Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

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Sexo e Saúde

a r i V a z a f m e u q Veja pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG) www.aic.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Centro de Refererência Integral de Adolescentes – Salvador (BA) blogdocria.blogspot.com

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br

Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com

Instituto de Estudos Socioeconômicos Brasília (DF) www.chamadacontrapobreza.org.br

Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras Lavras (MG)

Grupo Cultural Entreface Belo Horizonte (MG) gcentreface.blogspot.com

Casa da Juventude Pe. Burnier Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org

Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)

Agência Fotec – Natal (RN)

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com

Taba - Campinas (SP) www.espacotaba.org.br

Apôitcha - Lucena (PB) www.apoitcha.org


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Conteúdo

a v i t e l o c o ã ç u d o r P U “

nas de rata. Deze a b é nas o ã n o espaço odiana e ganharã o hollywo u ã q ç u s d e ro lm fi rp rm onfo e s com ma supe nos EUA, c são gasto ó s S . re o la d e ó d to e mundo milhões d milhões d média 60 inemas do c m e e d a s st la u e sa os qu se ução c principais e e coletiv cada prod rt a s, n a e v m ti jo a sé vir da m de os nossos reportage s amantes Na nossa alidade do levantaram . o re v a ti d a rn ra p e s nada ela ma alt m valor fo duzir cine oas apaixo ro ss p dólares, u e e p los d e d o v s ti ência atadas pe om o obje fere experi ntes das tr n re o e c if formam c ê d c s o e v d o, lida era na mã ordam rea capa Câm recurso ab o c u o p m e co iras ema. telona, qu das prime res de cin or dentro to p u a d ersidade c ro fi p U m s po da niv també grande ru ê g c o m v u , o r ã o vens ada p Nesta ediç cas dos jo uisa realiz uma pesq es midiáti õ e ç d u s d e ro õ p s conclu sobre as o pode za (Unifor) saber com a a s s a de Fortale p ,e iabilizar l cearense os para v ir e c n da capita a n fi e recursos or falta d conseguir avetado p g n e to je um pro a leitura! grana. Bo

Quem somos A

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 22 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses oito anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, ao lado, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Asso

ciazione Jangada

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileiros e no distrito Federal Belém (PA) - pa@viracao.org Belo Horizonte (MG) - mg@viracao.org Boa Vista (RR) - rr@viracao.org Brasília (DF) - df@viracao.org Campinas (SP) - sp@viracao.org Campo Grande (MS) - ms@viracao.org Curitiba (PR) - pr@viracao.org Fortaleza (CE) - ce@viracao.org Goiânia (GO) - go@viracao.org João Pessoa (PB) - pb@viracao.org Lavras (MG) - mg@viracao.org Lima Duarte (MG) - mg@viracao.org Maceió (AL) - al@viracao.org Manaus (AM) - am@viracao.org Natal (RN) - rn@viracao.org Porto Velho (RO) - ro@viracao.org Recife (PE) - pe@viracao.org Rio Branco (AC) - ac@viracao.org Rio de Janeiro (RJ) - rj@viracao.org Sabará (MG) - mg@viracao.org Salvador (BA) - ba@viracao.org S. Gabriel da Cachoeira - am@viracao.org São Luís (MA) - ma@viracao.org São Paulo (SP) - sp@viracao.org Serra do Navio (AP) - ap@viracao.org Teresina (PI) - pi@viracao.org Vitória (ES) – es@viracao.org

Com 12 edições anuais, a Revista Viração é publicada mensalmente em São Paulo (SP) pela ONG Viração Educomunicação, filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (Sindjore).

at en dimen t o ao l eit o r Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 HoRáRio dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h E-mail da REdação E assinatuRa redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 03


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8 1° Enformae

10 Jovens comunicadores

Virajovens do Nordeste organizam encontro para debater mídias alternativas em Natal (RN)

14

Pesquisa da Universidade de Fortaleza investiga produções em comunicação da juventude cearense

grima Com tudo na Es meira do ranking da Karina Lakerbai, a pri esgrima, fala sobre seleção brasileira de órter o esporte ao Galera Rep

18

Cidade ideal

16

Confira o que os jovens de Belém (PA) pensam sobre a relação entre juventude e cidade

Fazendo cinema

22

Confira como é a produção dos chamados filmes alternativos no Brasil e as dificuldades que enfrentam os cinéfilos para fazer cinema com poucos recursos

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Sempre na Vira

Manda vê . . . . . . . . . . . . . 06 De Olho no Eca . . . . . . . . 09 Imagens que Viram . . . . . 12 No Escurinho . . . . . . . . . . 30 Que Figura . . . . . . . . . . . . 31 Parada Social . . . . . . . . . 32 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Rango da Terrinha . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

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Finalmente no ar

estreia em Site da Agência Jovem de Notícias São Paulo e em s rtura cobe com o, estil grande e Nordeste e Nort do dos lançamentos em Esta

Financiamento colaborativo

Site divulga projetos criativos com o objetivo de arrecadar fundos para transformá-los em realidade

Viração World

do conhecimento da Conheça a rede de jovens voluntários Itália na le, Fundação Mondo Digita

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Marcando presença

Saiba o que rolou nas coberturas dos adolescentes e jovens da PCU, Agência Jovem e Pira na Notícia

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Conselho Editorial

Direção Executiva

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Paulo Lima e Lilian Romão

Conselho Fiscal Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Pedagógico

Equipe Aleska Drychan, Ana Paula Marques, Bruno Ferreira, Douglas Lima, Elisangela Nunes, Eric Silva, Evelyn Araripe, Gisella Hiche, Manuela Ribeiro, Sâmia Pereira, Sonia Regina e Vânia Correia

Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Administração/Assinaturas

Presidente

Mobilizadores da Vira

Juliana Rocha Barroso

Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão

Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário Eduardo Peterle Nascimento

Douglas Ramos e Norma Cinara Padilha

(Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Maria de Fátima Ribeiro e Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (Cláudia Fabiana), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves) e São Paulo (Ana Luíza Vastag, Damiso Faustino, Sâmia Pereira e Virgílio Paulo).

Colaboradores Antônio Martins, Clarissa Barbosa, Dedê Paiva, Heloísa Sato, Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes e Sérgio Rizzo.

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Desenvolvimento do Site Orlando Libardi

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura redacao@viracao.org assinatura@viracao.org

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 75,00


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Fale com a gente! @tjesperandio, via Twitter:

Diga lá

Ótimo artigo da Revista @viracao sobre Banda Larga e a situação da conexão via internet no Brasil.

@jessicabalbino, via Twitter: @viracao, rola uma notinha no site?

Resposta: Que bom que gostou da nossa reportagem! A edição n° 72 da Viração, que aborda a questão da Banda Larga, está disponível também na internet. Confira: http://www.issuu.com/ viracao/docs/edicao_72

@tvovo, via Twitter: Olá pessoal, enviamos um e-mail para vocês, pois gostaríamos de participar da Revista @viracao, Esperamos resposta. Valeu!

Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta! Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao

Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Resposta: A Viração e a Agência Jovem de Notícias estão de portas abertas para quem quiser colaborar! Por e-mail, combinaremos as participações!

Venho agradecer a Revista Viração que me foi enviada e, com certeza, será útil ao nosso acervo. Atenciosamente, Rosangela Pimenta Souza Casa de Cultura Biblioteca

E-mail Sou Daniel e participo da Vira. Estive recentemente disponibilizando edições da revista para a Rede de Projetos onde trabalho. Me surpreendi, pois antes de disponibilizar o material para as crianças fui conversar com nosso Diretor, Pe. Xavier. Nem precisei mostrar muito o material. Logo reconheceu o nome e já foi me falando que conhecia algumas pessoas que apostaram na ideia desde o início. Estamos com as revistas circulando na Rede Aica, aqui no Espírito Santo. Daniel Santos Libardi

Ops! Erramos! Na nossa última edição (n° 73), deixamos passar um erro ortográfico na matéria Por um bem coletivo. O título do box, que era para ser O que é Segurança Humana? ficou sem a “ç” na palavra “segurança”. Pedimos desculpas pelo erro.

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Resposta: Ficamos muito felizes em saber que a Vira está presente em novos lugares, informando pessoas diversas com o conteúdo produzido por nossos Conselhos Virajovens e colaboradores. Contamos com o apoio de todos na multiplicação do nosso trabalho! Siga a Vira no Twitter! Nosso perfil é http://twitter.com/viracao


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Manda Vê Juliana Cordeiro e Kevin Machado, do Virajovem Curitiba (PR), e Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)*

Vivemos um novo momento no País, no qual a sociedade parou para acompanhar a discussão da união homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após anos de luta do Movimento LGBT. Não se trata propriamente da aprovação do casamento gay, mas da garantia de direitos que antes contemplavam apenas casais heterossexuais. Pessoas que mantém relação estável com outras do mesmo sexo terão

direito à herança, plano de saúde e pensão alimentícia. Trata-se de um reconhecimento familiar, embora fora dos moldes tradicionais. Os Virajovens de Curitiba e São Paulo foram saber a opinião das pessoas sobre essa questão, que ainda é motivo de polêmica e discordância para alguns setores da sociedade. Confira alguns depoimentos:

Você

concorda com o reconhecimento da união homoafetiva? Henrique Proença, 20 anos, Curitiba (PR)

"Minha posição é favorável. Não é questão de achar a homossexualidade certa ou errada, é questão de dar o direito de escolha a todos os cidadãos de uma nação."

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Gabriela Talpo Camargo, 20 anos, São Paulo (SP) “Eu concordo. Acho que cada um tem direito de ficar com quem quiser e oficializar isso. Se é desejo das duas pessoas, não é porque gosta do mesmo sexo que é diferente. Pra mim dá exatamente no mesmo.”

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pr@viracao.org e sp@viracao.org)


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Mariana Castilho, 21 anos, São Paulo (SP) “Por mais que ache que isso devesse ser um processo de aceitação natural, tanto das leis, quanto das religiões, já que todos são livres pra fazer o que quiserem desde que não interfira no bem comum, acho super válido que o STF tenha reconhecido a união homoafetiva.”

Thiago Oliveira, 19 anos, Curitiba (PR) “Isso é palhaçada, porque se existe homem e mulher é porque Deus quis que fosse homem e mulher se casando. Eu não tenho nada contra, sabe, mas eu acho que atrapalha muito o nosso País.” Lucas Alonso de Abreu, 21 anos, São Paulo (SP) “Concordo, porque não vejo nada de ruim ou errado quanto a isso. Se duas pessoas querem ficar juntas ninguém deveria ter o poder de impedir.”

