Informativo da Província Camiliana Brasileira - Edição Set/Out/Nov/Dez 2022

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CAMILIANOS:

100 ANOS NO BRASIL

Santa Missa encerrando o ano jubilar do centenário da chegada dos primeiros Camilianos ao Brasil.

SEMANA CAMILIANA

Testemunhos sobre a celebração do centenário.

SÃO CAMILO E SÃO MIGUEL

Apelo forte em servir aos enfermos e aos pobres com a intercessão de São Miguel.

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Expediente

Ano 5 - Número 17 - 2022 Informativo da Província Camiliana Brasileira

Provincial Pe. Mateus Locatelli, M.I.

Conselheiros:

Pe. Adailton Mendes da Silva, M.I. Pe. Mário Luís Kozik, M.I. Pe. Ariston dos Santos Barros, M.I. Pe. Junior César dos Santos Moreira, M.I.

Produção

Agência Arcanjo

Edição Mário Augusto Arcanjo

Diagramação Letícia Sales Revisão

Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I. Diác. Eloi Bataglion Júnior, M.I.

Apresentação

É tempo de esperança

Vivemos um ano intenso, celebrando o marco histórico do Centenário da chegada da Ordem Camiliana no Brasil, com todos os seus acontecimentos, o que nos impulsiona ainda mais na vivência de nossa missão. É com essa intensidade que trazemos a nova edição do nosso informativo, que inicia falando um pouco sobre o Ano Vocacional do Brasil, e sua abertura no dia 20 de novembro.

Temos as impressões causadas pela passagem da Cruz Peregrina, parte das comemorações do centenário, os relatos e testemunhos de como este grande momento impactou nas comunidades por onde passou e integrou aqueles que mantêm vivo "o espírito de São Camilo".

Além disso, apresentamos na matéria central a alegria de festejar o centenário da chegada dos primeiros camilianos ao Brasil. Um momento de ação de graças pelo carisma plantado nos corações que levou tantos a serem sinal de vida pelo mundo.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida e São Miguel Arcanjo, Artigo e Espiritualidade respectivamente, enriquecem ainda mais nosso informativo.

E é com o coração repleto do ardor missionário que desejamos uma ótima leitura, sempre inspirados pelo testemunho camiliano e confiantes na intercessão de nosso pai fundador, São Camilo.

Nossos contatos

Sede Provincial Av. Pompeia, 888 - Pompeia 05022-000 - São Paulo/SP secretaria@camilianos.org.br www.camilianos.org.br @camilianosbr @camiliano sbr blog.camilianos.org.br
EDITORIAL 2

Ano Vocacional 2023

O dia 20 de novembro marca o início do Ano Vocacional 2023, comemorando 40 décadas do primeiro ano temático dedicado à reflexão, oração e promoção das vocações no país. O tema e o lema foram inspirados no Documento Final do Sínodo dos Bispos sobre "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional''.

“Vocação: Graça e Missão”

O tema se fundamenta na afirmação de que “a vocação aparece realmente como um dom de graça e de aliança, como o mais belo e precioso segredo de nossa liberdade”, conforme o Documento Final de nº 78.

“Corações ardentes, pés a caminho”

Já o lema, a partir do relato dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), instiga a renovar o ardor vocacional e a disponibilidade de sair em missão a partir da escuta da Palavra.

"A vocação é uma iniciativa de Deus, é graça que Ele derrama sobre nós; é experiência de encontro com Jesus, é fascínio e alegria, é assombro, é sensibilidade ao apelo, é inconformidade, é resposta pessoal, é envolvimento comunitário, é missão, é tarefa, é serviço, é disposição para o sacrifício, é entrega da vida, é coragem e determinação, é esperança e convicção firme, é testemunho de fé: é 'espiritualidade' como a que moveu o próprio Jesus e marcou sua personalidade, imprimindo-lhe caráter e identidade”, afirmou a Comissão organizadora.

A proposta do Ano Vocacional, conforme o próprio tema deixa claro, é colocar em evidência sobre o chamado de Deus que inflama os corações para uma caminhada com Ele mesmo e com o próximo.

