Lubgrax - Ed. 05

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Anuncio Lugbrax.ai

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EDITORIAL

EXPEDIENTE REVISTA LUBGRAX Ano I Nº 5 – Julho/Agosto 2010

A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO

Capa:

Foto: Iara Morselli Produção: Maristela Rizzo Diretor

Sérgio Ávila Editoras responsáveis

Maristela Rizzo – MTB 25.781 maristela@lubgrax.com.br Miriam Mazzi – MTB 20.465 miriam@lubgrax.com.br Edição de arte e Editoração

Alex Andrade alex@artediagramacao.com.br Editora de fotografia

Iara Morselli iara@lubgrax.com.br

Marketing e eventos

Sérgio Rodrigues sergiorodrigues@lubgrax.com.br Gerente comercial

Fernando Mila fernando@lubgrax.com.br Circulação e assinaturas

Salete Rodrigues salete@lubgrax.com.br

Pré-impressão e Impressão

Neoband Soluções Gráficas

Lubgrax é uma publicação da Sergio Avila Editora e Eventos, dirigida a profissionais e executivos de toda a cadeia produtiva de lubrificantes, óleos, fluidos e graxas, associações, entidades, universidades entre outros. Circulação: Nacional

Tiragem: 5 mil exemplares

Rua da Consolação, 359 – conjunto 14 01301-000 – São Paulo, SP, Brasil Tel (11) 3151-5140 sergioavilaeditora@sergioavilaeditora.com.br

ASSINATURAS

assine@lubgrax.com.br ou ligue (11) 3151-5140 Assinatura anual R$ 95,00 Subscription other countries US$ 150.00 Air mail: US$ 200.00

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m novembro de 2009 a Sérgio Ávila Editora e Eventos colocava no ar a primeira edição da revista Lubgrax, com a proposta de atuar como um veículo de informações para toda a cadeia de lubrificantes, óleos, fluidos e graxas. Um mercado que – todos concordam – estava carente de uma publicação independente que auxiliasse na tramitação de conhecimento entre todos os elos desse setor que se encontra em amplo desenvolvimento. Aos poucos estamos conseguindo atingir esse intento, graças ao apoio e à colaboração de profissionais e empresas de cada área que, com sua expertise e ampla vivência, conseguem nos auxiliar na elaboração de matérias que visam oferecer um panorama do setor de lubrificantes automotivos e industriais, desde a área de pesquisa e desenvolvimento até a entrega do produto ao consumidor final. Foi dessa mesma forma que hoje conseguimos levar para o mercado mais um produto que, esperamos, irá auxiliar o setor na criação de ferramentais para competir com igualdade nesse mercado tão acirrado: o Lubgrax Meeting. Mais do que um simples seminário, elaboramos esse evento para ser um portal de conhecimento, onde contamos com a presença de renomados profissionais do mercado nacional e internacional de lubrificantes que, com muita competência, mostrarão inovações, ferramentas, tendências de formulação e processo, além de orientações sobre legislação e gestão. Um exemplo desse trabalho já pode ser vivenciado nesta edição. Greice Patrícia Fuller, advogada com doutorado em direito ambiental que terá um horário durante o evento, traz aqui um artigo onde fala sobre a polêmica Lei de Resíduos Sólidos e suas repercussões dentro do mercado de lubrificantes que, antecipo, deixarão muitos empresários insones. Mas o conhecimento não se encontra apenas no Lubgrax Meeting. Para comemorarmos este primeiro ano de atuação no mercado, conseguimos deixar a edição Nº 5 da Revista Lubgrax bem atraente. Como destaque, podemos falar da reportagem sobre Lubrificantes Food Grade, que aborda, principalmente, a necessidade gritante de todos os players desse setor se adaptarem às certificações existentes. Para se ter uma ideia, no ano passado, mesmo com a crise mundial, com parte do foco na exportação, o setor alimentício quintuplicou seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento, esforço que consequentemente resultará em mais exigências em cima dos fabricantes de lubrificantes food grade. Exportação que também está impulsionando o setor de Glicerinas, que neste ano deve apresentar 150% de crescimento em virtude do aumento da produção de biodiesel. Apesar de não apresentar percentuais de crescimento tão altos como o setor de glicerinas, o setor fabril de ácidos graxos de tall oil, seja importado ou nacional, também vem registrando crescimento como substituto do ácido oléico de origem animal. São essas boas performances que também têm impulsionado o setor de logística de produtos químicos industriais. Este é o caso da IBL Logística que, apesar das dificuldades gritantes na nossa malha rodoviária, aérea e marítima, incrementou recentemente seus esforços para ampliar sua atuação junto ao mercado de lubrificantes. Esses são apenas alguns exemplos que nos fazem dizer, sem falsa modéstia, que revistas como a Lubgrax e eventos como o Lubgrax Meeting se tornam não só necessários, mas indispensáveis. Boa leitura! Maristela Rizzo

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SUMÁRIO

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Editorial

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Entrevista – Wagner Lestingi

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Perfil do Fornecedor – Afton Chemical

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Ácidos graxos de tall oil

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Perfil do Fabricante - Chevron

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Lubgrax Meeting

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Lubrificantes food grade

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Artigo Técnico

32

Glicerinas

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Eventos - InformEx

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Legislação – Lei de Resíduos Sólidos

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Produtos & Serviços

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Guia de Produtos

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Editorialista Convidado

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Indicadores de Mercado Produto

Mínimo (R$)

Máximo (R$)

Posto

Biodiesel

1.970,00/m³

2.100,00/m³

CIF – SP

ICMS

Pagamento à vista

Óleo de Algodão Bruto

1.300,00/ton

1.400,00/ton

FOB – NE

12%

30 dias

Óleo de Girassol Bruto

2.170,00/ton

2.220,00/ton

CIF – SP

12%

30 dias

Óleo de Soja Bruto Degomado

2.000,00/ton

2.030,00/ton

CIF – SP

12%

30 dias

Óleo Recuperado

1.250,00/ton

1.300,00/ton

CIF – SP

Diferido

30 dias

Sebo

1.350,00/ton

1.400,00/ton

CIF – SP

12%

30 dias

170,00/ton

180,00/ton

CIF – SP

12%

30 dias

1.050,00/m³

CIF – SP

18%

35 dias

Glicerina Loira – 80% mínimo Metanol – 99,90%

1.030,00/m³

Mercosul Produto

Preço Mínimo (USD)

Preço Máximo (USD)

Posto

Matéria-Prima

Biodiesel

790,00/m³

800,00m³

FOB – Argentina

Soja

Fonte: Aboissa

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RELAÇÃO DE ANUNCIANTES EMPRESA

PÁGINA

quantiQ ..............................................................................................................................................2ª capa e 49

Resitec ..................................................................................................................................................... página 9

Agecom ................................................................................................................................................. página 17

Metachem .............................................................................................................................................. página 25

Lwart ..................................................................................................................................................... página 27

Arinos .......................................................................................................................................... páginas 29 e 49

M. Cassab .............................................................................................................................................. página 31

BB Química .................................................................................................................................. páginas 43 e 49

UniAmerica ............................................................................................................................................ página 49

D’Altomare ............................................................................................................................................ página 49

Arch Química ......................................................................................................................................... página 49

Cabot ..................................................................................................................................................... página 49

Troy ....................................................................................................................................................... página 49

Aboissa ......................................................................................................................................................3ª capa

Ipiranga......................................................................................................................................................4ª capa

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Entrevista – Wagner Lestingi

A loteria da logística Felizmente esse é o caso da IBL Logística que, apesar de viver a loteria diária de encontrar soluções criativas e condizentes ao bolso de seus clientes para contornar nossa triste condição logística, consegue se diferenciar no mercado de operações logísticas com muita responsabilidade dentro dos principais quesitos que concernem esta atividade: segurança, saúde e cuidados com o meio ambiente. Ainda mais dentro do ramo de lubrificantes, segmento que passou a atingir em 2009 sob a gerência de Wagner Lestingi, profissional com mais de 22 anos de atuação na área de transporte de cargas e que hoje é responsável por toda a gestão e comercialização da divisão de químico-industrial da IBL, que compreende também a área de lubrificantes. O segmento de lubrificantes, dentro da unidade químico-industrial, representa 10% dos negócios da IBL que, em 2009, apresentou faturamento de R$ 50 milhões. Além disso, a empresa implementou esforços e incrementos para que, nos próximos cinco anos, essa área atinja a faixa de 18% de participação do faturamento da IBL. Os ferramentais? Além da criatividade inata de quem “nasceu” dentro da logística do Brasil, investimentos crescentes no treinamento e capacitação de seus colaboradores e atendimento de nível top para as indústrias.

Por Maristela Rizzo

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m um país onde convivemos em um contrassenso, onde, por um lado, vemos a indústria a pleno vapor, focando cada vez mais seus esforços na exportação, e por outro, rodovias, portos e aeroportos totalmente despreparados para absorver esse volume, é uma vitória encontrar empresas que se mantêm no ramo da logística por mais de 50 anos.

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Lubgrax: Como a IBL Logística está estruturada atualmente no mercado brasileiro? Wagner Lestingi: Hoje, a IBL possui cinco unidades, uma em Guarulhos (Grande São Paulo), outra na cidade de São Paulo e as outras estão situadas em Campinas (SP), Duque de Caxias (RJ) e Manaus (AM). Com o produto lubrificante nós atuamos a partir de Guarulhos e, no Rio de Janeiro, no trans­ porte e armazenagem. Nas outras unidades, exceto Manaus -onde está localizada

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Entrevista – Wagner Lestingi nossa divisão de produtos sensíveis (eletrônicos)- atuamos exclusivamente com produtos alimentícios. Lubgrax: Existe muita diferença entre fazer um transporte de lubrificantes quando comparado com outros tipos de produtos? Lestingi: O maior diferencial no transporte e na logística integrada do lubrificante está justamente nas políticas de segurança, saúde e meio ambiente. O lubrificante, apesar de não ser considerado um produto perigoso, possui um alto risco potencial ao meio ambiente. Por isso, nossos clientes e o mercado exigem das empresas que atuam na logística (transporte e armazenagem) do lubrificante que tenham foco e políticas montadas com norte para esses quesitos. Atrelado a esse tripé de segurança, saúde e meio ambiente vem também a questão da expertise na operacionalização da carga, pois, assim como outros produtos químicos, os fabricantes de lubrificantes trabalham com embalagens plásticas que são altamente sensíveis à movimentação e, na contrapartida, há os tambores de 200 litros que são extremamente pesados. Nós temos a responsabilidade com todos os nossos colaboradores, que são treinados e conscientizados constantemente sobre a forma de operacionalizar e movimentar essa carga, de forma que eles entendam nosso compromisso de garantir as características e integridades dos produtos, não só para apresentação ao cliente, mas também para evitarmos possíveis ocorrências de vazamentos e derramamentos que possam provocar danos ao meio ambiente.

carga é realizado um check-list de toda a parte de segurança do veículo, como documentação do veículo, do motorista, da carga que será transportada, do material de proteção de carga, entre outros itens. Nós também temos um processo de manutenção rigoroso, tanto preventiva como corretiva, pois uma empresa de transporte de carga não pode incorrer em paralização de operações por problemas de manutenção, tanto pelo risco de não atender uma entrega, que possa prejudicar nosso cliente, como também por preservação dos nossos veículos. Outra coisa que fazemos com muita ênfase é o controle de jornada dos motoristas. A jornada de direção dos condutores está limitada ao máximo de 13 horas por dia. Além disso, exigimos o controle de velocidade limitada aos 80 km/h. Durante a jornada o motorista também é obrigado a interromper seu percurso para uma hora de descanso após três ou quatro horas percorridas. Já, dentro dos quesitos de saúde, nosso trabalho também é muito forte. Todos os motoristas passam por exames periódicos, como ecocardiogramas, testes físicos e áudio visual. Normalmente as empresas que trabalham dentro do segmento de transporte de cargas comuns não têm esse tipo de preocupação, mas como a IBL está focada no mercado de químicos, o lubrificante acaba recebendo a mesma política do transporte desses produtos. E nós trabalhamos com o nível de exigência top. Todas as nossas operações de transporte de lubrificantes estão alinhadas às mais altas exigências das indústrias do segmento.

