Informativo Camilianos - Jan/Fev/Mar/Abr

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CRUZ COMEMORATIVA PELO BRASIL Confira as três peregrinações em comemoração ao Centenário dos Camilianos.

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O POVO DE DEUS CAMINHA JUNTO A Igreja como sacramento – sinal e instrumento – de salvação para o mundo.

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PÁSCOA É VIDA NOVA Despertar da fé para a celebração da Ressurreição de Cristo.


ED I TO RI A L Apresentação

Expediente

Ano 5 - Número 16 - 2022 Informativo da Província Camiliana Brasileira Provincial Pe. Antonio Mendes Freitas, MI Conselho Provincial Pe. Mário Luís Kozik, MI Pe. Mateus Locatelli, MI Pe. Francisco Gomes da Silva, MI Pe. João Batista Gomes de Lima, MI Produção Agência Arcanjo Edição Luísa Borges Diagramação Letícia Sales Revisão Eloi Bataglion Júnior Pe. Mateus Locatelli, MI Ana Luiza Sanches

Nossos contatos

Sede Provincial Av. Pompeia, 888 - Pompeia 05022-000 - São Paulo/SP secretaria@camilianos.org.br

Por Agência Arcanjo

Seguimos caminhando com fé e esperança! O ano de 2022 nos reserva grandes momentos. Em setembro, completamos a marca do Centenário dos Camilianos no Brasil, os quais, desde 1922, vêm transformando vidas com a caridade e a bondade no coração de cada irmão. Iniciamos a edição deste informativo com a divulgação da Campanha Vocacional deste ano, desenvolvida com o intuito de despertar nos jovens a sua vocação à vida religiosa consagrada, na Ordem dos Ministros dos Enfermos. Como parte das celebrações previstas para o Centenário, está a peregrinação da Cruz comemorativa nas instituições camilianas, paróquias, comunidades religiosas e grupos que pertencem à Família Camiliana. Há três peregrinações que estão acontecendo desde o ano passado com a Cruz jubilar, as quais estão percorrendo as Regiões Norte e Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Admiramos o trabalho dos Camilianos na contribuição para a saúde na região Norte do Brasil, no Amazonas, onde, à luz do Evangelho, a Sociedade Beneficente São Camilo assumiu a continuidade da missão de cuidar daqueles que sofrem em uma realidade desprovida de recursos materiais, prestando assistência médica e espiritual. Na matéria principal, o Frei Sinivaldo, OFM, apela por uma Igreja sinodal, aquela que “caminha junto”, que é “povo de Deus” e é sinal e instrumento para a salvação do mundo. Relembramos ainda que, há dois anos, a maioria das comunidades cristãs não celebra a Páscoa nas Igrejas devido à pandemia. Fonte de vida nova, a Páscoa revela o projeto de vida plena de Deus para a humanidade. Animados e fortalecidos pelo encontro com o Ressuscitado, caminhemos com fé, esperança e caridade! Ótima leitura!

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EDITORIA L Identidade Visual - Campanha Vocacional 2022

Por Agência Arcanjo

Campanha Vocacional 2022 Com o tema "Enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos" (Lc 9,2) e o lema “Abrace essa missão conosco! #vemfazerpartedessahistória”, a Campanha Vocacional de 2022 iniciou em busca de jovens que querem seguir a sua vocação à vida religiosa consagrada.

Nosso Senhor para a vida religiosa consagrada, a campanha tem como tema a passagem do Evangelho segundo São Lucas que apresenta o envio dos apóstolos em missão para proclamar o Reino de Deus e curar os enfermos. O lema desta campanha convida os jovens a fazer parte da história dos Camilianos, abraçando juntos a missão de amar e cuidar dos mais necessitados.

Os primeiros Encontros Vocacionais foram marcados para os meses de março e abril, onde ambos acontecem, respectivamente, em Cotia-SP e Fortaleza-CE. Para atingir o público necessário, visando o ingresso de novos vocacionados na Ordem, foi desenvolvida uma campanha de acordo com o tema e o lema escolhidos para este ano.

