Revista Goiás Industrial n. 271 - Agosto 2016

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ANO 64 / Nº 271 / AGOSTO 2016

ENTREVISTA

SENAI GOIÁS

IEL GOIÁS

Edson Luiz Cardoso Pereira, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), descreve como a sociedade se mobilizou para reforçar o dinamismo econômico da cidade, reduzir pontos vulneráveis e assegurar melhoras na qualidade de vida, num exemplo para Goiânia

UMA PARCERIA PARA QUALIFICAR E INCLUIR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

AVANÇO DO ESTÁGIO MUDA A VIDA DE JOVENS NO ENTORNO DO DISTRITO FEDERAL

RE V I S TA D O S I S TEMA F EDERA ÇÃ O DA S I NDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS

GOIÂNIA RUMO AOS 100 ANOS

E agora,

PREFEITO? LÍDERES E REPRESENTANTES DE DIVERSOS SEGMENTOS DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA CONSTROEM MAPA ESTRATÉGICO PARA COLOCAR GOIÂNIA ENTRE AS CINCO Eleições MELHORES CIDADES DO PAÍS 2016 A ECONOMIA ESTRANGULADA

EM MOBILIZAÇÃO INÉDITA, EMPRESAS E SINDICATOS COMBATEM OS JUROS ALTOS


s

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Cláudia Oseki

ÍNDICE

REVISTA DO SISTEMA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS

Nº 271 /AGOSTO 2016

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/ Capitão Waldyr O'Dwyer chega aos 100 anos e recebe homenagens

MERCADO DE TRABALHO

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/ IEL intensifica programa de estágios no Entorno do Distrito Federal

PCDS

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/ Senai promove parcerias para qualificação de pessoas com deficiência

CAPA

shutterstock

PIONEIRISMO

Goiânia rumo aos 100 anos

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/ Colocar Goiânia entre as cinco melhores cidades do País até 2033, quando a capital vai comemorar seu centenário. É o que pretendem associações de classe, entidades do setor produtivo, sindicatos, profissionais liberais e representantes da academia em Goiás ao pôr em marcha mobilização para definir um programa destinado a melhorar a qualidade de vida e a renda na capital do Estado. O espelho é a cidade paranaense de Maringá, cuja caminhada iniciada nos anos 1990 reforçou o dinamismo econômico da cidade paranaense e reduziu suas vulnerabilidades, com melhora sensível na qualidade de vida. O desafio para Goiânia, que atualmente ocupa o 45º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no País, é o assunto da reportagem de capa desta edição de Goiás Industrial, assinada pelo editor Lauro Veiga Filho. Um tema oportuno, no momento em que se avizinha a eleição para escolha de prefeitos e vereadores. No artigo Eficiência pública já!, o presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira, cobra a necessidade urgente de melhoria da qualidade no serviço público brasileiro, diante da constatação da má aplicação de recursos oriundos da espiral de uma das mais altas cargas tributárias no mundo.

PROMOÇÃO COMERCIAL

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/ Fieg começa a emitir ATA Carnet, “passaporte” para o mundo

MACROECONOMIA

ENTREVISTA

GENTE DA INDÚSTRIA

40

/ Novos produtos no mercado, investimentos e ações estratégicas

GIRO PELOS SINDICATOS

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/ Promoções, debates e ações em defesa das indústrias

8/

Num exemplo para Goiânia, o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), Edson Luiz Cardoso Pereira, mostra como a sociedade conseguiu construir alternativas para o futuro da cidade paranaense, que já se prepara para estabelecer programas e metas para as próximas três décadas.

23

/ Movimento une empresários e trabalhadores contra juros extorsivos

ARTIGOS

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/ Os desafios da indústria 4.0 para o Brasil

/ Inclusão em tempos de crise

GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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SISTEMA INDÚSTRIA

SISTEMA FIEG

Diretores

Federação das Indústrias do Estado de Goiás Presidente: Pedro Alves de Oliveira

Sandro Antônio Scodro Mabel Otávio Lage de Siqueira Filho José Nivaldo de Oliveira Jaime Canedo Pedro Silvério Pereira Joaquim Guilherme Barbosa de Souza João Essado Elvis Roberson Pinto Silvio Inácio da Silva Eliton Rodrigues Fernandes Olympio José Abrão Carlos Roberto Viana Luiz Gonzaga de Almeida Luiz Ledra José Antônio Vitti José Luiz Martin Abuli Welington Soares Carrijo Álvaro Otávio Dantas Maia Jair Rizzi Robson Peixoto Braga Edilson Borges de Souza José Divino Arruda Domingos Sávio Gomes de Oliveira Eduardo Cunha Zuppani Mário Renato Guimarães de Azeredo Emílio Carlos Bittar Antônio Benedito dos Santos Leopoldo Moreira Neto

FIEG REGIONAL ANÁPOLIS Presidente: Wilson de Oliveira Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Bairro Jundiaí, CEP 75113-630, Anápolis-GO Fone/Fax (62) 3324-5768 / 3311-5565 E-mail: fieg.regional@sistemafieg.org.br SESI Serviço Social da Indústria Diretor Regional: Pedro Alves de Oliveira Superintendente: Paulo Vargas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Diretor Regional: Paulo Vargas IEL Instituto Euvaldo Lodi Diretor: Hélio Naves Superintendente: Humberto Oliveira ICQ BRASIL Instituto de Certificação Qualidade Brasil Diretor: Carlos Alberto de Paula Moura Jr. Superintendente: Dayana Costa Freitas Brito

Conselho fiscal

DIRETORIA DA FIEG (2015-2018)

Célio Eustáquio de Moura Jerry Alexandre de Oliveira Paula Orizomar Araújo Siqueira

Presidente: Pedro Alves de Oliveira

Conselho de representantes junto à CNI

1º Vice-presidente: Wilson de Oliveira

Pedro Alves de Oliveira Paulo Afonso Ferreira

2º Vice-presidente: Antônio de Sousa Almeida

Conselho de Representantes junto à Fieg

3º Vice-presidente: Gilberto Martins da Costa

Abílio Pereira Soares Júnior Ailton Aires Mesquita Alexandre Araújo Moura Alexandre Baldy de Sant’anna Braga Álvaro Otávio Dantas Maia Antônio Alves de Deus Antônio Benedito dos Santos Antônio Humberto Alves de Sousa Bruno Franco Beraldi Coelho Carlos Alberto de Paula Moura Júnior Carlos Alberto Vieira Soares

1º Diretor Secretário: Carlos Alberto de Paula Moura Júnior 2º Diretor Secretário: Heribaldo Egídio 1º Diretor Financeiro: André Luiz Baptista Lins Rocha 2º Diretor Financeiro: Hélio Naves

EXPEDIENTE

Direção José Eduardo de Andrade Neto Coordenação de jornalismo Geraldo Neto Edição Lauro Veiga Filho e Dehovan Lima

R E V I S TA D O S I S T E M A F E D E R A Ç Ã O D A S I N D Ú S T R I A S D O E S TA D O D E G O I Á S

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Reportagem Andelaide Lima, Célia Oliveira, Daniela Ribeiro, Nathalya Toaliari e

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Carlos Roberto Viana Célio Eustáquio de Moura Daniel Viana Domingos Sávio G. de Oliveira Edilson Borges de Sousa Eduardo Cunha Zuppani Eduardo José de Farias Eliton Rodrigues Fernandes Elvis Roberson Pinto Enoque Pimentel do Nascimento Emílio Carlos Bittar Eurípedes Felizardo Nunes Fábio Rassi Flávio Paiva Ferrari Flávio Santana Rassi Gilberto Martins da Costa Hélio Naves Heitor de Oliveira Nato Neto Heribaldo Egídio Ian Moreira Silva Jaime Canedo Jair Rizzi Jerry Alexandre de Oliveira Paula Joana D'Arc da Silva João Essado Joaquim Cordeiro de Lima Joaquim Guilherme Barbosa de Souza José Alves Pereira José Antônio Vitti José Divino Arruda José Luiz Martin Abuli José Magno Pato José Romualdo Maranhão Laerte Simão Leopoldo Moreira Neto Luiz Antônio Gonçalves Fidelis Luiz Antônio Vessani Luiz Gonzaga de Almeida Luiz Rézio Marley Antônio Rocha Olavo Martins Barros Orizomar Araújo de Siqueira Otávio Lage de Siqueira Filho Paulo Lobo de Araújo Júnior Paulo Sérgio de Carvalho Castro Pedro Alves de Oliveira Pedro de Souza Cunha Júnior Plínio Boechat Lopes Roberto Elias de Lima Fernandes Robson Peixoto Braga Sandro Antônio Scodro Mabel Sávio Cruvinel Câmara

Janaina Staciarini e Corrêa Colaboração Welington da Silva Vieira Fotografia Alex Malheiros Projeto gráfico Jorge Del Bianco

Capa, ilustrações, diagramação e produção Jorge Del Bianco DC Design Gráfico e Comunicação Impressão Gráfica Kelps Departamento Comercial (62) 3219-1720

Sílvio Inácio da Silva Ubiratan da Silva Lopes Valdenício Rodrigues de Andrade Wilson de Oliveira

CONSELHOS TEMÁTICOS Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação Presidente: Heribaldo Egídio Conselho Temático de Meio Ambiente Presidente: Pedro Silvério Pereira Conselho Temático de Infraestrutura Presidente: Célio Eustáquio de Moura Conselho Temático de Relações do Trabalho Presidente: Olympio José Abrão Conselho Temático de Micro e Pequena Empresa Presidente: Jaime Canedo Conselho Temático de Responsabilidade Social Presidente: Antônio de Sousa Almeida Conselho Temático de Agronegócios Presidente: Joaquim Guilherme Barbosa de Souza Conselho Temático de Comércio Exterior e Negócios Internacionais Presidente: Emílio Bittar Conselho Temático Fieg Jovem Presidente: Leandro Almeida Conselho Temático de Desenvolvimento Urbano Presidente: Ilézio Inácio Ferreira Câmara Setorial de Mineração Presidente:Wilson Borges Câmara Setorial da Indústria da Construção Presidente: Sarkis Nabi Curi

Redação e correspondência Av. Araguaia, nº 1.544,Ed. Albano Franco, Casa da Indústria - Vila Nova CEP 74645-070 - Goiânia-GO Fone (62) 3219-1300 - Fax (62) 3229-2975 Home page: www.sistemafieg.org.br E-mail: ascom@sistemafieg.org.br As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista


OPINIÃO

Eficiência pública já!

P

esquisa realizada recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Ibope, mostra evolução crescente da insatisfação dos brasileiros com a qualidade dos serviços públicos em contrapartida ao volume do que o governo arrecada em impostos – o Brasil é o país com a maior quantidade de impostos, taxas e contribuições diferentes, totalizando 92 tipos. Além disso, tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, de 35,42% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo cálculo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Um índice considerado bem acima do razoável por especialistas, para quem cargas tributárias de 30% do PIB são preocupantes e acima de 35% são indesejáveis porque travam o crescimento da economia. Na contramão, os recursos públicos são mal utilizados, sentenciam 8 em cada 10 brasileiros, como apontam números da pesquisa da CNI-Ibope (www.portaldaindustria.com.br) . Ou seja, a baixa qualidade dos serviços públicos se deve mais à má gestão dos recursos do que à falta deles. Para 80% dos entrevistados, o governo deve reduzir as despesas atuais para diminuir os déficits orçamentários. É um retrato sem retoque da realidade brasileira, que merece atenção tanto do governo federal, sobretudo neste momento de consolidação do mandato do presidente em exercício Michel Temer, quanto dos gestores públicos nas esferas estadual e municipal, muito especialmente dos prefeitos que serão eleitos em outubro, tema de reportagem de capa desta edição de Goiás Industrial. A saúde e a segurança têm as piores avaliações entre os 13 serviços analisados na pesquisa da CNI, com índices de 20 e 22 pontos, em uma escala em que valores superiores a 50 representam a parcela da população que considera o serviço de alta ou muita qualidade – não alcançados por nenhum deles. Seis dos serviços tiveram queda em relação à pesquisa anterior, realizada em julho de 2013.

É um retrato sem retoque da “realidade brasileira, que merece

atenção tanto do governo federal, sobretudo neste momento de consolidação do mandato do presidente em exercício Michel Temer, quanto dos gestores públicos nas esferas estadual e municipal.”

PEDRO ALVES DE OLIVEIRA, presidente da Fieg e do Conselho Deliberativo do Sebrae-Go

Se, como indica a pesquisa, a grande maioria dos brasileiros acredita que o governo já arrecada muito e não precisa aumentar os impostos para melhorar os serviços públicos, uma palavrinha mágica surge como verdadeiro condão para os governantes: eficiência. É exatamente isso que recomenda a Agenda para o Brasil sair da Crise 2016/18, documento desenvolvido pela CNI, que defende como centro norteador da revisão de políticas públicas o aumento da produtividade e competitividade da economia, ao lado do ajuste fiscal de longo prazo. Para tanto, a prioridade para os governantes deve ser a eficiência do Estado, que não pode prescindir da reforma da Previdência Social e da implementação de mecanismos de controle do gasto público. Uma gestão pública eficiente é o que reclama toda a sociedade e isso não pode mais ser postergado, sob risco de comprometer toda a dinâmica da economia e dificultar ainda mais a superação da crise que assola o País, com enormes prejuízos para as empresas e a população, ao inibir investimentos e extinguir milhares de empregos.  GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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PIONEIRISMO

“PARABÉNS PRA VOCÊ”: Aniversariante sopra velas, ao lado do governador Marconi Perillo, do filho William (Bill), do presidente da Fieg, Pedro Alves, e do prefeito de Anápolis, João Gomes

WALDYR O’DWYER, A vitalidade do Capitão da Indústria Pioneiro da indústria em Goiás, empresário reúne personalidades do mundo político e empresarial na celebração de seu centésimo aniversário Dehovan Lima e Claudius Brito

U

ma festa à altura do homenageado e de seu legado como empreendedor, líder classista e pioneiro da industrialização do Estado. A comemoração dos cem anos do empresário Waldyr O’Dwyer, dia 12 de julho, em Anápolis, mobilizou os meios político, empresarial, militar e diplomático. Muita emoção marcou a celebração de uma missa em ação de graças, pelo bispo d. João Wilk, na Igreja São Francisco de Assis, no Bairro Jundiaí, seguida, de apresentação especial da Banda de Música da Base Aérea, entoando a Canção do Exército. Mais de 300 pessoas lotaram o salão paroquial para levar seu abraço ao aniversariante ilustre.

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100

anos

“Goiás não teria chegado aonde chegou sem a contribuição do Capitão Waldyr”, discursou o governador Marconi Perillo. “O Capitão Waldyr é um homem que sempre pensou além de seu tempo. Uma prova disso foi sua luta pelo projeto da Plataforma Logística. Anápolis reconhece seu valor, sua luta e sua história”, acrescentou o prefeito João Gomes. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, ressaltou a contribuição dada pelo empresário à industrialização de Goiás, como membro da diretoria da entidade e como conselheiro do Sesi e do Senai. “O Capitão Waldyr é motivo de orgulho para o Sistema Fieg. Sua luta, seu trabalho e determinação foram fundamentais para o crescimento da indústria de Goiás”, frisou Pedro Alves, acrescentando que o setor tem uma dívida impagável com o homenageado por essa valorosa contribuição.


