Informativo Camilianos - Ago/Set/Out de 2019

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REGIONAL SUDESTE A Pastoral da Saúde nos Hospitais da Regional está aplicando, em caráter experimental, uma nova metodologia de trabalho chamada “Visita Técnica Pastoral”. Confira os detalhes!

VIVIT 8 e CHRISTUS O Papa Francisco encoraja chama os jovens a 9 ecaminharem na Igreja e pela Igreja, com frescor e docilidade. Cristo vive e está no meio de vós, como prometeu: “Eu estarei sempre convosco’” (Mt 28, 20).

VOCACIONAL 13 ANO As relíquias e a imagem

de São Camilo passaram por cidades do Sul e Sudeste nos últimos meses. Caminhamos agora para a parte final da peregrinação. Fique de olho na agenda!


ED I TO RI A L Expediente

Apresentação

Ano 2 - Número 8 - 2019 Informativo da Província Camiliana Brasileira Provincial Pe. Antonio Mendes Freitas, mi Conselho Provincial Pe. Mário Luís Kozik, mi Pe. Mateus Locatelli, mi Pe. Francisco Gomes da Silva, mi Pe. João Batista Gomes de Lima, mi

Christus Vivit: Cristo vive no coração do jovem

Produção Agência Arcanjo Edição Taty Feuser Diagramação Hannah Cancio Revisão Elói Bataglion Junior Larissa Graça Pe. Mateus Locatelli, mi Tiragem 500 exemplares Impressão Gráfica Volpato

Nossos contatos

Sede Provincial Av. Pompeia, 888 - Pompeia 05022-000 - São Paulo/SP secretaria@camilianos.org.br www.camilianos.org.br /camilianosbr @camilianosbr

A presente edição do Informativo Camilianos traz uma homenagem ao nosso superior Geral, Pe. Leocir Pessini. Sua partida, no dia 24 de julho, nos entristece, mas, seu testemunho de serviço à Igreja na Ordem dos Ministros dos Enfermos jamais será esquecido. Seguimos com a peregrinação do Ano Vocacional Camiliano. A imagem e as relíquias de São Camilo passaram pelo Sul e Sudeste nos últimos meses. Agora, entramos na fase final do cronograma, continuamos motivados e certos de que este é um momento de grande valor para nossa Província e para cada pessoa que vivencia conosco essa peregrinação. Dentro das atividades da Província destacamos nesta edição a Semana Camiliana. Foram dias de formação permanente no sentido de promover aos religiosos uma profunda renovação carismática, atualização acadêmica e eclesial, interação e convivência fraterna. Em nosso espaço voltado à espiritualidade trazemos uma reflexão acerca do “ser profeta camiliano”. Jesus recomendava aos seus discípulos que dessem atenção especial aos que sofriam. Este apelo continua válido hoje. Cristo vive no coração dos jovens! Este é o tema central da nossa edição. Na Exortação Apostólica Christus Vivit, o Papa Francisco se volta à juventude com palavras de coragem. Faz um apelo para que os jovens caminhem na Igreja e com a Igreja, que sigam com frescor, docilidade e confiança em Jesus a busca pelos seus sonhos. Entre outros temas de destaque, trazemos a história da Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança, de Pinhais (PR). E, também os novos rumos da Pastoral da Saúde Hospitalar da Regional Sudeste. Por fim, estamos felizes pelos 70 anos de vida sacerdotal do Pe. Carlos Alberto Pigatto e 60 anos de de vida sacerdotal do Pe. Luiz Gemelli e Pe. Arcídio Favretto. Que Deus continue os abençoando na missão. Uma boa leitura e muito aprendizado!

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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA Comunicação

Por Agência Arcanjo

Ebook Caminho Vocacional: testemunhos da misericórdia

“[…] uma pessoa que se dedica aos doentes […] cuida de uma joia muito preciosa aos olhos de Deus […], testemunhos como este revelam muito sobre o que é assumir e viver o carisma camiliano”. A Província Camiliana Brasileira preparou um ebook com relatos de padres e irmãos da Ordem dos Ministros dos Enfermos que se dedicam às pessoas doentes. Depoimentos que inspiram, assim como a história de São Camilo.

Defendia que o cuidado dado a um paciente de hospital deveria ser o mesmo que uma mãe dá ao seu filho único quando este está enfermo. É com esse espírito e disposição que os camilianos seguem dia a dia.

Além de cuidar das enfermidades, ele sempre quis dar um lugar digno para cada paciente, o que incluía roupas limpas, ambiente arejado, tratamento humanizado, conversas de amigo etc.

