Tribo Skate Edição 207

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Jay alves * Rui Muleque * Douglas Dalua * eu aMo são Paulo

Pablo Groll 3.4 em Israel

Jhony Melhado

abençoado por deus

Skate até Morrer

sem perdão, em barcelona

2013 Gustavo dias, fs bluntslide ano 22 • 2013 • # 207 • r$ 8,90

www.triboskate.com.br










Ă­ndice //

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janeiro 2013 // edição 207

eSpeciaiS> 38. johny Melhado abENçoado por dEus 50. Skate até Morrer sEM pErdão, EM barça 60. pablo Groll aos 34, EM israEl SeçõeS> Editorial ............................................................ 12 Zap ......................................................................... 16 luZ ......................................................................... 72 Casa Nova .......................................................... 84 Hot stuff............................................................ 90 Áudio .................................................................... 92 skatEboardiNg MilitaNt ............................. 94 EvENto ................................................................. 96 MaNobra do bEM............................................. 98

Capa: Realmente Gustavo Dias não deu chance alguma ao corrimão branco de Barcelona. Mandou logo um fs bluntslide daqueles bem em pé. Foto: Leandro Moska ÍnDiCe: Jean espinosa e os vários planos da praça. Um nollie flip perfeito para uma tarde perfeita. Com aquele sonzinho calmo nos ouvidos. Foto: Marcelo Mug

“Depois daquele dia de dezembro de 2012, Dalua tornou-se não só o primeiro brasileiro a conquistar o título mundial de speed, como também o primeiro latinoamericano a realizar a façanha.” (Guto Jimenez) 2013/janeiro TRIBO SKATE | 11


editorial //

2013 Por Cesar Gyrão // Foto Camilo Neres

o

pa, opa, se você está lendo este editorial, é porque o mundo não acabou em 21 de dezembro de 2012. Enquanto escrevo estas linhas, na véspera do último dia do Calendário Maia, a brincadeira já não tem mais tanta graça. Se fosse mesmo este o caso, de tudo isto que conhecemos como mundo, a nossa vida na Terra, sofresse uma grande transformação e nada mais fosse como antes, gostaria de voltar em espírito ou carne e ossos, mais skatista do que sempre fui. Difícil dissociar a alma do corpo. Quase impossível para quem vive imaginando a próxima sessão, os novos picos, as manobras que surgirão no caminho. Sentimos na canela as doídas pancadas, mas ficamos mais fortes quando elas acontecem. São tantas as sensações maravilhosas ao fazer o que gostamos, que estamos sempre alimentando esta cadeia, andando de skate fisicamente e mentalmente. Vivendo e sonhando. Crescendo e aprendendo. Caindo e superando. Todas as mudanças de ano, sejam em quais calendários forem, são momentos de reflexão e previsões apocalípticas sempre existirão. Já que o mundo não acabou, o sonho não acabou. Então vamos comemorar a chegada de 2013, batalhando por uma vida melhor para todos, mas sempre mantendo o senso de humor e o alto astral! Afinal, somos feitos de espírito, carne, ossos, uretano, madeira e metal!

Samuel Jimmy está cada vez mais cravando seu nome nos anais do street nacional. Esse bs boardslide com trancos é estúpido!

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Post scriptum: Obrigado a todos que estiveram conosco em 2012. Parabéns aos bons brasileiros que conquistaram importantes títulos e venceram seus desafios no ano que passou. São exemplos de dedicação e talento, como os de Pedro Barros (3 x bowl), Leticia Bufoni (3 x street), Douglas da Lua (1 x speed), Kelvin Hoefler (2 x street), Bob Burnquist, Luan de Oliveira e aqueles que foram capas e entrevistas em revistas, os que fizeram grandes partes de vídeo, os que construíram pistas, os que organizaram eventos, os que criaram ótimos produtos, os que mantiveram grandes equipes, os que pintaram, os que fizeram música, os que ensinaram…



ConCurso Cultural

ANo 22 • JANEIRo DE 2013 • NÚMERo 207

Plimax e thunder

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez

de das peças é importante para se Quem anda de skate sabe que a qualida sideração que as ruas e calçadas manobrar pela cidade. Levando em con erfície perfeita, esse material se torna desse nosso Brasil não têm aquela sup mento de qualquer skatista. E agora ainda mais importante para o desenvolvi e de quebra poder levar um kit chegou a vez da galera contar sua história pesado da Thunder Trucks!

Fotografia: Marcelo Mug, Junior Lemos Colaboradores: Texto: Sandro Soares, Jéssica Florêncio, Helinho Suzuki, César Carpanez Fotografia: Leandro Moska, Camilo Neres, Thomas Toddy, Vinícius Branca, Alex Brandão, Suellen Amaral, Guilherme Puff, Mariana Rodrigues, René Junior, Raphael Kumbrevicius, Flavio Gomes, Pedro Macedo, Fernando Gomes, Diogo Groselha, Johnny Brandão, Heverton Ribeiro/coldskateboard

r é uma das marcas de eixo A Plimax quer saber: Por que a Thunde as brasileiros? A resposta mais gringo mais requisitadas pelos skatist ueça de mandar todas as informações interessante leva o kit. Mas não se esq te do critério de seleção. corretas porque elas também fazem par triboskate.com.br, no assunto Envie sua resposta para *triboskate@ corpo do email nome completo, coloque a frase “Promo Thunder” e no idade e endereço de sua casa completo.

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Cibele Alves

itora.com.br *email alternativo: juniorlemos@patriaed

Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Prol Gráfica

Kit da promo: jogo de eixos Thunder, jogo de parafusos Thunder e pacote de velas Thunder.

Imagens meramente IlustratIvas

Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br



zap //

rui muleque CiCatriz na CaneLa é fáCiL! Quero ver ser Lembrado por inúmeras façanhas na époCa em Que o skate ainda era novidade no brasiL, sair na Capa da tribo skate sendo “morto” peLo massaCration ou então, antes disso, ser Lembrado por aQueLa famosa imagem em Que apareCe ao Lado de um possante aero WiLLis. sem esQueCer Que eLe é o Campeão do primeiro CirCuito brasiLeiro profissionaL, Lá em 1989. rui muLeQue é Lembrado por tudo isso e mais um pouCo: representa uma referênCia sóLida para o skate Que se desenvoLve em ribeirão preto e toda aQueLa região do interior pauLista. o Que eLe tem pra nos Contar sobre o Que gira em torno do seu mundo atuaL, só a tribo skate pra reveLar // TexTo e foTos Junior Lemos

RepRodução Skatin’

O que você anda fazendo? Hoje em dia trabalho em uma loja de skate em Ribeirão Preto/SP, a Switch Skate Shop, que também tem uma pista de skate que alugamos pra eventos. Nós temos também a escolinha de skate voltada para crianças de 5 a 12 anos, onde dou aula junto com o Rafael e o Vinícius. E tenho minha família, um moleque de 12 anos e minha esposa maravilhosa, a Rita. Estamos há 13 anos juntos! Qual sua ligação com a cidade em que mora hoje? Ribeirão Preto caiu na minha vida por acaso! Nos anos 90 passamos por uma época de transição no skate, teve o plano Collor e eu precisava montar um negócio ou partir pra alguma coisa parecida porque a economia estava muito ruim. Quem viveu naquela época sabe muito bem o que foi o plano Collor para o skate! Surgiu então a oportunidade de comprar a loja Corsário. Não foi nada planejado, foi uma oportunidade que apareceu! Disso, acabei ficando dez anos em Ribeirão, onde me firmei, fiz grandes amigos e hoje carrego essa cidade dentro de mim; sou Ribeirão Preto de coração. Quando voltou pra São Paulo e por que rolou o retorno pro interior? Fiquei de 90 a 99 com a loja, foi quando fechei e voltei pra São Paulo, ficando lá por dez anos também! Em 2010 o Toninho, dono da Switch, me chamou pra gerenciar a loja em Ribeirão. Fez uma boa proposta, daí eu voltei! Estou há dois anos à frente da loja, da empresa de produção de eventos e também com a pista e a escolinha de skate. Quando deu um tempo no skate, o que fez pra se manter? Quando fechei a minha loja, comecei a trabalhar como representante comercial. Vendia Freedom Fog, a Diet, Skate Plus e Lifestyle. Fiquei um ano e meio correndo com essas marcas pelas lojas do interior e aí surgiu a oportunidade de trabalhar na MTV. Comecei trabalhando na produção, por cinco anos fiz o programa Hermes e Renato. Depois senti a necessidade de mudar um pouco minha vida; foi onde fiz curso de operador de câmera e entrei para a técnica. Traba-

lhei mais um ano e meio na MTV e depois rodei outras tvs, como Canal Rural e rede Gospel, até voltar para o skate. Como era o skate na época de ser atuante da cena? Comecei a andar de skate em 1982; o skate era escasso. Pra você ter uma ideia: você podia ter dinheiro, mas não se tinha onde comprar peças de skate! O mercado se extinguiu na virada dos anos 70 para os 80. Dessa necessidade surgiram empresas que eram feitas por skatistas, tais como a Urgh, que nasceu em 82 e a Variflex que era do Serginho da Crail, ente outras. Cada skatista fazia um material; em Jundiaí tinha a Rector que fazia joelheira, em Santo André a Block Head que fazia capacete. O mercado de skate que tem até hoje nasceu da necessidade dos skatistas daquela época! Daí, em 88, eu passei pra profissional. O skate era uma febre, todo mundo estava andando e estava muito bom o mercado. Em 89 fui campeão brasileiro, fechei o ano como campeão e esperava que 1990 fosse o meu ano, mas em março de 90 o Collor entrou com o aquele plano, tirou toda a liquidez do mercado e praticamente acabou com o mercado nacional de skate. Quais as principais referências que a galera relembra ao te encontrar? Fui o primeiro campeão brasileiro pelo circuito que rege até hoje, que na época se chamava UBS (União Brasileira de Skate). Em 87 o Thronn foi o campeão em uma etapa só. Em 88, se não me engano, foi o Cupim e aí em 89 se iniciou o circuito brasileiro. Eram três etapas na época, computando-se a média de pontuação. Em 89 mesmo tive a oportunidade de ir duas vezes para a Europa. Fui pro Mundial da Alemanha, era o maior acontecimento global. No final de 89 fui pra Portugal, fiquei dois meses fazendo apresentações. Em 90, mesmo com a economia abalada, meu patrocinador, que era a Lifestyle, conseguiu me mandar para o Circuito Europeu e corri duas etapas, Alemanha e França. Graças a Deus tive oportunidade de fazer parte de uma grande equipe; a Lifestyle era uma das maiores do Brasil, onde tive suporte para construir a imagem que me rende frutos até hoje. Após 20 ano o pessoal ainda lembra

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// zap de mim com carinho! Acho que também porque sempre gostei de andar de skate corrido, sempre com velocidade e esticando um pouco mais as manobras. Essa era uma característica minha e marcou muito a minha história. Anda de skate até hoje? Sim, até porque não sei jogar bola, né! (risos) Ando bem menos do que gostaria, mas ainda sim continuo andando. Não consigo mais fazer street porque tenho o tornozelo zuado e não posso muito com impactos. Ando em minirrampa e banks. Hoje, aqui em Ribeirão, temos a pista da Switch e o banks de um amigo nosso, o Zaninha; a gente faz bastante sessions por lá! Recado pra galera que está começando no skate agora? Foque no que você quer! Desde que comecei a andar de skate sempre quis ser skatista, sempre curti skate, queria ser skatista e queria andar de

skate. O fato de viver de skate não é ficar preocupado em ter patrocínio, mas andar e se preocupar com sua imagem. Não entrar nas drogas, elas são uma furada! Seja focado no que você faz e sempre faça o melhor possível. Patrocínio, colocação de campeonato são consequência. Ande de skate, curta e faça principalmente porque você gosta, e seja focado naquilo que você quer! // Rui BaRBosa 45 anos, 30 de skate Patrocínios: LifestyLe (eterno) e switch casado com rita de cássia ferreira Pai do Victor ferreira BarBosa cristão eVangéLico congregado há 10 anos

Fs rock’n’roll no Z-Banks, sítio do Fernando Zaninha, em Ribeirão Preto.