HISTÓRIA: Homenageado recebe

cumprimentos da jornalista Cássia Fernandes, produtora do documentário 100 Anos de História – Waldyr O’Dwyer, o Capitão da Indústria

do Estado, com valiosa contribuição para sua consolidação como uma das mais dinâmicas do País. Atualmente, Capitão Waldyr é diretor presidente do Grupo Anadiesel, presidente de honra da Fieg Regional Anápolis e conselheiro da Fieg, da Associação Comercial e Industrial de Anápolis e do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Mecânica e Material Elétrico de Anápolis. FIEG REGIONAL ANÁPOLIS NASCEU COM O´DWYER

MARCO: Placa comemorativa dos cem anos do Capitão Waldyr é entregue pelo governador Marconi Perillo e pelo presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira

Também prestigiaram o evento o vice-presidente da CNI, Paulo Afonso Ferreira, o presidente da Fieg Regional Anápolis, Wilson de Oliveira, o presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), Ubiratan Lopes; os embaixadores da Irlanda, Brian Glynn; da Alemanha, Dirk Brengelmann; e Holanda, Han Peters, e o general de brigada da 11ª Região Militar, Riyuzo Ikeda, representando o Exército Brasileiro. HISTÓRIA LIGADA À INDUSTRIALIZAÇÃO

A noite comemorativa reservava ainda mais emoção e teve como ponto alto a exibição do documentário 100 Anos de História – Waldyr O’Dwyer, o Capitão da Indústria, que retrata a trajetória do hoje

presidente de honra da Fieg Regional Anápolis. O filme foi produzido pela jornalista Cássia Fernandes, de La Lumière – A Casa de Todas as Histórias. Nascido no Rio de Janeiro em 1916, filho de Pedro e Guiomar Paiva O’Dwyer, o Capitão da Indústria tem vida repleta de lutas pelo País e por Goiás. Ex-integrante da Força Expedicionária Brasileira, combateu na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Após o conflito, foi transferido com seu batalhão para Ipameri (GO), onde construiu a primeira câmara frigorífica de Goiás. Ali, casou-se em 1946 com Hertha Layser, que faleceu em 1982. Na década de 50, nasceram os filhos, William e Cynthia. Nos anos 60, mudou-se para Anápolis, onde se tornaria importante líder classista, ocupando vários cargos na Fieg. Sua história se confunde com a da industrialização

Atual presidente da Fieg Regional Anápolis, o empresário Wilson de Oliveira ressaltou que seu antecessor no cargo (de 1999 a 2011) possui larga folha de serviços prestados à cidade, a Goiás e ao Brasil. Conforme observou, o homenageado teve participação exemplar em trabalho voluntário, servindo por cerca de 70 anos ao Rotary, sendo um de seus membros mais antigos e atuantes. Wilson de Oliveira destacou também que foi por meio da atuação do Capitão Waldyr que a Federação das Indústrias do Estado de Goiás criou, em 1999, seu primeiro “braço” fora da capital. Naquele ano, foi criado o Núcleo da Fieg de Anápolis, que começou a ser projetado na gestão do empresário Aquino Porto e foi inaugurado por seu sucessor, Paulo Afonso Ferreira, e transformado posteriormente em Regional. Hoje, seis sindicatos patronais estão abrigados na Fieg Regional Anápolis, oferecendo valiosa contribuição para o fortalecimento da indústria. “O Capitão Waldyr é um exemplo e uma inspiração para nós que exercemos o classismo e o voluntariado”, disse Wilson de Oliveira.  GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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ENTREVISTA | CODEM MARINGÁ - EDSON LUIZ CARDOSO PEREIRA

Uma cidade

REPAGINADA Modelo para Goiânia, o movimento iniciado no começo da década de 1990, que teve como primeiro resultado a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), por meio de lei municipal, conseguiu mobilizar e envolver a sociedade e o poder público num projeto que reforçou o dinamismo econômico da cidade paranaense e reduziu suas vulnerabilidades, com melhora sensível na qualidade de vida. Segundo Edson Luiz Cardoso Pereira, presidente do Codem, o projeto Maringá 2020, lançado em 1997, atingiu seus objetivos em dez anos, seguindo-se o lançamento do programa Maringá 2030. Com medidas e políticas já encaminhadas, o conselho prepara a terceira ofensiva, agora destinada a preparar a cidade para 2047. Goiás Industrial – Quais motivos levaram lideranças do setor produtivo e da academia a se articular para criar um movimento em favor da cidade de Maringá? Quais eram os problemas a serem enfrentados então e quais setores estiveram envolvidos nessa articulação?

Edson Luiz Cardoso Pereira – Desde sua fundação por investidores ingleses, o setor produtivo de Maringá juntamente com o poder público manteve a tradição de preservar a cidade organizada e planejada. No início da década de 1990, as mudanças políticas e econômicas que afetaram todo o País serviram de alerta para que os municípios se mobilizassem de maneira mais efetiva a fim de fortalecer o dinamismo econômico de suas localidades, mitigando suas vulnerabilidades. Foi a partir deste cenário que as lideranças de Maringá, capitaneadas por empresários representados pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá, por industriais representados pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná, por intelectuais representados pelas instituições de ensino superior, e por lideranças de sindicatos, associações, clubes de serviço e igrejas concluíram que a cidade necessitava que suas instituições sólidas e perenes representassem mais a sociedade civil organizada em sua visão planejada de futuro, participando com o poder público das tomadas de decisões 8

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estratégicas, construindo assim um município mais resiliente, dinâmico e inovador, e preservando a qualidade de vida de sua população. Através do debate sobre a maior participação da sociedade civil organizada nas decisões estratégicas de futuro da cidade, a Associação Comercial criou em 1993 o movimento Repensando Maringá. Centenas de representantes das mais atuantes instituições da sociedade reuniram-se para decidir quais estratégias a cidade deveria tomar para ser atrativa e ao mesmo tempo mantendo a qualidade de vida de seus cidadãos. Só para citar alguns atores, a discussão da cidade envolve a participação de sindicatos patronais e laborais, associações, conselhos, presidentes de bairro, bancos, clubes de serviço como Rotary e Lions, instituições de ensino superior públicas e privadas, autarquias públicas, institutos, igrejas como a Católica, lojas maçônicas, cooperativas, Sistema S, meios de comunicação, jornalistas e profissionais liberais, e, claro, o prefeito e seus secretários municipais e a Câmara de Vereadores. Esse envolvimento de todos os atores da sociedade é fundamental para o ambiente de pertencimento coletivo que cada cidadão tem de ter de sua cidade. Goiás Industrial – Como surgiu o Codem e quais seus encargos e poderes? Por que institucionalizar a criação do


ESSE ENVOLVIMENTO DE TODOS OS ATORES DA SOCIEDADE É FUNDAMENTAL PARA O AMBIENTE DE PERTENCIMENTO COLETIVO QUE CADA CIDADÃO TEM DE TER DE SUA CIDADE”

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ENTREVISTA | CODEM MARINGÁ - EDSON LUIZ CARDOSO PEREIRA

conselho por meio de lei municipal? O envolvimento do setor público nesse processo agregou vantagens ou gerou dificuldades adicionais, burocratizando as decisões do conselho, por exemplo? Cardoso – A partir do movimen-

O CODEM FOI INSTITUÍDO POR LEI MUNICIPAL, CONTUDO, O MAIS IMPORTANTE NÃO É A LEI, MAS SIM A MATURIDADE DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E DO PODER PÚBLICO PARA GARANTIR O PLENO DEBATE DO FUTURO DA CIDADE”

to Repensando Maringá, a cidade havia identificado a importância de um conselho que fosse municipal, consultivo, voluntário e apartidário, formado pelas instituições mais atuantes da sociedade civil organizada, em união com o poder público municipal a fim de garantir o planejamento a longo prazo. Assim, foi criado o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá, para ser a entidade guardiã dos grandes projetos de futuro da cidade. Por ser um conselho municipal, de relevância pública e com representação do poder público, ao contrário de um conselho comunitário formado apenas por voluntários da sociedade civil organizada, o Codem foi instituído por lei municipal. Contudo, o mais importante não é a lei em si, mas sim a maturidade da sociedade civil organizada e do poder público para garantir o pleno debate do futuro da cidade. Entendemos que o poder público é parte integrante e fundamental de uma cidade. Dizemos que o melhor prefeito que uma cidade pode ter é o prefeito que está eleito, porque é com ele que a cidade vai trabalhar nos próximos quatro anos. Qual prefeito que não quer as grandes lideranças da cidade auxiliando de forma voluntária sua gestão? Ao mesmo tempo, a comunidade tem de aprender a ouvir o poder público e compreender suas limitações como prestador de serviços. Qual sociedade que não quer que seu prefeito venha participar das discussões de suas necessidades? E nesse formato, o Codem não interfere nas competências da gestão pública, nem o prefeito interfere nas competências do conselho municipal. O que existe é integração e não interferência. Exemplos dessa integração são os encargos do Codem, uma questão secundária, porque isso depende da dinâmica colaborativa de cada cidade. Quanto aos encargos, o único custo que o Codem possui é de sua secretaria executiva, que são os técnicos que dão expediente, secretariando as reuniões, as câmaras técnicas e as comitivas que aqui chegam, auxiliando com pesquisas e levantamentos econômicos. Hoje, essa equipe de quatro funcionários e dois estagiários é contratada pela prefeitura, mas a escolha de quem vai ser nomeado se dá por critérios técnicos avaliados pela diretoria do Codem. Porém, cada cidade que possui um conselho municipal aos moldes do Codem custeia sua equipe técnica e adequa a função de cada profissional de acordo com a necessidade de sua localidade. Como eu disse, 10

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é uma questão secundária, pois o custo da equipe executiva de um conselho como o Codem sempre será menor diante do ganho de centenas de entidades contribuindo voluntariamente com o futuro sustentável da cidade. Essa que é a essência do Codem: o voluntariado apartidário das lideranças do setor produtivo e das academias em conjunto com os poderes públicos. E isso não é encargo. É ganho. Goiás Industrial – Quais foram

os temas definidos como prioritários pelo Codem? E que soluções foram pensadas para enfrentá-los? Cardoso – O Codem foi criado em 1997 já com a missão

de prevenir que Maringá sofresse no futuro com a perda de seu dinamismo econômico. Frente a este grande desafio, o Codem definiu com mais de cem entidades quais seriam as estratégias prioritárias para Maringá até o ano 2020 com a finalidade de a cidade alcançar o status de resiliência, dinamismo, atratividade e inovação almejados. A comunidade priorizou que a Maringá do futuro deveria assegurar elevados padrões de emprego, renda, educação, saúde, habitação, segurança, entre outros capitais sociais. A partir da vocação de uma cidade prestadora de serviços, também foi enfatizado que Maringá deveria ser um centro de excelência em nível superior e em integração tecnológica, oportunizando negócios com alto valor agregado, elevando assim seu capital intelectual. O resultado desses workshops foi o documento Maringá 2020, elaborado no mesmo ano de 1997. Essa foi a primeira proposta de futuro do Codem. Goiás Industrial – Quando surgiu o projeto Maringá 2020, quais pontos o sr. destacaria como essenciais nesse projeto e que avanços já foram possíveis desde seu lançamento? Cardoso – O documento Maringá 2020 foi um protocolo

de intenções de mais de cem entidades e seus representantes e atuou como um farol indicando para onde a cidade deveria se orientar. Graças a esse guia e à união da sociedade civil organizada, as intenções do Maringá 2020 elaboradas em 1997 já estavam se concretizando em 2007. Maringá já estava consolidando, nesse curto espaço de tempo, os capitais sociais e intelectuais almejados no documento. Foi por isso que, em 2008, o Codem organizou novamente workshops com centenas de entidades atuantes, resultando em um novo protocolo de intenções, visando ao futuro da cidade para o ano de 2030. Esse documento foi


editado e publicado como Maringá 2030. Como Maringá tem essa característica dinâmica, o Codem concluiu em 2014 que as propostas firmadas em 2008 no Maringá 2030 já estavam também no rumo certo. Foi nesse contexto que hoje o Codem tem a visão de compreender a cidade em 2047, quando fará cem anos. Por isso, o planejamento é fundamental. A cidade não fica à mercê de aventuras que podem fracassar e ter um custo muito alto para o cidadão no futuro. Com planejamento, a cidade evita vulnerabilidades desse tipo, e os impactos positivos surgem ao longo dos anos e um avanço induz mais avanços. Com isso, o desafio passa a ser outro. A responsabilidade e o grau de maturidade que se exige das lideranças são muito maiores. Nosso dever é deixar para nossos filhos e netos uma cidade melhor do que a cidade que nos foi deixada pelas gerações anteriores. E para as futuras gerações fica a responsabilidade de continuar com esse trabalho. O trabalho é constante. Goiás Industrial – Quais projetos propostos foram implantados e qual seu estágio de execução atual? Cardoso – Uma das características fundamentais de uma

do Maringá a Londrina, interligando assim duas universidades estaduais dentre as melhores do Sul do País, e dois aeroportos regionais; novo cluster de empresas de tecnologia de informação em uma área de mais de 30 mil m²; parque tecnológico ao lado do novo parque industrial; implantação de um câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná com seis graduações na área de engenharias, entre outros projetos inovadores, como o projeto Masterplan Metrópole de Maringá, que será um conjunto de estudos de alto padrão elaborado por consultorias internacionais com experiências em cidades do mundo inteiro, com orientações estratégicas para Maringá até 2047 em várias áreas. Goiás Industrial – Em que fase se encontra esse projeto? Cardoso – O projeto Masterplan está em andamento e a

primeira etapa, o plano econômico, está em vias de ser entregue este ano, possibilitando as próximas etapas. Mas o mais importante sobre qualquer projeto proposto ou implantado é o cuidado que a sociedade vai ter com este ativo. O cidadão tem de sentir que aquilo é dele também e por isso merece ser cuidado. A cidade é feita de pessoas e para pessoas. Não adianta só planejar e implantar equipamentos na cidade. A cidade tem de ser bem cuidada. O cidadão e as futuras gerações devem aprender a se responsabilizar coletivamente.

cidade que aspira à inovação é seu grau de dinamismo, fruto de uma comunidade vibrante e atuante. Entendemos que uma cidade dinâmica deve criar boas oportunidades para seus habitantes e para seus investidores. Desde a criação do Codem, a sociedade civil organizada e o poder público conseguiram implantar várias Goiás Industrial – Como ocorrem as decisões dentro do propostas que firmaram uma base sólida de oportunidades para conselho e como são encaminhadas? Quais as dificuldades o futuro, como: internacionalização para cargas do aeroporto para sua implantação efetiva? da cidade, que é municipal; criação da Região Metropolitana Cardoso – O Codem é um conselho consultivo e atua em de Maringá, que hoje compõe 26 municípios; implantação de parceria com a sociedade civil organizada e os poderes públicos uma zona de processamento aduaneiro em pleno interior do com o fim de trazer projetos sustentáveis de futuro para a cidade. Estado; implantação de um centro tecnológico com cursos pro- Não cabe ao Codem executar esses projetos. Nós entendemos fissionalizantes; ampliação da incubadora tecnológica; criação que cada poder público tem sua competência. A Câmara Mude um centro de inovação; fortalecimento do arranjo produtivo nicipal tem sua função legal de fiscalizar e legislar. A Prefeitura, local de tecnologia da informação; de fornecer os serviços públicos ao entre outros projetos já consolidados cidadão. E ao setor produtivo, juntaou em andamento. A consolidação mente com sindicatos e associações, desses projetos abriu oportunidade cabe a tarefa de manter sustentável e para novos projetos que hoje estão dinâmica a economia da cidade. Os em fase de planejamento, como polo temas abordados pelo Codem são aeronáutico em uma área de mais discutidos no formato de câmaras ESSA É A ESSÊNCIA DO de 600 mil m², agregando terminal técnicas, onde representantes dos multimodal rodo-ferro-aeroviário, e vários setores afins estudam juntos a CODEM: O VOLUNTARIADO contemplando centro de convenções melhor ação que impacte de maneira APARTIDÁRIO DAS LIDERANÇAS de padrão internacional, parque de positiva a sociedade. Essas decisões DO SETOR PRODUTIVO E DAS exposições para feiras aeronáuticas, e são levadas à diretoria do Codem, ACADEMIAS EM CONJUNTO COM indústrias relacionadas a montagem e que se reúne semanalmente com sua OS PODERES PÚBLICOS. E ISSO manutenção de aeronaves e peças de equipe técnica e com ex-presidentes, aeronaves; trem de passageiros liganquinzenalmente com o prefeito, e NÃO É ENCARGO. É GANHO”