Vivendo o carisma da misericórdia, com dedicação especial ao cuidado dos enfermos, a Ordem se mantém na sua missão, vendo na face daqueles que sofrem a face do próprio Cristo.

[…] cuidar do Cristo que sofre na pessoa do doente […} São Camilo

Leia os testemunhos na íntegra, acessando: https://materiais.camilianos.org.br/testemunhoscamilianos

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N OT Í C I AS DA PR OV Í NCI A Camilianos no Mundo

Por Pe. Alex Spencer Ballena Rios

América Peru Entre 1900 e 1923, a presença do Beato Pe. Luis Tezza no país, o “Apóstolo de Lima”, que recebeu o nome de reformador do Convento, foi muito importante para a missão Camiliana. Já por volta de 1940, a presença dos religiosos espanhóis camilianos fortaleceu o serviço e as novas iniciativas. Foi assim que a “Clínica de San Camilo” e as clínicas ambulatoriais surgiram, como uma obra camiliana própria. Desde 1978, a presença dos sacerdotes da Província Lombardo-Vêneta permitiu a continuidade camiliana. Eles começaram a construir novos espaços: as casas de treinamento para os diferentes estágios, a casa de Retiro Siloe, o centro de Formação em Saúde “San Camilo”, “Hogar San Camilo” para pessoas com HIV/AIDS (Lima, Arequipa, Huancayo), os Albergues Rebuschini; começaram a preparar Agentes da Pastoral da Saúde, e teve início a Família Camiliana Leiga. Da mesma forma, algumas paróquias foram aceitas: Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora de Guadalupe, Igreja de Belém. Somos 30 religiosos, 26 sacerdotes e quatro irmãos. Estamos presentes em três cidades do Peru: Lima (três comunidades), Arequipa e Huancayo. Realizamos serviço de capelania em 13 hospitais, um centro geriátrico, temos cinco trabalhos próprios. Desta forma, continuamos a ser a presença de Cristo, o Bom Samaritano, nesta bela terra do Peru.

A presença dos Religiosos Camilianos no Peru teve início em 9 de janeiro de 1709, quando o Pe. Golbodeo Carami chegou na cidade de Lima, para pedir esmolas para a beatificação de São Camilo. Fiel ao serviço e ao carisma camiliano, ele começou a acompanhar os mais necessitados, ganhando muito rapidamente a estima e a popularidade entre os povos de Lima, que não hesitaram em convencêlo a fundar uma comunidade na Cidade dos Reis. Em 1916, a primeira comunidade camiliana começou com a chegada do Pe. Juan Muñoz de la Plaza e Martín de Andrés Pérez. O crescimento da comunidade foi vertiginoso à medida que começaram a aceitar vocações e a ampliar seu serviço para diferentes partes do Peru, como: Huamanga (Ayacucho), Arequipa e América Latina como Popayán (Colômbia), Quito (Equador) e La Paz (Bolívia). As circunstâncias políticas do final do século XVIII e todo o século XIX tornaram-se reduzidas ao antigo convento camiliano da América: o Convento da Buenamuerte, que nunca foi fechado. No início do século XX, a fidelidade ao carisma permitiu que continuassem a ser chamados de “Padres da boa morte” porque permaneciam firmes no acompanhamento do bem morrer em casas particulares e pequenos hospitais da cidade. Já neste momento, a chegada de muitos religiosos da Alemanha, Itália e Áustria permitiu aceitar grandes desafios nos novos hospitais e clínicas da cidade.

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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA Pastoral

Por Pe. José Wilson C. da Silva, mi - coordenador da Pastoral da Saúde da Regional Sudeste

Pastoral da Saúde Hospitalar Regional Sudeste A Superintendência da Regional Sudeste das Entidades Camilianas passa a contar com mais um camiliano, o reverendo Pe. José Wilson, no quadro de suas atividades. A ele delegouse a missão de animar e supervisionar a assistência espiritualreligiosa nos hospitais da Regional Sudeste. Nas linhas abaixo, apresentamos a dinâmica pastoral adotada, para o ano em curso, com o intuito de animar e supervisionar a Pastoral da Saúde nos hospitais da Regional. A metodologia de trabalho pastoral denominada de “Visita Técnica Pastoral”, tem os seguintes passos:

b) Na sede da Regional Sudeste Revisão do informe Pastoral Revisa-se o informe da “Visita Técnica Pastoral” do hospital visitado. Apresentação: o informe pastoral é apresentando à equipe administrativa da Regional, com o qual ela interage e as observações são apreciadas. Documento final: uma vez realizadas as devidas alterações e/ ou correções, imprime-se o informe Pastoral que é assinado por todos.

a) Na unidade Hospitalar (in loco) Conhecendo a unidade hospitalar: aspectos gerenciais Através da fala narrativa do gestor e sua equipe, buscase compreender a dinâmica estrutural e o funcionamento do hospital para melhor entender as atividades pastorais realizadas dentro do ambiente hospitalar.

