Revista Cietec Info 4

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INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA

4ª EDIÇÃO - NOVEMBRO DE 2010

E mais!

Internacionalização de MPE inovadoras Prime e Lei de Informática: balanço Setor farmoquímico ganha novo impulso

Redes

de negócios

De olho na pós-incubação e para garantir o fortalecimento das empresas nascidas em seus ambientes, centros de empreendedorismo e inovação ampliam escopo e vão atrás de parcerias estratégicas

Brito Cruz: diretor científico da Fapesp comenta as perspectivas dos setores de Ciência,Tecnologia e Inovação no Estado de São Paulo para os próximos 15 anos



índice

Editorial 4 entrevista Carlos Henrique de Brito Cruz - Fapesp 7 Enter 8

INcentivo Prime e Lei de Informática

12 mercado Lugar de doutor é na empresa 14 Parcerias Setor farmoquímico ganha novo impulso 15 Viés Antonio Britto 16 diretriz Claudio Rodrigues 18 negócios internacionais MPE inovadoras conquistam mercado no exterior 20 INOVAÇÃO NA SUA VIDA Brazil Ozônio 22 INOVAÇÃO NA SUA VIDA Eccaplan 24 Viés Guilherme Ary Plonski 25 Viés José Luís Sagarduy 26 express Robert Binder - Criatec 28 institucional Relatório Anual de Atividades 30 VISÃO Sérgio W. Risola

Expediente O Cietec.Info é uma publicação do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia Conselho Editorial: Claudio Rodrigues, Sérgio Wigberto Risola, José Pereira Lopes Leal, Franco Margonari Lazzuri, Leila Gasparindo, Luis Gustavo Malzone, José Carlos de Lucena, Maurício Susteras, Eduardo Giacomazzi e Oscar Enrique de Moraes Nunes Coordenação Geral: Sérgio W. Risola Coordenação de Marketing: Eduardo Giacomazzi Coordenação Editorial: José Aluízio Guimarães Produção Gráfica, Editorial e Design: Trama Comunicação Jornalista Responsável: Leila Gasparindo MTB 23.449 Editora-chefe: Helen Garcia MTB 28.969 Editor-assistente: Adriano Zanni MTB 34.799 Redação: Adriano Zanni, Juliana Lanzuolo, Larissa Leiros Baroni, Lilian Burgardt Revisão: Gisele C. Batista Rego (Istárion) Sugestões e informações: revista@cietec.org.br Parceiros Estratégicos

Apoio

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intersecção indispensável entre empresa e universo acadêmico é uma das tônicas desta edição da Cietec.Info. Em reportagem investigativa, fomos tentar descobrir os motivos que ainda tornam pequena a inserção de doutores nas empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços. A revista chega aos leitores em um momento importante para o Cietec. Com a consolidação do processo de pós-incubação, completase o ciclo de apoio à inovação de base tecnológica, primeira missão da entidade. Assim, justamente com os processos de pré-incubação e incubação, esse posicionamento estará cada vez mais presente na agenda de fortalecimento dos negócios aqui abrigados. O assunto, de certa forma, também está relacionado à matéria que trata sobre a parceria inédita entre Cietec e Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) cujo objetivo é aproximar o trabalho de pesquisa na área de saúde, feito pelas empresas associadas, de potenciais investidores, além de alavancar futuras relações comerciais dos micro e pequenos empreendimentos. É uma oportunidade para fazer um balanço do primeiro ano do Programa Primeira Empresa Inovadora que proporcionou, dentre outras coisas, um recorde quanto ao número de projetos inscritos para seleção pela incubadora do Cietec no ano de 2009. Falando em incentivo, tem ainda a Lei de Informática e um bate-papo com Robert Binder, do Criatec, fundo de investimentos de capital semente que já contemplou duas empresas do Cietec: Magnamed e BR3. Sem esquecer a entrevista com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, que nos apresentou um sólido estudo sobre o plano de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo. A meta é que o estado com maior produção econômica do País passe a investir 2,3% do seu PIB em P&D até 2020. Vale a pena conferir! Boa leitura!

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ENTREVISTA Carlos Henrique de Brito Cruz

Avanço em pesquisa pode ser muito maior Para Carlos Henrique de Brito Cruz, um dos condutores do estudo “Plano de C&T&I para o Estado de São Paulo nos próximos 15 anos”, as dificuldades que o País enfrenta no Ensino Médio prejudicam não somente a formação de novos pesquisadores como a de profissionais necessários ao desenvolvimento do Brasil em todas as atividades

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esponsável pela maior produção econômica – mais de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) – e detentor do principal parque industrial nacional. Não é por acaso que o Estado de São Paulo é considerado por muitos como o “motor econômico” do Brasil. O resultado apresentado no estudo “Plano de C&T&I para o Estado de São Paulo nos próximos 15 anos” evidencia que o estado mais rico da nação tem investido bastante em pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos, principalmente pela participação da iniciativa privada, que representa quase o dobro do dispêndio federal. Investimento é maior até do que países como Rússia, Itália, Espanha e China.

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Divulgação Fapesp

Mesmo assim, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e um dos condutores do estudo, acredita que somente uma ampla transformação em todos os sentidos possa elevar o dispêndio de 1,52% do PIB paulista para 2,3% até 2020, que é a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Precisamos de mais educação e melhor infraestrutura, além de alguns ajustes nas políticas de incentivo à pesquisa”, planeja o executivo. Cietec Info – O senhor conduziu uma ampla pesquisa sobre o setor de C&T&I em São Paulo. Qual o panorama que podemos extrair desse trabalho? Carlos Henrique de Brito Cruz – O Estado de São Paulo tem uma intensidade de atividades em P&D bem superior à do resto do Brasil. Aqui, o dispêndio em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) chegou a 1,52% do PIB estadual em 2008, enquanto no Brasil foi de 1,09% do PIB. No Estado de São Paulo, o maior dispêndio é aquele feito por empresas em suas atividades internas de P&D, o que também contrasta com o que ocorre no resto do País. A terceira característica relevante é que, na parte pública do dispêndio em P&D, a contribuição estadual é quase o dobro da parte federal, retratando pequeno apoio federal à pesquisa em São Paulo. Cietec Info – Em comparação com o Brasil, nota-se que o aumento do investimento paulista em P&D nos últimos anos tem se mostrado mais consistente. Por que isso ocorre? Carlos Henrique de Brito Cruz – O dispêndio em P&D em São Paulo tem sido mais estável do que o realizado no Brasil. Contribuem para isso: o setor empresarial mais ativo em P&D e a estabilidade do financiamento estadual por meio do apoio às universidades estaduais (USP, Unicamp e Unesp) e à Fapesp. Cietec Info – De maneira geral, o Estado de São Paulo investe em P&D com recursos próprios, sem grandes aportes do governo federal. Qual a implicação no desenvolvimento de P&D&I nacional? Carlos Henrique de Brito Cruz – A principal implicação é que os impostos pagos pelos paulistas apoiam não somente o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado como também o do Brasil. Isso é pouco reconhecido pelo governo federal, especialmente nos últimos anos. A contribuição ao Brasil não

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entrevista Carlos Henrique de Brito Cruz

se dá somente na criação de conhecimento como também na formação de recursos humanos: pós-graduandos formados em instituições em São Paulo ajudam a popular as principais universidades federais. Cietec Info – O número de vagas para o Ensino Superior é maior do que o número de pessoas concluindo o Ensino Médio. Isso prejudica o aumento do número de pesquisadores. Como o senhor avalia esse resultado e, em sua visão, o que é preciso ser feito para reverter tal cenário? Carlos Henrique de Brito Cruz – As dificuldades que o Brasil enfrenta no Ensino Médio prejudicam não somente a formação de pesquisadores como a formação de profissionais necessários ao desenvolvimento do Brasil em todas as atividades. Na Conferência Paulista de C&T&I, vários apresentadores destacaram essa restrição. É preciso que o Brasil faça uma verdadeira revolução no Ensino Médio para formar pessoal na quantidade e qualidade que o País precisa para sustentar o desenvolvimento que desejamos.

