Revista Viração - Edição 79 - Dezembro/2011

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a r i V a z a f m e Veja qu

Sexo e Saúde

pelo Brasil Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) www.aic.org.br

Centro de Refererência Integral de Adolescentes – Salvador (BA) blogdocria.blogspot.com

Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA - Fortaleza (CE) www.taconectados.blogspot.com

Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br

Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Taba - Campinas (SP) www.espacotaba.org.br

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org

Instituto de Estudos Socioeconômicos Brasília (DF) www.inesc.org.br

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br

Grupo Cultural Entreface Belo Horizonte (MG) gcentreface.blogspot.com

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br

Agência Fotec – Natal (RN)

Apôitcha - Lucena (PB) www.apoitcha.org

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com

Lunos - Boituva (SP) www.lunos.com.br

Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com


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2 1 0 2 m e é p m U E

uestões dos nas q ja a g n e s n , promete s jove so para o m Brasília n e , te s ê in i m fo te , evento o e es ste ano Juventude municaçã a o d C l a e n e io d c te todo o ncia Na da Juventu ram duran ª Conferê 2 ra a a p m re o p c país se cial com ainda mais e todo o gem espe d a s rt n o e p v re jo ma s de Nacional, caremos u al milhare antes da Vira, publi para o qu m a d ra la o ã ro iç e d do país. ias qu róxima e na capital conferênc s to ano. Na p a n d e v o e s s o e de capa rante o do proc ai rolar du portagem v re e a u um balanç s q s o m n e jov m de 12, a obertura 2011, alé pé em 20 além da c ntude em s com um e o v ju m m, a ta s d v e no que e agenda E como já lanço da enda do a a g b a a m d u s z nte ão fa is importa desta ediç ectos ma p s a s s o r feita pelo apresenta entrevista a m u ! o te ra ã e direto que prom nesta ediç odanzky, fere ainda sta Laís B a e in c Você con a de com undo, além São Paulo isas do M jovens de o C vo à s ti re n o e ao inc s Melh portância do filme A im io a m re r b s, po e m so reportage uitas veze m , o id v o m ! leitura, pro Boa leitura públicos. de editais

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses oito anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Asso

ciazione Jangada

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Lima Duarte (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (PE) - pe@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org

Com 12 edições anuais, a Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore).

at en dimen t o ao l eit o r Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Revista Viração • Ano 9 • Edição 79 03


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8 TV Experimental

por Em meio a latas e pneus, TV online é feita feita usam e crianças e adolescentes de Salvador (BA) que abusam da criatividade

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Cinema e Juventude

Laís Bodanzky, diretor a de As Melhores Coi sas do Mundo, conversa com os jovens da Vira sobre o filme, que retrata com fidelidade o univer so juvenil, segundo a crítica

itura Incentivo à lepú o acesso ao blicos promovem

Saiba como editais ão de periódicos meio da distribuiç conhecimento por ís pa o ltura de todo para Pontos de Cu

Manda Vê . . . . . . . . . . . . . 06 De Olho no Eca. . . . . . . . . 08 Imagens que Viram. . . . . . 10 No Escurinho . . . . . . . . . . 30 Que Figura . . . . . . . . . . . . 31 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32 Rango da Terrinha . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

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Passe Livre

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Planos para o ano

bre as conquistas Em uma retrospectiva do ano de 2011, relem ame-se para os progr e ão, nicaç nas áreas de Juventude e Comu 2012 de is socia e os polític ntos acontecime

Conheça a região de Engenheiro Marsilac, na capital paulista, onde jovens vivem em situação de exclusão social, conforme indicativos de pesquisa

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Movimentos sociais questionam a existência de tarifas para o transporte público em diversas cidades brasileiras, e lutam pela gratuidade do serviço

Vulnerabilidade social

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Sempre na Vira

Intolerância religiosa

Estudantes seguidores da fé bahá'í são impedidos de frequentar a universidade no Irã por serem adeptos de uma religião diferente da ofic ial

Direito de ser adolescente

Em Brasília (DF), adolescentes de todo o país discutem questões da juventude em evento promovido pelo UNICEF

Violação de direitos

Meia-entrada está ameaça da por conta de exigências da Fifa, que pressiona o gov erno brasileiro para abrir mão do direito

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Revista Viração - ISSN 2236-6806 Conselho Editorial Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Conselho Fiscal Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Pedagógico Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

Direção Executiva Paulo Lima e Lilian Romão

Equipe Adrielly dos Santos, Ana Paula Marques, Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Eric Silva, Evelyn Araripe, Gisella Hiche, Karina Lakerbai, Gutierrez de Jesus Silva, Ionara Silva, Manuela Ribeiro, Mariana Rosário, Novaes, Sonia Regina e Vânia Correia

Administração/Assinaturas Douglas Ramos e Norma Cinara Padilha

Mobilizadores da Vira Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (Everton Nova), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros),

Projeto Gráfico Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, Reynaldo Gosmão, Silmara Aparecida dos Santos e Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Graciele Oliveira dos Santos) e São Paulo (Gutierrez de Jesus Silva e Tamires Ribeiro).

Colaboradores Antônio Martins, Heloísa Sato, Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat e Sérgio Rizzo.

Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Fale com a gente! E-mail

Diga lá Via Facebook Olá, como devo proceder para solicitar exemplares de edições anteriores deste ano? Sou aluno de jornalismo da Universidade Federal do Ceará e a revista viração se encaixa bastante com o tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Roger Quentin Pires

Sou jornalista, jovem e acompanho a revista Viração. Gosto dos temas abordados pela revista, acho interessante e prestativo para o públicoalvo. Moro em Porto Alegre e vi que a revista não tem representante aqui no Rio Grande do Sul. Gostaria de saber se posso contribuir com matérias, se há interesse por parte de vocês. Abraço! Raul Pujol

E-mail Olá, sou de Sergipe e sei que o Estado não possui um núcleo virajovem. Gostaria de saber como criar um já que trabalhamos com Educomunicação na escola. Grato! Wil Marques

Oi, Roger! Faça a solicitação pelo nosso email: redacao@viracao.org. Assim, encaminhamos para o departamento responsável! Agradecemos o seu interesse em utilizar a Viração como objeto de estudo. Um abraço!

Siga a Vira no Twitter: @viracao. E também confira a página e o perfil da Viração Educomunicação no Facebok.

Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta!

Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 0135-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!

Raul e Wil, que bacana saber que vocês têm interesse em colaborar conosco! De fato, não temos conselho no Rio Grande do Sul e sará uma honra ter colaboradores no Estado. Em Sergipe, temos um conselho em formação na cidade de Lagarto, mas quanto mais jovens produzindo melhor! Entraremos em contato para articular a formação dos conselhos!

Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao

Parceiros de Conteúdo


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Manda Vê Cláudia Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)*; Tamires Ribeiro, do Virajovem São Paulo (SP)*; e Mariana Rosário, da Redação

A cultura dos Estados Unidos influencia o pensamento, hábitos de consumo e gosto das pessoas em diversos lugares. Exercendo o seu poder de principal economia do planeta, especialmente, no âmbito cultural, suas produções cinematográficas e artistas são conhecidos mundialmente. No Brasil, a maior parte dos filmes em cartaz são estadunidenses, assim como os seus best-sellers são muito bem aceitos e consumidos no Brasil.

As produções do país norteamericano são tidas como referência de qualidade. A internet intensificou essa influência, divulgando mais ainda a produção estadunidense, e trazendo ainda novas referências, como as próprias redes sociais, como o Facebook, utilizada vastamente no Brasil. Quase 70% de usuários da rede social são brasileiros. Nesse contexto, os virajovens de São Gabriel da Cachoeira (AM) e São Paulo (SP) perguntaram aos jovens:

A cultura dos Estados Unidos é mais valorizada pelo jovem brasileiro do que a nacional? Gislayne Caxias dos Santos, 16 anos, São Gabriel da Cachoeira (AM) José Brendel Oliveira de Sousa, 17 anos, Campina Grande (PB) “Os jovens de hoje gostam mais da cultura americana, e acabam desvalorizando a cultura de sua origem, principalmente a juventude, pois prefere os estilos americanos de roupas de marcas, de bandas internacionais, alimentação, entre outras coisas. Em geral, a sociedade brasileira valoriza mais a cultura americana pelo seu reconhecimento mundial.” 06 Revista Viração • Ano 9 • Edição 79

“A cultura americana é mais valorizada pelo jovem, pois ela o influencia muito quanto ao estilo de música e modo de se vestir. Mas nem por isso os jovens desvalorizam a cultura brasileira. E sabemos que o nosso Brasil é rico em diversidade e temos várias culturas, temos pessoas de vários lugares aqui.”

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (am@revistaviracao.org.br e sp@revistaviracao.org.br)


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Jacqueline Moniz, 24 anos, São Paulo (SP) “A cultura dos Estados Unidos influencia grande parte dos países, mas acredito que o jovem brasileiro valoriza bastante a cultura norteamericana, já que a tecnologia faz essa conexão. Ainda temos parte da nossa cultura salva, mas a tendência é que ela passe por um processo de transição, influenciada por outras culturas.”

Jonildo Alves de Lima, 15 anos, São Gabriel da Cachoeira (AM)

“Ela não é só valorizada pelo jovem. Tudo começa pelas as emissoras de TV tipo a Multishow, MTV e assim por diante. E sabemos que a mídia tem uma grande influência sobre isso.”

Laís Almeida, 22 anos, São Paulo (SP) “Os jovens gostam mais da música estrangeira do que da nossa própria. Temos também, a questão da língua ser conhecida mundialmente, o que facilita mais ainda o contato com o país, e assim, com a cultura.”