Digitalização: o informe da “Visita Técnica Pastoral” é digitalizado pelas secretarias da Regional e encaminhada ao diretor administrativo da unidade hospitalar, com recomendação de repassá-lo ao coordenador das atividades pastorais do hospital e ao capelão e/ou ao sacerdote que assiste a unidade hospitalar.

Conhecendo a jurisdição eclesiástica: aspecto territorial Em contato com as autoridades eclesiásticas (bispo diocesano e o pároco) onde o hospital está situado, busca-se conhecer o trabalho da Pastoral da Saúde, as prioridades pastorais da diocese e da paróquia e suas implicações para o contexto hospitalar.

c) Seminário e/ou Formação Assessora e acompanha o seminário da Pastoral realizado nas unidades hospitalares e, segundo as demandas, proporciona capacitação e/ou formação permanente à equipe de Pastoral da unidade de saúde.

Conhecendo o serviço religioso: aspectos pastorais Interagindo com o coordenador da assistência espiritualreligiosa hospitalar, o capelão, os agentes da pastoral, assim como os colaboradores e os enfermos, busca-se entrar na dinâmica pastoral e no seu funcionamento.

d) Envio do Relatório Pastoral à jurisdição eclesiástica do hospital Finalizado o acompanhamento pastoral na unidade hospitalar, envia-se um relatório ao bispo da jurisdição eclesiástica correspondente do hospital.

Linhas de ação pastoral: aspectos orientativos e riscos pastorais Após a coleta de informações, dá-se um primeiro feedback à administração e ao serviço religioso, apontando sugestões, orientações e riscos pastorais, ou seja, as ações contraditórias com as orientações eclesiásticas e as diretrizes da Província Camiliana Brasileira para a Pastoral da Saúde em suas entidades.

Enfim, dentro do contexto da celebração do Ano Vocacional Camiliano, iniciamos a missão de coordenar e supervisionar as atividades pastorais nos hospitais da Regional Sudeste. A metodologia de trabalho apresentada acima, está em caráter “ad experimentum”, portanto sujeita, depois de um tempo de experiência, a possíveis modificações.

Temas relevantes a socializar: aspectos celebrativos Faz-se memória de festas litúrgicas ou eventos religiosos que a unidade hospitalar, através da Pastoral da Saúde, poderia celebrar.

