Quando o turismo e a educação caminham juntos

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QUANDO O TURISMO E A EDUCAÇÃO CAMINHAM JUNTOS: UM ESTUDO DE CASO DE PRÁTICAS DE TURISMOS SOCIAL NO EXTREMO SUL DE SÃO PAULO, PELO SESC INTERLAGOS

Tema: Turismo e Integração das Comunidades Locais: inclusão e processos de envolvimento e desenvolvimento do turismo

Lucas Carbonera Molina Cristiane Farah Kairalla Gabriela Graça Ferreira Gustavo Herdeiro de Faria Mayra Vergotti Ferrigno


OBJETIVOS E METODOLOGIA  Refletir sobre como as vivências de educação ambiental se desenvolveram na realização de dois roteiros turísticos propostos pela unidade Interlagos do Sesc São Paulo  Apresentar as potencialidades e oportunidades de desenvolvimento local para a região de mananciais do extremo sul de São Paulo, a partir da realização de passeios turísticos na região.

Metodologia: análise por meio da observação participante e análise de relatos escritos pelo público envolvido  Malinowski, a partir da etnografia clássica  Magnani, a partir da antropologia urbana.


TURISMO SOCIAL TURISMO SOCIAL “Forma de turismo que promove a inclusão social de todos, proporcionando qualidade de vida e o exercício da cidadania pela utilização de meios e bens do arranjo produtivo do turismo, com aproveitamento sustentável dos recursos naturais e culturais”. Observatório de Inovação do Turismo – Fundação Getúlio Vargas (2010) Grupo Técnico Temático – Turismo Social da Câmara de Segmentação do Ministério do Turismo (2004)

“Democratização do acesso, protagonismos dos participantes, educação pelo turismo, educação para o turismo e operacionalização ética e sustentável” Princípios do Turismo Social (Sesc SP)


EDUCAÇÃO AMBIENTAL EDUCAÇÃO AMBIENTAL “Processo educativo que deve ser direcionado para a cidadania ativa considerando seu sentido de pertencimento e co-responsabilidade que, por meio da ação coletiva e organizada, busca a compreensão e a superação das causas estruturais e conjunturais dos problemas ambientais.” Sorrentino et al. (2005)


TURISMO SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

TURISMO SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL  Problematização do atual modelo de desenvolvimento econômico capitalista;  Inclusão social como forma de reduzir as desigualdades e a espoliação das comunidades;  Sensibilização para o encontro com o “outro” e para novas formas de se ver, relacionar e posicionar com o mundo;

 Sentimentos de solidariedade e de co-responsabilidade;  Cuidado com as pessoas e com a conservação do ambiente;  Exercício da cidadania como proposta de transformação social;

 Proposta educativa, regida por uma perspectiva emancipatória e dialógica.


Turismo Social

Educação Ambiental

Esta escolha revela um potencial de construir uma ação política e sinérgica capaz de formar uma coletividade responsável pelo mundo que habita e de superar as injustiças ambientais e as desigualdades sociais.


REGIÃO DOS MANANCIAIS REGIÃO DOS MANANCIAIS EXTREMO SUL DE SÃO PAULO

EXTREMO SUL DE SÃO PAULO  Região produtora de água para abastecimento público (Represas Billings e Guarapiranga);  Crescimento urbano desordenado (Décadas de 1950 à 1970);  Alta vulnerabilidade socioambiental;

 Forte atuação dos movimentos sociais, sobretudo aqueles voltados a habitação social;  Unidades de Conservação: áreas de proteção ambiental e Parque Estadual da Serra do Mar;  Riquezas culturais: destaque para coletivos que atuam com música, literatura, teatro e artes plásticas;  Potencial turístico: abriga o recente Pólo Ecoturístico de Parelheiros (2014).


Fonte: http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/panorama/

Fonte: http://atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br/mapas/103.jpg


Represa Billings - Foto AĂŠrea (Novembro, 2013)



SESC INTERLAGOS

SESC INTERLAGOS  Inaugurado em 1975 como uma unidade campestre, às margens da Represa Billings;  Área total: 500 mil metros quadrados;  Um dos poucos espaços para a população local ter acesso a programações na área da educação, cultura, lazer e saúde;  Atuação socioambiental: seis projetos de Educação Ambiental + programa de Turismo Social (seis passeios já realizados)


Sesc Interlagos – Foto Aérea (Novembro, 2013)