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thomaS teixeiRa

zap //

diVulgação

[01]

diVulgação

[02]

[04] diVulgação

[03] ViníciuS BRanca

Movimento constante nos bastidores do skate brasileiro: A skatista de Sorocaba/SP Ariane Peres anunciou sua saída da Freedom Fog e está livre para receber novas propostas de patrocínio de tênis. A linda skatista continua recebendo o apoio da Adapt. • [01] O international star Túlio Oliveira “Tocha” não esconde a felicidade pela mais recente conquista. Lançou em outubro seu primeiro model de tênis assinado pela Airwalk e já ocupa o patamar de terceiro mais vendido dentro do leque de opções que a marca oferece no mundo todo. • [02] Darkroom é o nome da marca onde Fellipe Francisco aplica agora toda sua vivência de anos como skatista de Belém do Pará/PA e também como fotógrafo de skate da cena mundial. Um projeto que agrupa fotografia, skate e design, deste que é uma revelação Tribo Skate. • E as marcas de energéticos também reforçaram seu marketing com a entrada em suas equipes de skatistas brasileiros que são destaques internacionais.[03] Leticia Bufoni ostenta agora o vermelho da TNT em seu leque de patrocinadores. Já Felipe Gustavo Bochecha entra pra fina elite de skatistas internacionais patrocinados pela Red Bull. Se antes o brasileiro voava baixo com seu skate, agora com as asas de touro ninguém segura. • [04] 2012 foi ano de Douglas Dalua! O gaúcho que está no livro dos recordes como o skatista mais veloz do mundo, venceu a última etapa do circuito mundial IGSA que rolou na África do Sul e com isso conquista o inédito título de campeão mundial de dowhill. Dalua também festeja a escolha do documentário “Dalua Downhill”, que conta sua trajetória nos últimos dois anos, no 1º Festival Internacional de Filmes de Esportes de Ação, que rolou no Rio de Janeiro em outubro. • A Freeday anuncia dois reforços na sua equipe de base: Marco Antônio, local de Guarulhos/SP, e o curitibano John Anderson vestem agora os tênis da marca pra manobrar seus skates. • [05] Rodrigo Teixeira fecha 2012 com novo model de eixos pela Venture, sua segunda assinatura de trucks pela marca gringa. E para comemorar essa grande conquista e também apresentar em primeira mão o tão esperado vídeo da DGK, o “Parental Advisory”, TX armou uma puta festa no Clube Gloria em São Paulo e reuniu grande parte da rapaziada do skate de rua brasileiro. Seu parceiro de equipe Dwayne Fagundes também comemorou com a galera, nesta festa que foi organizada pelo grande Felipe Vital e que também rolou no Banx em Porto Alegre/RS. • [06] Rodrigo Leal “Maizena” materializou o sonho de ter sua loja de skate, realização que acontece com a parceria do amigo Arthur Diego. Localizada bem próxima da nova pista de Mairinque/SP, a Transfusão Skate Shop fica exatamente na rua Francisco de Paula, n.º 428, centro da cidade. Vida longa ao empreendimento!

[05]

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old skol Autenticidade não se compra Por Cesar gyrão // foTo Junior Lemos Depois da última sessão do ano exclusiva de veteranos no skatepark de São Bernardo do Campo, a galera rumou para o Bar do Deco, para a Old Skol. Você não leu errado: é Old Skol mesmo! O novo trocadilho nomeia uma festa na rua, no melhor espírito vira-lata do skate. Sair suado da pista e ir tomar uma cerveja com os amigos é um clássico cultuado pelos mais verdadeiros de um dos berços do skate brasileiro. E o evento teve um gosto especial, com a comemoração da edição 206 da Tribo Skate, presença do Jorge Kuge e assinatura da sua primeira capa de revista, depois de 30 anos da criação de sua marca, a Urgh. Enquanto alguns estão preocupados em glamourizar o skate, em torná-lo mais limpinho e pasteurizado para consumo, aquela noite de segunda-feira foi rua pura. A história do skate de São Bernardo é conhecida por lutas de gangues por seus territórios. Ser aceito nas várias facções era uma verdadeira briga para o skatista de fora. Hoje em dia, é bem mais tranquilo, mas esta característica ancestral da área dá ainda mais valor ainda para uma festa como esta. Sim, não poderia haver melhor oportunidade pra reforçar as origens do skate brasileiro e a história construída na base da resistência e da criatividade.

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kellen jAmes

connellY

Quem não se Lembra de sua parte no sk8mafia pode Conferir seu street pesado no reCente “never gets oLd” (osiris). keLLen James LiteraLmente marreta roChas Com seu skate! eLe desempenha um skate fLuido e téCniCo, styLe de se ver; representa no street, enCara de frente as bordas e não deixa barato para gaps, Canos e transições. agora, o norte-ameriCano mostra para os brasiLeiros Quais suas ideias Quando faLamos de skate e brasiL. Confira!

Fs noseslide.

O que vem a sua cabeça quando se fala sobre o skate brasileiro? Praias, clima bonito & Rodrigo TX. Qual característica dos skatistas brasileiros que mais lhe impressionam? Todos são muito bons e têm bastante pop. Qual a cidade no Brasil que você gostaria de conhecer e andar de skate? São Paulo. Quais mídias sociais você participa na rede e por quê? Instagram. Porque é fácil. Eu gosto de tirar fotos e todos os meus amigos estão nelas. O que leva em consideração quando escolhe as peças pra montar o seu skate? Não muita coisa. Depende do dia que vou montar. Qual parte de vídeo de skate você considera como sendo a mais sólida em sua carreira? Minha parte Jus Liv’n quando me tornei profissional. Eu tenho que sentar com meu falecido amigo Tommy Cantrell e editar a parte toda. Sk8mafia4life. Kellen James 30 anos, skate desde 1995 Nacionalidade e cidade que nasceu: Negra, Rochester, NY, EUA Reside em: San Diego, CA, EUA Patrocinadores: Sk8mafia, JSLV, Gold, Osiris, Mob Grip, Diamond Supply

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zap //

a matriz skateshop CompLetou mais um ano de iniCiativas e usaremos Quatro instas para resumir Como foi a festa desses 11 anos bem vividos e de muito skate!

a chuva de sábado adiou a disputa para o domingo:

‘‘Certeza que esse está se divertindo pra caramba no # matrizskatepro2012’’ (@diegofioreseskt)

depois da chuva, a galera andou muito de skate:

todos curtiram a balada dos 11 anos:

favorite ‘‘festa de 11º aniversário ‘‘@kevinwstrick’s brazilian skater and matriz skate shop! anhangabau’s finest #matrizskatepro2012’’ (@matrizskateshop) #marceloformiguinha. nollie pop shove-it first try for the camera at the #matrizskatepro2012 in porto alegre.’’

Luan leva a disputa, desfalcada de skatistas que tinham passagem marcada para o domingo:

danilo do rosário ‘‘segundo lugar no

matriz skate pro 2012, posiblementenafinal @ danilo_dandi.’’ (@posiblementeskate)

(@antclaravall)

e abaixo, Quatro instas pra Começarmos 2013 Com o sorriso no rosto, imaginando o Que de positivo está vindo por aí!

‘‘12/12/12 ’’ (@mottilaa)

‘‘skate no museu #2, maLba (museo de arte Latinoamericano de buenos aires).’’ (@fabiano_rodrigues)

em breve!!!’’ ‘‘novidades (@gianaccarato)

my homies marcos et ‘‘layback grindonnnnn reverse stilera!!! foto @flaviogomesphoto @ mureta session dagger grindonnn.’’ (@bianobianchin)

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Zene Sachs, lien air.

the Number one - a explosão de vi kakinho // Fotos Heverton ribeiro/coldskateboard.com A Pousada Hi Adventure, correu contra o tempo para reformar seu bowl para o terceiro ano do The Number One of RTMF. O evento que veio para revelar e impulsionar o skate amador de transição, desta vez reuniu quase 100 inscritos de vários estados do Brasil, americanos, ingleses e peruanos. Além dos amadores, vários profissionais prestigiaram o champ: Marcelo Kosake, Carlos de Andrade, Rodolfo Ramos, Marcos Gabriel, Emanoel Enxaqueca, Nilo Peçanha, Rony Gomes, Allan Mesquita, Leo Kakinho, Marco Cruz, Gustavo Caverna, Oscar Mad e o anfitrião da casa, Pedro Barros. Foram três dias intensos para as várias categorias, finalizados no half pipe da casa da família Barros. No mirim o local Ian Poleto mostrou o diferencial de alguém que aprende a andar de skate nas curvas de concreto. O segundo ficou para

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Gabriel Penteado e o terceiro para Guilherme da Luz, todos de Floripa. No feminino, a carioca Bia Sodré venceu seguida por Emily Antunes, que é local mas quebrou o braço na sua segunda volta; e em terceiro ficou Nicole Santana. No iniciante, outro local do RTMF, Mateus Guerreirinho levou o título, seguido de Augusto Japinha de Curitiba. Terceiro para Pedro Quintas, de São Paulo. No amador o bicho pegou pra valer! O paulista Murilo Peres era o favorito, mas o troféu foi para um local: Vi Kakinho! Ele foi constante, destruiu as bordas com bs board no over, bs tail, fs nosegrind e ainda meteu aéreos na altura da cara como lien melons, frontside airs e um impressionante bs heelflip! Vi Kakinho deixou o segundo para o Murilo e o terceiro para o Alan Resende. A disputa de half pipe foi apenas para amadores e Carlos Niggli levou a vitória e o título brasileiro de vertical 2012. Em segundo lugar ficou o overall Murilo Peres e Vi Kakinho em terceiro!

RTMF 2012 - Bowl Amador 1º Vi kakinho 2º Murilo Peres 3º Alan Resende Feminino 1º Bia Sodré 2º Emily Antunes 3º Nicole Santana Mirim 1º Ian Poleto 2º Gabriel Penteado 3º Guilherme da Luz Iniciante 1º Matheus Guerreiro 2º Augusto Akio 3º Pedro Quintas


// zap

Vi Kakinho, bs air campe達o.

Murilo Peres, stale fish.

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alex BRandão

zap //

Fs ollie.

CezAr gordo

@RodRigotx

Em recuperação de uma recente cirurgia no ombro, o profissional Cezar Simonetto Dal Pozzolo, também conhecido com Gordo, certamente aproveita o tempo afastado das sessões de skate para colocar em dia as várias músicas que estão no player. Trazemos então as 20 mais tocadas no iPod de um dos responsáveis pela Matriz Skate Shop; confere aí!

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Edi Rock e Seu Jorge, That’s My Way Kamau, Lágrimas Kamau, Vida Terceira Safra, Seja o Que Você Quiser Terceira Safra, Até Queria Mas Num Tá Teno Rael da Rima e Emicida, Num É Só Ver Havoc (Mobb Deep), Same Shit Different Day Racionais, Mil Faces De Um Homem Leal Rashid, Que Assim Aeja Projota, Pode Se Envolver

Kamau part. Parteum, Rick e Paulo Nápoli, Época de Épicos HenRick Fuentes, Amigo Ogi, Eu Tive Um Sonho Jamés Ventura, O Rap é Fato Ogi, Rick e Jamés, A rua Vai Cobrar Marcelo D2, É Preciso Lutar Shawlin, O Mago Nas, One Mic Jackson, Vários Lugares Flow MC, Pisa Fofin

marquise liberada O refúgio dos skatistas em época de chuvas na capital paulista finalmente está liberado para o rolê, depois de quase três anos fechado para reforma. Palco de memoráveis sessões de street/ freestyle e também berço do skate paulistano nas década de 70 e 80, a Marquise do Ibirapuera é uma obra dentro da grande obra de Oscar Niemeyer e Burle Marx, o Parque do Ibirapuera. E pra galera que está na vontade do rolê por lá, não custa lembrar que a prefeitura estipulou regras e horários para a prática do skate, o que significa que as manobras estão liberadas apenas na área central da marquise e também que está proibido o rolê no período da tarde aos domingos e feriados, ou seja, das 12h00 às 18h00.



