Revista CNBB Regional Sul 1 2019

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Com a palavra, o Presidente

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A evangelização e as novas Dtiretrizes

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O animador das comunidades missionárias

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Liturgia: O Mistério de Cristo celebrado nas comunidades eclesiais missionárias

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A vida e as tendências da modernidade

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A Igreja de Cristo em missão no mundo

CNBB – REGIONAL SUL 1 Rua Conselheiro Ramalho, 726, Bela Vista CEP 01325-000 – Fone (11) 3253.6788 www.cnbbsul1.org.br cnbbs1@cnbbsul1.org.br Presidente Dom Pedro Luiz Stringhini (Bispo de Mogi das Cruzes) Vice-Presidente Dom Edmilson Amador Caetano (Bispo de Guarulhos) Secretário Dom Luiz Carlos Dias (Bispo Auxiliar de São Paulo) Secretário Administrativo Diácono Domingues Redação Regional Sul 1 da CNBB

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Visita missionária a Pemba

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Regional Sul 1 da CNBB abraça a Diocese de Pemba

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25 Anos de Presença Missionária na Amazônia

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Ação Evangelizadora no contexto educativo

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CEBs, luzeiros para transformar o mundo

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É uma publicação do Regional Sul 1 da CNBB.

SUMÁRIO & EXPEDIENTE

Expediente

Sumário

Preservar a Amazônia e defender a vida no Planeta

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Pastoral no mundo contemporâneo

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As pastorais sociais à luz da Palavra de Deus

Jornalista Responsável Renato Papis Lopes Mtb 61012/SP Foto da capa Thiago Leon/Santuário Nacional Impressão 3.000 exemplares Fotografias Acervo Regional Sul 1 Projeto Gráfico e Diagramação

Financeiro Akemy Honda Iwata Alex Santos Macario Recepcionistas Givanilda de Jesus Leandro de Lima Carvalho Está é uma publicação distribuída gratuitamente pelo Regional Sul 1 da CNBB. As matérias assinadas são de responsabilidades de seus autores.

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EDITORIAL

Editorial Prezados leitores, Em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas para o período de 2019-2023, DGAE cujo objetivo é “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus, rumo à plenitude”, apresentamos mais um número da revista do Regional Sul 1 da CNBB. Nota-se que a ação evangelizadora leva em conta tanto aspectos eclesiais – anúncio da Palavra de Deus, a vida comunitária e a edificação do Reino de Deus; quanto aspectos sociais – o mundo urbano, os pobres e a casa comum ou meio ambiente. A missão é o eixo fundamental, de modo que a comunidade eclesial autêntica precisa ser missionária, gerando novas comunidades. As Diretrizes identificam a Igreja e cada comunidade eclesial a partir da imagem da casa, sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. E, em cada pilar, as urgências. Palavra: iniciação à vida cristã e animação bíblica; Pão: liturgia e espiritualidade; Caridade: o serviço à vida plena; Ação Missionária: Igreja em estado permanente de missão.

DOM PEDRO LUIZ STRINGHINI PRESIDENTE DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB

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A revista destaca artigos referentes ao tema da Assembleia das Igrejas: Comunidades Eclesiais Missionárias e a Missão Evangelizadora no Contexto da Cultura Urbana. Contempla também o andamento das comissões pastorais e demais serviços do Regional. O Projeto Missionário do Regional Sul 1, na África, na Diocese de Pemba, Moçambique, tem ampliado seus esforços e apresentado significativos resultados, como o envio de missionários/as e recursos. Esta publicação reproduz o artigo do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, que esteve na África e visitou nossos missionários em Pemba. Há também artigos sobre o Mês Missionário Extraordinário (MME) e o Sínodo da Amazônia, convocados pelo Papa Francisco para outubro de 2019. O Sínodo adquire relevância diante de grandes desafios: a evangelização na Amazônia, os direitos dos povos indígenas e a preservação da floresta amazônica, com suas árvores, animais e a rica biodiversidade. A Encíclica Laudato Sí’ enfatiza que o planeta é a “Casa comum” e que o meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral, em vista do mundo habitável que se almeja para as futuras gerações. Outros temas também são tratados nesta edição. Que todos tenham uma ótima leitura e que Deus abençoe a Assembleia das Igrejas do estado de São Paulo.


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EVANGELIZAÇÃO

A evangelização e as novas Diretrizes A Igreja no Brasil recebeu as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), 2019 – 2023, na 57ª Assembleia dos Bispos, realizada em Aparecida (SP), no mês de Maria. Certamente, as dioceses, como as do Regional Sul 1, na sua maioria, já refletiram e se esforçam para colocarem em prática as novas perspectivas contidas no Documento 109 da CNBB. Este Documento de leitura agradável, testemunha o esforço da Igreja no Brasil em centrarse em aspectos essenciais de sua experiência eclesial bimilenar, para responder aos desafios impostos pelo atual contexto, com as marcas do grande espectro de crises que rondam o cotidiano da sociedade. A casa, figura estruturante das novas Diretrizes, aparece com frequência nas atividades de Jesus narradas pelos evangelistas, e nesse ambiente floresceram as primeiras comunidades. Resgatar a imagem da casa é importante, apesar da fragmentação familiar, pois expressa um significado inequívoco acerca das relações

que devem caracterizar os discípulos de Jesus. Entretanto, esta casa só pode ser compreendida como construção de Deus, pois o alimento da comunidade no seu interior é fruto do gesto de amor incondicional do Filho de Deus na cruz. A Palavra e o Pão, suscitam nos frequentadores da casa a Caridade e a disponibilidade para o envio e a partilha da alegria única da vida nova cultivada nesta habitação. Deter o olhar nestes elementos propostos pelas Diretrizes possibilita uma melhor compreensão do anúncio da vida e missão das comunidades dos seguidores de Jesus Cristo. Isto contribui para os integrantes das comunidades oferecerem uma experiência atrativa para os de fora, quer para os batizados não praticantes, quer para aqueles cuja fé cristã se tornou sem sentido. Além disso, esta experiência da vida nova na casa, pode contribuir no processo de “conversão pastoral”, com a revisão, sob esta ótica, das configurações pastorais e estruturais da Igreja.

Os chamados e enviados terão na experiência da fraternidade da casa um projeto belo e edificante, adaptável e expressivo aos diversos ambientes do convívio das pessoas para lhes propor. Tal proposta se reveste de boa notícia, dado que responde à crescente preocupação de se viver a alteridade, sobretudo face à diversidade. Esta dificuldade de relacionamento acirra conflitos e divisões no tecido social, exclui grupos e empobrece o horizonte existencial das pessoas. Esse contexto clama às comunidades eclesiais missionárias, alicerçadas em Jesus Cristo, urgência na semeadura do amor vivido na casa, com o anúncio da fraternidade vivida na casa, na qual as debilidades e diferenças humanas são integradas na comunhão do amor de Deus. Como Deus habita a cidade, esta mensagem anunciada no contexto da cultura urbana, terá acolhida e contribuirá na superação das situações causadoras de danos à vida, e encontro do caminho da justiça e da paz.