Anderson Martins, 17 anos, São Gabriel da Cachoeira (AM) “Na minha opinião, em parte sim, porque a cultura americana tem mas a ver com os jovens, seja ela nos estilos de músicas, roupa ou corte de cabelo. Todas essas coisas motivam, animam e divertem os jovens.”

Anderson Rodrigues, 23 anos, São Paulo (SP)

Mydsan Silva, 20 anos, São Paulo (SP)

“Sim. Se o jovem não estiver envolvido na cultura local do seu estado ou região, ele dá mais valor à cultura de fora. Por exemplo, o Halloween é mais lembrado do que as comemorações locais das regiões sul, norte e nordeste.”

“Jovens artistas estadunidenses fazem sucesso pelo mundo afora e influenciam a maneira de viver e tornam-se vangloriados. Há também o idioma inglês e o intercâmbio que proporciona novos horizontes e a formação em instituições conceituadas.”

Não é de hoje A cultura dos Estados Unidos está muito presente no nosso dia a dia, mas nem sempre o nosso país esteve aberto para essa influência. Na época em que o regime militar estava em vigor, o nacionalismo e a valorização do produto nacional eram amplamente divulgados e apoiados. A abertura para novas políticas e culturas poderia atrapalhar o controle social da ditadura e o nacionalismo, dando ênfase à valorização das questões do país, disfarçou a intenção dos militares.

A presença de palavras ou expressões em inglês já foram incorporadas pelo nosso vocabulário. Os termos “internet”, “bullying”, “download” e “mouse”, por exemplo, são usados no Brasil exatamente como nos Estados Unidos, tão automaticamente que não nos damos conta que se trata de um idioma estrangeiro. É comum ver nas ruas pequenas lojas ou marcas que preferem usar o inglês. Para algumas pessoas, o uso dessa língua significa status, mas há ainda bandas e escritores que usam o inglês para se aproximar mais do jovem que curtem bandas e artistas dos Estados Unidos.

Faz Parte


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Ivo S sa ou

A C E o n o De olh

Direito ao lazer e à cultura Larissa Pereira Ocampos e Equipe do Portal Pró-Menino*

D

Lentini

ezembro é mês de férias escolares. Nada melhor que aproveitar o tempo livre e descansar, ler, se divertir, praticar esportes e conhecer lugares novos, como museus, cidades históricas e praias. Até porque, como prevê o ECA no artigo 4º e no inciso IV do artigo 16º, são direitos da criança e do adolescente poder brincar e se divertir, e dever da família, da sociedade em geral e do poder público tornar esse direito realidade. No entanto, muitas vezes, o direito ao lazer e à cultura são deixados em segundo plano e perdem lugar na garantia dos direitos infantojuvenis. Uma pesquisa lançada pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS), no ano passado, apontou que a violação dos direitos de acesso à cultura, ao esporte e ao lazer é citada com menor frequência entre as demais. Isso não quer dizer que ela quase não ocorra, mas simplesmente que as pessoas têm maior dificuldade em reconhecer a importância desses direitos. É preciso entender que não há um grau hierárquico de violações. O fato de uma criança não possuir brinquedos, espaço para brincar ou atividades culturais disponíveis na comunidade, como os cinemas comunitários, é tão importante quanto uma violação relacionada à sua educação, saúde ou integridade. Principalmente porque a diversão é extremamente importante para o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes. Portanto, a sociedade, poder público e organizações sociais têm também a obrigação de trabalhar para garantir o lazer e o acesso à cultura a crianças e adolescentes. Procure em seu bairro ou comunidade as opções de lazer oferecidas à população e, caso não haja, entre em contato com ONGs e conselhos que atuem na região.

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).

08 Revista Viração • Ano 9 • Edição 79

Viagens Para alguns, estar de férias significa viajar. Para evitar dores de cabeça, atente para as recomendações e restrições legais. Crianças de até 12 anos só podem viajar pelo Brasil acompanhadas dos pais ou responsáveis, parentes de até terceiro grau ou pessoa com autorização feita pelo pai, mãe ou responsável. Os acompanhantes devem ser maiores de idade. Se a criança tiver que viajar desacompanhada de um maior de idade, os pais precisam solicitar uma autorização judicial no fórum da cidade. Os documentos de identificação da criança, como certidão de nascimento ou RG (originais), devem ficar com ela ou o responsável durante toda a viagem. Já os adolescentes podem viajar por todo o território nacional sem a necessidade do acompanhamento dos pais, mas devem portar o documento de identificação original. Apesar da liberdade de ir e vir em território nacional, adolescentes não podem se hospedar em hotéis, motéis, pousadas, pensões sem a autorização dos pais. Por isso, se for viajar, prepare-se com antecedência! V


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Mídias Livres

Uma TV de bagunça e aço Lata existe desde 2007 Projeto da ONG Bagunçaço, a TV em para jovem com uma programação feita de jov

Gizele Martins, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*

“E

m 2007, a ONG Bagunçaço, localizada no Jardim Cruzeiro, em Salvador (BA), criou o projeto TV Lata, uma TV experimental on-line que teve início a partir de uma conversa do coordenador em Brasília com um parceiro que se ofereceu para fazer um projeto de filmagem com o grupo. A ideia era trabalhar com câmeras de segurança, fazer filmagens e colocar no ar, via internet. Ao chegar essa notícia no grupo, todos ficaram muito motivados, vendo que a ideia de criar uma TV dentro da comunidade instigava a imaginação dos jovens, que começaram a pensar em elaborar filmes, novelas e até mesmo pequenos vídeos na comunidade. O mais incrível foi que essa motivação foi em frente e o projeto saiu do papel. Mas, para ficar com a cara da ONG, que trabalha com instrumentos percussivos feitos com latas, pneus, entre outros materiais recicláveis, as câmeras de segurança são colocadas dentro de uma armação feita com lata de leite e ligadas a uma ilha de edição. Elvis dos Santos, 20 anos, entrou no projeto em 2007 como aluno. Ele não se via com um grande dom musical. Ao ouvir falar do projeto, se encantou e o abraçou de tal forma que hoje é educador. “Quando encontrei a TV Lata, eu encontrei logo de cara

a edição. Foi quando eu me apaixonei, e aí eu descobri que tinha um dom. Quando o professor precisou ir embora, então tomei a frente da TV Lata, como jovem multiplicador”, diz. Tudo que é criado na TV Lata é de forma livre, sem nenhum modelo prévio. É uma ideia, uma vontade e a única coisa obrigatória é ser possível filmar. Num vídeo feito por eles, foram usadas sandálias como personagens e uma música, na qual as crianças participaram de forma muito criativa e original. Além dos vídeos, a TV Lata também realiza o Sarau, um programa transmitido ao vivo para mostrar tudo que é feito pelas crianças, adolescentes e jovens da comunidade. Vai ao ar todas às sextas-feiras a partir das 14h. “O objetivo é não deixar que isso acabe”, relata Elvis. O projeto deu tão certo que ele hoje já se expandiu para Moçambique. A parceria do Bagunçaço partiu de uma visita ao país africano e gerou a ideia de produzir uma ramificação da organização para ajudar no desenvolvimento de adolescentes e jovens daquele país. V

Acompanhe a TV Lata pelo site: www.tvlata.org. * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rj@viracao.org)

Revista Viração • Ano 9 • Edição 79 09


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IMAGENS QUE VIRAM

ARTE E ENGAJA M ENTO Texto e fotos: Filipe Borges Campos, do Virajovem Vitória (ES)*

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ntre os meses de setembro e outubro deste ano, a Avalanche Missões Urbanas Underground, ONG localizada na cidade de Vitória (ES), promoveu eventos artísticos com caráter de protesto na capital do Espírito Santo, com a participação de jovens da cidade. O primeiro foi o Boca no Trombone, uma intervenção com intuito de protestar contra o abuso sexual de crianças e adolescentes. Além disso, rolou o Festival de Artes Avalache, que teve como objetivo mobilizar a nossa geração a sonhar com um mundo melhor, a ter mais atitude, responsabilidade e amor, sentimentos manifestados com oficinas, exposições, shows, feira mix, apresentações artísticas, um fórum e muito mais! O caráter inovador na forma de agir e expressar o anseio por essas mudanças foi a base do evento, cujo tema foi Corrupção Mata. Confira algumas das imagens produzidas durante esses dois eventos. V

10 Revista Viração • Ano 9 • Edição 79


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Conheça mais sobre o trabalho da Avalanche Missþes no site: www.avalanchemissoes.org

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (es@viracao.org)


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r a d u t s E -e crime

quentar a universidade da são impedidos de fre

No Irã, jovens ain

devido à opção religiosa

Jordana Araújo, colaboradora da Vira em São Paulo (SP)

E

m 10 de dezembro de 1948, há mais de 60 anos, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, fruto da iniciativa das Nações Unidas e que consiste no ideal comum de todos os povos e nações adotarem medidas que assegurem, efetivamente, por meio do ensino e da educação, o respeito a tais direitos; seja pelo indivíduo ou órgão institucional. Um dos preceitos básicos universais citados no documento é que toda pessoa tem direito à educação. Mas, e se esse direito fosse violado? E se você fosse impedido de ingressar no ensino superior? E, se você estudasse bastante para passar, por exemplo, na prova da Universidade de São Paulo ou na Universidade de Brasília e, ainda que aprovado no vestibular, fosse barrado de prosseguir os estudos por conta da sua crença religiosa? Pois é essa a realidade hoje no Irã, na vida de jovens seguidores da Fé Bahá’í – estudantes como Alborz Norani, Ava Tavakol, Mona Momeni, Arkideh Aghaie e Malika Vazirzadeh. O único crime que cometeram foi seguir uma religião que acredita na unidade do gênero humano, no amor, no mútuo respeito, na igualdade de direitos entre mulheres e homens, na educação universal. Ao concluírem o ensino médio e tentarem acesso nas universidades iranianas, esses jovens descobriram que as portas da educação superior estavam fechadas para eles. Você deve estar se perguntando: por que isso ocorre em pleno século 21? A resposta é identificada facilmente como intolerância religiosa e, nesse caso, compromete não apenas a liberdade de pensamento, consciência e religião, como também o direito fundamental e universal à educação. Uma alternativa encontrada por professores voluntários bahá’ís foi estabelecer, em 1987, o Instituto Bahá’í de Educação Superior (BIHE). Contudo, a partir de meados de 2011, essa iniciativa informal e sem fins lucrativos passou a ser considerada ilegal pelo governo iraniano, que nega perseguir a religião no país. No dia 18 de outubro de 2011, sete integrantes do corpo docente do BIHE foram condenados de quatro a cinco anos de prisão por estarem exercendo a sua profissão, ensinando os excluídos da sociedade iraniana, e por recusarem negar sua fé, que é seguida por mais de 300 mil pessoas naquele país, apesar das perseguições intensificadas após a Revolução Islâmica.