Natalia A. Bonfim, 34 anos, Curitiba (PR) “Acho que o casamento civil é um direito dos homossexuais, já que antes da sua orientação sexual, eles são cidadãos. Portanto, devem ter direitos como qualquer outro cidadão.”

Melanie Zettel, 21 anos, Curitiba (PR)

Murillo de Carvalho, 17 anos, Osasco (SP)

“Infelizmente, a homofobia ainda é algo muito forte, mas acredito que com a tomada de posição do STF, as coisas possam ser mudadas. É um passo a mais rumo à liberdade. Assim, as futuras gerações poderão compartilhar um mundo livre, de respeito às pessoas e cheio de alegria, onde nem cor de pele e muito menos opção sexual sejam sinônimos de repressão.”

Não é de hoje No mundo, ainda há discrepâncias na questão da união homoafetiva. Países como Argentina e EUA reconhecem oficialmente a união, embora este último apresente restrições em alguns de seus estados, especialmente os da região central. Por outro lado, há países, como a Uganda, que criminalizam a homossexualidade, e chegam a condenar à morte pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo.

"Num mundo onde tanta gente está perdida, tanta gente busca tentar ser feliz, acredito que aqueles que conseguiram encontrar o caminho para tal devam seguir por ele e não olhar mais para trás. Sou a favor da união homoafetiva no Brasil e da liberdade na busca da felicidade, afinal, o mínimo é fazer valer a pena."

Faz Parte

O portal do governo dos EUA lançou há cerca de seis meses um espaço de diálogo com o público LGBT do país, chamado President Obama and LGBT Community (Presidente Obama e a Comunidade LGBT). O mais bacana nessa aproximação é o ItGetsBetter.org. No site da Casa Branca, trata-se de depoimentos em vídeo do presidente, vice e secretários de governo sobre a questão do preconceito ao público LGBT. Mas essa é uma iniciativa dos grandes empresários do país, que apresentam alguns depoimentos de funcionários homossexuais, incentivando a juventude LGBT.


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Articulacao ,~ e Aprendizado Jovens do Nordeste puxam debate sobre Comunicação e Educação

Alessandro Muniz, do Virajovem de Natal (RN), Walisson Oliveira, Elaine Cecília e Thais Magalhães, do Virajovem Maceió (AL)*

E

ram nove de Maceió e quatro de Recife parados na estrada porque o ônibus quebrou. Vinham mais dois de Fortaleza e em Natal mesmo havia mais uma galera recepcionando os que vinham de fora e ajeitando os últimos detalhes do 1º Encontro Nordestino de (In)Formação em Mídias Alternativas e Educomunicação (Enformae), que aconteceu entre os dias 1° e 3 de junho, em Natal (RN) e foi idealizado pela galera que faz parte da Articulação Viração Nordeste (AVN), rede de conselhos Virajovens na região. Os cordéis de abertura, já de cara, mostraram que debater comunicação não precisa ser chato e tenso. Eles foram seguidos por muitos momentos especiais de escuta, fala, trocas e construções, como a palestra Educomunicação: por um direito humano à comunicação garantido e exercido. O Professor Ismar Soares de Oliveira, coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação e da Licenciatura em Educomunicação da Universidade de São Paulo (USP), tratou de vários aspectos históricos e batalhas para conquistar na formalização do curso de Educomunicação. Daí pra frente, foi só alegria! Círculos de debates, mostras e várias oficinas transformaram teoria em práticas educomunicativas. Alcindo Costa veio de Fortaleza. Com 17 anos, o estudante do Ensino Médio está se preparando para lançar, em julho deste ano, a Revista Conectad@s, que terá 5000 exemplares pagos por uma loja. Muito agitado, Alcindo explicou para os jovens repórteres de Maceió que sua motivação para vir para Natal foi, primeiro para fazer parte da Viração e segundo, por ser apaixonado por Educomunicação. “Eu acredito na educomunicação como política”.

*Integrantes dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (rn@viracao.org e al@viracao.org)

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Essa galerinha estava em Natal também por outra razão. Durante o Enformae aconteceu o 1° Encontro Nordestino da Viração, que reuniu 18 adolescentes e jovens de quatro Estados da Região. Neste primeiro encontro, foram discutidos os objetivos, metas e estratégias da AVN, além de permitir que os adolescentes e jovens se conheçam e criem laços que fortalecerão as articulações futuras. Libny Freire, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e colaboradora do evento espera que “o Encontro se torne um evento fixo no calendário acadêmico e que nele possamos sempre dialogar sobre as formas de interação entre o ensino e sua prática, ir além do velho chavão emissor-receptor e ver os estudantes e nós mesmos como agentes produtores”.

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uza/Fotec

Fotos: Renato So

Mesa de abertura do 1º Enformae

O blog do 1° Enformae é http://enformae.blogspot.com. Lá é possível saber sobre a programação, convidados e outros debates que rolaram durante o encontro.


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Ivo S sa ou

A C E o n o De olh

M

ais do que uma legislação específica, que consagrou crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e fortaleceu o protagonismo infantojuvenil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 21 anos no dia 13 de julho, é uma garantia expressa dos direitos dessa parcela da população. O Estatuto traz determinações específicas sobre seus direitos sociais, econômicos e culturais, principalmente sobre o direito à educação. O artigo 54 do ECA estabelece que o ensino gratuito é dever do Estado e prevê as condições em que ele deve ser assegurado. Mas, na prática, a falta de acesso à educação é uma das violações mais comuns, e as denúncias de ausência de vagas e de problemas de infraestrutura pipocam por todo o País sempre que um novo ano letivo começa. Porém, os problemas não se restringem a isso. A qualidade do ensino, ou melhor, a falta dela, é um tema que tem sido cada dia mais recorrente. Discussões sobre a aprovação automática, aumento progressivo da jornada e o contra-turno escolar estão cada dia mais presentes no dia-a-dia de formuladores de políticas públicas, educadores, professores e toda a comunidade escolar. No entanto, para garantir a integralidade dos direitos de crianças e adolescentes, a escola deveria também ser pensada como um ambiente de aprendizagem para além da educação formal, respeitando os valores culturais, artísticos e históricos de cada um dos alunos. É essencial que essa perspectiva seja considerada sempre que uma nova proposta ou solução para resolver os problemas da qualidade do ensino estiver sendo analisada, para não correr o risco de minimizar o papel da escola na formação e no desenvolvimento do indivíduo. V

Denise Conselheiro e Equipe do Portal Pró-Menino*

Além dos muros da escola Diversas situações aparentemente pontuais podem representar uma ameaça grave aos direitos sociais, econômicos e culturais de crianças e adolescentes, mesmo dentro do ambiente escolar. A negação da emissão de um documento comprovando a matrícula de um aluno, por exemplo, pode ameaçar frontalmente seu direito à cultura. Tal documento é essencial para a conquista de benefícios como o passe escolar, sem o qual o jovem não consegue ter acesso a fontes de cultura fora da unidade de ensino, como cinema, teatro e exposições, entre outros. Mais uma vez, trata-se de uma concepção antiquada de ensino, que o restringe apenas à educação formal, dentro dos muros escolares. Se souber ou estiver sendo vítima de um caso desses, denuncie. Ainda que para isso tenha que recorrer a outras instituições como o Conselho Tutelar ou Delegacias de Ensino.

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).

Lentini

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 09


Mídias Livres

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m E b m a Eu t r a l a f quero

jovens a constata que os ez al rt Fo de de da si produzir Pesquisa da Univer ão, querem também aç ic un m co r sa es não querem só ac

Alessandra Oliveira, Ana Beatriz Sabóia, Alana Vale, Jonathan Monteiros, Thais Manoela Buarque, do Projeto Juventude e Comunicação (Jucom) da Universidade de Fortaleza (Unifor)

B

10 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

também a forma de ver, de pensar, de ouvir. Eu era muito tímida, muito na minha, muito discreta. Hoje em dia eu falo o que penso”, completa. Outros entrevistados pelo Jucom também falaram da mudança de comportamento após começarem a produzir mídia. Os produtos são como desabafos que gritam: “chega de silêncio, queremos falar, queremos ser ouvidos e queremos fazer outra mídia!” A mídia é outro assunto recorrente nas produções juvenis. “A gente trabalha colocando a nossa opinião sobre todo tipo de publicidade do Brasil, do mundo e principalmente aqui do Ceará”, explica Márcio Martins, membro do blog O Galinheiro.com. “Nos tornamos pessoas mais críticas, olhamos a publicidade de outra maneira, vimos como ela se comporta”, reforça Márcio, que acredita que produzir comunicação não é apenas falar sobre um assunto, mas também refletir e formar opinião. “Parece bem óbvio quando você já sabe, mas era algo que eu não tinha parado para pensar”, avalia Ana Beatriz Sabóia, uma das estudantes da Unifor, que está fazendo as primeiras avaliações. Ela tem constatado que a juventude está aprendendo, e muito, sobre todos os assuntos que trata ao escrever para um blog, fazer um programa de rádio ou produzir um vídeo. Jucom

logs, sites, jornais, revistas, programas de rádio e vídeos. Você já parou para pensar no tanto de informação que a juventude está produzindo? E o que os jovens expressam nessas produções? A pesquisa realizada por estudantes e professores da Universidade de Fortaleza (Unifor) responderá a essas perguntas, mapeando a produção em comunicação da juventude da cidade. Uma das primeiras descobertas do Projeto de Pesquisa em Juventude e Comunicação (Jucom) pode ser uma surpresa para muita gente: a política é um dos temas mais discutidos nos produtos de comunicação feitos pelos jovens de Fortaleza. “A política está na nossa vida todos os dias, todas as horas e em todos os locais, inclusive nesse espaço que a gente está. Tudo é política, então não tem como a gente viver sem isso”, afirma Paulo Luiz da Silva, participante do grupo de comunicadores Entreter. “O Entreter me fez ter a visão de que nós podemos mudar, podemos fazer, podemos revolucionar a sociedade. Nós, Equipe do Jucom produz pesquisa jovens, podemos ter essa força”, sobre Comunicação e Juventude reflete Rose Soares sobre como escrever para o portal do grupo contribuiu para construir uma visão mais crítica e participativa do mundo, apesar de política não ser seu assunto predileto. “Mudei bastante