DOM LUIZ CARLOS DIAS

BISPO AUXILIAR DE SÃO PAULO SECRETÁRIO DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB

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CRÉDITO: EDIÇÕES CNBB

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COMISSÃO EPISCOPAL

O animador das comunidades missionárias

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 (DGAE), no contexto da Igreja nas casas, lembram que o ministro ordenado há de ser o cuidador e o animador das comunidades eclesiais missionárias, promovendo a unidade entre todos, em vista de uma salutar descentralização. Seu ministério deve garantir a comunhão na comunidade entre os diversos grupos, associações, movimentos e serviços (cf. DGAE, 87). Quero destacar neste espaço, o IV Congresso Vocacional do Brasil, realizado de 5 a 8 de setembro, em Aparecida (SP), com o tema: Vocação e Discernimento e o lema: “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos!” (Sl 25, 4). Aproximadamente 700 pessoas de todo o Brasil participaram do Congresso. O nosso Regional Sul 1 teve uma expressiva participação. Num primeiro momento, o padre Ângelo Mezzari, rcj, apresentou a caminhada vocacional da Igreja no Brasil, marcada pelo estudo, reflexão, oração e diálogo, em vista da busca de linhas comuns de ação.

Relembrou o conteúdo dos três Congressos anteriores, a motivação e realização do I e II Ano Vocacional (1983 e 2003) e o Simpósio Vocacional em 2014. Num segundo momento, o padre Amedeo Cencini, fdcc, desenvolveu o tema: Vocação e Discernimento. Partindo do Sínodo da Juventude, celebrado em 2018, lembrou que a atual geração de jovens é a primeira que discerne. Os jovens ajudam a Igreja a continuar jovem; eles são símbolos de uma Igreja que se renova. Afirmou que Deus é o eternamente chamante. O homem é o eternamente chamado. Portanto, a questão vocacional é uma questão de vida cristã, uma vez que a vida cristã é a resposta que a pessoa dá a Deus, em cada momento da vida. A vocação é o fim natural de um caminho de fé. Num terceiro momento, aconteceram os trabalhos em grupo e as oficinas temáticas, como contribuição dos participantes para o documento final do IV Congresso Vocacional do Brasil.

DOM MOACIR SILVA ARCEBISPO DE RIBEIRÃO PRETO (SP) E PRESIDENTE DA COMISSÃO EPISCOPAL PARA OS MINISTÉRIOS ORDENADOS E A VIDA CONSAGRADA DO REGIONAL SUL 1 10


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BISPO REFERENCIAL: DOM EDUARDO MALASPINA • ASSESSOR: 12

PADRE KLEBER RODRIGUES DA SILVA

ILUSTRAÇÃO: CENTRO ALETTI

COMISSÃO PASTORAL

Consciente de que a liturgia é o coração da comunidade e de que ela remete ao Mistério e, a partir deste, ao compromisso fraterno e missionário (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, DGAE 2019-2023, 160), a Comissão Pastoral para a Liturgia desenvolve seu papel no contato direto com os assessores diocesanos de liturgia, para que possam desenvolver junto às Comissões, trabalhos que promovam uma participação ativa, consciente e frutuosa de todos nas ações litúrgicas. A liturgia é uma das principais expressões da vida da Igreja. “Ela realiza e manifesta a Igreja como sinal visível da comunhão de Deus e dos homens por Cristo (cf. Sacrosanctum Concilium 10). Diante de tantos desafios pastorais, “é necessário promover uma liturgia essencial, que não sucumba aos extremos do subjetivismo emotivo nem tampouco da frieza e da rigidez rubricista e ritualística, mas que conduza os fiéis a mergulhar no Mistério de Deus, sem deixar o chão concreto da história de fora da oração comunitária” (DGAE, 162). Considerando isso, a Comissão Pastoral para a Liturgia realiza a cada ano um encontro estadual para discutir temas pertinentes à caminhada litúrgica da Igreja no Brasil, promovendo a formação, a troca de experiências e o incentivo para que nos aproximemos do ideal desejado pelos documentos litúrgicos. Com reuniões trimestrais, mantemos o contato com as sub-regiões pastorais e temos a responsabilidade de organizar as celebrações litúrgicas das Assembleias dos Bispos do estado de São Paulo e das Igrejas Particulares, contribuindo, assim, para que estes momentos sejam expressão de uma ritualidade e espiritualidade que venham a nutrir os participantes.


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A vida é um presente de Deus. Gostaria de falar daquilo que o Criador nos deu de mais precioso: o dom da vida. O ato de respirar, contemplar a beleza da natureza e das criaturas é perceber que toda vitalidade que há no mundo nos faz enxergar a ação de Deus em tudo e em todos. O próprio Jesus Cristo disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida” (Jo 14,6). É por isso que, no itinerário dos acontecimentos do mundo contemporâneo, é necessário refletir sobre três realidades que provocam e ameaçam a dignidade da vida.

depressão Atualmente, a intencionalidade com que sentimos e vemos as coisas altera a realidade em si do que temos por percepção pessoal e linear de certas situações. É por isso que o equilíbrio entre o que vemos e sentimos é saber distinguir o que deve ou não ser apreendido e utilizado no nosso interior, seja algo negativo, seja algo afirmativo, para além da patologia, a depressão, em seu estágio avançado ou inicial, não deve ser compreendida com um olhar pormenorizado da individualização e relativização de tal problemática.

É preciso identificar fator por fator que leva a essa situação e tratá-los de forma a resolver cada particularidade que causa o fenômeno.

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JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA. TEOLOGIA DA SEDE, PAULINAS 2018. P.56

A depressão é uma espécie de prostração que se manifesta em graus mais ou menos intensos e que, por vezes, coaduna-se numa forma morna de viver. Como afirma Dom Tolentino 1, essa debilidade se manifesta quando desistimos de desejar, “de achar sabor nos encontros, nas conversas partilhadas, nas trocas, nas saídas de nós mesmos, nos projetos, no trabalho, na própria oração” . Na verdade, é esta sede de nada que nos adoece. Quando renunciamos a sede é que começamos a morrer.


então uma das maneiras de recuperá-la no ser humano, além de um acompanhamento psicológico adequado, é recompor as estruturas da dignidade, juntamente com o autoconhecimento e, por consequência, o amor-próprio. É importante também salientar que o homem é composto por corpo-alma, portanto, um reconectar do ser com o Divino, ou seja, alma e espírito (transcendente); também é essencial para que o ser doente do corpo e da mente possa encontrar a cura naquilo que está além da sua capacidade física de tocar - Deus. Além do acompanhamento clínico-psiquiátrico, cabe para os assuntos da alma um itinerário espiritual, através do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado.