Buscamos, a partir disso, representar os ideais e o carisma camiliano nas peças desenvolvidas para a campanha de forma jovial e Camiliana. As fontes são modernas e a escolha das cores corresponde à proposta visual de 100 anos dos Camilianos no Brasil, que celebramos neste ano. Para a divulgação da campanha, foram produzidos materiais para as redes sociais, site, uma página exclusiva para inscrição dos interessados nos Encontros Vocacionais, além de materiais offline.

Com o objetivo de acompanhar os jovens no despertar do chamado de

Assim, convidamos os jovens a continuarem o legado de São Camilo e a propagar a Palavra de Deus no mundo, seguindo o exemplo admirável do nosso fundador!

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N OT Í C I AS DA PROV Í NCI A Cruz Peregrina

Por Pe. Francisco Alves, MI / Pe. Gildésio Batista, MI / Rel. Danilo Rizzi, MI

Peregrinação com a cruz do Centenário Camiliano no Brasil

Em 15 de setembro de 2022, celebraremos o Centenário da chegada dos primeiros religiosos camilianos em terras brasileiras. Como parte das atividades religiosas e culturais previstas para marcar essa data histórica, está a peregrinação da Cruz comemorativa do Centenário nas instituições camilianas, paróquias, comunidades religiosas e grupos que pertencem à grande Família Carismática Camiliana. Há três programações ocorrendo no Brasil, divididas em regionais, sendo uma na regional Norte e Nordeste, outra no Centro-Oeste e Sudeste, e outra no Sul. A peregrinação nesta última regional se iniciou em março deste ano em Iomerê/SC, já nas outras, a Cruz do Centenário tem peregrinado desde setembro do ano passado. A peregrinação do Sudeste e CentroOeste iniciou logo após a missa de abertura do ano jubilar na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, em São Paulo/SP. Foi nessa comunidade e paróquia que houveram as primeiras atividades. O Pe. José Wilson, MI (animador da Pastoral da Saúde na regional e diretor do ICAPS) e o Religioso Danilo Rizzi, MI (promotor vocacional no Sul, Sudeste e Centrooeste) têm acompanhado e levado a Cruz Peregrina a diversos locais.

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NOTÍCIAS DA PROVÍNC IA Cruz Peregrina

Por Pe. Francisco Alves, MI / Pe. Gildésio Batista, MI / Rel. Danilo Rizzi, MI

Instituições camilianas, comunidades, paróquias e outros grupos que compartilham do carisma receberam ou ainda receberão o marco da Cruz Jubilar. As irmãs Filhas de São Camilo, em dezembro, também acolheram a Cruz em sua sede provincial. O grupo da Pastoral da Saúde da Diocese de Campo Limpo é um exemplo de lugar não previsto por onde a Cruz passou deixando sua significativa marca.

religiosas, Paróquias e Dioceses. Até o final de agosto concluirá seu ciclo de visitas na regional, inclusive nas comunidades das Irmãs Ministras dos Enfermos na Bahia e em Sergipe. Entre as principais atividades desenvolvidas estão Celebrações Eucarísticas e encontros com os colaboradores abordando o tema do Centenário no Brasil. Além disso, aproveitase para incentivar mais a prática e a experiência do cuidado camiliano para com os enfermos e destacar a importância do serviço da capelania em nossa rede hospitalar, dentro da dinâmica da equipe multidisciplinar de cada hospital.

Na regional Norte e Nordeste, os padres Francisco Alves, MI (responsável pela Pastoral da Saúde na regional), Gildésio da Paixão, MI (capelão do hospital Cura d’Ars de Fortaleza) e Gabriel Anderson, MI (promotor vocacional da regional Norte-Nordeste e capelão adjunto do hospital Cura d’Ars), receberam a missão de peregrinarem junto com a Cruz.

Por onde passa, a peregrinação deixa suas marcas. Ao celebrar o Centenário da presença dos religiosos camilianos em terras brasileiras, a passagem da Cruz é um símbolo de avivamento do carisma. É a oportunidade para a difusão devocional de São Camilo e da missão de seus seguidores que se dedicam ao serviço da vida.