Por Agência ArcanjoComunicação
EDITORIAL 3

No dia 15 de setembro de 2022, com grande alegria, celebramos a Santa Missa em ação de graças pela chegada dos primeiros camilianos ao Brasil. Há um ano, em 15 de setembro de 2021, na paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, abrimos o Ano Jubilar Camiliano. Como símbolos do centenário tivemos a Cruz e a vela. A Cruz foi o sinal missionário que inspirou os primeiros camilianos a plantar na terra de Santa Cruz a escola da caridade sonhada por São Camilo. Esta Cruz, passou por todas as nossas obras e comunidades renovando o ardor missionário e o amor caritativo junto aos enfermos. A vela, o símbolo da chama da caridade, um dia plantada no coração de São Camilo, hoje deve manter-se acesa no coração e na vida de todos os camilianos.

O período que antecedeu essa ação de graças foi bastante intenso, vivido com momentos celebrativos e muitas reflexões para os consagrados e leigos. Sendo assim, como concretude deste Ano, de 12 a 15 de setembro aconteceu em Aparecida a Semana Camiliana. O evento contou com a presença de vários religiosos camilianos, colaboradores de nossas obras, religiosas que fazem parte do carisma camiliano, membros da Família camiliana leiga e seminaristas.

Na abertura, nosso Provincial, Pe. Mateus, destacou o profetismo camiliano no mundo da saúde em nossos tempos. O Vigário Geral da Ordem, Pe. Gianfranco Lunardon, levou os participantes a relerem a história da chegada dos primeiros camilianos em terras brasileiras. Ele nos apresentou curiosidades da nossa história, despertando-nos a olhar o passado

com gratidão, o presente como ação de graças e o futuro com esperança.

Na manhã de 14 de setembro, o Pe. Adriano São João, diretor da Faculdade Católica de Pouso Alegre, nos convidou a refletir sobre o atual momento que estamos vivendo na Igreja, com o tema: “A Sinodalidade na vida e missão da Igreja”, destacando que a “Sinodalidade constitui um dos grandes temas da agenda da Igreja contemporânea. Pensar numa Igreja sinodal significa, antes de tudo, pensar numa Igreja orientada para o diálogo, o encontro, a escuta, o discernimento, a ação, a comunhão, a missão”. Caminhar juntos – ensina o Papa Francisco – é a via constitutiva da Igreja; a cifra que nos permite interpretar a realidade com os olhos e o coração de Deus; a condição para seguir o Senhor Jesus e ser servos da vida nesse tempo ferido.

Pe. Elielton José da Silva, M.I.Artigo
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Em continuidade, o Padre José Maria nos fez recordar a história: padres, irmãos, colaboradores e obras que fizeram a história destes 100 anos em terras brasileiras, a partir do sonho de São Camilo de cuidar e servir os enfermos e sofredores. Com os testemunhos, encerramos os trabalhos da Semana Camiliana, os quais trouxeram uma releitura da história no presente. Cada testemunho nos levou a perceber o amor e dedicação do carisma camiliano plantado no coração daqueles que testemunharam seu amor e admiração pela cruz vermelha da caridade. O Pe. Pedro Tramontin, Superior Geral, coroou esse momento com sua presença e sua palavra de ânimo a todos os presentes, no desejo de sermos continuadores desta história.

É chegado o grande dia: 15 de setembro, dia em que celebramos os 100 anos da chegada dos camilianos ao Brasil. Logo cedo, o Santuário nacional de Nossa Senhora Aparecida ficou tomado de peregrinos que traziam no peito a cruz vermelha do carisma camiliano para render graças a Deus por este ano jubilar. Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, presidiu a Missa, concelebrada pelo Superior Geral, Pe. Pedro Tramontin, pelo Provincial da província Nord Itália, Pe. Giuseppe Rigamonti, o Provincial da Província Camiliana Brasileira, Pe. Mateus Locatelli e, também, diversos padres, religiosos e religiosas, seminaristas e todo o povo Deus. O arcebispo destacou a alegria deste dia, e, na memória de Nossa Senhora das Dores, referiu-se ao sofrimento de Maria ao pé da Cruz mostrando a sua relação com o carisma camiliano junto aos sofredores. Além disso, falou do aspecto missionário da Ordem e o bem que este carisma faz em todo o território nacional.