Precisamos de mais educação e melhor infraestrutura, além de alguns ajustes nas políticas de incentivo à pesquisa

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Cietec Info – As pesquisas geradas em Institutos de Ensino Superior têm especial destaque no que se refere à composição do dispêndio público. Em tese, é um investimento acadêmico, não diretamente ligado à geração de riqueza por meio de produtos, serviços e patentes comerciais. A universidade tem mecanismos para reverter esse quadro? Carlos Henrique de Brito Cruz – Não é correto que a pesquisa acadêmica seja desconectada da criação de riqueza. A pesquisa acadêmica forma a base para o desenvolvimento do conhecimento e é essencial na formação de profissionais, para a pesquisa e para outras profissões, bem preparados para enfrentar os desafios do mundo moderno. Estes profissionais preci-

sam, durante sua formação, conviver num ambiente motivador e desafiante, no qual aprendam a aprender e ganhem confiança para enfrentar desafios intelectuais ousados. A pesquisa acadêmica é definitiva para esse tipo de formação. Cietec Info – O dispêndio em P&D na indústria automotiva ainda tem preponderância no cenário paulista. Por outro lado, setores como eletrônicos e semicondutores ainda são tímidos. Existem políticas para balancear de alguma forma tal cenário? Carlos Henrique de Brito Cruz – O setor automobilístico é o grande puxador do desenvolvimento em São Paulo como é também em muitos outros países, por isso é natural que se destaque. Para todos os setores, há políticas de incentivo importantes, que podem ser aperfeiçoadas. Mas o mais determinante para o esforço de P&D de empresas é o crescimento da economia e a intensidade de exportações. Para intensificar exportações, os desafios que o Brasil enfrenta não dependem de políticas de incentivo à P&D, mas de políticas que reduzam o custo Brasil, especialmente no câmbio e infraestrutura. Cietec Info – Recentemente, o senhor disse que o alvo para 2020 é elevar o dispêndio de 1,52% do PIB paulista para a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que é de 2,3% do PIB. O que é necessário fazer para atingir tal meta ou, ao menos, se aproximar desse objetivo? Carlos Henrique de Brito Cruz – É preciso manter o desenvolvimento econômico do País por uma década nos níveis atuais. Ao mesmo tempo, em que o dispêndio em P&D contribui para o desenvolvimento, ele é resultado do desenvolvimento. Precisamos de mais educação e melhor infraestrutura, ao lado de alguns ajustes nas políticas de incentivo à pesquisa. No setor público, é preciso elevar os referenciais qualitativos. No setor privado, é preciso haver mais exposição à competição mundial por meio de exportações. Em ambos os casos, internacionalização deve ser uma meta relevante.


enter apoio ao pré-sal

aposta certa

Após a inauguração, em novembro de 2009, do laboratório de engenharia naval do Centro de Engenharia Naval e Oceânica, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), sediado em São Paulo (SP), volta a canalizar recursos para obras de grande complexidade envolvendo laboratórios de ensaios pesados. A partir de 2011, a estrutura orçada em mais de R$ 21,7 milhões deve entrar em funcionamento como uma abrangente área de pesquisa para dar suporte à Petrobras na exploração e produção do petróleo extraído do Pré-Sal.

“A academia está envolvida com esse novo momento do Brasil, o momento em que a pesquisa científico-tecnológica se coloca a serviço do empresariado para parcerias de sucesso. Fico muito animado quando coloco o pé em uma incubadora e vejo jovens se arriscando nessa engrenagem em vez de optarem simplesmente por serem empregados em suas áreas de atuação”.

A Petrobras participa do projeto com cerca de R$ 9,4 milhões para a compra de equipamentos. O governo de São Paulo já investiu outros R$ 8,5 milhões, sendo que o restante veio da Fapesp e de empresas privadas. O prédio em construção tem 3 mil m² de área e será equipado com duas pontes rolantes de 15 toneladas cada uma, instaladas a dez metros de altura, que auxiliarão nos testes. “Com a descoberta das reservas do pré-sal, cresceu a demanda de parceiros como a Petrobras, que precisará de suporte às plataformas, por exemplo”, disse João Fernandes Gomes de Oliveira, presidente do IPT.

A frase é de Sergio Machado Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, durante visita ao Cietec em 1º de setembro de 2010, quando foi recebido por autoridades e empresários, tomando conhecimento sobre o novo posicionamento estratégico da entidade.

Pedra fundamental

Energia nuclear

Vinte e três empresas e entidades brasileiras ligadas à biotecnologia participaram da BIO International Convention 2010, em Chicago. Na bagagem, trouxeram o lançamento da marca BrBiotec Brasil para caracterizar internacionalmente os produtos do País. A BIO 2010 é o maior evento mundial do setor, que reúne desde pequenas empresas incubadas até multinacionais, com faturamentos bilionários.

O Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen) anunciou a destinação de R$ 50 milhões pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para a elaboração do projeto básico, licenciamento ambiental e experimentos de concepção do Reator Multipropósito Brasileiro, que será construído no município de Iperó (SP). O investimento total, distribuído pelos próximos seis anos, é de R$ 850 milhões. A construção coloca o Brasil no caminho da autossuficiência na produção de radiofármacos.

A iniciativa BrBiotec é um trabalho conjunto do Cietec, Apex-Brasil, Fundação Biominas, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação BioRio. O mercado de biotecnologia movimenta no País ao redor de US$ 10 bilhões/ano, com maior ênfase nas áreas de saúde pública e meio ambiente, mas a política nacional para o setor, estabelecida em 2007, estima que o Brasil fique entre os cinco maiores polos mundiais até 2015.

O reator brasileiro, por ser multipropósito, também contemplará outras áreas estratégicas que incluem o teste de combustíveis e materiais utilizados em reatores de potência como Angra I e II, e a utilização do feixe de nêutrons para pesquisa básica e tecnológica pela comunidade científica nacional. Para José Augusto Perrotta, diretor de Projetos Especiais do IPEN e assessor da presidência da CNEN, a iniciativa trará inúmeros benefícios na área da saúde, com a nacionalização dos radioisótopos produzidos em reatores – que hoje são importados pelo Brasil, impactos positivos também na indústria, no meio ambiente e na agricultura. “O reator terá 30 mW de potência e irá fortalecer a base científica e tecnológica, formando o mais novo polo aglutinador de tecnologia nuclear do País”, encerra Perrotta.

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incentivo Prime

Parceria de sucesso e muitos

resultados Prime beneficia 1.380 empreendimentos com subvenção econômica de R$ 120 mil e consultoria especializada de incubadoras

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inda que os primeiros anos representem o período de maior risco na vida de qualquer empreendimento, a Modclima – empresa nascente especializada na produção de chuvas artificiais – conseguiu transpor a turbulência. Em menos de oito meses, além de significativo desenvolvimento em seus produtos, conquistou quatro novos clientes e garantiu um aumento de 10% no faturamento. Esses avanços só se tornaram viáveis graças à inclusão no Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). Além da subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor de R$ 120 mil, a Modclima passou a contar com o apoio à gestão como empresa associada ao Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), que assume no programa o papel de incubadora-âncora.


Voos mais altos: Modclima foi uma das empresas contempladas pelo Prime e passou a contar com o apoio do Cietec em sua gestão

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De um lado, recursos não reembolsáveis para a reestruturação da cultura organizacional. Do outro, incubação não residente garante o suporte técnico para a consolidação de uma ideia inovadora. Para Majory Imai, uma das sócias da empresa, os recursos da Finep e o relacionamento com o Cietec proporcionaram a abertura das portas do mercado para a comercialização da tecnologia de produção de chuvas. “Como vivemos de pesquisa e novas tecnologias, sem esse auxílio, enfrentaríamos muitas dificuldades até que o produto atingisse o estágio de comercialização”, explica. O apoio, segundo ela, também faz toda a diferença para o desenvolvimento do negócio principalmente na questão da credibilidade associada ao nome de dois órgãos de peso. Assim como a Modclima, outras 1.380 empresas se beneficiaram do programa, estabelecido pela financiadora por meio de 17 incubadoras-âncora, representantes de diversas regiões do País. O Cietec, por exemplo, é responsável pelo acompanhamento dos 106 empreendimentos paulistas aprovados no Prime.

A iniciativa visa criar condições financeiras favoráveis para que empresas nascentes de no máximo dois anos de existência possam consolidar com sucesso a fase inicial de desenvolvimento de seus empreendimentos. A previsão é que, até 2012, cerca de R$ 650 milhões sejam investidos em 5 mil novos negócios. Na opinião de Sérgio Risola, diretorexecutivo do Cietec, o projeto é inovador e preenche uma lacuna nas opções de subvenções econômicas existentes. “Há muitos editais focados no desenvolvimento de pesquisas e na compra de materiais, mas nenhum, até então, direcionado no apoio à gestão”, aponta ele, que enfatiza a importância desse investimento principalmente em empresas nascentes. “Gestão bem-estruturada significa sobrevivência competitiva e maior rentabilidade nos negócios”, explica.

650 milhões é a

R$

previsão de investimento em novos negócios até 2012

Para Risola, a grande falha daqueles empreendimentos que se enquadram nas estatísticas e morrem nos três primeiros anos de vida está no investimento exclusivo na estrutura tecnológica. “Falta a base para o planejamento e a implementação de processos que vão levar o negócio ao sucesso.”

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incentivo Prime

Mas para atingir as dimensões do programa, Marcelo Camargo, chefe do Departamento de Apoio à Empresa Nascente da Finep, cita a importante participação das incubadoras-âncora em todos os processos – desde a captação e seleção das empresas apoiadas até o acompanhamento do desenvolvimento dos projetos e a distribuição dos recursos. “O corpo técnico da agência não suportaria a demanda do Prime. Portanto, nada melhor do que descentralizar a atuação e contar com a colaboração de agentes especializados em empreendimentos inovadores nessa fase de crescimento”, relata ele. Além do acompanhamento contínuo dos processos de cada uma das empresas beneficiadas, o Cietec ofereceu, àqueles interessados, espaço em sua incubadora de empresas. “Possibilidade que inclui programas de capacitação, assistência jurídica e comercial, auxílio na inserção profissional. É uma grade de MBA para os empreendedores”, descreve Risola.