Os momentos celebrativos nessa regional começaram pelo Departamento da Superintendência em Fortaleza/CE. Em seguida, a Cruz Peregrina passou por diversos locais: Hospitais, UPAs, Comunidades

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P ROV Í N C I A Missão Camiliana na Foz do Rio Amazonas

Pe. Marcelo Valentim de Oliveira, MI

Missão Camiliana na Foz do Amazonas A missão camiliana na região norte do Brasil começou com o Pe. José Raul Matte, MI e demais religiosos que iniciaram suas atividades em Macapá. O Pe. Raul, MI exerceu sua missão como médico pediatra no Hospital São Camilo e São Luís, ampliando suas atividades junto aos hansenianos, indígenas e ribeirinhos pertencentes à Foz do Rio Amazonas por aproximadamente 50 anos. Com seu barco (que tinha por nome São João Batista), visitava as comunidades levando assistência médica e espiritual.Sua presença promovia vida em todas as dimensões; construiu postos de saúde, capelas, formou e capacitou profissionais na área da saúde. Quando eu ainda era seminarista, ouvia falar do Pe. Raul, MI do seu trabalho, lia suas crônicas ricas em detalhes, contemplava suas fotos e, encantado por seu testemunho de vida, pensava em um dia poder ajudá-lo na missão. Quando ainda era estudante de medicina, pude acompanhá-lo em suas viagens às comunidades pertencentes ao Pará: Breves, Chaves e Afuá. Seguindo seus passos, tenho procurado, à luz do Evangelho, encontrar caminhos para continuar essa grande obra missionária. Retomamos as viagens às ilhas em abril de 2021. No início, ia de carona com o barco da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, que atende 130 comunidades ribeirinhas. Ficávamos uma semana percorrendo as comunidades, realizando palestras, missas, batizados, casamentos, confissões, realizando atendimento médico e distribuindo gratuitamente os medicamentos básicos adquiridos com recursos próprios e doações de voluntários.

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PROVÍNCIA Missão Camiliana na Foz do Rio Amazonas

Pe. Marcelo Valentim de Oliveira, MI

A partir de dezembro de 2021, com o apoio do Pe. Mário Luiz Kozik, MI a Sociedade Beneficente São Camilo assumiu a continuidade dessa grande missão financiando o aluguel do barco e fornecendo os medicamentos aos pacientes. As viagens ocorrem duas vezes por mês. Saímos pela manhã e retornamos no final do dia. Assim que chegamos na comunidade ribeirinha, celebramos a missa e, logo após, iniciamos as atividades em saúde: palestras, aplicação de flúor nos dentes das crianças, entrega de escovas de dentes e consultas médicas. Toda comunidade é atendida e são fornecidos gratuitamente os medicamentos. Se necessário, encaminhamos os pacientes para realizarem exames laboratoriais/de imagem na cidade e seguimento com especialidades na rede pública. Os pacientes recebem acompanhamento contínuo, os exames solicitados são avaliados e, a partir dos resultados, é oferecido um plano terapêutico. Nas viagens de janeiro e fevereiro deste ano, tivemos a presença dos seminaristas camilianos e estudantes de filosofia, Alisson e William, do religioso camiliano Pe. Gabriel, MI e de outros voluntários que muito nos ajudaram na realização da missão. Cuidar de quem sofre em uma realidade desprovida de recursos materiais e assistência médica, resgata a dimensão profética e missionária camiliana junto aos mais pequeninos do Reino. Convictos da verdade evangélica que motivou nosso pai fundador São Camilo - "Estive enfermo e me visitastes" (Mt 25,36), reconhecemos a presença de Jesus no irmão que sofre e procuramos ser para ele uma presença solidária. Com "mais coração nas mãos", saímos à procura dos mais necessitados e exercemos junto a eles uma ação capaz de aliviar um pouco suas dores, resgatar sua dignidade, sua esperança e sentido na vida. Que São Camilo nos inspire a viver com fidelidade nossa vocação junto aos que sofrem!

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C ENTR A L Sinodalidade

Frei Sinivaldo S. Tavares, OFM

Por Diác. Gabriel Anderson Barbosa e Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I.