Lubgrax: Diante disso, quais os cuidados que a empresa procura ter no transporte desses produtos? Lestingi: Hoje, os veículos que utilizamos para o transporte têm no máximo oito anos de vida, totalmente lubrificados e engraxados (risos). Antes de cada movimentação de

Lubgrax: A armazenagem também recebe uma atenção especial? Lestingi: Tanto para a armazenagem como para o transporte nós temos planos de emergência para riscos acidentais ou incidentais. Na movimentação, todos os nossos equipamentos são constantemente verifica

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Entrevista – Wagner Lestingi dos. Além disso, todo carregamento conta com proteções. Todo caminhão recebe na parte de carga papelões instalados no piso e, entre um produto e outro, são instaladas chapas de madeirit separando os produtos de forma a não causar atrito. E, se houver sobreposição de cargas, elas também receberão uma chapa de madeirit entre elas. No armazém, possuímos pessoal treinado para fazer toda a movimentação dos materiais. Além disso, no caso dos lubrificantes, trabalhamos com altura de 14 metros de sobreposição em porta paletes, que vai até o sétimo nível das estruturas, e todos os produtos que passam do segundo nível são estrechados, ou seja, envolvidos em filmes plásticos de forma a aumentar a segurança da armazenagem desses produtos. Mesmo com todos esses cuidados, podem ocorrer derrames, para essas ocasiões já temos à disposição produtos para a contenção desses líquidos, como o “macarrão”, que é um contentor utilizado para inibir que o derrame se estenda, e também as mantas e serragens que são empregadas para fazer a absorção. Depois é feita a descontaminação do piso, com produtos específicos. Além disso, todos os resíduos gerados pelo derrame são entregues a uma empresa especializada que faz toda a destinação. Lubgrax: E em caso de incêndios? Lestingi: Em todos os nossos armazéns existem brigadas de incêndios que estão de acordo com a legislação e também dispomos de planos de contingência, que são estendidas ao transporte, quer seja por motivo de incêndio ou de pane elétrica. Lubgrax: Durante o transporte, toda empresa, por mais cuidados que tenha, sofre o risco de acidentes, que acabam provocando derrames em áreas públicas. Como a IBL está preparada para isso? Lestingi: Nossa empresa mantém contrato com uma empresa de atendimento emer-

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gencial que é renomada no mercado, a Suatrans, que possui equipe e equipamentos adequados e faz todo o atendimento. Lubgrax: Logicamente manter toda esta estrutura acaba sendo oneroso para a empresa. Custo que geralmente é levado em conta na hora de fechar um contrato com o cliente. Em vista disso, como fica a concorrência dentro desse mercado? As empresas contratantes percebem a relação custo/benefício? Lestingi: Realmente, manter uma estrutura organizada com tudo isso que conversamos até agora não é pouco dispendioso. As indústrias de lubrificantes já operam com o top de exigência de seus fornecedores. Umas um pouco mais, outras um pouco menos, mas trabalham uniformemente, pois até o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) possui programas que ditam regras de como deve ser a logística desses produtos. Tanto que essas empresas estão em um patamar de exigências altíssimo e uma transportadora só consegue prestar esse serviço para elas se alcançar um determinado nível de pontuação; do contrário não consegue atuar. Agora, a partir do momento que eles colocarem na mesa “N” empresas operadoras do mesmo nível, daí começa a entrar outras questões como a relação financeira e preço. Então realmente existe uma competição grande, mas é nivelada e saudável, pois todas estão no mesmo nível de exigências. Já, quando se trata do transporte de lubrificantes realizado para o distribuidor e atacadista, ou seja, o frete é pago pelo distribuidor ou atacadista, o nível de exigências não é o mesmo. A IBL acaba concorrendo com empresas que não têm nenhum tipo de política de segurança, pois quem transporta para um distribuidor ou atacadista não sofre esse nível de exigência e a questão da contratação vai pelo melhor preço unicamente.

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Entrevista – Wagner Lestingi Lestingi: É muito complicado ter um serviço de logística dentro do Brasil, que é carente de investimentos em rodovias. Tirando as rodovias estaduais de São Paulo e algumas federais, que cortam São Paulo e Rio de Janeiro, temos muitas rodovias em péssimo estado de conservação. Fator que agrega custo aos nossos negócios, como custo de manutenção de frota e de segurança, que acabam sendo repassados aos nossos clientes. É o chamado “Custo Brasil” gerado pela ineficiência. Além disso, todos sabem da falta de estrutura dos portos marítimos para atender à nossa exportação. Qualquer crescimento de exportação acaba gerando uma pane logística, pois os portos não têm capacidade para receber e escoar uma quantidade grande de produtos. No geral eu acredito que o governo vai realizar investimentos para modificar isso. Mas, quanto à conversão de tempo para que isso ocorra não sei dizer.

Lubgrax: E como fica a atuação dos sindicatos para inibirem a prática de transporte de cargas sem as devidos programas de segurança? Lestingi: Nós temos o Sindicato dos Transportes que tem câmaras técnicas que cuidam da área de transportes especializados, mas que não consegue abranger o montante de transportadoras do Estado de São Paulo, até mesmo por falta de conscientização das operadoras. Por isso, essa questão de profissionalização e treinamento acaba partindo da iniciativa, cultura, conscientização e estratégia das empresas. Lubgrax: Devido às limitações rodoviárias, marítimas e até aéreas do Brasil, como ficam as operações logísticas das empresas especializadas?

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Lubgrax: Dessa forma, trabalhar com logística no Brasil é quase uma loteria? Lestingi: A gente precisa ter muita criatividade, apesar de serem serviços rotineiros. Precisamos continuadamente procurar soluções customizadas, para que possamos repassar para o cliente e, muitas vezes, essas soluções dependem de variáveis externas. Isso faz com que o trabalho logístico seja um desafio interessante. Lubgrax: Assim como ocorre dentro de outros mercados, você também percebe dentro do mercado logístico carência de mão-deobra especializada? Lestingi: Percebemos sim. Hoje, a nossa maior dificuldade é no que diz respeito a motoristas de caminhão pesado, que conta com profissionais em extinção. Muitos motoristas não querem que os filhos sigam esta profissão, por isso a maioria dos motoristas que se encontram no mer-

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Entrevista – Wagner Lestingi cado atualmente estão na faixa de idade acima de 40 anos. A renovação dessa oferta está muito complicada, ainda mais quando precisamos de condutores que já tenham experiência ou capacidade para dirigir estes veículos. Além disso, exceto a faculdade de logística, não existe cursos especializados para formar técnicos administrativos especializados em logística, por isso nosso mercado é muito carente. Acabamos contratando um colaborador com conhecimentos gerais e investimos em seu treinamento e em sua especialização, correndo o risco do turnover. Lubgrax: Hoje, como a IBL está posicionada dentro do mercado de operações logísticas de lubrificantes? Lestingi: Atualmente as indústrias com as quais trabalhamos dentro do mercado de lubrificantes têm uma participação de 20%. Eu diria que, dentro desse percentual, 35% estão dentro do mercado de São Paulo onde a IBL atua. Assim, a IBL atua na operação logística de 6% a 7% dos lubrificantes que são movimentados no Brasil. Nossos objetivos dentro de três a cinco anos é aumentarmos nossa participação junto aos nossos clientes atuais, mas principalmente dentro do mercado de lubrificantes. Lubgrax: Com foco maior nos distribuidores e atacadistas? Lestingi: Distribuidores e atacadistas, mas também as indústrias. Hoje, nós temos no Brasil cerca de nove a dez grandes indústrias e nós atuamos apenas em duas atualmente: com a Chevron (Texaco) e com alguns dos distribuidores da Petrobras. Por isso, nosso objetivo é direcionar a IBL para podermos atuar nas outras indústrias também. Lubgrax: E como vocês pretendem atingir esses objetivos? Lestingi: Neste segundo semestre inves-

timos na implementação do sistema de gestão Sassmaq da Abiquim, que é focado nas áreas de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade, e acredito que até outubro a gente já obtenha a certificação. Além disso, realizamos um investimento muito grande no nosso armazém que foi preparado para atender a divisão industrial na qual o lubrificante está enquadrado. Nós, hoje, estamos estruturados a oferecer para o mercado uma operação multimodal, ou seja, uma operação logística integrada e não só o transporte. Com os nossos clientes atuais nós já deixamos a carga dele mais próxima ao ponto de venda. Nós queremos ofertar para o mercado nacional de lubrificantes toda esta estrutura, além de nossos programas de saúde, segurança e meio ambiente, como um diferencial que, atualmente, são poucas as empresas que possuem condições e estrutura para oferecer. Nossa estimativa é de atingir um crescimento em torno de 20% a 25% ao ano, chegando, nos próximos cinco anos, a um aumento de participação no transporte dentro do mercado de lubrificantes em um percentual entre 12% e 15%. Lubgrax: Como a IBL enxerga o potencial de crescimento do mercado de lubrificantes? Lestingi: A indústria automotiva cresce vertiginosamente carregando em cascata as indústrias que oferecem produtos e serviços para esse mercado. Tenho visto um crescimento no mercado de lubrificantes na ordem de 5% a 7%. O que está acontecendo é a mudança de volume entre as indústrias devido à concorrência. Daí que vem nossa estratégia de participarmos em mais indústrias, pois cada vez que ocorre essa mudança de “mãos” no volume de vendas no mercado, sentimos no nosso negócio. Por isso queremos estar com todas elas, para poder trabalhar mais uniformemente dentro do mercado.

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PERFIL DO FORNECEDOR - AFtON ChEmICAL

ADITIVADA COM TECNOLOGIA

Caçula no mercado brasileiro de aditivos para lubrificantes e líder no ranking de aditivos para combustíveis, a Afton Chemical planeja novos investimentos em desenvolvimento tecnológico e na ampliação de plantas no País

Por Miriam Mazzi

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ilial da Afton Chemical Corporation – subsidiária da NewMarket Corporation –, a Afton Chemical, na América Latina, mantém escritórios no Brasil, México e Venezuela, além de representantes de vendas em outros oito países da região. Tendo seu core business no mercado de aditivos, a empresa desenvolve e fabrica produtos que melhoram o desempenho dos combustíveis e lubrificantes. “Eles garantem mais eficiência, potência e durabilidade de máquinas, veículos e outros equipamentos, além de contribuir para economia de energia e proteção do meio ambiente”, complementa Claudio Lopes, gerente de vendas Brasil/Paraguai. A Afton oferece uma completa linha de aditivos para óleos lubrificantes de motor, transmissão manual e automática, sistemas hidráulicos, turbinas e muitas outras aplicações. Já para o segmento de aditivos para combustíveis, conforme Lopes, a companhia é líder do mercado nacional de aditivos que melhoram desempenho da gasolina, diesel e etanol. “Também fa-

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bricamos aditivos que ajudam as refinarias a enquadrar seus produtos dentro dos limites de especificação”, acrescenta. No Brasil, a Afton Chemical oferece uma linha de aditivos que abrange quase todas as aplicações para combustíveis e lubrificantes, ocupando a liderança na aditivação da gasolina. “Apesar da grande participação de mercado nos aditivos para combustíveis, sem dúvida os aditivos para lubrificantes são responsáveis pela maior contribuição no nosso faturamento”, informa Lopes, esclarecendo que a linha de aditivos para lubrificantes compreende, também, as aplicações em óleos, fluidos e graxas. No mercado nacional de aditivos para lubrificantes, a Afton não está entre as líderes em função de a companhia ser a competidora mais recente. “Somos os caçulas neste setor e, por esse motivo, ainda não somos os maiores, mas me orgulho em dizer que estamos entre os melhores”, diz. LaNÇaMeNtOs Atenta aos requsitos técnicos exigidos pelos

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PERFIL DO FORNECEDOR - Afton Chemical fabricantes de motores, equipamentos e de seus clientes, a Afton Chemical tem priorizado a atualização tecnológica, visando suprir esta demanda com lançamento de produtos de alto desempenho. “O Brasil acompanha as tendências mundiais em termos de redução de emissões, economia de combustível, entre outras. Algumas vezes está à frente de países desenvolvidos. Exemplo disso é a utilização em larga escala do etanol em motores Flex e também o sucesso recente do biodiesel. Estamos acompanhando de perto esta evolução e já temos tecnologias de aditivação capazes de melhorar o desempenho destes combustíveis”, explica Lopes, informando que a Afton Chemical é uma das primeiras empresas a oferecer ao mercado a tecnologia API SN/ILSAC GF-5, Dexos GM, que é a mais avançada geração de aditivos para motores a gasolina e etanol. Trata-se de um novo pacote de aditivos, previsto para entrar em vigor em outubro de 2010, e que abrangerá um maior número de graus de viscosidade do que o pacote antecessor GF-4, reduzindo a necessidade do uso de óleos básicos especiais. Por representarem um grande desafio aos formuladores, as novas classificações GF-5 e Dexos 1 serviram para ratificar a postura pioneira da Afton no desenvolvimento de soluções tecnológicas demandadas pelo mercado. Perspectivas Embora ainda tenha um longo caminho a percorrer quando comparado a mercados como o norte-americano e o europeu, na avaliação de Lopes o Brasil está num momento de crescimento acelerado, de superação tecnológica e de credibilidade dos investidores internacionais, “o que exige a mudança do perfil dos produtos oferecidos pela indústria”, diz. De acordo com ele, nos mercados desenvolvidos o maior uso de básicos Grupo II permite formular lubrificantes de maior nível de qualidade, que atendem especificações mais avançadas. “E neste item faço a única ressalva na comparação com mercados desenvolvidos,

pois precisamos reduzir a dependência de importação de óleos básicos e termos uma produção local de óleos básicos Grupo II”, enfatiza. Já em relação ao curto e médio prazos, o mercado brasileiro de aditivos mostra-se bastante otimista, a medida que acompanha o crescimento da economia. “O desempenho acima da média da indústria de combustíveis e lubrificantes mostra um cenário extremamente promissor para o nosso segmento”, analisa. Ainda de acordo com Lopes, outro fator que traz bons ventos para o setor é a necessidade crescente de combustíveis que queimem de forma mais limpa e com menor nível de emissões. “Este cenário exige um rigoroso trabalho de pesquisa e desenvolvimento de toda nossa indústria e aponta para um crescimento sustentável”, pondera. Tendo como pano de fundo este cenário animador, a Afton está traçando estratégias de expansão. “Temos planos de investimentos em desenvolvimentos tecnológicos e na ampliação de plantas no Brasil. Dessa forma, visamos garantir aos nossos clientes o fornecimento de produtos de tecnologia avançada a preços competitivos”, explica. Mas há obstáculos a superar. “O mundo perfeito só existe no cinema ou na literatura. No mundo real, os desafios a serem vencidos serão sempre o grande motivador que nos levam à constante busca pela superação”, diz, argumentando que o setor de aditivos é um dos últimos a se beneficiar do crescimento econômico, embora já apresente uma tendência de recuperação sólida desde a crise de 2008. “Ainda assim, existem questões a serem resolvidas, como a especificação de nível mínimo de qualidade para os lubrificantes e dos requisitos para comprovação de desempenho na regulação da aditivação total da gasolina, estabelecida pela ANP para a especificação da gasolina de 2014”, diz. Entretanto, Lopes está convicto que tais empecilhos serão superados. “Muitas discussões técnicas estão ocorrendo nos mais diversos fóruns que orientam as demandas e necessidades do segmento e este é um sinal que em breve a solução será alcançada”, finaliza.