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euskATesP Por Cesar gyrão // foTos marCeLo mug Parte de uma campanha que chama cada um a encontrar sua grandeza, a Nike SB promoveu um encontro diferente com a imprensa em dezembro em São Paulo. Com participação do Fábio Cristiano, Rodrigo Gerdal, Cezar Gordo e Luan Oliveira, o lançamento do modelo “Team Edition” ressaltou a ligação destes caras com a cidade de São Paulo. O mais legal de tudo foi que após o almoço no The View, todos os presentes saíram de rolê pelas ruas, para dividir os picos clássicos escolhidos pelos team riders para viver alguns momentos únicos. Mesmo com o pé “ligeiramente abalado” por uma torção, Fábio remou pela congestionada Paulista, onde Luan registrou algu-

Gerdal altera por um segundo o som que ecoa no Vale. Fs grind.

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// zap

Luan encerra a linha do dia com esse limpo fs lip, no gap provisório da Roosevelt.

mas boas, no meio do caos. As sessions seguiram pelo Vale do Anhangabaú, onde Gerdal fez algumas linhas, depois a Praça da Sé, onde Luan transformou tudo em arte; e, finalmente, a nova Praça Roosevelt. Um verdadeiro luxo de sessão de skate, com direito ao fs flip destas páginas protagonizado pelo Luan. Missão pra você que perdeu essa: procure vídeos desta tarde de segunda, em SP. Realmente a grandeza foi encontrada.

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ViníciuS BRanca

guilheRme puff

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Pré-estreia passengers // Por Junior Lemos Lançando sua quarta grande produção, o suiço Tristan Zumbach desembarcou por aqui no final de ano para apresentar em primeira mão aos skatistas brasileiros o último produto Cesar Prod.: o filme Passengers, estrelado pelo monstros brasileiros Marcelo Amador Formiga e Flavio Lopes, também com partes dos gringos Many Lopes (Canadá), Alex Weir (USA) Pavel Derenkov (Rússia) e Greg Hamel (Suiça). Pela primeira vez uma pré-estreia dos filmes produzidos pelo Tristan acontece primeiro no Brasil e as exibições rolaram em quatro sessões: CEU Inácio Monteiro e Cine Olido em São Paulo, Ribeirão Preto e Rio Preto, ambos no interior paulista. Tristan prepara agora mais algumas exibições no Brasil para janeiro, logo após o lançamento ofi-

cial do vídeo na Europa. E pra quem não viu o Passengers, uma impressão que escutei na plateia do Cine Olido resume muito bem o conteúdo do filme: “Depois deste vídeo, o centrão de São Paulo nunca mais será o mesmo. O Formiga deu outro significado para o skate de rua brasileiro!”. E ao final das pré-estreias que rolam por aqui em janeiro, o DVD Passengers estará à venda no cesarprod.com e também em algumas lojas selecionadas. Mas Tristan não descansa! Está em fase de finalização de sua quinta produção, que contará com participacão mais do que pesada dos brasileiros Vinícius dos Santos, Glauber Marques e Fernando Java. É acalmar a ansiedade para ver este novo vídeo porque só pelos skatistas que estarão nele podemos imaginar que o level de skate apresentado estará lá em cima.

Brasileiras tomam buenos aires de assalto Por JéssiCa fLorênCio // foTo sueLLen amaraL Só quem conhece a Argentina sabe o quanto ela é linda e acolhedora. Fora essa disputa boba de rivalidade do futebol, a Argentina (e em especial Buenos Aires) tem aquele ar de lugar dos sonhos, picos, pistas, carne boa, chocolates, alfajores e muito skate! Esse ano tive a oportunidade de voltar novamente a Buenos Aires, a convite da organização do Girls Assault (Sul-Americano). O evento aconteceu na pista de skate Back Side, uma ótima área coberta onde dá pra mandar várias! Desta vez fiquei na casa da skatista Cocó Cianciarulo, garotinha fera argentina, muito simpática e tímida; ela e sua família nos recebeu muito bem! No outro dia chegou a galera do Brasa: Pipa, Suka e a Euli Vieira, e os dias de muitas risadas e muito skate estavam garantidos. A mãe da Cocó, sempre prestativa, nos levou para conhecer várias pistas, picos e lugares, mas no final de semana tínhamos o campeonato e eu me juntei ao pessoal da Fundação Poseiden, dos EUA, já que iríamos fazer uma tour e uma demo, logo após o evento. No dia do campeonato, tava muito style! Acho que tinha umas 60 garotas de todas as idades. Consegui finalizar o campeonato em segundo lugar, coisa que pra mim foi muito bom porque fazia pouco mais de duas semanas que tinha voltado a andar de skate, depois de me recuperar de uma lesão grave sofrida em julho na Europa. Logo após o evento, fomos com a organização de van para uma pizzaria e uma das meninas quis ir embora e pediu a chave da van. Ao se aproximar do carro, a garota percebeu que tinha uns três caras roubando nossas coisas! Ela saiu correndo atrás dos ladrões e recuperou nossas mochilas, ela teve a ajuda da polícia que estava ali por perto! Nossa, foi um susto e tanto ela chegando na pizzaria e dizendo: “estão roubando nossas coisas”. (risos) Agora dou risada, mas essa menina é louca demais, pensei. Fomos pra delegacia consegui recuperar minha premiação, mas meu skate e o tênis que tinha ganhado já era. Minha viagem foi maravilhosa. Sou suspeita para falar, mas a certeza é que ano que vem volto pra lá novamente!

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zap //

jay aLVes Carregar na bagagem a responsa de representar o atuaL skate profissionaL de minas gerais, ser uma das prinCipais referênCias para skatistas de rua do estado e Contar Com o suporte de marCas Que o proJetam para o Cenário naCionaL, são aLguns dos resuLtados do manobrar Que Jarbas aLves fez durante toda sua vida em beLo horizonte. histórias e superação de obstáCuLos Que o fizeram ser ConheCido Como Jay aLves, e Que a gaLera Confere aLgumas deLas agora!

• Qual a sensação de andar pra uma marca da Capital do Brasil, a Capital Skateboard, tendo como parceiro de equipe o profissional LP Aladin, que faz o skate acontecer em Brasília e que está mostrando seu trabalho para o mundo através do vídeo “Ame-o ou Deixe-o”, no qual você tem uma parte? (Lucas Oliveira Magalhães, Paracatu/MG) – E aê, Lucas! Mano, o Aladin é meu amigo de muito tempo, lá dos champs amadores. Acho que naquela época a gente já sonhava com o que acontece hoje em dia. (risos) A Capital é uma família, de verdade mesmo! O vídeo foi um sonho realizado com muito empenho, vontade e amor ao skate, com a intenção de trazer a evolução que a gente acredita ser necessária pro skate do Brasil. O mano Aladin é inspiração no skate, tanto em manobra quanto na atitude. Aprendo demais com ele e com todos da Capital. Salve, salve família (Juliano Amaral, LP Aladin, Samuel Jimmy, Whas Pereira, Tomate, Suca, Sariema, Neres; todos).

• Gostaria que você descrevesse em palavras qual a sua sensação ao acertar uma manobra? (Daniel Maximiniano Júnior, Capivari/SP) – Essa é impossível, hein! Viver é como diz meu mano Fabio Castilho: “flipo logo existo!” É o que me faz sentir vivo, mano. Vida, skate é vida! • Você era um skatista que representava mais a sua cena local de Minas Gerais, e as marcas de skate da sua região. Depois que você entrou na Converse Skateboard, sua carreira ficou mais nacional. E agora, não pensa em focar no skate internacional? (Thiago de Albuquerque, Mogi/SP) – Na real eu sempre tive patrocínios de São Paulo e do Rio Grande do Sul, sempre viajei pros champs na época de amador! Sei lá, mano. Quero focar em andar de skate o máximo possível, o que vier é consequência disso. Quero sim conhecer mais países e novas culturas!

• De todo seu tempo de skate, do estacionamento do Minas Shopping ao último rolê na Sete, você viu muitos amigos se perderem, muitas pistas se desfazerem, muito sonho desmoronar. É certo que por vontade sua todos estariam ao seu lado até hoje, em cada pista que entra pra andar, como profissionais e ativos no esporte! Meteoro, Cascão, Naroga, os meninos do Planalto e da 501... Contudo, a profissionalização te trouxe ótimas oportunidades, viagens, mulheres, fama, evolução. Em todas as vantagens e desvantagens que aconteceram no esporte, diga duas situações, uma que seja positiva e outra negativa, sobre sua vida como profissional do skate? (Diego Oliveira Drumond, BH/MG) – Mano, skate como profissional é a mesma coisa, porém com algumas responsabilidades, tanto com seus patrocínios quanto para o skateboard em si. É ajudando na evolução, tentando conseguir lugares, eventos e evolução pra parada. As situações possitivas são: viajar pra lugares em que você chega e pensa “se não fosse o skate não estaria aqui” e poder viver fazendo o que mais gosto: andar de skate. Negativas: algumas pessoas ainda não entenderem que esse é seu trampo e às vezes o mercado.

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• Você retornou de uma cirurgia e ficou um tempo afastado do skate. Como foi essa época de recuperação? Já está tudo ok? (Gabriel Fontes, Limeira/SP) – Foi muito difícil, mas ainda bem que eu tenho

Viver é como diz ‘‘meu mano fabio

maRiana RodRigueS

JaRBas alves aRcanJo neto 27 anos, 14 de skate BeLo horizonte/mg Patrocínios: conVerse, caPitaL skateBoard, fLy By night skate shoP

• Que dica você dá para os iniciantes do skate? Onde buscar inspiração? (Lukas Martins, Campinas/SP) – Busque inspiração na essência! Faça seu palco, seu corrimão e sua rampa junto com a sua crew. Ande de skate e se divirta ao máximo, ande e busque a evolução.

castilho: “flipo logo existo!” é o que me faz sentir vivo, mano. Vida, skate é vida!

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zap //

jay aLVes a capital é uma ‘‘ família, de verdade

mesmo! o vídeo (ame-o ou deixe-o), foi um sonho realizado com muito empenho, vontade e amor ao skate, com a intenção de trazer a evolução que a gente acredita ser necessária pro skate do Brasil.

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patrocínios que me ajudaram em tudo. Agradeço demais a Converse por estar junto comigo! É difícil, o joelho fica meio travado ainda até hoje, estou destravando pra algumas manobras, mas o segredo é se empenhar na fisioterapia. • Recentemente rolou o Brasileiro Amador da CBSk para skatistas rankiados em circuito estaduais de todo o Brasil. Minas Gerais é imenso e com competições pra todos os lados, mas não teve representante por não ter circuito reconhecido pela confederação. Como você imagina que pode agir para mudar essa situação? (Leonas Davi, Divinópolis/MG) – União, compromisso e organização, pra trazer mais incentivos pra cena local, que não é fraca. Na verdade talvez até organizando nossa federação e agindo juntos, vamos conseguir ter um circuito bom como eram os mineiros da minha época. Para com isso revelar cada vez mais nomes, marcas e lojas daqui de Minas Gerais! Enfim, fazer o mercado crescer como um todo!