12 Revista Viração • Ano 9 • Edição 79

Perguntamos a jovens representantes de todos os continentes do mundo sobre a situação imposta aos estudantes bahá'ís pelo governo do Irã, a fim de ilustrar nesta reportagem a universalidade de perspectiva sobre o tema. Em suma, todos os entrevistados defendem que esta é uma luta contra a violação de direitos humanos e não uma questão meramente religiosa. Os jovens entrevistados foram unânimes: desejam ser a voz de Alborz, de Ava, de Mona, de Arkideh, de Malika e de tantas outras vítimas da opressão religiosa no Irã. Por isso, realizam ações que promovem a visibilidade dessa injustiça, como as campanhas www.can-you-solve-this.org/br e www.educationunderfire.com. Você também pode defender os jovens iranianos barrados das universidades participando e ajudando a divulgar essas campanhas mundiais. Você tem outras ideias de como defender o direito à educação desses jovens? Quer iniciar uma campanha na sua escola ou faculdade? Envie a sua sugestão para jordana.araujo@bahai.org.br. V País: Irã Capital:Teerã População: 74,2 milhões Língua oficial: Persa

Para saber mais sobre a negativa de acesso à educação superior no Irã, acesse: www.bahai.org.br/noticias/educacao


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Depoimentos na estudante de Ciências Biomédicas Yeo Ying Quan, 30 anos, católico, a Universidade Nacional de Singapur cometeram que esses jovens estudantes não “Decepcionado pela decisão. Sei de um país es líder r ntra ito nessa época enco erro algum. Parece algo tão inéd nvolvimento dese do cto ar um importante aspe que consideram uma lei para neg , esse tipo idas ouv em foss fé. Se mais vozes humano apenas por causa da sua de discriminação não existiria.” Bacharel em Ciências Sociais pela Tiyamike Blantyre, 27 anos, bahá’í, Universidade de Malawi - África de acesso restrito, considerada uma “Embora na África a educação seja situação no Irã é ainda pior. Se eu forma de escapar da pobreza, a a para o futuro seria diretamente estivesse no Irã, a minha esperanç ado.” gravíssimo, que deve ser conden abalada, pois tal privação é um ato Jonathan Chacon, 19 anos, cristão,

estudante de Medicina no Texas

A&m University – Estados Unidos

r desses jovens eu também não religiosa, mas se estivesse no luga “Eu nunca enfrentei perseguição mento, no entanto, eu não todos algum dia enfrentaram julga negaria a minha fé. Eu acho que er perseguição. Esperaria que o ar a minha fé apenas para não sofr poderia viver se tivesse que neg nder.” estaria impossibilitado de me defe mundo me defendesse, já que eu dante da Faculdade de Medicina

Júlia Duringer, 22 anos, bahá’í, estu

de Petrópolis - Brasil

sobre o tema. Talvez o aria soluções em fóruns de debate “Se estivesse no Irã, agora, busc uma alternativa. Tentaria e sse respaldo internacional foss ensino coletivo à distância que tive dito que não se trata acre com o amor. Embora seja bahá’í, combater o ódio e o preconceito anos.” hum itos um manifesto em favor dos dire de uma causa religiosa, mas sim, Stéphanie Fernandes, 22 anos, sem

religião, Bacharel em Direito pelo

Uniceub - Brasil

recém formada no curso de apenas uma em particular. Como “Minha religião é a de Deus, e não ntais do homem no s é a quebra aos direitos fundame direito, o que ressalta a meus olho apenas por terem Irã dignas - e que buscam o bem - no tocante à prisão de pessoas con ditam no amor, na acre ido em recriminar pessoas que ideologias diferentes. Não vejo sent bons homens de a priv rância de alguns, ao meu ver, ajuda ao próximo e na união. A igno ao mundo.” mostrarem sua devida importância


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r e t r ó Rep

Fiel a adolescencia ,

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.,

sobre o A cineasta Laís Bodanzky, em bate-papo na Viração, fala o processo de realização do filme As Melhores Coisas do Mund Douglas Lima, colaborador da Vira em São Paulo (SP); Adriélly Aparecida dos Santos, da Agência Jovem de Notícias; Tamires Ribeiro da Silva e Guilherme Ramos Santos, da Plataforma dos Centros Urbanos, Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)*

E

logiado pela crítica e pelos grandes veículos de imprensa, o filme As Melhores Coisas do Mundo chama a atenção pela abordagem real da adolescência, uma produção que dialoga com o jovem e promove identificação com o seu público-alvo. Em conversa na sede da Vira, em São Paulo, a diretora do filme, Laís Bodanzky, conta à galera do Virajovem São Paulo, da Agência Jovem de Notícias e Plataforma dos Centros Urbanos como foi a processo de construção do filme. Reconhecida e premiada pelo filme Bicho de Sete Cabeças, a cineasta é engajada em um projeto de exibição de filmes desde 2005, em parceria com o marido e também cineasta Luís Bolognese, roteirista de As Melhores Coisas do Mundo. O Cine Tela Brasil percorre em um caminhão alguns estados brasileiros, além de oferecer formações em audiovisual. Confira trechos desse bate-papo:

Viração: Como vocês escolheram as histórias que compõem o filme? Laís: Essa história, a partir da série de livros Mano, teve total liberdade pra ser construída. Então nós fomos a várias escolas particulares de São Paulo. Vamos descobrir nosso personagem no meio dele, que deve estar aí camuflado no meio de tantos estudantes. E essa pesquisa foi muito importante, porque eram conversas parecidas com essa, de uma tarde inteira numa roda, um grupo pequeno. E vieram histórias muito fortes, então nós dizemos que parte das histórias do filme vieram da vida real. A gente percebeu que adolescência é adolescência sempre, é universal e atemporal. Entra geração, sai geração, as questões da adolescência continuam, e muitos adultos se identificam com a história.

Linha do Tempo Inicia o projeto Cine Tela Brasil, levando cinema itinerante a regiões dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

2005

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Lança o filme Bicho de Sete Cabeças, com pouco recurso, mas com grandes atores brasileiros no elenco, como Rodrigo Santoro e Cássia Kiss.

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A linguagem utilizada no filme é a mesma utilizada pelos adolescentes e jovens. Como rolou a construção dessa linguagem? No roteiro, nós escrevemos o diálogo como eles são falados, mas na hora da atuação, desde a preparação dos atores, eu fiz questão de avisá-los que era muito importante que eles entendessem sobre o que estavam falando. Tal frase precisa de tal emoção, de tal sentimento para fazer sentido embutido nela. Mas demos total liberdade aos atores para que eles escolhessem a forma de falarem as frases, colocando a sua linguagem. Uma curiosidade é que o filme tem muito palavrão. Não dá pra fazer um filme de adolescentes retirando os palavrões! Faz parte desta forma de se expressar. Eu queria falar com adolescentes, pra que pudesse ser um jogo de espelho: “Pô, minha turma fala assim, eu me expresso assim”.

Divulgação

Um dos principais questionamentos do filme é sobre a juventude de hoje não ser a mesma de 10 ou 15 anos atrás. Qual é a sua visão da juventude de hoje em relação às anteriores? Olha, tem diferença sim, sem dúvida nenhuma, mas acho que a maior diferença é na forma de se expressar, com a entrada da tecnologia digital. Os medos e as inseguranças, pra mim, são as mesmas. Os jovens que querem se posicionar, que têm uma consciência política são poucos, mas sempre existiram. Então, às vezes, a gente tem a impressão que nas gerações anteriores, os adolescentes eram mais engajados e unidos, mas tem um pouco de folclore nisso. Sei que são poucos, mas esses poucos são muito especiais, fazem um barulho danado, e isso é muito legal. E isso continua sendo a mesma coisa. Nós percebemos que 75% dos jovens do Brasil nunca foram ao cinema. Nós queríamos saber a sua visão, como cineasta, dessa situação.

Lança As Melhores Coisas do Mundo, livremente inspirado na série de livros Mano, de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto.