A alegria de festejar esse centenário é tempo de graça. Agradecemos a Deus pelo carisma que plantou em nosso coração para sermos sinal de vida e da Palavra no mundo da saúde. A missão iniciada pelos dois padres que aqui chegaram, Pe. Inocente e Pe. Eugenio, continua a partir de todos nós, levando a cruz vermelha de São Camilo a todos os lugares como sinal de mais vida e esperança. Assim, desejamos que a chama da caridade seja renovada no nosso coração para que possamos tornar o Evangelho de Jesus Cristo vivo em nosso meio, sempre atentos: “Estive enfermo e cuidastes de mim” (Mt 25, 36). Por tudo “demos graças a Deus”, porque fazemos parte dessa história.

Pe. Elielton José da Silva, M.I.Artigo
Estive enfermo e cuidastes de mim” (Mt 25, 36). " NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA 5

Alguns trechos da Homilia de Dom Orlando Brandes na Missa de encerramento do Ano Jubilar Camiliano

“Um século irmãos e irmãs, Camilianos e Camilianas, um século de que? Salvando vidas! Isso é a saúde: salvar vidas. Um século de salvação da saúde humana. E, como somos doentes, temos esses anjos, homens e mulheres que cuidam dos doentes dia e noite”.

“Como Ministros e Ministras dos Enfermos, 100 anos de presença junto a cada doente. E isso é misericórdia da Divina Providência. Isso é testemunharem, então, a festa de hoje, com coração de mãe. O Camiliano e a Camiliana se unem ao sofrimento dos enfermos por um século de boa administração de hospitais”.

“São Camilo queria que os hospitais da congregação fossem um jardim, que quer dizer: muita limpeza, muito cuidado, um jardim por causa da dignidade do doente. Um século, irmãos e irmãs, ensinando a saúde preventiva, nos ajudando a não esperar ficarmos doentes para irmos para os hospitais. Esse é um trabalho preciosíssimo de educação em favor da vida”.

“Vocês glorificam a Deus Pai tendo os doentes no seu próprio coração. Os doentes, diz São Camilo, são patrimônios de Jesus. E são patrimônios de vocês. São as riquezas dos Camilianos”.

“Vocês estão no coração do mundo estando nos hospitais, sendo esta congregação que é tão gloriosa na sua história e é tão necessária para o mundo inteiro. E ainda São Camilo dizia: é uma honra servir os doentes, porque eles são os nossos mestres, são os nossos patrões, são o próprio livro, uma sabedoria, um livro no qual eu aprendo muita coisa”.

Artigo Diácono Eloi
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Alguns testemunhos camilianos sobre a celebração do centenário

Falar o que foi estar presente nessa grande festa do Centenário Camiliano, é falar, ao mesmo tempo, em tudo que chegou para somar, subtrair e ao mesmo tempo multiplicar em minha vida, é viver na prática o que nos traz Mateus 5,13-16, “Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo”. Conheci a história e missão Camiliana em 2021, onde Deus me usava, mais uma vez, para me mostrar que embora eu não entendesse o que Ele queria de mim de imediato, tudo se tratava de um grande propósito; propósito esse que há tanto tempo eu pedia discernimento para compreender: durante muito tempo questionei se saberia interpretar a minha vocação de forma correta, e hoje vejo que sim. A Semana Camiliana foi um momento de profunda oração, conexão, entrega e firmamento do meu sim ao serviço ao próximo, caminhando sempre com os olhares fixos n’Aquele que é para nós o maior exemplo de coragem, força e entrega, que é Jesus Cristo. Que assim como São Camilo, possamos ter mais coração nas mãos, irmãos. Celebrar 100 anos de presença Camiliana no Brasil é celebrar o “sim” de todos aqueles que vieram antes de nós, como exemplo de se colocarem a serviço.

Agente de Pastoral da Saúde do Hospital São Raimundo (Limoeiro do Norte/CE)

A semana camiliana permitiu a integração entre todos aqueles que mantêm vivo o “Espírito de São Camilo”. Além disso, senti o testemunho inspirador de vida-missão de muitos camilianos. Dom Orlando Brandes, durante a Missa de Ação de Graças, ressaltou que nós camilianos estamos no coração do Evangelho e temos a missão de continuar curando as feridas da humanidade.

Em suma, como aspirante camiliano, pude conhecer melhor a história desses 100 anos, alegrar-me com a comunhão do presente e vislumbrar um futuro cheio de fé, esperança e caridade, aumentando meu desejo de viver o carisma camiliano.