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Paróquias

Por Pe. Geovani Antonio Dias, mi - pároco

Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança Um casamento deu origem à igreja que hoje abriga a paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança, em Pinhais (PR). Foi para realizar o casamento de uma filha que o senhor Guilherme Weiss mandou construir a igreja, doando, também uma extensa área de terra para futuras obras sociais. O casamento foi realizado e a igreja inaugurada, com a celebração da primeira missa, em 12 de dezembro de 1926. Apenas em 1967 seria elevada à paróquia, pertencendo anteriormente à Paróquia Cristo Rei e depois à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Tarumã. Hoje a paróquia usa a igreja construída em 1926, tombada como patrimônio municipal, apenas para casamentos e para celebrar as missas de quarta-feira com a novena perpétua da padroeira. A comunidade construiu um novo templo em estilo contemporâneo, bastante amplo, onde realizase as celebrações dominicais. A paróquia possui três capelas: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Carmo e Bom Pastor. As capelas, unidas à matriz formam a comunidade paroquial, que teve início entre os anos 70 a 90 com o fecundo ministério do saudoso Frei Egidio Carlotto, franciscano conventual e do Pe. Livino Blanger. A igreja nova, que hoje é sede matriz da Paróquia, teve início no ano 2000 com o lançamento da pedra fundamental, durante a festa da padroeira, no pastoreio do Pe. Antonio Carlos Zago. A imagem da padroeira Nossa Senhora da Boa Esperança é representada por Maria carregando o Menino Jesus no braço esquerdo e no direito trazendo uma âncora que é o símbolo da esperança. Trata-se de uma devoção antiga dos cristãos que sempre viram em Maria o sinal verdadeiro da Esperança. Na época das grandes navegações, Bartolomeu Dias, um navegador português, se viu em apuros quando em seu caminho para as índias, ao passar pelo extremo sul africano, deparou-se com uma forte tempestade. Era a região conhecida como Cabo das Tormentas que, tempos depois, o rei Dom João II nomeou como Cabo da Boa Esperança, em honra à Nossa Senhora da Boa Esperança. A escolha da padroeira de Pinhais está relacionada à história de José João Sordo, imigrante de origem italiana que, no ano de 1900, encomendou uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança. A imagem, vinda da Itália, foi abrigada numa escola existente em Pinhais e na década de 1930 ela ocupou o altar da igreja. Com a emancipação de Pinhais, Nossa Senhora da Boa Esperança passou a ser a padroeira do município, cuja comemoração realiza-se no dia 13 de maio. A presença dos padres camilianos na paróquia sempre foi marcante. O primeiro pároco em 1967 foi camiliano, o Pe. Afonso Pastore. Seguido no mesmo ano do Pe. Favorino Mugnol. Em 1973 assume a paróquia o Pe. Claudino Mucelin, também camiliano. Depois, em 1974, assumiu como pároco o Frei Egídio Carlotto, franciscano conventual e ficou à frente do pastoreio da paróquia até sua morte em 1985. Em 1985 assume o Pe. Livino Blanger, cedido da diocese de Chapecó (SC). Em 1995, volta a ser pastoreada pelos padres camilianos e como pároco assume o Pe. Antonio Carlos Zago. Em 2009 assume o Pe. Clair Antônio Kozik, seguido pelo Pe. Arlindo Tonetta em 2013. Por fim em 2019 assume o Pe. Geovani Antonio Dias. Nos 52 anos de fundação, a Paróquia foi por 21 anos pastoreada por outros padres e 31 anos administrada pelos padres camilianos. Por isso, a identificação dos fiéis com o carisma camiliano é perceptível. Atualmente temos um seminarista camiliano, filho da paróquia, o jovem Gabriel. A Paróquia é uma comunidade viva e dinâmica. Conta atualmente com 25 grupos de pastorais e movimentos. Nosso grande desafio é criar uma pastoral de conjunto que gere a unidade entre as pastorais e comunidades. O caminho traçado, ao longo da história, tem gerado muitos frutos, os eventos, a vida intensa de oração, a devoção a Nossa Senhora, marca diferenciada da Igreja do Paraná. O sentido de pertença ao carisma camiliano tem edificado o sentimento de pertença e de unidade. Sonhamos com uma comunidade cada vez mais orante, servidora da vida e disposta a cumprir sua missão de comunicar à luz de Cristo Ressuscitado ao mundo.

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Especial

Homenagem

Pe. Leocir Pessini Na madrugada de 24 de julho de 2019, faleceu no Hospital São Camilo da Granja Viana, em Cotia (SP), o Pe. Leocir Pessini, superior geral da Ordem dos Ministros dos Enfermos. Somos agradecidos a Deus, pela vida e vocação camiliana de Pe. Leocir.

Breve histórico Podemos dividir a caminhada do Pe. Léo em três momentos fortes, os quais nos mostram um constante amadurecimento espiritual e intelectual na vivência da sua vocação, seguindo o Cristo na Escola da Caridade. 1) Os primeiros 15 anos de ministério camiliano foram integralmente dedicados ao serviço com os doentes (de 1981 a 1995). Por 13 anos exerceu o ministério camiliano como capelão no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Dedicou-se, também, à formação dos estudantes de Teologia (Seminário do Ipiranga) e serviu também como superior da comunidade. Nesse período, estudou nos Estados Unidos, na Clinical Pastoral Education (Milwaukee, WI, 82/83 - 85/86). Durante esse período escreveu pouco, sendo o livro “Eu vi Tancredo Neves morrer” uma de suas obras com grande repercussão. 2) Nos 15 anos seguintes (de 1995 a 2010), Pe. Léo assumiu funções administrativas como gestor universitário, professor e diretor científico de duas revistas (Bioetikos e O Mundo da Saúde). Foi responsável pela área educacional da Província, a Superintendência da União Social Camiliana, mantenedora do Centro Universitário São Camilo. Nesse período, cursou o mestrado e o doutorado em Teologia Moral e Bioética na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Serviu como coordenador nacional da Pastoral da Saúde da Conferência Episcopal Brasileira – CNBB (2004-2007), como membro da Comissão Nacional de Pesquisa em Seres Humanos,