TENDÊNCIAS DA MODERNIDADE

A depressão é uma realidade que tem crescido no seio de muitas famílias. Ela não escolhe classe social ou etnia. Trata-se de olhar a vida de modo atonal, sem apetite, uma doença que tem raízes profundas, decorrentes de um grande vazio que causa sofrimento. O que se tem presente é uma constante e lenta percepção da perda do sentido da vida e, com isso, começa-se o autoisolamento do indivíduo. É constitutivo da natureza humana sonhar com um amanhã melhor ou simplesmente acreditar que tudo pode dar certo, mas a depressão esvazia ‘o tudo’ e preenche com ‘o nada’, e ainda pior, ela faz perder os horizontes possíveis da felicidade. Se a depressão impulsiona a tendência de perder a esperança,

aborto Vivemos em um mundo onde a cultura do descarte e da morte tem crescido e produzido ações das mais tristes, e que contribuem muito para aquilo que o Papa Francisco chama de “perda do valor humano”. O aborto vai à esteira desse valor humano que se perde a cada dia e é explorado por quem defende tal método com pretextos econômicos, sociais e pessoais, aproveitando-se da chaga da desigualdade social, que permeia as periferias dos grandes centros urbanos. No Brasil, é justo dizer que nenhuma mulher, em sã consciência, aborta porque quer. Nossa cultura é uma cultura de mulheres jovens, que, por vezes sozinhas, batalham para criar seus filhos mesmo sendo abandonadas pelas famílias, pelos esposos, pelos amigos, pela sociedade e pelo Estado. Todavia, há uma tentativa de relativizar e incutir na sociedade, utilizando-se da linguagem banalizada, a prática do aborto, como se a discussão sobre o direito de viver fosse apenas uma mera lei ou uma decisão que cabe somente à mãe. A vida terrena deve ser defendida desde a concepção até o seu término com a morte natural. Não porque a lei requer assim, mas porque a vida é dom inefável de Deus. “O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2, 7-8). Por isso, é importante o papel da Igreja, no sentido de acolher mulheres vítimas de relacionamentos abusivos, vítimas da violência doméstica física, sexual ou psicológica. A comunidade tem um papel fundamental de não julgar aquelas que são vítimas da própria história, instruindo-as e mostrando a face de Cristo, que consola com gesto de amor e misericórdia.

Portanto, “...em atenção a palavra de Jesus e ao ensinamento da Igreja, especialmente sua doutrina social, que ilumina os critérios éticos e morais, nossas comunidades devem ser defensoras da vida desde a fecundação até o seu fim natural” (DGAE, N 171). CONTINUE LENDO ESTE ARTIGO NA PÁGINA SEGUINTE.15


TENDÊNCIAS DA MODERNIDADE

SUICÍDIO ENTRE OS JOVENS Com a expansão dos meios de comunicação e do avanço tecnológico, as redes sociais se tornaram uma ferramenta importante para conectar pessoas. Mas o que era para ser conexão de pessoas distantes, tornando-as próximas, se transformou em um comportamento no mínimo estranho, a ponto de famílias, grupos de amigos ou conhecidos se encontrarem ou conviverem fisicamente, mas não conversarem sobre a vida e as coisas que a envolvem. Em nossas telas, tornamo-nos parecidos com arquipélagos on-line, ou seja, um conjunto de ilhas que não se comunicam entre si pessoalmente. Os resultados desses comportamentos são diversos entre os jovens. Um deles é a superficialidade das relações. Essa superficialidade e também falta da proximidade, até mesmo de referência familiar, faz com que eles se refugiem nas drogas, na depressão ou no fenômeno crescente da automutilação e do suicídio. As consequências daqueles que têm tendência a pensar em tirar a própria vida ou a se automutilarem, nascem do sentimento de solidão em meio a uma multidão de pessoas ao seu redor, sofrendo com angústia, raiva, frieza com o próximo e sentimento inexplicável de vazio. Ou seja, tudo aquilo que os likes, compartilhamentos, stories, bebidas e drogas não podem curar.

A resposta para essas situações que ameaçam a vida passa pelo afrontar da realidade, pelo ouvir e interpretar os sinais dos tempos, pelo acolher os detalhes do Espírito. Neste sentido, o discernimento que conduz à autonomia e à maturidade é essencial para se dar passos possíveis em direção ao Reino, na formação da identidade e também na comunhão da pluralidade. Jesus é o Mestre da Vida. Ele restaura nossa dignidade humana, regenera todas as coisas. Buscar Jesus é buscar o próprio bem, é buscar o bom, é buscar a vida. Caminhar nessa estrada é trilhar um caminho acompanhado – essa companhia auxilia, instrui e, ainda assim, carrega a pessoa no colo, de forma que já não está mais só. Afinal, o próprio Jesus afirma:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração,e encontrareis descanso para as vossas vidas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (CF. MT 11,28-30)

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DOM EDUARDO MALASPINA BISPO REFERENCIAL DA COMISSÃO EM DEFESA DA VIDA E E AUXILIAR DA DIOCESE DE SÃO CARLOS (SP)


A Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, em sintonia com a caminhada da Igreja no Brasil e no Regional Sul 1 da CNBB, por meio do Conselho Missionário Regional (Comire) tem procurado ser este norte para pensar e fazer acontecer a missão no âmbito, local e além-fronteiras. A consciência missionária vem crescendo a cada dia, sobretudo nos leigos e seminaristas que ajudam a compor o rosto de uma Igreja Missionária, “em saída”, como nos pede o papa Francisco. Essa responsabilidade dá uma identidade para o nosso ser e o nosso fazer missionário: “Eu sou uma missão nesta terra” (Evangelii Gaudium, 273). A missão é o coração da Igreja! Se o “coração não arde, os pés não caminham”, nos lembrou padre Maurício Jardim, diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), em nosso 39° Encontro Estadual Missionário, cujo tema “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”, está em consonância com o Mês Missionário Extraordinário lançado pelo papa Francisco. Para o Comire, tem sido um tempo de graça ampliar os horizontes da missão, em um dinamismo que chega até nós pelas belas notícias que recebemos de nossas Igrejas Particulares, em estado permanente de missão. Isto faz nosso coração pulsar de alegria missionária! A partir de nossos objetivos, temos dado passos significativos com envios de missionários do Regional para o Norte 1, há 25 anos, e também para Pemba, (Moçambique), onde tivemos a grata felicidade de enviar neste ano o casal César e Rosani Campos, que fez parte da Equipe Executiva do Comire. Mantemos nosso empenho na formação missionária, para enviar pessoas preparadas para o serviço, sem descuidar da espiritualidade e da vida de oração, alma da missão. Também acompanhamos nossas dioceses na sua animação missionária e articulação – com visitas, encontros e formações. Nosso calendário contempla três reuniões da Equipe Executiva, que é composta pelo Bispo Referencial Dom José Carlos Chacoroswski, padre assessor Éverton Aparecido da Silva, coordenadora Maria de Fátima da Silva, tesoureira Francisca Margarida da Silva e secretária Maria Helena Freire, para organização e planejamento das atividades. Somam-se duas reuniões da Equipe Ampliada com as diferentes forças missionárias de nossa realidade (IAM, Juventude Missionária, Leigos Missionários,