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Também será pesquisado o veículo de comunicação escolhido pelos grupos e os dados parciais comprovam que a internet é o principal espaço escolhido pela juventude para comunicar suas ideias. “Hoje em dia, o principal meio de comunicação é a internet”, explica Renato Ociel, que usa a internet para ficar informado e para postar informações no seu blog sobre moda. Apesar do grande uso da internet, o Jucom já cadastrou experiências de produção de jornais estudantis, programas para rádios comunitárias, revista impressa e audiovisuais. O objetivo do projeto é catalogar o maior número possível de produtos para que se tenha uma visão geral da produção na cidade Werberte Barbosa, de Fortaleza. do Blog Abafah Em 2012, os pesquisadores pretendem entregar à sociedade civil e governo a sistematização dos dados dos grupos, os produtos de comunicação, seus conteúdos e o perfil socioeconômico dos jovens comunicadores para que possam ser (re)formuladas as políticas públicas de comunicação que devem levar em conta os gostos, as reclamações e os sonhos dos jovens que falam e nem sempre são ouvidos. Mas suas vozes já estão ficando altas demais para serem ignoradas. V Jucom

Outro fator importante é o de que nenhum dos jovens entrevistados se reconhece na grande mídia. “Sinto que os meios (de comunicação) querem me manipular mais do que acrescentar algo”, diz Marcus Vinícius de Castro, do portal Entreter. Já Werberte Barbosa, membro do blog Abafah, afirma que se reconhece na mídia que ele mesmo produz “porque faço parte de um blog e represento o meu segmento que é o público LGBT”. A diversidade sexual é um assunto debatido em muitos produtos de comunicação registrados pelo Jucom. Uma grande surpresa para o Jucom foi constatar que os temas debatidos pelos jovens não são os mesmos escolhidos pela grande mídia ao falar sobre juventude. Os debates sobre política, sexualidade, lazer e as análises de mídia feitas pelos grupos pesquisados mostram como muitos estudiosos, meios de comunicação e governo não entendem o que querem os jovens. “Foi a primeira vez que vi jovens da minha idade produzirem um trabalho assim, se empenhando em fazer um site e se dedicarem intensamente”, diz Ana Beatriz sobre o início da pesquisa de campo, deixando claro que nem todos os jovens da sociedade estão participando deste processo. Para descobrir quem são, do que gostam e de qual classe social pertencem, o Jucom está fazendo o levantamento do perfil socioeconômico dos jovens de cada grupo. Serão 100 entrevistados, no total.

Para participar ou saber mais é só enviar um e-mail para jucom@googlegroups.com, ou acesse: jucom.tumblr.com

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 11


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IMAGENS QUE VIRAM

Contemplar

o

céu

Textos e fotos: Maria Camila Florêncio, do Virajovem Recife (PE)*, Bruno Ferreira e Elisângela Nunes, da Redação

E

m um mundo tão caótico, pouco paramos para observar a Divina Arte. O Céu exige elevação para ser admirado, nem que seja somente a elevação dos olhos do Homem. E, talvez, seja este o primeiro passo para engrandecermos nosso espírito: reconhecer que estamos todos abrigados debaixo de uma das mais valiosas obras do universo que, apesar de vista diariamente, sempre se modifica a cada exposição e permanece bela mesmo com suas transformações.

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Deito no chão... Olho para o céu, brincar comigo. r re e u q ce re a p le E as nuvens... Encanto-me com su Transcendo. no seu Azul Vou me perdendo livre mar a beleza so ra a p s Sinto-me pássaro re co s a chão e coloco outr o ra a p lto vo o g o L s branquinhas, n ve u n s a e l zu A Para contrariar o ear por ai... ss a p e r a lh o u e m egar Que insistem em p (Elis Lua)

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pe@viracao.org)


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a r e l a G

r e t r ó Rep

Esgrimista da seleção brasileira teve de aprender a competir como canhota após deslocamento de ombro em competição Aleska Drychan, Ingrid Cordeiro, Mariana Rosário, Letícia Cardenuto, Larissa Domingues, Caroline Leonardo, Doralice Odila e Evelyn Araripe, da Agência Jovem de Notícias (SP), e Bruno Ferreira, da Redação

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oi com os pais atletas que a jovem bielo-russa Karina Lakerbai, de 22 anos, aprendeu a gostar de esgrima e, hoje, é a primeira do ranking da seleção brasileira. Karina coleciona vitórias em competições internacionais, jogando com o sabre, uma das três armas da esgrima. Nascida em Belarus após dois anos do acidente nuclear da usina de Chernobyl, na Ucrânia, Karina foi uma criança de saúde frágil, consequência do episódio no país vizinho. Há 16 anos no Brasil, dedica-se ao esporte desde os 12. Destra, teve que aprender a jogar como canhota após ter deslocado o ombro direito em uma competição e, mesmo assim, conseguiu vitórias. O pai, Alkhas Lakerbai, é o treinador da equipe e, com a filha, procura dialogar apenas em russo durante os treinos. Além de atleta, Karina é cientista social e atua na Viração como voluntária desde o ano passado. A proximidade com os jovens da Agência Jovem de Notícias rendeu um papo descontraído sobre seu desempenho como atleta e a situação da esgrima no Brasil. Confira a seguir. Quem te influenciou a fazer esgrima? Karina Lakerbai: Meu pai é o técnico da seleção e ele me influenciou. Eu fazia ginástica artística, com a minha mãe (ex-ginasta da seleção soviética) e ela me expulsou, porque não tinha um biotipo

adequado e eu me machucava muito. Aí ela me disse para fazer esgrima com meu pai, e eu fui. Eu não gostava da esgrima em si, mas gostava da turma, que já conhecia, mas depois fui aprendendo a gostar. Eu não gostava, porque não entendia muito bem o sentido de ficar cutucando os outros, mas você percebe que é muito mais do que isso. É uma questão de estratégia, você tem de pensar o que o outro vai fazer, antecipar o que você vai fazer. É bem legal! Você compete com sabre, mas você já tentou jogar com as outras armas? É obrigatório saber jogar com as outras armas? Comecei com o sabre, porque meu pai foi sabrista, então fui levada para o esporte e para a arma por ele. Mas realmente gosto do sabre. As outras armas não tenho vontade de experimentar, porque no jogo elas têm outro sentido, mas não é obrigatório saber as três. Então, você usa a que você quiser, se tiver interesse pode aprender a usar duas armas, mas normalmente para o alto rendimento você faz uma só, senão confunde. Você teve de se reinventar para aprender a jogar como canhota? A esgrima tem muita estratégia. Então, ainda que o braço não seja aquele, tem o complemento da cabeça. Não comecei do zero. Do zero foi só a parte física. Mas depois, nos Jogos Sul-Americanos, eu desloquei o braço esquerdo, em abril ou maio do ano passado.

Linha do Tempo Karina Lakerbai, aos 12 anos, começa a praticar esgrima contando com o apoio do pai, Alkhas Lakerbai, técnico da seleção brasileira.

2001 14 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Passa a liderar o ranking da seleção brasileira, após o afastamento de Élora Patarro da seleção, a melhor esgrimista até então.

2005


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Evelyn Arar

Em dezembro do ano anterior eu tinha operado e não podia ter competido, mesmo jogando com o braço esquerdo. Competi, mas desloquei o outro braço. Fiquei um ano sem jogar com o direito, eu não sabia se ele estava bom, os médicos não me deixavam jogar. Mas era uma equipe inteira que dependia de mim, o salário delas por um ano dependia daquele jogo, e a gente ganhou o bronze nos Jogos Sul-Americanos. Depois de ter deslocado os dois braços, de todos os contratempos na sua carreira, você acha que se tornou uma esgrimista melhor preparada? Um psicólogo do esporte me disse que quando você precisa aprender a lidar com um problema que atropela tudo o que você está fazendo, você aprende a pensar de uma forma diferente, a lidar com suas próprias limitações e a pensar um pouco além. Com certeza, ter deslocado o braço e jogado com o esquerdo fez com que eu tivesse que reconsiderar e pensar demais sobre a minha estratégia de jogo. Eu tinha que pensar direitinho como ia ter de fazer, coisa que antes eu não fazia muito bem quando eu jogava só com o braço direito. E quando voltei a jogar com o braço direito, passei a ter o dobro da estratégia de antes, então isso tudo me ajudou bastante. A esgrima é um esporte que exige muito? Qualquer esporte quer ter todas as horas do dia para você dividir entre o preparo físico e o técnico. Você vai à musculação de manhã e à esgrima à tarde ou à noite. Mas a diferença entre ginástica, vôlei e a esgrima, é que a ginástica e o vôlei têm patrocinadores, dá pra ter um bom salário, você pode fazer disso uma profissão, tem uma equipe preparada para você. Na esgrima não. A esgrima é um esporte pouco conhecido no Brasil. A gente não tinha nenhum patrocinador, mas agora veio a Petrobrás. A partir do ano passado, a esgrima começou a ser vista como profissão. A partir desse ano, os melhores atletas têm um salário legal, e eles podem se dedicar só a isso sem morrer de fome. Como funcionam as regras da esgrima? Há categorias? Em nível nacional, a gente tem categorias. Nos jogos, competimos juntos e só nos dividimos na hora da premiação. As categorias se definem por idade: até 15, 17 e 21 anos. Passou de 21, você é adulto até os 50 anos; e depois dos 50, você é veterano. As regras: espada, que é o mais fácil, vale o corpo todo, você realmente tem de dar estocadas no adversário e a arma é mais pesada. Tem um aparelho atrás que acende umas luzes. Quem toca, acende a luz de quem foi tocado. Na espada, se os dois forem tocados ao mesmo tempo, acendem as duas luzes, e o ponto é

Karina participa de sua primeira competição internacional, o PanAmericano Juvenil, e conquista o primeiro lugar.

2007 * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org e redacao@viracao.org)

“A esgrima começou a ser vista como profissão no Brasil. A partir desse ano, os melhores atletas têm um salário legal, e eles podem se dedicar só a isso sem morrer de fome.”

Karina Lakerbai

dos dois. Mas no florete e no sabre não é assim. Tem prioridade de ataque, prioridade no recuo. Se você está atacando e o outro indo para trás e ambos se tocam, quem está atacando ganha o ponto, porque ele tem a prioridade. Quem está indo para trás tem de se defender, não há outra opção. É por aí. No Brasil, o que falta para a esgrima ser um esporte reconhecido ou ser melhor para os atletas? É difícil falar, porque a gente está realmente numa nova etapa com patrocinador. Agora eu nem tenho do que reclamar, porque a gente ganha salário. Ah, uma coisa que eu teria do que reclamar, mas que também mudou é que os técnicos não recebiam salário quando viajavam com a seleção. Eles perdiam de 10 a 15 dias que eles podiam receber aqui no Brasil. Ainda que as viagens fossem pagas, eles estão trabalhando. Mas agora sim, recebem normalmente pelo patrocínio da Petrobrás. É como se fosse uma bolsa, não temos carteira assinada, mas os técnicos têm. E eu achei isso muito legal, algo inovador, realmente. V

A esgrimista compete como canhota no Campeonato Sul-Americano, por causa do deslocamento do ombro direito, e sai vencedora.