Segundo Lazzuri, não adianta fazer um sistema só com o formulário eletrônico de inscrições. Era necessário criar um programa que visualizasse todos os processos dentro da gestão e facilitasse a manutenção das informações. “Assim, os gestores teriam mais tempo para trabalhar a inteligência”, assegura ele. O desenvolvimento do software, com todas essas características, foi então realizado por uma das empresas incubadas no Cietec. A maior segurança na gestão de processos rendeu a parceria com outras 11 incubadoras-âncora, que dividiram os custos da criação e manutenção do Primesis. “Gestores e empreendedores devem preencher os formulários dos programas, responsáveis pela geração de relatórios periódicos e comparativos. Os envolvidos gastam, em média, 20 minutos por mês para abastecer as informações do sistema”, diz o coordenador, que garante que, com ou sem o software , os relatórios devem ser feitos por exigência do próprio edital do programa. “As verbas da

subvenção econômica só são liberadas após aprovação de todas as etapas devidamente preenchidas e concluídas”, atesta. Atual estágio A menos de três meses do término da primeira edição do Prime, as 1.380 empresas participantes já receberão a segunda e última parcela da subvenção no valor de R$ 60 mil. Recursos que deverão dar sequência ao trabalho de gestão iniciado em janeiro de 2010 e garantir a autossustentabilidade dos negócios a partir de 2011. As expectativas da Comunica Geral – empresa de negócios que permite o encontro de dois públicos com necessidades complementares – em relação a seu futuro sem o auxílio da Finep e do Cietec são positivas. “A participação no Prime comprovou o potencial de nosso negócio e nos deu confiança para investirmos mais na empresa”, relata Rogério Augustos Costa Leme, sóciodiretor do empreendimento. Segundo ele, até o final do ano, a Comunica Geral terá condições de manter todos os seus custos e investir em outros desenvolvimentos. “Estamos cumprindo à risca as metas de faturamento para viabilizar nossa independência”, diz Leme.

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Estruturas gerenciais Para auxiliar o processo de acompanhamento de suas 106 empresas, o Cietec desenvolveu o sistema eletrônico Primesis. “Existiam duas opções para estruturar o programa como a Finep desejava. Investir

em uma equipe média para gerir os recursos e acompanhar manualmente os processos ou criar um software complexo com a otimização de todas as tarefas”, explica Franco Margonari Lazzuri, coordenador de Tecnologia da Informação do Cietec.

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incentivo lei de informática

Auxílios extras Legislação concede benefícios fiscais para que empresas produtoras de hardwares específicos invistam em Pesquisa e Desenvolvimento

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lém da subvenção econômica do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), a Phi Innovations – distribuidora de um sistema operacional Linux chamado PhiLinux – pode explorar a consultoria do Cietec para multiplicar seus ganhos. Foi a partir de uma análise da incubadora que a empresa nascente encontrou em seu arcabouço legal um caminho complementar: a Lei de Informática.

Com o auxílio da Lei de Informática, os sócios da Phi Innovations comemoraram o aumento do faturamento anual: de R$ 80 mil para R$ 140 mil

eles diminui e as oportunidades de negócios para nós aumentam”, afirma ele, que ressalta a importância do auxílio do Cietec nesse processo. “Além da ideia, recebemos toda a assistência jurídica necessária. Talvez, sozinhos, não tivéssemos essa visão”, completa.

A lei concede incentivos fiscais para que empresas produtoras de hardwares específicos invistam em Pesquisa e Desenvolvimento. Para aderir ao benefício, é necessário aplicar ao menos 4% do faturamento anual em instituições de ensino e pesquisa credenciadas, programas e projetos prioritários em tecnologia da informação ou em fundo setorial de informática. Em contrapartida, terá uma diminuição de até 80% no valor do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Os resultados das mudanças operacionais já são visíveis. A empresa formada inicialmente apenas por seus três sócios, hoje mantém oito colaboradores. As áreas de atuação também foram estendidas. “O negócio, antes específico ao setor aeroespacial, já abrange os segmentos médico, de telecomunicações e de medição de energia elétrica”, diz. Transformações que naturalmente movimentaram o faturamento anual da Phi Innovations, que passou de R$ 80 mil para R$ 400 mil. “Cerca de 30% dos ganhos são reflexos da Lei de Informática e, consequentemente, do auxílio do Cietec”, garante Alves Filho.

A medida, na opinião de Flávio de Castro Alves Filho, sócio da Phi Innovations, agregou valor ao negócio. “Como prestamos um serviço considerado crítico e com alto risco, é bem mais fácil captarmos clientes a partir dos benefícios concedidos pela Lei de Informática. O risco para

As expectativas para o próximo ano são ainda mais ousadas. Alves Filho conta que a empresa já está investindo na criação de um produto próprio e que, até o final de 2010, será feito seu lançamento. “Alguns contratos de exportações, inclusive, começam a ganhar consistência”, comemora o sócio da Phi Innovations.

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mercado lugar de doutor é na empresa

Inserção de doutores em empresas ainda é baixa

Pesquisa revela que a cada dez titulados, oito seguem para a academia. Proporção é desigual à tendência mundial

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esmo que o número de doutores no Brasil tenha crescido 278% nos últimos doze anos, a inserção desses profissionais no meio empresarial ainda é muito pequena. De um lado, a titulação de 11.368 brasileiros, em 2009. Do outro, a baixa concentração dos pós-graduados na academia, com a participação de apenas dois em cada dez doutores brasileiros na cadeia produtiva. Os dados da pesquisa “Doutores 2010: estudos da demografia da base técnicocientífica brasileira”, realizada pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), comprovam o distanciamento do Brasil em relação às tendências internacionais.

A realidade brasileira é desproporcional se comparada à dos países desenvolvidos e à das nações pertencentes ao grupo de emergentes. É o que garante Mario Borges Neto, presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). “Na Coreia do Sul, por exemplo, 76% dos doutores estão inseridos nas empresas”, cita. No Brasil, segundo dados do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), 76,7% das pessoas envolvidas em pesquisa e desenvolvimento estão concentradas no Ensino Superior, 19,8% no meio empresarial, 3,1% no governo e 0,3% em instituições privadas sem fins lucrativos.

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Essa desigualdade também é visível se analisado o número de doutores por habitantes. “Rússia e a Coreia do Sul têm quatro pesquisadores a cada mil pessoas. A proporção nos Estados Unidos e no Japão é de cinco por mil”, compara Borges Neto, que destaca o baixo volume de doutores brasileiros se comparado com o tamanho da população. Segundo ele, no País, há em torno de 0,5 titulados por mil pessoas. “Se o Brasil mantiver o atual ritmo de desenvolvimento, vão faltar pesquisadores especialmente nas áreas consideradas estratégicas. O tão temido apagão em engenharia já é uma realidade”, enfatiza o presidente do Confap. Para Guilherme Marco de Lima, vicepresidente da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), a preferência dos pesquisadores brasileiros pelo ingresso na academia está muito mais relacionada às oportunidades de mercado do que à vontade profissional. “Há diversos motivos que justificam isso, entre eles a falta de cultura inovadora das empresas e o distanciamento entre o setor acadêmico e o corporativo”, aponta ele. Borges Neto partilha da mesma opinião de Lima. “Ainda são poucas as empresas que investem na contratação de doutores. Muitas analisam apenas o fator custo para a

inserção desses profissionais em seus quadros de funcionários, sem dimensionar os futuros ganhos que esse investimento pode proporcionar ao negócio”, diz o presidente da Confap. “Não quer dizer, porém, que titulamos brasileiros para ficarem desempregados”, completa ele. Mas quem sai perdendo com essa inversão é o próprio País. “As empresas são as grandes protagonistas do processo de inovação de qualquer nação. E não é diferente no Brasil. Sem a participação de doutores, a competitividade é restrita e o crescimento nacional amarrado”, garante Lima. Embora a situação ainda esteja muito aquém da ideal, Borges Neto cita a existência de algumas ações que prometem reverter a realidade para os doutores brasileiros. “Entre elas, está a Lei de Inovação e o aumento de estímulos públicos para a inserção desses profissionais nas empresas”, relata.


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As incubadoras de empresas também são apontadas pelo vice-presidente da Anpei como agentes propulsores para a ampliação do número de titulados na cadeia produtiva. “Muito mais do que o elo entre o setor privado e acadêmico, os centros de incubação são o berço da maioria das empresas de base tecnológica do País. Eles formam organizações já com uma mentalidade cultural diferenciada, aptas a competirem nesse mundo inovador. Fator que, naturalmente, exigirá a inserção de doutores na equipe das incubadas”, explica Lima. Fora da curva O Centro de Inovação Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), por exemplo, está alinhado à tendência mundial e comprometido a auxiliar o Brasil a reverter as curvas do mercado de trabalho dos doutores brasileiros. É o que aponta Mauricio Susteras,

coordenador de Gestão Tecnológica do Cietec. “A previsão é que cada uma de nossas incubadas tenha pelo menos um mestre ou doutor. Há aquelas que se destacam e mantém até cinco titulados em seu quadro de funcionários”, afirma ele. Ao menos 100 dos 806 funcionários envolvidos em uma das 139 empresas incubadas no Cietec têm título de doutor. Segundo Susteras, 90% da transformação do conhecimento obtido nas universidades em produtos, serviços ou sistemas é feito nas empresas. “Nascimento propiciado fundamentalmente por doutores, que detêm todo o suporte técnico para gerar ciência e, consequentemente, transformar conhecimento em inovação e rentabilidade”, assegura ele, que justifica a dificuldade de comunicação entre o mundo empresarial e o meio acadêmico com a ausência de pesquisadores na cadeia produtiva.