etc.) para execução, troca de experiência e escuta das coordenações das Sub-Regiões Pastorais e organismos, com seus respectivos representantes. Também temos nossa Assembleia Anual para alinharmos as ações missionárias do próximo ano. Realizamos a cada ano um Encontro Estadual Missionário, com o objetivo de formar, animar, articular e celebrar a missão no Regional. Este Encontro é acolhido a cada ano por uma Diocese. No próximo ano, realizaremos o 40° Encontro na Diocese de Campo Limpo. O Capítulo 4 das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, A Igreja em Missão, ao falar do Pilar da Ação Missionária, estado permanente de missão, afirma que a meta das comunidades cristãs é consolidar a mentalidade missionária. Sem dúvida, “A missão é o paradigma de toda ação eclesial. Ela, então, precisa ser assumida dessa forma” (EG, 15). Por isso, o papa Francisco nos apresenta um modelo missionário para os nossos tempos: a iniciativa de procurar as pessoas necessitadas da alegria da fé; o envolvimento com sua vida diária e seus desafios, tocando a carne sofredora de Cristo; o acompanhamento paciente em seu caminho de fé; o reconhecimento dos frutos, mesmos que imperfeitos; a alegria e a festa em cada pequena vitória (EG, 24; DGAE, 186). Somos exortados ainda à importância de implantar e aperfeiçoar os conselhos missionários em todos os níveis (paróquia, diocese e regional), a fim de que estes conselhos sejam animadores e articuladores da acolhida e presença do espírito missionário em nossas comunidades por meio da programação, execução e revisão das ações missionárias (Redemptoris Missio, 84). Que Maria, a primeira missionária, nos ajude a cumprir este propósito!

DOM JOSÉ CARLOS CHACOROWSKI: BISPO DE CARAGUATATUBA E PRESIDENTE DA AÇÃO MISSIONÁRIA E COOPERAÇÃO INTERECLESIAL MARIA DE FÁTIMA DA SILVA E PADRE ÉVERTON APARECIDO DA SILVA: COORDENADORES

A IGREJA DE CRISTO

A IGREJA DE CRISTO EM MISSÃO NO MUNDO

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DOCUMENTOS DA IGREJA - 55

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VISITA MISSIONÁRIA

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER

Há alguns anos, o bispo da Diocese de Pemba, no norte de Moçambique, é um missionário passionista brasileiro: Dom Luiz Fernando Lisboa, nascido em Osasco, (SP). Vista a falta de pessoal missionário na sua imensa diocese, equivalente à metade do estado de São Paulo, ele apelou por ajuda aos bispos brasileiros.

E foram justamente os bispos do Estado de São Paulo que abraçaram a missão, enviando sacerdotes, religiosos e leigos para trabalharem na Igreja da Diocese de Pemba. Ao todo, já são 12 sacerdotes, e um grupo de consagrados, leigos e leigas. Também a Conferência dos Religiosos (CRB) de São Paulo participa da missão com uma comunidade intercongregacional.

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E há várias congregações religiosas, como os Saletinos e Passionistas, que também mantêm missionários brasileiros na Diocese de Pemba. O projeto missionário das dioceses do Regional Sul 1 da CNBB, correspondente ao estado de São Paulo, além de enviar pessoal missionário, também providencia a ajuda financeira para manter a missão. Cada diocese participa com uma quota anual. De fato, além de manter os próprios missionários, também são necessários os meios para a realização da missão, como veículos para os deslocamentos, a alimentação, a manutenção das casas, a saúde e, é claro, as múltiplas ajudas à população local. Moçambique foi colônia portuguesa desde o século 16 até a década de 1970. Houve uma longa guerra pela independência e, uma vez conseguida, houve uma dura guerra civil pela tomada efetiva do poder. Depois de um período de governo marxista, o país vive hoje uma realidade democrática ainda em evolução. Possui muitas riquezas, mas a população é, em geral, pobre e vive de uma maneira bem simples. Os analfabetos ainda são muitos e há problemas de saúde endêmicos, como malária, lepra e Aids. A economia popular é feita de agricultura de subsistência e de pequeno comércio. Como base para a alimentação diária são oferecidos arroz, mandioca e milho, do qual fazem uma espécie de polenta. A população é jovem e as mulheres, geralmente, têm muitos filhos, começando a tê-los bem cedo, até com 13 ou 15 anos de idade. Há crianças e jovens por toda a parte!

O trabalho dos missionários é imenso e vai desde o atendimento religioso, aos cuidados à saúde e à educação do povo. Em cada paróquia ou sede da missão, há também escolas e várias formas de promoção humana e assistência social. As reuniões e celebrações das comunidades são muito bem participadas, sempre com muita música, ritmo e bailado. O povo é profundamente religioso e conserva, além da fé cristã recebida, certos ritos e costumes religiosos ancestrais. Além da Igreja Católica, há uma forte presença muçulmana e também alguns grupos evangélicos. A convivência, até agora, tem sido pacífica e harmônica. Infelizmente, porém, nos anos mais recentes, houve alguns atentados e ataques a aldeias, atribuídos a grupos religiosos extremistas, que arriscam perturbar essa convivência religiosa harmônica. Dom Luiz Fernando recebe, na casa episcopal de Pemba, os missionários e sacerdotes locais com grande hospitalidade. Sua casa é um centro de apoio missionário, onde sempre há movimento. Isso é importante para o apoio ao serviço missionário, além de facilitar os cuidados da saúde e o abastecimento às missões espalhadas pelo vasto território. Há paróquias com mais de 400 quilômetros de distância da sede da diocese, que fica à beira do Oceano Índico. Pemba é a capital política da província de Cabo Delgado, que já faz divisa com a Tanzânia. Em Maputo, a capital do País, tive a ocasião de visitar a comunidade missionária da Aliança de Misericórdia, que ali atua com um padre e alguns leigos consagrados. Estão dedicados a uma comunidade muito pobre, onde também cuidam da assistência religiosa, da saúde, alimentação e formação humana geral. Além deles, outros numerosos missionários brasileiros atuam em Maputo e em outras dioceses do país. ARTIGO PUBLICADO EM O SÃO PAULO, ED DE 21 08 2019

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VISITA MISSIONÁRIA

Uma equipe representando o Regional Sul 1 da CNBB e repórteres da Canção Nova viajaram para acompanhar o cardeal e também puderam testemunhar a Missão. Antonio Evangelista, da Cáritas Brasileira Regional São Paulo, Diácono Domingues e sua esposa, Cida, foram algumas das pessoas que integraram a comitiva.

Testemunhando a Missão

“Deixar nascer em nós a missionaridade, amando o povo de Deus, onde quer que esteja, é o que nos moveu a sair e conhecer as diferentes realidades chegando à África. Certamente, Cristo está em cada rosto e em cada relação de amor ao próximo que experimentamos nesta viagem missionária.”

“Quando recebi o convite para a viagem a Moçambique, achei que era uma ótima oportunidade para conhecer de perto a Missão mantida pelo Regional Sul 1 com o apoio da Cáritas. Alegro-me pela missão da Cáritas em construir caminhos que ultrapassam as fronteiras para assegurar a dignidade humana. Valorizo a necessidade e a importância deste Projeto de ação missionária e humanitária na Diocese de Pemba, com o Evangelho, e por Ele, a África é logo ali. Rogamos a Deus e a Nossa Senhora da África pela missão”.

Diácono Domingues e sua esposa Cida Secretário Administrativo do Regional Sul 1 da CNBB

Antonio Evangelista Cáritas Brasileira Regional São Paulo

Breve histórico da Diocese de Pemba 1 Criada em 1957, com uma área de cerca de 82.625 quilômetros quadrados (quase do tamanho de Portugal) e localizada ao norte de Moçambique, a Diocese de Pemba abrange toda a Província de Cabo Delgado, que faz fronteira ao norte com a Tanzânia e ao sul com Nampula.