Próximo enfocado: RagueB RogeRio enVie suas Perguntas Para tRiBoskate@tRiBoskate.com.BR com o tema linha veRmelha – RagueB RogeRio. coLoque nome comPLeto, cidade e estado Para concorrer ao Produto oferecido PeLo ProfissionaL.

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Fs noseslide monstro na Avenida Paulista, SP.


maRcelo mug

// zap

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entrevista am // jhony melhado

Jonathan Melhado

AbençoAdo por deus ElE Está no mEio daquEla nEgociação consigo mEsmo E sEus patrocinadorEs para sE tornar profissional. dEpois dE construir um nomE fortE no compEtitivo cEnário amador do strEEt brasilEiro, Está prEparado para Encarar a nova fasE na sua vida E tEm todas as crEdEnciais para isso, mas nEsta virada dE ano ainda Estava dEfinindo o status quE tErá Em 2013. uma quEstão apEnas dE EstabElEcEr os parâmEtros E rEfazEr contratos. Enquanto isso, sua produção continua Em alta, dEpois da ótima partE no vídEo dormE sujo, acorda limpo dE 2011, a brilhantE atuação no bang YosElf do thE bErrics, tudo isto somando-sE ao primEiro título do dc King of sp Em 2008 E tantas outras bElas passagEns dE sua carrEira dE amador. jhonY é cria da galEra da no namE dE piracicaba, nomE quE rEprEsEnta a visão dos strEEtEiros incrívEis quE dEfEndEm as corEs do intErior dE são paulo. por cEsar gYrão // fotos rEné jr

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Frontside feeble.

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jhony melhado // entrevista am

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poderia ter ido em 2008 pros usA, e quem sabe estar vivendo todo aquele sonho de estar no game americano, mas nada ĂŠ por acaso: estamos aqui andando como sempre e feliz com novos planos.

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V

ocê é de Araçatuba, mas cresceu no skate quando se mudou pra Piracicaba. O Stanley Inácio e o Danilo Diehl lhe adotaram? Como foi sua entrada na crew? Piracicaba foi aonde eu comecei levar o skate mais a sério, por existir mais lugares para andar de skate e mais pessoas andando. Logo quando mudei pra cá eu andava com outra galera, os moleques do meu bairro. A gente só pensava em andar e se divertir, não pensava em um dia viver do skate, nem imaginava que isso seria possível. Depois, quando conheci o Stanley, ele me mostrou que o skate tinha um outro lado que eu não conhecia, que era filmar, viajar pra filmar. O Diehl, na época, morava no ABC. A gente se conheceu em uma das vindas dele pra Pira. Os cara já tinham outra visão; me ensinaram bastante. Minhas primeiras manobras filmadas foram com o Stanley e, graças ao Diehl, eu fiz também minha primeira foto para revista. Desde então, começou a parceria, saindo sempre pra sessão juntos, seja pra filmar, fotografar, ou simplesmente uma sessão

Flip nose manual nollie flip.

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descontraída na skateplaza de Pira. Esses caras são meus amigos de verdade! Quais foram os picos que lhe deram esta base pra encarar qualquer tipo de obstáculo de street e triturá-los? Acho que foi a diversidade dos picos; começava a sessão na rua, na Praça José Bonifácio, aqui no Centro de Piracicaba; depois descia pra mini ramp da Rua do Porto, e acabava na pista de street do Jupiá; que era quase como andar na rua pelas condições que a pista se encontrava. Por sorte, depois de anos, essa pista do Jupiá tá sendo reformada. Acredito que quando sair essa entrevista, já vai estar rolando de andar lá novamente! Você foi o primeiro campeão do DC King of São Paulo, em 2008, uma parada duríssima que você enfrentou. Que armas você usou pra vencer? O que fez com a passagem que ganhou? Foi uma coisa inesperada; eu apenas estava em um dia com muita vontade de andar de skate. Já tinha participado de vários tipos de eventos, mas nunca um com essência do skate de verdade na rua! Foi uma experiência e tanto. A passagem

era pra Ohio, nos EUA. Seria a final do DC King Mundial, e eu não tinha o visto americano. Isso me complicou bastante - queria muito ter ido. Minha sorte foi que a passagem ainda não estava comprada e os caras do marketing da DC foram parceiros e, então, troquei a passagem pra Barcelona, que não precisava de visto. Então, em 2010, pude fazer minha primeira viagem internacional pra andar de skate - a melhor viagem que fiz até hoje! Às vezes penso que perdi uma oportunidade imensa. Poderia ter ido em 2008 pros USA, e quem sabe estar vivendo todo aquele sonho de estar no game americano, mas nada é por acaso: estamos aqui andando como sempre e feliz com novos planos. A junção dos No Name de Piracicaba com a Família Athletics do Rio gerou a Família No Name e o vídeo Dorme Sujo, Acorda Limpo. Como é fazer parte deste bando de loucos com tantas personalidades diferentes? É muito skate envolvido: duas crews de duas cidades e estados diferentes que viraram uma família só! Essa parceria entre Piracicaba e Rio de


jhony melhado // entrevista am

Janeiro vem de anos; eu cheguei bem depois e fiquei muito feliz em fazer parte da crew e do vídeo. Gosto muito da vibe dos caras de lá andando de skate; estão sempre se divertindo, isso é muito style! Toda vez que vou pro Rio me sinto em casa. Acredito com toda esse junção, essa parceria, formamos realmente uma família, tudo pelo skateboard! Família No Name pra sempre, amigos de verdade, skate de verdade! Nas sessões de fotos com o René ele foi o seu guia ou você indicou alguns picos que conhecia? Qual foi a manobra mais complicada para sair? Acho que foi o bigspin fs board no cano despencando. Mesmo assim, foi tranquilo. As sessões foram muito style, foram todas de uma forma muito natural, sem muito stress. Teve o noseblunt de back e o flip manual na Praça XV que eu chamei o René; o resto foi ele que apresentou os picos. Acho legal quando o fotógrafo te apresenta um pico, porque na visão fotográfica qualquer manobra ficaria boa. Aí vai do skatista fazer sua melhor parte, marretar ou não!

Logo que você começou a andar de skate, quando criança, acabou dando um tremendo susto na sua mãe. Pode contar esta história para nós? (risos) Isso foi bem no início, ainda criança em Araçatuba: fui pra pista andar e voltei pra casa chorando - tinha caído e quebrado os meus primeiros dentes permanentes! A coroa ficou apavorada, dizendo que era pra parar de andar, mas não deu muito certo. Hoje em dia ela ri da situação e me incentiva bastante! Falando em família, seu pai é um grande fã seu, é fácil ver ali no seu Face… Ele trabalha com shows musicais, com cantores famosos. Você já viajou com ele pra alguns destes shows? Meu pai é um grande parceiro. Ele que me deu meu primeiro skate e sempre me incentivou! Ele sempre trabalhou nesse ramo, é iluminador. Tem o técnico de som e o técnico de luz e ele é o cara da luz. Quando eu era menor já o acompanhei em alguns shows. Me lembro de uma vez que fui no ensaio do show da Cassia Eller aqui em Piracicaba. Eu sempre levava o skate, e quando

ela me viu, pediu para andar, deu umas batidas com meu skate no ginásio e depois autografou o shape (risos)! Um ano depois, a cantora veio a falecer; pena que e o shape eu já tinha passado pra frente! Então, em sua trilha sonora cabe que tipo de som? Gosto de ouvir de tudo um pouco, mas pra andar de skate tem que ser um som mais pesado, com a batida mais forte; tem que ser hip hop! Como foi aquele evento que você correu na Holanda, depois de trocar a passagem dos EUA para a Europa? Damn Am em Amsterdam! Foi muito style ter participado. Os organizadores são os mesmos do Skatepark of Tampa (Florida, USA). Os caras me convidaram para ir pro Tampa depois; pena não ter conseguido ir ainda. Na Holanda foi uma experiência legal; andei mais depois que acabou o evento do que na hora (risos), mas é isso: campeonato é um dia só, ganhando ou perdendo o que vale é a experiência, e pra mim valeu bastante!

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entrevista am // jhony melhado

Você me falou que está numa fase de busca de novos interesses pessoais, porque até agora sua vida é muito intensa no skate. Tem alguma ideia o que está procurando? É verdade: talvez algo pra equilibrar. Quero estudar, fazer algo novo dentro ou fora do skate; começar a editar que seja. Não só apenas andar; acho que vai me ajudar bastante a me manter mais ocupado quando o ano estiver andando! Quando entrou na Qix, a marca deu um tremendo de um empurrão na sua imagem. A parceria parece ser tão forte que o Eduardo Bocão, que era do marketing, lhe convidou a fazer parte da Skatismo, sua nova frente de ação. Quais são seus planos com a Qix e a Skatismo para 2013? Será que rola um acordo para o seu profissionalismo? A Qix é uma marca bastante conhecida no Brasil todo, que já fez muito pelo skate e ainda faz até hoje. Fico feliz dessa parceria ter dado certo e agora estar abrindo outras portas como essa pro Skatismo. O Bocão é um cara maneiro de trabalhar, me chamou pra fazer parte da loja online; espero que em 2013 tenha um bom retorno pra gente estar podendo concretizar os planos da melhor maneira possível! Você agora também tem o apoio de uma marca francesa de boards. Que marca é essa? Como rolou o convite? Blaze Supply. É uma marca nova no mercado, mas que já veio com tudo! O legal é que a marca é de skatista. Fazia um ano que estava andando só com maple; pegava aqui na Ambient, fazia rolo, comprava; aí então surgiu esse convite quando eu estava na Europa, agora em 2012. Fui pra França fazer meu “introducing” da marca, e estou muito contente com os shapes. A ideia é poder fazer um trampo bom aqui no Brasil e lá na Europa, já que a marca é francesa. 2013 tem muita coisa boa por vir! Aguardem… Como foi sua participação no Converse My Square de 2011 filmada na Praça das Águas, em Campinas? Foi muito skate! Eu já andava direto na Praça das Águas, então convidei meu amigo skatista e videomaker Henrique Alves pra gente filmar o My Square e as sessões foram muito style, muita vibe mesmo! Você se considera um cara abençoado por Deus? Sim, tenho essa frase tatuada no braço; me considero abençoado por Deus, por estar podendo andar de skate cada vez mais, por ter saúde e uma família, por acreditar que estou no caminho certo e, o mais simples, por estar vivo e vivendo. Todos somos abençoados; talvez não reconheçamos, mas nós, principalmente skatistas, somos afortunados!

Backside nollie flip.

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entrevista am // jhony melhado

Acho legal quando o fotógrafo te apresenta um pico, porque na visão fotográfica qualquer manobra ficaria boa. Aí vai do skatista fazer sua melhor parte, marretar ou não!

// Jonathan Melhado 23 anos,12 de skate Piracicaba, sP Patrocínios: Qix, blaze suPPly, skatismo

Switchstance five-O grind.