Centenário
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Minha experiência como Agente da Pastoral da Saúde ainda é muito pequena, estou engatinhando nesta nova caminhada, mas, com a Semana Camiliana pude tirar muitas ideias com meus colegas mais experientes. Foi uma semana iluminada, de grande espiritualidade, de muito conhecimento e novas amizades, na qual tive ainda mais certeza que a religião que minha mãe me ensinou vou sempre levar em meu coração. A passagem da Cruz Peregrina em Comemoração ao Centenário dos Camilianos no Brasil me fez acreditar que já foi feito muito, mas que ainda temos muito trabalho pela frente e não podemos jamais desistir. Enfim, São Camilo nos ensina, e levo para minha vida, que o tratamento aliado com a fé e oração, resultam em um bem estar ainda maior na recuperação de qualquer enfermidade. Saúde e paz a todos!

Sandra Mara Santos

Colaboradora do Departamento Pessoal do Hospital São Braz (Porto União/SC)

É uma grande alegria fazer parte da família camiliana. São Camilo nos deixou um legado de muito amor e dedicação ao nosso próximo! Foi gratificante participar da Semana Camiliana em Aparecida/SP e celebrar em comunhão o Centenário dos Camilianos no Brasil. Momento em que tivemos a oportunidade de conhecer mais dessa linda missão e nos fortalecer do carisma camiliano.

Que a cada dia mais, a exemplo de São Camilo, possamos viver esse amor e esse carisma!

Tatiany Rita Matos

Colaboradora do Hospital Nossa Senhora do Carmo (Resplendor/MG)

Celebrar os 100 anos de presença Camiliana no Brasil, no Santuário da Mãe Aparecida, no dia de Nossa Senhora das Dores, ao lado dos Padres, religiosas, religiosos camilianos e da Família Camiliana Leiga Brasileira, foi uma festa que ficará para sempre em nossas memórias pelos registros fotográficos, livros, revistas e jornais. Não teve como não sentir-se parte desta história.

A Semana Camiliana foi um verdadeiro passeio pela história desde a chegada dos dois primeiros padres camilianos ao Brasil, Inocente Radrizzani e Eugenio Dalla Giacoma, até os dias atuais com o despertar de tantas vocações para o serviço da misericórdia aos doentes e necessitados numa doação comprometida a ponto de colocar em risco a sua própria vida para salvar a vida do seu próximo, entendendo assim o quarto voto. Queremos que a missão camiliana centenária, alicerçada na espiritualidade, na vivência e no cuidado com os doentes de São Camilo alcance todas as regiões e cidades brasileiras na promoção da Saúde e da Paz.

Augusto de Souza

Membro da Família Camiliana Leiga (Crateús/CE) Centenário
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Carta Apostólica do Papa Francisco Desiderio desideravi: sobre a formação litúrgica do povo de Deus

A Carta Apostólica Desiderio desideravi, sobre a formação litúrgica do Povo de Deus, foi publicada na Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, e dirigida aos bispos, padres, diáconos, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos. Essa Carta segue a publicação do Motu Proprio Traditionis custodes, sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma de 1970. A tonalidade do Documento não é de uma instrução ou de um diretório litúrgico, porém, um texto de meditação, imbuído e inspirado nas fontes bíblicas, patrísticas e litúrgicas. É essa a recomendação do próprio Papa reforçada pelo Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

"Eu desejei tanto comer esta Páscoa convosco antes de padecer” – Desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum, antequam patiar (Lc 22,15).

O endereçamento da Carta Apostólica já aparece no primeiro número, é destinada a todos. O desejo do Papa Francisco é compartilhar algumas reflexões sobre a Liturgia, “dimensão fundamental para a vida da Igreja”. Sua intenção é oferecer alguns elementos de reflexão com a finalidade de contemplar a beleza e a verdade da Celebração cristã. Com as palavras de Jesus pronunciadas na Última Ceia: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer” (Lc 22,15) realça a importância de estar com Jesus. Simão Pedro e os demais, possivelmente, não entenderam muita coisa, porém, são parte necessária, porque, “todo dom, para ser dom, deve ter alguém disposto a recebê-lo” (n. 3).