2 Moçambique é um dos países mais pobres do continente africano, e a Província de Cabo Delgado é uma das suas regiões mais carentes com uma população de dois milhões, trezentos e quarenta mil habitantes.

3 Estima-se que 30% da população seja católica, entre 20% e 22% muçulmanos, e quase metade da sociedade local (cerca de 48% a 50%) tenham religiões tradicionais africanas.

CRÉDITO: PADRE MICHELINO ROBERTO/O SÃO PAULO.

A Missão do Regional Sul 1 na África 22

O desejo de um projeto no continente africano teve início em 2015, quando o bispo diocesano de Pemba, Moçambique, África, Dom Luiz Fernando Lisboa, cp, fez um apelo aos Bispos do Episcopado Paulista para que as Igrejas do Regional Sul 1 cooperassem com aquela Diocese. Este foi oficializado em junho de 2016, quando, reunidos em Assembleia Regional, os bispos acolheram o pedido de ajuda à Igreja na África. Em abril de 2018, foram dados os primeiros passos com o processo de conscientização missionária, campanhas de ajuda solidária e o envio dos primeiros missionários e missionárias. Atualmente, tem havido uma reaproximação entre as duas missões (Amazônia e Pemba) e vários projetos comuns estão sendo realizados.


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DIOCESE DE PEMBA

Regional Sul 1 da CNBB abraça a Diocese de Pemba O que era antes um sonho, tornou-se realidade: a parceria missionária entre o Regional Sul 1 da CNBB e a Diocese de Pemba, situada ao norte de Moçambique. Depois de enviar missionários que assumiram três áreas pastorais em nossa Diocese, o Regional envia visitadores para conhecerem a realidade e aprofundarem este caminho de fraternidade entre as Igrejas irmãs. Depois de recebermos a visita do Bispo de Jundiaí (SP), Dom Vicente Costa, e dois de seus padres diocesanos, no fim do mês de maio e início de junho, agora, em meados de agosto, foi a vez de uma comitiva do Regional liderada pelo Cardeal Dom Odilo Scherer. Essas visitas são repletas de significado, pois confirmam a comunhão entre as Igrejas Particulares (Dioceses) e revelam a colegialidade da mesma Igreja. Na Igreja, todos somos responsáveis uns pelos outros. Os Bispos, embora estejam numa Diocese, são bispos de toda a Igreja. As visitas de Dom Vicente e do Cardeal Odilo foram momentos de intensa riqueza para todos nós, especialmente para mim. Poder partilhar, trocar experiências, dar a conhecer a nossa realidade, o nosso povo com a sua religiosidade, suas culturas, línguas, músicas, danças, dificuldades, alegrias e experiências de vida... A visita dessas duas delegações às nossas comunidades em vários pontos de nossa Diocese

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encheu de alegria e entusiasmo os cristãos visitados e, com certeza, reforçou a fé e a esperança daqueles que visitaram. Nossa Igreja é muito jovem e dinâmica, temos apenas 62 anos desde a criação da Diocese. Nossa população é majoritariamente jovem e tem muita sede de aprender, saber, relacionar-se, e crescer. O trabalho da Igreja é o de evangelizar, o de levar a Boa-Notícia de Jesus. Os missionários e as missionárias, ao entrarem em contato com as várias realidades, aprendem muito e também encontram situações de sofrimentos por causa da extrema pobreza, desnutrição, falta de água, escolas, atendimento médico e medicamentos. Aos poucos vão tentando minimizar o sofrimento do povo com pequenos projetos sociais. Acima de tudo, o povo tem sede de Deus e a nossa presença reforça a convicção de que “Deus não nos abandonou”. Obrigado Dom Odilo, Dom Vicente e todos os outros visitadores por essa presença amorosa e fecunda. Obrigado por partilharem, dessas Igrejas mais experientes, pessoas e recursos para o nosso mútuo crescimento. Neste Mês Missionário Extraordinário, convocado pelo Papa Francisco, reforcemos nossos laços rezando uns pelos outros. Batizados e enviados. Todos, tudo e sempre em missão!

DOM LUIZ FERNANDO LISBOA, CP BISPO DE PEMBA - MOÇAMBIQUE


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25 ANOS DE MISSÃO

25 ANOS DE PRESENÇA MISSIONÁRIA NA AMAZÔNIA No ano em que a Igreja celebra junto com o papa Francisco o Mês Missionário Extraordinário, o Regional Sul 1 da CNBB celebra seus 25 anos de presença missionária na Amazônia. Em abril de 1994, nasceu o Projeto Missionário da CNBB Sul 1 – Norte 1. Na Assembleia Geral, em Itaici, os Bispos do Estado de São Paulo, por meio de seu Presidente, Dom Eduardo Koaik (in memoriam), firmaram o compromisso de organizar um Projeto com a finalidade de atender às necessidades da Igreja na Amazônia. No início, a Conferência dos Religiosos/as do Estado de São Paulo aderiu ao Projeto. A partir daí, constitui-se a primeira comunidade Intercongregacional, no interior da Arquidiocese de Manaus (AM). Nesses 25 anos de história, diversos sacerdotes, padres, diáconos, religiosas, leigas e leigos, já passaram pelo projeto, que abriram novas frentes de missão ou sucederam os que retornaram. Entre eles, o que ficou mais tempo foi o padre Valdemar Aparecido dos Reis, mais conhecido como padre Pardal. Atualmente está na Prelazia de Tefé (AM). Para comemorar tamanha história, várias atividades foram realizadas de março deste ano até agora. Entre os dias 22 de março a 10 de abril, houve uma viagem missionária à Amazônia e uma celebração para comemorar o aniversário dessa missão. Durante a Assembleia Regional dos Bispos, realizada em junho, foram publicados diversos vídeos e materiais que relembraram esta viagem missionária. Além do lançamento de um livro que traz um registro histórico, com testemunhos de pessoas que fizeram parte dessa trajetória.

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“A presença do Regional Sul 1 tem representado uma valiosa contribuição à Igreja da Amazônia, porém, insuficiente diante de tantos irmãos e irmãs da vasta região amazônica que erguem mãos em súplicas e gritos por socorro”, destaca o presidente do Regional Sul 1 da CNBB, Dom Pedro Luiz Stringhini, em editorial de uma publicação comemorativa do Projeto. Para o presidente do Regional Norte 1 da CNBB, Dom Mario Antônio da Silva, o projeto de comunhão e solidariedade da Missão do Regional Sul 1 e Norte 1 tem marcado muito a missão e a caminhada das comunidades, tanto na Amazônia como em Roraima. “Estamos muito agradecidos pelos 25 anos deste projeto aqui em nossas dioceses, prelazias e arquidioceses. É de fato um momento bonito poder dizer que é uma página viva da Missão do Ide e anunciai, que o próprio Jesus pede a toda a Igreja. É de fato momento de agradecer a Deus e de agradecer a todos os missionários que com sua dedicação e empenho têm nos ajudado e acompanhado na formação e animação de nossas comunidades, que são numerosas, são pequenas, mas cheias de vida e cheias de Deus”, disse o bispo.