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ENTREVISTA | CODEM MARINGÁ - EDSON LUIZ CARDOSO PEREIRA

mensalmente com suas entidades fundadoras e a comunidade. vidade, para a coisa pública, mas a limitação do poder público é Quanto ao encaminhamento das ações, algumas dependem de sua representatividade com mandatos curtos. O prefeito eleito força política, outras dependem mais do engajamento do empre- tem apenas quatro ou, no máximo, oito anos para executar sua sariado, e outras demandam ações específicas do gestor público. gestão, mas o cidadão vive muito mais do que isso, e muito mais Cabe ao grau de maturidade e de sensibilidade da sociedade, do que o cidadão é a própria existência da cidade. É por isso que representada no Codem e nas demais entidades que compõem quando a cidade tem uma instituição como o Codem, que integra a sociedade civil organizada, acompanhar e cobrar a execução de o setor produtivo, as academias, os prestadores de serviços, e os cada projeto. Dificuldades sempre virão, mas costumamos encarar poderes públicos, todo mundo ganha. É a representatividade como desafios. Se a comunidade local é unida, a força da solução corporativa exercendo sua responsabilidade coletiva. Quando os é muito maior. Por exemplo, existem comitivas de outras cidades conselheiros do Codem estudam ações, eles estão pensando no que vêm conhecer o Codem e, quando perguntamos como as longo prazo, no impacto de suas decisões nas futuras gerações e lideranças da cidade se relacionam, descobrimos que o prefeito não nas instituições às quais ele representa. O resultado desse olhar conversa com a associação comercial, que a Câmara de Vereadores coletivo e de planejamento é sempre positivo. não conversa com a prefeitura, ou então vem o prefeito de uma cidade conhecer o Codem para simplesmente instituir um con- Goiás Industrial – O sr. acredita que esse tipo de expeselho na cidade dele por motivação riência pode ser replicada em pessoal. Uma cidade onde um consecentros urbanos como Goiânia, lho municipal é criado pela vontade por exemplo? Neste caso, quais cuidados ou providências devem do prefeito e não da comunidade ou uma comunidade que não interage ser adotadas para evitar que as com os poderes públicos precisa pripropostas e projetos definidos por um conselho municipal de meiro desenvolver um movimento A CIDADE NÃO FICA À que envolva toda a cidade, onde todas desenvolvimento, nos moldes do MERCÊ DE AVENTURAS QUE as lideranças aprendam a conversar Codem, não se percam e deixem PODEM FRACASSAR E TER UM de ser levados à frente? entre si e encontrar objetivos comuns. CUSTO MUITO ALTO PARA O Foi assim com o Repensando MarinCardoso – Entendemos que a gá, lá em 1994. Devemos lembrar que cidade é a localidade onde o cidadão CIDADÃO NO FUTURO. COM o Codem não surgiu da imposição efetivamente vive. Mesmo os efeiPLANEJAMENTO, A CIDADE EVITA de um grupo, mas que antes de sua tos globais irão refletir na cidade. E VULNERABILIDADES DESSE TIPO” criação foi necessária a maturidade cada cidade tem seus desafios que do movimento Repensando Maringá, são próprios. Cada cidade tem sua que envolveu o debate com centenas de lideranças. Dessa forma, própria história e sua própria dinâmica. Posso citar o exemplo eu digo que o primeiro desafio de uma cidade é fazer com que da cidade de Foz do Iguaçu, aqui no Paraná, e que também teve todas as lideranças públicas e privadas conversem e consigam êxito em implantar um conselho municipal de desenvolvimento definir estrategicamente quais os objetivos comuns. Depois dessa econômico. Apesar de ser uma cidade com cerca de 265 mil etapa vencida, seja qual for o próximo desafio que a cidade tenha, habitantes, 135 mil a menos que Maringá, os desafios de Foz do a solução virá dessa união de lideranças. Iguaçu são completamente diferentes de Maringá. Foz é uma cidade de fronteira, multicultural, com grandes desafios em relação Goiás Industrial – Qual sua avaliação em relação ao trabalho à criminalidade e à marginalidade. Lá, as decisões passam por desenvolvido pelo Codem? muitas instâncias. Além do prefeito, existe a presença do Exército, Cardoso – Como foi dito, as cidades são maiores que seus da usina hidrelétrica, do parque nacional. A comunidade teve cidadãos, tanto no sentido populacional e institucional quanto de superar todos esses desafios e passar a pensar coletivamente. no sentido temporal, pois nossa contribuição como cidadão é Goiânia, por sua vez, sendo uma capital, e com população de limitada pelo nosso tempo de vida, deixando para as futuras cerca de 1,5 milhão de habitantes, ao mesmo tempo em que tem gerações cada benefício e cada ônus. Por isso, é imprescindível instituições mais robustas, os desafios também crescem em escala. que as cidades tenham instituições sérias e sólidas e que cada Os integrantes de um conselho municipal em Goiânia, como cidadão se engaje em causas coletivas, com resultados em escala. em qualquer cidade, dependerão da importância da atuação de Os poderes públicos têm essa função, de pensar e agir na coleti- cada instituição presente na cidade e do quanto essas entidades

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| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016


estão dispostas a sentar na mesma mesa e passar a planejar coletivamente, visando o interesse comum e cuidando dos projetos da cidade ao longo dos anos. Um bom começo é identificar um desafio que seja comum a diferentes instituições e exercitar como elas trabalharão juntas em prol de um mesmo objetivo comum. Talvez outros desafios sejam identificados através do debate entre as lideranças da cidade juntamente com o poder público. O importante é se criar a tradição do movimento pela cidade. As instituições públicas e privadas devem se sentir pertencentes à coletividade e estar sempre se movimentando para o bem coletivo. E esse movimento não tem prazo para ser concluído. Como disse, as cidades são dinâmicas e o movimento que iniciamos deverá ser continuado com as futuras gerações. Enquanto estivermos aqui, somos responsáveis pela cidade que construímos e que deixamos para nossos filhos e netos. 

OS INTEGRANTES DE UM CONSELHO MUNICIPAL EM GOIÂNIA DEPENDERÃO DA IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DE CADA INSTITUIÇÃO PRESENTE NA CIDADE E DO QUANTO ESSAS ENTIDADES ESTÃO DISPOSTAS A SENTAR NA MESMA MESA E PASSAR A PLANEJAR COLETIVAMENTE”

Portal do Município de Maringá

Projeto prevê orientações estratégicas para Maringá até 2047 em diversas áreas

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CAPA | O QUE ESPERAR DOS NOVOS PREFEITOS

E agora,

PREFEITO Representantes da sociedade civil, organizados no Codese, constroem mapa estratégico para colocar Goiânia entre as melhores cidades do País

A

exemplo da caminhada iniciada por Maringá ainda nos anos 1990, associações de classe, entidades do setor produtivo, sindicatos, profissionais liberais e representantes da academia em Goiás articulam-se para que a sociedade civil organizada tome a história nas mãos e lidere um movimento destinado a colocar Goiânia como a quinta cidade com maior

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shutterstock

Lauro Veiga Filho

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no País, saindo do 45º lugar ocupado atualmente. O desafio, espera-se, terá de ser cumprido até 2033, quando a cidade vai comemorar o seu centenário. O exercício da cidadania não pode se esgotar no momento do voto, afirma Renato de Souza Correia, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) e hoje na presidência também do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese). Colocar de pé um projeto como o idealizado pelo conselho, lastreado em planejamento de longo prazo e metas objetivas para criar na cidade ambiente que favo-


Cláudia Oseki

O? Eleições

2016

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CAPA | O QUE ESPERAR DOS NOVOS PREFEITOS

reça o desenvolvimento econômico, com inclusão e preservação ambiental, postula ele, exige “tomada de posição da sociedade civil organizada e seu engajamento efetivo nesse processo, envolvendo os setores público e privado”. A cidade e o País não suportam mais a descontinuidade de projetos, iniciados num governo e abandonados na administração seguinte. Esse foi um dos motivos que levaram três instituições – Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Goiás (Sinduscon-GO), Sindicato da Habitação do Estado de Goiás (SecoviGoiás) e a própria Ademi, inicialmente, a iniciar uma mobilização, ainda em 2014, relembra Correia, para pensar caminhos para desenhar um plano de fôlego destinado a melhorar a qualidade de vida e a renda na capital do Estado. A iniciativa recebeu na sequência a adesão de mais 17 instituições, o que levou, numa etapa seguinte, à criação do Codese. Embora o conselho já estivesse em operação, ele foi institucionalizado em junho de 2015, já com uma primeira missão a ser cumprida no curto prazo, dada a proximidade das eleições municipais: elaborar e entregar aos candidatos a prefeito um documento detalhando as principais diretrizes e ações de um plano fundamental para redefinir o planejamento de longo prazo na capital. Com a participação de empresários, acadêmicos, técnicos e consultores e depois de intenso trabalho de discussão ocorrido nas 11 câmaras técnicas que assessoram o Codese, foi editado o livro-documento Goiânia 2033 – O centenário.

desenvolver o projeto “O Futuro da Minha Cidade”. Após gestões do Sinduscon-GO e de outras entidades, Goiânia passou a fazer parte da relação das cidades selecionadas para receber o projeto.

O primeiro encontro foi realizado em maio de 2014, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás (OAB-GO), com 139 participantes de vários setores, dando início à estratégia

Os vinte do Codese ▶▶ Acieg - Associação Comercial e Industrial do

▶▶ FCDL-GO - Federação das Câmaras de

▶▶ Ademi-GO - Associação das Empresas do

▶▶ Fieg - Federação das Indústrias do Estado de

▶▶ Adu - Associação dos Desenvolvedores

▶▶ OAB-GO - Ordem dos Advogados do Brasil –

Dirigentes Lojistas de Goiás

Estado de Goiás

Goiás

Mercado Imobiliário de Goiás

Seção de Goiás

Urbanos do Estado de Goiás

▶▶ AHPACEG - Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás

▶▶ Observatório Social de Goiânia

▶▶ CAU-GO - Conselho de Arquitetura e

▶▶ Sebrae-GO - Serviço Brasileiro de Apoio às

▶▶ CDL - Câmara dos Dirigentes Lojistas

▶▶ Sicoob Engecred-GO

▶▶ Crea-GO - Conselho Regional de Engenharia e

▶▶ Sinroupas - Sindicato das Indústrias de

▶▶ Creci-GO - Conselho Regional de Corretores

▶▶ SecoviGoiás - Sindicato da Habitação do

▶▶ Faeg - Federação da Agricultura e Pecuária

▶▶ Sepego - Sindicato dos Estabelecimentos

▶▶ Fecomércio - Federação do Comércio do

▶▶ Sinduscon-GO - Sindicato da Indústria da

Micro e Pequenas Empresas de Goiás

Urbanismo de Goiás de Goiânia

Confecções de Roupas em Geral de Goiânia

Agronomia de Goiás

Estado de Goiás

de Imóveis de Goiás

Particulares de Ensino de Goiânia

do Estado de Goiás Estado de Goiás

Construção do Estado de Goiás

Assessoria de Comunicação/PMM

O futuro da cidade em debate

Com base na experiência de Maringá (leia entrevista à página 8), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) havia contratado o engenheiro Sílvio Barros, ex-prefeito da cidade paranaense e um dos idealizadores da campanha que redesenhou a economia do município, para 16

| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

Maringá: cidade paranaense desenvolveu projeto que inspirou a criação do Codese e o programa Goiânia 2033


Eleições

2016

COMPROMISSO REGISTRADO EM CARTÓRIO

Ainda como parte de sua estratégia de mobilização, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia já promoveu pelo menos 11 sessões de debates, com participação de especialistas, empresários, donos de escolas, vereadores, urbanistas, engenheiros, arquitetos e consultores, além de outros setores interessados. Em sua ofensiva mais recente, o Codese realizou encontro com os principais candidatos à prefeitura, no Castro’s Park Hotel, no primeiro dia de agosto. Foi um dia inteiro dedicado à apresentação do projeto e à entrega de exemplares aos candidatos Waldir Soares, deputado pelo PR, Vanderlan Cardoso (PSB), Adriana Accorsi (PT), Francisco Júnior (PSD) e Alexandre Magalhães (PSDC).

Participaram ainda o ex-deputado Luiz Bittencourt (PTB) e o deputado Bruno Peixoto, representando o PMDB. Mas o encontro, conforme Renato de Souza Correia, presidente do Codese e dono da Vega Construtora, não ficou limitado a debates e retórica. Cada um dos candidatos teve de firmar em cartório termo de compromisso e apoio ao programa “Goiânia 2033 – O centenário”. As assinaturas foram colhidas e tiveram firma reconhecida por uma funcionária do Cartório Índio Artiaga. Distribuídas ao longo de 260 páginas, as propostas que formam o mapa estratégico definido no projeto “Goiânia 2033” giram em torno de quatro eixos de desenvolvimento (econômico, ambiental e urbano, social e de gestão pública), construídos a partir de um trabalho realizado pelas câmaras técnicas do conselho, com participação de mais de uma centena

Sílvio Simões

desenhada pelo grupo para mobilização da sociedade. Desde lá, os membros do Codese reuniram-se com o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Anselmo Pereira (PSDB), e encaminharam pedidos de audiência ao governo do Estado, à Assembleia Legislativa, ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público, único, até o momento, a agendar um encontro com o Codese, ocorrido no dia 10 de agosto. “Vamos procurar todos os vereadores, deputados estaduais e representantes da bancada goiana no Congresso, assim como os presidentes regionais de todos os partidos em Goiás, para formalizar a entrega do documento e buscar o compromisso do setor político para que o projeto caminhe de forma efetiva”, afirma o presidente do Codese. A intenção é esgotar essa agenda até o final de setembro.

Candidatos a prefeito de

Goiânia e empresários reunidos no Castro’s: termo de compromisso com firma reconhecida em cartório

GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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CAPA | O QUE ESPERAR DOS NOVOS PREFEITOS

de pessoas, incluindo Sílvio Barros, ex-prefeito de Maringá, em parceria com consultores e instituições do terceiro setor. “As ações propostas foram direcionadas a partir de um diagnóstico econômico produzido pela Tendências Consultoria Integrada, que identificou vocações e o potencial para exploração de atividades econômicas em Goiânia, da orientação urbanística construída pelo Grupo Quatro Arquitetura e Urbanismo, das observações da Comunitas (organização da sociedade civil com foco em desenvolvimento solidário e sustentável) na área da gestão pública, e do Sebrae Goiás, no setor de desenvolvimento humano”, resume Correia. A própria criação das câmaras técnicas seguiu o roteiro das vocações identificadas no trabalho desenvolvido pelos parceiros do projeto e contempla os setores de vestuário e moda, turismo de negócios, educação, tecnologia, logística e distribuição, agronegócio, saúde, desenvolvimento urbano, melhoria da gestão pública, cidadania e segurança pública. O trabalho sugere ainda a definição de indicadores de desempenho para acompanhar a evolução das ações sugeridas em cada uma daquelas áreas, além de sugerir os caminhos para alcançar as metas desejadas. “Trata-se de um roteiro de longo prazo que qualquer gestor público gostaria de ter à sua disposição. Ainda mais que poderá contar com a colaboração do setor produtivo, das universidades e do restante da sociedade civil organizada”, sustenta Correia. PRIORIDADES PARA A CIDADE

Definidos os eixos de desenvolvimento, o desafio seguinte foi sistematizar uma enormidade de propostas e sugestões em um conjunto integrado de prioridades estruturantes, na definição de Renato de Sousa Correia. O resultado final dessa consolidação foi um conjunto de 12 prioridades a serem perseguidas pela administração 18

| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

Renato Correia (dir) entrega livro-documento a Pedro Alves: novo prefeito de Goiânia terá que assumir protagonismo na região metropolitana

da capital, que terá, necessariamente, de assumir papel de protagonista na definição de rumos para toda a região metropolitana. Afinal, numa etapa seguinte, concluído o documento, o Codese vai se dedicar à montagem de um plano diretor que englobe Goiânia e outros dez municípios que formam a região, o que inclui Aparecida de Goiânia, Hidrolândia, Aragoiânia, Abadia de Goiás, Trindade, Goianira, Santo Antônio de Goiás, Nerópolis, Goianápolis e Senador Canedo. Enquanto esse trabalho não se inicia, as propostas para incluir Goiânia entre as melhores do País já estão nas mãos dos candidatos. A adesão do setor público municipal, assim como ocorreu em Maringá, onde o Conselho de Desenvolvimento de Maringá (Codem) foi criado por lei muni-

cipal, é considerada um dos pontos centrais em todo o processo de reerguimento da cidade. Para isso, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que inclui em sua fórmula indicadores de renda, educação e saúde, aferida pela expectativa de vida, será adotado como referência. No ranking do Atlas do Desenvolvimento Humano dos Municípios, Goiânia surge em 45ª colocação, segundo dados ainda de 2014, com um IDH de 0,799, mantendo uma distância de 0,024 pontos em relação à décima colocação, ocupada por Curitiba, com IDH de 0,823. A classificação da capital goiana é puxada para baixo principalmente pela má colocação na área de educação, diante de uma pontuação de 0,739. Para comparação, os indicadores de longevidade e de renda atingiam,