Reconhecendo o Sínodo como “um dos legados mais preciosos do Concílio Vaticano II”, o papa Francisco tem afirmado que “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja no III milênio”.

São João Crisóstomo escreve que “Igreja e Sínodo são sinônimos”. De fato, Igreja é “povo de Deus” a caminho e, sínodo, etimologicamente, significa “caminhar juntos”. Ensina-nos o concílio Vaticano II: “Aprouve, contudo, a Deus santificar e salvar as pessoas humanas não singularmente, sem nenhuma conexão umas com as outras, mas constituí-las num povo, que O conhecesse na verdade e santamente O servisse” (Lumen gentium 9). A Igreja é, portanto, composta por todas as pessoas batizadas constituídas em: “povo sacerdotal”, “povo profético” e “povo régio” (Lumen gentium 9-12). Essa é, em última análise, a dignidade de todos os batizados e de cada pessoa batizada. É dessa dignidade batismal que decorre a função do ministério ordenado, expressa na tríplice função (munus) que lhe é conferida: dirigir, ensinar e santificar. Portanto, o ministério ordenado, em seu tríplice munus, é uma função e, nesse sentido, está a serviço do reconhecimento e exercício da dignidade – sacerdotal, profética e régia – conferida a cada pessoa batizada e a todas elas.

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CENTRA L Sinodalidade

Frei Sinivaldo S. Tavares, OFM

Concebida à imagem da Trindade santíssima, como nos ensina o Vaticano II, a Igreja é simultaneamente: “povo de Deus”, “corpo de Cristo” e “Morada do Espírito Santo”. De fato, a Igreja é chamada a ser o corpo histórico do Ressuscitado e, por isso, se deixa inspirar e sustentar pelo Espírito Santo que a conduz pelos caminhos do evangelho no seguimento de Jesus. Nesse percurso, portanto, “O conjunto dos fiéis, ungidos que são pela unção do Santo (cf. 1Jo 2,20 e 27), não pode enganar-se no ato de fé. E manifesta esta sua peculiar propriedade mediante o senso sobrenatural da fé de todo o povo quando, ‘desde os bispos até os últimos fiéis leigos’, apresenta um consenso universal sobre questões de fé e costumes” (Lumen gentium 12). O “senso de fé dos fiéis” constitui, portanto, uma das mais preciosas heranças de nossa mais genuína tradição. É por essa razão que, segundo Francisco, “cada batizado é um sujeito ativo de evangelização” (Evangelii gaudium 120). Esse “senso de fé”, portanto, não nos permite separar rigidamente na Igreja alguns que só ensinam de outros que apenas aprendem, pois, como tem insistido Francisco, “também o rebanho possui sua intuição para discernir as estradas que o Senhor dispõe para sua Igreja”. Lembrados de que escutar é bem mais do que apenas ouvir, uma Igreja sinodal se caracterizará pela “escuta recíproca”, pois só escutaremos o Espírito Santo se nos dispormos à escuta uns dos outros. Essa é, de fato, a advertência frequente de Francisco: “cada um à escuta dos outros, todos à escuta do Espírito Santo”. O caminho sinodal começa, todavia, por escutar o povo de Deus, lembrando-se de um princípio caro à Igreja antiga: “Aquilo que diz respeito a todos deve ser tratado por todos”. É preciso exercitar-se, portanto, na escuta recíproca e, segundo o papa: “Pedir ao Espírito Santo, o dom da escuta: escuta de Deus até ouvir com Ele o grito do povo; escuta do povo, até respirar nele a vontade a que Deus nos chama”. Trata-se, portanto, da acolhida e do exercício do dom da escuta que nos fará experimentar a relação íntima entre “grito do povo” e “vontade de Deus”. Esse percurso sinodal torna-se, enfim, ocasião propícia para a Igreja se tornar, como nos ensina o Vaticano II, sacramento – sinal e instrumento – de salvação para o mundo. Nesse sentido, no contexto específico em que vivemos, somos chamados, enquanto Igreja, a testemunhar e a defender os valores da participação e comunhão em todos os níveis. Trata-se, concretamente, de: assumir novas relações com todos os seres vivos que habitam nossa “casa comum”, empenhando-nos na luta contra toda forma de injustiça socioambiental; solidarizar-se com pobres e excluídos, reconhecendo-os interlocutores nossos e não apenas destinatários; defender a democracia contra todo tipo de autoritarismo.