2010 * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org)

Acho esse número completamente assustador. Sou cineasta mas, em paralelo, também sou produtora cultural e desenvolvo um projeto que tem o objetivo de diminuir esse indicativo. O projeto se chama Cine Tela Brasil e leva cinema, de graça, às periferias das cidades do Brasil inteiro. Além disso, o projeto tem dois desdobramentos: o primeiro é composto por oficinas de audiovisual, o segundo é um portal na internet, o Tela BR, que são oficinas virtuais. Quem quiser aprender sobre a linguagem audiovisual pode acessar este portal, que é de formação e de informação ao mesmo tempo. Com esse projeto, queremos aproximar principalmente o jovem de escola pública, já que o nosso universo é o audiovisual, mas o da escola não é assim, ainda está num processo impresso. Qual foi o impacto que este filme causou? Como você acredita que ele atingiu o adolescente? Tenho um retorno sempre muito forte e positivo pelo blog do filme, pelos debates que rolavam em torno do filme, ou reações de grupos que diziam: “Caramba, somos nós ali!”. Foi muito provocativo, no final das contas. E um filme é eterno, é feito pra durar. Então, existem pessoas que viram agora e ficaram muito emocionadas, e existem outras que assistiram várias e várias vezes, e ainda têm o mesmo sentimento, o mesmo carinho. Pelos depoimentos que ouvi, o filme foi muito respeitoso, fiel à adolescência de hoje e serve como um documento para que, no futuro, possam investigar como foram os adolescentes desta geração. Sei que é pretensioso dizer isso, mas acho que atingimos o nosso objetivo.

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“Adolescência é adolescência sempre, é universal e atemporal. Entra geração, sai geração, as questões da adolescência continuam.”

, Lais Bodanzky

Recebe o prêmio de melhor direção da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo trabalho com o filme sobre o universo adolescente.

2010

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Se e direito, nao ha tarifa! passe livre, uma prestação Muitos movimentos reivindicam o de transporte coletivo de serviço gratuito e democrático Beatriz Troncone, do Cieds*

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a França, em 1662, Blaise Pascal definiu os primeiros conceitos sobre transporte público coletivo. O serviço perdurou por quinze anos após sua morte, mas o Parlamento criou restrições para o seu uso, sugerindo que fosse utilizado apenas por pessoas "de condições". O aumento gradual da tarifa levaram a sua extinção em 1677. Apenas em 1826, com a criação do ônibus por Stanislas Baudry (França), o conceito de transporte público foi retomado seguindo os mesmos critérios definidos por Pascal, permanecendo até hoje, conforme indica o site Wikipedia. De acordo com a SPTrans, empresa que administra as linhas de ônibus na cidade de São Paulo, a capital do Estado e seus 38 municípios vizinhos têm hoje quase 17 milhões de pessoas. Na região metropolitana, cerca de 55% das viagens motorizadas são feitas em transporte coletivo, num total de seis milhões de passageiros transportados por dia. O sistema compreende 16 consórcios responsáveis por aproximadamente 15 mil veículos. O transporte é hoje um dos maiores problemas sociais de São Paulo. Há congestionamentos cada vez maiores, ônibus inadequados e precários operam com uma quantidade reduzida de carros, limitação das linhas e grande duração das viagens. Fundamentada no entendimento de que o transporte é, além de essencial, um direito fundamental, previsto pela Constituição brasileira, na garantia de acesso aos demais direitos – como saúde e educação – pergunta-se sobre a legitimidade da cobrança de taxas para o uso desse direito. O acesso a direitos como saúde, educação, lazer ou trabalho na região urbana é diretamente dependente da qualidade e acesso ao sistema de transporte coletivo. Além de contornar as consequências logísticas do crescimento intenso e sem planejamento das cidades – que ainda contam com um modelo de transporte social e economicamente centrado no automóvel – um grande complicador na garantia desses acessos é a cobrança cada vez mais exagerada nos valores das passagens, que permitem – ou impedem? – à população de usar o sistema. O uso prioritário do automóvel gera impactos negativos: a segregação espacial (quem não tem carro só pode estar dentro do ônibus, enquanto quem tem, pode sempre optar), exclusão social (o automóvel é de posse de seu dono, enquanto o transporte coletivo é de posse da empresa que o administra – o usuário não tem posse de nada) além de altos custos ambientais, sociais e econômicos.

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Art. 30 – Compete aos Municípios V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; (Constituição Brasileira, 1988)

Custo dos reparos à sociedade (em geral, arcados pelo Estado) por danos gerados pela iniciativa privada. Por exemplo, parte da piora nos níveis de poluição atmosférica no Município de São Paulo é um problema decorrente do recente aumento no número de automóveis circulantes. Em função disso, aumentou (entre outras coisas) o número de atendimentos nos hospitais públicos para problemas pulmonares, relacionados ao uso desenfreado de automóveis. Esse “reparo” é custeado pelo Estado, com impostos pagos por toda a população e não pela indústria automobilística, principal responsável pelo problema.


Passe Livre O uso do ônibus implica em um custo social de R$ 0,20 por viagem, enquanto do automóvel é R$ 0,50; o tratamento das vítimas de acidentes de trânsito é o fator que mais gera custos ao sistema público de saúde em todo o país e, atrelados aos custos ambientais, que também não são pequenos, temos que, segundo a Faculdade de Medicina da USP, cerca de três mil mortes por ano estão relacionadas à poluição do ar, só em São Paulo, e a circulação de automóveis é responsável por 70% das emissões que contaminam a atmosfera das grandes cidades brasileiras. Além disso, o tempo de deslocamento é de cerca de duas horas por viagem para 66% dos paulistanos, podendo ser drasticamente reduzido se a maioria usasse transporte coletivo: enquanto duas mil pessoas podem cruzar uma via em carros, os ônibus permitiriam o transporte de nove mil passageiros pelo mesmo espaço. Contra essas mazelas, atua o Movimento Passe Livre. O movimento nasceu das consequências de duas grandes revoltas: a Revolta do Buzu, de 2003, ocorrida em Salvador (BA); e as Revoltas da Catraca, ocorridas entre 2004 e 2005, em Florianópolis (SC), batizadas com esse nome na Plenária Nacional pelo Passe Livre, organizada no 5° Fórum Mundial Social, em 2005. O fato de o serviço ser gratuito para a população e desvinculado da iniciativa privada garantiria a posse do serviço pela população – afinal, vivemos uma Democracia. Segundo o MPL, mais que a luta contra o aumento da tarifa, luta-se contra a existência de uma tarifa. Isso não significa que o transporte seria dado de graça, mas seu custo seria dado pela cobrança de impostos progressivos, refletindo as reais possibilidades de custeamento desse direito, de forma participativa, beneficiando e responsabilizando toda a população. Lembrando que, no Rio de Janeiro (RJ), o Passe Livre estudantil já é uma vitoriosa realidade. V

Plínio Zúnica

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*www.cieds.org.br

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Exercendo o direito à voz à comunicação, Para incentivar a leitura e o direito humano nomas editais do governo multiplicam iniciativas autô

Da Redação

Q

uando se fala em comunicação no Brasil, logo pensamos nos grandes veículos como Rede Globo, Editora Abril, Grupo Folha, algumas das empresas responsáveis pela comunicação de massa no país, ou seja, aquela que atinge milhares de pessoas de uma só vez, influenciando diretamente o modo de pensar, os gostos, hábitos e cultura de toda uma população. O documentário Levante sua Voz, produzido pelo Coletivo Intervozes, revela que apenas 11 famílias no Brasil detém o monopólio dos veículos de comunicação. Isso significa que poucas pessoas têm efetivamente a possibilidade de comunicar suas ideias e visões de mundo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos trata a comunicação como direito essencial, a partir do qual outros serão efetivados. O documentário conta a história real de dois irmãos portadores de deficiência visual. Eles tiveram a ideia de estabelecer uma rádio comunitária destinada a pessoas que não enxergam, mas a polícia fechou a emissora, impedindo que os dois irmãos exercessem o seu direito à voz, por não terem uma concessão pública, que é uma autorização formal do governo para que qualquer emissora de rádio ou TV possa funcionar. No entanto, editais públicos criados recentemente pelo governo federal têm apoiado iniciativas e projetos autônomos de mídias alternativas. Um deles é o Edital Periódico do Ministério da Cultura, que incentiva com recursos materiais publicações produzidas por pequenas editoras e ONGs, distribuindo-as em bibliotecas públicas e pontos de cultura de todo o país. O jornalista Antonio Martins, do Ponto de Cultura

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Outras Palavras, de São Paulo (SP), entende que iniciativas como esta são positivas, pois garantem a pluralidade de opiniões e visões a serviço da sociedade. Para ele, o Estado deve oferecer oportunidades para que iniciativas culturais e de comunicação possam ter como se sustentar. E delas seria cobrando compromisso com o cultivo da diversidade comunicativa. “Há uma comunicação horizontal, participativa, expressão do direito humano à comunicação, autônomo, que não tem vocação para produto comercial e tem de ser apoiada pela sociedade. É como a universidade pública, sustentada pela sociedade, que não precisa se vender, não tem que se preocupar em atrair alunos, mas sim em prestar um serviço para a sociedade, fazendo pesquisas de alta qualidade e outras questões que se referem à sociedade”, compara.