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Claudio Lopes, gerente de vendas Brasil/Paraguai

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Ácidos graxos de tall oil

Qualidade à prova de fronteiras Independentemente de ser produzido localmente ou importado, o ácido graxo de tall oil tem registrado crescimento de uso não só por conferir aos lubrificantes características específicas, destacando-se a elevação da qualidade do produto final, mas por ser um substituto inteligente para o ácido oléico de origem animal usado em muitas formulações de aditivos para lubrificantes

A oferta pela Resitec-Miracema representa uma opção competitiva ao produto internacional e de disponibilidade just

in time

Fernando Scandoleira, gerente comercia da Miracema-Nuodex

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Por Miriam Mazzi

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m mercado com perspectivas e potencial de crescimento. Assim pode ser definido o setor de ácidos graxos de tall oil, matériaprima que confere características fundamentais à produção dos lubrificantes, entre elas a qualidade. No Brasil, o setor está em expansão não só em função do crescimento do volume de lubrificantes comercializado, mas pelo início da produção local pela Resitec, empresa for-

mada por meio de uma sociedade entre MeadWestvaco (EUA) e Chemserve (África do Sul). A empresa opera a única refinaria de tall oil da América Latina, produzindo localmente derivados do fracionamento do tall oil. A refinaria, fruto de um investimento de R$ 25 milhões, foi inaugurada há pouco mais de um ano. “Trata-se de uma grande conquista para as empresas brasileiras de lubrificantes, até então forçadas a importar DTO (destillet tall oil) e TOFA (tall oil fatty acid) da Europa

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Ácidos graxos de tall oil e EUA, produtos com tarifa de importação de até 12%”, informa o diretor-presidente Bernardo de Mello, garantindo que os produtos nacionais apresentam o mesmo grau de qualidade dos americanos e europeus. Para distribuir os produtos Resiacid R-3 e Resiacid R-5 (TOFA), Resiacid R-30 (DTO) e Resitor 90 (TOR ou breu de tall oil) no mercado de lubrificantes brasileiro, a Resitec conta com a parceria exclusiva da Miracema-Nuodex. “A oferta pela Resitec-Miracema representa uma opção competitiva ao produto internacional e de disponibilidade just in time”, confirma Fernando Scandoleira, gerente comercia da Miracema-Nuodex. Conforme o gerente de negócios da Resitec Frederick Campos, o Resiacid R-30 é muito utilizado na formulação de produtos para metalworking, como os óleos solúveis, pois atua como um excelente emulsificante. Já os Resiacid R-3 e Resiacid R-5 podem ser utilizados como substitutos da oleína (ácido oleico) em diversas outras aplicações onde se requer um ácido graxo de composição definida e constante, com apenas um teor residual de breu. “Os componentes de maior concentração nos Resiacid R-3 e Resiacid R-5 são ácido oléico, com 50%, e ácido linoléico, com 25%, respectivamente”, explica. Com condição de suprir a demanda nacional, segundo cálculos de Mello, a Resitec conta com capacidade instalada de 40.000 toneladas/ano. “Atualmente, estamos refinando 20.000 toneladas por ano”, contabiliza. Outros usos O ácido graxo de tall oil também pode ser um substituto inteligente para o ácido oléico de origem animal usado em muitas formulações de aditivos para lubrificantes. “É notável o ganho de custo quando comparado ao ácido oléico animal”, diz Campos, acrescentando a vantagem de apresentar um ponto de névoa bem mais baixo que o do ácido oleico, e uma melhor solubilidade, graças à presença de ácido linoléico. De acordo com o gerente de negócios

da Resitec, no mercado brasileiro também é considerada a mistura do ácido graxo com breu, conhecida por DTO, “o que representaria mais uma opção na fabricação de óleos de corte e como base para emulsificantes”, considera. Exatamente por isso, a empresa oferece o DTO para as aplicações de metalworking há muitos anos. “Nestes anos passados uma das únicas fontes de matéria-prima era o monodestilado (depiteched talloil – DTO), confundido com o distilled talloil, também chamado DTO, mas oriundo do processo de fracionamento”, explica Campos, informando que este produto não apresenta cheiro e possui mais estabilidade de cor e, principalmente, não cristaliza à temperatura ambiente. O diretor-presidente da Resitec comenta que outra opção para o mercado brasileiro tem sido a importação do DTO dos Estados Unidos e Europa, entretanto, conforme ele, por possuir mais de 10% de ácidos resinicos, este DTO não pode ser caracterizado como ácido graxo de tall oil. “E, por isso, deve ser classificado como tall oil mesmo refindo no sistema de tarifa externa comum, pagando assim um imposto de importação de 12%.” Importados Do ponto de vista do distribuidor, há no momento alguma dificuldade em se obter ácidos graxos importados em virtude do reaquecimento da economia mundial e também pelo vazamento de óleo no Golfo do México, que fez com que gigantes quantidades de produtos químicos especiais (e formulados com ácidos graxos, especialmente o oléico) passassem a ser utilizados na limpeza e remoção do óleo derramado. “De uma forma geral, este cenário fez com que os ácidos graxos se tornassem mais escassos”, justifica A ­ rmando Stilhano Neto, gerente de negócios da Metachem, distribuidor de ácidos graxos fabricados pela americana Arizona Chemical, especialmente indicados para formulação de lubrificantes industriais (metalworking).

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Bernardo de Mello, diretorpresidente da Resitec

Frederick Campos, gerente de negócios da Resitec

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Ácidos graxos de tall oil

Armando Stilhano Neto, gerente de negócios da Metachem

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Estas matérias-primas, conforme Stilhano Neto, garantem a obtenção de um produto de primeira linha, com redução significativa de odor devido à baixa concentração de enxofre, o que se torna cada vez mais significativo em função da crescente preocupação com a saúde do trabalhador. Além disso, o gerente de negócios da Metachem salienta que o ácido graxo da Arizona Chemical pode, além de substituir o óleo de soja na produção de resinas alquídicas, reduzir o tempo do processo de produção dos lubrificantes e apresentar sensível aumento da secatividade, o que também contribui para a agilização do processo de produção do lubrificante. Como agentes e distribuidores da Arizona Chemical, a Metachem fornece há mais de dois anos, via estoque local, o Syltatal D30LR, DTO contendo 30% de ácidos rosínicos, considerado uma opção na fabricação de óleos de corte e como base para emulsificantes. “O produto é realmente especial por várias razões”, enfatiza Stilhano, afirmando se tratar do “verdadeiro DTO já contendo 30% de ácidos rosínicos e não uma simples mistura de breu com ácidos graxos ou oleína”, diz. Além disso, ele destaca, entre os itens comercializados pela Metachem, o D30LR, que possui cor muito clara (Cor Gardner 5 – típico); o D30LR, que possui baixíssimo odor; e o D30LR que não decanta, como é comum nos produtos oriundos de mistura de ácidos graxos/oleína com breu. Para Stilhano Neto, a produção local do ácido graxo de tall oil é insuficiente para abastecer a demanda, tanto no tocante à quantidade, “mas especialmente quando nos referimos à qualida-

de”, destaca, argumentando que “muitos fabricantes de óleos lubrificantes lançam mão do recurso da importação, principalmente o da produtora americana e representada Arizona Chemical, para terem um produto de alta qualidade”, finaliza. Os produtos distribuídos pela Metachem e disponíveis no Brasil em estoque local são: Sylfat FA-1 (ácido graxo de tall oil (TOFA) rosínicos < 5%); Sylfat FA-2 (ácido graxo de tall oil (TOFA) rosínicos < 1%); Sylvatal D30LR (tall oil destilado (DTO) com 30% de rosínicos).

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Perfil do Fabricante – Chevron

Fortalecendo a cadeia de valor Dona, entre outras, das marcas Havoline, direcionada para veículos de passeio, comerciais leves e motocicletas, e Ursa, voltada para o segmento de veículos diesel, a Chevron tece e implanta estratégias que vão do desenvolvimento de produtos com alto valor agregado a políticas de integração com a comunidade. Tudo isso para reverenciar o cliente e conquistar sua fidelidade.

Antonio Ennes, diretor da Chevron Brasil Lubrificantes

Por Miriam Mazzi

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resente no Brasil desde 1915, quando começou a vender derivados de petróleo com a marca Texaco, a Chevron atua em várias frentes de negócios no País, onde atualmente possui cerca de 750 empregados. A empresa abriu seu escritório de Upstream (exploração e produção de petróleo) no Rio de Janeiro em 1997 e tem participações comerciais que variam de 20% a 51.7% em diversos campos de petróleo, cobrindo uma área de abrangência de 721km2.

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Globalmente, a Chevron Corporation é uma das líderes entre as empresas de energia. Com sede em San Ramon, Califórnia (EUA), a companhia está presente em mais de cem países nos cinco continentes do mundo. Sua atuação está focada na exploração, produção e transporte de petróleo bruto e gás natural. No Brasil, atualmente a Chevron ocupa o segundo lugar no ranking de vendas de lubrificantes, por meio da Chevron Brasil Lubrificantes, e é líder na fabricação e comercialização

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Perfil do fabricante – chevron de óleos lubrificantes e graxas, com destaque para as marcas Havoline e Ursa. Sua fábrica em Duque de Caxias (RJ) é peça fundamental na estratégia de suprimento para a América Latina e produz 160 milhões de litros por ano de óleos lubrificantes automotivos e industriais. A Unidade de Embalagens, na mesma região, produz, anualmente, 60 milhões de diferentes tipos de embalagens para todos os óleos Texaco. Já a fábrica de Graxas em Osasco (SP) é responsável pelo suprimento de 25% do mercado brasileiro. DISTRIBUIÇÃO ESTRATÉGICA Grande parte das vendas da Chevron é realizada pelo canal indireto. Este farto volume alcançado traduz a importância que a companhia dá para este canal de vendas. Tanto que é reconhecida mundialmente pelos seus distribuidores como um parceiro de qualidade, que oferece produtos de alta performance para o mercado. “A Chevron tem, na sua rede de distribuidores, a extensão da sua força de vendas, parceria fundamental para toda a cadeia produtiva e para o sucesso das vendas de lubrificantes”, define o diretor Antonio Ennes, concordando que a importância das atividades dos distribuidores é cada dia mais evidente. “Por meio deste canal de vendas escoamos nossa tecnologia e serviços para uma gama extensa de pontos-de-venda e consumidores finais”, diz, complementando que, frente à crescente demanda por produtos, os distribuidores representam um modelo seguro, que garante a entrega dos produtos com eficiência, alcançando, desta forma, uma satisfação e fidelização acima da média.

nicos permanentemente em campo, disponível para contato direto com os clientes. “Além disso, dispomos de uma equipe de representantes de vendas e especialistas técnicos capacitados para atender as mais diversas necessidades de nossos clientes”, diz Ennes. Essa proximidade garante a coleta de dados que vão subsidiar as áreas de assistência técnica e de desenvolvimento de produtos, que trabalham em conjunto, buscando sempre a excelência em qualidade. “Nossos produtos e serviços são desenvolvidos atendendo a um padrão de classe mundial, que garante a confiabilidade e a rapidez das informações”, completa o diretor. O entendimento das necessidades dos clientes tem sido essencial na construção da fidelização das marcas da Chevron. E também tem propiciado a confecção de lançamentos. No Centro de Tecnologia da Chevron em Richmond, na Califórnia (EUA), os novos produtos são testados e validados. “Neste ciclo, forma-se uma ponte importante entre as aspirações dos clientes, a tecnologia exclusiva, as matérias-primas e a alta capacidade de nossas fábricas”, destaca.

FIDELIZAÇÃO Ensina o bom marketing que manter o cliente satisfeito é o primeiro passo para obter sua fidelidade. E para alcançar esta satisfação, a Chevron não poupa esforços. Exemplo são os serviços de pós-vendas, que contam com equipes de engenheiros e técRevista LUBGRAX • julho/agosto 2010 •

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Perfil do fabricante – chevron SUSTENTABILIDADE Ser uma das líderes do setor não só é traduzido pelo desenvolvimento de lubrificantes de alta tecnologia, mas impõe sair na frente na adoção de estratégias adequadas às novas necessidades. É o que faz da Chevron uma empresa sustentável. “Temos um portfólio completo de produtos amigáveis ao meio ambiente, que vão desde produtos de grau alimentício e biodegradáveis para diversos segmentos Industriais à nossa linha automotiva, que reduz emissões e consumo de combustível”, explica o diretor. A Chevron Brasil Lubrificantes preocupa-se também com a integração entre a empresa e a comunidade e com a proteção da natureza. “Diversos programas de saúde e meio ambiente são adotados de acordo com a orientação corporativa mundial”, inclui Ennes. Esses programas são aplicados nas fábricas

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de lubrificantes e graxas, em equipamentos e em tanques subterrâneos. Um exemplo é o programa Zero Derrame, de prevenção de vazamento de produtos, nos procedimentos de carga e descarga. Para a completa confiança dos clientes, o sistema de gestão de qualidade da Chevron é certificado pelas normas ISO 9001, QS 9000 e ISO14000, incluindo projetos, fabricação e assistência técnica para seus óleos, coolants, fluidos e graxas. Para garantir que tudo esteja em conformidade com os manuais, procedimentos e planos de controle, são realizadas, periodicamente, Auditorias Internas de Qualidade e de Monitoramento às certificações. CATEQUIZAR PARA CRESCER Com a perspectiva de manter em 2010 sua segunda colocação no ranking nacional, a Chevron recentemente lançou uma gama completa de produtos da família Ursa, que proporcionam benefícios e desempenho comprovados para o segmento de transporte.