O coordenador aponta ainda a exigência de doutores para organizações interessadas em angariar recursos públicos tanto para o seu desenvolvimento científico como operacional. “Todos os editais obrigam que ao menos os coordenadores dos projetos sejam titulados”, diz. Mesmo que a inserção de doutores no setor empresarial seja importante para a criação de inovação e a garantia da competitividade, Susteras enfatiza que apenas 20% do sucesso de um negócio está relacionado ao conhecimento técnico e científico. “Os outros 80% estão vinculados à captação de recursos, ao suor, ao trabalho, ao marketing, à comercialização, à comunicação e ao networking”, alerta o coordenador do Cietec, que sugere que as empresas, nascentes ou não, invistam tanto no desenvolvimento tecnológico como em uma boa gestão administrativa.

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parcerias interfarma

Farmoquímica

ganha novo

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impulso Acordo de cooperação com a Interfarma deve estreitar laços entre o trabalho de pesquisa feito por empresas associadas do Cietec e o mercado

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o mês de setembro, o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antonio Britto, visitou o Cietec para firmar de vez a parceria que já estava sendo estudada desde o início do ano. Acompanhado por uma comitiva de executivos ligados a dez multinacionais da indústria farmacêutica, Britto comentou que os aspectos que determinaram a escolha do Cietec como parceiro foram a excelência quanto aos processos de pesquisa e gestão, além dos resultados expressivos alcançados pela entidade em relação ao número de patentes e marcas registradas nos últimos anos. O acordo de cooperação deve aproximar o trabalho de pesquisa em fármacos, feito pelas empresas associadas, de potenciais investidores, além de alavancar as relações comerciais dos micro e pequenos empreendimentos inovadores do Cietec nas áreas de biotecnologia e farmoquímica com foco nas oportunidades de negócios que se abrem e acordos de P&D no setor. Para a Interfarma, o Brasil tem enorme potencial de crescimento em ambas as áreas em função de sua biodiversidade. “Sem dúvida, existe um grande conhecimento mútuo entre pesquisadores que se dedicam à saúde e à indústria de medicamentos. Nós e o Cietec, pelos papéis que desenvolvemos, somos capazes de aproximar estudos científicos e interesses de mercado”, ressaltou Britto. A opinião do presidente da Interfarma vai ao encontro do discurso do diretor exe-

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cutivo do Cietec, Sérgio Risola, que acredita que o elo será essencial para unir as duas pontas do processo de produção de conhecimento. “Esse casamento de oportunidades e conhecimento técnico-científico é muito válido, não apenas para as instituições envolvidas, mas para o desenvolvimento brasileiro em geral, pois, dessa forma, conseguimos estimular o crescimento sustentado”, opina. Dentre as empresas do Cietec visitadas na ocasião do acordo, estavam a Ciallyx (especializada em estudos pré-clínicos e desenvolvimento de produtos farmacêuticos humanos e veterinários), a Zelus (de inovação incremental e pesquisa e desenvolvimento, voltada para os mercados farmacêutico, cosmético e veterinário), a Censa (Centro de Espectometria de Massas Aplicada), além da Venbion (laboratório de biotecnologia aplicada ao melhoramento genético de espécies).

Sobre a Interfarma

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laboratórios farmacêuticos no País

57% R$18,5 bilhões de participação no mercado de medicamentos

faturamento anual:


viés Uma oportunidade para a saúde no Brasil Antonio Britto é presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma)

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extraordinária evolução do País, nos últimos anos, pode ser medida pelos temas dominantes em cada uma das eleições presidenciais, desde a redemocratização. Em 1989, na primeira delas, saciamos a fome por desfrutar da liberdade de pensar e de escolher caminhos.

bate com maturidade à altura do que o Brasil conquistou e merece. Afinal, em matéria de saúde pública, todos os que se apresentam nesta “corrida” já foram governo; todos já puderam ver a enorme distância entre discurso e realidade, ambições e recursos, preconceitos e verdades.

Conquistada a democracia, foi fácil definir o próximo grande tema – a necessidade de colocar em ordem a moeda, domar a inflação, reduzir o custo de vida. Vieram, então, as eleições dominadas pela questão macroeconômica, não por acaso vencidas pelo propositor da estabilidade, Fernando Henrique Cardoso.

Se o País conseguiu extraordinários consensos em termos de liberdades públicas, orientação econômica e políticas sociais, que estranha maldição haverá sobre a saúde pública que nos impeça de discuti-la com racionalidade?

Tema resolvido, era hora de partir para questões de cunho mais social: distribuição de renda e geração de emprego. Nada mais natural que Lula vencesse. E agora, que a democracia vingou, a economia estabilizou-se e as políticas sociais se impuseram, qual será o grande tema da agenda nos próximos anos? Se perguntarem ao povo brasileiro, a resposta é clara: a situação da saúde pública é hoje a maior preocupação do País, com 59% das respostas, segundo pesquisa DataFolha, realizada em dezembro de 2009. Sete vezes mais que o cuidado com a habitação, quase duas vezes mais que os justificados temores com a segurança. Ou seja, temos um cenário favorável para que a questão seja realmente debatida, esteja presente, inclusive, no centro das discussões eleitorais, na efetiva prioridade dos candidatos. Talvez seja também a oportunidade para além de um debate intenso, termos um de-

Temas não faltam: a necessidade de fortalecer o sistema público de saúde com mais gestão, mais qualidade e mais recursos; aproveitar as oportunidades criadas pelo desenvolvimento da ciência no País e fazêlo, realmente, importante em inovação em saúde humana; criar um sistema moderno que amplie o acesso a medicamentos. Enfim, avaliar e festejar de forma construtiva o quanto avançamos nesses 25 anos em pontos fundamentais como, por exemplo, a redução da mortalidade infantil, além de não fugir dos desafios que a população já identificou e quer ver superados. Nós queremos contribuir para que esta oportunidade não seja perdida. E que, a exemplo de tantos desafios que superamos em tão pouco tempo, sejamos capazes de fazer de 2011 um ano que permita grandes avanços. Para isso, nós brasileiros, já temos a receita, aplicada com sucesso em outros problemas também muito cruciais. O País está avisando que espera por isto: coragem para discutir e mais coragem ainda para discutir racionalmente.

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diretriz

Ricardo Benichio

Um passo à

Dr. Claudio Rodrigues Diretor-presidente do Cietec

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s números são hoje de conhecimento público e notório: somos um país com cerca de 400 incubadoras de empresas e 20 parques tecnológicos em atividade. Nessas incubadoras orbitam hoje mais de 4.800 empresas tecnológicas nascentes, tendo sido graduadas, nos últimos dez anos, 1.500 empresas que faturam hoje R$ 1,6 bilhão por ano. Se somarmos a esses números os resultados de nossa base acadêmica, atualmente com mais de 230 mil pesquisadores e cerca de 14 mil artigos publicados por ano, que colocam o Brasil entre os 15 países que mais produziram conhecimento científico no mundo, os números do IBGE que mostram que 33,4% das empresas industriais no país fizeram algum tipo de inovação e ainda os resultados da ampliação significativa dos recursos advindos das agências de fomento e de políticas de apoio a Ciência, Tecnologia e Inovação, temos sem dúvida um cenário relevante para o crescimento e fortalecimento das empresas brasileiras com produtos, serviços e processos com alto valor agregado.

ção de conhecimento. Segundo o IBGE, somente 9,7% das empresas incubadas brasileiras introduziram produtos novos no mercado. E aí nos questionamos o que há de errado nessa equação. Estamos plantando, adubando, mas não estamos colhendo o que a nossa sociedade espera. Numa primeira observação, poderíamos especular que da mesma forma que foram necessários mais de 50 anos para consolidar o nosso sistema de pósgraduação e institucionalizar as nossas agências de fomento de P&D, de modo a se chegar aos resultados de hoje, também na inovação, precisaríamos esperar outros 50 anos para se ter melhores resultados em escala mundial.