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skate trip // sam

Sem perdão

em Barça Colar na área dos piCos mais desejados pelos skatistas do mundo todo sem se preoCupar Com roteiro. o Compromisso úniCo: andar de skate naqueles que forem apareCendo pelo Caminho, sem perdão! foi Com essa disposição que Bruno araujo, Gustavo dias “GuGuinha”, luCas Xaparral e luiz apelão levaram seu skate até morrer pra BarCelona, trip que voCês Conferem a partir das histórias Contadas por eles mesmos. Por junior lemos // Fotos leandro moska

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Lucas Xaparral, fs smith. Foi no último dia da viagem; fomos lá e estava o maior caos pra andar. Tava encanado porque o central enroscava no corrimão; já tinha tomado uns rolas, estava cansado e quase desistindo. Do nada vi a polícia vindo, tinha uma galera na escada daí eu gritei: “tira a galera”. Então eu fui lá e acertei a manobra. Na pressão, mas foi da hora! (Xaparral) Foi num momento tão inesperado que a gente quase não conseguiu filmar. Estava a maior barulheira; tinha gente na frente; o Xapa foi na febre de voltar, acertou a manobra e quase que a gente não registra essa. (Gustavo Dias)

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Bruno Araujo, fs fifty fs grab. Tinha visto essa borda em fotos e imagens; é um pico que achei combinar comigo. É um pouco alto, no começo fiquei com um pouco de medo, mas estava no pé e fui pra cima! Tinha um poste na frente, tive que sair de lado e arrancando de indy. Me lembro que na hora que acertei começou a rolar uma música na rua, um ritmo meio latino, bem style a parada! (Bruno Araujo) Todo mundo que vai pra Barcelona conhece esse pico e todos têm vontade de andar nessa borda. Além dela ser arredondada, é um ferro que não escorrega muito bem e o despenco é alto. Bem sinistro pra andar! (Xaparral)

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sam // skate trip

Luiz Apelão, bs ollie.

Tinha encanado de acertar uma na borda. O ollie foi só pra aquecer e o blunt veio depois. (Apelão) Ele deu vários ollies e, tipo, foi meio na brincadeira, mas no limite. Bem no naipe Apelão! (Xapa) Foi quando a gente estava indo pra Santa Coloma. O Apelão foi e mandou esse ollie, tipo só pra aquecer. Lembro que foi só de passagem! (Bruno Araujo)

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sam // skate trip

Guguinha Dias, bs smith.

Esse pico é perto da praia de Barceloneta e é perfeito: chão tudo certinho e o blocão lá! Só que passava muita gente, perto da praia é foda. Na primeira vez a polícia tesourou. A gente voltou no último dia que estavamos lá, mas demorou um tempão pra fazer a foto. Passava muita gente e não podíamos fazer muito barulho, para não chamar a atenção da polícia. (Gustavo Dias) A gente tinha visto o pico no primeiro dia, mas fomos nele no último dia. É um pico que todo mundo conhece, porque passa por ele pra ir pra praia. Fica do lado daquelas transições perfeitas e o mais legal é que muita gente nem olha pra ele. Brincamos com o Guguinha pra ele acertar um flip fifty, daí ele levou a sério e quase voltou de prima. Foi aí que pegou o pique do bs smith! (Bruno Araujo)

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sam // skate trip

Luiz Apelão, double flip to bank. Aquele é um pico clássico, já apareceu em vários vídeos e fotos! A gente tinha ido lá pra ver se achava alguma coisa diferente pra fazer porque é em uma praça gigante com vários picos. Sempre que via nos vídeos, pensava em voltar uma ali. Como já saíram tantas, não conseguia imaginar outra pra mandar. Daí eu tentei uns double flip, acertei logo dois. (Apelão) Nesse dia estava muito calor, o Apelão nem queria andar! Disse pra ele que o double flip ficaria da hora e ele foi lá e acertou logo dois. Foi bem da hora. (Xaparral)

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sam // skate trip

Lucas Xaparral, fs lipslide. Fiz esse board no domingo e na segunda foi a vez do smith. Foi no penúltimo dia e foi bem igual à história do smith. Estava bem cansado e não queria ir, tava meio que fugindo! Aí o Apelão deu a pilha, porque estava com medo de ir até lá, ter movido todo mundo pra chegar lá e eu pipocar. O corrimão é meio largo e fica em cima da borda. Você tem meio que forçar o ollie mais alto que o corrimão, pra poder acertar. Mas acabou rolando e eu acertei! (Xaparral) Tem uns predinhos lá; rolava meio que uma vizinhança mais velha e a gente estava fazendo barulho. Aí começou a sair um pessoal nas janelas e a gente pensando que já iam tesourar. Aí apareceram velhinhos incentivando; até aplaudiram quando rolou o acerto. Bem style! (Apelão)

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entrevista pro // pablo groll

Um ano depois de explodir o tornozelo no primeiro dia de viagem, pablo groll retorna a israel e destr贸i tUdo de norte a sUl do pa铆s nesta entrevista matadora. dez dias intensos de mUito skateboard, Uma semana antes dos atentados literalmente atingirem os picos visitados por pablo.

Groll 3.4 em Israel // TexTo e FoTos Marcelo Mug //

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entrevista pro // pablo groll

Dias antes da cidade de Ashdod sofrer atentados terroristas, Pablo abriu fogo contra a borda mais lisa de todo o territ贸rio Israelense. Frontside fifty em paz.

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Groll ou Grull? Frontside rockslide ou frontside boardslide? Escolha a sua legenda para este ataque ao corrim達o cromado de Ashdod.

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pablo groll // entrevista pro

s

eu sobrenome na verdade é Grull, mas no skate a galera usa Groll, com “o”. Por que rolou essa mudança? Na real meu nome é Grull mesmo, com “u”. O Groll surgiu na época que eu comecei a correr campeonatos na Prestige, os narradores sempre falavam Pablo Groll. O Mad me chamava de Groll, os caras da rua me chamavam de Groll, aí, quando saiu minha primeira foto na revista saiu com “o” também. Acabei deixando Groll mesmo, desencanei! Conta como era essa época, quando você conheceu o skate? Eu comecei a andar de skate bem novinho! Meu primeiro rolê foi com um Bandeirantes; devia ter uns seis, sete anos e andava no meu prédio. Depois eu e meu irmão ganhamos um Hang Ten de um primo que tinha ido pros EUA. Era tipo um Bandeirantes evoluído, eu usei direto esse skate. Já existia os skatões nessa época, H-Prol, Lifestyle, mas a gente andava muito com esse Hang Ten. Quem foram os caras dessa época que te influenciaram? Depois de um tempo eu comecei a andar com esses skatões, e a minha rua era pico de skate, da galera montar rampa pra varar. Todos os caras da minha área, ali do Paraíso, Bela Vista, colavam na minha rua pra varar rampa; e foi nessa que eu tive a chance de andar com alguns profissionais daquela época: o Piva, o Pen - que é meu amigo até hoje e ando com ele desde sempre; Bizo, Igor, Ricardo. E meu pai começou a construir as rampas pra galera, aí minha rua virou um pico mesmo. A gente construía fun box com corrimão, tudo; quase montamos uma pista inteira na rua! Peguei a época do Jânio também, de fugir da polícia, dos caras quebrarem as rampas, botarem fogo. Seu pai sempre te incentivou a andar de skate? Sempre. Meu pai sempre me incentivou. Ele comprava saco de parafuso e porca, descia na rua e arrumava o skate de todos os moleques, fazia fila. Dava silver tape pra todo mundo colocar no tênis, calculava o ângulo da rampa. Meu pai sempre me incentivou, ele é o meu maior incentivador até hoje! E hoje em dia você é pai de dois garotos. O que mudou na sua vida depois que você virou pai? Eu sou pai do Juan, de 9 anos, e do Ryan, de 7 anos, e faz três anos e meio que eu cuido deles sozinho. Eles são tudo pra mim. Essa é a melhor fase da minha vida; ao lado deles. Os dois fazem parte de tudo na minha vida, seja na minha evolução no skate ou nas dificuldades que eu tenho para criar eles. Porque ser profissional do skate no Brasil e criar uma família é difícil. Criar os dois da melhor maneira possível é uma missão que Deus me deu, eu encarei assim; eu tenho muito orgulho dos dois e de conseguir os criar corretamente. Eles gostam de skate? Eles gostam! O Ryan é mais encanado, mas eles encaram tudo ainda como brincadeira. É mais um brinquedo pra eles. Eu percebo que o Juan gosta de remar, passear; depois ele joga bola, mais tarde volta pro skate. O Ryan já é encanado; já dropa quarter grande, é mais pilhado; mas eu deixo a coisa acontecer naturalmente, sem forçar. Você já estampou muitas páginas da história da Tribo Skate, mas por incrível que pareça só agora, aos 34 anos, você está tendo a sua primeira entrevista na revista. Por que você escolheu Israel como locação das fotos? Tudo começou nessa época de varar as rampas na frente da minha casa, quando eu andava bastante de skate com o Alberto Xuxinha, que é profissional de skate também; o Aloísio e o Homero. Quando a gente ainda era pequeno, o Homero mudou para Israel, e só depois de 15 anos, um dia do nada, eu estava andando de skate no Ibirapuera, e um cara me chamou atenção pelo rolê. Fui ver quem era e... não é que era o Homero?! Fui conversar com ele e descobri que ele também havia se tornado skatista profissional, só que lá em Israel. Andamos de skate juntos, fizemos umas fotos, e ele voltou pra lá, mas nessa surgiu a ideia de eu ir visitá-lo. Além do Homero, tem

a ligação da minha família; afinal meu pai nasceu e morou a infância inteira em Tel Aviv. Conseguimos concretizar a viagem em 2011; fui com o Ricardo Pires e você (Marcelo Mug). Só que no primeiro dia eu machuquei feio o meu pé, rompi vários ligamentos e não consegui andar de skate a viagem inteira. E desde o momento que eu vi que meu pé tava zuado, eu e todos que estavam comigo naquela viagem prometemos que voltaríamos no outro ano para andar muito de skate. E eu mentalizei isso: “vou voltar, isso faz parte, lesão faz parte do skate”. Me recuperei bem durante o começo de 2012, andei muito de skate e voltei para Israel no final do ano, pra andar tudo o que eu não tinha andado em 2011. E já encanei de fazer uma entrevista inteira em dez dias, para esmerilhar mesmo. O que eu não fiz no ano passado fiz três vezes mais esse ano, foquei toda a minha energia nessa entrevista. E dessa vez não pegou nada, deu tudo certo, graças a Deus!

“Tenho 34 anos e me sinto muito bem ainda, consigo pular os lugares grandes e tudo, mas a recuperação é que demora mais. se você pula uma escada 30 vezes em um dia, vai doer muito mais do que doía dez anos atrás; essa é a diferença.” Como é fazer uma entrevista em tão pouco tempo com mais de 30 anos nas costas? Eu já não sou moleque; quem tem mais de 30 sabe que a parada muda, então eu me preparei bastante. Eu fui mais confiante ainda porque um pouco antes da viagem eu fiz uma manobra foda aqui no Brasil, e isso me deu confiança. Eu me foquei, me preparei, porque eu sabia que ia ser intenso, e foi. Tenho 34 anos e me sinto muito bem ainda, consigo pular os lugares grandes e tudo, mas a recuperação é que demora mais. Se você pula uma escada 30 vezes em um dia, vai doer muito mais do que doía dez anos atrás; essa é a diferença. Foi um puta esforço, foi missão mesmo. Nos dias finais da viagem meus dois calcanhares estavam roxos, pernas com câimbra, mão fodida, fora a pressão de terminar a entrevista. Foi um teste; precisei me focar muito e fiquei felizão de conseguir realizar a missão. Que lugar mais te chamou a atenção em Israel? Acho que como cidade mesmo, pra visitar, Jerusalém. Como pico de skate também, mas vale só pela cidade mesmo; é uma energia muita louca, a cidade é animal, muito bonita. Se você algum dia pisar em Israel, você tem que ir pra Jerusalém. Como pico de skate, Tel Aviv tem muitos lugares; é só andar pela cidade que você encontra muitos picos. Ashdod pra andar também é ridículo; tem um centro comercial e cultural onde fica a prefeitura, um teatro, que é um lugar gigante, perfeito pra andar. Uma semana depois que você deixou Israel a guerra estourou e muitas cidades foram bombardeadas, como Ashdod que você citou... Porra, isso pegou a gente de surpresa, e me deixou muito preocupado. Essa foi a nossa segunda viagem para Israel, e nós temos amigos, verdadeiros irmãos que moram lá. O Homero, o Gadi, o Pako, são pessoas que a gente considera como família, e ver as notícias de que as bombas estavam explodindo nos picos que a gente estava foi foda. Ashdod foi bombardeada, Tel Aviv foi alvo, um ônibus explodiu 15 metros da escada que eu dei o ollie sobre a mureta. É chocante, a gente fica em choque, principalmente por causa dos nossos amigos que estão lá. 2013/janeiro TRIBO SKATE | 65


entrevista pro // pablo groll

Jerusalém é considerada cidade santa pelos muçulmanos, judeus e cristãos. E skatistas também. Frontside noseslide no banco sagrado.