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Perfil do Fabricante – Chevron Além da família Ursa, outros investimentos vêm sendo realizados no sentido de acompanhar as tendências de consumo e antecipar as necessidades dos consumidores e do mercado mundial das grandes montadoras. Entretanto, manter o market share não é das tarefas mais fáceis, tendo em vista o fato de o potencial do mercado brasileiro para a comercialização de óleos lubrificantes ser muito grande, o que, muitas vezes, implica no aumento do número de fabricantes com qualidade duvidosa. “Alguns consumidores têm dificuldades de separar o joio do trigo. Outros são muito receptivos a preço e, por vezes, optam por óleos lubrificantes mais baratos, com qualidade e procedência duvidosas”, argumenta Ennes. Por isso, na avaliação do diretor da Chevron, um dos grandes desafios hoje é a conquista de um mercado nacional de lubrificantes de alto nível. “É nesse momento que desenvolvemos um importante papel na conscientização da importância do uso do

produto recomendado pelo fabricante de equipamentos originais, do período de troca correto, manutenção dos filtros, manuseio do lubrificante etc”, lista, citando a realização de campanhas junto às redes de distribuidores e aos próprios usuários alertando sobre os benefícios da manutenção preventiva. O trabalho de conscientização ainda abrange o treinamento de mecânicos e profissionais, que trabalham nas trocas de óleo e na indústria, no sentido de esclarecer a importância do lubrificante nas diversas aplicações automotivas e industriais. Tal ação visa, como conse­quência, destacar as desvantagens da utilização incorreta, como aumento de gastos, consumo, manutenção excessiva e quebra. Com estas e outras iniciativas a Chevron tem como meta para o curto e médio prazos o fortalecimento de sua presença no mercado brasileiro de lubrificantes, considerado estratégico para o negócio. “Para isto iremos, cada vez mais, fortalecer toda nossa cadeia de valor”, assegura o diretor.

Uma grande família A Chevron possui uma ampla gama de produtos que abrangem os diferentes segmentos do mercado brasileiro de lubrificantes. Para o segmento de veículos de passeio e comerciais leves, a empresa oferece a família Havoline, composta por sete produtos, com destaque para a linha Deposit Shield (Havoline Energy, Havoline Semi-Synthetic, Havoline Syntethic e Havoline Ultra), formulados a partir de básicos especiais, que garantem proteção contra formação de depósitos, atuando na superfície de contato das peças do motor e, assim, criando uma camada de proteção contra a formação de depósitos. Ao mesmo tempo, agentes detergentes ajudam a manter as peças limpas. O segmento de Motocicletas também é atendido pela família Havoline por meio do Havoline Premium Motorcycle Oil 4T, do Havoline Super Motorcycle Oil 2T e do Havoline Super Motorcycle Oil 4T. Esses produtos se destacam por proporcionarem um excelente desempenho, proteção das áreas críticas do motor, trocas de marchas suaves e adequado funcionamento da embreagem e das engrenagens. Estes benefícios, em conjunto, aumentam a vida útil do equipamento e permitem que o usuário extraia a performance máxima do equipamento. A família Ursa é voltada para o segmento de veículos diesel. Esta

família de produtos proporciona proteção, performance e operação de classe mundial, tornando-a mais do que uma linha Premium de produtos capaz de estender o período de troca do lubrificante e a vida útil do equipamento. Um dos destaques da linha Ursa é o Ursa Premium TDX SAE 15W-40, óleo lubrificante de alto desempenho para motores diesel, que proporciona excelente limpeza e proteção do motor, manutenção mínima, permitindo intervalos de troca estendidos e prolongando a vida útil dos componentes do motor. A linha Ursa conta também com o produto Ursa Super TD SAE 15W-40 , que proporciona limpeza e proteção adequada das partes internas do motor, aumentando, consequentemente, a sua vida útil. Além disso, a Chevron Lubrificantes também atende às necessidades de diversos setores da economia como agricultura, construção, mineração, navegação & offshore e outros, por meio de marcas Texaco como Meropa, Rando, Marfak etc. Conforme Ennes, os principais produtos da empresa são as famílias Ursa e Havoline. “Com mais de cem anos de tradição, a marca Havoline é reconhecida como líder na preferência de motoristas e mecânicos no País inteiro, assim como das montadoras de veículos. A marca Ursa distingue os lubrificantes Texaco para veículos a diesel”, argumenta.

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Lubgrax Meeting

O mercado de lubrificantes de cabo a rabo Com a presença de profissionais renomados no mercado interno e externo, evento consegue abordar toda a cadeia de lubrificantes

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Lubgrax Meeting, primeiro en­ con­tro que a Sergio Ávila Edi­ tora e Eventos, responsável também pela publicação da revista Lubgrax, realiza para o mercado ocorre neste dia 2 de setembro com estimativa de público de mais de 200 profissio­ nais de toda a cadeia do setor de lubrificantes, óleos, fluidos e graxas. Dividido em oito palestras, o evento foi ela­ borado para cobrir assuntos tanto sobre aditivos para a formulação de lubrificantes, passando por legislação, gestão e cuidados na lubrifica­ ção. Para tanto, foram convidados profissionais renomados no mercado e com expertise ampla em cada área do setor. Um exemplo é a presença de Carlos Ristum, presidente do Simepetro (Sindicato Interestadu­ al das Indústrias Misturadoras e Envasilhadoras de Produtos Derivados de Petróleo), que foi convidado para abrir o evento apresentando para o mercado um perfil do mercado de lubri­ ficantes neste ano de 2010. Logo após, o evento abre as portas para Joseph Purnhangen, gerente comercial para o mercado Lubrizol Corporation, que discorrerá sobre as “Novas tecnologias de aditivos para aplicações em lubrificantes industriais”. O pro­ fissional é bacharel em ciências em negócios e marketing pela Universidade de Phoenix, mem­ bro da Society of Tribologists and Lubrication Engineers (STLE) e especialista no mercado de lubrificantes para metalworking. Na sequência, o químico industrial Sil­ vio Blanco Vernabel e a química Camila de

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P­ aula, ambos da Wacker Silicones (quantiQ), abordam o tema “Soluções para lubrificantes industriais”. Camila de Paula é graduada em química pelas Faculdades Oswaldo Cruz, e pós-graduada em marketing pela FAAP. Traba­ lhou na área de químicos têxteis, com ênfase na parte de acabamentos e, em 2008, iniciou seu trabalho na Wacker atuando como química de aplicação para as áreas têxteis e lubrifican­ tes. Já, em 2009, somou a área de silicones para construção. Vernabel é químico industrial formado pe­ las Faculdades Oswaldo Cruz e com MBA em Gestão de vendas e marketing pela ESAMC. Atua na Wacker desde 1990, tendo atuado em Controle da Qualidade, Sistemas da Quali­ dade, Processos, Desenvolvimento e Aplicação de Silicones para diversas áreas. Desde 2003 atua como Químico de Aplicação para Anties­ pumantes e silicones para auto - adesivos. Outro palestrante de renome é Mike Brown, gerente técnico da unidade de lubrificantes e base óleo da SK Lubrificantes Americas, empre­ sa líder no mercado de bases do Grupo III, que opera com as marcas Yubase e Yubase Plus. Brown é doutorado em físico-química e pos­ sui 27 anos de experiência com combustíveis, lubrificantes e bases. Além da SK Lubrificantes,

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Lubgrax Meeting o profissional atuou na Exxon, nas áreas de pes­ quisa e marketing; na Castrol, como gerente do laboratório de lubrificantes automotivos e, na sequência, como diretor regional de tecnologia para a Castrol Américas. Encerrando o quadro de aditivos, o enge­ nheiro químico Felipe Abambres, da empresa Miracema-Nuodex, discorre sobre a “Perfor­ mance de pacote de aditivo multifuncional à base de compostos contendo bismuto e enxo­ fre, em graxa de lítio”. Abambres atua como assistente técnico na companhia há cinco anos, com foco no mercado local e internacional, nas áreas de aditivos para lubrificantes, aditivos para tintas, biocidas, ácidos graxos, catalisa­ dores, entre outros. O processo Para abrir o quadro de processos de lubrifi­ cação, Marcelo Gracia, diretor da franquia da Noria no Brasil, uma das maiores e mais con­ ceituadas empresas de consultoria e treinamen­ to em lubrificação do mundo, comenta sobre os “Cuidados para evitar a contaminação dos lubrificantes”. Gracia é engenheiro mecânico com 20 anos de experiência na área de lubri­ ficação, especialista em lubrificantes, filtragem de fluídos e análises preditivas e mestre em Tri­ bologia pela Escola Politécnica da Universida­ de de São Paulo. Para falar sobre o “DNA da gestão”, o Lubgrax Meeting recebe o engenheiro quími­ co com Máster em Marketing Industrial, Carlos Fernando de Abreu, que atua há 30 anos na área química e petroquímica com foco em mo­ delo de gestão e liderança participativa. Nos últimos 20 anos, Abreu atua como acionista, ocupando a direção comercial e marketing da Bandeirante Brazmo, empresa líder na distribui­ ção de matérias-primas para diversos setores da indústria química, representando inúmeros produtores nacionais e internacionais. Além dis­ so, há oito anos dedica-se ao aprendizado e educação para o desenvolvimento de líderes e equipes de alto desempenho. Advogada e sócia do escritório Gabriel

Advogados Associados, Greice Patrícia Fuller manterá o mercado informado sobre a Lei de Resíduos Sólidos, que foi sancionada no últi­ mo dia 2 de agosto, e sua repercussão dentro do mercado de lubrificantes. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, Greice possui mestrado e doutorado na área de Direito Ambiental pela PUC/SP. Encerrando o evento, Sérgio Manzoli, res­ ponsável pela série de cursos “Milagre da Lu­ brificação”, da empresa Silubrin, apresentará o tema “evolução da lubrificação no mercado na­ cional”. Especialista em filtragem industrial, atu­ ando há mais de 25 anos nesse setor, Manzoli possui várias especializações obtidas através de cursos nos EUA e América Latina, além de ser responsável pela implantação da filtragem industrial no Brasil pela Parker Filtration. Com a presença desses profissionais, a Ser­ gio Ávila Editora e Eventos consegue seu princi­ pal objetivo: agregar valor aos conhecimentos dos profissionais do setor, fornecendo ferramen­ tas capazes de gerar resultados em sua vida profissional.

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Lubrificantes Food Grade

O grau da modernização Investindo cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento, a indústria alimentícia aumenta a cada ano o grau de exigência por produtos aptos a sua produção, fazendo com que o mercado de lubrificantes food grade esteja atento cada vez mais às normatizações.

Por Maristela Rizzo e Miriam Mazzi

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limento é vida, é energia, é a força motora do nosso corpo, é fator de geração de saúde física, mental e emocional. Um dos motivos para que a indústria de alimentos e bebidas venha mantendo performance significativa, mesmo com o advento da crise mundial, o que gerou para o mercado um faturamento total de R$ 291,6 bilhões em 2009, um crescimento de 3,09% em comparação a 2008. Crescimento este impulsionado em grande parte pelo mercado interno, devido

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ao controle da inflação, aumento da renda da população e estabilidade da moeda, o que favoreceu a demanda não só por itens básicos, como os produtos de maior valor agregado. Além disso, como informa o presidente da ABIA (Associação Brasileira de Indústrias da Alimentação), Edmundo Klotz, esse comportamento positivo do mercado também se deve à movimentação das indústrias brasileiras de alimentos em envidar esforços para garantir cada vez mais a oferta de produtos de qualidade aos consumidores, por meio da compra

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de equipamentos mais modernos, ampliação da área produtiva e, principalmente, na parte de pesquisa e desenvolvimento, que só em 2009 teve um incremento cinco vezes maior em relação a 2008, atingindo o percentual de 22,6%. Como a própria entidade diz, isto mostra que o setor mantém uma postura proativa, antecipando as tendências do mercado. Até mesmo as exportações, que apresentaram Ricardo Francisco Cabanas, asqueda de 7,3% em 2009, já mostram retomada sessor técnico da Fuchs Lubritech Divisão BR em 2010. No primeiro trimestre deste ano o setor alimentício apresentou aumento de 25,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este movimento da indústria alimentícia brasileira, tanto no mercado interno como no externo, faz com que elas repassem essa responsabilidade para seus fornecedores, exigindo deles produtos cada vez mais adequados às normas externas e à crescente demanda da população brasileira por produtos mais saudáveis e, neste rol, certamente estão os fabricantes de lubrificantes. “Cada vez mais as empresas alimentícias estão se preocupando com programas de análise de risco, tais como HACCP e GMP. Com isso, exige-se mais dos fabricantes de lubrificantes food grade. Agora, mais do que nunca, é de fundamental importância o emprego de lubrificantes que sejam fisiologicamente neutros e que atendam as especificações do NSF-H1”, alerta Ricardo Francisco Cabanas, assessor técnico da Fuchs Lubritech Divisão BR. Classificação Food Grade é um termo em inglês que significa “grau alimentício” e os lubrificantes classificados neste termo são geralmente graxas, óleos e pastas que podem entrar incidentalmente em contato com alimentos, medicamentos, cosméticos, entre outros, não podendo exceder a 10 ppm. Na maioria das vezes são fabricados por óleos minerais brancos e aditivos aprovados por órgãos regulamentadores, assim como também à base de polialfaolefinas. “Os lubrificantes alimentícios não podem interferir no sabor, no odor e na cor do alimento ou medicamento, além de não ameaçar a saúde de quem irá consumi-lo. Os órgãos regulamentadores mundialmente conhecidos são: o FDA (Food and Drug administration) e NSF (National Science Foundation) nos Estados Unidos e DIPOA (Departamento de inspeção de produtos de origem Animal), e Secretaria Anna Katrin Jarosch, gerente de de Agricultura e Abastecimento (CETEA - Centro suporte técnico da Lumobras de Tecnologia de Embalagens)”, informa Anna Katrin Jarosch, gerente de suporte técnico da Lumobras. Lubrificantes com registro NSF H1 são, na prática, ‘aditivos alimentares