Eleições

2016

Edilson Pelikano

Rumo ao centenário: projeto

ambicioso define como meta elevar o IDH da capital goiana, passando sua posição no ranking municipal do 45º para o 5º lugar

até então, 0,838 e 0,824 respectivamente, aproximando-se dos níveis observados entre os 10 municípios mais bem posicionados na classificação do atlas. Uma das linhas de atuação prioritária definidas pelo conselho, lembra Correia, será transformar Goiânia em referência nacional em educação infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental (1º ao 5º ano), o que exigirá, entre outros desafios, universalizar a educação infantil na pré-escola, cobrindo todas as crianças de 4 a 5 anos de idade, suprir a demanda por creches para crianças até 3 anos e implantar a educação em tempo integral de forma efetiva. Evolução do ensino básico

Num levantamento realizado pela Tendências Consultoria, a rede pública

Espaço para avançar (Classificação da rede pública de ensino fundamental, 1ª à 5ª série, segundo o Ideb)

Ano

Colocação

Índice

2005

10ª 8ª 7ª

3,9 5,3 5,5

2011 2013 Fonte: Ideb

de ensino fundamental de Goiânia, considerando-se os anos iniciais, atingiu pontuação de 5,5 em 2013, conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o que deixou a capital em 7º lugar na comparação com as demais cidades. Em 2005, a capital ocupava a 10ª colocação, com índice de 3,9. Nos anos finais, entre a 6ª e a 8ª séries, no entanto, a capital chegou ao segundo lugar, também em 2013, com índice de 4,6. Mobilidade e transporte

Na área de mobilidade e transporte público, o documento “Goiânia 2033” contempla ainda uma série de sugestões, incluindo a implantação de ligações entre os bairros, a conclusão da via ligando a Marginal do Córrego Botafogo à Avenida GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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CAPA | O QUE ESPERAR DOS NOVOS PREFEITOS

AS 12 TAREFAS DO PRÓXIMO PREFEITO (Eixos prioritários propostos pelo Codese para elevar a renda e a qualidade de vida em Goiânia)

1. Tornar a gestão pública municipal um modelo de eficiência e eficácia levando em conta o planejamento

financeiro e a responsabilidade fiscal, com planejamento de recursos para atender a prioridades estruturantes; firmar parceria com a Comunitas; tornar Goiânia referência nacional em transparência na gestão municipal

2. Tornar Goiânia referência nacional na educação infantil e fundamental I 3. Desenvolver a economia com foco na vocação da cidade para os serviços de transporte e logística;

trabalhar a favor da concessão ao setor privado de novos trechos de rodovias federais e estaduais no raio de influência econômica de Goiânia, dos trechos da Ferrovia Norte-Sul e do Aeroporto Santa Genoveva; concluir o anel viário da Região Metropolitana de Goiânia; elaborar e implantar o Plano Diretor de Logística

4. Estabelecer Goiânia como capital do agronegócio do País, tornando-a centro de referência em tecnologia agropecuária; criar um fundo para pagamento por serviços ambientais

5. Aumentar a competitividade dos setores vocacionais da cidade, com a criação de parques tecnológicos

voltados ao agronegócio, logística, saúde, moda, cultura e educação; modernizar e reconfigurar os centros de comércio tornando-os cluster avançado da moda (economia criativa e inovação); criar um polo de lavanderia industrial e hospitalar

6. Consolidar Goiânia como centro de referência em saúde, com estímulo à constituição de parcerias

público-privadas; oferecer atendimento médico 24 horas nos postos de saúde; ampliar a oferta de leitos para adequar a demanda e universalizar o acesso a todos os cidadãos

7. Desenvolver e potencializar políticas de cidadania inclusivas, a exemplo de iniciativas para reduzir o

índice de vulnerabilidade juvenil através de políticas públicas de saúde, educação, esporte, lazer, capacitação e qualificação do jovem

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| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

8. Tornar Goiânia exemplo em excelência no turismo 9. Investir estrategicamente em obras de mobilidade e no transporte coletivo 10. Rcidadão, ealizar intervenções urbanísticas com foco no com requalificação da região central da

cidade e de seu centro histórico, e dos setores Campinas, Sul, Jardim Botânico e regiões Noroeste e do entorno da Praça do Trabalhador; estimular operações urbanas consorciadas; requalificar praças, parques, áreas verdes livres e calçadas; elaborar plano e implementar ações para Goiânia ser referência em cidades inteligentes (smart cities); concluir o Centro Cultural Oscar Niemeyer

11. Atuar de forma proativa na aprovação de legislações estratégicas com foco na sustentabilidade; criar e

implementar um plano realista de habitação de interesse social e regularização fundiária; elaborar plano de eficiência energética para tornar Goiânia a primeira cidade brasileira autossuficiente em energia renovável com foco em energia solar; estimular o aproveitamento do potencial de energia gerado no aterro sanitário

12. LRegião iderar e ser protagonista na solução das demandas da Metropolitana; alcançar 100% na coleta e

tratamento de esgoto e abastecimento de água tratada; concluir o plano documentado de eliminação do tratamento público de resíduos sólidos produzidos nas residências e comércios (resíduos zero); intervir de forma integrada com os governos federal e estadual para melhoria efetiva da segurança do cidadão


Eleições Prefeitura de Goiânia / divulgação

2016

Continuidade: planejamento deve

prever conclusão de obras e inclui ainda proposta de asfaltamento de vias em toda a cidade

Trânsito: crescimento

PESQUISA INDICA PROPOSTAS DA INDÚSTRIA

Participante ativa do Codese, a Fieg preparou da mesma forma um conjunto de propostas encaminhadas aos candidatos a prefeito de Goiânia, apuradas a partir de extensa pesquisa realizada pela casa entre

da cidade e da frota de veículos cria gargalos e exige intervenções e melhoria na sinalização

Sílvio Simões

Leste-Oeste e o prosseguimento da marginal entre a Avenida Jamel Cecílio e a Avenida 2ª Radial, no Setor Pedro Ludovico. Na visão do Codese, as futuras gestões na capital deveriam centrar esforços também na conclusão da Avenida Leste-Oeste e na expansão da Avenida Goiás Norte até Goianira e Inhumas, o que criaria uma via alternativa à GO-070, permitindo incrementar o transporte coletivo na região. O conselho sugere, finalmente, implantar sinalização de orientação vertical e horizontal na cidade, incluindo sinalização turística, solucionar os gargalos de tráfego, como nas imediações do Shopping Flamboyant e Avenida 85, e investir na consolidação dos corredores de transporte coletivo previstos no Plano Diretor.

empresários e sindicatos da indústria e igualmente contempladas no projeto do Codese. O documento começa detalhando sugestões e demandas na área da saúde pública, avaliada com especial atenção pelo setor industrial, de acordo com o presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira. “As prioridades apresentadas pelos empresários refletem, em primeiro lugar, a situação de penúria por que passam os

trabalhadores e seus dependentes na busca de atendimento de saúde nas unidades públicas”, assinala o documento. Entre as sugestões incluem-se a necessidade de assegurar mais agilidade e qualidade no atendimento nos postos de saúde, aumento do número de médicos naquelas unidades, com melhora na estrutura e expansão da rede de atendimento básico. Diante de sua importância estratégica GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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CAPA | O QUE ESPERAR DOS NOVOS PREFEITOS

Alcides Neto

na formação de cidadãos e trabalhadores de “alta competência” e da contribuição que pode dar para a produtividade e competitividade da indústria, a Fieg defende o desenvolvimento de “um amplo programa” de qualificação dos professores da rede municipal, com investimentos em melhores instalações em escolas e creches e na ampliação do número de escolas de ensino básico e também no total de creches municipais e conveniadas. Ainda na mesma área, a Fieg sugere que o município busque parcerias com Sesi, Senai e IEL no segmento de educação e qualificação de trabalhadores de baixa renda, prevendo mecanismos que permitam a transferência de tecnologia das instituições do Sistema Fieg para o setor público municipal. Diante de reconhecidas deficiências no funcionamento dos órgãos públicos municipais no atendimento ao público, a federação recomenda redução da burocracia excessiva e maior informatização, o que permitiria ampliar a capacidade de atendimento por meios eletrônicos, tornando todo o processo mais ágil e

Aterro sanitário de

Goiânia: potencial para a geração de energia a partir do metano, reduzindo as emissões de gases do efeito estufa

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| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

menos custoso para a gestão municipal. Da mesma forma, os órgãos municipais de licenciamento e fiscalização deveriam ser estruturados de forma adequada para a “prática de ações preventivas e educativas nas questões tributárias, ambientais, sanitárias e outras áreas de interesse do setor produtivo”. A Fieg gostaria de ver igualmente melhoras e maior agilidade nos processos de licenciamento ambiental, melhor qualificação de servidores que atendem empresas e cidadãos em geral e uma política de redução gradual de impostos e taxas, “especialmente daqueles que exigem um grande aparto burocrático e resultam em pequena arrecadação” Energia do lixo e metrô

Alguns pontos da plataforma de propostas apresentada aos candidatos pela Fieg coincidem com as prioridades defendidas pelo Codese, até pelo envolvimento direto da federação naquela entidade. Na área de planejamento urbano, por exemplo, a Fieg propõe o aproveitamento das emissões de metano do aterro sanitário para a produção de energia, expansão da

Eleições

2016

rede de água e no tratamento de esgoto e maior diálogo entre o poder público municipal e lideranças empresariais. Em seu documento, o setor recomenda a definição de áreas específicas para a instalação de indústrias não poluentes, o que tenderia a promover a geração de emprego e renda na cidade. No setor de transporte urbano, a Fieg lembra o alto custo econômico e ambiental gerado por uma cidade com baixa mobilidade para indicar a necessidade de investimentos na melhoria do sistema de gerenciamento de trânsito, “com coordenação dos semáforos nas vias principais e melhor eficiência e qualidade ao do transporte público”. Recuperar vias de trânsito danificadas, asfaltar vias ainda sem asfalto, ampliar o número e a regularidade dos horários dos ônibus no transporte coletivo e melhorar o acesso das vias públicas para pessoas com deficiência também estão entre as propostas da federação. Por fim, a Fieg recomenda que o município realize estudos e negocie recursos para a implantação de transporte metroviário na Grande Goiânia. 


MACROECONOMIA

COMO OS JUROS ALTOS ESTRANGULAM A ECONOMIA Política monetária impede que País retome o crescimento ao inibir investimentos, promover a liquidação de empregos e agravar o desequilíbrio fiscal Lauro Veiga Filho*

N

as últimas duas décadas, em seis a cada dez ocasiões em que os membros do Conselho de Política Monetária (Copom), formado pela alta cúpula do Banco Central (BC), se sentaram para decidir os rumos da política monetária a palavra final resultou ora em alta dos juros, ora na manutenção dos níveis invariavelmente salgados das taxas impostas a toda economia. Entre 26 de junho de 1996 e os dias 20 e 21 de julho deste ano foram 200 reuniões, durante as quais, em meia centena de vezes, os juros foram puxados para o alto e têm se mantido nas alturas desde então. Em julho passado, considerando ainda insuficiente o longo período de arrocho a que tem submetido o mercado de crédito e, por consequência, toda a atividade econômica, o Copom decidiu não apenas manter os juros básicos em 14,25% – taxa em vigor desde o final de julho do ano passado. Ao mesmo tempo, sinalizou que os níveis atuais tendem a ser mantidos por período suficientemente longo até que se consolide a confiança dos agentes econômicos em relação ao processo de

Movimento inédito:

lideranças empresariais e sindicais exibem cartazes (detalhe) da campanha destinada a combater a política de arrocho e reduzir as taxas de juros no País

“desinflação” (ou seja, de queda dos índices inflacionários) atualmente em curso na economia. A política econômica em vigor, que escolheu os juros escorchantes como arma única no combate à inflação, afirmam Pedro Alves de Oliveira, presidente da Fieg, e José Alves, do Fórum Democrativa, empurrou o País para uma das mais graves recessões em sua história, liquidando empregos e empresas, afugentando investimentos. Se não bastasse, ainda sucateou “a já deficiente estrutura dos serviços públicos no País”, na expressão escolhida por Pedro Alves para definir o brutal esforço fiscal que os governos têm sido obrigados a empreender para fazer frente ao serviço de suas dívidas. Diante do cenário de prolongamento desnecessário dos juros exorbitantes, lideranças empresariais e dos trabalhadores, numa ofensiva inédita, uniram-se em Goiás numa campanha apartidária, que pretende atrair também a bancada goiana no Congresso, para pressionar a equipe econômica a derrubar os juros e acrescentar alguma racionalidade à política econômica. Reunidos em julho na Casa da Indústria, sede da Fieg, Fórum Empresarial, Fórum Democrativa, Federação dos Metalúrgicos do Estado de Goiás, Confederação Nacional dos Trabalhadores GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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MACROECONOMIA Metalúrgicos e Força Sindical, além das federações e associações que representam a indústria, o comércio e a agricultura no Estado, lançaram o manifesto em defesa do fim da cobrança extorsiva de juros. A mobilização envolve ainda a distribuição de folhetos e adesivos nas ruas e portas de empresas, mostrando os impactos causados pela política monetária sobre a economia e vida das famílias. “A retomada do crescimento e a geração de emprego passam, necessariamente, pela redução dos juros bancários. Infelizmente, o País está à mercê do sistema financeiro”, sustenta Pedro Alves. Na visão de José Alves, que apresentou estudos desenvolvidos pela Faculdades Alves Faria (Alfa) e pelo tributarista Amir Antônio Khair ao Conselho Superior de Economia da Fiesp e manteve contatos iniciais com o vice-presidente Michel Temer, atualmente no exercício da Presidência, e sua equipe, o atual governo “não será bem-sucedido caso decida manter essa política catastrófica”. (*) Colaborou Nathalya Toaliari

Por todos os flancos

Além da distribuição de panfletos denunciando que os juros “estão matando os empregos”, a campanha incluirá o uso intenso das redes sociais a formatação de uma home page para receber assinaturas em apoio ao manifesto contra a política econômica. Durante a reunião, sindicatos e empresários concordaram em desenvolver estudos para detalhar a composição das taxas de juros no País, além de encaminhar nota a deputados e senadores lamentando sua ausência no encontro ocorrido na Fieg e cobrando adesão ao movimento. A institucionalização jurídica do fórum, que pretende ganhar caráter permanente, de acordo com Pedro Alves, será discutida entre os sindicatos de trabalhadores, segundo Carlos Albino de Rezende Júnior, presidente do Sindicato dos Trabalhadores 24

| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Catalão (Simecat) e da Federação dos Metalúrgicos do Estado de Goiás (FEM-GO), que considerou a ideia positiva.

Apenas a título de exercício, em projeção para os próximos 12 meses, a inflação de junho, que havia alcançado 0,35%, corresponderia a uma inflação anualizada de apenas 4,28%, o que significa que os juros reais estariam em 9,56%.

Por que os juros vão subir

Mesmo que o Copom decida preservar os juros nos níveis exorbitantes observados hoje, a taxa real tenderá a subir mês a mês, em proporção inversa à queda da inflação acumulada em 12 meses, o que vem sendo observado desde fevereiro. Num movimento inverso, a elevação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que afere a inflação oficial do País, de 9,53% para 10,71% entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, no acumulado em 12 meses, havia reduzido a taxa real de juros de 4,31% para 3,20% ao ano. Dali em diante, a desinflação em curso trouxe elevação acentuada dos juros reais, que subiram para 3,52% em fevereiro e daí para 4,97% ao ano em junho passado, refletindo a redução do IPCA de 10,36% para 8,84%. Caso a inflação feche 2016 em 7,21%, conforme projeções do mercado, os juros reais saltariam para 6,57%.