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entrevista pro // pablo groll

Tel Aviv tem picos de sobra, qualquer dia da semana, a qualquer hora do dia: switch frontside ollie noturno em um famoso spot do centro.

Você imagina como seria sua reação se você estivesse lá na época dos atentados? Ia ser foda, porque ia mudar tudo. Não ia ter skate, a gente ia pensar na segurança, com certeza. Eu nem imagino, porque as duas vezes que eu estive lá foi muita paz, foi tudo tranquilo. Ver que os atentados podem acontecer a qualquer momento é foda. O que você espera para os próximos anos na sua vida? Eu já dei minha vida para o skate. Assim como todo mundo, na vida você tem vários caminhos, e eu sempre optei pelo skate. Eu me vejo um bom tempo andando de skate, mas mesmo assim eu já trabalho paralelamente com ele faz um bom tempo, com clínicas, como juiz e como professor de skate. Ultimamen-

“Como pico de skate, Tel aviv tem muitos lugares; é só andar pela cidade que você encontra muitos picos. ashdod pra andar também é ridículo; tem um centro comercial e cultural onde fica a prefeitura, um teatro, que é um lugar gigante, perfeito pra andar.” 68 | TRIBO SKATE janeiro/2013

te eu voltei a dar bastante aulas de skate; também estou envolvido em um projeto de uma pista indoor que vai rolar em São Paulo, eu tô ajudando o Fernando no projeto, com várias coisas. Eu sempre trabalhei também com publicidade, atuando em propagandas, muitas vezes com o skate. Esse é o meu plano, trabalhar com o skate até o fim! Andar muito como profissional, tomar conta de uma equipe e montar uma escola de skate. O que mudou e o que não mudou no skate nestes 26 anos que você está andando? Quando eu comecei a andar, um certo dia eu tava na janela da minha casa olhando os caras vararem a rampa, e eu lembro de olhar e pensar: “eu vou andar de skate pro resto da minha vida”. Eu lembro desse dia, eu decidi. A cultura do skate na época era Dead Kennedys, Suicidal Tendencies, Red Hot, era uma coisa meio de gangue e eu me sentia parte de uma gangue; tenho esse feeling até hoje no skate. Esse feeling não mudou, continua o mesmo! Na verdade esse amor pelo skate só aumentou. Agora o que mudou no skate foi muita coisa, demais. Uma puta evolução de mercado, de tudo. Na minha época quando eu ganhava os campeonatos eu ganhava chinelo, camiseta reject. Premiação boa era walkman, coisa de circuito grande. Hoje em dia a molecada tem que aproveitar a fase de campeonatos bons, das premiações gordas, da facilidade em filmar e fotografar, e fazer uma carreira legal no skate.


Ambulante no caminho, crianças na frente da câmera, flanelinha estacionando carros na volta do gap, maluco zicando pra cair. Pablo encontrou o cenário perfeito para um shovit neste pico virgem de Jerusalém.

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entrevista pro // pablo groll

Falando em molecada, que conselho você gostaria de dar para os skatistas da nova geração? Ande por amor. Procure saber a história do skate no Brasil também, não só da gringa, e passe a respeitar os skatistas mais velhos. Eu respeito muito os caras que são meus ídolos, e a molecada tem que se informar do que rolou antes deles. Ande de skate como louco, represente o Brasil ao máximo, ande no gás e se jogue nos picos! (risos) Dos skatistas mais novos, quem você curte ver andando? Eu curto ver o Jr. Pig, o Ricardo Dexter, o Samuel Jimmy... O que te chama atenção em um skatista? O que me chama a atenção tem mais a ver com o estilo: gosto de ver o cara feliz andando; não aquele feliz bobão, mas verdadeiro; aquele que você vê que o cara tá curtindo andar. Eu sempre gostei de assistir e andar em coisas grandes, gaps, corrimãos; desde moleque eu sempre pulei umas paradas grandes e esse é o estilo que eu admiro, que eu considero no skate. Eu considero todos os estilos de skate, desde o downhill, freestyle, mas o meu estilo que eu curto assistir é um estilo mais agressivo, de pular, dar uns drops gigantes. Quer mandar alguém se foder? Vários! (risos) O que te incomoda nessa vida? O que me incomoda? Nada, eu tô muito de boa. Já fui mais nervoso, hoje em dia tô tranquilinho. (risos)

“a Zion é uma marca de skateboard, com a pegada certa. eu sempre considerei marca de skate feita por skatistas, que seja voltada para o skate. eu sou skatista, e gosto das paradas feitas para o skate.” E o que te deixa feliz? Um dia bom, que tudo dá certo. Um dia que eu ande de skate e não me machuque. Um dia que eu passe bem ao lado dos meus filhos, da minha namorada, que eu ganhe um dinheiro, isso é um dia feliz! Hahaha! O projeto dos 50 drops que você realizou em 2010 marcou muito. Até hoje a galera vem apresentar uns picos pra você dropar? Acabei pegando essa identidade com os drops depois do projeto dos 50 Drops. Eu ainda continuo dropando tudo o que aparece na minha frente. Esse ano eu fiz um drop cabuloso no Viaduto Maria Maluf; um drop bem difícil, que repercurtiu muito, saiu na Thrasher; todo mundo em Israel veio falar desse drop; a foto deu não sei quantos mil likes no Facebook. E agora, antes de ir pra Israel, eu voltei lá no viaduto e mandei uma nova, que vocês vão ver! (risos). Esse lance da galera me apresentar drops é verdade, em Israel os caras queriam me levar em um monte. Eu falava que queria ir nos picos de rua pra andar e os caras “drop aqui, drop ali, drop pra lá...” (risos) Eu curto muito drop; todo lugar que eu vou vejo um. Skate é isso; o legal é essa liberdade de fazer o que quiser; eu sempre tive essa brisa com números. Pensava em quantos ollies eu já tinha dado na minha vida; somava os dias, anos e tentava calcular, e esse lance dos drops foi assim! (risos) Você sempre teve esse estilo agressivo, de gostar de pular coisas grandes e tal. E as contusões? Eu sempre convivi muito com as contusões! Em 2003 me machuquei feio, torci o joelho e tive que operar, bem na época do nascimento do meu primeiro filho. Foi uma época difícil,

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tive que superar várias paradas, fiquei um ano recuperando o joelho, fui trabalhar em loja de shopping toda fashion. Mas por incrível que pareça foi essa loja que me rendeu a primeira capa na Tribo Skate porque todo dia passava no pico que eu dei o wallride e ficava olhando, daí foi só meu joelho ficar bom que fui lá e fiz a foto com o Shin. Assim que meu joelho melhorou, saí da loja e me foquei no skate de novo, entrei nas marcas e voltei com tudo. Eu nunca saí do game; desde 1993 sempre estive nas revistas, todo ano tinha pelo menos uma foto minha nelas, mesmo machucado. A vida é assim, altos e baixos, e eu tô na luta faz tempo! E como rolou a história de entrar para uma marca de Israel? Foi uma parada muito boa, os caras viraram tipo família. A Zion é uma marca de skateboard, com a pegada certa. Eu sempre considerei marca de skate feita por skatistas, que é voltada para o skate. Eu sou skatista, e gosto das paradas feitas para o skate. E a Zion é assim, a Gardhenal também: de skatista para skatista. O Homero me apresentou pro Gadi, que é o dono da marca; ele gostou do meu rolê e me fez o convite pra entrar pro time. Agora a marca tá chegando no Brasil e essa é uma nova fase, que com certeza vai dar certo. Fazer a Zion acontecer no Brasil é uma das metas na minha vida agora; o convite veio na hora certa. A sua relação com a Gardhenal também tem muito desse lance de família. Você acha importante esse tipo de afinidade entre o skatista e a marca? Quando o Ragueb me convidou pra entrar na Gardhenal foi uma parada muito foda também, veio na hora certa. Um dia a gente fez uma demo junto, meu skate tava todo velho. No dia seguinte, às seis da manhã, o Ragueb me ligou pra colar na casa dele porque ele queria conversar comigo. Ele me fez a proposta de lançar meu model pela marca, acabou que foi um dos models mais bem aceitos e vendidos, foi um dos melhores models que eu tive como arte e como shape. E foi numa hora muito importante, numa época em que eu estava com problemas, e o lançamento do model de shape me ajudou pra caramba. Foi um incentivo pra andar de skate mais e fazer as coisas acontecerem! A Gardhenal é minha família; só tenho a agradecer ao Ragueb por tudo; ele é um monstro no skate. Um último recado? Um recado para a molecada mais nova, que flagra só meia dúzia de coisas. A maioria dos streeteiros do Brasil conhece o meu rolê, o rolê do Fabio Pen, do Alberto Xuxinha, que são os caras da minha área; e ela sabe que nós sempre representamos a nossa área, sempre fizemos um trabalho digno dentro do skate, sempre nos atiramos nos picos, tudo. Então o recado é esse: respeite - aqui é skatista de milianos! Quando você tava na sua casa tomando leitinho quente, nós já estávamos pulando escada, nos quebrando. Então respeite; são mais de 20 anos dedicados ao skate, e vocês vão passar por isso também. Conheça e respeite a história! Agradecimentos: Gostaria de agradecer a Deus, minha família, meus pais Doron e Marilena, meu irmão Demian, meus filhos Juan e Ryan, minha mulher Viviane Costa, meus amigos (que sempre me ajudaram), Fabio Pen (skate man), todos os patrocinadores e parceiros que tive nessa caminhada, Surf Trip (Fernando, Mauricio e Chris), Zion Skateboards (Homero, Gadi, Ricardo e toda a família), Gardhenal (Ragueb e Crazy Gardhenal Family) e Alva e Thrasher (Bruno Brown skate all life!). // Pablo groll 34 anos, 26 de skaTe PaTroCínIos: surF TrIP, ZIon e Gardhenal aPoIo: Thrasher/alva BrasIl


Vinte metros e dez dias separam esse ollie monstruoso de Pablo da explos茫o de um 么nibus que foi alvo dos terroristas em Tel Aviv.