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Lubrificantes Food Grade

Vinicius de Medeiros, gerente técnico comercial da Lubriquim produtos Químicos

Valter Alves Torres, sóciogerente da Interlub

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indiretos’, já que podem ter contato acidental com os alimentos devido a vazamentos, respingos ou falhas no equipamento. Como Sidnei Bincoletto, coordenador de marketing industrial da Mobil Lubrificantes (Cosan), explica, a NSF estabeleceu uma lista de lubrificantes com o registro H1 com base na revisão dos dados de fornecedores de lubrificantes contra as exigências da FDA, e anterior às revisões da USDA. “Tal lista registra os produtos uma vez que tenham confirmado que os materiais estão em conformidade com as listagens da FDA/GRAS e os coloca no seu site para o acesso público em on-line ‘White Book’”. Apesar das exigências existentes nesse mercado (veja Box), nem todos os fabricantes de lubrificantes se encontram atualmente adequados no que concerne à obtenção do registro e muitos ainda atuam com laudos obsoletos e que não são mais aceitos. “Isso faz com que algumas empresas aceitem essas certificações acreditando que assim estão seguras em seus processos, o que não é a realidade”, verifica Vinicius de Medeiros, gerente técnico comercial da Lubriquim produtos Químicos. Além disso, de acordo com Valter Alves Torres, sócio-gerente da Interlub, o setor alimentício ainda carece de maior conscientização da necessidade do uso de produtos considerados food grade. “Uma boa parte ainda acredita que o uso desses produtos implicam em aumento de despesas, apesar da realidade não ser exatamente esta”. Esta situação do mercado também é observada pela Kluber Lubrication South America, que também percebe que nem todos os fornecedores deste mercado estão adequados à legislação para fornecimento de lubrificantes food grade. “Garantir adequada lubricidade e performance do lubrificante quando há limitação na utilização de matérias-primas demanda uma equipe de pesquisa e desenvolvimento qualificada. Além disso, notamos que alguns fornecedores se respaldam em laudos de outros institutos que não atendem à regu-

lamentação internacional e oferecem ao mercado, desta forma, lubrificantes que não são, de fato, food grade”, declara ­Rosemeire Esteves Santos Zilse, gerente de vendas e marketing da empresa. Em contrapartida, Jorge Efrain Rey de Oliveira, gerente de mercado da Klüber, afirma que os fabricantes de food grade estão em sintonia quando se fala em produto, na formulação e utilização de matérias-primas base, que são muito semelhantes no mercado. Segundo ele, esta escolha é orientada pela expertise já construída neste mercado ao longo dos anos, bem como pelas inovações tecnológicas oferecidas pelos fabricantes de matérias-primas. “Contudo, quando abordamos a perspectiva tecnológica para uma especialidade -- caso do lubrificante food grade --, não podemos dissociar a engenharia de aplicação como instrumento que assegura utilização ótima de produtos que, amiúde, têm custo diferenciado. E é neste último quesito (engenharia de aplicação) que ainda percebemos muitas limitações no nosso mercado, ou seja, como e o quê utilizar para cada necessidade específica”. Mercado Atualmente, a estimativa é de que o mercado de lubrificantes de grau alimentício represente cerca de 20% do negócio de lubrificantes como um todo, movimentando algo em torno de R$ 29 milhões ao ano. “Este é um mercado que está crescendo muito em nosso País, principalmente devido às exigências internacionais e de nossa legislação, que está cada vez mais rígida e fiscalizada, mas ainda tem muito espaço para crescer em curto e médio prazos”, afirma Medeiros. Opinião compartilhada por Rosemeire, que também percebe perspectivas muito positivas em vista da quantidade de investimentos que o Brasil tem recebido de empresas multinacionais, aquisições e fusões que dão visibilidade e importância ao produto brasileiro, tanto para consumo interno quanto para

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Lubrificantes food Grade indústrias alimentícias, de bebidas e farmacêuticas que buscam lubrificantes food grade por força da tendência mundial de não agredir o meio ambiente e a população, atualizando todo o seu processo de fabricação”, finaliza luis Henrique Rillo, representante técnico da Plastifluor.

Foto: Kluber

exportação. Ela destaca que diversos setores relacionados ao agronegócio, processadores de carnes, fabricantes de biscoitos e bebidas, possuem empresas que hoje apresentam crescimento na casa dos dois dígitos ao ano. “De forma gradativa, a expansão terá um crescimento considerável, haja vista as

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Rosemeire Esteves Santos Zilse, gerente de vendas e marketing da Klüber Lubrication

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Lubrificantes Food Grade Empresa

Lumobras

Mobil (Cosan)

Antonio Gonçalves de Oliveira, vice-presidente para América do Sul da Fuchs Lubritech Divisão BR

Quando abordamos a perspectiva tecnológica para uma especialidade não podemos dissociar a engenharia de aplicação como instrumento que assegura utilização ótima de produtos que tem custo

diferenciado

,

Jorge Efrain Rey de Oliveira, gerente de mercado da Klüber Lubrication.

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Produto

Descrição

MOLYSIL Multiuso Foodgrade spray oil

Óleo multiuso para todos os tipos de mancais, engrenagens (que requerem óleo de baixa viscosidade), correntes, guias, punções e sacadores e equipamento de fechamento de tampas.

MOLYKOTE G0052 FG WHITE E.P. BEARING GREASE

Graxa alimentícia indicada principalmente para a lubrificação de elementos e peças de máquinas de processamento, envasamento e embalagem de alimentos, bebidas, medicamentos e cosméticos, tais como mancais de deslizamento e rolamentos, correntes em geral, redutores abertos, guias de deslizamento, etc.

MOLYKOTE G-4500 MULTIPURPOSE SYNTHETIC GREASE

Graxa sintética, formulada com óleo básico PAO (Polialfaoleifina), sabão complexo de alumínio, PTFE e aditivos. Aplicação: mancais, motores, articulações, pinos, discos, etc.

Mobil SHC Cibus 32, 46 e 68

Lubrificantes 100% sintéticos para aplicações hidráulicas e compressores.

Mobil SHC Cibus 32 HT

Óleo de transferência de calor de alto desempenho, 100% sintético, registrados no NSF H1 e HT1.

Mobil DTE FM 32, 46 e 68

Lubrificantes para compressores e aplicações hidráulicas.

Mobil SHC Cibus 150, 220, 320 e 460

Lubrificantes 100% sintéticos para caixas de transmissão & sistemas de circulação.

Mobil Glygoyle 150 a 680

Lubrificantes 100% sintéticos para engrenagens, com base PAG.

Mobil Gargoyle Arctic SHC 200 Série

Lubrificantes 100% sintéticos para compressores de refrigeração.

Mobilgrease FM 101

Graxa multiuso NLGI 1 de alto desempenho, com capacidade aprimorada de bombeamento.

Mobilgrease FM 222

Graxa multiuso NLGI 2 de alto desempenho para casos que requerem uma maior consistência.

Mobil SHC Polyrex 462

Graxa sintética de alto desempenho para altas temperaturas

Interlub

Graxas Sintéticos, Óleos, Sprays e Pastas de Montagem e em alguns casos além de Food Grade também Biodegradáveis.

Lubriquim

Graxas food grade para a lubrificação de rolamentos, mancais em geral e para peletizadoras em fábricas de ração. Óleos para redutores, correntes, a granel e em aerossol e um micro-óleo desingripante com certificação H-1.

Fuch Bras

Klüb

Plast

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Fuchs do Brasil

GERalYN aX W series / TRiBoTEC WHiTE series

Graxas de múltiplas aplicações, para locais onde se requeiram altas e baixas temperaturas, altas e baixas cargas e boa resistência a água fria e quente, como também boa proteção contra corrosão. Amplia intervalos de relubrificação. De cor branca, são elaboradas com matérias-primas selecionadas.

GERalYN aW, Ro, EP e sF series / TRiBoTEC FN e FN/s séries

Óleos, minerais, semissintéticos e sintéticos. Linha de produtos incolor, inodoro e insípido, fisiologicamente neutro, não havendo restrição em caso de contato incidental com alimentos e bebidas. Atende todas as necessidades das indústrias alimentícias em geral.

Graxas à base de sabão completo de alumínio, que garante aplicação sob temperaturas de trabalho de – 10 a +150 GERalYN aX C series / TRiBo°C, para diversos pontos, como rolamentos, TEC alC e F series mancais, guias, válvulas, articulações e redutores, operando sob cargas leves até médias.

Klüber

Plastifluor

GERalYN FMG 387

Graxa de grau alimentício à base de sabão de cálcio, multifuncional indicada para a lubrificação de maquinários de processamento e embalamento de alimentos ou produtos correlatos. Devido a sua resistência à lavagem por água, é ideal para uso sob condições de grande umidade. Adere fortemente às peças de metal.

lubrificantes sintético e food grade

Funciona como fluido de transferência de calor, reduzindo substancialmente o consumo de óleo do cliente final, reduzindo quantidade a ser descartada, com grande vida útil.

linha sintética de lubrificantes food grade

Linha completa em todas as viscosidades e necessidades (como temperatura) que o cliente venha a ter para aplicações compressores de ar, de gás e de refrigeração.

Graxa branca atóxica FiRlUB K10Fa e graxa branca atóxica FiRlUB K30Fa

Certificada pelo NSF; inerte quimicamente não reage com plásticos e borrachas; temperatura de trabalho de -50ºC a + 250ºC; baixa absorção de líquidos e baixíssimo coeficiente de atrito.

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Lubrificantes Food Grade

Os órgãos fiscalizadores Fonte: Mobil Lubrificantes (Cosan Combustíveis e Lubrificantes)

Graxas brancas atóxicas Firlub K10FA e K30FA

A NSF estabeleceu uma lista de lubrificantes com o registro H1 com base na revisão dos dados de fornecedores de lubrificantes contra as exigências da FDA, e anterior às revisões da

USDA

,

Sidnei Bincoletto, coordenador de marketing industrial da Mobil Lubrificantes (Cosan)

Mobil SHC Cibus: lubrificante sintético para a indústria de alimentos e bebidas

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Apesar do registro NSF H1 ser o principal requisito para a fabricação de um lubrificante food grade, existem diversos órgãos fiscalizadores e até exigências religiosas que determinam a fabricação correta desses produtos. Confira: Agência Americana de Alimentos e Medicamentos (FDA) - A FDA é uma agência do governo dos EUA e, dentre outras atividades, estabelece as exigências para a indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica, incluindo o contato acidental com lubrificantes ou lubrificantes projetados para o uso nos equipamentos da indústria alimentícia. A conformidade e solicitações da FDA são feitas por meio de autocertificação pela empresa que comercializa os lubrificantes. Ela regulamenta as substâncias acrescentadas aos alimentos ou que entram em contato com os alimentos na forma de aditivo alimentar. FDA CFR 178.3570 - Esse é o processo de autocertificação para atender às exigências da FDA para um lubrificante, em caso de “contato acidental com o alimento”. Esta não é uma certificação diretamente relacionada aos alimentos (tais como desmoldante para o feitio de pão), mas sim para os lubrificantes que poderiam, potencialmente, vazar para dentro e sobre o alimento em processo. Os produtos em conformidade devem ser formulados a partir de materiais identificados na FDA 21 CFR (Código de Regulamentações Federais) ou na ‘GRAS list’, isto é, componentes geralmente reconhecidos como seguros. Boas Práticas de Fabricação - Administradas pela FDA, sob a autoridade da Lei Federal de Alimentos, Medicamento e Cosméticos, as Boas Práticas de Fabricação (GMP) afetam o fabricante de medicamentos dispositivos sanguíneos e médicos, exigindo uma conduta de qualidade na fabricação para minimizar a contaminação ou misturas. Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) - O USDA foi o órgão original que emitia a autorização para a formulação e produção para ‘contato acidental’, por meio de análise em relação às exigências da FDA. Caso a conformidade fosse apresentada, o lubrificante recebia a categoria H1. Em 1998, no entanto, o programa de autorização do USDA foi abandonado e o processo de aprovação transferido para a NSF, assim que a empresa foi registrada. Tão logo o processo de transferência foi concluído durante o início dos anos 2000, os registros H1 válidos permaneceram sob os cuidados da NSF. Fundação Nacional de Saúde Pública (NSF) - A NSF é uma organização não governamental com sede nos EUA, sem fins lucrativos, que fornece padrões de desenvolvimento, certificações de produtos e serviços de gerenciamento de risco para a saúde e segurança pública. Ela identifica as necessidades públicas e industriais para gerar e administrar uma lista de Componentes Não Alimentícios e Substâncias Apropriadas (na qual os lubrificantes estão incluídos). Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP) - Desenvolvida pela NASA nos anos 60 para ajudar a proteger os astronautas, a HACCP é um sistema de gerenciamento com base científica, esquemático, para identificar, avaliar e gerenciar os riscos da segurança alimentícia no processamento, embalagem e transporte e ajuda a identificar formas de controle e prevenção para garantir que a produção de alimentos seja segura. Ela identifica muitos aspectos da segurança dos alimentos, incluindo contaminações com produtos não alimentícios, controle de bactérias e identificação de risco. A HACCP se tornou uma importante ferramenta global para os órgãos reguladores, empresas e consumidores. Com base em uma auditoria e análise, qualquer ação preventiva exigida deve ser definida, de forma que os riscos identificados possam ser evitados ou, ao menos, minimizados. Em resumo, a HACCP: • identifica os pontos onde pode ocorrer o risco ao alimento; • analisa os riscos potenciais de contaminação do alimento no processo; • define quais seriam os pontos críticos; • define e realiza os testes e procedimentos de controle eficaz desses pontos críticos; • verifica a análise de risco a cada mudança no processo de produção. Os lubrificantes que possuem o registro NSF H1 devem, geralmente, ser utilizados durante o processo e antes que o consumidor receba o produto. A contaminação ocasional dos alimentos por lubrificantes não pode ser excluída ou evitada com uma certeza absoluta. Os fabricantes que não realizam uma análise de HACCP ou que não a implantaram corretamente podem estar violando algu-