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no Governo Federal/Ministério da Saúde (2005-2008) e assessor de Bioética do Conselho Federal de Medicina (CFM 2010-2014). Esse foi o período mais fértil da sua produção acadêmica, com inúmeras publicações de livros e artigos científicos. Participou ativamente de vários Congressos nacionais e internacionais na área da Teologia Moral e da Bioética. 3) Num terceiro momento (2010-2020), Pe. Léo serviu à Igreja como Superior da Província Camiliana Brasileira (20102014) e depois como sucessor de São Camilo exercendo o ministério de Superior Geral da Ordem dos Ministros dos Enfermos (2014-2020). A Providência Divina conduziu o Pe. Léo a ser um camiliano samaritano, sempre presente no mundo da dor e do sofrimento humano, refletindo e escrevendo aquilo que vivenciou em seu ministério. Na aurora de sua vida pôde caminhar com os coirmãos camilianos no serviço da autoridade, como guia e pastor da Ordem. Num de seus últimos escritos afirmou que lhe fazia sentido o que o famoso poeta T.S. Eliot (1888-1965) escreveu: “Não deixaremos de explorar e, ao término de nossa exploração, deveremos chegar ao ponto de partida e conhecer esse lugar pela primeira vez”. Somos gratos a Deus pelo legado deixado pelo Pe. Léo a toda a Ordem, sobretudo pelo testemunho de alegria e esperança transmitido mesmo na enfermidade.


Por Lucas Rodrigues Dalbom e Danilo Servilha Rizzi

Na Exortação Apostólica Christus Vivit, o Papa Francisco se dirige em especial aos jovens, mas exorta toda a comunidade eclesial à esperança de que Cristo vive e nos quer vivos em Seu amor, apesar dos tempos difíceis em que vivemos. Diz o Papa: “insisto com os jovens para não deixar que lhes roubem a esperança”. Ao mesmo tempo o pontífice recomenda aos jovens serem submissos aos anciãos. Recordamos a mensagem que o Papa Francisco transmitiu aos jovens na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Brasil, para que com sua força e vitalidade, os jovens olhem e se unam à experiência dos idosos, para que essa seja uma fonte de conhecimento e de orientação para a vida dos que almejam uma caminhada próspera hoje e no futuro. Assim, teremos uma juventude vivaz, sábia, compromissada e aberta ao futuro, mas que permanece capaz de valorizar a experiência positiva daqueles que já possuem uma caminhada mais longa de vida e fé. O próprio Evangelho faz referência à juventude de Jesus. Em seu batismo, ainda jovem, é motivo de júbilo e comprazimento do Pai: “Tu és o meu Filho muito amado” (Lc 3, 22). Desse modo, também os jovens são chamados a cumprir sua missão na terra, de modo a sentir arder em seu coração a voz do Pai que os trata por filhos amados. Isso implica um amadurecimento na relação com o Pai e na consciência de formar a família de Deus. O jovem é constantemente convidado a testemunhar, com sua vida, a amizade com Deus, colocar em ação sua íntima relação com o Pai que o faz seguir em frente com destemor, e utilizar suas forças e visões juvenis para não ficar estagnado, mas sim caminhar na Igreja e com a Igreja, que deve ser a guardiã da esperança. O Sínodo quis renovar o empenho da Igreja em manter uma relação com a juventude que interpele e estimule a sensibilidade dos jovens. No coração da Igreja resplandece Maria, a jovem de Nazaré, que é o grande modelo de uma Igreja jovem, que deseja seguir Cristo com frescor e docilidade.

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O Papa exorta ainda a Igreja como protetora e mestra de todos os seus filhos e filhas, a fim de que tenham um olhar compassivo para com os jovens, para que que eles não caiam nas malhas da época conturbada em que vivemos, que aprisionam a juventude: o ambiente digital negativo, a deturpação da sexualidade, a ideologia contra os imigrantes e toda a forma de falta de humanidade que impedem que todos tenhamos vida e vida em abundância. Insiste Francisco: “Queridos jovens, vós não tendes preço! Não sois mercadoria em leilão! Por favor, não vos deixeis comprar, nem seduzir, nem vos escravizar pelas colonizações ideológicas que os tornam fracassados na vida”. Cristo vive e está no meio de vós, como prometeu: “Eu estarei sempre convosco’” (Mt 28, 20). A juventude é uma dádiva de Deus, onde há uma abertura para o novo, o porvir. O jovem possui inúmeros sonhos, esses que são um terreno fértil para as lutas diárias, onde é cultivado o hoje, entregando seu futuro a Deus, tendo o amor como precursor de suas atividades diárias. O Papa encoraja os jovens ao compromisso com o mundo, ele diz: “Peço-lhes que também sejam protagonistas dessa mudança. Continuem superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas que se desenvolvem em diversas partes do mundo. Peço-lhes que sejam construtores do futuro, que se comprometam no trabalho por um mundo melhor”. Cheio de vida, exorta o Papa, Jesus quer ajudar aos jovens a tomarem consciência de que vale a pena ser jovem, e insiste: “não deixeis que vos roubem a esperança e a alegria”. Referência: PAPA FRANCISCO. Christus Vivit: para os jovens e para todo o povo de Deus. São Paulo: Paulus, 2019.