O IMPACTO NAS CONTAS PÚBLICAS

Entre janeiro de 2006 e junho deste ano, dado mais recente divulgado pelo Banco Central (BC) até o fechamento desta edição da revista Goiás Industrial, o setor público consolidado – o que inclui a União, os governos estaduais, prefeituras e suas estatais – gastou R$ 2,542 bilhões, em valores não atualizados, apenas para pagar despesas com os juros de suas dívidas. No mesmo período, mesmo considerando os déficits que os governos passaram a acumular desde 2014, o setor público acumulou superávit primário (receitas menos despesas, excluindo-se gastos financeiros) de R$ 591,449 bilhões. Como se percebe, todo o esforço fiscal realizado representou fração de 23,3% do rombo aberto pela conta dos juros. Por conta da política monetária

CAMINHOS INVERSOS

(Inflação recua e juros reais avançam; variação acumulada em 12 meses – em %)

IPCA (12 meses)

Juros básicos

14,25

14,25

14,25

9,53

10,71

14,25

10,36

Juros reais

14,25

9,39

14,25

9,28

14,25

9,32

14,25

8,84 7,21 6,57

4,31

Agosto /2015

3,20

Janeiro /2016

3,52

Fevereiro

4,44

Março

(*) Segundo inflação projetada pelo relatório Focus, do Banco Central

4,55

Abril

4,51

Maio

4,97

Junho

Dezembro*

Fontes dos dados brutos: Banco Central e IBGE


praticada no período, a “poupança” que os governos realizaram, às custas de despesas prioritárias, não foi suficiente para honrar toda a conta deixada pelos juros pagos aos donos de títulos públicos. A dívida pública bruta, como consequência, aumentou de R$ 1,454 trilhão em dezembro de 2005 para R$ 4,131 trilhões em junho deste ano, num acréscimo de R$ 2,677 trilhões. Isso significa dizer que somente as despesas com juros responderam por 95% do crescimento acumulado pela dívida. No ano passado, essa conta consumiu R$ 501,786 bilhões, algo como 8,50% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, de todas as riquezas geradas pela economia no espaço de um ano, porcentual recorde na série histórica iniciada em 2002 pelo BC. Houve crescimento de 61,2% em relação a 2014, quando os juros haviam consumido R$ 311,380 bilhões (5,48% do PIB). Nos 12 meses encerrados em junho deste ano, a relação cedeu levemente, mas ainda consumiu 7,75% do PIB, atingindo R$ 449,228 bilhões, numa redução explicada pelos ganhos obtidos pela autoridade monetária em suas operações no mercado de dólar, já

que a política de juros altos não sofreu qualquer alteração. “Cada ponto porcentual acrescentado à taxa básica”, observa José Alves, do Fórum Democrativa, “representa R$ 1,5 bilhão a R$ 2,0 bilhões de gastos por dia apenas com juros” DESEMPREGO E QUEBRADEIRA

Pedro Alves: “Se o trabalhador perde seu emprego, o mercado perde consumidor e a roda da economia gira para trás”

José Alves: “O presidente Temer

precisa enxergar o câncer que está configurado na atual taxa básica de 14,25% ao ano”

A ESCALADA (Despesas com juros do setor público consolidado; valores em R$ bilhões)

501,79 Juros nominais Gasto em relação ao PIB (%)

311,38 248,86 236,67 213,86 195,37 161,93 162,54 165,51 171,01

6,72 2006

5,98 2007

5,32 5,13 5,03 5,41 4,45 4,68 2008

2009

2010

2011

2012

2013

5,48 2014

8,50 2015

Período Fonte: Banco Central (BC)

A política de arrocho – lembram os presidentes da Fieg, do Democrativa e da FEM-GO, respectivamente, Pedro Alves, José Alves e Carlos Albino – ajudou a conduzir a economia para uma depressão de proporções semelhantes à recessão que se alastrou por aqui em 1982/83, liquidando empresas e empregos. A taxa de desemprego atingiu 11,3% no trimestre encerrado em junho deste ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mais elevada da série iniciada em 2012. Entre o segundo trimestre do ano passado e igual período deste ano, mais 3,231 milhões de pessoas ficaram desempregadas, aumentando o total de desocupados para 11,586 milhões, numa alta de 38,7%. No mesmo período, foram fechados 1,413 milhão de empregos formais e informais e apenas a indústria demitiu 1,440 milhão de pessoas, num movimento compensado parcialmente pelo aumento das contratações na construção e no setor de serviços. Para Pedro Alves, “a preocupação dos setores produtivos é enorme. Se o trabalhador perde seu emprego, o mercado perde consumidor e a roda da economia gira para trás”. Segundo José Alves, o PIB brasileiro deverá registrar perdas em torno de 8% entre 2015 e 2016, trilhando uma política que vai na contramão daquela adotada por 85 países. Desses, 35 praticam juro abaixo de 1% ao ano, incluindo todos os países do chamado G-8 e toda a Área do Euro, representando em torno de metade do GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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MACROECONOMIA PIB planetário, conforme o empresário. Na contabilidade de ambos, 355 mil empresas foram fechadas no Brasil diante da retração do mercado doméstico causada pelo aperto monetário. “O presidente Temer precisa enxergar o câncer que está configurado na atual taxa básica de 14,25% ao ano, já que as despesas com juros são responsáveis por 82% do déficit público no País”, declara José Alves. Portanto, prossegue ele, a redução da taxa, “que alimenta apenas os bancos, é fundamental para dar espaço para a retomada do crescimento da economia, com impacto também sobre o câmbio porque diminuirá a ação de investidores especulativos”.

e assegurado taxas de lucratividade em função da orientação imposta à política monetária pela equipe econômica. Estudo produzido pela consultoria Economática mostra que a rentabilidade dos bancos brasileiros, calculada sobre o patrimônio líquido, passou a suplantar as taxas exibidas pelos bancos norte-americanos a partir de 2005, mesmo antes da crise que quase dizimou o sistema financeiro naquele país em 2008 e 2009.

Possibilidade de ganhos

CARLOS ALBINO DE REZENDE JÚNIOR, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de Goiás (FEM-GO)

Estudos citados pelo empresário José Alves mostram que a redução dos juros para 7% ao ano permitiria economizar R$ 28,0 bilhões mensalmente, o que poderia ainda avançar para R$ 44,0 bilhões no caso de uma queda dos juros para 3% ao ano. “Enquanto o governo federal insiste na volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para arrecadar R$ 34,0 bilhões por ano, a redução dos juros para 3% traria uma economia de R$ 44,0 bilhões por mês”, destaca. Em Goiás, o ganho com o corte de despesas financeiras poderia atingir R$ 1,0 bilhão ao longo de 12 meses, com redução de R$ 3,0 bilhões no Rio Grande do Sul, de R$ 4,4 bilhões no Rio de Janeiro, algo próximo a R$ 5,4 bilhões em Minas Gerais e R$ 13,5 bilhões em São Paulo.

Teremos de enfrentar “o principal lobby do

País. Hoje, os brasileiros trabalham para os bancos”

À FRENTE DOS ESTADOS UNIDOS

(Taxa de rentabilidade mediana dos bancos; em % sobre o patrimônio) Período

8,64

2000

11.33

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

10,10

2008 2009 2010

“Reduzir os juros não será uma batalha fácil, porque teremos de enfrentar o principal lobby do País. Hoje, os brasileiros trabalham para os bancos”, dispara Carlos Albino, presidente da FEM-GO e do Simecat. Segundo ele, apenas o sistema financeiro tem acumulado lucros 26

| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

7,60 8,44 8,35 8,04 8,47

2014 2015

7,92 Brasil

21,07

14,76

6,06

2013

15.19 13,77 15,85 15,37 15,42 16,22 16,00 15,38 15,34 16,43 13,86

13,18

2,81

2012

16,31

13,07

3,86

2011

QUEM LUCRA COM OS JUROS

Em meados da década passada, com o BC brasileiro sob comando do atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a taxa mediana (aquela verificada com maior frequência) de rentabilidade dos bancos no Brasil praticamente empatava com a dos bancos americanos. Em 2006, a rentabilidade passou a favorecer os bancos no Brasil, com a taxa saindo de 15,38% em 2005 para 16,43%, na contramão da tendência nos Estados

EUA

12,21 14,17 11,95 10,78

Fonte: Economática


Unidos, onde as margens do setor recuaram de 15,34% para 13,86%. Desde lá, à exceção de 2014, o retorno dos bancos no Brasil passou a ser sistematicamente mais elevado do que nos seus congêneres nos EUA, atingindo por aqui 10,78% no ano passado frente a 7,92% na principal economia do mundo. No auge da crise financeira global, a taxa de rentabilidade naquele país chegou a desabar para 2,81% em 2009, mantendo-se em 13,18% no Brasil. Apenas no ano passado, segundo manifesto entregue por empresários e sindicalistas a deputados e senadores goianos, uma dúzia de bancos, entre os maiores em operação no Brasil, lucraram R$ 63,92 bilhões, dos quais três instituições tiveram lucros de R$ 46,20 bilhões. Custo salgado

A nota do BC sobre operações de crédito e a política monetária de junho mostra que, no lado real, os impactos da política de juros altos são muito mais dramáticos. Nas linhas mais caras, os juros do cheque especial e do crédito rotativo do cartão de crédito variavam entre 315,7% e 320% para pessoas físicas e empresas, no primeiro caso, e até 470,9% no segundo. Entre as mais baratas, mesmo diante de risco de inadimplência praticamente nulo, os juros continuam

abusivos, batendo em 56% ao ano nos empréstimos consignados (quando o salário ou a aposentadoria e pensão servem como garantia aos bancos). Em outro estudo, a Economática mostra que a dívida consolidada de 264 empresas de capital aberto (já excluída a Petrobras) atingiu R$ 867,0 bilhões no final de março deste ano. A valorização do real no período ajudou a reduzir levemente o peso do endividamento, que recuou 5,4% desde setembro do ano passado. Mas, numa avaliação mais a longo prazo, essa dívida cresceu quase 95% em termos nominais desde março de 2011, quando havia atingido R$ 445,0 bilhões. Descontada a inflação, o estoque da dívida das empresas de capital aberto aumentou 37,3%, influenciado também pela política de juros em vigor, entre outros fatores de mercado. GASTO DAS FAMÍLIAS SALTA 47%

Ainda como reflexo da política de arrocho, o saldo total das operações de crédito no País vem encolhendo, desde o começo do ano, em termos reais e como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). Em junho, por exemplo, o valor somado de todos os empréstimos e financiamentos concedidos pelo sis-

A PEDRA NO ORÇAMENTO (Impacto dos juros sobre a renda das famílias; valores nominais em R$ bilhões)

Período

Massa salarial*

Gastos com juros

Renda comprometida com pagamento de juros (%)

Dezembro/2013

2.173,2

190,59

8,77

Dezembro/2014

2.393,5

219,73

9,18

Maio/2015

2.489,1

237,21

9,53

Maio/2016

2.766,1

280,21

10,31

Variação 2016/2013

27,3%

47,0%

-

(*) Massa salarial ampliada disponível acumulada em 12 meses – inclui rendimentos do mercado de trabalho, aposentadorias, pensões e benefícios sociais pagos pelo governo, menos despesas com Imposto de Renda e contribuições à Previdência Fonte dos dados brutos: Banco Central

tema financeiro nacional alcançou R$ 3,130 trilhões, representando 51,9% de todas as riquezas geradas pelo País em um ano, diante de 54,5% em junho do ano passado. Caso esse mesmo porcentual tivesse sido registrado no fechamento do primeiro semestre deste ano, o crédito total teria chegado a R$ 3,286 trilhões em valores aproximados, levando-se em conta um PIB de R$ 6,029 trilhões estimado pelo Banco Central. Isso significa que R$ 155,5 bilhões deixaram de irrigar a economia, correspondendo a quase 2,6% do PIB. Em tempos mais bicudos, pressionadas pelo desemprego e pela renda em queda, as famílias empreenderam um esforço extra para adequar seu orçamento e reduzir suas dívidas. Os levantamentos do BC mostram que o endividamento total das famílias, levando em conta sua renda disponível, que havia subido de 45% em dezembro de 2014 para 46,1% em maio de 2015, caiu para 43,4% no mesmo mês deste ano. Mas o comprometimento da renda com o pagamento dos juros continuou crescendo, porque o custo dos empréstimos ainda não liquidados continuou subindo. No encerramento de 2013, as famílias destinavam 8,77% de sua renda total disponível para o pagamento de juros, porcentual elevado para 9,53% em maio do ano passado e daí para 10,31% em igual mês deste ano. Em valores, estimados com base nos dados do BC, o gasto com juros saltou de R$ 190,590 bilhões no final de 2013 para R$ 237,209 bilhões em maio de 2015, subindo para R$ 280,207 bilhões em maio deste ano, em alta de 18,1% nos últimos 12 meses. Desde 2013, a despesa das famílias com juros aumentou 47%, saindo de menos de 3,9% do PIB para quase 4,7%, embora a massa salarial ampliada disponível tenha crescido 27,3% no período, sempre em valores nominais. 

GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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Fernando Willadino

ARTIGO

Os desafios da indústria 4.0 para o Brasil “

O modelo tem por base a hiperconectividade, inteligência artificial, elevado grau de digitalização e de sensoriamento, avanço do Big Data, entre outros, cuja associação permitirá algo como a customização em massa de produtos” JEFFERSON DE OLIVEIRA GOMES, diretor regional do Senai/SC e professor do ITA

I

ndústria 4.0, manufatura avançada, internet industrial das coisas são alguns dos diversos nomes dados a um fenômeno que vem ocorrendo na indústria em todo o mundo e que é o reflexo no parque fabril do desenvolvimento tecnológico e das novas formas de relacionamento que enfrentamos na sociedade. O modelo tem por base a hiperconectividade, inteligência artificial, o elevado grau de digitalização e de sensoriamento, avanço do Big Data, entre outros, cuja associação permitirá algo como a customização em massa de produtos, a mudança na forma e padrão de consumo e a possibilidade de produção em casa. Exemplo prático dessa nova realidade está nos aplicativos de orientação de trânsito dos smartphones. Com muitos usuários ligados (hiperconectividade), o serviço colhe informações sobre o trânsito nas diversas vias (sensoriamento e big data) e toma decisões calculadas com as diversas variáveis (inteligência artificial) ao sugerir a melhor alternativa de trajeto para cada usuário. Para a indústria resta o desafio de aplicar tecnologias e modelos semelhantes. Decisões passam a ser tomadas sem a

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| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

participação humana e a partir apenas da conexão entre máquinas, plantas fabris, matérias-primas e o produto final (estes dotados de sensores e transmissores) e o consumidor. Uma máquina pode agendar sua manutenção ou, quando aberta, a embalagem dá o comando para a produção de nova unidade. Não se trata de uma opção, é um requisito de competitividade para o setor. As tecnologias existem e se tornam, a cada dia, mais baratas. Robôs reduzem seus preços em cerca de 10% a cada ano; até 2020, mais de 50 bilhões de pessoas e objetos – sete vezes a população mundial – estarão interconectados, promovendo negócios estimados em 32 trilhões de dólares. O desafio para a indústria é saber gerir a informação disponível. Essa nova onda da revolução industrial trará, certamente, reflexos diversos na sociedade. Haverá mudanças na estrutura de relação entre empregado e empregador, caracterizando a necessidade de alteração de legislações. Além disso, normas trabalhistas precisam ser adequadas à nova realidade, em especial no que tange ao trabalho colaborativo entre pessoas e robôs. O tema vem sendo estudado em diversos fóruns no Brasil. Sob coordenação dos Ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 700 especialistas de todo o País, 65% deles representando o setor industrial, foram escutados para propor um posicionamento coletivo a respeito de possíveis ações convergentes para novas integrações tecnológicas, análises de oportunidades para novas cadeias de suprimentos, necessidades de infraestrutura e regulações, bem como a análise dos requisitos e restrições para desenvolvimento de recursos humanos. São os desafios da indústria 4.0 para o Brasil. 