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Lubrificantes Food Grade >>> mas das diretrizes e regulamentações de segurança alimentícia e isso poderia levar a uma auditoria insatisfatória nesta área. ISO 22000 - A norma ISO 22000 – Sistemas de Gerenciamento da Segurança Alimentícia – integra os princípios da HACCP, sistema de gerenciamento e comunicação interativa entre as organizações em uma cadeia de fornecimento de alimentos. A ISO 22000 especifica as exigências necessárias para o gerenciamento seguro dos alimentos de cada organização na cadeia de fornecimento, para garantir que o alimento final seja seguro para o consumo humano. Kosher - Os alimentos Kosher são aqueles que estão em conformidade com a lei de alimentação judaica. Algumas espécies animais são permitidas como o gado, ovelhas, aves e peixes, porém porcos e moluscos não são. Os alimentos que não contém teor lácteo ou carne são conhecidos como Parve, como por exemplo, a maioria das bebidas, todas as frutas e vegetais. A avaliação da fabricação e adequação de um lubrificante que confirma ser apropriado para o Kosher é efetuada na elaboração da fórmula e no procedimento de fabricação, por meio de um processo de certificação técnica e religiosa. A fórmula é avaliada em seus ingredientes básicos e a unidade de fabricação é auditada regularmente para a averiguação do risco de contaminação por materiais não adequados ao Kosher. Halal - Halal é um termo árabe que significa ‘permitido’. Em inglês, refere-se frequentemente a alimentos permitidos de acordo com a lei islâmica. Várias substâncias são consideradas proibidas, dentre elas os produtos de matéria-prima suína, sangue e todas as substâncias tóxicas, incluindo o álcool. A avaliação sobre a adequação de um lubrificante com relação ao Halal é muito semelhante à realizada para o Kosher. Os ingredientes do óleo ou graxa são revisados tecnicamente e a unidade de fabricação é auditada para a verificação de seus processos de qualidade internos e potenciais contaminações. Os certificados de conformidade são emitidos normalmente.

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Artigo Técnico

Pouco Controle de Contaminação, Muito Desconhecimento (*) Marcelo Attilio Gracia

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os últimos anos venho observando, em meu dia-a-dia de engenheiro de lubrificação comprometido e focado na busca de melhorias, uma verdadeira enxurrada de informações e de tentativas, na maioria das vezes ineficazes, de se abordar aspectos gerais do Controle de Contaminação na lubrificação. Não é por acaso que o treinamento de Controle de Contaminação é, de longe, o que mais tenho prazer em ministrar. Talvez pelo fato de ser aquele que me permite mais a citação de analogias entre situações

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do mundo real, e até do próprio corpo humano. Gosto muito de comparar a ação letal de bactérias com os contaminantes sólidos e a presença de umidade, que por serem em sua maioria invisíveis, entram nos compartimentos e provocam verdadeiras catástrofes, sem antes destruir todo o exército de soldados do bem, no caso os bem intencionados óleos básicos e os igualmente preparados aditivos dos lubrificantes. Para quem teve formação tradicional em companhia de petróleo, como meu caso, nunca se poderia imaginar que um dia esse tipo de informação proliferasse de tal forma em nosso meio, formado pela perfeita interface lubrificantes-lubrificação. Vejo um enfoque exagerado na advertência dos males e perigos da contaminação, e ao mesmo tempo um profundo despreparo dos usuários em compreender desde os aspectos básicos desse mal, até formas mínimas de identificá-lo e de controlá-lo. Até porque para se discutir a fundo problemas de controle de contaminação, se faz necessária uma abordagem minimamente proativa, há que se entender, ao menos de forma superficial, o por que de a contaminação ocorrer, de onde ela surge, porque ela é tão letal, o que se deve fazer para identificá-la e, finalmente, ações mínimas para controlá-la. O mais interessante é que a contaminação é um mal que pode ser encontrado em todos os passos da cadeia, desde a produção do lubrificante na planta e seu envazamento, seu transporte aos distribuidores, sua armazenagem e manuseio, seu transporte para as salas de lubrificação, as práticas de armazenagem

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Artigo Técnico lá, até sua aplicação no ponto, conforme observamos na figura 1 abaixo.

O assunto é mais complicado que a rotina do dia-a-dia de fornecedores de básicos e aditivos, acostumados a resolver muitos dos problemas de lubrificação potencializando alguma das propriedades dos básicos ou com a introdução de algum aditivo específico, contra medidas eficientes na grande maioria das vezes, mas ineficazes quando o assunto é contaminação. Até porque inexistem no mercado produtos dotados de “aditivos anticontaminação”. Aliás, aditivos anticontaminação poderiam ser a solução utópica para a grande maioria dos problemas aqui discutidos, mas infelizmente o mesmo não existe...Já pensaram se eles existissem de fato, o quão maravilhoso seria? Segmentos como mineração, siderurgia, sucroalcooleiro e metal mecânico, entre outros, conhecidos por admitirem “normalmente” convidados indigestos e agressivos em seus sistemas lubrificados, teriam uma sensível diminuição em muitos de seus modos de falha tribológicos, dentro dos quais a clássica abrasão a três corpos, causada por partículas micrométrica duras, mostrada na figura 2 abaixo.

Infelizmente, por mais que a tecnologia de refino de óleos básicos tenha evoluído fortemente nos últimos anos e desenvolvido básicos mais puros, e paralelamente termos cada vez mais um portfólio tecnologicamente muito desenvolvido pelos principais fabricantes de aditivos oferecendo produtos mais completos, o foco dessa parceria sempre ficará restrito ao óleo, suas propriedades, seu desempenho. Básicos e aditivos bem selecionados podem controlar os efeitos químicos do mal no corpo do lubrificante, mas são incapazes de eliminá-los. É evidente que alguns contaminantes podem ter seus impactos minimizados pela adequada formulação de contaminantes, porém este é um campo específico no qual a indústria de óleos básicos e aditivos ainda não conseguiu atuar de forma proativa, e que possivelmente não conseguirá fazê-lo, para azar dos componentes que são lubrificados por massas lubrificantes contaminadas. Abordando o assunto do ponto de vista da lubrificação, aí então o assunto de controle de contaminação torna-se mesmo inesgotável. Nos dias de hoje, são inúmeras as possibilidades reais de se minimizar e controlar a contaminação dos lubrificantes, desde a armazenagem e manuseio, passando pela aplicação e até pela administração dos lubrificantes sem uso nos equipamentos. Partindo-se do fato que o equipamento novo original, seja industrial ou automotivo, vem totalmente desprovido de qualquer acessório ou facilidade que beneficie o controle de contaminação, qualquer atitude ou melhoria nesse sentido trará benefícios imediatos. Entre um pacote básico de controle de contaminação, podemos destacar: • Armazenamento de combustíveis e lubrificantes a granel: 99 Tanques em aço inox ou com revestimento interno à base de epóxi; 99 Sistemas de medição de volume que não propiciem invasão de contaminantes; 99 Administração dos espaços superiores, por

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Artigo técnico meio do uso de respiros ou sistemas desumidificadores adequados; 9 Engates rápidos para sucção e recalque dos lubrificantes novos; 9 Filtração a cada operação de entrada e de saída de produto. • Armazenamento de lubrificantes na sala ou na área de lubrificação: 9 Área preferencialmente fechada e isolada; 9 Armazenagem dos lubrificantes em “racks” individuais, com correta identificação, mangueiras, bombas e sistemas de filtração individuais e respiros para manter o espaço superior seco e limpo; 9 Filtração individual de elevada eficiência e baixa micragem a cada operação de entrada ou de saída de lubrificantes; 9 Caso se opte por armazenamento nos próprios tambores, buscar um isolamento do mesmo instalando-se engates rápidos e sistemas de respiros dessecantes nos bocais. 9 Nesse caso, aplicar sempre os princípios modernos de estoque, tais como PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai); 9 Administração de graxa em baldes e tambores com sistemas que evitem a contaminação.

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• Aplicação dos lubrificantes nas máquinas e monitoramento de as condição: 9 Instalação de engates rápidos na drenagem e na sucção; 9 Aplicar lubrificante filtrado em cada reposição; 9 Nunca abrir compartimentos da máquina; 9 Se for trocar o óleo, utilize carrinhos com bomba para drenagem do óleo usado; 9 Se for repor o óleo, óleo novo filtrado abastecido através de engates rápidos; 9 Utilizar técnicas modernas de aplicação de graxa, nunca aplicando por excesso, evitando danificar vedações; 9 Para sistemas centralizados, repor a graxa utilizando sempre engates rápidos, evitando contaminar o reservatório; 9 Utilize sempre acessórios adequados para a coleta de amostras de óleo; 9 Tubos de pitot e válvulas minimess devem ser instalados nos equipamentos, de modo a propiciar coletas de amostras confiáveis, com equipamentos operando, oferecendo segurança e total controle da contaminação. Exemplos de dicas de armazenagem e acessórios que minimizam a contaminação são mostrados nas figuras abaixo.

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Artigo Técnico É bastante evidente que, quando o assunto é controle de contaminação, o famoso ditado bíblico: “Ensinai as crianças para não ter que punir aos homens”, aplica-se como uma luva no contexto. Infelizmente, assistimos todos os dias a uma enxurrada de instruções, recomendações, procedimentos e execução de tarefas de lubrificação, que nem de longe vão de encontro aos padrões mínimos de lubrificação. Se formos avaliar a causa raiz dessas ações, não nos surpreenderíamos se encontrássemos a trilogia: falta de educação, falta de conhecimento, falta de procedimentos. Ou seja, divulga-se por todas as partes que, para controlar a contaminação, deve se utilizar o melhor lubrificante, o melhor sistema de lubrificação, o melhor respiro, o melhor elemento filtrante, o melhor monitoramento de água e contagem de partículas.... Certo? Errado. A frase mais adequada seria: controle a contaminação de suas máquinas educando os usuários de lubrificantes sobre o tema. Informação apurada significa conhecimento. O conhecimento represado e didaticamente repassado pode virar educação. Uma vez educado, procedimentar isso como uma boa prática é muito fácil. Está assim formada a trilogia que efetivamente se reverterá em resultados. Com procedimentos bem escritos, didaticamente desenvolvidos e entendidos pelos usuários, qualquer referência a ser seguida faz sentido na cabeça das pessoas. Profissionais bem treinados se tornam mais motivados, passam a ter perspectivas, introduzem continuamente em seu discurso palavras como crescimento, conhecimento, especialização, certificação. Pensam em crescer e se destacar em sua profissão. Têm sua autoestima aumentada. Passam a se sentir como parte do negócio lubrificação, almejam e buscam reconhecimento diferenciado. Se tudo isso passa a fazer sentido no dia-a-dia deles, e por serem estas as práticas mais adequadas, mais ergonômicas e mais seguras, há motivação e lógica para serem seguidas e implementadas, conforme mostrado na figura a seguir. Entendo que, apenas com educação,

conhecimento específico sobre o tema e com procedimentos adequados é que se conseguirá de fato reagir de forma eficiente contra os problemas de contaminação. Tecnologia e produtos precisam vir depois, nunca antes da sensibilização. Caso contrário, estatísticas de perdas tribológicas, como aquelas divulgadas pelo Prof. E. Rabinowicz, do MIT, há 25 anos, que dão conta que 70% dos componentes lubrificados perdem sua utilidade por modos de falha relacionados com a degradação da superfície, serão cada vez mais consideradas factíveis e reais. E então: você também quer que seus componentes lubrificados engrossem essas terríveis estatísticas? É lógico que não! Faça diferente: antes de aplicar soluções em controle de contaminação, aplique conhecimento diferenciado, eduque seu pessoal a respeito do que é contaminação, elabore procedimentos específicos. A vida útil de seu lubrificante e principalmente, de seus principais componentes lubrificados agradecerá por um longo tempo. Aplique isso e depois me procure para falar dos resultados. Não tenho dúvidas que você ficará surpreso. Mãos a obra! E.......Boa sorte! Marcelo Attilio Gracia, engenheiro da Confialub-Noria no Brasil, é engenheiro mecânico com 20 anos de experiência na área de lubrificação, especialista em lubrificantes, filtragem de fluidos e análises préaditivas, além de mestre em tribologia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