Na Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Liturgia, compreendemos que a humanidade de Cristo nos abriu a porta da salvação. “É esse dom que recebemos. O sujeito que age na Liturgia é sempre e somente Cristo-Igreja, o Corpo místico de Cristo” (n. 15). Pela Liturgia “nos é pedido redescobrir, a cada dia, a beleza da verdade da Celebração cristã” (n. 21). A redescoberta da beleza da Liturgia é contínua “não é busca por um esteticismo ritual que se contenta apenas com uma cuidadosa observância exterior de um rito ou se satisfaz com uma escrupulosa observância das rubricas” (n. 22).

Artigo Pe. Gilmar
Antônio
Aguiar, M.I. CENTRAL 9

A contemplação da verdade e da beleza sempre vai causar grande admiração, uma parte fundamental da ação litúrgica (n. 26). Eis o desafio: “como recuperar a capacidade de viver a ação litúrgica em sua plenitude?” É premente perfazer um caminho de estudo da Liturgia que contemple “todos”, a comunidade eclesial inteira, os fiéis e os ministros. O estudo, sério e vital, da Liturgia e a formação litúrgica nos seminários tem singular importância. Além de nos mostrar a natureza da Liturgia revela que a sua finalidade primeira não é o “conhecimento”, mas é o louvor e a ação de graças.

A Liturgia é arte dinâmica, compreende, a ars celebrandi e o ars dicendi. “A arte de celebrar deve estar em sintonia com a ação do Espírito [...] não pode ser improvisada” (nn. 4950). Nas Celebrações é importante guardar o silêncio. Isso não é rubricismo litúrgico, mas é efetivamente desejo de intimidade e comunhão com Deus. É sintomático observar que nas comunidades, os cristãos encontram diferentes modos de presidência e abordagens inadequadas, que podem ter “uma raiz comum: um personalismo acentuado do estilo celebrativo que, às vezes, expressa uma mania mal disfarçada de protagonismo” (n. 54), inclusive, merecem atenção as Celebrações que são transmitidas on-line.

À guisa de conclusão, o Papa Francisco reafirma que a intenção de toda essa reflexão não esgota o imenso tesouro da Celebração dos santos Mistérios. Neste sentido, faz um pedido a todos os bispos, presbíteros e diáconos, formadores de seminários, professores de Teologia, todos os catequistas “que ajudem o povo santo de Deus a recorrer ao que sempre foi a fonte primária da espiritualidade cristã” (n. 61). É importante reavivar a admiração pela beleza da verdade da Celebração cristã (n. 62). Toda essa riqueza é bastante nítida no redescobrimento do sentido do ano litúrgico e também do dia do Senhor, o domingo (n. 63). Por isso, diz: “A Páscoa nos foi dada, deixemo-nos envolver pelo desejo que o Senhor continua a ter de poder comê-la conosco” (n. 65).

CENTRAL
Que ajudem o povo santo de Deus a recorrer ao que sempre foi a fonte primária da espiritualidade cristã” (n. 61).
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Ordenações

No dia 7 de agosto de 2022 o Religioso Eloi Bataglion Júnior foi ordenado diácono pela oração da Igreja e pela imposição das mãos de Dom Júlio César, Bispo auxiliar de Fortaleza, na Comunidade São Camilo da Sabiaguaba, Fortaleza – CE. Na celebração havia muitos Religiosos camilianos, Padres, assim como Religiosos e Religiosas de outras congregações, membros da Família Camiliana e de diversos grupos da comunidade. Havia ainda a presença de sua mãe, irmã, cunhado e diversos amigos vindos de sua terra natal, Iomerê, e da Bahia, assim como grande presença da comunidade da Sabiaguaba e de amigos de Fortaleza.

“O carisma camiliano é expressão viva do Evangelho e tem uma função muito importante neste tempo de pandemia. Por isso, caro filho Eloi, torna-te um bom samaritano. Nunca hesites de descer da tua cavalgadura para te debruçar sobre os doentes à beira do caminho e, se necessário, colocá-los no próprio animal que tu estavas. Nunca hesites em socorrer os necessitados, pois tudo o que fazemos pelos mais pobres e doentes, disse São Camilo de Lellis, é a Cristo que nós servimos” (trecho da Homilia de Dom Júlio César).