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Modelo ideal e jovens de Belém (PA) a Campanha estimula adolescentes entude no contexto da cidade refletirem sobre a condição da juv Alex Pamplona, Gerley de Oliveira da Costa, Jaqueline Monteiro, Uriel Nobre da Costa, José Ronaldo Batista Trindade, Priscila Alves Nogueira, Aline Kelly, Lidia Santos Gonçalves, Jefferson de Jesus, Elisabeth Cunha, Amanda Santos, Jayra Gleds Santana, Mailson Santos e Rafael Almeida, do Virajovem Belém (PA)*

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m 2010, por meio do estudo organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), intitulado Juventude e Políticas Sociais no Brasil, foram apontados dados alarmantes sobre a juventude brasileira e sua inserção no conjunto da sociedade. Segundo o estudo, há 51 milhões de jovens brasileiros, de 15 a 19 anos, quase um terço da população brasileira. Dos que se encontram na faixa dos 15 aos 17, apenas 48% estão matriculados no Ensino Médio. Com o objetivo de articular e promover um amplo processo de mobilização, participação, discussão e proposição de políticas públicas com a participação de adolescentes e jovens, a campanha Que cidade Queremos Para Viver, coordenada pelo Instituto Universidade Popular (Unipop), por meio do Programa Juventude, Participação e Autonomia (JPA), foi lançada em 28 de maio na sede da Unipop, com a presença de 120 pessoas da faixa etária de 14 a 25 anos, representantes de vários municípios da Região Metropolitana de Belém. A ação é feita em parceria com diversas organizações de juventude, entre elas a Viração Educomunicação, Pastoral da Juventude, Movimento República de Emaús, Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, Fórum DCA, Rede Juventude e Meio Ambiente, Rede Ecumênica de Juventude, GT Juventude do

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Fórum da Amazônia Oriental. “A ideia é, a partir das propostas construídas pela juventude paraense, garantir um documento que seja mais um subsídio para a construção do programa de governo do Estado e municípios na gestão de 2012 a 2016”, explica Augusto Ramos, coordenador do JPA. O universitário Rafael Silva, de 23 anos, membro do Núcleo de Comunicação Popular da Unipop, diz que a juventude pobre vive


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um dilema: “Equilibrar acesso, retorno, permanência e conclusão do Ensino Médio e Superior, buscando as novas competências e habilidades exigidas pelo mercado ou largar os estudos e buscar trabalho com a responsabilidade de cuidar da família, com um salário mais baixo”. Como os adolescentes e jovens enfrentam tudo isso? É a questão que o JPA, a partir de um diálogo democrático com os jovens envolvidos no programa, busca responder tendo como principal meio estimular o protagonismo juvenil. Na opinião de Lídia Santos, de 21 anos, a sociedade não garante muitas alternativas, pois desestimula projetos, cria insegurança, induz à acomodação. Ela diz que para mudar essa lógica, “seria necessária uma escola diferente da que temos, que fosse inclusiva, democrática, estimuladora da participação, que criasse oportunidades para que todos e todas descobrissem seus talentos e criatividade, muitas vezes embotados pela luta do cotidiano, abrindo perspectivas de desejar mais do que a sociedade quer lhe oferecer”.

A jovem entende que a sociedade exalta a juventude e oferece-lhe muitas ilusões de consumo e de realização pessoal. “Parece apresentar muitas oportunidades, mas efetivamente oferece aos jovens uma péssima escola, poucos empregos e remuneração injusta. Mesmo assim, há jovens que apostam na qualificação profissional, outros que ainda buscam a solidariedade e os valores espirituais ou reagem indignados à falta de honestidade na vida pública”, diz, sentindo-se pertencente a este grupo. A mídia é um dos setores que sofre fortes críticas da juventude engajada no processo de construção da campanha Que Cidade Queremos para Viver. É consenso entre os jovens afirmações como: “Infelizmente, a mídia vende uma imagem ruim da juventude, quase sempre associada à violência, envolvimento com drogas, apáticos à participação, sem interesse pela vida política do País”. Por isso, os próprios jovens questionam se ser jovem se resume a essa condição. “Onde ficam as boas práticas de trabalhos desenvolvidos por nós e os nossos projetos?”, questiona o estudante Jefferson de Jesus, de 15 anos. Por essa razão, todos eles são unânimes em dizer que é preciso que a sociedade saiba que há muita coisa boa sendo desenvolvida por grupos de jovens, potencializando de forma criativa seu protagonismo por meio de participação coletiva. Esses grupos querem se unir a outros, formando uma grande corrente, estimulando a juventude de todos os cantos da cidade a dizer à sociedade e aos governantes “Que cidade Queremos Para Viver”. V

Jovens debatem suas realidades e propõem alternativas durante o lançamento da campanha Que Cidade Queremos para Viver

Fotos: Virajovem Belém (PA)

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pa@viracao.org)

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Capa

CÂMERA NA MÃO o

ncias na produçã Amantes da sétima arte contam suas experiê de cinema alternativo

Vinícius Gallon, do Virajovem Curitiba (PR), Francisco Rones, do Virajovem Fortaleza (CE)*, Bruno Ferreira e Eric Silva, da Redação.

“F

ilme alternativo? Fale com ela sobre a laranja mecânica e os 21 gramas de tomates verdes fritos que estão na geladeira assassina! O que eu fiz para merecer isto?” Essa frase, do blog Cena Underground, já dá uma breve noção do que se entende por cinema alternativo, né? De qualquer forma, o desafio de abordar o assunto começa logo na definição desse termo. Alguns estudiosos da área dizem que se trata de uma forma de produção independente, com baixo custo de produção, desconhecida do grande público e, muitas vezes, com pouca bilheteria. Aí, surge O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, e joga essa teoria por água abaixo. Outros nem perdem tempo refletindo sobre o tema e dizem logo que cinema alternativo é aquele tipo de filme feito pra galera indie que usa camisa xadrez. Há também quem renegue este rótulo, argumentando que um nicho menor não implica uma alternativa necessariamente, mas apenas uma segmentação de mercado. Talvez o único ponto de convergência que se faz entre os mais diversos olhares sobre esse gênero é o fato de ser uma alternativa ao que há de mais industrial e hollywoodiano nas salas de cinema.

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Popularidade Em Curitiba, o cinema alternativo é bastante popular: praticamente toda a produção local é independente, tem um orçamento baixíssimo e muitas dificuldades de distribuição. O estudante de cinema da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) Gustavo Ulisse esboça o cenário atual do que anda se fazendo em cinema na capital do Estado. “Aparentemente, o cinema paranaense está passando por um período de transição entre o que era há alguns anos e o que pode vir a se tornar no futuro. Essa divisão é bem marcada pela fundação da CINETVPR, que é o curso de cinema administrado pela FAP. Com o passar do tempo, alguns grupos de alunos do curso começaram a apresentar seus primeiros


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trabalhos e se inserir dentro do cenário de produção local. Atualmente, alunos e egressos do curso produziram e estão produzindo através de editais e leis de incentivo. Alguns possuem filmes e, por eles, receberam prêmios. Existem até mesmo novas produtoras administradas por eles”, conta. Gustavo ressalta ainda que a criação do curso não é um caso isolado. Paralelamente a isso também houve o lançamento de longas-metragens de ficção, como Estômago, Corpos Celestes, O Sal da Terra e Mystérios. Para 2012, dois longas estão previstos para serem lançados. Circular, realizado por meio do edital de baixo orçamento do Ministério da Cultura e concebido por alunos e ex-alunos da CINETVPR, e Gastronomia Urbana, feito através do prêmio de um milhão de reais do Estado. Um bom exemplo de iniciativa que soube aproveitar as características mais populares do cinema alternativo foi a produção do filme Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos, do diretor de teatro e cinema Paulo Biscaia Filho. O longa de 78 minutos teve ótima recepção da crítica, e sua estrutura foi comparada às produções de Quentin Tarantino. “A produção daqui não é nenhuma maravilha. Estamos fora do eixo, existem pouca política pública e incentivo financeiro para a área. Por outro lado, nos grandes centros, como Rio e São Paulo, a concorrência é muito maior. Então, temos que aproveitar o que temos a nosso alcance”, relata o diretor. A título de comparação, os EUA, país que detém 80% do “PIB mundial do cinema”, produz a cada ano aproximadamente 250 filmes, com um gasto médio de 60 milhões de dólares por título, enquanto o Brasil gasta este

Produção do curta metragem Bem Intocado, de Thelmo Corrêa

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o: Th

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mesmo valor, equivalente a 150 milhões de reais, nas 30 produções que faz em média por ano. Mas Morgue Story custou apenas 140 mil reais. Além de espaços comerciais, que misturam na bilheteria filmes alternativos e blockbusters, como o Cineplax Batel e o Unibanco Arteplax, ambos localizados em um bairro de luxo de Curitiba, existem espaços públicos que também valorizam o cinema independente. É o caso do centro cultural Paço da Liberdade. De acordo com o responsável pela área de cinema do local, o jornalista e curador Nikola Matevski, a programação não procura se fechar em um segmento específico de produção cinematográfica, mas aposta na diversidade de repertórios para criar um ambiente propício à formação de pensamento crítico sobre cinema. “Considero o recorte de cinema alternativo muito vago, mas no que Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 19

Corrê

a


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Capa cabe à Mostravídeo ou outras programações do Paço da Liberdade percebidas como alternativas, considero a presença e resposta do público muito positivas. Porém, com frequência, as pessoas abandonam as sessões. Não vejo isso como problema porque o cinema não serve, necessariamente, para agradar. É preciso apostar na diversidade e deixar que cada filme encontre o seu público”, argumenta Nikola. Outra possibilidade de ter acesso a filmes alternativos é através de um movimento que cresce em todo o Brasil, o dos Cineclubes, que segundo dados de 2010 do Conselho Nacional de Cineclubes, são 464 registrados e espalhados pelo País. Tom Lisboa é artista visual, pesquisador de cinema e fundou um Cineclube bastante conhecido em Curitiba, o Contramão. “Inicialmente, ele foi criado para que meus alunos pudessem ver na íntegra alguns filmes citados em sala de aula. No entanto, eles estavam liberados para trazer seus próprios convidados. Com isso, suas sessões foram ficando cada vez mais frequentadas. Posteriormente, o Contramão deixou de ser exclusivo dos alunos e, hoje, contamos com pessoas de todas as idades e profissões”, conta. Ele ainda acrescenta as vantagens de assistir filmes nos cineclubes: “A vantagem é justamente a falta de interesse comercial. No Contramão não cobro ingresso e ainda contextualizo questões importantes do filme que será exibido. Até o momento não apresentei nenhuma grande produção, pois elas foram feitas para as massas e este tipo de filme não precisa de cineclube”.