IEL

Estágio abre mercado a jovens no interior Entorno do Distrito Federal, região marcada por constante expansão urbana, aposta no estágio para mudar a vida dos estudantes e mantê-los em suas cidades Célia Oliveira

A

presença e atuação integradora do Programa de Estágio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL Goiás), a partir de municípios que sediam suas unidades, como Anápolis, Catalão, Luziânia, Itumbiara e Rio Verde, são fortalecidas por meio de diversas ações e parcerias com empresas e administrações públicas locais. Nesses polos e em suas regiões de influência, o IEL registra números crescentes de inserção de jovens no mundo do trabalho (veja quadro) por meio do estágio, cada vez mais um caminho da transformação socioeconômica, educacional, familiar e profissional. Além disso, o programa constitui forte instrumento de apoio às prefeituras, que maximizam seus recursos ao acolher estagiários em diversas áreas de atendimento ao público. O Entorno do DF, onde estão localizadas cidades como Luziânia, Formosa e Valparaíso, é uma das regiões que mais crescem no Estado, atraindo diversos negócios e progresso, com reflexo no crescimento demográfico, o que exige das administrações municipais mais atenção com a população, sobretudo com a juventude. Nesse sentido, o Programa de Estágio do IEL tem sido o recurso utilizado por várias prefeituras para viabilizar

melhores perspectivas de vida à comunidade e também à própria administração pública. Em Luziânia, estudantes de várias áreas – saúde, educação, ciências exatas, arte e cultura –, têm primeiro contato com o mundo do trabalho após a prefeitura oferecer a prática do estágio.

Estágio e mercado de trabalho Encaminhamento de jovens ao mercado de trabalho na Região do Entorno do DF pela unidade do IEL em Luziânia, por meio de estágio

Ano

Estagiários

2013

1.617 1.553 1.870 1.093

2014 2015 2016 (até agosto) Fonte: IEL – Unidade de Luziânia

GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

29


IEL

Em contrapartida, a prefeitura, com apoio do IEL, contabiliza impactos positivos para todos os envolvidos, ao diversificar e melhorar o atendimento à comunidade. “Nos fóruns, nas escolas, na administração pública, os jovens atuam muito bem e temos um grande retorno da parte deles”, frisa a diretora de Ensino Fundamental, da Secretaria de Educação de Luziânia, Vera Lúcia Rosa. De acordo com ela, a gestão municipal aposta no programa de estágio para gerar força trabalho em várias áreas. “Com isso, levamos essa prática para diversos órgãos da administração, que hoje ganha com o conhecimento que o estagiário traz e retém talentos no município.”

Setores como finanças, “educação, administração e

promoção social recebem estagiários e constroem com eles uma nova realidade que atende a ambos.”

VERA LÚCIA ROSA, diretora de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação de Luziânia

PRÁTICA E INCLUSÃO

Outra cidade do Entorno que aposta nessa estratégia é Valparaíso. Ao oferecer conhecimento prático ao estudante, a administração conseguiu executar projetos exitosos, contribuindo para a evolução e qualificação dos jovens, que hoje ocupam o tempo com atividades promissoras. Um estágio bem-sucedido em um órgão municipal mudou o presente e a visão de futuro de Heyber Santana, estudante de Educação Física. “Antes eu ia para a faculdade pensando em obter um diploma, mas o estágio ampliou meu pensamento e percepções do que é uma profissão, a necessidade de iniciar projetos práticos para poder ser um bom profissional.” O pai dele, João Lopes Santana, acrescenta que a iniciativa da prefeitura ajuda não só jovens como seu filho, mas toda a comunidade. “A oportunidade que a prefeitura dá aos estudantes de atuar, trabalhar e crescer dentro de Valparaíso abre a chance de conhecimento em vários setores, realidade que ajuda tanto no desenvolvimento pessoal e profissional, quanto na possibilidade de melhorias na própria administração”, completa Heyber Santana. 30

| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

Heyber Santana, estudante de

Educação Física: “O estágio ampliou meu pensamento e percepção do que é uma profissão”

O estágio também se traduz em programa de inclusão e se revela como forma eficaz de inclusão social e cidadania. É com a bolsa-estágio que muitos jovens dão continuidade aos estudos, vencem dificuldades financeiras e se projetam profissionalmente. EXTENSÃO E ATENÇÃO ESPECIAL

Também no raio de cobertura do IEL Goiás, a partir de sua unidade em Luziânia, o município de Formosa foi pioneiro na região a recorrer ao estágio para garantir e ampliar o acesso de pessoas com defici-

João Lopes Santana, pai de Heyber:

“A iniciativa da prefeitura tira o jovem das ruas e ele mesmo começa a se refazer com os estudos e com o estágio”

ência à rede escolar. Em parceria com o instituto, a prefeitura conta com estagiários como monitores em sala de aula, viabilizando o atendimento a alunos especiais, segundo prevê a legislação para esse caso. De acordo com a pedagoga e coordenadora das Faculdades Iesgo, Magda Helena dos Reis, os estagiários absorvem, dentro da instituição de ensino em Formosa, conhecimentos e maior vivência interpessoal ao lidar com crianças e outros jovens. Ao mesmo tempo, eles dão suporte para que a administração realize com êxito uma prestação de serviço na área educacional.


Eu digo para os “prefeitos que abram os

“Estamos acompanhando esse desenvolvimento, notando o lado positivo nas crianças, que estão se adaptando melhor à escola, e pelo lado dos estagiários, estamos elaborando uma adaptação curricular. Nesse meio, já identificamos também que alguns estudantes querem se dedicar à educação especial.” 

olhos e se informem sobre o estágio, e que deem prioridade para esta parceria”.

MAGDA HELENA DOS REIS, pedagoga e coordenadora das Faculdades Iesgo

Serviço: Alguns dos benefícios do estágio às prefeituras ▶▶ Ajuda para o trabalho diário dos órgãos municipais ▶▶ Contribuição do pensamento jovem na administração pública ▶▶ Melhoria de processos e atividades ▶▶ Retenção de profissionais no município ▶▶ Ação transformadora para o estudante, a comunidade e administração ▶▶ A prática não gera vínculo empregatício e não incide sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal ▶▶ Ferramenta para uma gestão conectada com o desenvolvimento socioeconômico, profissional e educacional.

Instituto Euvaldo Lodi - IEL Goiás - Goiânia: (62) 3257-6500 / 6501 / 6502 - Luziânia e região: (61) 3601-3615

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GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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SENAI

Turma de pessoas com

deficiência na Usina Boa Vista, em Quirinópolis: parceria com Unidade Sesi Senai permite superar barreiras também no Sudoeste do Estado

Qualificação inclui PCD Senai Goiás realiza diversas ações de educação profissional para pessoas com deficiência. Iniciativa busca busca facilitar o acesso ao mercado de trabalho Andelaide Lima

H

á dez anos, um acidente de trabalho em uma marcenaria mudou a vida de Tiago Alvarenga. Ele teve a mão direita decepada por um equipamento usado para desengrossar madeira. A deficiência dificultou sua recolocação no mercado, mas não o impediu de lutar por seus objetivos. Atualmente, aos 31 anos, trabalha como auxiliar de laboratório na Mineração Serra Grande, em Crixás, no Norte Goiano. Ele conquistou o emprego em abril, dois meses antes de concluir o curso de mecânico de manutenção industrial, ministrado no município por meio de ação móvel coordenada pela Unidade Sesi Senai Niquelândia.

32

| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

Animado com a oportunidade oferecida pela qualificação, Tiago pretende fazer outros cursos. “Consegui o emprego por meio da educação profissional. Aprendi muito no Senai e quero continuar me aprimorando para crescer na empresa. Enfrentei algumas barreiras depois do acidente, mas não desisti. É importante querer se qualificar também”, ressalta. A técnica em enfermagem Paula Francisca Silva, de 35 anos, tem uma deficiência quase imperceptível na perna, causada por um acidente de moto. Ela, igualmente, busca na qualificação uma maneira de ampliar suas oportunidades de emprego, integrando turma exclusiva para


Sílvio Simões

inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, foi criada, há 25 anos, a Lei de Cotas, mas nem todas as empresas cumprem a legislação. Em Goiás, dados da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego mostram que 1.100 empresas são obrigadas a realizar a contratação de pessoas com deficiência (PCDs). Se todas seguissem a lei haveria 13,7 mil postos de trabalho disponível. Contudo, apenas 34,2% das vagas estão preenchidas. EMPRESAS APOSTAM EM AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Formatura no Crer: Concluintes do curso de operador de computadores exibem

certificados ao lado de diretores e instrutores do Senai Fatesg, do Crer, do Ministério Público do Trabalho e Fimtpoder

deficientes do curso de assistente administrativo, desenvolvido pela Unidade Sesi Senai Quirinópolis, no Sudoeste Goiano, em parceria com a Usina Boa Vista. “Estou feliz com o curso, em poder adquirir experiência e de mostrar que somos capazes de trabalhar.” VAGAS DISPONÍVEIS

Em 2005, Cleire Aparecida Machado, de 50 anos, sofreu um acidente de carro que a deixou sem os movimentos da perna direita, mas esse não é o problema mais sério que enfrenta. Desempregada há cinco meses, ela luta para vencer o preconceito e voltar ao mercado de trabalho. “Com a crise, a empresa em que atuava faliu. Já fiz inúmeras entrevistas, passo por todas as etapas, mas sempre sou reprovada na avaliação médica”, lamenta. Apesar de encontrar várias portas fechadas, Cleire não perde as esperanças e também aposta na capacitação profissional para conquistar o tão sonhado emprego. Ela faz participa do curso de operador de computador para pessoas com deficiência, realizado pela Faculdade Senai de Desen-

volvimento Gerencial (Fatesg), em Goiânia, a primeira turma em parceria com o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer). “O curso é ótimo, superou minhas expectativas. Hoje consigo fazer qualquer coisa no computador, só preciso de oportunidades para contribuir com a sociedade”, diz. As barreiras enfrentadas por Tiago, Paula e Cleire fazem parte da realidade de inúmeros deficientes. Para garantir a

Para facilitar o acesso de PCDs ao mercado de trabalho e ajudar as indústrias a atender à exigência legal para contratação inclusiva, o Senai realiza diversas atividades de educação profissional voltadas para esse público. Em uma dessas ações, a Telemont Engenharia implantou nova turma exclusiva do programa Jovem Aprendiz, com participação de 14 deficientes, no curso de auxiliar administrativo, ministrado pela Escola Senai Vila Canaã, em Goiânia. Essa é a segunda turma de aprendizes da empresa com PCDs. Coordenadora regional de Gente da Telemont, Fabrícia Damacena diz que a experiência tem sido de grande importância. “Tanto gestores quanto colaboradores

Ranier José:

“A capacitação nos deixa mais aptos para o mercado de trabalho e ajuda a superar as discriminações”

GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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SENAI

têm a oportunidade de conhecer de perto a necessidade do outro, favorecendo assim a desmistificação dessa condição, diminuindo e até eliminando possíveis preconceitos. Vejo que as barreiras para a inclusão de deficientes talvez estejam mais em nossas cabeças do que em problemas efetivos. Em um grupo heterogêneo, a troca de experiência e opiniões enriquece a todos”, observa. Deficiente auditivo, Ranier José, de 41 anos, faz o curso de auxiliar administrativo e vive expectativa de contratação. “A capacitação nos deixa mais aptos para o mercado de trabalho e ajuda a superar as discriminações”, acredita.

Em Crixás, a Mineradora Serra Grande desenvolve trabalho semelhante. Em parceria com a empresa, o Senai Niquelândia já realizou cursos como assistente administrativo, facilitador organizacional em saúde, segurança e meio ambiente, manutenção mecânica e elétrica industrial, com participação de pessoas deficientes. Chefe de Recursos Humanos da mineradora, Cleudes Sara Martins destaca que a iniciativa é mais uma forma da empresa zelar pela comunidade em que atua. “O objetivo é incentivar a capacitação das pessoas com deficiência, ampliando seu campo de atuação e desenvolvimento”, explica.

Parceria com Senai:

Telemont implanta nova turma exclusiva do Jovem Aprendiz com participação de 14 deficientes

Turma de formandos:

Mineração Serra Grande e Senai Niquelândia promovem série de cursos para qualificação e inclusão

Patrícia Souza:

coordenadora geral do Fimtpoder ressalta que parceira com Senai para aumentar empregabilidade de PCDs

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Parcerias ampliam empregabilidade

As atividades desenvolvidas para deficientes integram o Programa Senai de Ações Inclusivas (Psai), implantado em 2000 com a finalidade de promover a capacitação profissional e o acesso ao mercado de trabalho de pessoas que, por algum motivo sociocultural, econômico ou por preconceito, são discriminadas. Ano passado, o Senai Goiás qualificou quase mil pessoas com deficiência visual, auditiva, mental, física e múltipla, em diversos cursos de formação profissional. De janeiro a julho deste ano, mais de 200 PCDs foram matriculados na instituição. As ações inclusivas desenvolvidas pelo Senai contam com parceria com diversas instituições de apoio aos deficientes, como a Associação do Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae/Goiás), Fundação Pestalozzi, Associação dos Deficientes Físicos de Goiás (Adfego), Associação dos Surdos de Goiás, e com o Fórum Goiano de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS (Fimtpoder). Presidente da Adfego e coordenadora geral do Fimtpoder, Patrícia Souza ressalta que a parceria com o Senai tem sido fundamental para aumentar a empregabilidade das pessoas com deficiência. “O trabalho tem dado bons resultados e o importante é que todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, tenham espaço no mercado de trabalho”, diz. 


ARTIGO

Inclusão em tempos de crise

P

ublicada no Popular em 1º de agosto, a matéria especial Inclusão no mercado de trabalho, de autoria da jornalista Dayse Freiras, insere na pauta assunto de grande relevância e abrangência, não apenas para as pessoas com deficiência (PCD), alvo da reportagem. A abordagem é fundamental, sobretudo em momento de desemprego recorde, quando profissionais de diversas áreas nunca tiveram tanto medo de engrossar as estatísticas dos sem-trabalho. Segundo acompanhamento mensal da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice de Medo do Desemprego subiu 1,9% em junho, na comparação com março, e alcançou 108,5 pontos, maior valor desde maio de 1999, quando começou a ser pesquisado. Se para a população em geral, o medo é crescente em meio à crise do País, imagine para as pessoas com deficiência, diante de um mercado de trabalho inóspito como o nosso, que constitui uma das principais, entre inúmeras barreiras enfrentadas cotidianamente por PCD. A dificuldade de acesso se dá, regra geral, a pretexto de falta de qualificação, porém dissimulando preconceitos com profissionais que podem ser bastante úteis no setor produtivo, seja em cargos operacionais ou mesmo de gestão – e não apenas naqueles considerados pouco atrativos. Por que não? Não por acaso, há mais de duas décadas foi criada a Lei de Cotas para garantir a inserção desse público. Em Goiás, segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego citados na reportagem, 1.100 empresas são obrigadas a contratar PCD. Se todas elas seguissem a lei – pasme! –, nada menos do que 13,7 mil postos de trabalho estariam disponíveis. Uma realidade a ser lamentada, pois apenas 4.727 vagas, ou 34,2%, estão preenchidas. A propósito de capacitação, apontada pelas empresas como gargalo porém classificada como falácia por especialistas no assunto, é alvissareira a experiência do Programa Senai de Ações Inclusivas, de âmbito nacional, destinado

Se para a população em geral, o “medo do desemprego é crescente

em meio à crise do País, imagine para as pessoas com deficiência, diante de um mercado de trabalho inóspito como o nosso.” DEHOVAN LIMA, jornalista, editor de publicações do Sistema Fieg

a facilitar o acesso de pessoas com necessidades especiais (deficientes/condutas típicas e altas habilidades) à sua programação de cursos, além de expandir o atendimento a negros/índios e possibilizar a participação de mulheres nos cursos estigmatizados para homens e vice-versa. Enfim, uma iniciativa exemplar da instituição da indústria que proporciona educação profissional comprometida com a diversidade, preservando a qualidade de seus serviços. Em Goiás, o Senai registra evolução crescente de matrículas em diversos cursos de pessoas com deficiências (auditiva, psicossocial-condutas típicas, física, mental, múltipla, visual e outras), totalizando, em 2015, quase mil concluintes. Alguns exemplos de atendimento específicos se sobressaem, como os programas de aprendizagem industrial em auxiliar de linha de produção, na John Deere, em Catalão; em almoxarife, para a Usina Boa Vista, em Quirinópolis; cursos de qualificação em assistente administrativo e de informática para deficientes visuais, em parceria com Fimtpoder (Fórum Goiano de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS) e com o Crer (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo). Incluir é preciso!  * Artigo publicado no jornal O Popular dia 06/08/2016 GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