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luz Klaus Bohms, half caB, Rio de JaneiRo. foto RenĂŠ JunioR

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alexandRe Vaz, Bs heelflip, poRto alegRe. foto alex BRand達o

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luz

faBio cRistiano, caBalleRial flip, s達o paulo. foto Raphael KumBReVicius

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pedRo BaRRos, Bs Bluntslide to faKie, s達o paulo. foto flaVio gomes

Jo達o VitoR, shiffty ollie, Rio de JaneiRo. foto pedRo macedo 2013/janeiro TRIBO SKATE | 77


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alexsandRo coRRea, cRooKed. BRooKlyn, noVa yoRK foto Jo達o BRinhosa

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RicaRdo piRes, ollie one foot, isRael. foto maRcelo mug

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Fabio Sleiman, FiFty, loS angeleS, eUa. Foto ana PaUla negr達o

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felipe felix, nollie flip, s達o caetano. foto Raphael KumBReVicius

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casa nova //

Pablo lemos // Fotos Fernando Gomes Ser skatista é: Ser guerreiro. Quando não está com o skate: Estou trampando ou em casa com a família. Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Não ter um projeto de vídeo de skate local para fazer partes dos skatistas daqui e de não ter nenhum marca para patrocinar a galera local, porque o resto a gente faz no rolê diário. Skatista profissional que se espelha: Fábio Cristiano. Skate atual: Trucks Thunder, rodas Spitfire, shape Diet e rolamentos China Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Timberland. Som pra ouvir na sessão: Kamau. Parceiros de rolê de skate: Alex Cardoso, Alex Boy, Júlio Oliveira, Ícaro Neves, Diego Fiaes, Joseval de Lisboa e Leonardo Augusto. Melhor viagem: Porto Seguro/BA, com os parceiros Alex Cardoso, Alex Boy e Joseval. Foi muito style! Melhor pico de rua: Praça do Campo Grande, aqui em Salvador. Melhor pista: Pista de Lauro de Freitas. Sonha alcançar com o skate: Ter uma video part, porque sair em uma revista estou realizando agora, graças a Deus! Esse era um sonho que sempre tive. Aquele salve: Deivison Dantas, Robson Cardoso, Joci Maik, Marcos Malhado, Mano Jack, Jeferson Cardoso, Fred Muriçoca, Ianeque Rogerio, Marcio Pantera, Bolinho, Fernando Gomese, Washington Reis e especialmente para minha mãe Dona Graça, minha esposa Magna dos Santos e meu filho Pablo Mateus. // Pablo leandro lemos dos santos salvador, ba 30 anos, 14 de skate 50-50.

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tudo posso naquele que me fortalece.

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casa nova //

PiPa souza // Fotos suellen amaral Ser skatista é: Andar de skate com muita alegria, sempre! Quando não está com o skate: Trabalhando pra sempre. Por quê do apelido: Não faço ideia! Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de visibilidade. Skatista profissional que se espelha: Marisa Dal Santo e David Gonzales. Skate atual: Shape Amee, trucks Crail, rodas Type-S e rolamentos Red Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Nenhuma. Som pra ouvir na sessão: Algo do tipo Arcade Fire e Metronomy. Parceiros de rolê de skate: Eduardo Bairrinhos, Igor Azeredo e Matheus Del Canale. Melhor viagem: Argentina. Melhor pico de rua: O monumento da cidade de Macaé. Melhor pista: As avenidas! Sonha alcançar com o skate: Uma video part inesquecível. Aquele salve: Tat Marques, Suellen Suka, Ana Paula Negrão, Estefânia Lima, Deeny Suarez, Euli Vieira, Jéssica Florêncio, Ligiane Xuxa, Jr Pig, Karina Muñoz, para a família Cianciarulo e todos os meus amigos aqui da região! // emilie Priscila souza santos natural de salvador/ba e atualmente em macaé/rJ 20 anos, 6 de skate aPoio: amee Bs wallride em Buenos Aires.

‘‘las calles son nuestras!’’ 86 | TRIBO SKATE janeiro/2013



casa nova //

rodrigo gordin // Fotos dioGo Groselha Ser skatista é: Ser ganguerão. Quando não está andando de skate: Trabalhando. Por quê do apelido: Com infância sedentária e farta de comida, nada mais consequente do que chegar à adolescência com um físico bem gordinho. Maior dificuldade em ser skatista na sua cidade: Incentivo do comércio de skate da cidade. Skatista profissional que se espelha: Alex Carolino. Skate atual: Shape Capital, trucks Venture, rodas Bones, rolamentos Spitfire. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Sonorização Massa Real. Som pra ouvir na sessão: O de palmas e gritos de comemoração pela manobra concluída. Parceiros de rolê de skate: Família Vitu; só os gangstas. Melhor viagem: Para BH, quando tirei minha primeira férias do trampo e andei na pista do parque das Mangabeiras logo quando inaugurou. Melhor pico de rua: Praça XV, Rio de Janeiro. Melhor pista: A da praça Teotônio Vilela “Vitu”. Sonha alcançar com o skate: Mais amigos, cultura, conhecimento e experiência de vida. Aquele salve: Praqueles que compartilham o mesmo sentimento e são convictos do mesmo. Família Vitu, Azimagi e Diogo Groselha. // rodrigo do nascimento silva 24 anos, 7 de skate Juiz de Fora, mg Switch crooked.

‘‘cultive bem a árvore, para poder colher bons frutos.’’ 88 | TRIBO SKATE janeiro/2013



hot stuff // janeiro

// AdidAs O modelo Jonbee Gonz foi pensado especialmente para atender às necessidades dos skatistas. Seu recorte é mais sofisticado e cheio de estilo, mantendo a mesma resistência dos produtos Adidas. E para acompanhar os tênis com estilo, a marca oferece também uma completa e exclusiva linha de camisetas com estampas criadas pelo mestre Mark Gonzales. Adidas - adidas.com.br

// BlAck sheep Nada como uma boa proteção de um boné para se manter ileso do solzão que ilumina o verão brasileiro. Por isso a Black Sheep lança uma leva de bonés bem estilosos para a estação mais badalada do ano. Os caps são tão nervosos que servem tanto pra curtir a balada como pro rolê diário de skate! Black Sheep - (11) 5071-8850 / blacksheep.com.br

// Niggli pAds Com apenas dois anos de mercado e criada pelo skatista Carlos Niggli, a marca desenvolve produtos preocupada com a funcionalidade e a qualidade. Por isso as joelheiras profissionais são adequadas para os skatistas de vertical que se arriscam um pouco mais, oferecendo uma melhor ergonomia e vestimenta confortável. Niggli Pads - (11) 99203-5313 / nigglipads.com.br

// ThuNder Trucks A linha Pro Light da Thunder é ideal para o skatista que preza a leveza das manobras e a resistência ao deslizar em bordas e canos. Já o jogo de velas da Thunder adere bem na superfície e escorrega o skate na medida certa! Thunder Trucks – (11) 3251-0633 / edgar@plimax.com

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// MeTAlluM A marca nacional dos eixos mais desejados pelos skatistas brasileiros lança série completa de camisetas que trazem a sua logotipia. As peitas são de tecido feito totalmente em algodão, com preço bastante acessível e todo mundo vai poder usar porque está disponível nos tamanhos P, M, G e GG. MetalluM - (11)99182-3189 / andrehiena@hotmail.com

// ArNeTTe Inspirado na era dos carros tunados e nas pinups, o modelo Dibs da coleção A.C.E.S. traz um design old-school com uma armação grande e agressiva. A irreverência do modelo está nas seis opções de cores e no sistema de troca de hastes, que permite várias combinações. Arnette - (11) 4003-7822 / oakley.com.br

// roll skATeBoArds Desenvolvendo produtos para skate com enfoque no estilo punk rock, a Roll lança nova série de shapes que trazem estampas muito bem trabalhadas, o que confere às madeiras uma estética que as destaca das demais, seja no expositor da loja, seja no rolê diário pelos picos da cidade! Roll – (11) 3227-3375 / contato@liveskateboards.com.br

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áudio //

Com a popularização da músiCa punk nos grandes meios de ComuniCação e ComerCiais de marCas sustentadas por grandes Corporações, o estilo aCabou se tornando desinteressante e vazio por muitos anos, Com raras exCeções. mas de vez em quando surge uma luz e algum grupo aCaba se destaCando e mostrando que ainda existem esperanças. esse é o Caso do quarteto ameriCano teenage bottleroCket que em 2012 lançou seu quinto e aClamado álbum “Freak out”, suCessor do elogiadíssimo “they Came From the shadows” de 2009, ambos lançados pelo renomado selo independente Fat wreCk Chords de propriedade de Fat mike do noFx. Formado pelos irmãos gêmeos ray e brandon Carlisle [respeCtivamente voCalista/ guitarrista e baterista], miguel Chen [baixo] e kody templeman [guitarra e voz], o teenage bottleroCket não se envergonha e abraça Corajosamente as inFluênCias ClássiCas de grupos de pop punk Como green day, sCreeChing weasel e ramones, adiCionando ainda um tempero espeCial Com reFerênCias de elementos de heavy e hard roCk à essa mistura. apesar de viver na pequena Cidade de laramie, o quarteto alCançou status de banda Consolidada e em pouCo tempo Fez seu nome nos CirCuitos ameriCano, europeu e australiano após turnês realizadas Com grupos do Calibre de noFx, dropkiCk murphys, desCendents, all, the ataris, mighty mighty bosstones e me First and the gimme gimmes. o quarteto enControu abrigo no estúdio blasting room de propriedade de bill stevenson do desCendents, all, blaCk Flag e Com isso, a qualidade de seus trabalhos tem aumentado Cada vez mais. Conversamos rapidamente Com o voCalista e guitarrista ray Carlisle e o resultado voCê ConFere abaixo.

Fotos Divulgação

Teenage BoTTlerockeT

por helinho suzuki // Introdução César Carpanez Primeiro de tudo, introduza a banda para os brasileiros que ainda não conhecem o Teenage Bottlerocket? Eu sou o Ray e toco guitarra no Teenage Bottlerocket! Eu gosto de tacos, sério, eu realmente gosto de tacos. Quando e como você primeiro se envolveu com punk rock? Quando eu ouvi Green Day para a primeira vez, em 1994! Você vem de uma pequena cidade chamada Laramie, Wyoming. Como a banda começou e como era a cena local em comparação com agora? A cena local não mudou muito. Laramie é uma cidade universitária e sempre teve um público forte nos shows punk. Os estudantes querem algo para fazer. Então, eles vão a shows. Depois de lançar muitos eps, compilações e três álbuns, vocês assinaram um contrato com a Fat Wreck em 2009. Como você entrou em contato com o Fat Mike? O Bill Stevenson do Descendents teve algo a ver com isso? Fat Mike entrou em contato com a gente. Ele me ligou porque gostava de nossa banda. Bill não teve nada a ver com isso. A menos, claro, se contar que ele deixou gravar em seu estúdio, mas deixou também nossos amigos do Redbush gravar lá. Eu tenho certeza que se você tem dinheiro você pode gravar lá. O estúdio Blasting Room destrói! Embora a banda tenha crescido muito, você ainda vive em Wyoming. Você não acha que tornaria as coisas mais fáceis se vocês estivessem vivendo em uma grande cidade? Não, eu não acho. O meu filho está aqui, eu quero estar perto dele em casa. Este é o lugar onde ele vive, então eu estou aqui também. Isso torna mais fácil para mim. Bandas podem viver em qualquer lugar agora, por causa rede mundial. A banda tem grandes referências de skate como o vídeo e música “Skate or Die” e merchandise com referência a Powell Peralta e etc. Todo mundo anda de skate? Não, apenas Brandon e eu. O Kody anda um pouco. Miguel não anda. Na minha opinião, “Headbanger” é um das músicas mais engraçadas de 2012 e você cita bandas de hard rock como Kiss e outros em suas letras. O quanto essas bandas influenciaram uma banda punk como a sua? Eu não sei, é uma pergunta estranha.