AÇÃO EVANGELIZADORA (MC 3, 13-15)

Abordar o tema da evangelização no contexto educativo só é eficaz a partir do pressuposto da fé e da vivência desta, em comunidade, tanto para os evangelizadores quanto para os evangelizados. É a partir do batismo que ambos se reconhecem irmãos, filhos do mesmo Pai, que, no encontro com a pessoa de Jesus Cristo, sob a ação do Espírito, se sentem impulsionados a sair de si mesmos em direção ao outro, especialmente junto aos que sofrem. Papa Francisco, na audiência aos participantes da plenária da Congregação para a Educação Católica, 2018, apresenta três chaves para se levar em consideração no mundo da educação:

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AÇÃO EVANGELIZADORA

1

H U M A N I Z A R A E D U C AÇ ÃO

“Frente ao individualismo invasivo que rende humanamente pobres e culturalmente improdutivos, é necessário humanizar a educação. As instituições católicas têm ainda mais a missão de oferecer horizontes abertos à transcendência” e a educação deve estar “a serviço de um humanismo integral”. A Igreja, “como uma mãe educadora, olha sempre para as novas gerações na perspectiva da formação da pessoa humana, tanto do ponto de vista de seu fim último, como do bem das sociedades das quais o homem é membro”.

2

C U LT U R A D O D I Á LO G O

“Nosso mundo se converteu em uma aldeia global com múltiplos processos de interação, onde cada pessoa pertence à humanidade e compartilha a esperança de um futuro melhor com a família inteira dos povos”, afirmou Francisco. Ao mesmo tempo, lamentou que “há muitas formas de violência, pobreza, exploração, discriminação, posturas que limitam as liberdades fundamentais que criam uma cultura do descarte”. Neste contexto, afirma, “as instituições católicas de educação são chamadas, em primeira linha, a praticar a gramática do diálogo que forma o encontro e a valorização das diversidades culturais e religiosas”. 3

P I L A R DA AÇ ÃO M I S S I O N Á R I A

“O homem não pode viver sem esperança”, assegurou o Papa. “A educação é geradora de esperança. De fato, a educação é um dar à luz, é um fazer crescer, se situa na dinâmica do dar a vida. E a vida que nasce é a fonte mais fecunda da qual brota a esperança, uma vida sempre em busca da beleza, da bondade, da verdade e da comunhão com os demais, para um crescimento comum.” “Os jovens de hoje têm muita necessidade dessa vida que constrói futuro. Por isso, o verdadeiro educador é como um pai e uma mãe que transmite uma vida capaz de futuro.” Para conseguir isso, o Pontífice sugeriu “escutar os jovens” e assegurou que a Igreja fará isso de modo particular a partir do Sínodo dos Bispos dedicado a eles. Com a Igreja e como Igreja, trilhemos juntos os itinerários formativos de educação de nossos estudantes e colaboradores, para que evangelizemos educando e eduquemos evangelizando sob as bênçãos de Nossa Senhora Educadora.

ASSESSORA DE PASTORAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA (ANEC) : IRMÃ CLÁUDIA CHESINI DIRETORIA NACIONAL DA ANEC: PADRE ROBERTO DUARTE CMF 28


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COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE

CEBs, luzeiros para transformar o mundo

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As Comunidades Eclesiais de Base (Cebs) procuram viver como Igreja nesta sociedade que explora os recursos naturais de modo predatório, assim como a força de trabalho de homens e mulheres num contexto de precarização do emprego, jamais vista na história. Isso exige que nossas ações sejam profundas, carregadas de coragem e ousadia, espiritualidade e mística, além de ciência e planejamento. A realidade em que vivemos, questiona a eficácia das CEBs, enquanto fermento na massa, sal da terra e luz do mundo. No entanto, este questionamento do papel das CEBs como Igreja na sociedade coopera no fortalecimento da identidade dos seus membros. O jeito de ser Igreja, enquanto CEBs, surgiu no início da década de 1960, em um contexto de crise social, econômica, política e religiosa, em que grupos de cristãos aspiravam transformar a realidade socio-eclesial. O fundamento teórico das CEBs decorre da eclesiologia do Vaticano II, das Conclusões das Conferências Episcopais Latino-Americanas (Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida), da reflexão teológico-pastoral da CNBB (Documentos 25 e 92). E mais recentemente, nas indicações do Papa Francisco, como a Igreja “em saída”, profética e missionária no meio do povo, preferencialmente dos mais pobres. Os encontros intereclesiais são momentos fortes de oração, celebração e reflexão, com foco nas relações entre a Palavra e a vida, e defesa permanente dos direitos fundamentais de homens e mulheres empobrecidos pelo sistema econômico.

É de se ressaltar que o legado teórico passa pela reflexão de homens e mulheres com os pés no chão da realidade de nossa gente sofrida, na qual a esperança é alimentada pelo Deus da vida: “Eu vi o sofrimento do meu povo (...) desci para libertá-lo” (Ex 3,7-8). Eles também procuram manter os olhos fixos em Jesus de Nazaré, que iniciou sua missão na Galileia dos marginalizados (cf. Mt 4, 12-17) e num sábado, na sinagoga de sua terra natal, disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres. Enviou-me para anunciar a libertação aos presos e liberdade aos oprimidos, e para anunciar o ano da graça do Senhor” (cf. Lc 4,18-19). Por isso, os membros das CEBs se inserem nos movimentos sociais e populares de viés libertário, visando serem sinais de resistência e instrumentos de luta contra a exploração do sistema capitalista, agora agravado pelas ações de governos que defendem uma economia ultraliberal. Diante dessa realidade, com perdas de direitos de homens e mulheres, duramente conquistados na luta histórica da classe trabalhadora, o povo de Deus na caminhada das CEBs procura concretizar um apelo do Papa Francisco: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos e nenhum povo sem território”, como expressão do seguimento de Jesus Cristo e compromisso com o Projeto do Reino. Que a intercessão de nossa Mãe Maria, que no Brasil tem o rosto negro da imagem de Aparecida, e a força do Espírito Santo fortaleçam e inspirem as CEBs na sua caminhada de cooperação na construção do Reinado de Deus.