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GLICERINAS

CRESCIMENTO DO BIODIESEL FAVORECE SETOR Com uma produção de 100 mil toneladas em 2008, o mercado de glicerinas deverá, neste ano, crescer 150% embalado pelo aumento da produção de biodiesel. Com isso, o Brasil deve melhorar sua posição de exportador Por Miriam Mazzi

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esultante do glicerol, um composto orgânico com pureza acima de 95%, a glicerina, até 1949, tinha toda a sua produção proveniente da indústria de sabão. Atualmente, cerca de 70% deste volume ainda provêm dos glicerídeos (óleos e gorduras naturais) e os restantes 30% da produção do glicerol sintético – um subproduto da fabricação de propileno –, são originados da produção de ácidos graxos e também de ésteres de ácidos graxos (biodiesel). Tecnicamente considerada um umectante

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não tóxico, a glicerina basicamente pode ser definida como um lubrificante vegetal ou animal e veículo de vacina. “Por ser umectante, ela é adicionada aos cremes de beleza e sabonetes, pois mantém a umidade da pele. Em produtos alimentícios ela também é adicionada com a finalidade de manter a umidade do produto”, explica Alessandra Guerra, supervisora de marketing da Química Anastácio, uma das pioneiras na fabricação de glicerina (animal e vegetal) no Brasil. Já, de acordo com a definição de Thaís Fernandes, gerente da Unidade de Secativos

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GLICERINAS da Aboissa Óleos Vegetais, empresa que comercializa todos os óleos vegetais e gorduras animais, bem como todos os óleos vegetais brutos e refinados, a principal característica da glicerina é ser emulsionada com água, o que produz um óleo solúvel isento de derivados de petróleo. “Para que este produto seja considerado atóxico e biodegradável é preciso estar isento de catalisadores e derivados de álcool tóxico”, diz. Sobre as perspectivas deste segmento frente ao crescimento do mercado de lubrificantes atóxicos e biodegradáveis, Alessandra não vê grande probabilidade de expansão em função da intensa concorrência no setor, principalmente da Malásia e Argentina, países que possuem muita oferta de sebo. “Com a política de desenvolvimento de soluções que não agridam o ambiente, todas as indústrias devem, ou deveriam, garantir o equilíbrio do ecossistema e a harmonia entre a evolução da tecnologia e a preservação do ambiente às gerações futuras. Quem precisa do Selo Verde – Agronegócio, deve fabricar produtos de origem vegetal para não poluir o solo e lençóis freáticos, por isso a glicerina bidestilada é a opção preferencial do mercado, pois é um produto límpido, transparente, não tóxico, biodegradável, inodoro e incolor”, argumenta. Para Thaís, da Aboissa, o crescimento da demanda desta matéria-prima será crescente, tendo em vista a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. Superoferta Embora exista oferta tanto no mercado local quanto no externo, é a tendência do sebo bovino da Argentina quem determina o market share do produto no Brasil, conforme cita Alessandra, referindo-se à produção de glicerina de gordura animal. “São inversamente proporcionais: se na Argentina há aumento de preço, aumentam as vendas do produto nacional e vice-versa”, ilustra. Ainda de acordo com a supervisora de mar­ keting da Química Anastácio, atualmente a gli-

cerina está abundante no mercado graças ao aumento da produção no Brasil do biodiesel. De cada tonelada de óleo vegetal transformada em biodiesel, cerca de 10% resultam em glicerina com diferentes graus de pureza. “Após o biodiesel, a glicerina se tornou um problema, que também é econômico”, alerta, justificando que fábricas deste segmento estão fechando no Hemisfério Norte devido à superoferta. No Brasil, em 2008, foram produzidas 100 mil toneladas de glicerina. Para 2010, a estimativa é de 250 mil toneladas. “Vale lembrar que os preços internacionais caíram 50% desde 1995, de US$ 1,55 o quilograma para os atuais US$ 0,75, em média”, informa. Thaís, da Aboissa, lembra que não existe um levantamento preciso sobre oferta e demanda de glicerinas no mercado de lubrificantes. “Na medida em que novas pesquisas são efetuadas para introduzir esta matéria-prima na produção de lubrificantes, sua demanda será crescente”, diz, assegurando que a glicerina produzida localmente (originária do biodiesel), deverá suprir a atual e futura demandas. Alessandra afirma que, apesar da queda de preços, não há desperdício de glicerina, por isso acredita-se quem em dois ou três anos o mercado se acomodará. “A glicerina tem um potencial muito alto para a indústria química, para inovações em produtos. A solução para o excedente seria exportar mais e não apenas como matéria-prima, mas em bens manufaturados e ‘verdes’, como os polímeros”, sugere. Já para Thaís, da Aboissa, considerando um cenário de crescimento da produção local, “a balança comercial será totalmente favorável ao Brasil, eliminando a importação e aumentando a exportação.” Os principais consumidores De acordo com dados fornecidos pela Química Anastácio, 25% de toda a glicerina purificada é hoje utilizada em alimentos e bebidas, principalmente como umectante e amaciante; 50% em cosméticos e medicamentos; e os restantes 25% em resinas e outras aplicações

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Thaís Fernandes, gerente da Unidade Secativos da Aboissa Óleos Vegetais

Alessandra Guerra, supervisora de marketing da Química Anastácio

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GLICERINAS

GLOSSÁRIO DA GLICERINA Loira: glicerina que tem apenas glicerol (min 80%) e o restante normalmente de água e sal; Bruta: normalmente contém impurezas dos tipos ácidos graxos livres, sabões, metanol, etc. Dependendo da origem, normalmente a concentração de glicerol pode ser variável. Bidestilada: glicerina pura e duplamente destilada. Concentração acima de 99,5% de glicerol e absolutamente incolor e transparente. Normalmente atende especificação internacional, como exemplo: densidade, cor, teor de água, índice de refração. uSp: também conhecida como glicerina pura, pois sua concentração é de 99,7%, além de ter que cumprir com exigências de inexistência de metais pesados, análises microbiológicas, entre outros tipos de análises muito rígidas.

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químicas, entre elas a lubrificação industrial e automotiva e fabricação de dinamite. As contas efetuadas pela Aboissa consideram dois mercados, o de lubrificantes automotivos e o de lubrificantes industriais, sendo o último o maior consumidor de glicerina. “Tendo por base que o mercado nacional de lubrificantes é de 1,250 bilhão de litros/ano, podemos concluir que o mercado industrial representa 33% deste total e demonstra a grande potencialidade para a glicerina”, explica Thaís. perSpectiVaS Fundada em 1941, a Química Anastácio é uma das pioneiras na fabricação de glicerina (animal e vegetal), ácido oléico e ácido esteárico. Em 2001, ingressou na distribuição de produtos químicos, firmando parcerias nacionais e internacionais com empresas líderes de mercado, passando a oferecer uma linha abrangente de produtos para os segmentos de cuidados pessoais, processos industriais e alimentos. Ainda hoje, a glicerina é um de seus carroschefe. Em 2009, a Química Anastácio vendeu aproximados 5,8 mil toneladas de glicerina e a previsão, segundo a supervisora de marketing, é crescer 30% até o final deste ano. Fundada em 1987, a Aboissa Óleos Vegetais vem mostrando um trabalho inovador junto ao mercado de óleos, gorduras e derivados. Totalmente informatizada, a empresa conta, também com uma área ágil de expedição, para rápida entrega de amostras e especifica-

ções dos produtos com os quais trabalha, além do follow-up, que propicia ao cliente um excelente atendimento pós-venda. A companhia comercializa também todos os óleos vegetais e gorduras animais, bem como todos os óleos vegetais brutos e refinados. Para Thaís, a antecipação da mistura de biodiesel na formulação de diesel, anunciada pelo Programa Nacional de Biodiesel, deverá repercutir no aumento do volume de glicerina produzida no País, o que manterá o Brasil como um dos grandes exportadores do produto para a China e Alemanha, que são os principais importadores da matériaprima brasileira. “Existe a estimativa que o Brasil venha a produzir 250 mil toneladas/ ano de glicerina Loira e o excedente de 125 mil toneladas/ano de glicerina bidestilada, ambas de biodiesel”, calcula. Ainda de acordo com a gerente, a grande produção de biodiesel ampliou a oferta de glicerina, o que abriu espaço para novas pesquisas referentes às aplicações. Uma delas é a transformação da glicerina bruta em outros tipos de produto com maior valor agregado e com potencial de mercado consumidor. “Podemos destacar também que a utilização deste produto no passado, por questões de preço, esteve restrita a poucos segmentos. Atualmente, com esta grande disponibilidade após a introdução do biodiesel, novas aplicações surgem a cada dia, nos mais variados setores econômicos”, finaliza.

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InformEx 2010

Química verde em evidência Evento, que acontece há 26 anos nos Estados Unidos, é referência internacional no segmento químico

A

s perspectivas para a indústria química brasileira nos próximos dez anos e as novidades do setor em relação à tecnologia verde, processos de produção sustentáveis e matérias-primas renováveis serão os temas em destaque do painel de conferências da InformEx Latin America - Feira Internacional de Química Fina e Derivados (www.informexlatam.com.br), que acontece nos dias 23 e 24 de agosto no Centro de Convenções Amcham, na cidade de São Paulo. Organizado pela UBM Brazil (www.ubmbrazil.com.br), o evento reunirá mais de 40 expositores e 1,2 mil participantes, entre visitantes e congressistas nacionais e internacionais, com a proposta de num só local gerar conhecimento e criar uma eficiente rede de relacionamento, oportunidades e negócios entre fornecedores e potenciais clientes. “Aproximar o mercado latino-americano, es­ pe­cialmente o brasileiro, dos principais fornecedores da indústria química mundial é o nosso objetivo”, explica o gerente do evento no Brasil, Cassiano Facchinetti. Programação O primeiro dia de conferências vai destacar os assuntos relacionados à química verde e sustentável, com a participação de congressistas de gigantes como Braskem e Basf, autoridades do Ministério da Ciência e Tecnologia, pesquisadores da Rede Brasileira de Química Verde/ Escola Brasileira de Química Verde, entre outros executivos e consultores do setor. Batizado de “Green Exchange”, este painel de palestras abordará temas como: o atual es-

tágio e inovação em química verde; plásticos biodegradáveis e de fontes renováveis, como a cana-de-açúcar; polímeros biodegradáveis; entre outros. Já o segundo dia de conferências será aberto pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), com o painel sobre o Pacto Nacional da Indústria Química. O estudo apresenta diagnóstico da situação do setor químico e propõe medidas a serem adotadas pelo governo. O documento pontua ainda os compromissos da cadeia produtiva com o desenvolvimento industrial do País. A meta da indústria química brasileira é estar entre as cinco maiores do mundo até 2020. O programa Prodir (Processo Distribuição Responsável) da indústria química é outro destaque do segundo dia dos trabalhos, que prevê também palestras sobre novos produtos e soluções para o segmento, com especialistas da Braskem e Petrobras. Entre os temas a serem apresentados, sobressaem-se: Responsabilidade técnica na indústria química e a importância para o meio ambiente; Building Blocks de origem renovável; Microalgas para o setor petroquímico; Solventes verde; e Óleo extensor de baixa toxidade para o segmento de borrachas. A programação terá ainda palestras dos expositores, com detalhes sobre os lançamentos de produtos e soluções disponíveis na feira. Confira alguns deles:

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Bioagri

Kemira

Com qualidade, estrutura tecnológica de última geração e equipe técnica especializada, a Bioagri Agroquímicos realiza estudos para registros de produtos técnicos e formulados, pesquisa, desenvolvimento, análises laboratoriais para controle de qualidade e acompanha­ mento de processos. O laboratório atende toda e qualquer exigência que possa ser contemplada pelas legislações. Hoje, a Bioagri possui market share de mais de 80% do mercado nacional em análises de produtos agroquímicos. Exatamente pó isso, a InformEx representa novas parcerias internacionais, sobretudo com o mercado chinês, um dos mais importantes da atualidade. Formada por um grupo de empresas de prestação de serviços analíticos, estabelecido primeiramente em Piracicaba (SP), em 1991, atualmente, a Bioagri é o maior laboratório privado da América Latina em seu segmento, formado por 12 unidades distribuídas pelo Brasil, com cerca de 25.000 m2 de área útil de laboratórios e mais de 600 colaboradores. O Grupo oferece um escopo de serviços diferenciados e diversificados em análises de alta complexidade, em oito segmentos de atuação: Ambiental, Agroquímicos, Alimentos, Fármacos, Saneantes, Cosméticos, Veterinário e Biocombustíveis. Desde o início da implantação do Sistema de Qualidade, em 1996, a empresa mantém um rigoroso controle de qualidade, visando assegurar a confiabilidade de seus serviços em todas as áreas de atuação.