Experiência bem sucedida Na cidade de Guaraciaba do Norte, localizada no sertão do Ceará, o Ponto de Cultura Arte da Praça recebe 12 publicações que foram contempladas pelo


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Edital Periódicos do Ministério da Cultura, que auxiliam na formação de crianças e jovens estudantes dos ensinos fundamental e médio que vivem na zona rural da cidade. O local, que existe há 15 anos e oferece reforço escolar, cursos de música, teatro, pintura, além de desenvolver projetos culturais, ganha muito com essa iniciativa, de acordo

com Márcio Pena, coordenador da instituição: “O Edital tem sido de grande importância e de aprendizado para os jovens que frequentam o Ponto e quem ganha com tudo isso é a nossa comunidade, com o aprimoramento do conhecimento do jovem.” “O Estado deve aperfeiçoar o sistema de avaliação dessas políticas, ainda muito frágil. Deveria ser melhor, com um sistema efetivo de controle. Iniciativas como essa permitem a existência e o fortalecimento de projetos importantes. Os primeiros resultados mostram como é preciso multiplicar”, analisa Antonio Martins. V

Ponto de Cultura do sertão cearense é favorecido com edital de periódicos

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Divulgação

CADASTRO NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS A Fundação Biblioteca Nacional acaba de criar o Cadastro Nacional de Bibliotecas Públicas, um instrumento fundamental para subsidiar a criação e ampliação das políticas públicas do livro, leitura, literatura e bibliotecas do governo federal. Participar do Cadastro Nacional de Bibliotecas Públicas é uma condição indispensável para que sua biblioteca possa receber recursos do Ministério da Cultura para financiar ações de modernização, ampliação e atualização de seus acervos.

Acesse www.bn.br e inscreva-se!


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Capa

O QUE VEM POR AÍ...

portantes nas r conquistas e avanços im po do rca ma foi 11 20 de o O an uarda para 2012 ação. Confira o que nos ag nic mu Co e e tud en Juv da áreas

Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP), Gutierrez de Jesus Silva, do Virajovem São Paulo (SP)*, Mariana Kz, Mariana Manfredi, Isis Lima Soares e Tiago Luna, colaboradores da Vira, Evelyn Araripe Vânia Correia e Bruno Ferreira, da Redação

O

Brasil nunca esteve tão jovem. Mais de 50 milhões de brasileiros têm idade entre 15 e 29 anos, o que representa cerca de 30% da população mundial, segundo dados de 2010, mas o restante do planeta não fica muito atrás. Cerca de 18% da população mundial é jovem, o que significa que mais de 1,2 bilhão de pessoas no mundo têm idade entre 18 e 24 anos. Desse total, 87% vivem nos países em desenvolvimento, enfrentando dificuldades de acesso a direitos fundamentais como emprego, moradia, saúde e cultura. Foi nesse contexto que a Assembleia Geral das Nações Unidas lançou o Ano Internacional da Juventude sob o tema Diálogo e Entendimento Mútuo, que começou em 12 de agosto de 2010 e terminou com as celebrações do dia Internacional da Juventude, em 12 de agosto de 2011. O encerramento do Ano Internacional da Juventude aconteceu em julho na cidade de Nova Iorque, durante o Encontro de Alto Nível das Nações Unidas

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sobre Juventude. Na ocasião, a Secretaria Nacional da Juventude assinou termo de cooperação com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) que prevê a colaboração mútua para disseminação de boas práticas na área das políticas públicas de juventude no eixo sul-sul. Em 2011, o desafio era continuar ampliando direitos e conquistar marcos legais. Aumentar o investimento na juventude, sua participação, além de estabelecer parcerias e ampliar a compreensão intercultural entre os jovens, eram os principais objetivos do Ano. Em todo o mundo aconteceram diferentes iniciativas, envolvendo governos e sociedade civil, que evidenciaram a importância e a urgência de considerar os jovens como agentes estratégicos do desenvolvimento. No Brasil, aconteceram momentos muito importantes nesse sentido. A 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude é um deles, que vai rolar esse mês, mas as mobilizações para esse evento começaram cedo ainda no âmbito

municipal. Milhares de jovens estiveram empenhados em elaborar propostas de políticas públicas e de marcos legais que promovam a institucionalização da política nacional de juventude. A aprovação do Estatuto da Juventude na Câmara dos Deputados também representa uma grande conquista, embora ainda não tenha sido aprovado pelo Senado. Mas as conquistas não começaram este ano. Em 2010, por exemplo, o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional de nº 65, que inseriu o termo “jovem” no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal. A aprovação da PEC da Juventude (42/2008), como ficou conhecida, foi uma importante vitória e garante aos jovens o acesso a direitos constitucionais já assegurados às crianças, adolescentes e idosos. Com tantas conquistas ao longo dos últimos anos, especialmente o de 2011, o que podemos esperar para 2012? De que formas a Juventude pode continuar engajada?


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Meio ambiente em debate 2012 é ano da Rio+20, evento que retoma as discussões da ECO 92 vinte anos depois (daí o “+20”). A ideia desse evento é reunir novamente os líderes mundiais, empresários e sociedade civil, agora incluindo crianças e jovens, para ver o que mudou ao longo dessas duas décadas, quais problemas socioambientais foram solucionados, o que se agravou e quais novos surgiram, a fim de retomar os compromissos assumidos na época, avaliar o que já está em prática e o que pode ser feito nos próximos anos para garantir que as pessoas e os países continuem a se desenvolver sem agredir o planeta. Como o nome do evento sugere, essas discussões vão rolar no Rio de Janeiro, cidade que sediou, em 1992, a ECO 92, também conhecido como Rio 92 ou Cúpula da Terra, um encontro histórico, organizado pelas Nações Unidas, que reuniu líderes mundiais de 108 países, além de representantes da sociedade civil, para discutir as questões de meio ambiente do planeta. “E o que tem de tão especial nisso?”, você pode perguntar. O grande diferencial é que essa foi a primeira vez na história do mundo que se discutiu meio ambiente de forma tão séria e global. Foi a primeira vez que os países admitiram a necessidade de unir forças para solucionar os problemas ambientais que começavam a despontar pelo mundo. Essa cúpula resultou em alguns acordos e tratados em que os países se comprometeram a cumprir metas ao longo dos anos seguintes e na criação da Agenda 21 e da Carta da Terra, documentos que são referências até hoje para ações ligadas ao meio ambiente. Agora, 20 anos depois, a Rio +20 promete ser um novo marco ambiental no planeta, já que estará em pauta grandes discussões sobre um novo modelo de economia e desenvolvimento global, a chamada Economia Verde. Um dos preparativos para a Rio+20 que rolou neste ano foi a Conferência Internacional Tunza de Crianças e Jovens, abordada na seção Viração World da nossa edição anterior. Crianças e jovens do mundo todo, inclusive do Brasil, elaboraram a Declaração de Bandung, um documento que mostra as preocupações e propostas da galera para temas que consideram importantes estar na pauta da Rio+20, que acontece entre os dias 20 e 23 de junho de 2012, e contará com a presença dos virajovens e da turma da Agência Jovem de Notícias para fazer uma super cobertura.

Juventude e eleições Além de todos os eventos nos quais a Juventude poderá se envolver no ano de 2012, um dos principais é o processo eleitoral que elegerá prefeitos e vereadores em todo o país. Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), organizações e partidos políticos têm buscado envolver cada vez mais o jovem nesse processo. Em todos os Estados têm rolado campanhas e projetos para que o jovem possa enxergar no voto a possibilidade de combate à corrupção e um instrumento para a busca de uma nova realidade. No Espirito Santo, há o Programa de Ética e Transparência Eleitoral (Prete). Liderado pelo TRE/ES, busca formar jovens cidadãos em eleitores conscientes. Durante o ano de 2010, o programa contou com a participação efetiva de 12.697 pessoas e 4.225 instituições

te com meio ambien Oficina sobre P) o Paulo (S Jovens de Sã

parceiras, entre elas o Parlamento capixaba. O presidente do TRE/ES, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, em entrevista cedida a Web Ales, comenta que o projeto nasceu modesto, mas hoje toma proporções maiores. “Atingimos diretamente 30 mil estudantes, abordados diretamente por mim e pelos juízes eleitorais. Foram visitadas 53 escolas e realizadas eleições para Fiscal Cidadão nas 13 maiores escolas do estado, atingindo mais de 400 alunos, que serão diplomados no TRE. É uma vitória da população, uma vitória das futuras gerações, que não precisarão mais fazer campanhas contra compra de votos e boca de urna", diz. No Acre, o desembargador Pedro Ranzi declarou durante o anúncio do calendário eleitoral de 2012 que o eleitor jovem será o foco principal do TRE/AC. “Temos que mostrar para nossos jovens a importância e o valor do voto. Vamos até às universidades e colégios para conversar com a juventude e convidá-los a uma reflexão sobre o que representa uma eleição e o voto de cada um”, revela o desembargador.

Partidos e juventude Diretórios de todos os partidos políticos do país também estão planejando focar mais na participação dos jovens nas próximas eleições. Nesse mês de dezembro acontece o Congresso Nacional da Juventude Social Democrata (JPSDB), que tem como um dos objetivos o lançamento de 400 candidaturas jovens para as eleições municipais de 2012. No Partido dos Trabalhadores (PT) também se debate o tema. O Secretário Nacional de Juventude do PT, Valdemir Pascoal, afirma que as eleições serão importantíssimas para demarcar a quantidade significativa de jovens que há no país. “É no município que os 52 milhões de jovens brasileiros podem potencializar nosso crescimento econômico com distribuição de renda e desenvolver a sua trajetória pessoal”, declara.

