestida de nova luz, porque o sol que veio do céu no seio feliz da Virgem de sua carne foi revestido. O amor fez as coisas novas o Espírito desceu e a sombra daquele que é poderoso na Virgem sua luz se acendeu.

Amém!

5. A Palavra transforma nossas atitudes

Pergunta para refletir: Com as palavras do anjo: “Não tenhais medo, Maria, porque achaste graça diante de Deus…”, o que sinto com este convite do Anjo? Qual seria minha resposta?

Terminamos nossa oração agradecendo por todos os dons que Deus nos dá a cada dia.

Nós cantamos uma canção de Natal

Pai Nosso... Ave Maria...

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Missionário em Longavi

Cheguei ao Chile em 21 de novembro de 2009. Antes de assumir o serviço na paróquia, estudei espanhol por 3 meses em Santiago. No primeiro ano trabalhei na paróquia Santa Isabel de Hungria, em Santiago e, no ano seguinte, fui enviado para a paróquia San Lorenzo Mártir de Longaví, onde permaneço até agora.

Naquela época, quando o padre provincial do Chile me pediu para ir a Longaví, o primeiro sentimento que tive foi de felicidade, porque me lembrou minha primeira paróquia como sacerdote na Indonésia, que tem muitas comunidades rurais. A missão em Longaví, para mim, é uma missão linda e ao mesmo tempo desafiadora. Bonita porque conheço muitas pessoas simples e generosas. Desafiadora porque é uma comunidade com muitas capelas rurais, onde cada uma tem a sua riqueza e identidade em que sempre estamos a cultivar. As comunidades correm o risco de perder o sentido de pertença à paróquia se não as acompanharmos adequadamente. Este desafio me fez refletir em fazer da nossa paróquia o lema da Congregação: “Uma só Família numa só Missão”.

Neste momento procuramos fazer com que a paróquia se sinta como uma grande família e uma única missão, com a riqueza e identidade de cada capela. É isso que eu quero alcançar e experienciar, sentir. Para mim é uma alegria quando celebramos a festa do padroeiro da nossa paróquia, com a participação do povo de Deus, de cada capela. O maravilhoso é quando cada um oferece o fruto de sua terra ou algo especial da sua comunidade, e então oficializamos a “festa da cidade”.

Sentir e viver para uma única missão é o que nos motiva a realizar visitas missionárias às comunidades uma vez por mês, bem como nossa assistência aos agentes de pastoral a cada dois meses.

Como me adaptei à missão em Longaví? Em primeiro lugar, é através da escuta. Aprendo a ouvir atentamente a todos. Aprendendo como devo viver, servir e decidir. A segunda coisa é sentir-se feliz por ter sido enviado a esta missão. Considero que nunca estou sozinho na missão. Tenho o apoio dos meus irmãos na congregação.

Tudo isso me deixa feliz! Estas são duas chaves de como tenho me adaptado à missão:

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Testemunhos
P. Agustinus Saryanto Longavi, Chile
"
ouvir e sentir-me realizado e feliz por ter sido enviado.

Meu primeiro ano em Coquimbo

Ser missionário era meu sonho quando estava no seminário menor na Indonésia. Este espírito me encorajou a entrar na Congregação dos Missionários da Sagrada Família, da Província de Java. Acho que não errei nessa decisão! Talvez eu pudesse entrar em uma diocese se o espírito missionário não estivesse tão forte em meu coração. No final, desembarquei no Chile com o mesmo espírito e participo do trabalho de MSF neste país há 10 anos.

Cheguei a Coquimbo no dia 28 de fevereiro de 2021. Fui designado para exercer meu serviço nesta cidade por alguns motivos, sendo o mais importante a disponibilidade para ser missionário, pois posso me justificar com vários argumentos lógicos, pessoais, familiares e até espirituais. Motivos para recusar um novo serviço solicitado, mas ter uma disponibilidade maior para servir em um lugar onde a Igreja ou a congregação precisam, é isso que procuro fazer e viver.

A comunidade de MSF San José Coquimbo, onde estou agora, é composta pelo padre Cornélio Fouchier, padre Eduardo Álvarez e irmão Luis Delgado, que estão nesta comunidade há anos. O serviço paroquial conta com sete capelas e a Matriz. Eu gosto dessa nova realidade. No início, conheci o lugar, as pessoas, os costumes e a dinâmica pastoral que eles têm. Agora sinto-me em sintonia com o ritmo da comunidade e do serviço pastoral da paróquia.

Quando cheguei em Coquimbo, a questão da pandemia de Covid 19 estava na segunda onda da variante Delta. Alguns dias depois da minha chegada, entramos em quarentena. Celebramos a missa na capela da casa e tentei transmiti-la diariamente, principalmente aos domingos. Foi o máximo que pudemos fazer para acompanhá-los em um período de isolamento, que durou alguns meses. Foi uma experiência enriquecedora!