As pequenas empresas representam mais de 90 % dos 6 milhões de estabelecimentos formais existentes

No entanto, com algumas exceções, não é isso que acontece. Nossa posição no ranking da inovação de produto para o mercado não se aproxima, nem de longe, da nossa liderança na gera-

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No entanto, diferentemente da geração de conhecimento, no tema de inovação os tempos são curtos e os mecanismos e processos são outros e os resultados são mais abrangentes, afetando diretamente o desenvolvimento econômico do país. Nesse sentido, ações de fortalecimento e continuidade de políticas públicas apropriadas, mecanismos de intermediação, apropriação e utilização de conhecimento científico e tecnológico, aproximações e interseções entre o mundo acadêmico e empresarial e entre agentes públicos e privados, investimentos do setor privado também


frente nos pequenos negócios tecnológicos, valorização da propriedade intelectual, ampliação da participação de pesquisadores na indústria - são formados hoje, no País, mais de 11 mil doutores por ano - precisam, não só fazer parte, como serem priorizadas num projeto nacional de busca de um “lugar ao sol” na inovação mundial. Nesse caminho as pequenas empresas que hoje representam mais de 90% dos 6 milhões de estabelecimentos formais existentes, participam com cerca de 25% do PIB nacional e geram mais de 14 milhões de empregos, nos parece, sejam o segmento com maior impacto para alavancar o crescimento da inovação e, consequentemente, da competitividade das empresas brasileiras. Esse é o universo das incubadoras que são enxergadas como agentes capazes de contribuir significativamente para a criação, consolidação e fortalecimento das pequenas empresas nascentes brasileiras.

Nessa caminhada, foi criado há pouco mais de 2 anos, o Núcleo de Empreendimentos Tecnológicos Inovadores do Cietec. Destinado a apoiar a gestão de empresas graduadas em incubadoras, hoje já com 16 empresas, se posiciona para tornar-se uma referência no processo de pós-incubação de empresas, como são suas incubadoras, nos processos de pré-incubação e incubação. Como parte do compromisso de continuamente aperfeiçoar seus modelos de gestão interna, o Cietec não só aplaude como se coloca como uma das entidades candidatas a participar do Cerne, programa criado pela Anprotec e Sebrae, que busca uma certificação para atestar a qualidade das incubadoras de empresas brasileiras. O Cerne trará para as incubadoras não só um diferencial, como já acontece, por exemplo, com as certificações ISO, como também vai permitir a criação de uma base de referência para nivelar suas ações e resultados.

Elas participam com cerca de 25% do PIB nacional e geram mais de

14 milhões de empregos

O Cietec como protagonista desse universo, vem, nesses seus mais de 10 anos de existência, de maneira contínua, ampliando suas ações e processos buscando adequar e aperfeiçoar sua expertise para uma atuação cada vez mais profissional no apoio a gestão dessas empresas, desde sua estruturação até a etapa de fortalecimento de seus negócios, com o início de participação no mercado e geração de empregos.

É preciso ir sempre além, fazendo sempre mais. Utilizando uma metáfora criada pelo Ary Guilherme Plonski, presidente da Anprotec, poderíamos dizer que é necessário sim continuar regando essa imensa floresta de bonsais que já cultivamos, mas abrindo-se para um ecossistema ainda maior, passando a pensar e agir de maneira mais integrada e convergente quando o assunto é o empreendedorismo inovador.

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negócios internacionais P3D

Made in Cietec Brazil

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Associa mercad das miram o colhem o externo e bons fr utos

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o DNA das empresas inovadoras, independentemente do porte, estão produtos e serviços capazes de transpor fronteiras e de ganhar o mercado internacional. Muitas empresas associadas ao Cietec já seguem por este rumo. Lapidaram seu negócio para agregar valor à marca e, já bem-sucedidas em território nacional, alçaram voo rumo ao exterior.

Desde 2005, a P3D conta com o apoio da USP e do Instituto de Pesquisa e Tecnologia (Ipen) para desenvolver softwares educacionais a fim de levar a tecnologia para a sala de aula. Na aula de Biologia, por exemplo, giz e lousa são substituídos por um programa interativo sobre o corpo humano ou sobre o funcionamento de vários sistemas de nosso organismo, multiplicando os recursos do professor. “Ao divulgar nossos produtos em feiras de educação e escolas, tivemos retorno surpreendente de instituições internacionais que afirmavam nunca ter visto algo parecido”, lembra Mervyn Lowe, presidente da P3D. A origem de tanta repercussão é facilmente compreendida, já que os softwares se anteciparam às tendências de mercado 3D e interatividade – coqueluches da atualidade, reverenciadas em filmes como Avatar.

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“Eram produtos que estavam à frente de seu tempo, então, iniciamos o processo de exportação no mesmo ano de fundação da empresa. Para isso, captamos recursos do exterior com um Angel Capitalist (investidor inicial)”, conta Lowe. Hoje, a P3D exporta para o Chile, Porto Rico, Espanha, Portugal, Finlândia, Turquia, República Tcheca, Eslováquia, África do Sul, Tailândia, Filipinas, Índia e China. Seu faturamento com os produtos exportados é de R$ 700 mil com taxa de crescimento de 70 a 100% ao ano. “Temos parcerias com os distribuidores locais e estamos em conversas avançadas com publishers em alguns mercados”, ressalta o presidente da P3D. Apoio às associadas Para amparar as empresas que partem para a exportação de seus negócios, o Cietec faz aproximações com Câmaras de Comércio, Consulados e Embaixadas para receber missões comerciais internacionais que desejem visitar o Cietec e conhecer as empresas. Nos últimos cinco anos foram 144 missões internacionais, totalizando 768 visitantes estrangeiros de 26 países.

“Mas é importante observar se originalmente o plano de negócios das empresas contempla o mercado externo. Qualquer decisão de internacionalização não planejada toma um tempo considerável, esforço e investimento adicionais que, por vezes, retardam os resultados e a própria evolução dos negócios”, alerta Oscar Nunes, coordenador de Negócios Internacionais. A decisão de exportar não pode ser tomada de forma oportunista. As empresas têm de se preparar previamente buscando desde o início certificações que requerem adequações e eventuais novos desenvolvimentos para o atendimento das legislações dos países envolvidos. Nunes explica que a exportação é praticamente um segundo negócio, que não há como improvisar. Por isso, é fundamental também que as empresas tenham seus preços claramente definidos durante as negociações, e que tenham sites e materiais impressos em inglês e espanhol. “Os contratos comerciais devem ter a supervisão de escritórios especializados nessa área, e é importante que a empresa conheça fisicamente o cliente e/ou fornecedor envolvido nas transações. Além disso, o registro de patentes é praticamente mandatório nesse tipo de negócio”, completa Oscar Nunes.

É importante observar se originalmente o plano de negócios das empresas contempla o mercado externo. Qualquer decisão de internacionalização não planejada toma um tempo considerável, esforço e investimento adicionais que, por vezes, retardam os resultados e a própria evolução dos negócios. Oscar Nunes, Cietec

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Além disso, promove rodadas de negócios internacionais e disponibiliza serviços de des-

pachantes, tradutores, escritórios de propriedade intelectual etc.

Softwares educacionais da P3D ganharam o mundo com o apoio do Cietec

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inovação na sua vida brasil ozônio

Água pura, ambientes sanitizados, alimentos esterilizados. Aparelhos geradores de ozônio cumprem estas e outras tarefas de maneira acessível e sustentável

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le é invisível, gratuito e passa boa parte do dia praticamente despercebido por todos. Mesmo assim, é vital para a sobrevivência da maioria dos seres vivos. Parte integrante do ar, o oxigênio foi descoberto por Joseph Priestley, em 1772, mas foi Lavoisier quem estabeleceu suas propriedades, mostrando que o elemento químico compunha o ar e a água, além de constatar seu papel fundamental nas combustões e na respiração. O ozônio é um gás presente na atmosfera, gerado pela ação dos raios elétricos nos átomos de oxigênio – o que fez do elemento químico a matéria-prima essencial para os negócios de Samy Menasce, proprietário da Brasil Ozônio, empresa associada ao Cietec. “Durante mais de dez anos, o cardiologista Edson Cezar Phillipi pesquisou as atribuições do ozônio até desenvolver um equipamento capaz de gerar o gás. Travamos uma parceria e, até 2005, aperfeiçoamos os estudos com base nos testes em tratamento de piscinas. Funcionou muito bem”, conta Menasce.


Os geradores de ozônio BRO3 são modulares, podem ser instalados em qualquer lugar que tenha ar e, em função do baixo consumo de energia, é possível mantê-los ativos até com energia solar. Segundo Samy Menasce, os equipamentos não necessitam de insumos e nem geram resíduos. “Já estamos na 5ª geração de aparelhos. Com a primeira, era possível gerar apenas 1g de ozônio por hora a uma concentração que não chegava a atingir 3 g/m³. Atualmente, o módulo mais simples é capaz de gerar 10 g/h e a concentração é de 15 g/m³”.

A Brasil Ozônio foi graduada em 2007 pelo Cietec, conta hoje com 12 funcionários e está instalada em uma área de 110 m², como pós-incubada, no Núcleo de Empresas e Empreendimentos Tecnológicos Inovadores. Há uma equipe de engenheiros por trás dos projetos desses equipamentos, responsável pelo desenvolvimento de cada peça, separadamente. Aplicações preciosas Por se tratar de um poderoso germicida, 100% natural e 100 vezes mais potente que o cloro, a higienização de piscinas à base de ozônio não é danosa para os cabelos nem para os olhos. O gás trata a pele e deixa os cabelos lisos e macios. Parceiros do Greenpeace, Samy Menasce reforça sua preocupação com o meio ambiente e afirma que a água tratada com ozônio não polui os rios ao ser desprezada.

desinfetantes e bactericidas que possuem substâncias tóxicas. Além das cinco gerações de BR03, a menina dos olhos da Brasil Ozônio neste momento é a Autoclave. A máquina ecologicamente correta esteriliza equipamentos cirúrgicos, sem riscos de incêndios nem explosões, porque trabalha em temperatura ambiente e sem pressão. Apesar de o preço igualar-se ao das máquinas similares já existentes no mercado, a tecnologia da Brasil Ozônio consome 90% menos energia e não libera toxinas para o meio ambiente.