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CA M I L I A N OS Seminário São Camilo de Sinop

Pe. Gabriel Anderson Barbosa, MI

Seminário Camiliano de Sinop/MT A região centro-oeste do Brasil, entre as décadas de setenta e oitenta, recebeu um fluxo migratório significativo de outras regiões, especialmente do sul do país, motivado pela expansão da fronteira agrícola e pelo incentivo federal quanto ao povoamento da região préamazônica. O então estado do Mato Grosso, cuja área, até 1977, compreendia também o atual estado do Mato Grosso do Sul, tornou-se um destino bastante visado pelos migrantes. É nesse contexto que os ares do Espírito levaram à implantação de um Seminário Camiliano na cidade de Sinop/MT.

Nesse período também é erigida, próximo ao Seminário, a Paróquia São Camilo, com o objetivo de ser um canal de evangelização para as famílias das redondezas. A comunidade religiosa de Sinop recebe o nome de “Casa Inocente Radrizzani”, em homenagem àquele que foi um dos precursores da chegada camiliana ao Brasil. Depois de mais de dez anos de presença em terras mato-grossenses, os camilianos encerram suas atividades em Sinop no ano de 1991, fechando o Seminário e passando a administração da Paróquia para a Diocese. Além do Pe. Gemelli e do Pe. Nicolodi, passaram pelo Seminário de Sinop Pe. Carlos Pigatto, Pe. Ângelo Pasqual, Pe. Firmino Pasqual, Pe. Ernesto Boff, Pe. Arlindo Toneta, Pe. José Maria, Pe. Arcídio Favretto, Pe. Camilo Munaro e Ir. Vicente Nogueira.

Tudo começou em fevereiro de 1979, quando o Pe. Luiz Gemelli se mudou para aquela cidade a fim de iniciar as tratativas de construção da casa de formação. Em novembro do mesmo ano, o Pe. Heitor Nicolodi também foi enviado para acompanhar as negociações para início das obras. No dia 1° de maio de 1980, numa cerimônia cívico-religiosa, foi colocada a primeira pedra daquela grande construção. Em 1981, ainda com o prédio inconcluído, o Seminário recebe 33 seminaristas. Ao fim daquele ano, as obras dão-se por encerradas e, em 1982, o número de formandos aumenta para 86. Recheado de adolescentes e jovens, o Seminário de Sinop vai ficando cada vez mais bonito e organizado, com o plantio de árvores frutíferas e a criação de canteiros de flores. Após solicitação dos religiosos, a Secretaria Estadual de Educação reconheceu os estudos oferecidos no Seminário, equiparando a grade interna à das escolas locais. Isso permite que os seminaristas cursem da quinta à oitava série dentro do Seminário, tendo como professores os próprios padres, algumas religiosas e leigos.