Campanha Banda Larga é Um Direito Seu Em 2011, a Campanha Banda Larga é Um Direito Seu agitou a pauta da Comunicação. Em 25 de abril em diversas capitais Revista Viração • Ano 9 • Edição 79 21


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Capa brasileiras foi feito o lançamento oficial da campanha, buscando bater de frente com o governo e conseguir a universalização da internet para todos. E o que isso significa? A ideia é que todos possamos ter acesso à internet com um custo justo e com uma boa velocidade de navegação. Em 2010 foi feito o lançamento do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), elaborado pelo governo federal, e esse ano foi fechado um acordo de compromisso com as empresas de telecomunicações, as chamadas teles. O acordo determinou quais ofertas elas fariam para facilitar o acesso da população ao PNBL. Existiram ainda outros fatores ao longo desse ano que foi o Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU), voltado à telefonia fixa, e veio junto também com a renovação dos contratos de concessão das teles. O momento, portanto, foi propício para o debate sobre a Banda Larga. A campanha, que reúne entidades da sociedade civil, articulou um tuitaço no dia 21 de junho para chamar a atenção para os problemas no termo de compromisso com as empresas de telecomunicações, utilizando a hashtag #MinhaInternetCaiu. O tuitaço gerou uma grande movimentação na internet, “logo depois tivemos uma movimentação muito importante também na discussão de qualidade da internet, que acredito que foi uma vitória importante do ultimo mês, quando a Anatel aprovou parâmetros de qualidade bastante avançados para a internet”, diz João Brant, um dos principais articuladores da campanha e membro do Coletivo Intervozes. Para João, o tuitaço teve saldo positivo: “O que se esperava foi alcançado, porque acredito que ele conseguiu mostrar que tem muita gente insatisfeita com o tipo de iniciativa que o governo teve na relação com as empresas de telecomunicações. As empresas são as verdadeiras vilãs dessa história. Elas prestam serviços de muito baixa qualidade, e as pessoas estão acostumadas a ter que brigar com essas empresas no seu dia a dia”. Para 2012, a campanha não tem uma agenda fixa, mas pretende continuar acompanhando a agenda governamental e pressionando o poder público e as iniciativas privadas. “Quando falamos em regime público, significa um regime de prestação de serviço em que você tem condições de impor obrigações às teles, e é isso que a gente sente que não tem sido a tônica do governo, e esperamos que o debate possa crescer ao longo de 2012”, finaliza João Brant.

maio de 2011 72 da Vira, de A Edição nº a larga na nd ba da o estã abordou a qu de capa reportagem

onde surgiram propostas aprovadas para que o governo institua um marco regulatório que realize o que está previsto na Constituição. O governo ainda não fez. O Estado está devendo explicações”, critica Celso. O FNDC lançou recentemente um documento chamado 20 pontos para democratizar as comunicações no Brasil, considerado a reunião dos principais objetivos do movimento para os próximos anos. O documento, disponível no site do Fórum, foi elaborado para garantir maior transparência no debate sobre Comunicação no país, além de buscar a sua democratização. A criação de um Conselho Nacional de Comunicação para estabelecer diretrizes paras as políticas públicas da Comunicação e regulação do setor, garantia da participação popular nos

Arquivo V

iração

20 pontos para a Comunicação Embora o diálogo com o Ministério tenha sido difícil, na opinião de Celso Schroder, diretor executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), os avanços pela democratização da Comunicação vêm acontecendo desde 1985. “A partir do governo Lula os movimentos começaram e em 2009 houve a Confecom, de

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*Integrante de um dos Conselhos Jovens presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org)


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processos e tomadas de decisões, prestação dos serviços de Comunicação em regime público, fortalecimento das rádios e TVs comunitárias e limite à concentração nas comunicações são alguns dos pontos presentes no documento. V ção

Arquivo Vira

Jovens Comunicado res marcarão presen ça nos debates sobre Comunicação e Juventude em 2012

Saiba mais sobre a Campanha Banda Larga é Um Direito Seu e sobre o FNDC nos sites: www.campanhabandalarga.org.br e www.fndc.org.br


Renan Vieira Andrade

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À beira

do risco

Bruno Gaspar Romualdo, do Setor 3*

E

s Pesquisa retrata exclusão social de jovens moradore Paulo de Engenheiro Marsilac, bairro da zona sul de São

ngenheiro Marsilac talvez seja o único bairro dentro de São Paulo (SP) em que o caos urbano não figura como fator dominante da paisagem e do cotidiano. Com a mais extensa área territorial, de menor densidade demográfica do município – que mede o número de habitantes por metro quadrado -, é o último distrito, no extremo da zona sul da capital paulista. Movimentado principalmente por atividades rurais, é todo ladeado pela Mata Atlântica. Em contrapartida, o que o difere do restante da capital paulista é outro índice, nada favorável: possui a maior taxa de vulnerabilidade juvenil da cidade. Partindo desse conceito, que mede o risco do jovem em situações sociais, transgressoras e de violência, o psicólogo Antônio Ribeiro desenvolveu o estudo Jovens em Marsilac, como objeto de sua pós-graduação em psicologia social. O principal objetivo do trabalho, também calcado nos ideais do sociólogo francês Robert Castel, que analisa a sociedade medindo duas formas de exigência sobre os indivíduos, foi identificar e discutir os possíveis estados de vulnerabilidade da juventude dessa região e mostrar as eventuais representações dessa situação nas vidas deles. O trabalho concluído, segundo ele, é uma “tentativa de tradução da realidade”.

24 Revista Viração • Ano 9 • Edição 79

Durante quase três anos, o psicólogo colheu dados sobre a região e a população residente em Marsilac. Para isso, ele contou com a participação de 36 jovens de ambos os sexos, de idades entre 12 e 17 anos, “a fim de subsidiar ampla discussão sobre o contexto de em que são inseridos”, explica o pesquisador. “É um bairro marcado pela falta de oferta pública e pela baixa renda”, completa. Ribeiro começou o contato com Marsilac em 2007, quando participou de uma equipe para levar oficinas de arteeducação a Parelheiros e região, Marsilac é o bairro vizinho. Esse foi o pontapé para se questionar sobre os processos sociais naquele local.

Ouvindo as fontes Fábio Cavalcanti, Kérsia Oliveira e Anderson Almeida, de respectivamente 16, 15 e 16 anos, cursam o 1° ano do ensino médio na Escola Estadual Hilton Reis, em Marsilac. Participaram das conversas com Antônio Ribeiro em 2009, quando estavam no sétimo ano do ensino fundamental. “Aqui é longe de tudo”, reclamam todos juntos quando perguntados da informação mais marcante que deram ao pesquisador. Pela falta de serviços públicos no bairro, a


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população de lá leva cerca de quatro horas para chegar ao centro da capital paulista, via transporte público. “Mas gostamos do sossego daqui”, dizem. Anderson quer ser técnico de informática, enquanto Fábio sonha com a carreira de músico. Já Kérsia pensa em ser policial: “gosto da aventura”, justifica. No entanto, eles têm a certeza de que precisam se mudar para outras zonas para terem chances de concretizar suas vontades. “Falta muita informação por aqui, e já perdi emprego porque disse que morava em Marsilac”, diz Anderson. Mesmo com a distância do “resto do mundo”, conforme exemplificam, esses jovens são otimistas: “ir ao centro de São Paulo é um ótimo passeio para o fim de semana”. Embora acuados na periferia por conta da distância, não se sentem excluídos. “Com a internet temos, ao mesmo tempo, informação e conhecimento”, concordam. Conectados, não são diferentes de qualquer outro jovem das áreas centrais da capital. Fábio, por exemplo, faz questão de dizer que é antenado e baixa as novidades do mundo da música o tempo inteiro. Navegam na internet em casa, cerca de cinco horas por dia. Na Hilton Reis, no entanto, os estudantes não costumam acessar por conta da falta de estrutura. Na escola há apenas uma sala de informática, que lota depois do horário de aula. Segundo eles, a falta da participação da juventude é por conta do pouco incentivo. “O jovem daqui não tem interesse”, revela Kérsia, que nunca participou de iniciativas públicas. Fábio, todavia, já colheu assinaturas para conseguir asfaltar a rua onde mora, há um ano. Reitera: “Até agora não resolveram, mas o prazo ainda não acabou”. Para ele, o principal encarregado de motivar a comunidade de jovens é o próprio jovem. “Somos a força do Brasil. A gente tem que se mexer”, diz.

Segundo ela, o maior problema da região é a falta de oportunidades, em vários setores: “O governo deveria implantar mais iniciativas para o jovem daqui não precisar se deslocar”. Ela ainda afirma que os fatores-chave para o crescimento da região seriam: uma maior estrutura turística, dadas as condições ambientais do local, além de cursos profissionalizantes e maior incentivo do poder público para empresas, indústrias e comércios se instalarem por lá. Citou o programa Ação Jovem, governamental, que dava uma bolsa de R$ 90 para cursos, mas foi suspenso por falta de cadastrados. Em 2009, Antônio Ribeiro entrevistou onze crianças da ONG. A pesquisa destaca que o critério para a escolha de conversar com jovens da Mão Cooperadora e da Escola Hilton Reis foi justamente o aspecto mais marcante, a distância – uma fica cerca de 30 km da outra. No entanto, Elaine Albuquerque afirma que a situação é homogênea, praticamente a mesma em todo o bairro: “Ou a criança mora no meio do mato, ou na favela. Aqui não tem área nobre e eles vivem em condições sub-humanas”, alerta. A região também tem a maior taxa de mortalidade infantil de São Paulo. V

Articulação local A ONG Mão Cooperadora atua na região de Engenheiro Marsilac há quatro anos. Com projetos focados na educação e na harmonia no convívio de jovens de seis a 14 anos, oferece cursos extracurriculares anuais. Em 2011, estão sendo ministrados conteúdos de inglês, conscientização ambiental e robótica. Segundo a assistente de coordenação da entidade, Elaine Albuquerque, o comportamento de grande parte das 130 crianças lá atendidas já melhorou. “A frequência escolar é maior, bem como o convívio entre eles, mais pacífico e saudável”, completa.