O sistema BRO3 também é ideal para o tratamento de águas de poços artesianos, aquários, caixas de água e efluentes industriais; sanitização de frutas, hortaliças, grãos e farinhas; desodorização de gases advindos da produção de fertilizantes, cigarros, sucos e polímeros. Também é possível sanitizar e desodorizar ambientes como ônibus, avião e quartos de hotéis. O sistema foi idealizado a fim de substituir os

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As pesquisas acerca das características e aplicações do gás levaram a empresa a identificar um potencial de mercado considerável para o ozônio em processos de tratamento, sanitização, esterilização e oxidação. Os pesquisadores desenvolveram equipamentos que potencializam a geração do gás, que pode ser usado em substituição do cloro e de outros compostos químicos de forma mais eficiente. “O potencial do gás já era conhecido, entretanto, antigamente seu processo de obtenção era caríssimo. Utilizava-se oxigênio puro comprimido em cilindros. O que nós conseguimos foi viabilizar um equipamento a um baixo custo capaz de produzi-lo em larga escala e sob alta concentração”, especifica o proprietário da empresa.

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Ney Sarmento

inovação na sua vida eccaplan

Sustentabilidade inspira

novos negócios

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Eccaplan quantifica e ajuda a reduzir o impacto ambiental causado pelas empresas, oferecendo soluções para a conquista de créditos de carbono o que pode reverter em aumento da lucratividade

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m 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a I Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, na Suécia. A partir de então, foi dada a largada para as discussões sobre desenvolvimento e meio ambiente, além da busca pela solução dos efeitos das mudanças climáticas. A questão veio evoluindo e, mais tarde, o conceito de desenvolvimento sustentável foi difundido na implantação de práticas de reciclagem, reflorestamento e outras soluções ecologicamente corretas. Foi justamente esse mercado que atraiu Fernando Beltrame que, em 2008, fundou com outros três sócios a Eccaplan – consultoria que promove ações socioambientais para empresas e auxilia os clientes a quantificar, reduzir ou compensar o impacto ambiental gerado a partir do fornecimento de seus serviços e produtos. “Qualquer atividade empresarial, independentemente do porte, agride o meio ambiente, uma vez que você consome energia, se desloca para o trabalho, gera lixo e outros resíduos diariamente. Então, o primeiro passo é mapear todas as atividades da empresa pra saber onde ela está emitindo maiores quantidades de gás carbônico”, explica Beltrame. Depois de quantificados os impactos, verificam-se quais os pontos passíveis de redução. Então, uma gama de iniciativas é indicada pelos consultores da Eccaplan para aplicação dos colaboradores, que são instruídos, por exemplo, sobre como reduzir a emissão de poluentes no ambiente de trabalho. “Sugerimos que evitem algumas viagens através dos sistemas de teleconferências. O lixo gerado pode ser reduzido reaproveitando o material ou diminuindo o consumo de

produtos descartáveis. A empresa pode substituir o uso de sachês de açúcar pelo produto a granel, entre outras atitudes que fazem a diferença”, pontua. Em seguida, a Eccaplan quantifica a taxa de poluentes remanescentes e por intermédio de projetos ambientais e de tecnologias limpas converte o impacto negativo que a empresa causou em ações benéficas ao meio ambiente. “Se um evento impactou 10 toneladas de gás carbônico, a gente compensa com uma ação que retira essa quantidade de circulação”, exemplifica o empresário. Tecnologia limpa Beltrame exalta o case de uma cerâmica de Tocantins que costumava alimentar seus fornos com madeira para obter a matéria-prima e que hoje utiliza a casca de arroz. Ele explica que, inicialmente, o projeto não compensava financeiramente, pois implicou uma série de gastos de adaptação dos equipamentos e também alterações na logística. Porém, com os créditos de carbono, o projeto se torna viável. “No caso deles, a cada tonelada de gás que eles deixaram de emitir ao mudar a matéria-prima para a casca de arroz, eles ganharam bolsas de crédito de carbono, disponibilizadas no mercado. E as empresas que desejarem compensar o impacto, podem comprar esses créditos”, detalha. Dessa forma, a empresa incentiva o desenvolvimento de tecnologias limpas que contribuem para preservação da natureza, conferem qualidade de vida às comunidades em seu entorno, além de garantirem uma imagem politicamente correta, o que pode ser explorado na comunicação corporativa.

A vantagem em aderir à tecnologia limpa está na possibilidade de reverter custos em benefício. Ou seja, os gastos adicionais para evitar emissões ou para pagar compensações, caso a redução de emissões não seja técnica ou economicamente viável, passam a ser fonte de ganhos de rendimento ou produtividade. “Outro exemplo disso são os parques eólicos, que reduzem em até 90% a emissão de poluentes na atmosfera”, conta Beltrame. Além disso, a Eccaplan desenvolve um programa que pode ser adotado por outras empresas que se interessem pelas diretrizes e metodologias criadas para quantificar o impacto ambiental. “Este é o primeiro programa brasileiro de incentivo às tecnologias limpas. Muitos dos programas de compensação ambiental ocorrem através do replantio. O nosso, entretanto, foi o primeiro a utilizar a metodologia internacional em incentivo aos projetos ambientais certificados”, ressalta.

Crédito de carbono Trata-se de um conceito um pouco novo no Brasil, mas que tende a ser seguido, principalmente agora com a proximidade de grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Fernando Beltrame complementa que é uma espécie de “moeda” que quantifica a redução da emissão de poluentes na atmosfera pela empresa.

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viés Superando limites

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m conferência com o instigante título “Espaço e Tempo”, Hermann Minkowski, notável matemático judeu-alemão de origem lituana, expôs à ilustre Assembleia dos Cientistas Naturais Alemães, em 1908, (...) uma tendência radical. Doravante o espaço por si mesmo e o tempo por si mesmo serão reduzidos a meras sombras e apenas uma espécie de união entre ambas se manterá como uma realidade independente1.

Guilherme Ary Plonski, presidente da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)

Ao propor a noção de espaço-tempo concomitante a Albert Einstein, de quem havia sido professor, Minkowski contrariava o senso comum prevalecente, segundo o qual inexistiria conexão entre os conceitos de espaço e de tempo. As evidências experimentais coletadas, uma delas em Sobral (Ceará), ajudaram a disseminar gradualmente uma compreensão do mundo físico que ultrapassava os limites clássicos. As mudanças em curso no movimento brasileiro de incubadoras de empresas caminham em sentido idêntico de superação dos contornos tradicionais, quer do espaço, como do tempo. Essas mudanças articulam-se no programa para a implementação dos Centros de Referência para apoio a Novos Empreendimentos, conhecido pela sigla Cerne. A superação fundamenta-se no reposicionamento da incubadora de empresas como plataforma institucional, estratégica e operacional para promover o empreendedorismo inovador em regiões, temas e setores prioritários para o País. Esse modelo, que se inspira nos Business & Innovation Centres (BIC) europeus e nos Small Business Development Centers norte-americanos, está em franca implementação pela Anprotec, em parceria com o Sebrae. No que se refere ao limite espacial, estamos caminhando em direção às incubadoras sem paredes. Ou seja, as incubadoras agregam ao olhar interno sobre as empresas residentes, sua atividade precípua, uma atenção a empreendedores (as) e empreendimentos que estão além de seus muros. Um exemplo concreto de superação dos limites do espaço da incubadora acontece no pioneiro Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), realizado pela Finep. Parcela substancial das mais de 1,4 mil empresas selecionadas na primeira edição do Prime está fora do ambiente físico das 17 incubadoras que as selecionaram, apoiam e acompanham. Uma das pedras de toque do processo de incubação é sua limitação no tempo. Levantamento da Anprotec mostrou que a presença média da empresa nascente numa incubadora brasileira é de quatro anos.