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CAMILIANOS Pe. Domingo Gava

Pe. Dr. José Maria dos Santos, MI

O Austero e Santo Mestre dos Noviços e Provincial nos Primórdios da Nossa Ordem no Brasil Neste ano Jubilar em que comemoramos o centenário da Chegada dos Ministros dos Enfermos (Camilianos) ao Brasil, não podemos deixar de elencar alguns nomes que, com certeza, fizeram história nesta bela história. Entre muitos, está o Pe. Domingos Gava, o grande místico e santo religioso Camiliano. O Pe. Domingos Gava foi um dos grandes expoentes, entre os Religiosos e Sacerdotes da Ordem Camiliana, a fazer parte das fileiras dos que vieram para a América (o Brasil) provenientes da Província Lombardo-Veneta, Itália. Trazia uma formação esmerada e um grande espírito missionário que colocou em prática como: Capelão, Professor, Mestre dos Noviços, Superior Provincial, na Paróquia da Pompéia, em Santos, nas Pias Obras das Vocações Camilianas, no seu zelo pela música Sacra e tantas outras atividades por ele exercidas. Vemos escrito um pouco da sua pessoa dedicada à Igreja e à Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos). E é bom saber que este religioso Santo e Sábio faleceu com apenas 56 anos, um pouco mais de meio século de vida. Os depoimentos das pessoas em relação a ele foram: - Dos seus Superiores: Foi um Seminarista inteligente, devoto e bom procedimento; - Dos seus irmãos de hábito: Foi um digno Sacerdote – consagrado e empossado neste grande ministério, sem nunca desmerecer ou ofuscar seu caráter Sacerdotal. Sempre dava Glória a Deus de fazer parte das fileiras Sacerdotais, mesmo que na sua austeridade não se achasse digno, mas honrou com maestria sua vida Sacerdotal. Foi um apaixonado pela Liturgia e fazia questão de observar as rubricas eclesiásticas para que as funções religiosas fossem devotas,

singelas e que elevassem a alma humana ao Coração de Deus. As pessoas do seu tempo diziam: As missas celebradas pelo Pe. Gava eram rezadas com simplicidade e grande devoção. Suas visitas ao Santíssimo Sacramento demoravam horas infindas, seja na capela da casa religiosa, seja na Igreja paroquial. Seu amor pelo canto litúrgico era de fazer inveja, pois na música Sacra ele colocava sua vida e sua alma. O Pe. Domingos Gava não se cansava em atender, como pai espiritual, as várias pessoas que dele se aproximavam, pois sempre demonstrou com sua vida o zelo pela salvação de todos. Alguém acrescentou: foi um digno filho de São Camilo de Lellis, sua vocação Camiliana aparecia claramente como o sol no firmamento. Amou sua vocação Camiliana e mostrou esta sua escolha vocacional nos diversos trabalhos exercidos em várias localidades. Este religioso Camiliano, Pe. Domingos Gava, hoje está com Deus. Mas sua memória continua presente e viva na vida dos Camilianos do Brasil. Interceda por nós junto a Deus, Pe. Domingos Gava!

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I GR E JA Comunidade Nossa Senhora da Saúde

Pe. Geraldo Bogoni, MI

Comunidade dos capelães

Após o Concílio Vaticano II, os capelães dos hospitais: Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Hospital do Servidor Público de São Paulo e Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sentiram a necessidade de viver fora do ambiente hospitalar e constituir uma comunidade para melhor vida comunitária e troca de ideias pastorais. Vivia-se um tempo conturbado de ideias, que teve como consequência a saída de muitos religiosos da Província e a visita pastoral do Pe. Damig, delegado do Superior Geral. Alugou-se um apartamento à Rua Alves Guimarães, onde alguns capelães passaram a residir. Com a saída de alguns religiosos, resolveuse deixar o apartamento, com tudo o que tinha dentro para eles, a fim de que tivessem onde morar e reiniciar a vida.

O número de capelães foi restabelecido e a primeira reunião da comunidade Nossa Senhora da Saúde se realizou na Santa Casa de Misericórdia em 13 de março de 1967. A comunidade, em seus encontros mensais, procurou uma linha comum de trabalho, isto é, insistir mais na evangelização do que na sacramentalização, sem descuidar desta, promover cursos para os funcionários, criar equipes de reflexão para o pessoal que lida diretamente com o paciente. E buscar novos métodos de apostolado com os enfermos. No início de 1970, sentiu-se a necessidade de adquirir uma residência para a comunidade. A comunidade, no dia 20 de janeiro de 1971, passou a residir na Rua Itaquera, 90, Pacaembu, em casa adquirida pela Província. Todos os sábados à noite, havia reunião para reflexão do evangelho, preparação da homilia dominical e tratar dos temas da comunidade. A comunidade Nossa Senhora da Saúde se caracterizou pela grande mobilidade de seus membros, como também pelas atividades acadêmicas e pastorais. De 1981 a 1984, participou do projeto vocacional da Província recebendo alguns postulantes. Ao findar o ano de 1985, reduziu-se o número de membros da comunidade que davam assistência na Santa Casa de S. Paulo, Hospital do Servidor Público de S. Paulo e no Hospital das Clínicas da FMUSP e inaugurou-se o seminário do Ipiranga, onde os religiosos da comunidade Nossa Senhora da Saúde passaram a fazer parte das diversas comunidades de São Paulo, sendo a comunidade tempos depois extinta e a casa alienada.