Complicações Fazer cinema em nosso país é bastante complicado, por isso, muitas pessoas se unem para produzir filmes em coletivos formados, muitas vezes, em razão da grande dificuldade de conseguir verba. Todos se ajudam para conseguir materiais, atores, locações. Tudo pelo amor à sétima arte. O incentivo à produção cultural é bem baixa, ainda mais na área de produção cinematográfica. Claro que existem editais do Ministério da Cultura, mas ainda são pouco divulgados e têm características e temáticas préestabelecidas, o que limita o campo de criação. O cineasta Thelmo Corrêa, de 32 anos, um cinéfilo com sonho de fazer cinema, é participante do movimento CinemaSoco, um sonho que, graças ao avanço

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o: The

lmo C

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Produção do curta Por que te Convém, de Thelmo Corrêa

das tecnologias, agora é uma realidade. "O CinemaSoco é uma iniciativa de amigos, pessoas inteligentes, críticas, pensantes, que ansiavam por um espaço para produzir textos, fotos, performances, vídeos. É um coletivo de ideias, aberto a todos. Encontramos na internet esse espaço democrático, que possíbilita a troca, o debate, a miscigenação das ideias. Ali as ideias fazem sexo. Nosso objetivo sempre foi tirar os participantes da apatia, da afasia, movimentar, criar para nos libertarmos de nós mesmos", explica. Nem todos os cineastas querem ou conseguem uma produtora para seus filmes, mas sempre há outras alternativas para que o cinema feito de forma independente continue vivo. "Existem alternativas, coletivos, amigos que se unem por um ideal, cada um dá o que pode, pega-se emprestado equipamento. Novos modelos para criar um cinema independente estão sempre surgindo, acredito que este processo de procura é o mais saudável para a criatividade do cinema independente brasileiro", afirma o cineasta. Além de ter pouco incentivo do governo na produção independente cinematográfica, as iniciativas que existem são precárias. "As políticas públicas de fomento são uma chacota, o artista não tem responsabilidade com o retorno financeiro da sua produção artística", revela. E outro grande problema, segundo Thelmo, é a arte como produto da indústria cultural, e o cinema independente como uma mercadoria mais atrativa, algo mais interessante para o mercado. "A arte enquanto mercadoria, não passa de um sub-produto, e para nossa tristeza, dificilmente o cinema independente consegue fugir desse padrão mercadológico", lamenta o cineasta.


Pilar Oliva

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Produção Cearense Em Fortaleza (CE), funciona a ONG e Ponto de Cultura Academia de Ciência e Artes (Acartes), que desde 2002 desenvolve na cidade um trabalho de formação voltado para a cultura, na qual exploram diversas linguagens, como a audiovisual. Desde 2004, a Acartes produziu 20 filmes, dos quais 18 são curtas-metragens. Em abril deste ano, o Ponto de Cultura lançou seu primeiro longametragem, o filme Poço da Pedra, adaptação da obra de Geraldo Damasceno, um dos diretores da Academia. “Este é um trabalho que envolveu pessoas de quatro Pontos de Cultura, entre atores e técnicos. O legal dessa produção é que 80 por cento do elenco e equipe técnica foram capacitados pela gente. Foram formadas nas oficinas da Acartes durante quatro anos, que resultou na produção desse longa”, explica Geraldo. A proposta do filme é fazer uma releitura do contexto político do Estado do Ceará, por meio de locais e personagens fictícios, como é o caso do distrito Poço da Pedra, que faz parte também da cidade Itaimbé da Serra, idealizada pelo autor. Geraldo Damasceno explica que o Cinema Brasileiro passou por uma crise no final do governo Collor, com o final Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilmes). Mas por outro lado, as ONGs e instituições que trabalham com audiovisual se apropriaram das tecnologias digitais, que ainda é um fenômeno muito novo, historicamente. “Há uma extensa produção de audiovisual de vários segmentos da sociedade, como Pontos de Cultura, grupos indígenas, quilombolas, muita gente boa fazendo produção audiovisual. Isso coloca outra possibilidade à população brasileira. É muito importante que escritores locais possam escrever as suas histórias e que elas possam ser contadas através da linguagem do audiovisual. Está nascendo um novo movimento de redescoberta do Brasil”, analisa o diretor. Apesar dos desafios existentes em qualquer produção, Geraldo mostra-se otimista e acredita que as principais dificuldades já foram superadas, como o acesso a equipamentos necessários à produção e espaços adequados para as gravações. “A maquinaria para produzir cinema ainda é muito cara para ser adquirida. Então, a gente começou a fabricar a nossa própria maquinaria. A cidade cenográfica, na qual produzimos esse longametragem, foi construída por nós”, diz. Mas para o diretor da Acartes, o “grande gargalo” das produções audiovisuais alternativas ainda é a exibição. “A gente está produzindo muita coisa legal, mas ainda não temos acesso às televisões e às salas de exibição. O Cinema de Rua acabou. A gente tem hoje as salas que estão nos principais centros, mas estes espaços são dominados pelas grandes distribuidoras, notadamente internacionais. Não sobra espaço para a produção audiovisual brasileira. Penso *Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (pr@viracao.org e ce@viracao.org)

Cenas do filme Poço da Pedra, da Acartes Divulg

ação:

que um gargalo a ser superado é encontrarmos um sistema alternativo de distribuição”. Aos grupos que desejam produzir cinema alternativo, Geraldo Damasceno dá a dica: “É necessário formar grupos de estudo e criar parcerias entre os diversos Pontos de Cultura. Um que saca mais de roteiro, outro mais de produção, outro é mais diretor. Dessa forma, a gente pode trocar experiências e, de certa forma, todos os grupos serão beneficiados e todos nós resolvermos os nossos problemas e os gargalos de produção.” Para a produção de Poço da Pedra, a Acartes alugou um espaço no município cearense de Itaitinga. Em uma área de 10 mil metros quadrados, foram construídas 14 locações e também um espaço para estudos. Diretores e atores podem passar um período hospedados em um alojamento com capacidade para 50 pessoas, para estudar seus textos.

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Conheça mais sobre a Acartes, CinemaSoco e o Cineclube Contramão nos links: http://cinemasoco.com.br/ http://academiadecinema.blogspot.com/ www.sintomnizado.com.br/contramao.htm Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 21

Acarte

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Notícia fresca todo dia site e amplia o Agência Jovem de Notícias ganha lescentes e jovens canal de comunicação entre ado Evelyn Araripe, da Agência Jovem de Notícias

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m 2005, um grupo de adolescentes e jovens de diferentes cantos do Brasil se esbarrou no mesmo lugar: o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). Com poucas coisas na bagagem, uma barraca, um colchonete e muitos sonhos e ideias na cabeça, eles estavam ali para descobrir que “um outro mundo é possível”. E eles descobriram colocando a mão na massa. Unida, essa galera formou a primeira Agência Jovem de Notícias, encabeçada pela Viração com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e de outras organizações do País que trabalham com juventude, educação e comunicação. Naqueles dias em Porto Alegre, surgiram textos criativos, inteligentes e com uma cara totalmente jovem. De repente, deu para ver que a melhor maneira de conversar com jovens é colocar também jovens para falar com eles. A repercussão foi apaixonante. Nos anos que se seguiram, muitos eventos e ações pelo Brasil ganharam a cobertura da Agência Jovem de Notícias. Deste mesmo jeito: adolescentes e jovens com muitas ideias e sonhos precisando de um espaço para se expressar. Todo o conteúdo produzido nessas coberturas ia, em partes, para a Viração ou para blogs e sites com temática jovem. Hoje, já são mais de 50 coberturas educomunicativas de eventos nacionais e internacionais feitas pela Agência Jovem e, o melhor, um site recém nascido para divulgar e repercutir esse trabalho. Desde o final de maio, a Agência Jovem de

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Notícias tem endereço fixo na internet e é permanente. Notícia fresca todo dia. O agenciajovem.org surgiu para compartilhar notícias produzidas por adolescentes e jovens a partir dos núcleos regionais, Conselhos Jovens da Viração, escolas e centros de produção de comunicação popular e juvenil das organizações parceiras da Vira. É mais um espaço para os jovens se expressarem e trocarem informações com pessoas em toda a web. A vantagem é que, além de um espaço totalmente dedicado para a publicação de notícias da e para a juventude, os internautas podem conversar em diferentes linguagens. O site da Agência tem espaço para textos, imagens, áudios e vídeos. Ou seja, para o jovem se expressar da maneira que mais lhe agrada.