A superação do limite temporal se dá nos dois sentidos do fluxo, gerando os conceitos de pré e pós-incubação. A primeira, a montante, já é praticada em diversas incubadoras, por vezes com nomes próprios, alguns deles bastante sugestivos. Por exemplo, no Cietec a pré-incubação recebe a designação Hotel de Projetos. Ela destina -se a empresas ainda na fase de sua constituição jurídicoadministrativa e de captação de recursos financeiros para sua instalação, com planos de negócios em elaboração ou revisão2. Uma das frentes em que a pré-incubação deverá se intensificar é a do estímulo ao empreendedorismo inovador dos estudantes do ensino técnico e tecnológico. Esse campo da educação adquire vigor crescente nos anos recentes e integra, em posição destacada, os programas dos dois candidatos finalistas à Presidência da República. Delineia-se uma tendência de valorizar a pós-incubação que, igualmente, pode receber nomes próprios variados. Assim, no Cietec ela levou à configuração do Núcleo de Empresas e Empreendimentos Tecnológicos Inovadores. Ele se define como ambiente de apoio a empresas e empreendimentos tecnológicos, especialmente às empresas graduadas de incubadoras, estruturadas jurídica e administrativamente, em processo de fortalecimento e consolidação de seus negócios, e com planos de negócios aprovados pelo Cietec, já com participação relevante no mercado e na geração de empregos3. Os parques tecnológicos, que estão florescendo no País, são ambientes naturais para a pós-incubação. De fato, a própria rationale do parque é ser um ponto de apoio capaz de alavancar a competitividade das empresas que já passaram pelo estágio inicial de formação. Numa escala nacional, a Anprotec está, junto com a Apex e outros parceiros, atuando para ajudar as empresas graduadas a galgar novos degraus na escada da competitividade. Um foco visível dessa atuação é a internacionalização de empresas intensivas em conhecimento de porte pequeno. Nesse caso, as empresas graduadas podem ou não estar num ambiente físico específico. A convergência da incubação sem paredes e da pré e pós-incubação ilustra a reformulação radical do empreendedorismo inovador nacional, em que “o espaço por si mesmo e o tempo por si mesmo estão sendo reduzidos a meras sombras”.

CORRY, L. Hermann Minkowski and the Postulate of Relativity. Tel Aviv University. Acesso em http://www.tau.ac.il/~corry/publications/articles/pdf/mink.pdf, realizado em 14.10.2010 http://www.cietec.org.br/index.php?id1=10. 3 Idem. 1 2

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A gestão eficiente para criar vantagem e liderar mercados

José Luis Sagarduy, Clarke, Modet & Co – Espanha

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egundo afirmação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), as empresas que desejam obter pleno rendimento de seus conhecimentos especializados e de sua criatividade deverão tomar as medidas apropriadas para estabelecer uma estratégia de Propriedade Industrial e Intelectual e incluí-la em sua estratégia empresarial. A OMPI procura ultrapassar a ideia da propriedade industrial como “mera posse” de registros. As empresas procuram a rentabilidade do conhecimento que geram e, depois do registro da propriedade industrial, questionam-se: e agora? A resposta é rentabilizar. Para isso, antes do desenvolvimento de um projeto, deve-se possuir informação dos antecedentes tecnológicos assim como uma ideia rigorosa sobre onde, como e com que meios será comercializada. Devem ser estabelecidos acordos internos e externos de confidencialidade desde as fases iniciais e fazer um levantamento de seus conhecimentos, a fim de determinar quais são passíveis de proteção e com que alternativas. Devem-se conhecer os mecanismos de tratamento de conhecimento partilhado, os de licenciamento e os de contratação. Isso implica saber os preços praticados pelo mercado e quanto poderemos obter dos outros em troca de nosso conhecimento. Quer dizer, avaliação. Avaliar os próprios produtos e a marca com que se comercializam será uma das premissas, pois apenas podemos considerar como inovação o fruto de P+D que chega ao mercado e é aceito por este. Com uma avaliação, pode haver ainda a possibilidade de obter financiamento dando esses ativos de Propriedade Intelectual como garantia. Para a otimização e coordenação de todo este processo, é importante dispor de um sistema de gestão de propriedade industrial e intelectual. De-

finir uma estratégia, conhecer o que se protege e o que não se protege, que vias utilizar; saber como transferir tecnologia e como recebê-la em segurança. É importante saber também como lidar com contratos que contenham esses conceitos; como estabelecer pactos com o pessoal que trabalha com informação sensível; como se internacionalizar com garantias, obter financiamentos com a própria propriedade industrial que se gera, coordenar os distintos departamentos da empresa etc. Dotar-se de um sistema de gestão para coordenar todas as áreas é simples, exequível de um ponto de vista econômico e comodamente acessível em termos de tempo. Implementá-lo é normal em empresas mais competitivas. Uma gestão eficaz da Propriedade Intelectual e Industrial leva a uma maior competitividade e isso conduz a aquisição de novo conhecimento, ao uso, ao licenciamento, ao aumento das relações comerciais e, com isso, à obtenção de retorno do esforço. Como exemplo, serve o reconhecido aumento dos resultados de empresas em setores tão distintos como o aeronáutico, automobilístico, industrial, energético, universitário e portuário. São muitas as empresas que definiram este sistema como “simples, eficiente, rentável e inovador”. Para além das empresas com algum tamanho e estrutura, um sistema que permita a eficácia na exploração do conhecimento gerado é particularmente útil nas PME; e muitas se beneficiaram de sua implementação, melhorando significativamente seus resultados. Cumprir o que a OMPI indica de forma a estabelecer uma estratégia de propriedade intelectual e industrial nas empresas é um trabalho de consultoria para dar valor e obter ótimo rendimento da propriedade industrial e intelectual em benefício dos clientes.

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Divulgação

express robert Binder

Braço direito

da inovação 26 CIETEC.INFO


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iel escudeiro de boas ideias e projetos rentáveis, o Fundo Criatec já injetou R$50 milhões em 27 projetos aprovados em um pouco mais de dois anos de atuação. Ainda restam R$ 50 milhões para novos investimentos. Vários setores já foram contemplados, mas Robert Binder, presidente da instituição, declara preferência por soluções em energia limpa. Em entrevista à Cietec.Info, ele fala sobre as dificuldades fiscais que desencorajam os empreendedores e detalha as ações do fundo em prol da novidade. A importância do capital semente é muito reconhecida em países como os Estados Unidos. No Brasil, ainda engatinhamos nesse aspecto. Quais os entraves para que esse tipo de recurso deslanche no País? Primeiramente, a economia tem de estar favorável para receber novos negócios. Mas a taxa de juros ainda é uma barreira enorme. O custo para se obter capital de giro é absurdo e desencoraja o empreendedor. A carga tributária e a burocracia que cercam a legislação trabalhista estimulam a atividade informal. Os procedimentos fiscais referentes aos impostos sofrem alterações constantemente e o funcionário admitido em regime CLT custa o dobro do salário que recebe. O cenário econômico brasileiro está em momento promissor de aquecimento. Como fundos como o Criatec podem contribuir para esse cenário? O investimento em inovação apoia produtos que fazem a diferença, gerando empregos qualificados e riqueza. Um exemplo promissor é o grupo de Minas Gerais, que criou um mecanismo de busca chamado Acuan – “achei” em tupi-guarani. No ano passado, eles foram adquiridos pela Google e passaram a ser seu centro de desenvolvimento tecnológico na América Latina. Os empresários estão devidamente preparados para receber as apostas dos fundos? O preparo para o capital de risco de uma forma geral é deficiente. Falta instrução sobre as operações, empreendedorismo e literatura sobre os temas. Quais são os critérios para que um empresário possa contar com os benefícios do Criatec?

Fazemos uma avaliação qualitativa para conferir se a proposta contempla uma tecnologia consistente, se o empreendedor tem propriedade intelectual sobre o assunto, se produto oferecido tem espaço no mercado. Além disso, analisamos cuidadosamente o grau de persistência do empreendedor – se ele tem condições suficientes de levar adiante um ideal diante das hostilidades que enfrentam as pequenas e médias empresas.

Além do investimento, vocês participam ativamente da gestão das empresas, dando suporte estratégico e gerencial ao empreendedor, ajudando na seleção e formação da equipe, definindo metas e acompanhando os resultados. De que maneira isso se aplica na prática e quais os benefícios que esse apoio reverte ao empresário?

Em sua opinião, qual a região do País mais fértil em ideias? Recebemos solicitações de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Florianópolis. Mas não há como destacar uma região pelas ideias - a não ser em relação à estrutura e apoio aos empresários. Neste quesito, a capital catarinense desponta pelo excelente nível de vida e educacional – que compõem um ambiente muito favorável para empreender. Sem contar o apoio fundamental da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) que atua desde 1896 em prol do desenvolvimento do setor. Trata-se de uma incubadora tão eficiente quanto o Cietec.

Apoiamos o empresário no tocante à gestão e estruturação de seu negócio, pois sabemos que o respaldo do setor público é deficiente. Visitamos as investidas semanalmente e damos orientação fiscal para que seu gestor não seja assassinado pelos impostos, disponibilizamos nosso conselho de administração e contratação de recursos humanos. Com isso, a empresa passa a ter um valor intangível diante do mercado.