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Camiliano Profeta Por Pe. Luiz Gemelli, mi

Mas, ninguém de nós viu Jesus e nem Deus. “Deus não foi visto por ninguém” (Jo 1,18). “Tu és um Deus escondido, ó Deus de Israel” (Is 45,19). “Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece quem é o Pai a não ser o Filho, e a quem o Filho quiser revelar” (Lc 10,22).

“Pro-femi” ou profeta, significa o que fala no lugar de Deus. Deus Pai sempre se comunica com sua família. “Pertencemos à família de Deus” (Ef 2,19). Segundo São Paulo (cf. Hb 1,1-2) na primeira aliança, Deus se comunicava por meio dos profetas, depois Jesus, palavra do Pai, veio pessoalmente viver conosco. “E a palavra se fez homem e veio morar conosco” (Jo 1,14). Antes de voltar ao pai, fundou uma Igreja ou povo de Deus, com a missão de continuar no mundo a missão de Jesus, ou a profecia, até o fim do mundo e dos tempos. Igreja somos nós. Das quatro vezes que Jesus enviou seus discípulos a evangelizar, três vezes, recomendou um afeto especial para com os que sofrem. Certamente, Jesus nesta hora já planejava sua obra camiliana. Nossa profecia no lugar de Jesus comporta duas verdades: 1- Ver na pessoa que estamos atendendo o próprio Jesus. Uma dolorosa eucaristia. “Tudo o que fizerdes a um dos destes meus pequeninos é a mim que o fazeis” (Mt 25, 40b).

Por meio de Jesus formamos uma ideia de Deus. “Ele é a imagem de Deus invisível” (cl 1,15) “Quem me vê, vê o Pai” disse Jesus a Natanael.

O que está sofrendo é nosso patrão, nosso Cristo, que devemos servir de joelhos, segundo São Camilo. Então, como disse Pe. Calixto, nosso trabalho se torna uma liturgia. 2- A segunda verdade é bem mais importante. “As pessoas se salvam conhecendo Jesus Cristo” (Gl 2,16b). “Deus quer que todos se salvem” (1Tm 2,4).

Se alguém vive como Jesus, eu formo uma imagem de como Ele era. “Quem me vê está vendo Cristo” diz o Apóstolo dos pagãos. “O rosto de Jesus deve estar sempre vivo no meio do povo de Deus” (Papa Francisco). “Podeis e deveis dizer não só que sois de Cristo, mas que vos tornastes Cristo” (Papa João Paulo II). “Quem diz que pertence a Cristo deve viver como Cristo viveu” (1Jo 2,6). “Tenham os mesmos sentimentos de Cristo” (Ef 5,1). “Já não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim” (Gl 20,20).

Mas, ninguém de nós viu Jesus e nem Deus.

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“Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” (2Cor 11,4)

Por meio de uma fotografia ou uma imagem, formamos uma ideia de como é a pessoa. Há santinhos, imagens de Jesus por toda a parte, mas são de papel, madeira, gesso, sem vida; não caminham, não falam, não respiram, não comem, nem bebem. Suponhamos que uma destas imagens de Jesus se tornasse viva, descesse do altar, e fosse passar um tempinho num lugar de sofrimento, quanta coisa maravilhosa aconteceria! Isto nunca acontecerá, porque agora quem deve executar este papel somos nós. E Jesus nos ensinou como fazer. “Eu vos deixei o exemplo para que façais como eu fiz” (Jo 13,15). “Os que escolheu, os predestinou a serem a imagem viva de Jesus Cristo” (Rm 8,29). “Sede imitadores de Deus como filhos muito amados” (Ef 5,1). “Já não sou eu quem vivo, é o Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