Rumo ao desconhecido Quando se fala em cobertura educomunicativa de eventos e ações, provavelmente, muita gente pergunta: “Afinal de contas, o que é uma cobertura educomunicativa?!”. A Agência Jovem de Notícias não se limita a apenas reunir alguns jovens e levá-los para acompanhar um evento e, na sequência, produzir textos, imagens e vídeos em uma linguagem mais descolada. Ela vai muito além. Toda semana, por exemplo, 40 jovens se reúnem na sede da Viração, em São Paulo, para participar de formações em


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Lançamentos

Aos pouquinhos, a Agência Jovem de Notícias vai ganhando espaço pelo Brasil. As cidades de Manaus (AM) e Natal (RN), saíram na frente e já promoveram o lançamento da Agência por lá. Na capital amazonense, o lançamento rolou no final de maio, durante o 5° Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids. Já em Natal, o 1° Encontro Nordestino de (In)Formação em Mídias Alternativas e Educomunicação (Enformae), promovido pela Articulação Viração Nordeste (AVN), que aconteceu no começo de junho, teve um momento especial para divulgação e lançamento do site. E mais lançamentos estão previstos para os próximos meses. Quer saber quando? Acompanhe a Agência Jovem de Notícias: www.agenciajovem.org Sylara Silvério/Fotec

educomunicacação. Além de entrarem em contato com a produção de conteúdos jornalísticos, eles participam de oficinas sobre mídias alternativas, juventude, sexualidade, segurança pública, educação entre pares, meio-ambiente e muitas outras temáticas que os levam a debater, discutir e pensar em novas alternativas, ou como no Fórum Social, pensar que “um outro mundo é possível”. Em uma cobertura recente, da Teia Regional, que reuniu dezenas de pontos de cultura da Grande São Paulo na cidade de Embu das Artes, a midiadora Clarissa Barbosa, do site Outras Palavras, que convidou e ajudou a organizar a cobertura da Agência Jovem de Notícias por lá, resumiu bem o trabalho dos participantes em uma carta de agradecimento que escreveu: “Agradeço à equipe de educadores da Viração que prontamente prepararam os jovens, organizaram os meios, elaboraram abordagens de comunicação, os métodos, criaram os elos e envolveram aqueles adolescentes em um contexto novo e desconhecido a eles até então.” E fazer coberturas para a Agência Jovem é isto mesmo: caminhar rumo ao novo e desconhecido. “Eu nunca imaginei que aqueles jovens pudessem brilhar tanto quanto brilharam. A cada dia, as pessoas mais inusitadas me paravam na rua para fazer nada mais nada menos do que elogiar”, completa Clarissa. V Agência Jovem de Notícias é lançada durante o 1° Enformae, em Natal (RN)

Agências Regionais

otícias

vem de N

Agência Jo

A Agência Jovem de Notícias (AJN) é uma iniciativa colaborativa e em fase de expansão. Assim como a Viração, ela conta com a participação de jovens e organizações parceiras de 22 estados do Brasil e do Distrito Federal. A maioria trabalha com questões relacionadas à infância e juventude ou com educomunicação. Em Fortaleza, por exemplo, nossa organização parceira desde o começo, a Catavento Comunicação e Educação, criou o núcleo regional da AJN. Conheça o site da Agência Jovem da Catavento: www.agenciajovemdenoticias.org

Apresentação cultural durante a Teia Regional, em Embu das Artes (SP)

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Vai se catar! não saiam do papel, agora podem ser Projetos criativos, que por falta de grana tiva divulgados e financiados de forma colabora Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)*, e Bruno Ferreira, da Redação

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uitas são as pessoas que querem emplacar um projeto bacana. Jovens de espírito aventureiro sonham em conhecer o mundo para fazer registros de suas viagens. Mas ideias como essas ficam, na maioria das vezes, apenas no campo do sonho por um motivo importante: falta de grana. Com o objetivo de tornar possível a concretização de projetos criativos em diversas áreas, Diego Reeberg e Luís Otávio Ribeiro lançaram em janeiro deste ano o Catarse (catarse.me), site pioneiro em financiamento colaborativo de projetos criativos no Brasil. Quem tem um projeto criativo, o inscreve no site, dizendo o prazo que precisa para arrecadar a quantia. As pessoas que visitarem a página podem contribuir com o projeto a partir de 10 reais, mas tudo funciona na base da troca. As pessoas que contribuem devem receber recompensas pelas doações, que ficam a critério do autor do projeto, e variam de acordo com o valor doado. Tudo parece bem simples, mas se o projeto não atingir sua meta, o dinheiro dos contribuintes será devolvido, e o projeto não poderá ser viabilizado pelo fundo. “Até agora a gente já recebeu, nesses seis meses, mais de 400 projetos e 41 entraram no site. Isso ocorre um pouco porque a gente quer que entrem apenas projetos bacanas nos quais sentimos que a pessoa está preparada para conseguir captar o valor. É um processo não muito fácil e exige que a pessoa tenha uma boa rede de contatos e uma atitude empreendedora para tal”, explica Diego Reeberg, de 23 anos, sóciofundador do Catarse.

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Desde janeiro, o site já captou 187 mil reais. Os responsáveis pelo Catarse ficam com cinco por cento do valor que o fundo arrecada, e entre quatro e seis por cento ficam para o MoIP, um parceiro que operacionaliza o pagamento via internet. Quando alguém apoia um projeto, faz a doação por meio de boleto, transferência bancária ou cartão de crédito. Todo o dinheiro cai em uma conta do Catarse no MoIP. Caso o projeto seja bem-sucedido, o valor é transferido, já descontadas as taxas, para uma conta MoIP do dono do projeto, e de lá ele saca para a sua conta bancária. “Se o projeto não for bem-sucedido, primeiramente oferecemos créditos no Catarse para que o doador possa apoiar outro projeto. Caso ele prefira ter o dinheiro de volta, realizamos um estorno para a sua conta bancária ou na fatura do seu cartão de crédito”, explica Diego.

Cidade para Pessoas A jornalista Natália Garcia, de 27 anos, conseguiu mais de 25 mil reais para realizar o sonho de visitar algumas cidades do mundo que tiveram projetos de planejamento urbano com o objetivo de deixá-las melhores para as pessoas. O projeto, chamado Cidade para Pessoas, foi idealizado quando Natália resolveu trocar o carro pela bike, na cidade de São Paulo. “Minha relação com o espaço público se transformou. Em vez de me proteger dele, eu passei a ocupá-lo e, consequentemente, a querer cuidar dele. Comecei, então, a estudar planejamento urbano por conta própria e conheci o trabalho do arquiteto dinamarquês Jan Gehl, urbanista que ficou famoso no mundo por ter


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A jornalista Natália Garcia, autora do Cidade para Pessoas Em Copenhagen, Natália investiga a relação das pessoas com a cidade

se especializado em adaptar as cidades para as pessoas. Todas as cidades que eu vou visitar tiveram consultoria dele ou são consideradas por ele bons exemplos de planejamento urbano”, diz Natália. Até o fechamento desta edição, Natália ainda estava na primeira cidade do seu roteiro: Copenhagen, na Dinamarca. Todas as passagens para as seis primeiras cidades já estão compradas, uma forma de seguir a risca o roteiro que ela mesma elaborou. Além da cidade dinamarquesa, outras 11 serão visitadas, sendo que a maioria é europeia. A jornalista tomou conhecimento do Catarse ao realizar uma reportagem sobre o crowdfunding (em inglês, financiamento colaborativo). Depois de divulgar seu projeto no site, em pouco mais de dois meses teve a verba liberada para dar início à viagem. “O orçamento foi feito para um ano de viagem contando com outros patrocínios que não fecharam. Então, os 25 mil reais dão para os 6 primeiros meses de viagem. Para os seis meses seguintes, eu provavelmente vou fazer um crowdfunding parte dois ou vou buscar novos patrocinadores”.

São Paulo Polifônica Outro projeto bem-sucedido financiado pelo Catarse foi o São Paulo Polifônica, de Cecília Cussioli e Letícia Arcoverde, estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que conseguiu arrecadar um mil reais a mais do que a dupla havia pedido. O projeto é o primeiro trabalho de conclusão de curso financiado pelo site. Trata-se de uma reportagem multimídia sobre os sons, ruídos e vozes da maior cidade da América Latina. Cecília conta que a ideia do projeto surgiu no segundo semestre de 2010 e parte do cronograma era passar seis semanas produzindo reportagens em São Paulo. “Já estávamos na cidade gravando quando descobrimos o Catarse por acidente, pesquisando sobre crowdfunding na internet. Começamos a segui-los no twitter e o Diego, um dos fundadores, entrou em contato com a gente perguntando se não estávamos interessadas em colocar o projeto no site. Foi ótimo, porque além de termos conseguido financiá-lo, usamos a colaboração para avançar mais uma etapa dele.” Para a quase jornalista, a maior satisfação nesse processo não foi o financiamento, mas sim a divulgação do seu projeto. “É muito motivador você ver pessoas que não te conhecem, acreditarem em uma ideia e que doam uma pequena quantia para que ela se realize. O Catarse nos ajudou a ver que existem pessoas que gostaram do SPofilônica e que estão dispostas a colaborar”. V * Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (sp@viracao.org)

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Paulo Lima, de Denno (Itália)

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Fundação Mondo Digitale

o Ano Europeu do Voluntário, a Fundação Mondo Digitale, com sede em Roma e parceira da Viração, encontrou um jeito diferente e inovador para participar dessa parada: construindo uma Rede de Voluntários do Conhecimento. Na verdade, essa rede já existe e é formada por adolescentes e jovens estudantes que estão, por exemplo, ensinando adultos e idosos a conhecerem e navegarem na internet por meio do projeto Nonni su Internet (Avós na Internet). Em nove anos de projeto, mais de cinco mil estudantes do Ensino Fundamental e Médio, que atuam como tutores, formaram cerca de nove mil idosos em 200 escolas das regiões de Lazio, Abruzzo, Umbria, Estudantes voluntários do conhecimento Marche, Lombardia e Piemonte, que aderiam à iniciativa. Os em ação nas escolas de Roma estudantes contaram com o apoio e acompanhamento de 650 Instituto L. Pirelli, e Egzona professores no total. Baxhak, do Liceu Científico Outro projeto que está virando é o Telemouse, também F. D'Assisi. promovido pela Mondo Digitale, prefeitura de Roma e a Os organizadores da Telecom Itália. Neste caso, as aulas de informática iniciativa dizem que o objetivo ministradas pelos estudantes acontecem não só nas do concurso é promover o papel escolas, mas também nos Centros para Idosos. Os educativo da escola na números surpreendem: em apenas dois anos de projeto formação da cidadania ativa foram realizados 120 cursos gratuitos de 30 horas para Valentina leva a primeira edição entre as novas gerações e criar três mil idosos. Quem ensinou toda essa galera da do Prêmio Telemouse 3.0 uma rede de jovens voluntários chamada Terceira Idade a navegar na Rede foram 1800 do conhecimento, estudantes entre 12 e 20 anos, acompanhados por 150 professores. comprometidos com a partilha de experiências e competências, Graças ao financiamento da Telecom, foi possível instituir um prêmio para acelerar o processo de realização de uma sociedade do em maio para valorizar ainda mais a ação voluntária dos estudantes: o conhecimento de todos e para todos. Prêmio Telemouse 3.0 – Voluntários do Conhecimento. “Esses jovens voluntários estão doando aos mais idosos As duas estudantes premiadas com uma bolsa de estudo de 1500 e 500 o que têm de melhor: suas qualidades humanas, seus euros foram, respectivamente: Valentina Mura Balzoni, estudante do conhecimentos e sua generosidade. É isso o que está na base de um voluntário do conhecimento”, diz Alfonso Molina, diretor País: Itália científico da Fundação Mondo Digitale. Capital: Roma População: 59,9 milhões Como bem ressalta Alfonso, projetos como Nonni su Internet Língua oficial: Italiano e Telemouse estão contribuindo para o diálogo entre as várias gerações. Se você está interessado em desenvolver algo parecido em sua escola, entre em contato com a Vira.