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AÇÕES ITINERANTES

Capacitação, emprego e renda no interior Por meio de parcerias com poder púbico e iniciativa privada, Senai leva qualificação a várias cidades, abrindo oportunidades para pessoas desempregadas

Formação itinerante: unidade móvel proverá qualificação no setor de panificação em Cabeceira Grande

Janaina Staciarini (texto e fotos)

F

omentar o desenvolvimento regional ao estimular o empreendedorismo e a noção de associativismo, promover educação profissional e incentivar a geração de emprego e renda, medidas cruciais em momento de crise por que passa o País. Com base nesse tripé, o Senai Goiás atua de forma itinerante em várias cidades do interior e até fora do Estado, levando cursos a regiões onde não dispõe de unidades fixas. Para tanto, desloca unidades móveis ou instala salas de aula em espaços físicos dos municípios. Além de capacitar a população local, ajudando a fixar as pessoas em suas cidades por meio de oportunidades criadas, essas ações promovem movimentação nos setores de comércio e prestação de serviços, ao possibilitar a aquisição, nas próprias localidades, de todo o material necessário para eventuais reformas de imóveis, material de consumo e mão de obra. Em Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal, projeto viabilizado por meio de convênio com o Ministério da Integração Nacional/Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) prevê atuação do Senai no incremento do artesanato local, com foco na comercialização dos produtos, visando à geração de renda. Oficinas em artesanato e de capacitação gerencial, palestras temáticas (workshops) vão mobilizar o setor e haverá ainda assistência técnica em gestão cooperativa e comercial. Ao final, o projeto inclui a realização de missão comercial a uma feira de artesanato internacional. “Quando a gente trabalha com parceiros como o Senai a gente sabe que os frutos disso serão incalculáveis num futuro muito próximo”, afirma o coordenador de Orçamento e Finanças da Sudeco, Eliel Mendes. Panificação e costura em Minas

Em outra ação móvel, o Senai leva capacitação à cidade 36

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Aula inaugural dos cursos de costura no distrito de Palmital de Minas: previsão para capacitar 180 pessoas

mineira de Cabeceira Grande, localizada em área de influência da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). Além de deslocar para a região a unidade móvel de panificação, o Senai instalou unidade de costura no distrito de Palmital de Minas, a 30 quilômetros de distância. A previsão é de capacitar 180 pessoas na ação, viabilizada por meio de contrato com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), do Ministério da Integração Nacional. Parceria com Hering

O Senai e a Fundação Herman Hering firmaram parceria para capacitação em costura em Bom Jardim, Iporá, Córrego do Ouro, Mara Rosa e Britânia. Nas duas primeiras cidades, as ações devem começar ainda em agosto, devendo capacitar 160 pessoas, preferencialmente que estejam em situação de vulnerabilidade social, desempregadas e/ou que atuem na informalidade. 


PROMOÇÃO COMERCIAL

Passaporte para o mundo Rede de centros de negócios internacionais da CNI passará a emitir documento aduaneiro que facilitará a exportação temporária de produtos

A

partir de setembro, a Fieg e as demais 26 federações A medida, prosseguiu ele, será facilitadora para que da indústria no País, por meio da rede de centros o Brasil apresente seus produtos no exterior. “A indúsinternacionais de negócios da Confederação Na- tria brasileira, que participa de feiras no exterior, que cional da Indústria (CNI), deverão estar preparadas para leva seus produtos como amostra para serem comerciaemitir o chamado ATA Carnet Exportação. Trata-se de lizados, precisava de um mecanismo que desse a ela a seuma espécie de passaporte que facilitará a exportação gurança de levar o produto e depois retornar ao Brasil”, temporária de produtos ou equipamentos destinados, destacou Andrade. por exemplo, a feiras, mostras e mesmo shows e apreAs empresas podem utilizar o documento em três sentações fora do País (veja quadro). O Brasil será o 75º tipos de operação: para transportar amostras comerciais, país e o primeiro no Mercosul a utilizar o ATA Carnet equipamentos profissionais ou artigos para apresentação (ou documento de admissão temporária, numa tradução ou uso em feiras, exposições e eventos semelhantes. Os livre do francês). Isso deverá reduzir custos e burocracia produtos podem circular em mais de um país com o para empresas e profissionais que participam de eventos mesmo documento por 12 meses. Os 74 países que já internacionais e desejam apresentar seus produtos a mer- trabalham com o ATA Carnet representam quase 75% cados potenciais no exterior. do fluxo de comércio exterior (importação e exportação) A CNI venceu o edital público para ser a instituição do Brasil. Entre eles, estão alguns dos principais parceiros garantidora e emissora do ATA Carnet durante cinco anos, comerciais do País, como Estados Unidos, China, Alemaalém de assumir a missão de garantir toda a operação, nha, Japão e México, além de Cingapura, Canadá e Chile. assegurando o retorno ao País dos bens e equipamentos exportados temporaria Robson Braga e Jorge Rachid: sistema reduz custos, estimulando a competitividade da indústria lá fora e mente. O documento terá validade de 12 atraindo negócios para o País meses a partir da data de sua emissão, facilitando o trânsito internacional daqueles produtos durante todo o período. “É um avanço para facilitar os processos de comércio exterior no País e teremos condições de fazer isso em âmbito nacional. O ATA contribui tanto para a atuação das nossas empresas lá fora quanto para a atração de negócios ao Brasil. Essa eficiência é fundamental”, afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Segundo o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, a assinatura do contrato com a CNI deve ser considerada como “um grande passo para a melhoria de nossa competitividade. Agora, uma operação firmada aqui é uma operação reconhecida pelo mundo.” GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016 |

Miguel Ângelo

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PROMOÇÃO COMERCIAL

Jogos Olímpicos: atletas de todo mundo

puderam usar o ATA Carnet para entrar no País com seus equipamentos enfrentando menor burocracia

A entrada de equipamentos esportivos de atletas que participaram da Olimpíada no Rio de Janeiro, por exemplo, foi facilitada pelo uso do ATA Carnet importação, emitido exclusivamente pela Receita Federal. No ano passado, os 178 mil carnês emitidos cobriram mercadorias avaliadas em mais de US$ 30 bilhões nos 74 países que já reconheciam o documento e participam da rede global abrigada sob a Câmara Internacional de Comércio (ICC, na sigla em inglês), sediada na França. Os passos seguintes

As próximas medidas, avalia Plínio César Lucas Viana, gerente do Centro Internacional de Negócios de Goiás (CIN Fieg), deverão envolver a assinatura de um termo de adesão da Fieg ao contrato firmado entre a Receita e a CNI e a indicação de um responsável pela emissão do documento aduaneiro por parte da federação goiana. O CIN Fieg aguarda ainda o desenvolvimento do software que permitirá a emissão do ATA Carnet e sua homologação pela Receita. “Será preciso ainda qualificar e capacitar recursos humanos da rede CIN e, depois, cuidar da divulgação de todo o processo”, afirma Viana. 

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O que é o ATA Carnet? É um passaporte de mercadorias exportadas ou importadas temporariamente. Com ele, uma empresa pode circular com produtos em 75 países sem precisar pagar impostos, durante 12 meses.

Quais produtos são cobertos? ▶▶ Bens utilizados em exposições, feiras, congressos ou

eventos similares; materiais profissionais; bens importados para fins educativos, científicos ou culturais ou desportivos. Por exemplo: materiais de atletas, equipamentos fotográficos e cinematográficos de jornalistas, instrumentos musicais, joias, roupas, peças arqueológicas, quadros, veículos, entre outros.

O que não pode entrar no Brasil pelo ATA Carnet? ▶▶ Itens perecíveis, de consumo ou destinados à transformação ou reparação, entre outros.

Quais são as vantagens aduaneiras do sistema? ▶▶ 1. O uso do ATA Carnet reduz o custo para exportadores porque elimina encargos e tributos de importação e exportação temporária.

▶▶ 2. A entrada nos países é simplificada e a burocracia, reduzida, pois todas as formalidades aduaneiras são resolvidas com apenas um documento.

Quem mais é beneficiado? ▶▶ Micro e pequenos negócios têm maior facilidade e menor custo para sustentar as operações de comércio exterior ▶▶ Feiras e encontros de negócios terão mais facilidade de atrair exibidores estrangeiros ▶▶ A indústria do turismo e do transporte ▶▶ A indústria do entretenimento e da música ▶▶ Grandes eventos esportivos, como Jogos Olímpicos e Copas do Mundo


MEMÓRIA | TRANSBRAZ

Inovação no setor elétrico Instalada no Daia, Transbraz especializou-se no desenvolvimento de soluções inovadoras para o setor de energia e lança nova família de geradores Claudius Brito

A

Transbraz, empresa do Grupo Sol especializada em soluções inovadoras para a área de energia, apresentou ao mercado suas mais recentes linhas de geradores, além de um novo banco de carga e um sistema de acionamento remoto por meio de aplicativo de celular, desenvolvido com exclusividade pela equipe de especialistas da Gerasol, empresa criada em 1998 e que deu origem ao grupo. Os lançamentos, de acordo com o empresário Sílvio Oliveira, fazem parte da estratégia de investimentos em modernização e inovação perseguida pela companhia, apesar da crise. “Nos orgulhamos de ser uma empresa nacional e que trabalha pelo fortalecimento da engenharia brasileira. Vamos continuar nossa trajetória de inovação e lançamento de novos equipamentos”, destacou Oliveira, que acompanhou os convidados para um tour na indústria para conhecer os lançamentos. Os novos produtos incluem a linha Slim, com geradores de 500 a 700 KVA; o gerador Super Slim, de 400 KVA; o TwinGen de 1.600 KVA; uma linha compacta com geradores de 140 e 250 KVA; o novo Infinity. Instalada no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), a Transbraz é considerada referência em sua área de atuação no País e dedica-se ao desenvolvimento de produtos inovadores para o mercado. Oliveira lembra que o primeiro grande sucesso de mercado desenvolvido pela empresa foi o TwinGen, caracterizado por dois geradores em paralelo colocados num container marítimo. Posteriormente, surgiu o QuadriGen, com quatro geradores dispostos num container de 40 pés. O grupo também desenvolveu o TwinPetro, para trabalhar em plataformas de petróleo, um dos produtos agora relançado no mercado. A Transbraz desenvolveu, ainda, o grupo gerador da

Sílvio Oliveira:

“Vamos continuar nossa trajetória de inovação e lançamento de novos equipamentos”

família Slim, mais compacto, que obteve enorme aceitação no mercado, proporcionando significativo volume de vendas, e os geradores da família Infinity, uma máquina para funcionamento contínuo, desenvolvida com engenharia de ponta para uso em termelétricas, como é o caso da Usina Termelétrica de Anápolis S.A (UTE-Daia). Formado há mais de 30 anos pela Universidade Federal de Goiás (UFG), o engenheiro Silvio Oliveira ressaltou que a Gerasol – primeira empresa do grupo – surgiu da necessidade de oferecer soluções para economia no horário de ponta e agregou ao seu portfólio de clientes nada menos do que o Grupo JBS Friboi, maior processador de proteína animal do mundo, além da Ambev e uma série de outros grandes parceiros. A segunda empresa do Grupo SOL foi a Transbraz, com foco na fabricação de grupo geradores, tendo sido responsável pelo lançamento de produtos inéditos, alguns deles copiados, inclusive, por concorrentes internacionais. A terceira empresa foi a Solger, que formou um seleto grupo de profissionais para monitorar as cerca de 300 máquinas do grupo espalhadas pelo País. Para isso, foi desenvolvido pela equipe um software de supervisão remota, capaz de fazer intervenções à distância nas máquinas e gerar relatórios técnicos para acompanhamento de eficiência.  G O I Á S I N D U S T R I A L | JAugnohs ot o2 20 01 16 6| |

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GENTE

DA INDÚSTRIA MKP Marketing

FORÇA FÍSICA / Patrocinada pela Mamut Strong, indústria de equipamentos para crossfit genuinamente goiana, dos empresários Joaphan Sodré e Pedro Daniel Bittar Jr., Luiza Marques (foto), de 15 anos, participou em julho de competição em Carson, na Califórnia (EUA) e conquistou o oitavo lugar entre participantes de vários países. A goiana é a primeira brasileira na categoria crossfit teen a viajar para uma disputa internacional. “Estamos felizes por ser a primeira indústria no mercado nacional líder de vendas no segmento e pelos resultados obtidos com as conquistas de nossos atletas, como a Luiza, esportista desde os 6 anos”, comemora Bittar Jr.

CORTINAS, PERSIANAS, TOLDOS / Com indústria em Senador Canedo, a Persi-

Emmanuel Gonçalves

fashion, dos empresários Evandro Fausto e Alessandra Dias, inaugurou novo showroom no Jardim Goiás, em Goiânia, no local onde funcionava a antiga fábrica de toldos e telas solares do casal. Uma exposição da produção de cortinas, persianas e toldos reuniu estudantes, profissionais de arquitetura e design, além de parceiros locais, em preparação para a Mostra Arq Designer, que será realizada em setembro. Nas fotos (em sentido horário), Evandro Fausto (de camisa rosa), com Augusto Alcântara, Rodrigo Borges, Larissa Portilho e Fábio Marques; Giselly Graciane e Alessandra Dias.

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// Renata dos Santos

AÇAÍ NOS EUA / A Fast Açaí, indústria goiana fundada há pouco mais de dois anos por Frederico Junqueira, Maurício Lima, Belisário Júnior e Pedro Lima, entrou para o seleto grupo de 6% de franqueados que possuem mais de uma centena de unidades abertas em todo o Brasil. Depois de conquistar o País com a fruta produzida na Amazônia, acaba de inaugurar, em Orlando, a primeira de cinco unidades nos Estados Unidos, o segundo maior consumidor do produto, atrás do Brasil. 30 ANOS / A USE Móveis comemorou,

BOLA CHEIA / A Mecat Filtrações Industriais, do empresário Attilio Turchetti, inaugurou em Abadia de Goiás, onde está instalada há 30 anos, um novo campo para escola de futebol (foto), projeto social financiado pela empresa e que já beneficiou mais de 150 alunos desde 2009, com foco na promoção da prática esportiva, educacional e social.

em julho, 30 anos com o Pocket Palestras, na sede da TV Record, no Setor Bueno, e o lançamento da linha Optima Office, desenhada por dois dos maiores designers italianos de mobiliário para escritório: Adriano Baldanzi e Alessandro Novelli. Instalada em moderna sede própria em Goianira, a empresa vai ganhar novo parque industrial de 57 mil m² em uma área de 114 m². Escritórios showroom em outros Estados e países são novas metas traçadas.

Elton Shiraishi

JAPÃO, MÚSICA E DANÇA / Dos quadros da Sobrado Engenharia e presidente do conselho do Clube Kaikan, Jadir Matsuy (direita) e Idério Watanabe, entusiastas do Bon Odori, Festival de Música e Dança, que este ano chegou a sua 14ª edição, paralelamente à Semana do Japão, com exposição de fotos, oficinas, danças e culinária japonesa, no Shopping Bougainville.

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GENTE

DA INDÚSTRIA

DO PALCO À INDÚSTRIA / A cantora Cláudia

Dirce Vieira

Luiz Nogueira Junior

Vieira divide seu tempo entre o palco e a Sofisticatto, indústria de cosméticos – linha capilar, de perfumes e hidratantes corporais –, que comanda ao lado de familiares, como a irmã Gilda, designer industrial que mora em Istambul, Turquia, e é responsável pelo layout dos produtos.

LUIZ, O NOME DO PERFUME / mercado, a Dinâmica Engenharia, dos empresários Eugênio de Carvalho Neto e Mario Valois (foto), ganhou recentemente o Selo Verde, certificado de destaque ambiental do Jornal do Meio Ambiente, de São Paulo. Distinção para empresas que comprovam práticas sustentáveis e adotam iniciativas próprias de preservação da natureza. Anteriormente, a construtora havia conquistado o Prêmio CBIC de Responsabilidade Social por manter escola em suas obras e oferecer cursos profissionalizantes para membros das famílias de seus colaboradores, em parceria com o Sesi e o Senai.

TEEN E PLUS / Segmento kids e plus size são apostas de Ronaldo Leandro Costa (Traço e Risco) para driblar a crise. O empresário da região da Avenida Bernardo Sayão acaba de lançar seu catálogo de moda infantil e adulta, propagado por seus representantes de todo o Brasil.