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AMAZÔNIA

Preservar a Amazônia e defender a vida no Planeta “A criação geme e sofre as dores de parto” (Rm

É momento de rezar, tomar consciência,

8,22). As notícias e as imagens dos devastadores

assumir um processo interior de conversão e

incêndios que atingem a floresta amazônica

resgatar os verdadeiros valores, adotando um

causam perplexidade, tristeza e indignação diante

modo de vida mais sóbrio e coerente que comprove

de um crime ambiental de proporções alarmantes,

uma real e eficaz mudança de comportamento.

com consequências imprevisíveis e danos que

Nas dimensões pessoal e social, é hora de exercer

podem se tornar irreversíveis e irreparáveis.

a cidadania, por meio de atitudes nobres, firmes e

Tais

fatos

mundial

corajosas, no compromisso em favor da justiça, da

envergonham o Brasil e os brasileiros. Chefes

paz e de um mundo ecologicamente sustentável.

de Estado e governantes de diversas nações

O cristão é chamado a ser profeta do cuidado,

expressaram

e

repercussão

acompanhada

por meio de palavras e gestos que revelem

de veemente reprovação. Cidadãos no Brasil

respeito, admiração e contemplação da beleza

e

no

sua

sua

exterior

se

preocupação

manifestações

da criação, obra do infinito amor de Deus, como

populares para mostrar que a defesa da vida

unem

em

tão bem ensinou São Francisco de Assis. É preciso

humana e do bem comum passa pelo cuidado

cuidar com o olhar de Deus, que “formou a terra

com o Planeta Terra, que o Papa Francisco, na

e firmou suas bases não para ser um deserto, mas

Encíclica Laudato Si’, denomina de “casa comum”.

sim terra habitável” (cf. Is 45,18); o mesmo Deus

Sim, o Planeta é a “casa comum” e a

que criou “o ser humano e o colocou no jardim,

preservação da floresta amazônica, com suas árvores, seus animais e sua rica biodiversidade

para cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). O meio ambiente precisa ser tratado nos

não diz respeito só ao Brasil, mas é direito e dever

parâmetros

de toda a humanidade. O que está em jogo é o

levantar a voz e proteger a Amazônia, em vista

oxigênio que se respira, a água a que todos têm

do mundo habitável que se deseja deixar para as

direito, o ciclo natural das chuvas, a preservação

futuras gerações. Cuidar da criação é missão de

das espécies e a sustentabilidade da vida no

todo cidadão, de todo cristão, de toda pessoa de

Planeta. Denunciar a devastação e ocupar-se

boa vontade e de toda a Igreja, pois desde o início

da preservação da Amazônia não representa

“Deus viu tudo quanto havia feito, e tudo era

nenhuma ameaça à soberania; pelo contrário, o que

muito bom” (Gn 1,31).

da

ecologia

integral.

É

preciso

a ameaça é a ganância, a insensatez e o retrocesso que os brasileiros estão assistindo nos dias atuais.

DOM PEDRO LUIZ STRINGHINI BISPO DE MOGI DAS CRUZES PRESIDENTE DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB

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OCIDENTE EM CRISE Sabemos que não é fácil dar uma definição unívoca de Ocidente. Adoto, aqui, a proposta de Gianni Baget Bozzo: o Ocidente é a terra da cristandade secularizada. Muitas vezes nos perguntamos: por que esta terra, o Ocidente, chegou hoje a um estuário cultural tão distante de Deus? É um caso verdadeiramente único entre as demais culturas que, sem dúvida, conhecem em seu seio fenômenos de ateísmo, mas não parecem culturas, em sua globalidade, ateias. Numa homilia feita em Segóvia, Espanha, no dia 4 de novembro de 1982, São João Paulo II, aceitando a sugestão de que se trata de uma verdadeira noite escura espiritual, não só dos indivíduos, mas epocal, de toda uma cultura, não hesita em ler a grande crise cultural do Ocidente como a noite escura de toda uma cultura cristã. Não estamos mais diante apenas do obscurecimento de Deus no espírito do homem como indivíduo, para que este se purifique e seja capaz de contê-lo na sua glória, depois de passar pela experiência dolorosa da sua ausência; hoje estamos diante do obscurecimento de Deus no “coletivo” da humanidade ocidental. Nesta ótica, a noite escura epocal do Ocidente é o enfraquecimento de um coletivo culturalreligioso, enfraquecimento por causa da fragmentação desse coletivo na solidão sem comunhão dos indivíduos. Só então, em uma nova recomposição dos indivíduos dentro da realidade cristã, é que a crise poderá ser resolvida, devendo agora se deixar salvar pelo Cristo na comunhão.

A CRISE DA SOCIEDADE SE REFLETE NA IGREJA A vida da Igreja no mundo de hoje é repleta de desafios, apercebemos-nos que em cada um destes desafios estão contidos um chamado e uma nova oportunidade: o convite a uma grande renovação, uma verdadeira “reforma” da vida eclesial. Não no sentido de romper com o passado para fazer algo totalmente novo, mas de levar a Igreja a uma “nova floração” da árvore, na direção daquela “nova primavera” que os últimos papas preconizaram. Os sinais de que Deus está nos chamando a isto são muitos. Procuraremos apresentar alguns exemplos: O escândalo dos abusos sexuais praticados por um certo número de sacerdotes e de pessoas consagradas a Deus provocou, sobretudo nos países mais atingidos, uma grande perda de credibilidade na Igreja. Certamente é preciso refletir profundamente sobre os critérios mediante os quais são escolhidos e formados os futuros ministros, mas, sobretudo, todos somos chamados a uma nova coerência e a um novo empenho no caminho da santidade. Outro desafio são os recentes fenômenos de cristianofobia, a onda de perseguições e até de ataques violentos aos cristãos em várias partes do mundo. Sem dúvida alguma, é preciso denunciar esses fatos e dar os passos necessários também em nível diplomático e político.

1 2

34

CF. BAGET BOZZO, 1995. CF. TAMBÉM, PELA RIQUEZA DE PROPOSTAS SUGESTIVAS, CACCIARI, 1994. SCHÜRMANN, 1977, PP. 180-181; APUD ROSÉ, 1986, P. 139, NOTA 14.


EM MEIO À SOMBRA, SEMPRE BRILHA A LUZ São João Paulo II, na Novo Millennio Ineunte, 43, apresentou seu programa para o terceiro milênio. “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que temos diante de nós no milênio que se inicia, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e também responder às expectativas mais profundas do mundo.” O Papa emérito Bento XVI, desde o início de seu pontificado, sublinhou um aspecto complementar e fundamental: “É urgente levar Deus à humanidade de hoje. A Igreja deve concentrar-se toda nisto: dar Deus, testemunhar Deus”. Francisco, o atual pontífice, apresentou-nos a eclesiologia de uma “Igreja em saída”, voltada para as periferias não só geográficas, mas existenciais. Esse seu programa se expressa nos seus textos magisteriais, que apresentam uma preocupação com a evangelização dos pobres, das famílias, da juventude, um maior cuidado com as questões ambientais, agora expressas também no Sínodo da Amazônia. Ao interno da Igreja Católica cresce, com razão, a instância de manter-se fiel à própria identidade e de viver firmemente radicados em Deus e no seu mistério. Aquilo que se revela

difícil é traduzir a realidade de Deus que é Amor em comunhão, no cotidiano. Há meio século do Concílio, com sua bela visão da Igreja-comunhão, a palavra “comunhão” em muitos lugares parece ter-se progressivamente esvaziado. O Concílio tinha falado da Igreja como Povo de Deus, dotado dos mais variados dons (cf. Lumen Gentium 4 e 12), no qual os presbíteros, no entanto, com seu específico e indispensável ministério, vivam entre os leigos como irmãos entre irmãos, colaborando com eles na comum tarefa de edificar o Corpo de Cristo (cf. LG 32 e 37; Presbyterorum Ordinis 9).