População: 8252 habitantes Índice de vulnerabilidade juvenil (IVJ): 92,00 Jovens de 15 a 17 anos que não frequentam a escola: entre 38% e 40% Renda média da população: R$446 IDH: 0,701 – o mais baixo da cidade Fonte: dados da Prefeitura da cidade e do IBGE.

www.setor3.com.br

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Orgulho de ser adolescente il UNICEF promove encontro com jovens de todo o Bras

para discutir o direito de ser adolescente

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ção

O

s dias 27, 28 e 29 de outubro aconteceu, em Brasília (DF), o Encontro Nacional O Direito de Ser adolescente. Adolescentes de todo o país discutiram sobre temas que representavam a situação atual da adolescência no Brasil. O encontro foi realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Criança (UNICEF) com a parceria do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC). Muitos foram os momentos em que grupos de trabalho opinaram sobre diversos fatores e contaram um pouco sobre a sua realidade e experiências nessa fase Adolescentes de todo o Brasil trocam da vida. Os adolescentes presentes tiveram acesso a experiências e informações em encontro dados de um relatório que foi lançado posteriormente ao promovido pelo UNICEF encontro, na última semana de novembro. A discussão trouxe dados preocupantes sobre adolescentes que têm seus direitos violados, por viverem em situação de vulnerabilidade. Índices mostraram as desigualdades que determinam as condições de vida dos adolescentes. Fatores como sexo, etnia, condições socioeconômicas e lugar onde se vive refletem diretamente na qualidade de vida da juventude. Meninos de baixa renda e negros são os que mais têm seus direitos violados, por viverem em regiões de risco, ou por se tornarem pais e chefes de família muito cedo, e estando mais expostos à criminalidade e à violência. É entre esse público que há maior indíce de analfabetismo, e também de homicídios. Já meninas sofrem mais com a violência sexual e também apresentam maior índice de infecção pelo vírus HIV. Para cada oito meninos portadores do vírus existem 10 meninas, de acordo com dados expostos durante o encontro. Outro aspecto abordado sobre a adolescência no Brasil foi que adolescentes que vivem na região do Semi-árido, de modo geral, não estão na série adequada para sua faixa

Fotos: Divulga

Jovens da Plataforma dos Centros Urbanos de São Paulo e da Agência Jovem de Notícias; Mariana Rosário, enviada especial a Brasília, e Larissa Domingues, da REJUPE


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etária. Sobre adolescentes da Amazônia, foi constatado que quase 57% deles convivem com a pobreza na região e a distorção de idade e série é de 48,8% sendo que a média nacional é de 35,9%. Adolescentes que vivem em centros urbanos convivem com um índice elevado de homicídios entre 10 e 19 anos de idade. A média da cidade de São Paulo é de 10,7 para cada 100 mil habitantes, em um bairro da periferia esse índice chega até 28,3 por 100 mil. Também foi discutida a valorização do adolescente não apenas como futuro da Nação, mas como participante da sociedade, sujeito com direito à participação e opinião sobre o desenvolvimento do país. Foram também apresentados dados que pautam os diferentes tipos de adolescência no nosso país, mostrando o que deve ser mudado para que todos possam se desenvolver e aproveitar as oportunidades nessa fase da vida. Para descontrair, o encontro contou com uma noite cultural, na qual os jovens mostraram um pouco da cultura do lugar onde vivem, com apresentação de dança, canto, cordel, audiovisual e outras ferramentas que celebraram uma noite cheia de aprendizado e diversidade. Todos encontraram espaço para participar e conhecer, fazendo parte da mistura que divertiu e ensinou coisas novas a todos.

Juventude e Copa do Mundo Representantes da Rede de Juventudes Pelo Esporte (REJUPE) dos 12 estados que irão sediar a Copa do Mundo também se encontraram em Brasília com o objetivo de discutir linhas estratégicas de atuação que serviram de base para mobilizações de consolidação da rede nas cinco regiões do país durante os próximos meses.

O encontro teve inicio com uma roda de conversa onde foram colocadas as principais ações desenvolvidas em cidades pelos jovens, enfatizando avanços e desafios. Divididos em quatro grupos de trabalho, os participantes discutiram temáticas que serão trabalhadas durante os megaeventos. Eram elas: comunicação, mobilização social, transferências de boas práticas e incidência política. Desses grupos saíram estratégias, vias de atuação e possíveis parceiros que irão contribuir para o crescimento da Rede. Ainda no dia 27, todos os jovens tiveram um encontro de confraternização para que pudessem se conhecer melhor e dar boas vindas a quem estava chegando em Brasília, principalmente a galera que iria participar do encontro Direito a Ser Adolescente. No mesmo dia aconteceu o debate com Claudio Langone, coordenador da Câmara Nacional de Meio Ambiente para a Copa de 2014, ocasião para que as dúvidas sobre sustentabilidade fossem tiradas, além de discutir possíveis riscos e oportunidades para o meio ambiente que irão surgir durante este período.

V

plataforma dos centros urbanos A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidades para a Infância (Unicef) voltada para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. O objetivo é reduzir as iniquidades garantindo que as crianças e adolescentes, de regiões periféricas das cidades, possam crescer e se desenvolver integralmente como previsto no ECA. A iniciativa é desenvolvida em ciclos com duração de quatro anos (2008 a 2011) e está sendo implementada inicialmente nas cidades de São Paulo e Itaquaquecetuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ). A Viração Educomuncação é parceira técnica do Unicef nessa ação, atuando diretamente na formação de adolescentes que, por meio da comunicação, mobilizam as comunidades em torno de seus direitos.

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E eu com isso?!

A gente quer só a metade! Fifa

entrada para adolescentes

para abrir mão de meiapressiona governo brasileiro

e jovens

Nealla Machado, do Virajovem Campo Grande (MS)*

A

Copa do Mundo de 2014, que será sediada no Brasil, está chegando e gerando várias polêmicas. A mais comentada é o direito à meia-entrada para os jovens assistirem aos jogos de futebol. E, consequentemente, a aprovação da Câmara sobre o Estatuto da Juventude também aparece para colocar mais gasolina sobre a fogueira. Mas a Federação Internacional de Futebol (Fifa) não concorda com a meia-entrada na Copa do Mundo e já pediu ao governo brasileiro que faça mudanças na Lei Geral para deixar claro este ponto. A Lei Geral da Copa traz um conjunto de medidas exigidas pela Fifa para a realização da competição no Brasil. A Constituição Federal garante desde 1988 o direito de toda uma população, não só dos jovens, ao acesso à cultura. O Art. 215 do Capitulo III admite que é obrigação do Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também garante e defende o direito à educação, ao esporte a ao lazer, no art. 53. O acesso a esses direitos surge como um fator de transformação social, visando o enfrentamento à exclusão social por meio da cultura, permitindo que os jovens se desenvolvam e estejam preparados para exigências da vida em sociedade, tanto quanto aos seus direitos e deveres no convívio com as pessoas. “Eu acho que tem que ter a meia entrada sim. Mas em um número bem limitado, para evitar que os estudantes vão em massa pagando meia-entrada, deixando os turistas e outras pessoas sem os seus ingressos. Sem contar que se a maioria pagar meia, pode dar algum tipo de prejuízo para os estabelecimentos”, argumenta o estudante de 19 anos, Carlos Potter.

A cobrança da meia entrada atualmente é definida pelos Estados da federação, no entanto ela pode vir a ser regida por lei federal caso o Estatuto da Juventude seja validado. O estatuto determina o direito à meia-entrada em eventos artísticos e esportivos em todo o território nacional para jovens entre 15 e 29 anos. O Estatuto da Juventude aparece no sentido de garantir aos jovens o acesso à cultura, na forma de pagar metade do valor do ingresso de peças, cinemas, shows e até mesmo viagens de ônibus interestaduais. “Acredito que as pessoas não veem que o jovem tem vulnerabilidade. Ele não é criança, mas, passa por mudanças e começa a formular as suas experiências sociais nessa faixa etária. Porém até 29 anos pra mim é um exagero. No entanto, acho válida essa preocupação especial com a juventude”, afirma a universitária Stefani Santana, de 20 anos. V

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal (ms@viracao.org)

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No escurinho

História do Cinema - Parte 10 A cada edição, Sérgio Rizzo traz em capítulos um pouco da história cinematográfica. Uma oportunidade para colecionar e conhecer as diferentes fases que ajudaram a tornar o escurinho da sala de cinema um espaço apreciado por muitos

Em busca do público perdido Sérgio Rizzo*, crítico de cinema

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espectadores. A cada ano, apenas três ou quatro filmes brasileiros ultrapassam a barreira de um milhão de espectadores. Entre os demais, poucos superam a marca dos 500 mil; a maioria tem públicos inferiores a 100 mil espectadores, ficando muitas vezes apenas uma ou duas semanas em cartaz, em poucas salas, localizadas geralmente nos grandes centros.

V

Divulgação

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á quem diga que a produção cinematográfica brasileira vive, desde o início de sua história, de pequenos surtos de boa comunicação com o público, que seriam sucedidos por grandes crises. E há também quem prefira ver uma crise contínua, interrompida ocasionalmente por momentos favoráveis – que não teriam força, entretanto, para consolidar a atividade cinematográfica no país de acordo com parâmetros desejáveis. Na passagem dos anos 1970 para os 1980, os números indicam que os ventos sopravam a favor. A produção nacional chegou a ocupar, em 1982, 36% do mercado doméstico. Dez anos depois, em virtude de diversos fatores, entre os quais a política de desmanche cultural do governo Collor, o índice de ocupação do mercado por filmes nacionais despencou para um número irrisório: 0,05%. Ou seja: 99,95% dos ingressos vendidos naquele ano em todo o país foram para assistir a produções estrangeiras. Nos últimos dez anos, o índice de ocupação oscilou entre 10% e 20%, graças especialmente aos mecanismos de incentivo fiscal que possibilitaram, a partir de 1994, a retomada da produção. Passamos a ter filmes, novamente. A maior parte deles, contudo, ainda é vista por um público restrito. Para acabar com esse entrave, são prioritários os investimentos nas áreas de distribuição e de exibição. Sem eles, uma parcela representativa do público continuará sem ter acesso ao cinema nacional. Maior bilheteria na história do cinema nacional, Tropa de Elite 2 (2010) foi uma exceção à regra, ou um "desvio na curva", com mais de 11 milhões de

Cena do filme Tropa de Elite 2

* www.sergiorizzo.com.br


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Que Figura!