Estamos sempre atentos às ideias provenientes do Cietec, pois sabemos a qualidade e a eficiência dos serviços e apoio prestado às associadas. Caminhamos no mesmo sentido, incentivando bons projetos

Dentre as associadas ao Cietec, duas delas são investidas do Criatec: a Magnamed, com módulos utilizados em ventiladores de terapia intensiva e aparelhos de anestesia; e a BR3, que desenvolve e comercializa tecnologias em defensivos agrícolas. Ambas se projetaram e colheram bons frutos com a parceria. Há prospecções futuras com outras empresas associadas? Estamos sempre atentos às ideias provenientes do Cietec, pois sabemos a qualidade e eficiência dos serviços e apoio prestado às associadas. Caminhamos no mesmo sentido no incentivo de bons projetos. Quais as projeções para o próximo ano? Há um montante de investimento maior destinado a alguma área específica? Qual a área e qual a previsão dos valores? O montante inicial era de R$100 milhões, dos quais já injetamos metade. Foram 27 projetos aprovados em dois anos pelo Criatec. Com a outra metade, pretendemos contemplar diversas áreas e não concentrar apenas em um setor, para distribuir o capital de risco. Mas gostaríamos de ver mais projetos no segmento de energia limpa – área que enxergamos um potencial significativo.

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institucional relatório anual de atividades

Desafios renovados Cietec divulga Relatório Anual de Atividades de 2009 com números recordes e anuncia novo posicionamento estratégico. Empresas associadas faturaram mais de R$ 41 milhões no ano passado. Pós-incubação é uma das áreas que deve ganhar propulsão na estrutura da entidade

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mpreendedores de todo o mundo já entenderam o recado: é preciso aderir a um novo desenho do mercado que prima cada vez mais por inovação, qualidade de investimentos e parceiros de peso. Só assim é possível competir. Feita a lição de casa, o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) soube colher expressivos resultados em seus primeiros dez anos de existência e consolidar indicadores. Tanto que o Relatório Anual de Atividades de 2009, que acabou de ser divulgado, traz números importantes, como o faturamento registrado pelas empresas associadas, que fecharam o ano com R$ 41,2 milhões. Outro destaque diz respeito ao volume de recursos financeiros obtidos pelo Cietec para seu próprio custeio em 2009: R$ 1,25 milhão e também ao número recorde de empresas aprovadas para incubação na entidade: ao todo, foram 59 novos empreendimentos, com 93 projetos inscritos para o processo de seleção, muitos dos quais oriundos do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), da Finep. Juntamente com os indicadores, o Cietec decidiu apresentar um reposicionamento, definindo suas estruturas de negócio para processo de incubação e pós-incubação. Essa mudança reforça igualmente um novo foco: o de ampliar as polí-

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ticas de incentivo não somente para atender às demandas das empresas associadas a suas incubadoras de empresas, mas apoiar e fortalecer micro e pequenos empreendimentos que já estão em um momento de amadurecimento de suas atividades no mercado, ou seja, em fase de pós-incubação. “Não se pode esperar outra coisa do Cietec a não ser protagonismo nesse cenário, abrigando e apoiando células que dão origem a produtos e processos com valor agregado e contribuindo para o surgimento de negócios rentáveis. À medida que as esferas de atuação se revelam ampliadas, os olhares se voltam também para a pós-incubação”, ressalta Cláudio Rodrigues, diretor-presidente do Cietec, que aposta na maior inserção das associadas no mercado internacional para os próximos anos. O Cietec encerrou 2009 com 124 empresas tecnológicas inovadoras associadas, as quais geraram, nesse período, perto de 900 postos de trabalho de qualidade: outro número recorde. José Carlos de Lucena, coordenador técnico do Cietec e um dos responsáveis pelo Relatório Anual de Atividades, afirma que para cada unidade de real investida no Cietec, outros R$ 8,75 foram recuperados em formato de impostos pelos cofres públicos em 2009. “O quadro atesta o compromisso com a integração e a ampliação dos valores interno e externo da chamada inteligência competitiva empresarial. E não se trata apenas de produtos e serviços altamente tecnológicos, mas também como geradores de importantes divisas para as esferas públicas federal, estadual e municipal, o que converte benefícios a toda a sociedade”, pondera. Novas instalações No dia 1º de setembro, o Cietec recebeu a visita do ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que recebeu das mãos do diretor-presidente da entidade o Relatório Anual de Atividades. Na ocasião, foi anunciada a instalação de mais um módulo que passará a integrar o Núcleo de Empresas e Empreendimentos Tecnológicos Inovadores que, atualmente, abriga 16 empresas, distribuídas em dois blocos que somam 6 mil m² de área construída, e cada uma delas possui à disposição espaços com cerca de 200 m².

Número de empresas associadas

121

2008

124

2009

de potencial de crescimento em inovação e rentabilidade, entre elas, um avião para monitoramento não tripulado da Xmobots, os primeiros stents coronários fabricados no País pela Innovatech, um carro elétrico movido a bateria da empresa Electrocell e a produção de moléculas químicas farmacêuticas da Sintefina, braço de P&D da Indústria Farmacêutica Biolab, todas elas associadas ao Cietec. O estreitamento de laços com o Ministério da Ciência e Tecnologia representa um momento não apenas para reflexão dos indicadores apresentados pelo Cietec, mas também para redirecionamento de objetivos estratégicos, principalmente após a descontinuidade dos recursos financeiros oriundos de convênio com o Sebrae-SP em julho deste ano. “Essa descontinuidade representa uma perda orçamentária de 45%. Somente em 2009, o Sebrae-SP aportou mais de R$ 915 mil em recursos financeiros no Cietec. O fim, ainda que temporário, desta parceria representa uma nova fase na busca de parceiros e oportunidades. Vamos olhar adiante”, incentiva Cláudio Rodrigues, diretor-presidente.

recursos financeiros obtidos para custeio das atividades do cietec 1.649,3

Total em R$ mil

1.441,8 1.441,8

902,7 902,7

1.251,5 1.251,5 1.441,8

1.649,3

1.249,3

1.251,5

902,7

2006 2007 2007

2006 2006

2007 2008 2008

2008 2009

2009

Origem em R$ mil 915,5 820,6

R$

8,75

RETORNARAM AO PAÍS NA FORMA DE IMPOSTOS A CADA R$ 1,00 APORTADO NO CIETEC PELO SEBRAE-SP EM 2009

430,9 245,7 88,1 2008

2009

convênio Sebrae-Sp convênio Finep mct - lei de informática

Sergio Rezende ainda conheceu de perto algumas das iniciativas que apresentam gran-

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visão

Ricardo Benichio

Pessoas: esse é nosso negócio Sérgio W. Risola diretor-executivo do Cietec e presidente do Conselho Deliberativo da Rede Paulista de Incubadoras (RPI)

a

gestão ou “management” adquire contornos próprios do momento em que vivemos, ou seja, de profundas transformações no modelo de administrar as organizações. E esses novos comportamentos organizacionais demandam pesquisas para entender o que as pessoas fazem e como essas atitudes podem afetar o desempenho das organizações Com o objetivo de nos mantermos atualizados em relação ao dia a dia da gestão do empreendedorismo e da inovação e ainda sob a ótica das novas estruturas organizacionais, nos refugiamos novamente na sala de aula. Dezenove atores do empreendedorismo inovador brasileiro, incluídos nestes Oscar e eu, participaram do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão de Habitats de Inovação, realizado na FIA/USP. A entidade organizadora da empreitada foi a Anprotec, sob o patrocínio do Sebrae-Nacional. Além do conteúdo técnico extremamente qualificado, os temas relacionados à gestão de pessoas permearam boa parte da grade. Bateu-se muito na tecla: como obter mais dos líderes que comandam essas organizações que denominamos habitats de inovação. E falando em gente, do livro Interfaces, do amigo José Alberto Sampaio Aranha, faço a mixagem de algumas reflexões: na organização o importante não é ter indivíduos que aprendem, mas grupos que absorvem o conhecimento, o incorporam e o transformam em conduta coletiva e, em razão disso, trocase o nome dos novos gestores por dinamizadores da inteligência coletiva, transformando grupos heterogêneos, unidades e departamentos em comunidades inteligentes, flexíveis, autônomas e ainda felizes.

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Para promover essas transformações, é necessário administrar o conhecimento, definindo e implementando estratégias com a participação de todos os segmentos da organização, criando assim um ambiente inovador, sinérgico e compatível entre os valores das pessoas e os valores da entidade. Portanto, esse líder deve ser projetista, professor e, acima de tudo, um regente. Para que isso também possa acontecer, deve-se recordar Peter Drucker quando pregou que as organizações que atuam nas sociedades baseadas em conhecimento podem melhorar seu desempenho obtendo mais das mesmas pessoas. E ainda realço o que julgo de mais profundo em seu último livro: “em forte contraste com os trabalhadores de ontem, para os quais um emprego era acima de tudo um meio de vida, os trabalhadores do conhecimento, em sua maioria, veem seu trabalho como sentido de vida”. Vale ainda uma reflexão sobre uma máxima do indiano C. K. Prahalad (19412010), também alvo de nossos estudos: “os bons líderes são como os cães pastores: latir muito, mas não morder e saber onde ir sem perder o rebanho. Esse líder deve ser capaz de compreender o modo de criar consenso, ter disposição para escutar os que discordarem dele e para liderar a partir de trás, o que implicará muita humildade”. Com o foco nas pessoas é que procuramos administrar o Cietec e, por extensão, permitir que os empresários nascidos nesse ambiente inspirem-se neste comportamento e, assim, possam cumprir melhor os objetivos de seu plano de negócios.


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