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Conheça Nonni su Internet e outros projetos da Fundação Mondo Digitale: www.mondodigitale.org


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Em diferentes lugares ores realizam Adolescentes e jovens comunicad s em São Paulo diversas coberturas colaborativa

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mês de maio foi intenso para os Pira na notícia é um projeto adolescentes e jovens realizado por alguns dos jovens que comunicadores, que participam da participam da Agência Jovem de Plataforma dos Centros Urbanos, da Notícias, recebe apoio do Programa Agência Jovem de Notícias e do Projeto Valorização de Iniciativas Culturais Pira na Notícia, que atuam em São Paulo. (VAI). Iniciou em abril de 2011. Muitos eventos, formações, coberturas. Entre as produções realizadas nesse período selecionamos alguns textos para compartilhar com os leitores da Vira. As coberturas completas podem ser acessadas em www.agenciajovem.org V

São Paulo com a juventude Em 2011 estão rolando muitos espaços de conversas sobre, com e pela juventude, Brasil afora. São Paulo não está fora desse diálogo. Por aqui aconteceu no dia 21 de maio o Seminário São Paulo pela Juventude, que reuniu representantes de diversos movimentos juvenis da cidade, dos poderes executivo e legislativo. A atividade foi realizada pela Câmara Municipal em parceria com movimentos e organizações de jovens. Veja o que rolou por lá.

Alisson Rodrigues, Ayrton de Souza, Carlos Henrique Barbosa, Carlos Henrique Lima, Elisângela Alexandra, Gutierrez de Jesus, Joabe Yuri Machado, Mariana Cano, Nair Moraes, Nayara Lima, Tamires Ribeiro, da Plataforma dos Centros Urbanos. A coordenadora executiva da Ação Educativa, Maria Virgínia Freitas, membro da comissão organizadora do evento, falou da relevância desse momento em que acontece a atividade. “Tem uma importância imensa a gente realizar esse seminário agora, pois O Seminário rolou no Plenário da estamos no início da organização da 2ª Conferência Nacional de Juventude e nós temos o desafio de fazer um processo amplo e participativo”. Câmara Municipal de São Paulo Para debater o papel do Estado na garantia dos direitos da juventude, compuseram a primeira mesa do seminário a secretária-adjunta de juventude, Ângela Guimarães, o coordenador municipal de Juventude, João Gabriel Oshiro, e o presidente da Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude, o vereador Alfredinho. “Em 2005 a gente inaugurou uma nova institucionalidade no Estado Brasileiro, com a criação da Secretaria Nacional de Juventude, do Conjuve e de uma série de políticas e programas para esse segmento. Até então, a gente tinha apenas ações muito pontuais e dispersas em alguns ministérios, com pouco orçamento, sem intersetorialidade e sem instrumento de participação e controle social”, analisou Ângela Guimarães.

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Verônica Mendonça da Silva, 19 anos, participou da cobertura do evento. Confira o depoimento dela: Para mim, Embu das Artes antes da chegada era uma incógnita. Ok, “das Artes”, mas que tipo de arte? Quem faz essa arte? Eu tô indo pra Teia de cultura, mas… que cultura? Quem vai estar lá? Onde Teia de a gente vai dormir?… Tantas perguntas. Nenhuma resposta. culturas Oito horas da manhã de sexta-feira (20/05). “P*, tô atrasada”, pensei enquanto estava no metrô, como sempre lotado. Chegada. Chegadas. Lanche. Ônibus. Música. Sol… Me disseram que ia fazer frio, droga! Entre os dias 20 No celular: “Bom Dia! Embu parece uma cidade cinematográfica, rs. Acompanhe a cobertura em e 22 de maio, a cidade www.agenciajovem.org. Beijo”, foi a primeira mensagem que mandei para um amigo que não pôde vir e de Embu das Artes foi a resposta, dentre outras linhas, foi “Que lindo. Curte muito!”. Me senti privilegiada. Artesanato. palco da 1ª Teia Roupas. Comida. PESSOAS. “Que rico fazer parte disso!”, pensei. Regional Oeste, que Solzinho bom, conversa tranquila e um monte de coisa pra fazer. “Não vamos deixar acumular matéria!”. reuniu todos os pontos Ok, lá vamos nós, escrever… “O excelentíssimo fulano-de-tal analisa que a Teia é uma ótima oportunidade para e pontões de se construir conhecimento”. Clica aqui. Põe imagem. Seu texto cultura da região foi publicado com sucesso. Ver postagem. “Que lindo! É como e contou com um filho!” e eu no meio de tudo! diversos debates, O “Que rico fazer parte disso!” me acometeu novamente… oficinas e Tanta gente por aí sem nem saber que isso tá rolando e eu apresentações aqui, protagonizando do meu jeito. Tanta gente em tantos culturais. outros mundinhos privados e eu aqui, aprendendo nesse mundão de culturas, não mais ou menos nobres que a minha, mas também culturas. “O grande espírito que está em mim saúda o grande espírito Jovens combinam cobertura da que está em você”, isso resume o meu respeito e admiração Teia, em Embu das Artes (SP) pelo que aconteceu em Embu e acredito que esse seja o sentimento que permeou todos os presentes. Participaram também dessa cobertura: Aleska Drychan, Douglas Lima, Felipe B. Lopes, Felipe de Camargo, Gabriela Santana Domingos e Mauri Dias de Sales, adolescentes comunicadores, Elisangela Nunes e Evelyn Araripe, da Redação, e Clarissa Barbosa, do Outras Palavras.

Jornalismo e cultura A galera da PCU e da Agência Jovem de Notícias também marcou presença no 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, que aconteceu entre os dias 17 e 21 de maio, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. O evento reuniu além de acadêmicos e jornalistas, artistas e cineastas para debater a cultura e seus possíveis caminhos.

Eric Silva e Mariana Rosário

Participaram também: Adrielly dos Santos, Alisson Rodrigues, Amanda Martins, Doralice Silva, Felipe Eduardo, Joabe Yuri Machado, Karina Santos Araújo, Leonardo Belo da Silva, Luana Cruz, Nadia Santos, Renata Freitas e Sâmia Pereira.

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Fotos: Agência Jovem de Notícias

Uma das conversas mais intensas do Congresso foi com a professora e escritora Camille Paglia. Ela é uma feminista homossexual assumida que admira o prazer erótico e se considera uma estudante da ideia do Escritora Camille Paglia em sadomasoquismo. Toda a trajetória acadêmica de Camille Paglia sempre foi rodeada entrevista durante o Congresso pelo preconceito e dúvidas por parte dos outros, porque desde que se assumiu homossexual, na época de graduação, criou-se receio dos estudantes próximos e seus professores, mas ela sempre superou tudo isso: “Derroto meus inimigos com conhecimento, com minha performance”, comenta. A sua tese de doutorado foi bem polêmica e pioneira, pois trata da relação entre as pessoas, sexualidade e arte, numa linguagem considerada por ela mesma forte e direta. Sobre o jornalismo cultural, Camille Paglia afirma que ele é muito importante, principalmente para os jovens, por isso, esse gênero de jornalismo tem a função de informar os acontecimentos culturais, mas principalmente contar as histórias das pessoas que produzem arte e compõem a cultura.


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No escurinho

História do Cinema - Parte 5 A cada edição, Sérgio Rizzo traz em capítulos um pouco da história cinematográfica. Uma oportunidade para colecionar e conhecer as diferentes fases que ajudaram a tornar o escurinho da sala de cinema um espaço apreciado por muitos

Na tela, um país e sua gente Divulgação

Sérgio Rizzo*, crítico de cinema

S

urgido no início dos anos 1940, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, o neorrealismo italiano exerceu influência significativa sobre a produção cinematográfica de vários outros países na segunda metade do século 20. Sua premissa básica era debruçar-se sobre a realidade de forma não estilizada. Dessa forma, o movimento contribuiu de maneira decisiva para alterar os padrões de verossimilhança da ficção no cinema, fazendo com que ela se parecesse, para o espectador, muito próxima da realidade. Filmagens em locações – com emprego recorrente de atores não-profissionais – e o uso de pequenos dramas do cotidiano da classe trabalhadora caracterizam essa parcela mais politizada da produção italiana do período, voltada para o Roma, Cidade Aberta, retrato do país e de sua filme de 1945 gente. Frequentemente, a guerra e suas consequências eram o objeto central ou pano de fundo das histórias. Obsessão (1942) e A Terra Treme (1947), ambos de Luchino Visconti, são importantes marcos. Os dois filmes mais populares do neorrealismo italiano, no entanto, viriam a ser Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini, e Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica. Ambos tiveram a colaboração do principal ideólogo do movimento, o roteirista Cesare Zavattini. Rossellini dirigiu também Paisá (1946) e Alemanha, Ano Zero (1947), entre outros clássicos. Diversos cineastas italianos de imenso prestígio começaram a trabalhar no período neorrealista, como Michelangelo Antonioni e Federico Fellini. V * www.sergiorizzo.com.br RevistaViração Viração •• Ano 130Revista Ano97• •Edição Edição7352

Cena do filme A Terra Treme, de 1947

“O sentido real de meus filmes é a procura da solidariedade humana, a luta contra o egoísmo e a indiferença.” Vittorio De Sica “Desejo ser sempre e antes de tudo um contemporâneo, porque o cinema só alcança expressão artística quando explica o significado dos dramas coletivos de seu tempo.” Cesare Zavattini “Na base do neorrealismo há, primeiramente, uma atitude moral de humildade cristã.” Roberto Rossellini “O cinema é a arte em que o homem se reconhece da maneira mais imediata: um espelho no qual deveríamos ter coragem para descobrir nossa alma.” Federico Fellini


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Que Figura!

e e ativista Zuzu Angel

A vida e trajetória da estilista, mã

Nealla Machado, do Virajovem Campo Grande (MS)*

A

vida da mineira Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, foi marcada pela dor intensa da perda de um filho, apesar das glórias alcançadas com seus trabalhos de moda. Nascida em Curvelo, no interior de Minas Gerais, quando criança mudou-se com a família para Belo Horizonte e mais tarde, quando adolescente, foi para a Bahia, sendo significativamente influenciada pela cultura e pelas cores alegres do Estado no estilo das suas criações. Zuzu desprezava o rótulo de estilista, apesar de criar para moças de famílias influentes da sociedade carioca da época. Desde os anos 60, acreditava no valor da moda nacional. Suas criações abordavam o tropicalismo brasileiro com estampas de chita, vestidos inspirados em Maria Bonita e Lampião, estampas de anjinhos sobrevoando as nuvens, pássaros e florais. Sua maior luta pessoal, porém, começou com o sequestro político de seu filho Stuart Angel Jones, estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ativista do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8). O jovem desapareceu depois de ter sido preso em 14 de junho de 1971 por agentes do Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (CISA). Zuzu denunciou incansavelmente as torturas, a morte e ocultação do cadáver de seu filho, tanto no Brasil como no exterior, considerando o fato de que Stuart também tinha cidadania estadunidense. Depois do episódio, Zuzu passou a usar sua moda como forma de protestar contra o autoritarismo e a covardia dos militares que mataram seu filho. Anjos, crucifixos, tanques de guerra, pássaros engaiolados, sol atrás de grades, jipes e quépis eram algumas das representações que tiveram espaço em seus trabalhos. Vítima de um acidente automobilístico, Zuzu morre em 14 de abril de 1976, mas já havia deixado com Chico Buarque um documento que afirmava: "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".