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IGRE JA Conhecer, reconhecer, e buscar viver

Texto: Alaiane Machado Coord. da Pastoral da Saúde- Hospital São Lucas, Crateús/Ce

Conhecer, reconhecer, e buscar viver Camilianos, 100 anos no Brasil, 100 anos de história, mas, quem construiu essa história que contamos hoje? Quem nos fez conhecer o carisma da caridade? Quem fez chegar até nós o legado de um santo que descobriu o Cristo no enfermo e fez disso sua missão? Hoje, as paredes do Hospital São Lucas em Crateús no Ceará, nos ajudam a contar essa história. As clínicas levam nomes de Padres Camilianos que deixaram seu marco na Província Camiliana Brasileira. Pe. Leocir Pessini, Pe.Calisto Vendrame , Pe. Velocino Zortea , Pe. Inocente Radrizzani, Pe.Eugênio Dalla Giacoma e Pe. Niversindo Cherubim. Celebrar 100 anos de história no Brasil é celebrar a entrega desses e de tantos outros missionários que dedicaram suas vidas para que aqui, em solo brasileiro, Camilo também fosse inspiração no cuidado. Nossa homenagem por ocasião deste centenário que celebramos, fala do nosso desejo de manter vivo o testemunho desses homens que nos ajudam a olhar para Camilo com esperança e com a certeza de que assim como eles podemos fazer bem mais pelos que sofrem. Sob a intercessão materna de Nossa Senhora da Saúde dos Enfermos a quem São Camilo dirigia profunda devoção, e que hoje dá nome a UTI (mais um fruto do trabalho dos Camilianos nesta cidade) queremos caminhar e seguir nos espelhando no exemplo dos que não mediram esforços para garantir cuidado qualificado e humanizado neste país, contando e fazendo história.

“Tudo passa, o bem permanece." São Camilo de Lellis 13


ES P I R I T UALI DA DE Tempo Pascal

Pe. Geovani Dias, MI

Páscoa do Senhor: fonte de salvação

Há dois anos, a maioria das comunidades cristãs não celebra, com o seu tradicional costume, a Páscoa em suas igrejas, devido ao contexto de pandemia. Neste ano, tudo indica que poderemos participar das celebrações pascais. Na vida cristã, o desafio da retomada desta celebração se impõe. Poderíamos nos perguntar, então: como despertar o encanto da fé pascal diante deste contexto de pandemia, de mortes e de guerras que estamos vivendo? Precisamos recordar que a Igreja caminha com os olhos nas promessas eternas, mas desde suas origens teve que regressar às fontes para prosseguir a jornada: “Então Jesus disse: ‘Não temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão’” (Mt 28,10). Em nossa realidade, hoje não é diferente: voltemos à nossa Galileia. Iniciemos voltando por um instante às fontes de onde a Igreja nasceu. Odo Casel, escritor do movimento litúrgico (1935) e monge beneditino, recorda-nos que a Igreja nasceu do mistério da Páscoa do Senhor. Ele escreve: “A Páscoa do Senhor, abraçando sua morte e sua ressurreição, constitui assim o verdadeiro mistério-salvador, o apogeu de toda economia divina de nossa salvação. Foi dela que a Eclesia dos remidos nasceu e foi sobre ela que a Nova Aliança foi fundada, a Aliança eterna no sangue de Cristo. 1 Páscoa do Senhor é a fonte de toda a salvação.” A palavra mistério precisa ser entendida aqui no contexto paulino de uma revelação que Deus faz à humanidade. No mistério pascal de Cristo, Deus revela seu projeto de vida plena à humanidade. A Páscoa é uma fonte inesgotável de vida e salvação que a Igreja nos oferece sem interrupção todos os anos. Neste contexto de mortes e desastres, desilusões e tristezas, o Corpo e o Sangue do Senhor oferecidos à humanidade “tornam-se ao mesmo tempo alimento e remédio de vida – a vida só pode nascer dessa morte que conduz à 2 ressurreição.” Agora voltemos à fonte do sentido espiritual da Páscoa no contexto do ciclo sagrado do ano