A figura de Jesus misericordioso nunca deve desaparecer do nosso meio. Os que viveram no tempo de Jesus sabiam muito bem como Ele agia. Também os que viveram com São Camilo, sabiam como era o Cristo, porque Camilo agia exatamente como Jesus. Quando Jesus recebeu a cruz para carregá-la até o Calvário, tinha a cor da madeira comum; quando Jesus foi despregado, a cruz era vermelha, da cor do sangue; pintada pelo sangue daquele que deu a maior prova de amor ao próximo. Hoje quem carrega a cruz vermelha têm a mesma missão do apóstolo da caridade. Jesus deu sua vida por nós. “Portanto nós também devemos dar á vida pelo próximo” (Jo 3,16). Na agonia do Horto das Oliveiras, Deus mandou um anjo socorrer Jesus, hoje os enviados por Deus somos nós. Os anjos servem Deus no céu, nós aqui na terra. Ao ver uma pessoa com vestimenta militar, arma na cinta, cassetete etc, sei que é um soldado, um militar. É justamente isto que nos dá o batismo. “Vós que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27). No batismo, Jesus nos dá seu uniforme “a veste batismal”. “Quem me vê, vê Cristo” dizia São Paulo, se nós agirmos como Jesus, os sofredores são tratados como no tempo de Jesus, ou São Camilo; somo seus profetas; a obra de Jesus continua. “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” (2cor 11,4). Se num filme ou teatro, tivesse que representar a figura de Moisés, eu teria que agir no máximo como agia Moisés. De tal sorte as pessoas, ao assistirem o espetáculo, formariam

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uma ideia de como era Moisés. “Podeis e deveis dizer não só que sois de Cristo, mas que vos tornastes como Cristo” (São João Paulo II). “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gn 1,26) “Participamos da natureza Divina” (2Pd 1,4). “Veremos a Deus face a face e seremos semelhantes a Ele” diz São João. “Também vocês aparecerão com Cristo cheios de glória” (Cl 3,4).

Ora! Se esta é nossa situação com Jesus, é claro que temos que agir como Ele; sermos profetas Dele. Um funcionário faz aquilo que lhe é mandado, é bem diferente da atitude de um filho. Jesus disse que não nos considera como funcionários. Adotar um filho é um grande gesto de bondade. “Considerai com que amor nos amou o Pai para que sejamos chamados filhos de Deus e nós o somos” (1Jo 3,4). “Fazemos parte da família de Deus” (Ef 2,19). Tudo isto deve aparecer fortemente no nosso modo de agir. Lacardaire viu São João Vianney confessando, e testemunhou; “vi Deus no confessionário de Ars”. Nossos pacientes, ao voltarem para casa deverão dizer: vi Deus no hospital dos camilianos. O batismo nos tornou profetas para continuarmos a agir como Jesus nos tornou reis, como Jesus, que lavou os pés dos seus. Sacerdotes, servindo Cristo no doente e pobre se tornam uma liturgia.


VOCAÇÃO Formação

Por Pe. Gilmar Antônio Aguiar, mi

Semana Camiliana:

Formação Permanente

“ Isso revela o carisma camiliano sempre

Entre os dias 22 e 26 de julho ocorreu a Semana Camiliana, dentro do contexto do ano vocacional camiliano. Anualmente, a Província Camiliana Brasileira promove uma semana de formação permanente com o objetivo de favorecer aos religiosos ocasião de renovação carismática, atualização acadêmica e eclesial, interação e convivência fraterna. Nesses dias tivemos como assessor o Pe. Gianfranco Lunardon, secretário geral da Ordem, e também, o Ir. José Carlos Bermejo Higuera, delegado especial da Espanha. Contamos com a presença das Irmãs Filhas de São Camilo, as Irmãs Ministras dos Enfermos de São Camilo, Irmãs de Nossa Senhora Stella Maris, membros da família camiliana leiga, os Religiosos de profissão temporária e o noviço. Com a celebração da Santa Missa presidida pelos padres Gianfranco e Mateus, na festa de santa Maria Madalena, ocorreu a abertura oficial da Semana Camiliana. Em continuidade, no auditório, o Provincial, Pe. Antonio Mendes Freitas fez a acolhida de todos. No dia seguinte (23), o Pe. Gianfranco iniciou o seu percurso temático abordando a “Missão e visão em São Camilo: a coragem de ousar”. Sendo assim, percebemos a profundidade da pesquisa e do preparo da exposição. Foram apresentados fatos da vida e das experiências vividas por nosso Fundador, por exemplo, a escola de caridade que também é escola de justiça; o depósito carismático de São Camilo, que não pode ser esquecido; o cuidado materno que une os aspectos da ética e da estética. Além disso, o itinerário percorrido ressaltou o legado de São Camilo, que é uma herança de fé, que perpassa o passado, presente e futuro. São Camilo faz um pedido exigente e atual: evangelizar o mundo do sofrimento humano, que não basta apenas o remédio, mas sim o calor da alma.