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Patrícia Rebello (Guirré Cosméticos) e Leonora Rocha Lima Nogueira comemoram sua mais nova criação, o perfume Eau de Luiz, o quarto da família, que chega depois das fragrâncias Eau de Leonora, Eau de Davi, Eau de Leonora Maison. A autora traz na bagagem estudos no L’Institut Supérieur des Arts Appliqués (Lisaa), em Paris.

Renato Nenoki

OBRAS VERDES / Com três décadas no


GIRO

PELOS SINDICATOS

SICMA

FEIRÃO DA CASA PRÓPRIA / Numa parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Anápolis, o Feirão Caixa da Casa Própria foi realizado entre os dias 16 a 18 de junho (foto). Em sua 12ª edição, o evento movimentou em torno de R$ 111 milhões, conforme a Caixa. Participaram do feirão, realizado no Piso Superior do Terminal Rodoviário, sete construtoras e incorporadoras, 12 imobiliárias e seis correspondentes da Caixa, com oferta de mais de 2 mil imóveis. EXPO CASA E MÓVEIS / Paralelamente ao Feirão Caixa, ocorreu também a sétima edição da Expo Casa e Móveis, evento destinado a fortalecer a indústria moveleira da região e divulgar seu potencial. O presidente do Sicma, Anastácios Apostolos Dagios, fez balanço positivo da participação do sindicato no evento.

CONSELHO MUNICIPAL DO TRABALHO / Os diretores do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Anápolis (Sicma), Aloísio Sávio da Silva e Luiz Antônio Oliveira Rosa (foto), tomaram posse no dia 1º de julho como membros do Conselho Municipal do Trabalho. A solenidade de posse, no miniauditório do Centro Administrativo, contou com presença do prefeito João Gomes (direita). Ao todo, foram empossados 18 conselheiros, entre titulares e suplentes, todos com mandato de três anos, renovável pelo mesmo período. O colegiado responde pela definição de diretrizes para orientar a elaboração de estratégias e acompanhar a execução de políticas públicas para a geração de emprego e renda no município. SINDILEITE

EXIGÊNCIA DA ANVISA / O setor de laticínios demonstra preocupação com a entrada em vigor, em julho, da Resolução da Diretoria Colegiada nº 26, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A norma obriga a indústria a informar na embalagem de seus produtos a presença de substância alergênicas. “O leite e seus derivados estão sujeitos a muitas leis, resoluções e normas, num controle sanitário já rigoroso. O acúmulo de exigências não deixará espaço para que o setor possa especificar, no rótulo, todos os componentes do produto”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Goiás (Sindileite), Joaquim Guilherme Barbosa de Sousa (foto).

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GIRO PELOS SINDICATOS

REPRESENTAÇÃO DA ABIC NO CENTRO-OESTE / O empresário Wilson

FIEG ANÁPOLIS

PARCERIA AMPLIADA / O presidente da Fieg Regional Anápolis, Wilson de Oliveira, participou da solenidade de inauguração da biblioteca da indústria Carta Fabril, projeto realizado em parceria com o Sesi Goiás. O evento, ocorrido no dia 23 de junho, contou com presença do presidente do grupo, José Carlos Coutinho (foto) e sua esposa Marília Coutinho, do vice-presidente de operações, Vitor Leonardo Coutinho, e do superintendente do Sesi, Paulo Vargas. Em seu discurso, o presidente do grupo disse que a parceria com o Sistema Fieg tem contribuído para fortalecer a política de responsabilidade social da empresa. Para Oliveira, o evento demonstrou, na prática, a importância da integração entre empresas e o sistema, expressa na formatura de mais uma turma de ensino médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), fruto da parceria entre o Sesi Jaiara e a Carta Fabril.

SINDALIMENTOS

CAFÉ RANCHEIRO RECEBE O PRÊMIO / A indústria Café Rancheiro, localizada no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), foi uma das sete empresas de Goiás a receber o Prêmio Lide da Indústria de Alimentos 2016 (foto), concedido aos destaques no setor de alimentação. A entrega da premiação ocorreu no dia 16 de junho, em solenidade no Hotel Mercure, em Goiânia, durante o Fórum Brasileiro da Indústria de Alimentos. A gerente de Marketing da empresa, Emyllia Chaveiro, recebeu o prêmio em nome da diretoria. O Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SindAlimentos) foi representado por Darlan Neiva de Siqueira. 44

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de Oliveira, vice-presidente da Fieg e presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis, assumiu a representação goiana da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) na região Centro-Oeste, a convite do presidente da entidade, Ricardo de Sousa Silveira. Recentemente, a associação e o Sincafé-GO realizaram em Goiânia encontro com lideranças e empresários do setor para discutir temas de interesse da indústria cafeeira, com destaque para as resoluções RDC 14, que trata de sugilidades e fragmentos de inseto; a RDC 26, sobre rotulagem de alimentos; e a RDC 24, sobre recall de alimentos. Oliveira esteve também em Brasília representando a Abic em reuniões para tratar de interesses do setor na Organização das Cooperativas Brasileiras e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


SINDIFARGO

INCENTIVO À INOVAÇÃO / O presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de Goiás e do Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Fieg, empresário Heribaldo Egídio (foto), conduziu a quinta reunião extraordinária do CDTI, no final de junho, na Casa da Indústria. O encontro contou com palestra do advogado e diretor de Desenvolvimento de Negócios da F-Iniciativas, Anderson Rodrigues, sobre a Lei do Bem, que prevê incentivos fiscais a empresas inovadoras. SINDIFARGO

MISSÃO NO CHILE / O presidente executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás, Marçal Henrique Soares, integrou a missão ao Chile (foto), organizada pelo governo estadual por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Goiás. A missão, realizada no início de junho, teve como objetivo a intensificação de relações técnicas e comerciais entre os dois países, com foco nos setores de alimentos, farmacêutico e de mineração. A delegação goiana, formada por empresários, técnicos e autoridades, foi chefiada pelo superintendente de Comércio Exterior, William O’Dwyer. O presidente da Fieg, Pedro Alves, liderou a representação industrial. SIGEGO

CONCORRÊNCIA DESLEAL – 1 / O Sindicato das Indústrias

BITRIBUTAÇÃO – 1 / A Associação Brasileira da Indústria

Gráficas no Estado de Goiás (Sigego) obteve importante decisão para conter a concorrência desleal gerada pelas gráficas de entidades imunes de impostos. Em decisão liminar publicada no final de junho, o juiz Cláudio Henrique Araújo de Castro deferiu a suspensão das atividades comerciais externas das gráficas das editoras regionais da Pontifícia Universidade Católica e da Congregação do Santíssimo Redentor. Suas atividades ficam agora limitadas ao seu público interno (docentes e discentes da universidade e religiosos ligados à congregação).

Gráfica e o Sigego apoiam a aprovação pelo Senado do substitutivo ao projeto de lei nº 386/2012, que coloca fim à bitributação sobre a indústria do setor. Atualmente, um mesmo impresso gráfico está sujeito ao recolhimento do Imposto sobre Serviços (ISS), de competência municipal, e do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de responsabilidade estadual, caracterizando a dupla tributação.

CONCORRÊNCIA DESLEAL – 2 / A Ação de Obrigação de Não Fazer, acolhida liminarmente pelo juiz, foi proposta pelo escritório Mendonça, Moreira & Prado, que presta assessoria jurídica ao Sigego e à Fieg, e pretende coibir o desequilíbrio e prejuízos econômicos causados às gráficas associadas ao sindicato. Em seu despacho, Castro cita que a imunidade tributária permitia àquelas gráficas a prática de preços mais baixos do que seus concorrentes, o que, num cenário de crise na economia, não só gerava riscos de danos a todo o setor gráfico, como até mesmo poderia inviabilizar “a atividade de várias empresas que se dedicam a esse ramo de atividade empresarial”.

BITRIBUTAÇÃO – 2 / Na visão daquelas entidades, o ISS deveria ser cobrado somente na confecção de impressos destinados ao consumidor final, como cartões de visita, convites de casamento, talonários em geral, catálogos de produtos e cartazes promocionais. O ICMS, por sua vez, deveria incidir apenas na confecção de impressos destinados à comercialização ou industrialização, como no caso de rótulos, bulas, etiquetas e embalagens

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SINDICATOS SINDICATOS COM SEDE NO EDIFÍCIO PEDRO ALVES DE OLIVEIRA Rua 200, Quadra 67-C, Lote 1/5, nº 1.121 – Setor Vila Nova, em frente à Casa da Indústria – Goiânia-GO, CEP: 74645-230 SINPROCIMENTO Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de Goiás Presidente: Olavo Martins Barros Fone: (62) 3224-0456/Fax 3224-0338 siac@sistemafieg.org.br SINDIREPA Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de Goiás Presidente: Sílvio Inácio da Silva Telefone (62) 3224-0121/ 3224-0012 sindirepa@sistemafieg.org.br SINDIAREIA Sindicato das Empresas de Extração de Areia do Estado de Goiás Presidente: Gilberto Martins da Costa Fone/Fax: (62) 3224-8688 sindiareia@sistemafieg.org.br SINDCEL Sindicato das Indústrias da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia no Estado de Goiás Presidente: Célio Eustáquio de Moura Fone: (62) 3218-5686 / 3218-5696 Sindcel.go@gmail.com SINDIALF Sindicato das Indústrias de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens no Estado de Goiás Presidente: Daniel Viana Fone: (62) 3223-2050 SIAEG Sindicato das Indústrias de Alimentação no Estado de Goiás Presidente: Sandro Antônio Scodro Mabel Fone/Fax: (62) 3224-9226 siaeg@terra.com.br

SINDIGESSO Sindicato das Indústrias de Gesso, Decorações, Estuques e Ornatos do Estado de Goiás Presidente: José Luiz Martin Abuli Fone: (62) 3224-7443 sindigesso@sistemafieg.org.br SINDILEITE Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Goiás Presidente: Joaquim Guilherme Barbosa de Souza Fone (62) 3212-1135 / Fax 3212-8885 sinleite@terra.com.br SIMPLAGO Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado de Goiás Presidente: Bruno Franco Beraldi Coelho Fone (62) 3224-5405 simplago@sistemafieg.org.br SINDIPÃO Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado de Goiás Presidente: Luiz Gonzaga de Almeida Fone: (62) 8422-4022 sindipao@sistemafieg.org.br SIMAGRAN Sindicato das Indústrias de RochasOrnamentais do Estado de Goiás Presidente: Eliton Rodrigues Fernandes Telefone: (62) 3225-9889 simagran@sistemafieg.org.br SINCAFÉ Sindicato das Indústrias de Torrefação e Moagem de Café no Estado de Goiás Presidente: Carlos Roberto Viana Fone (62) 3212-7473 - Fax 3212-5249 sincafe@sistemafieg.org.br

SINDICALCE Sindicato das Indústrias de Calçados no Estado de Goiás Presidente: Elvis Roberson Pinto Fone/Fax: (62) 3225-6402 sindicalce@sistemafieg.org.br

SINVEST Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de Goiás Presidente: José Divino Arruda Fone/Fax: (62) 3225-8933 sinvest@sistemafieg.org.br

SININCEG Sindicato das Indústrias de Calcário, Cal e Derivados no Estado de Goiás Presidente: José Antônio Vitti Fone/Fax (62) 3223-6667 sininceg@sistemafieg.org.br

SINDIBRITA Sindicato das Indústrias Extrativas de Pedreiras e Derivados do Estado de GO, TO e DF Presidente: Flávio Santana Rassi Fone/Fax: (62) 3213-0778 sindibrita@sistemafieg.org.br

SINDICARNE Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Goiás e Tocantins Presidente: José Magno Pato Fone/Fax (62) 3229-1187 e 3212-1521 sindcarn@terra.com.br SINDICURTUME Sindicato das Indústrias de Curtumes e Correlatos do Estado de Goiás Presidente: João Essado Fone/Fax: (62) 3213-4900 sindicurtume@sistemafieg.org.

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| GOIÁS INDUSTRIAL | Agosto 2016

SIEEG Sindicato das Indústrias Extrativas do Estado de Goiás e do Distrito Federal Presidente: Domingos Sávio Fone: (62) 3212-6092 - Fax 3212-6092 sieeg@sistemafieg.org.br SIGEGO Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de Goiás Presidente: Antônio de Sousa Almeida Fone (62) 3223-6515 - Fax 3223-1062 sigego@sistemafieg.org.br

SIMELGO Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Goiás Presidente: Hélio Naves simelgo@sistemafieg.org.br Fone/Fax: (62) 3224-4462 contato@simelgo.org.br SINDQUÍMICA-GO Sindicato das Indústrias Químicas no Estado de Goiás Presidente: Jaime Canedo Fone (62) 3212-3794/Fax 3225-0074 sindquimica@sistemafieg.org.br SINDMÓVEIS Sindicato das Indústriasde Móveis e Artefatos de Madeira no Estado de Goiás Presidente: Enoque Pimentel do Nascimento Fone/Fax: (62) 3224-7296 sindmoveis@sistemafieg.org.br SINDTRIGO Sindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-Oeste Presidente: Sérgio Scodro Presidente-Executivo: André Lavor P. Barbosa Fone: (62) 3223-9703 sindtrigo@gmail.com

OUTROS ENDEREÇOS SIFAÇÚCAR Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás Presidente: Otávio Lage de Siqueira Filho Presidente-Executivo: André Luiz Baptista Lins Rocha Rua C-236, nº 44 - Jardim América CEP 74290-130 - Goiânia - GO Fone: (62) 3274-3133 / Fax (62) 3251-1045 SIMESGO Sindicato da Indústria Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico do Sudoeste Goiano Presidente: Heitor de Oliveira Nato Neto Rua Costa Gomes, nº 143 Jardim Marconal CEP 75901-550 - Rio Verde - GO Fone/Fax: (64) 3623-0591 simesgo1@hotmail.com SINDUSCON-GO Sindicato das Indústrias da Construção no Estado de Goiás Presidente: Carlos Alberto de Paula Moura Júnior Rua João de Abreu, 427 - St. Oeste CEP 74120-110 - Goiânia- GO Fone: (62) 3095-5155 contato@sinduscongoias.com.br SINROUPAS Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas em Geral de Goiânia Presidente: Edilson Borges de Sousa Rua 1.137, nº 87 - Setor Marista CEP 74180-160 - Goiânia - GO Fone/Fax: (62) 3088-0877 sinroupas@yahoo.com.br

SIFAEG Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol no Estado de Goiás Presidente: Otávio Lage de Siqueira Filho Presidente-Executivo: André Luiz Baptista Lins Rocha Rua C-236, nº 44 - Jardim América CEP 74290-130 - Goiânia- GO Fone (62) 3274-3133 e (62) 3251-1045 sifaeg@terra.com.br SIAGO Sindicato das Indústrias do Arroz no Estado de Goiás Presidente: José Nivaldo de Oliveira Rua T-45, nº 60 - Setor Bueno CEP 74210-160 - Goiânia - GO Fone/Fax (62) 3251-3691 siagoarroz@hotmail.com

SINDICATOS/ANÁPOLIS Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Jundiaí, Anápolis/GO - CEP 75113-630 Fone/Fax: (62) 3324-5768 e 3324-5997 fieg.regional@sistemafieg.org.br SINDALIMENTOS Sindicato das Indústrias da Alimentação de Anápolis Presidente: Wilson de Oliveira sindalimentos@sistemafieg.org.br SICMA Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Anápolis Presidente: Anastácios Apostos Dagios sicma@sistemafieg.org.br SINDICER-GO Sindicato das Indústrias de Cerâmica no Estado de Goiás Presidente: Laerte Simão sindicergo@sistemafieg.org.br SIVA Sindicato das Indústrias do Vestuário de Anápolis Presidente: Jair Rizzi siva@sistemafieg.org.br SINDIFARGO Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás Presidente: Heribaldo Egídio Presidente-Executivo: Marçal Henrique Soares sindifargo@sistemafieg.org.br SIMMEA Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Anápolis Presidente: Robson Peixoto Braga simmea@sistemafieg.org.br

Senhor empresário: A FIEG é integrada por 36 sindicatos da indústria, com sede em Goiânia, Anápolis e Rio Verde. Conheça a entidade representativa de seu setor produtivo. Participe. Você só tem a ganhar.




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