A realidade da pandemia mudou muitas coisas na vida paroquial. Em meados do ano de 2021, chegou a hora de ter mais liberdade para se reunir para o culto litúrgico. Começamos na Fase II (Protocolo Sanitário do Chile), e iniciamos a missa com 10 pessoas na igreja e algumas capelas, enquanto a maioria das paróquias da diocese da cidade de La Serena nem sequer teve missa com os paroquianos nessa fase, apenas começaram na Fase IV. Nós, como comunidade de MSF, voltamos às atividades paroquiais o mais rápido possível, porque queríamos colocar a comunidade de volta nos trilhos, que estava detida há mais de um ano. Era uma realidade muito dura. É como as perdas depois de uma guerra. A participação dos paroquianos diminuiu bastante. Desaparecimento de jovens e coroinhas. O processo de catecismo baixou o ânimo. Além disso, após a crise social no Chile, adversidades outras dentro da Igreja, e a pandemia foi o último golpe que tivemos aceitar como Igreja.

Apesar da dura realidade que estamos enfrentando, acredito que temos luz. Encontrei encorajamento nos MSF, da minha comunidade e de agentes pastorais, que desejam o melhor para a Igreja no serviço ao Senhor. A Paróquia Sagrada Família de Coquimbo retomou suas atividades: Pastoral Social, 1%, Comunicação, os ministros fazendo sua atividade pastoral e oração. Temos movimentos como Caminho Neocatecumenal, Legião de Maria, Renovação Carismática, Maranata, Amigos de MSF e grupos de dança religiosa. Nesta comunidade e paróquia de MSF onde servimos, encontrei muitas bênçãos e a graça de Deus.

26 Testemunhos
Pe. Albertus Feri Coquimbo, Chile

Pe. Alcino Maldaner, MSF

15/03/1942 – 17/10/2022

Alcino Maldaner nasceu em 15 de março de 1942, na comunidade de São João, município de São Carlos/SC. É filho de Alberto Maldaner e Hilda Catarina Utzig. Foi batizado em São Carlos pelo Pe. Antonio Revering e confirmado por Dom Carlos Eduardo de Mello.

Alcino fez seus primeiros estudos na Escola Comunitária São João. Em 1954 ingressou no Seminário Nossa Senhora de Fátima (Maravilha/SC) com a intenção de se tornar padre. Depois de passar dois anos neste seminário, em 1956 passou para a Escola Apostólica da Sagrada Família de Santo Ângelo/SC, onde estudou até o 3º ano do ensino médio.

Como Irmão, Alcino iniciou suas atividades no ISPB (Instituto Social Padre Berthier – antiga Gráfica Berthier), onde atuou como contador, de 1961 a 1973. Nesse período (1968 a 1970), estudou e recebeu a habilitação como técnico contábil. Na década de 1970, já como experiente Irmão, voltou a postular o ministério presbiteral. Tendo sido aprovado pelo Conselho Provincial, iniciou o curso de teologia na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, entre 1974 e 1976, e foi ordenado.

Na madrugada do dia 17 de outubro, Pe. Alcino veio a falecer em casa, no Lar Nazaré (Passo Fundo/RS), com 80 anos de vida. Seu corpo foi velado em Passo Fundo/ RS (no Lar de Nazaré), em sua terra natal, junto aos seus familiares (São Carlos/SC), e sepultado no Cemitério Sagrada Família (Santo ngelo/RS), na manhã do dia 18.

Pe. Aloysio Raymundo Lunkes, MSF

03/11/1930 – 24/10/2022

Pe. Aloysio nasceu no dia 03 de novembro de 1930 em Cândido Godói/RS, na localidade Esquina União. Era o quinto dos 14 filhos de Sebastião Lunkes e Clotilde Finkler Lunkes. Desde a infância queria ser padre. Aos 12 anos de idade ingressou na Escola Apostólica Sagrada Família (Santo Ângelo/RS), onde concluiu o 2º grau.

No ano de 1950 fez o noviciado (Passo Fundo/RS), e professou os primeiros votos em 11 de fevereiro de 1951. Em seguida, iniciou o estudo de filosofia, tendo se revelado um bom aluno, com boa capacidade de reflexão. Em 1954, graças ao bom desempenho na filosofia, foi enviado a Roma, onde fez o curso de Teologia (Universidade Gregoriana) e Exegese (Instituto Bíblico). No dia 08 de abril de 1956, foi ordenado sacerdote em Roma, e no dia 8 de julho presidiu sua primeira missa solene em Hosborn, Alemanha, junto aos parentes que encontrou na terra dos seus antepassados.

Em 1959 retornou ao Brasil e começou seu itinerário missionário como vigário paroquial e professor na Escola Apostólica Sagrada Família (Santo Ângelo/RS). Em meados do mês em curso, Pe. Aloysio esteve internado durante uma semana no hospital, devido a uma infecção pulmonar e a debilidade própria da idade avançada. Faleceu às 4h da manhã de 24 de outubro, com 92 anos de idade e 71 anos de vida consagrada como Missionário da Sagrada Família.

27 Obituário
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