PASTORAL NO MUNDO

Hoje, somos chamados a um novo radicalismo no seguimento de Jesus e, portanto, a uma mais profunda escolha de Deus e a um testemunho de fé e de amor mais corajosos. Com o avanço da secularização, as Igrejas cristãs experimentam uma crescente crise de importância. Para um número sempre maior de pessoas, Deus e a Igreja são simplesmente insignificantes. Diante desta situação, há necessidade de um empenho na transmissão da fé, traduzindo a verdade cristã no hoje e fazendo com que ela toque a vivência das pessoas. O desafio da multiculturalidade e multireligiosidade: no multiforme contexto de hoje, a Igreja corre o risco de tornar-se uma das múltiplas agências que satisfazem a difusa necessidade do “sagrado” e a busca de um significado para a vida, uma oferta religiosa entre tantas outras.

É PRECISO RELEMBRAR A ECLESIOLOGIA DA CASA A Igreja no Brasil, por meio de sua Conferência Episcopal (CNBB), tem feito um caminho muito interessante para propor às nossas comunidades a vivência do Evangelho. Esse caminho passa por um olhar profundo para a Igreja primitiva, como que uma tentativa de responder como os cristãos dos primeiros anos da Igreja viviam a fé. quando o episcopado se propõe responder a essa indagação, vai por consequência redescobrindo o essencial da vivência da fé em comunidade, esse essencial era como que colunas que sustentavam a vida comunitária, se é assim, o que eram as colunas daqueles tempos, devem hoje ser as colunas dos nossos tempos. As primeiras comunidades cristãs se reuniam em casa, a casa era o espaço da comunidade. Hoje dois milênios depois, mesmo que nos reunamos em templos, não podemos perder o espírito de familiaridade, de uma Igreja lugar para todos se achegarem e se sentirem amados, incluídos, escutados e acompanhados. Diante da cultura urbana, cada vez mais abrangente, as novas diretrizes estão estruturadas a partir da imagem da comunidade cristã como “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3,9). No centro, como eixo, está a Comunidade Eclesial Missionária, sustentada por “quatro pilares”: Palavra, Pão, Caridade e Missão.

CONTINUE LENDO ESTE ARTIGO NA PÁGINA SEGUINTE.

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PASTORAL NO MUNDO

QUAIS SÃO AS PRIORIDADES PARA A AÇÃO DA IGREJA? Como fazer de nossas comunidades verdadeiras casas da evangelização? Criando novos programas? Penso que não. Mas sim, valorizando aquilo que já existe em nossas dioceses e paróquias. Três exemplos cito adiante:

1 2 3

Apresentar, num primeiro momento, a todos que se aproximam de nós, os instrumentos de salvação, isto é, a dimensão sacramental, catequética e ministerial da Igreja, sob a inspiração da vida comunional trinitária. Que a apresentação da doutrina seja acompanhada de uma forte acolhida a todos, indiscriminadamente.

Para isso, no maior número de lugares possível, dar vida às “Comunidades eclesiais missionárias”, duas ou mais pessoas que vivem o amor recíproco e assim, tornam presente Jesus por toda parte onde se encontram, verdadeiras, comunidades em que se experimenta como Jesus, em meio aos seus, se torna fonte de vida e de salvação integral.

Fazer com que as estruturas de comunhão, propostas pelo Concílio Vaticano II, e de modo particular o Conselho Pastoral, no seio da paróquia e da diocese, sejam sempre lugares de intensa comunhão ao redor do Ressuscitado, onde as várias realidades da vida eclesial se encontram e estabelecem relacionamentos.

Se, ao final desta reflexão, interrogarmo-nos sobre o que é realmente importante em nossa vida cotidiana, é espontâneo responder: ser “sal”, “fermento”, “luz”. O que significa dizer: ser reflexo do Amor Trinitário, pessoas que convergem na comunhão. Acolher e viver o dom da vida comunitária é acolher o próprio Jesus. A comunhão entre os irmãos nos torna membros do corpo místico de Cristo. Participando da vida da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão, tornamo-nos aquilo que somos pela graça: Igreja Casa e escola da Comunhão.

PADRE LUIS FERNANDO DA SILVA COORDENADOR DIOCESANO DE PASTORAL DA DIOCESE DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA (SP) 36


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PASTORAIS SOCIAIS

AS PASTORAIS SOCIAIS À LUZ DA PALAVRA DE DEUS

A Comissão Episcopal Pastoral para a Ação

da vida humana e pela coragem de anunciar o

Social Transformadora da Conferência Nacional

Evangelho como discípulos de Jesus, promovendo

dos Bispos do Brasil (CNBB) – Regional Sul

o respeito aos direitos humanos e à democracia.

1, conhecida como Comissão 8, faz parte da

No atual contexto de crise moral, política,

organização pastoral da CNBB, que é formada

econômica, institucional e social que estamos

por 12 Comissões Episcopais, e juntas promovem

vivendo no Brasil e no mundo inteiro, urge

a

dimensões

a necessidade de que as Pastorais Sociais, à

globais e setores especializados. Essa Comissão

luz da Palavra de Deus, saiam a campo para

8 no Regional Sul 1 (estado de São Paulo) é

acolher as pessoas, especialmente

composta pelas representações das

as

mais

coordenações de Pastorais Sociais,

de

vulnerabilidade

organismos e movimentos, eleitos

que

em suas respectivas assembleias ou

como os migrantes, refugiados e

pessoas delegadas para esta função.

apátridas – informando, educando e

Pastoral

Orgânica,

com

suas

frágeis,

sofrem

em

situação

social,

ataques

e

as

crescentes,

A coordenação dos trabalhos tem

promovendo-os como seres humanos

como fundamento as orientações do

e sujeitos de direitos. Além disso,

Papa Francisco e as Diretrizes Gerais

as Pastorais Sociais se empenham

da Ação Evangelizadora no Brasil

em elevar a autonomia e despertar

(DGAE 2019-2023). Em comunhão

a consciência para que os pobres se

com a missão da Igreja, as Pastorais Sociais têm

tornem protagonistas, enfrentando a alienação e

o propósito de cuidar, defender e promover a

massificação imposta pelos meios de comunicação

vida e a Casa Comum em fidelidade ao Evangelho.

social. As Pastorais Sociais desejam ser uma

É justamente nesta dinâmica que se vivencia

resposta evangelizadora alternativa ao sistema

a espiritualidade de uma Igreja Samaritana e

político, econômico e financeiro perverso que

Profética: Samaritana pelo empenho em cuidar da

sufoca, degrada e mata.

“vida ameaçada e tudo que dela decorre e com ela

As Pastorais Sociais constituem o apelo do

colabora, do nascituro ao idoso” (cf. DGAE, 171),

episcopado por um Brasil mais humano, justo,

da saúde pública à educação de qualidade, do

solidário e fraterno; são o modo de unir e articular

trabalho ao direito à seguridade social, da terra

as iniciativas pessoais e de valorizá-las como

à moradia digna; Profética pelo compromisso em

participação da ação salvadora de Deus.

denunciar as estruturas negadoras da dignidade

DOM JULIO ENDI AKAMINE ARCEBISPO DE SOROCABA (SP) E BISPO REFERENCIAL

PADRE WALTER MERLUGO JUNIOR RODRIGUES DA SILVA 38

ASSESSOR ECLESIÁSTICO


39


Leonardo Cardoso F. CampĂŞlo

(Lc 10,33-34)

40


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