No dia 13 de agosto de 2022 o Religioso Danilo Servilha Rizzi foi ordenado diácono pela oração da Igreja e pela imposição das mãos de Dom João Bosco, Bispo da Diocese de Osasco, na Capela do Hospital São Camilo, na Granja Viana – SP. Na celebração havia muitos Religiosos camilianos, Padres, assim como Religiosos e Religiosas de outras congregações e membros da Família Camiliana. Estavam presentes seus pais, sua avó, tios, familiares, amigos de sua terra natal, Descalvado, de São Paulo, e fiéis que frequentam a Capela do Hospital.

ordenado diácono pela oração da Igreja e pela imposição das mãos na

Mas,

“Que ousadia de Deus, que misericórdia imensa teve Ele ao escolher a cada um de nós e, hoje, a você, especialmente, neste caminho que muda, mudará a essência da sua vida e, vai transformar-se ainda mais, no presbiterado, para se tornar, de fato, Jesus Cristo vivo. Jesus Cristo presente. Jesus Cristo capaz de olhar, ter misericórdia, curar. Mas, esse mistério, começamos a entendê-lo melhor quando vemos que a sabedoria da Igreja o colocou como primeiro degrau, como passo transitório, como fundamento deste edifício do Sacramento da Ordem, o Diaconado, o servir. E quando abraçamos este caminho e começamos a perceber, e continuamos servindo quando nós recebemos o presbiterado, e continuamos servindo em qualquer que seja a missão que o Senhor nos der, nós entendemos o que ele quis dizer ao nos convidar: servir!” (trecho da Homilia de Dom João Bosco).

Formação CAMILIANOS
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Santa Josefina Vannini, uma mulher de fé

Santa Josefina Vannini, fundadora das Filhas de São Camilo, foi canonizada em 13 de outubro 2019. Nasceu no centro histórico de Roma, a alguns metros da famosa praça de Espanha, em 7 de julho de 1859. Foi batizada no dia seguinte na Igreja de San’Andrea delle Fratte, também chamada de Santuário de Nossa Senhora do Milagre.

Aos quatro anos de idade perdeu o pai e, três anos depois, a mãe. Por duas vezes tentou entrar na Congregação das Filhas da Caridade e por duas vezes teve que deixála. Em dezembro de 1891, durante um retiro espiritual, teve a felicidade de conhecer o sacerdote camiliano Padre Luís Tezza, que reconheceu nela a pessoa indicada para iniciar uma nova Congregação. “Padre, deixeme rezar e pensar e dentro de alguns dias darei a resposta”. Assim respondeu a jovem ao convite do Padre Tezza de participar na fundação da Congregação das Filhas de São Camilo. Dois dias depois ela voltou a falar com Padre Tezza e se colocou inteiramente à sua disposição para aquele projeto do qual lhe tinha falado poucos dias antes.

Padre Tezza fixou nos olhos sua filha espiritual e juntos rezaram e decidiram cumprir somente a vontade de Deus que em breve se teria manifestado. “Até quando não me encontrei com o Padre Tezza, pareciame estar sozinha, abandonada por todos, e não tinha nem paz e nem tranquilidade. A partir daquele dia que tive a sorte de falar-lhe e fui convidada a trabalhar para a fundação das Filhas de São Camilo, uma grande paz apossou-se da minha alma e senti meu coração inundado de uma doçura nunca experimentada antes”, são palavras de madre Josefina alguns anos após a fundação da Congregação.

Sobre este primeiro encontro, Padre Tezza escreveu:

"

Foi o primeiro anel de uma corrente providencial que deveria assinalar o nascimento e a vida das Filhas de São Camilo”.

Madre Vannini era uma mulher de fé ardente, de profundo espírito de oração e de caridade, via e servia Jesus no enfermo com afeto de mãe, e formava suas filhas no alto ideal da caridade heroica. Apesar da fragilidade de sua saúde prosseguiu forte e tenaz em meio às dificuldades. Era simples, decidida e humilde, aberta aos valores e batalhas da vida, comprometida sempre em sua entrega ao serviço dos enfermos e sofredores. Para os jovens que hoje buscam a vontade de Deus, Vannini é um modelo de abandono ao Senhor.