Padroeira dos

pobres

aos Madre Tereza de Calcutá dedicou sua vida o mundo pobres e vítimas de tragédias em todo

“A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.” Madre Tereza de Calcutá

Bruno Ferreira, da Redação

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adre Tereza de Calcutá demonstrou que a caridade é amor em ação. Nascida em 26 de agosto de 1910, a macedônia Agnes Gonxha Bojaxhiu se tornaria Madre Tereza aos 18 anos, quando deixou sua casa para entrar em um convento irlandês, onde recebeu esse nome por conta de sua padroeira, a Santa Tereza de Lisieux. Em 1929, foi enviada para a cidade indiana de Calcutá, onde iniciou seus trabalhos ensinando em uma escola secundária, na qual começou o seu trabalho de auxílio a pessoas necessitadas, conquistando a todos que estavam ao seu redor com seu exemplo e boa vontade, inclusive seguidores que professavam outras doutrinas religiosas. Recebeu donativos de budistas, hindus e islâmicos, o que possibilitou ampliar a sua atuação entre crianças e mulheres abandonadas, vítimas de violência, portadores do vírus da aids e com lepra. Mas foi em 1946 que recebeu a inspiração para estabelecer o seu mais amplo trabalho de auxílio aos necessitados: a família dos Missionários da Caridade, que teve início em Calcutá e expandiu-se para toda a Índia durante a década de 1950. A partir dos anos 1960, os benefícios da obra de Madre Tereza não ficariam restritos aos indianos. Em 1965, a cidade de Cocorote, na Venezuela seria a primeira fora da Índia a receber os Missionários da Caridade. Posteriormente, a Europa, com início na periferia de Roma, e países africanos, no final da década de 1960, foram beneficiados. No período da Guerra Fria, conflito ideológico marcado pela disputa de influências entre Capitalismo e Socialismo, a obra de Madre Tereza de Calcutá esteve presente também em países comunistas, havendo 15 fundações na antiga União Soviética.

Durante os anos 1990, mesmo com a saúde debilitada, a madre deu sequência a sua peregrinação pelo mundo, com o objetivo de abrir novas casas de missão para continuar servindo aos mais pobres e vítima de tragédias e guerras. Retornou a Calcutá em 1997, ano que morreu aos 87 anos. Foi beatificada em 19 de outubro de 2003 por conta de um milagre que teria operado em uma indiana que sofria com um tumor no estômago, do qual foi curada de forma inesperada, caso inexplicável para a ciência. O processo de canonização de Madre Tereza, no entanto, segue em aberto, mas já é considerada por muitos como “a padroeira dos pobres e incapacitados”. A vida da beata foi tema de documentários e do filme Em nome dos pobres de Deus, de 1997, com a direção de Kevin Cannor, além de uma minissérie na TV indiana, no ano de 2003.

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Sexo e Saúde

Cristiane Rosa, da Associação BemVindo*

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Natália Forcat

Educação Sexual tem recebido muito pouca atenção das políticas públicas e educacionais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam a Educação Sexual como um dos temas transversais, assim como: ética, meio ambiente, trabalho e consumo, saúde, pluralidade cultural e cultura jovem, entretanto, a maioria das escolas ainda reluta para incluí-la na programação pedagógica. Além disso, existem alguns professores que acham o assunto incômodo, complexo, e que deve ser transmitido por uma pessoa capacitada, como médico, enfermeiro, psicólogo ou pela família. O Ministério da Saúde aprovou recentemente um conjunto de diretrizes para a saúde do adolescente que estão sendo adotadas

e acompanhadas pelos serviços de saúde municipais. Existe, inclusive, uma carteira específica para o acompanhamento da saúde de meninos e meninas adolescentes, contendo também informações relevantes sobre saúde sexual e reprodutiva. Apesar de a família ter papel fundamental no esclarecimento e orientação sobre sexualidade, a escola e outros locais que atuam diretamente com crianças e adolescentes são os melhores lugares para ter esse tipo de discussão, onde eles se sentem mais a vontade para trocar conhecimento e compartilhar dúvidas. A cada 10 adolescentes que participam da oficina do Programa Adolescer da Associação BemVindo, quatro têm alguma colega de classe que está grávida, com idade entre 14 e 16 anos. Considerando que a sexualidade faz parte de um conjunto de valores, comportamentos, emoções e possibilidades que dependem do processo de desenvolvimento da sociedade, dos padrões definidos e principalmente das relações sociais estabelecidas, o processo educativo e acompanhamento em relação à criança e ao adolescente deve estar presente desde a primeira infância. É preciso falar sobre sexo desde cedo, deixar claro para a criança que esse é um assunto permitido, sobre o qual ela pode falar à vontade, sem ser condenada e criticada por tratá-lo abertamente. A criança quer saber se o adulto está acessível para responder às suas dúvidas e se esse é um tema proibido ou não. Com oficinas lúdicas, desenhos, teatro, material informativo, as crianças e os adolescentes interagem uns com os outros, sempre respeitando a particularidade de cada um, além de valores étnicos, sociais, culturais e religiosos. V Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org

*www.bemvindo.org.br

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Rango da terrinha

Pizza à

brasileira

sucesso entre Conheça o sabor da pizza que tem feito (RR) Vista a população e turistas que visitam Boa

Graciele Oliveira dos Santos e Chris Thomazelli, do Virajovem Boa Vista (RR)*

A

pizza é praticamente uma unanimidade no gosto popular e, em Roraima, um sabor específico vem chamando a atenção dos roraimenses e visitantes. Conhecida como “Pizza Macuxi”, o prato possui um sabor bem regional, que mistura a massa tradicional da pizza com a paçoca de carne e banana, e está se tornando um prato típico local. O nome dado à pizza é uma homenagem à tradição do povo roraimense, pois se costuma dizer que quem nasce em Roraima é macuxi, nome originado dos povos indígenas. A Macuxi é considerada a maior população indígena do Estado, um povo de língua caribe que habita a região do Monte Roraima na região nordeste do Estado. Um único local que oferece essa novidade é a Pizzaria Sorelle, inaugurada em 5 de fevereiro de 2010 sob propriedade de Valdecir Lorenzi, que está localizada na Avenida Mario Homem de Melo, 1719 – Mecejana, na capital Boa Vista. V

Ingredientes: Massa tradicional de pizza pré-assada Molho de tomate caseiro (ou se preferir de caixinha ou latinha) Banana bem madura para fritar (conhecida também como banana Pacovan, banana coruda ou banana d’agua) Paçoca de carne Queijo muçarela fatiado Tomate em rodelas Azeitonas

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Modo de preparo: Frite a banana antes da montagem da pizza. A paçoca deve ser feita com carne, nesse caso, um tipo apropriado para assar e que seja bem macio, temperado e bem frito. A carne deve ser batida no pilão ou liquidificador junto com a farinha de mandioca até ficar bem fininha. Depois disso, é só montar a pizza. Primeiro jogue o molho de tomate sobre a massa, depois distribua a banana e a paçoca de carne. Em seguida, cubra com queijo muçarela, tomate em rodelas e azeitonas. Leve ao forno até que o queijo derreta e depois é só servir! Bom apetite!

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Bate-papo Literário o Projetos incentivam a poesia e dão um nov

sentido à literatura

Da Redação

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E

nquanto muitos têm no livro um companheiro inseparável nos trajetos entre casa e trabalho, outros o enxergam com indiferença ou preguiça. Para reverter essa situação, alguns projetos de estímulo à literatura são idealizados por jovens e desconhecidos escritores, como Hugo Paz, paulistano de 24 anos que, recentemente, laçou seu terceiro livro de poesia. Em parceria com a noiva Marah Mendes, procura realizar projetos para incentivar o gosto pela leitura e a expressão por meio da poesia. O projeto Bate-papo Literário é um deles. Realizado em Centros de Educação Unificados (CEUs) e bibliotecas da capital paulista com estudantes e frequentadores, consiste em uma sabatina a escritores sobre o seu trabalho, características e o papel da Literatura nos dias de hoje. O encontro pretende fazer com que todos entendam e vivenciem a arte das palavras, presente para muitos apenas no currículo escolar. “Essa iniciativa propõe que as pessoas reflitam, analisem e tenham acesso a informações sobre os escritores: como iniciaram no meio literário, suas inspirações, suas visões de mundo e cotidiano, influências, seus desafios e como a escrita pode influenciar as pessoas”, explica Hugo Paz. Outro projeto coordenado pelo jovem poeta paulistano é o Sarau nas Escolas, que teve início no ano passado, com a intenção de estimular a poesia como linguagem entre estudantes do supletivo de uma escola pública de São Paulo, que declamam textos diversos.

Ao final dos saraus, rolam debates sobre questões sociais e são sorteados livros, como forma de estimular a leitura e a expressão por meio de versos. “É preciso levar a literatura periférica para as salas de aula. Com a chegada desse evento eles podem expor e debater ideias, além de conhecer escritores que estão escrevendo sobre sua realidade”, finaliza Hugo. V Divulgação

Participantes utilizavam violão em sarau


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