litúrgico. A Páscoa é a celebração central de todo ano litúrgico, porque nos recoloca no grande mistério de nossa salvação. Por isso, Casel afirma que: “o ciclo sagrado da liturgia deve nos falar da eternidade e não da vida terrena que germina hoje, floresce amanhã, dá seu fruto e 3 morre.” Olhando para o sentido verdadeiro de eternidade, vemos que tudo é vida em plenitude, mesmo a condição da morte, pois “a natureza guarda uma sombra de eternidade quando ela morre para reviver, mas essa ressurreição se faz 4 sempre por uma nova morte.” Apresentar Cristo, “o Dia que resplandece à luz da eternidade”,5 é a função do ciclo Pascal no Ano Litúrgico. Mas, com qual disposição espiritual devemos viver este tempo? O prefácio da Paixão do Senhor indica-nos a atitude do fervor: “Já se aproximam os dias de sua Paixão salvadora e de sua gloriosa Ressurreição. Dias em que celebramos com fervor, a vitória sobre o antigo inimigo e entramos no mistério da nossa Redenção” (Pref. da Paixão do Senhor, II) Neste mesmo sentido, a Introdução do Missal Romano, indica-nos a atitude da alegria e da exultação: “os cinquentas dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, “como um grande domingo” (IGMR n. 22). Portanto, voltemos à Galileia fervorosos e alegres. Encontremos o mistério de nossa salvação e as promessas de eternidade que reacendem nossa esperança. A virtude da esperança em meio ao caos da guerra e da pandemia pode preencher nossa vida de sentido e, iluminados por essa verdade, caminhemos em paz. Cristo Ressuscitou! Verdadeiramente Ressuscitou e nós ressuscitamos com Ele. 1 CASEL, 2009 2 Idem, p. 79 3 Idem, p. 87 4

p. 78

Idem

Referências: CNBB. Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário – Texto Oficial – Brasília, Edições CNBB. 2008. CASEL, Odo. O mistério do culto no cristianismo. Trad. Gemma Scardini. Edições Loyola: São Paulo, 2009.

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ESPIRITUAL IDAD E Tempo Pascal

Autor: Felipe Zózimo - Aspirante Camiliano de Fortaleza/CE.

O Impossível Possível O impossível possível, Aquele que transcende a razão e o sentimento. O impossível possível, aquele que transcende a razão e o sentimento, o Senhor de todas as coisas. Aquele cujo amor e misericórdia não podem ser medidos ou calculados por serem infinitos. És Aquele que nasceu de Maria e foi criado por José. Aquele que sofreu as intempéries da vida humana e experimentou até mesmo a morte. Morte esta onde Tu nos mostrastes o verdadeiro amor, padecendo e sofrendo pelos nossos pecados e faltas. Tu és o vencedor da morte, aquele que ao ascender aos céus, nos presenteou com a eternidade. Tu és o amigo confidente, aquele que jamais nos abandona. És o Senhor de duas naturezas, mas com apenas uma face e verdade. O hipostático que rompe as barreiras da nossa razão e crenças, estando presente e se fazendo vivo a todos, independentemente dos pesos dos pecados que carregamos ou na forma com que nos encontramos aqui na terra. Tu és aquele que nos concedeu o poder da escolha, sendo também o mais afetado por nossas más condutas. Tu és o Senhor que transforma os nossos corações quebrantados pelo pecado, transpassando nossas misérias pelo vosso sagrado coração que se inflama de amor por nós. Jesus, tu és a justiça, a mansidão, a humildade, a fonte de todas as alegrias e realizações. Tu és o filho de Deus Pai, nosso criador. És o meu redentor e salvador. Aquele ao qual o seguimento não vale a pena, mas sim a vida.

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