mais vivo e atual, na esperança de suscitar as vocações e a interiorização dos valores camilianos […}” O Ir. José Carlos Bermejo, inicialmente, expôs a temática do luto hoje, ou seja, aceitar a realidade da morte como um processo de adaptação. Diante da realidade da perda há um processo de aceitação que leva a expressar os sentimentos e cultivar a esperança. Prosseguindo, trouxe a temática da resiliência, “capacidade de se adequar e de se concertar”. No mesmo dia abordou o tema da espiritualidade para hoje destacando alguns verbos que revelam essa vivência (beber, escutar, olhar, calar, saborear, acolher, perguntar, recordar etc.). Sua exposição ainda adentrou no mundo falando dos Ministros dos Enfermos, como promotores da saúde. Essa semana camiliana proporcionou a todos um envolvimento na vida e atividade dos religiosos, religiosas e leigos, sobretudo, em vista do prosseguimento do ano vocacional. Isso revela o carisma camiliano sempre mais vivo e atual, na esperança de suscitar as vocações e a interiorização dos valores camilianos, isto é, um convite aos religiosos de retornar ao estudo da vida e aos escritos do Fundador. No seguimento normal da semana, os participantes foram tomados de surpresa com a triste notícia do falecimento do nosso Superior Geral, Pe. Leocir Pessini, na madrugada do dia 24. Assim sendo, houve alteração da programação, devido à preparação das celebrações de despedida e deslocamento para prestar-lhe as últimas homenagens. Que a Virgem Maria, Rainha dos Ministros dos Enfermos, e São Camilo recebam-no na Eternidade.

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C RONOGRAM A Ano Vocacional Camiliano

Agenda da Peregrinação

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ACO N T EC E U

Aconteceu na Província Ano Vocacional Camiliano

A imagem peregrina e as relíquias de São Camilo passaram por inúmeras cidades das regiões Sudeste e Sul do país entre os meses de maio, junho e julho. Muita fé e emoção marcaram esta peregrinação, confira!

Biguaçu - SC

Ponta Grossa - PR

Concórdia - SC

Carapicuíba - SP

Imbituba - SC

Conchal - SP

Cruzada Bandeirante São Camilo

Concórdia - SC

Limeira - SP

Hospital São Camilo Granja Viana

Encantado - RS

Dois Lajeados - RS

São Leopoldo - RS

Sede das Entidades Camilianas - SP

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Semana Camiliana


ACONTECEU

Hospital São Camilo Ipiranga

Paróquia Nossa Senhora do Rosário - SP

Itá - SC

Quilombo - SC

Riozinho - RS

Hospital São Camilo Santana

Montenegro - RS

Peritiba - SC

União da Vitória - PR

Santos - SP

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Hospital São Camilo Pompeia

Ipumirim - SC

Porto União - SC

Conchal - SP

São Leopoldo - RS


Comemoração! Pe. Carlos Alberto Pigatto Com júbilo celebramos os 70 anos de vida sacerdotal do Pe. Carlos. Nasceu em 4 de fevereiro de 1927, em Silveira Martins (RS). Ingressou no Seminário São Camilo de Iomerê (SC), em 13 de novembro de 1936. Fez o noviciado no ano de 1943. Sua profissão perpétua aconteceu em 11 de fevereiro de 1948 e a ordenação sacerdotal em 9 de julho de 1949. Pe. Carlos, nesses 70 anos de vida sacerdotal foi formador, capelão de hospital, diretor de hospital, vigário paroquial e superior de várias comunidades.

Pe. Arcídio Favretto Com júbilo celebramos os 60 anos de vida sacerdotal do Pe. Arcídio. Nasceu em 22 de novembro de 1933, em Nova Petrópolis, distrito de Joaçaba (SC). Ingressou no Seminário São Camilo de Iomerê (SC), em 18 de dezembro de 1947. Fez o noviciado em 1952. Sua profissão perpétua aconteceu em 8 de dezembro de 1956 e a ordenação sacerdotal em 28 de junho de 1959. Pe. Arcídio, nesses 60 anos de vida sacerdotal foi pároco, capelão hospitalar, coordenador da Pastoral da Saúde e superior de comunidade.

Pe. Luiz Gemelli Com júbilo celebramos os 60 anos de vida sacerdotal do Pe. Luiz. Nasceu em 23 de novembro de 1932, em Guaporé (RS). Ingressou no Seminário São Camilo de Iomerê (SC), em 24 de janeiro de 1947. Fez o noviciado em 1953. Sua profissão perpétua aconteceu em 8 de dezembro de 1957 e a ordenação sacerdotal em 6 de dezembro 1959. Nesses 60 anos de vida sacerdotal, Pe. Luiz foi pároco, formador, missionário (Bolívia e Argentina), capelão hospitalar, superior de comunidade e vigário paroquial.

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