Matéria Ir. Aparecida Rodrigues, Filha de São Camilo
COMUNIDADE 12

Das redes ao coração do povo

Todos os que nascemos nessas terras benditas de Santa Cruz temos uma história construída graças à fé. Aliás, muitas são as histórias que o nosso povo costuma contar sobre os milagres alcançados graças à intercessão milagrosa da santa que se tornou a padroeira do povo brasileiro. E, por isso, vamos recordar um pouquinho da história da senhora Aparecida das águas.

Deus fala sempre de modo muito simples ao coração de seu povo. As coisas de Deus são simples, e foi na simplicidade de uma canoa que riscava o Rio Paraíba, que Deus quis contar com três benditos pescadores, para manifestar a sua misericórdia para com todos os que estavam desacreditados da sorte e da vida, como era o caso de Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso. Foi pelas mãos deles que hoje podemos estender as nossas e pedirmos as bênçãos do céu por intercessão da Senhora Aparecida.

Lançaram suas redes de um lado para o outro no rio, e nada de encontrar peixes. Mas, a história passa a ganhar um colorido diferente. Sentem algo enroscado nas redes: era um corpo sem cabeça; e, seguindo mais adiante, sentiram novamente algo enroscado nas redes: era uma cabeça, que se encaixava perfeitamente ao corpo. Dali em diante foram cheios de ânimo lançar suas redes, e não é que a pesca foi abundante? Tinham o que pescar! E pescaram mais que o esperado, mais que o necessitado. Diz a história que estes três homens tornaram-se os primeiros devotos.

Felipe Pedroso, um dos três pescadores, levou a imagem da santa para a sua casa. Lá, a santa ganhou o seu primeiro oratório. Depois, Felipe mudou-se para um bairro de Aparecida, chamado Ponte Alta, e lá construiu um oratório e colou a imagem aparecida nas redes. A história logo se espalhou e todos queriam ver a imagem da santa que foi encontrada no fundo do rio, e passaram a carinhosamente chamá-la de Nossa Senhora Aparecida.

Algum tempo depois, Felipe voltou para o antigo bairro onde morava, e deu a imagem ao seu filho, Atanásio Pedroso, que logo construiu um novo altar à mãe de Jesus, a querida Senhora Aparecida, e convidou os vizinhos para rezar o terço aos sábados, ao finalzinho da tarde. Com o passar do tempo, o número de pessoas foi aumentando, e começaram a vir as primeiras romarias, cada qual ao seu modo, e, muitos milagres foram acontecendo: as velas que se ascenderam sozinhas; o sujeito valente que quis desafiar a santa e entrar com o seu cavalo na capela, tendo a pata do cavalo ficado presa ao degrau da escada e a pedra como testemunha na sala das promessas; o escravo fujão vindo do sul, que pede para passar aos pés da santa, e somente Deus sabe o que pediu aquele coração, pois as correntes foram ao chão e ele ganhou a tão sonhada liberdade; a menina cega de nascença da cidade paulista de Jaboticabal, que ao passar na ladeira teve os olhos iluminados pela fé e passou a enxergar a capelinha no alto do morro; e tantos outros milagres, que ainda acontecem graças à intercessão poderosa da mãe do céu.

Um fato interessante: na visita da princesa Isabel à Aparecida, dizem que diante da imagenzinha querida, a princesa teria pedido à Nossa Senhora a graça de engravidar, pois não podia, e disse mais, que se Nossa Senhora a ajudasse com a sua poderosa intercessão, ela nunca ocuparia o trono do Brasil. E assim aconteceu, alguns anos depois a princesa voltou à Aparecida com três filhos nos braços e, em forma de agradecimento, ofertou à nossa Senhora uma coroa de ouro cravejada de diamantes, e disse: “uma rainha precisa de uma coroa”.

Na verdade, o primeiro manto foi uma rede de pesca e a primeira coroa a mão do pescador. E a grande esperança nossa é: das redes ao coração do povo brasileiro.