Uma de suas duas filha, a jornalista Hildegard Angel, foi a idealizadora do Instituto Zuzu Angel de Moda do Rio de Janeiro, entidade civil sem fins lucrativos, que tem por objetivo chamar a atenção para a criação e produção de moda na cultura brasileira, fundado em outubro de 1993.

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“Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho." Zuzu Angel *Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (ms@viracao.org)

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Parada Social

Juventude discute HIV/aids em evento realizado em Manaus Da Redação

N

Lilian R

omão

os jovens como uma grande família que, mesmo com suas o ano em que a descoberta da aids completa 30 anos, diferenças, sabem amar uns aos outros e colaborar para uma Manaus, capital amazonense, sediou o 5° Encontro Nacional melhoria de vida. Essa juventude consciente me encheu de alegria de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/aids. Jovens de e espero que tenham uma vida longa e feliz sem copiar os erros todo o País passaram quatro dias, de 26 a 29 de maio, na cidade que muitos de nós, adultos, difundimos em nossa sociedade debatendo temas importantes para atual”, opina Hilton Oliveira, um dos suas vidas, suas ações, sua saúde, coordenadores do Encontro. seus relacionamentos e mais do que Em 5 de junho de 1981, a doença foi isso, trocando experiência e descoberta em Atlanta, nos EUA, a partir de convivendo uns com os outros. cinco jovens homossexuais que manifestavam O evento de Manaus foi uma os sintomas de uma pneumonia. Desde então, a oportunidade dos jovens participantes doença vitimou cerca de 30 milhões de pessoas se articularem e fortalecerem no mundo inteiro. Em junho, várias agências das a rede nacional de Nações Unidas, entre elas Unicef e Unaids, adolescentes e jovens divulgaram um estudo afirmando que que vivem com HIV/aids, Jovens participantes compartilham 41% das novas infecções no mundo são que existe desde 2008. A experiências durante o Encontro entre jovens, totalizando cinco milhões ideia é garantir um espaço de pessoas, em 2009; as adolescentes são as mais vulneráveis. para a troca de Em 20 anos, houve um aumento de 65% no número de experiências sobre formas municípios brasileiros que apresenta casos da doença entre de combate ao HIV com jovens com a faixa etária entre 13 e 19 anos, segundo familiares, profissionais e informações do Ministério da Saúde. Em 1991, eram 151 lideranças comunitárias de municípios brasileiros que apresentavam ao menos um caso de todas as regiões do Brasil. aids entre jovens nessa mesma faixa etária. V Para Gabriela Ferraz, uma das jovens participantes do evento, o Encontro foi uma oportunidade para conhecer histórias e ampliar seus conhecimentos sobre o assunto. “Foi a primeira vez que eu participei de um evento nacional de adolescentes e jovens com HIV/aids. Ouvi várias histórias e relatos REGIÃO SUL – 4,2 mostrando a força de pessoas que lidam com o preconceito. REGIÃO NORTE – 3,1 Aprendi muito sobre prevenção e proteção. Foi muito legal”. REGIÃO SUDESTE – 2,7 “Posso dizer que tive as melhores impressões dessa juventude. REGIÃO CENTRO-OESTE – 2,6 São cheios de energia, amizade e carinho uns com os outros. Senti REGIÃO NORDESTE – 1,9

CASOS DE AIDS POR REGIÃO DO BRASIL A CADA 100 HABITANTES

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Sexo e Saúde

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Cláudia Maria Pereira Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)* e Bruno Ferreira, da Redação A Sífilis é uma doença grave? Quando não diagnosticada e tratada adequadamente, a sífilis pode trazer graves consequências para a saúde, pois pode comprometer o coração e sistema nervoso, entre outros órgãos. Pode provocar cegueira, demência, paralisia, problemas cardíacos e, no caso da sífilis congênita (transmitida da mãe para o feto durante a gestação), há uma taxa de mortalidade de 40%, ou seja, de cada 100 crianças que nascem com sífilis congênita, 40 morrem.

Natália Forcat

s virajovens de de São Gabriel da Cachoeira (AM) foram saber da galera quais as dúvidas sobre sexo para esta edição. E surgiram muitas perguntas sobre a Sífilis, uma doença sexualmente transmissível. As dúvidas foram respondidas pelo Dr. Herculano Alencar, do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo. Confira:

O que fazer quando esses sintomas aparecem? Procurar um serviço de saúde. Nunca tentar tomar remédios por conta própria, pois pode mascarar os sinais e sintomas e dificultar o reconhecimento da doença pelo profissional de saúde.

Quais os sintomas da Sífilis? A sífilis é conhecida como a grande imitadora, pois pode camuflar várias doenças. Os sinais e sintomas variam conforme a fase da doença: na fase primária, em 95% dos casos apresenta ferida nos órfãos genitais. Na fase secundária, os sinais mais frequentes são manchas de pele que lembram rubéola, manchas nas palmas e plantas acompanhadas de febre, dor de cabeça, dores articulares e ínguas pelo corpo, mas pode haver lesões na boca, no ânus, no pênis e até mesmo queda de cabelos pode estar associada à sífilis secundária. Na fase terciária, que ocorre anos depois da fase primária, as lesões de pele são mais destrutivas e mais localizadas, há gomas e nódulos, e é onde ocorre com mais frequência o comprometimento dos órgãos internos.

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org

A sífilis tem cura? Sim, a sífilis tem cura, mas para que se obtenha a cura é necessário que o tratamento seja adequado para a fase da doença e que seja feito um acompanhamento com exames de sangue, que pode levar um ano ou mais. Portanto, é fundamental seguir as orientações médicas e comparecer nos retornos após o tratamento. Qual parte do corpo a Sífilis atinge? A sífilis é uma doença sistêmica, ou seja, pode comprometer vários órgãos, sendo que a pele, o coração, os grandes vasos, o sistema nervoso, o fígado, os ossos e os olhos são os mais frequentemente acometidos. No caso das lesões cutâneas, embora qualquer parte possa ser comprometida, são muito frequentes as lesões nos órgãos genitais, no ânus, na boca, nas palmas e plantas.

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal (am@viracao.org)

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EST. CIVIL BAIRRO SEXO

es paranaenses A origem do Barreado é disputada entre três cidad

Bruno Ferreira e Evelyn Araripe, da Redação

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á mais de dois séculos, o Barreado é uma das iguarias mais tradicionais do litoral paranaense. O prato é um cozido de carne com temperos variados que desmancha devido ao longo tempo de cozimento. O nome vem da expressão “barrear”. A panela onde a carne é cozida é vedada com um pirão de farinha de mandioca, impedindo que o vapor escape e o cozido não seque depressa. Antigamente, para a preparação do Barreado, era necessário fazer um buraco no chão, onde a panela ficava enterrada sob uma fogueira. A origem da sua preparação vem dos tropeiros que viajavam durante longos períodos e faziam apenas uma refeição por dia, a base de carne bem temperada, para dar sabor e retardar o apodrecimento durante as expedições. Até hoje, as cidades de Antonina, Paranaguá e Morretes disputam a origem e o modo de preparo deste prato, ícone da culinária do Paraná. Confira a versão de Morretes da receita. V

e

REVISTA VIRAÇÃO Rua Augusta, 1239 – Cj. 11 Consolação – 01305-100 São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687

NOME ENDEREÇO CEP CIDADE

FONE(RES.) ESTADO

DATA DE NASC.

/ em Cheque nominal Depósito bancário no banco Vale Postal Boleto Bancário Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

FORMA DE PAGAMENTO: TIPO DE ASSINATURA:

Tradicional do Paraná

Carlos Ararip

Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$90,00

Rango da terrinha

/

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PREÇO DA ASSINATURA

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Ingredientes:

Modo de preparo:

5 kg de músculo 1 1/2 kg de cebola 200 gramas de bacon 100 gramas de sal 20 gramas de cominho 50 gramas de alho 5 gramas de pimenta do reino 3 litros de água 500 gramas de farinha de mandioca 100 gramas de farinha de trigo

Primeiro, corte a carne em cubos de cinco centímetros. O bacon também deve ser cortado em cubos, mas menores, de um centímetro. Depois, bata a cebola e o alho no liquidificador com um litro de água. Em uma panela, coloque a carne e o bacon já cortados, cebola e alho triturados, além de sal, cominho, pimenta e água. Depois vem a hora de barrear, ou seja, de vedar a tampa da panela. Em um recipiente, adicione farinha de mandioca, farinha de trigo e um pouco de água. Misture tudo com as mãos até virar uma pasta, que deverá ser espalhada pela tampa com as mãos molhadas. Deixe a panela em fogo alto até ferver. Depois, abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de oito horas. Bons acompanhamentos para o prato são banana, arroz branco e farinhade mandioca.


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Notícias nasceu em A Agência Jovem de al rante o Fórum Soci l. janeiro de 2005 du an no Rio Gr de do Su , re e jovem eg Al o rt Po em alquer adolescente Mundial, qu , le Ne . te si um rticipar a ganhou ar e filmar pode pa in op Em 2011, a Agênci , ar af gr to fo eferências! crever, falar, escola, gostos, pr interessado em es e, ad id un m co a su m! a-dia, de ça parte você també Fa . falando do seu dians ve jo os ra jovens e pa Este é um espaço de ia com a gente. e, faça a sua notíc in op e, ip ic rt pa a, Escrev


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