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Todos vocês têm emprego normal ou todo mundo está focado exclusivamente na banda? Nós todos temos empregos regulares, exceto Miguel. Qual é o significado de Tennage Bottlerocket e como esse nome surgiu? É por causa de um carro; nosso guitarrista deu o nome para a banda. Há rumores sobre vocês virem para a América do Sul. O que vocês sabem sobre a nossa cena? Eu sei que eu gosto de beber Skol, e que os brasileiros são um povo acolhedor. Eu realmente gosto daí de baixo. Para terminar, qual é o seu plano para 2013, se o mundo não acabar? Estamos pensando em uma turnê pela Europa e Estados Unidos. Nós vamos continuar a escrever músicas. Vai ser um grande ano.



skateboarding militant // por guto jimenez*

Dalua, o melhor da terra

V

ocê que acompanha o skate aqui nas páginas da Tribo Skate sabe o quanto o skate de ladeira brasileiro é considerado pelos quatro cantos do mundo. Somos o país onde a modalidade do downhill slide se desenvolveu a tal ponto que, em todo o planeta, o “Brazilian crazy style” é reconhecido por onde quer que haja um brazuca descendo uma ladeira. Taí o Sérgio Yuppie, o “Rei do Downhill Slide”, e pentacampeão mundial da modalidade, que não nos deixa mentir. Mesmo assim, parece que faltava alguma coisa pra que aquele povo todo que se despenca ladeira abaixo tivesse o devido reconhecimento e respeito da comunidade internacional de skate. Os olhares para o Brasil ainda tinham um pouco daquele ranço que os estrangeiros nos olham: um povo curioso num país muito bonito por natureza. Como se o segundo maior cenário de skate da Terra ainda tivesse de provar alguma coisa a alguém... Agora não falta mais nada: Douglas “Dalua” é o campeão mundial de downhill speed. Sim, o “Gaúcho Supersônico” conquistou o seu tão sonhado objetivo de se sagrar o mais competente entre os mais de 1.400 competidores que fazem parte do circuito mundial de speed da IGSA (International Gravity Sports Association), a entidade que regulamenta as competições da modalidade em todo o mundo. Isso depois de um período especial em sua vida, no qual Dalua virou pai da linda Pietra e teve parte de sua saga em busca dessa glória retratada no filme “Dalua Downhill”. O filme em si é muito mais do que uma típica produção voltada aos amantes do skate, é um daqueles filmes que você pode tranquilamente ver com a pessoa amada, seus pais, filhos, amigos não-skatistas – uma obra de arte, enfim. O fato da obra ter ganho o prêmio máximo no FIPE (Festival Internacional de Filmes de Esporte) parecia ser um prenúncio de que algo muito melhor esperava o obstinado piloto do Sul, logo ali depois da próxima curva. O filme é a primeira produção mundial a falar sobre somente um skatista de speed, o que por si só já daria ao Dalua o destaque que ele merece após tantos anos de rodas, pranchas e alguma pele gastos nas ladeiras dos cinco continentes. E essa nem seria a maior façanha conquistada no ano por ele... A maior delas, sem dúvida nenhuma, foi o título mundial conquistado após a vitória na etapa da África do Sul. Depois daquele dia de dezembro de 2012, Dalua tornou-se não só o primeiro brasileiro a conquistar o título mundial de speed, como também o primeiro latinoamericano a realizar a façanha e o único skatista do Hemisfério Sul a ostentar esse título. Ou seja, independente da ótica que se enxergue, o fato é épico por si só. Já tem muito tempo que os brazucas são respeitados nas pistas e nos obstáculos de competições internacionais, já que desde que Digo Menezes foi campeão do Mundial de 1995, que o planeta skate passou a nos olhar com outros olhos. Também não é de hoje que as ladeiras mundo afora reconhecem nosso estilo único e inigualável de fazer as mais diversas manobras de slide, que nos coloca numa posição de elite em relação aos outros países. Da mesma forma, já tem um tempo que o pico de Teutônia (RS) é considerado como a ladeira mais perigosa e veloz do circuito mundial. A partir da conquista do Dalua, as coisas finalmente são colocadas nos seus devidos lugares. Ele tem uma frase que pode ser classificada como o lema de uma vida: “os sonhos existem para serem conquistados”. Ele sonhou, ele batalhou e ralou, ele jamais desistiu nem diante das piores adversidades – e ele triunfou. A conquista deixa uma lição pra todos nós: jamais devemos desistir de nossos sonhos, aconteça o que tiver de acontecer. Portanto, pegue o seu skate e sonhe com aquela manobra no seu pico favorito, ou aquele drope na sua ladeira de alma, e persiga-a até você conseguir dominá-la. Você verá que, melhor do que sonhar, transformar os sonhos em objetivos e enfim realizá-los é o que anima e dá graça à vida. Sonhe. Batalhe. Vença.

* Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975. APOIO CULTURAL

Douglas Rodrigues da Silva é o nome. Santana do Parnaíba, SP.

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Jhonny Brand達o

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evento //

Fernando Vieira dos Santos.

Mad rats Downhill Challenge Por Guto Jimenez // Fotos ArAkin monteiro A modalidade mais competitiva do skate teve o fechamento do ano de 2012 com chave de ouro, prata e cravejada de diamantes: o Mad Rats Downhill Challenge, realizado na legendária Estrada São João do Deserto, em Novo Hamburgo (RS) no último final de semana, encerrou os circuitos brasileiro e gaúcho de speed downhill do ano trazendo um muito de tudo o que se espera de um bom evento de ladeira. Com uma equipe enxuta, atenta e bem coordenada – comandada sem deixar faltar nada por Alexandre Maia, Douglas Dalua, Kaká Verardi e Mano -, o evento definitivamente foi do tipo “de speedeiro pra speedeiro”. Uma ladeira muito casca-grossa, a melhor premiação de eventos da modalidade no ano, organização feita por gente respeitada e competente, intervenções seguras quando necessário, muita carne / frango / linguiças / corações de galinha / cerva nem sempre gelada, mas com certeza bem divididas no meio do público nas áreas de maior emoção... Dali, fomos expectadores privilegiados de vitórias e momentos épicos, como as chegadas do pro, amador e máster, com vitórias emocionantes de Silon Garcia, João Ogava (que saiu com uma moto zero) e Juliano Lilica, a descida imponente do “Gralha” no luge, a técnica impecável de Georgia Bontorin, Fabio “Lampião” honrando o antigo estilo europeu “louva-a-deus”, Christie Aleixo mudando o tuck pra pegar ainda mais gás... Cenas inesquecíveis de pegas emocionantes, algumas quedas mais sérias que não deixaram consequências mais graves, muitas, muitas ultrapassagens por todos os lados e de todos os jeitos permitidos e possíveis, a conhecida hospitalidade e alegria gaúchas e, principalmente, sorrisos nos rostos de todos os participantes (218 inscritos!) e presentes (mais de 3000 pessoas). Como eu disse lá acima, tudo aquilo que um evento precisa ser pra ser considerado ótimo e o evento de speed mais bem organizado em que eu já estive presente, simples assim. (Parabéns à Duane Espíndola Corrêa, que ganhou uma moto zero no sorteio final entre os competidores!) * Guto Jimenez viajou a convite da Mad Rats. Mad Rats downhill Challenge 15 e 16/12/2012 Novo Hamburgo (RS) Patrocínio: Odor Free, Koston, Surf no Asfalto, SK8 1 Apoio: Rayne, Face, Landyachtz, Tacna, Duelo Oferecimento: North Sul, Sector 9, New Olders, Skate Até Morrer, 4:20, Be Safe, Invasor 13, Zumbi Longboards, A.L.C. (Associação Longboard de Canoas), Toldos

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Tecnologia, Yamavale Profissional 1º Silon Garcia (RS) 2º Douglas Silva “Dalua” (RS) 3º Alysson Garcia (PR) Feminino 1º Georgia Bontorin (PR) 2º Christie Aleixo (RJ/SP) 3º Bianca Fior (PR) amador 1º João Ogava (PR) 2º Thiago Gomes Costa (SP) 3º Vinicius Castagna (RS)

Leonardo Barros.

Christie Aleixo e Valéria Ribeiro. Master 1º Juliano Cassemiro “Lilica” (SP) 2º Fábio Lamb “Lampião” (RS) 3º Alexandre Maia (SC) Junior 1º Rodrigo Belli (RJ) 2º Lucas Grazziani Fernandes (RS) 3º Leonardo Vasconcelos Martinho De Barros (SP) luge 1º Jonathan Rodrigues (PR) 2º Cristian Daniel (Argentina) 3º Fernando Rocha (RS)

Final de consolação junior: Bruno Spengler seguido de Lucas Rocha.



manobra do bem // por sandro soares “testinha”*

Mais alegria, menos mediocridade

A

O caçadOr de migalhas “Uma das poucas coisas justas que se têm notícia neste país, é a mediocridade. Ela não distingue sexo, cor, raça, credo, classe social, se é analfabeto, acadêmico ou quem quer que seja. A pessoa é medíocre, e pronto. O medíocre é aquele que não faz nada para mudar a própria vida, mas se incomoda com a mudança que você faz na sua. Ele é capaz de passar décadas se perguntando por que as outras pessoas são felizes, já que este mundo não dá oportunidade pra ninguém. Ele é oco, insípido e inodoro. Porque na sua pequenez não conhece o sabor da derrota, nem da vitória. Os braços cruzados são a sua posição predileta. A mediocridade é amiga íntima da inveja, que é outro sentimento profundo. Tão profundo que é preciso estar no fundo do poço da incapacidade humana para senti-lo. Ambas corroem mais que a ferrugem e se espalham mais que a miséria. Mas não se enganem, ser medíocre não é nada fácil. Além de nascer para a coisa é preciso muita dedicação, já que os outros estão sempre em movimento. Se quiser ser um medíocre de primeira, saiba que é preciso cultuar a realidade perversa e punir os sonhos, para que eles não brotem a cada pôr-do-sol. Desprezar as noites com lua também ajuda muito. Evite ler um bom livro. Mário Quintana? Nem pensar! A Poesia vê a luz no fim do túnel. Não vá ao cinema, em hipótese alguma. Prefira novelas ou jornais sensacionalistas. Corte o futebol, sinuca, vôlei, truco e etc, estes esportes atraem muitos amigos e amigos dão azar. Outra coisa, um bom medíocre sabe tudo sobre nada; discorde sempre do óbvio. Culpe a tudo e a todos pela sua insignificância, banque ser sempre a vítima. Ser coitado é quase uma profissão, invista nela. Despreze o bom humor, sorrir atrai luminosidade e está intimamente ligado ao prazer, e onde já se viu um medíocre ter prazer por alguma coisa, não é verdade? E não tenha vergonha: passe mal quando alguém se sentir bem. Sentir-se bem... Sei. Cuidado, alegria é contagiante, tenha sempre uma crítica construtiva para destruir este estado de espírito. Dos outros, é claro! Viu? Ser medíocre não é fácil. Então coloca um sorriso neste rosto, e põe fogo no seu dia.”

* Sandro Soares “Testinha” é o cabeça da ONG Manobra do Bem, em Poá, SP.

98 | TRIBO SKATE janeiro/2013

RepRodução

no novo, novos planos! Desde que eu me entendo por gente sempre começamos uma nova era dessa forma, o que é muito bom. E nós, que vivemos o skate, sempre esperamos e fazemos para que o ano que chega seja sempre melhor que o que passou. Para 2013 espero mais alegria, conquistas, prosperidade! E já que estamos cada vez mais antenados em tudo o que acontece, espero também que nossos talentos continuem criando e realizando bons projetos em benefício do skate. Que venham mais marcas feitas por skatistas, que mais skatistas consigam trabalhar e se impor em companhias de skate de fora do Brasil, já que para o bem ou para o mal elas virão cada vez mais para o nosso país. Que ao menos os skaters que trabalham nelas consigam mostrar o quanto é importante essas marcas investirem no skate e nos skatistas brasileiros. Vamos iniciar esse ano, mais uma vez, com muito otimismo e o mais importante, em minha opinião, é não dar bola para os medíocres. Não quero aqui definir a mediocridade, mas meu amigo e poeta Sérgio Vaz definiu esse sentimento de forma excelente em um de seus textos, e no tempo de só compartilharmos - coisas boas ou ruins, somente pelas redes sociais quero aqui dividir com vocês essa obra-prima de nossa literatura marginal brasileira. Com a palavra, o Grande Sérgio Vaz:

O poeta Sérgio Vaz.

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