Valorização das riquezas da região

Passeio de um dia no Extremo Sul

Contextualizado com o território

Turismo Social Sesc Interlagos

Oportunidade dos moradores conhecerem o próprio bairro

Envolvimento das comunidades e instituições locais


SABERES E SABORES: COOPERGAIA E ATELIÊ SUSTENTA CAPÃO ATELIÊ SUSTENTA CAPÃO E COOPERGAIA  Passeio realizado em maio de 2014, com oito participantes;  O encontro pelas redes socioambientais;

 O processo partilhado de desenvolvimento do roteiro;  A experiência: o o o o o o o o

o convite de “olhar a paisagem pela janela” a atuação do turista: ao longo do passeio, suas percepções e memórias sobre o bairro a atuação do guia local: conhecer o bairro pela perspectiva do morador a cooperativa como um espaço de aprendizagem e reflexão sobre a questão socioambiental a acolhida no ateliê: a roda, o café, e o conceito do espaço a troca de saberes, a relativização dos pontos de vista o exercício da alteridade a importância da mediação

 O guia de turismo: a visão conteudista e a reprodução de estereótipos com distanciamento da concepção dos passeios


RELATOS COOPERGAIA E ATELIÊ SUSTENTA CAPÃO ATELIÊ SUSTENTA CAPÃO E COOPERGAIA Do que você mais gostou?

Do que você menos gostou?

• “Conhecer, conversar e conhecer

• “Das falas muito conteudistas do

histórias das pessoas” • “Conhecer a comunidade” • “Lanche e pães. Realidade do cotidiano.” • “As conversas na cooperativa de reciclagem e no ateliê” • “Histórias, o surgimento do Ateliê e

da Coopergaia”

guia [de turismo]” • “Da fala inicial da guia contratada, pois não proporcionou um momento para o grupo se conhecer e "sentir

a paisagem de forma mais introspectiva.”



PAISAGENS DA SERRA DO MAR: ENTRE A SERRA E O MAR: NÚCLEO NÚCLEO CURUCUTU

CURUCUTU

 Passeio realizado em junho de 2014, com quarenta participantes;  O núcleo Curucutu conta com infra estrutura para recebimento de grupos e roteiros pré-definidos, apesar do difícil acesso para veículos;  O planejamento: conhecer o espaço e os monitores locais, que são moradores da região;  A experiência: o o clima de bate-papo durante o passeio (desconstrução do papel tradicional do guia) o os imprevistos e as diferentes reações dos participantes o a integração com profissional de educação física o as memórias dos participantes que enriqueceram o roteiro o estímulo a observação e outros sentidos (cheiros, sensações, tato) o postura integrada do guia do Sesc o a conservação da mata atlântica e dos recursos hídricos

 As surpresas e limitações ao conhecer uma unidade de conservação.  O relato de uma família participante sobre o passeio


RELATOS PAISAGENS DA SERRA DO MAR ATELIÊ SUSTENTA CAPÃO E COOPERGAIA O que você mais gostou? • “Das pessoas e dos guias sesc” • “De caminhar na mata”

O que você menos gostou? • “O ônibus não conseguiu chegar na sede do parque”

• “Da trilha e do grupo” • “Da vivência na trilha”

• “Somente a neblina”

• “Paisagem” • “Do conteúdo do passeio e guias, tanto os locais quanto os do Sesc”

• “Foi extremamente cansativo caminhar até o parque por vários

quilômetros no barro”



CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS  As diferentes posturas dos agentes envolvidos pressupõe diferentes concepções de turismo: o Problematização da função do guia de turismo e do roteiro: educativo ou de

entretenimento? o Participantes: consumidores ou protagonistas?

 O processo de desconstrução do “padrão turismo” a partir da abordagem educativa desde a concepção dos roteiros: o O agentes envolvidos podem entrar em contato com diferentes visões de mundo e refletir sobre seu papel diante das questões socioambientais o Espaços abertos ao diálogo, onde todos os envolvidos podem contribuir ao roteiro o Valorização de comunidades locais e grupos sociais historicamente marginalizados o Desconstrução de estereótipos por meio do diálogo e da vivência

 Desafio: como envolver os guias de turismo no desenvolvimento dos passeios?


CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS  Desenvolvimento de uma relação mais próxima com os parceiros, proporciona o fortalecimento de uma relação a longo prazo: o Se torna um processo educativo para os parceiros e equipe do Sesc o Participação dos parceiros locais em outros projetos com o Sesc o Ampliação das redes de contatos dos parceiros locais e do Sesc

 Processo formativo e desenvolvimento de uma relação mais próxima com o público que tem se repetido nos passeios;  Parelheiros torna-se oficialmente um polo turístico (2014). O Sesc, neste sentido, se apresenta como um agente estratégico para a promoção do turismo social na região.


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