Artigo Pe. Jorge Américo, sacerdote da Diocese de Guaxupé – MG
COMUNIDADE 13

São Camilo de Lellis, grande devoto de São Miguel Arcanjo

A festa dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael que celebramos em setembro é precedida pela Quaresma de São Miguel Arcanjo, com início no dia da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Segundo a tradição, a quaresma foi inspirada por São Francisco que, em 1224, subiu ao Monte Alverne, na Itália, onde passou quarenta dias de jejum e oração. Assim, como São Francisco, São Camilo também foi um grande devoto de São Miguel Arcanjo, inclusive desejava fazer a profissão solene numa dessas festas. No entanto, devido não poder fazer a profissão antes de ser eleito o superior geral, como havia se convertido na Festa da Purificação e, tido a inspiração de fundar a companhia na Festa da Assunção, emitiu a sua profissão solene no dia seguinte à eleição, em 8 de dezembro de 1591, Festa da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Além disso, chegando ao final de sua vida, no dia 13 de julho de 1614, véspera da sua morte, como era costume na época com as pessoas prestes a morrer, Camilo fez a chamada “profissão da fé”, como ele próprio insistia para que os Ministros dos Enfermos vigiassem, a fim de que nenhum doente morresse sem ter recebido os últimos sacramentos e sem ter feito a “profissão de fé”. Ele, consciente de que sua morte estava próxima, cumpriu espontaneamente mais este ato de fé e confiança em Deus. O fez na presença fundar

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dos seus religiosos e exigiu que todos os padres presentes assinassem o texto, de maneira que esse documento fosse preso ao seu corpo e enterrado com ele.

foi muito devoto do Anjo da Guarda e do glorioso

Ordem.

relata que Camilo pediu ao seu confessor que cálices de ouro nas mãos para recolher o sangue

cada de oferecer ao Pai Celeste os dois cálices com por Camilo e, do lado esquerdo, São Miguel

De acordo com os relatos, São Camilo sempre foi muito devoto do Anjo da Guarda e do glorioso São Miguel, o qual considerava especial padroeiro e protetor de toda a sua Ordem. Era tão devoto de São Miguel, que um dos seus biógrafos nos relata que Camilo pediu ao seu confessor que mandasse pintar um quadro: Cristo na cruz com dois anjos, um à direita e outro à esquerda, com cálices de ouro nas mãos para recolher o sangue das chagas de Jesus. Acima da cruz, a figura de Deus Pai com o Espírito Santo em forma de pomba e dois anjos, um de cada lado, em atitude de oferecer ao Pai Celeste os dois cálices com sangue para a remissão dos pecados. Ao pé da cruz, do lado direito, Nossa Senhora em oração por Camilo e, do lado esquerdo, São Miguel Arcanjo, como defensor das almas no fim da vida.

Camilianos Pe. Lucas R. Silva, M.I.
14 ESPIRITUALIDADE

Mais uma vez, ele atesta claramente a sua devoção a São Miguel, conforme constatamos nos trechos a seguir:

...Dou e entrego a minha alma, com todas as suas faculdades, ao meu amado Jesus, à sua Santíssima Mãe, a S. Miguel Arcanjo e ao meu Anjo da Guarda como segue: Ao meu Anjo da Guarda entrego a minha memória, reconhecendo-me devedor a Deus por tudo quanto tenho e espero, pois tudo é puro beneficio e graça sua.

...Também deixo todo o meu intelecto a S. Miguel Arcanjo e declaro que não quero nem discutir nem debater com o demônio assuntos de fé. Peço-vos, S. Miguel Arcanjo, queirais responder por mim. Tomai a defesa de alma e da honra de Deus, precipitando os espíritos perversos e maus nas profundezas do inferno. Deixo a minha vontade nas mãos da Virgem Maria, Mãe de Deus Onipotente.

...Escolho como meus protetores a Bem-aventurada Virgem Maria, S. Miguel Arcanjo, o meu Anjo da Guarda, S. Carlos, Santa Maria Madalena e todos os outros santos, especialmente os fundadores de congregações (VANTI, Mario. Escritos de São Camilo. p. 258).

São Camilo, com o seu exemplo, ensina-nos, sobretudo, a fazer do serviço aos enfermos uma intensa experiência de Deus; ao mesmo tempo, leva-nos a procurar constantemente o Senhor, na oração e nos sacramentos, pedindo a intercessão da Virgem Maria, dos anjos e de São Miguel. O seu testemunho, ainda hoje, constitui um forte apelo a amar e servir a Cristo presente nos irmãos que sofrem, buscando forças na oração, perseverança e vencimento das tentações.

Pe. Lucas R. Silva, M.I.
Camilianos
ESPIRITUALIDADE 15
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