A primeira edição da InformEx no Brasil contará com a presença da Kemira, indústria química finlandesa atuante nas áreas de papel e celulose, petróleo e mineração e águas municipais e industriais. A história da Kemira reforça sua visão de ser uma empresa líder na química da água e ressalta sua principal vocação: soluções sustentáveis para indústrias com uso intensivo de água em seus processos. Com um vasto portfólio de produtos e de soluções, a Kemira tem como foco na InformEx as indústrias de alimentos e bebidas, cosméticos, curtumes, indústrias têxteis e agronegócios que desejam melhorar sua rentabilidade, gerenciando melhor seus recursos. A empresa está localizada nas regiões sudeste, sul e nordeste, com escritório central na cidade São Paulo (SP), escritórios de vendas em Camaçari (BA) e Camboriú (SC) e fábricas nas cidades de Arapoti (PR), Camaçari (BA), Lages (SC), Rio Claro (SP) e Telêmaco Borba (PR). Makeni Chemicals Especialista na distribuição de produtos químicos e representante no Brasil dos principais fabricantes mundiais de matérias-primas, a empresa participa da Informex em parceria com a Eastman Chemical Company dos EUA, que apresentará o produto Eastman 168. Trata-se de plastificante sem ftalato destinado a aplicações em PVC - uma substituição pronta e rápida para alguns dos produtos com orto-ftalato mais

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usados e que atualmente estão passando por pressões regulatórias no mercado. Além do portfólio diversificado e das unidades de negócios específicas, capazes de oferecer atendimento técnico-comercial para os segmentos: Construção e Adesivos, Cosméticos & Saúde, Higiene & Limpeza, Químicos e Petroquímicos, Nutrição, Plástico e Papel, entre outros, a companhia mantém à disposição dos seus clientes sala de envase capaz de realizar processos que permitem o manuseio e fracionamento de produtos, laboratório de aplicação para realização de testes, adaptação de formulações, desenvolvimento de novos produtos e equipe técnica multidisciplinar. Há 29 anos a Makeni Chemicals (www. makeni.com.br) atua como distribuidora e representante no Brasil de renomadas empresas internacionais como: BASF, Calumet, Cargill, Ineos, Lyondell, Oxea, Polioles, Shinetsu, entre outras. É líder na importação de solventes no mercado interno, comercializando, anualmente, cerca de 45 mil m³/toneladas de insumos para os segmentos que atende. Purac Empresa cujo DNA para negócios já nasceu verde, a Purac trabalha com produtos, ações e objetivos que permitem uma significativa contribuição à melhoria de qualidade de vida e ao planeta.

Líder mundial na produção de ácido lático e derivativos, desenvolve e comercializa produtos que combinam excelentes propriedades de desempenho e de biodegradabilidade com baixa toxidade. Além disso, os produtos substituem outros químicos derivados de fonte fóssil e permitem a desejada redução na pegada de CO2. A linha de produtos está integrada às necessidades químicas e de desempenho de clientes e oferecem soluções para: agroquímicos; solvents; micro-eletrônicos; petroquímica; desengraxantes; polímeros e outros. Aém de participar da exposição, a Purac vai marcar presença no congresso, onde levará ao público, por meio do gerente de desenvolvimento de negócios Juscinei Souza Santos, os temas “Do Ácido Lático ao PLA - Promovendo Sustentabilidade” e “Building Blocks de Origem Renovável.” Fundada em 1935, a Purac é uma empresa do CSM, um player global no fornecimento de ingredientes de panificação e de alimentos. Com seis unidades de produção em todo o mundo, uma rede global do escritório de vendas, centros de aplicação local e mais de 1000 funcionários altamente treinados, atua em diversos mercados, com foco em ingredientes naturais, produtos químicos verdes e monômeros biodegradáveis para PLA. Sasil A empresa, tradicional distribuidora de matérias-primas para a indústria química irá apresentar na informEx 2010 o seguinte portfólio de produtos: acido cítrico, bicarbonato de amônia, bicarbonato de sódio, carbonato de sódio (Barrilha), metabissulfito de sódio, soda escamas, soda líquida, sulfito de sódio, sulfeto de sódio, benzoato de sódio, tripolifosfato de sódio, ácido fórmico e ácido sulfúrico. A Sasil tem uma ampla experiência no mercado industrial do Brasil, atuando desde 1973 na prestação de serviços com soluções inteligentes e ágeis de acordo com a necessidade de cada cliente. Levando por todo o país a mais completa linha de produtos químicos e termoplásticos, através de uma logística estruturada e ágil, com depósitos estrategicamente localizados no território nacional.

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LEGISLAÇÃO

O MERCADO DE LUBRIFICANTES EM FACE DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Greice Patrícia Fuller¹

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pós tramitar por 21 anos pelo Congresso Nacional, a Lei 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi sancionada aos 2 de agosto de 2010. Trata-se de um marco regulatório na área de Resíduos Sólidos a um dos maiores problemas vivenciados em nosso País, cuja realidade verte seus sombrios reflexos sob três dimensões, a saber: saúde pública, meio ambiente e economia. 1

Segundo dados estatísticos, mais de 67 mil toneladas dos resíduos sólidos coletados tiveram destinação inadequada¹, sendo que o Brasil perde, por ano, aproximadamente R$ 8 bilhões por não reciclar os resíduos sólidos. Assim, a mencionada lei trouxe como objetivos principais previstos no artigo 7º: proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; não geração, redução, reutilização e tratamento dos resíduos sólidos; imposição de adequada destinação final dos resíduos; inclusão social através da geração de emprego e renda para catadores de matérias recicláveis; término dos lixões, determinando a realização de aterros sanitários destinados aos chamados rejeitos; diminuição do uso de recursos naturais, notadamente, água e energia, no processo de produção de novos produtos; aumento da reciclagem no País; integração entre os setores públicos, empresarial e coletividade e prioridade nas aquisições e contratações governamentais para produtos reciclados e recicláveis; bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo sustentável. Esta é uma lei com uma base didática, visto que enuncia uma série de definições em seu bojo. E, iniciando a primeira delas, faz-se imperiosa a de resíduos sólidos, que não deve ser confundida com a de rejeitos. Os primeiros são assim considerados pela lei como todo material, substância, objeto ou

Greice Patrícia Fuller é advogada e sócia do escritório Gabriel Advogados Associados. Doutoranda e mestre em Direito Ambiental pela

Puc/SP. Professora nos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da PUC/SP, Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados de São Paulo e da Faculdade de Tecnologia Ambiental do Senai. 1

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LEGISLAÇÃO Muito bem. Visto isto, cabe saber a quem se dirige à mencionada lei. Assim, a citada legislação determina e o faz, tanto no art. 1º, §1º como no art. 3º, inciso IX, que os geradores dos resíduos sólidos são as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo. Além das definições, objetivos e princípios, a lei em questão apresenta como instrumentos a sua consecução, dentre outros, o sistema da logística reversa, mecanismo este já imposto para o setor em comento através de normas administrativas e que agora foi ratificado imperativa e de forma cogente pela lei. É definido como o conjunto de ações que facilitem o retorno dos resíduos sólidos aos seus geradores (setor empresarial e aqui, frise-se que será de forma

br4|marketing

bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes ou líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Diferentemente é o conceito de rejeitos que, apesar de serem considerados resíduos sólidos, não podem ser reaproveitados na mesma ou em outra cadeia produtiva, restando-lhes a chamada disposição final ambientalmente adequada que será feita em aterros, a fim de evitar danos à saúde pública e segurança e diminuir os impactos ambientais negativos.

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LEGISLAÇÃO independente do serviço público de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos) para que sejam reaproveitados ou tenham uma destinação final ambientalmente adequada. Neste tocante, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens deverão, por expressa disposição legal, implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados; disponibilizar postos de entrega; atuar em parceria com cooperativas de catadores de materiais reutilizáveis ou recicláveis, para além de outras ações e meios que o setor entender cabível. O importante será a regulamentação para

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que seja estabelecido de que forma e dentro de qual prazo os resíduos se sujeitarão a esse mecanismo, bem como definir-se em contrato a quem caberá o pagamento de todo o procedimento referente à logística reversa. Para além disso, a mencionada legislação instituiu no art. 30, a chamada responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (que compreende as etapas que vão desde o desenvolvimento do produto até a disposição final do mesmo) a ser implementada de forma individualizada e encadeada abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e os titulares de serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Assim, através desse instrumento, será possível determinar de forma mais fácil qual será a obrigação de cada agente econômico dentro da cadeia produtiva, o que possibilitará futura ação de regresso e cabimento de indenização contra aquele que descumpriu seu papel dentro da mesma. Caberá ainda aos geradores de resíduos do setor em comento a realização de planos de gerenciamento de resíduos sólidos (art. 20), que denotam claramente um caráter de imprescindibilidade, já que serão parte integrante do licenciamento ambiental (art. 24). No que tange à responsabilização penal, a Lei 12305/2010 trouxe uma significativa ampliação no rol dos crimes ambientais (Lei 9605/98) capitulados respectivamente nos crimes de poluição (art. 56), cuja sanção corresponde à pena de reclusão de um a quatro anos e multa e crimes contra a Administração Ambiental (art. 68) cujas sanções variam: se o tipo penal for doloso: pena de detenção de um a três anos e multa e se culposo: pena de três meses a um ano, sem prejuízo da multa. Tais figuras delitivas sinalizam a necessária observância às normas e regulamentos que os geradores dos resíduos tóxicos e nocivos à saúde humana e meio ambiente deverão ter em suas atividades industriais, fazendo-as instrumentos para a consecução da sustentabilidade econômica, ambiental, social e cultural.

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PRODUTOS & serviços

Foto: Agência Petrobras

Petrobras e Coppe inauguram laboratório para ensaios de óleos e lubrificantes

Albino José Kalab Leiroz , professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe,

A Petrobras e a Coppe-URFJ acabam de inaugurar o BunkerI, banco de provas para ensaios de óleos combustíveis pesados e lubrificantes produzidos no Brasil. O projeto, avaliado em R$ 12,6 milhões, representa a primeira fase do Laboratório de Máquinas Térmicas – LMT da Coppe e da Escola Politécnica da URFJ. Trata-se do laboratório pioneiro no Hemisfério Sul a ser equipado com o motor Man Innovator 4C, com potência de 500kW. A próxima fase do projeto, prevista para este ano, prevê a instalação de outro motor, fabricado pela Wärtsilã, com potência de 750kW. A partir da implantação deste pro-

jeto, o Brasil passará a ter tecnologia de ponta para ensaio de motores marítimos, ampliando a pesquisa em combustíveis e assegurando a certificação de óleos lubrificantes, antes realizada somente no exterior. Segundo o professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, Albino José Kalab Leiroz, coordenador do LMT, o objetivo é adequar o óleo lubrificante e combustível aos mais altos padrões internacionais, de forma a garantir a integridade, o melhor desempenho dos motores e os limites para emissões de gases poluentes estabelecidos pela Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (Marpol). “O resultado dos testes trará benefícios à indústria brasileira de petróleo, aumentando a competitividade do óleo produzido no país”, explica o professor. A melhoria na qualidade do óleo também vai contribuir para a redução de emissão de gases, de material particulado e de CO2. Também faz parte das novas instalações do LMT um sistema de monitoramento que permite analisar com precisão as condições de toda a operação do motor, em particular o processo de queima de combustível. Outra novida-

de é a implantação de um analisador de gases que está entre os mais modernos do mundo. O equipamento poderá determinar o teor de gases poluentes cujos limites já se encontram estabelecidos pelas normas internacionais. Este projeto faz parte da Rede Temática de Desenvolvimento Veicular, coordenado pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). O modelo das Redes Temáticas foi criado pela Petrobras em 2006, em parceria com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), voltado para o relacionamento com as universidades e institutos de pesquisas brasileiros. Hoje já há 50 redes operando em parceria com 80 universidades e instituições de pesquisas de todo o Brasil. Nas redes, as instituições desenvolvem pesquisas em temas estratégicos para o negócio da Petrobras e para a indústria brasileira de energia. Os investimentos possibilitam às instituições conveniadas a implantação de infraestrutura, aquisição de modernos equipamentos, criação de laboratórios de padrão mundial de excelência, capacitação de pesquisadores/ recursos humanos e desenvolvimento de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento nas áreas de interesse.

Cosan e Braskem juntas para fornecimento de etanol A Cosan S.A., maior grupo sucroalcooleiro do Brasil e único player totalmente integrado do setor de energia renovável, assinou contrato comercial com a Braskem, empresa petroquímica líder em produção de resinas nas Amé-

ricas, para fornecimento anual de 175 milhões de litros de etanol hidratado durante 5 anos, com preço determinado com base no indicador ESALQ. O etanol, entregue por meio de transporte ferroviário, será destinado >>>

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PRODUTOS & serviços >>> à unidade da Braskem que está sendo construída em Triunfo (RS) e que começará a operar em meados do segundo semestre deste ano, possibilitando a produção do primeiro plástico verde do mundo a partir do etanol de cana-de-açúcar – o polietileno feito de matéria-prima 100% renovável. Fazem parte do contrato cláusulas

ligadas à sustentabilidade, como cumprimento das leis trabalhistas, respeito às normas ambientais e as de redução de gases do efeito estufa, práticas estas seguidas por ambas as empresas. Segundo Mark Lyra, diretor de vendas de etanol da Cosan (foto) “o acordo demonstra o reconhecimento do etanol como parte da solução no

desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, uma vez que substituirá o eteno de origem fóssil nessa nova unidade da Braskem”. O contrato demonstra o compromisso da Braskem e da Cosan em atender as necessidades identificadas junto aos mercados consumidores, cada vez mais conscientes em suas decisões de compra.

Congresso SAE Brasil 2010 Um dos maiores desafios da engenharia brasileira para a mobilidade do futuro está na área de segurança em veículos duas rodas. A indústria automotiva trabalha no desenvolvimento de tecnologias para tornar as motocicletas mais seguras, mas o esforço também deve ser concentrado na educação dos pilotos e infraestrutura viária adequada para mobilidade. O assunto estará em debate no dia 7 de outubro, a partir das 13h30, no painel do Comitê de Duas Rodas do Congresso SAE BRASIL 2010, que será realizado em São Paulo, SP. Antonio Marcondes, chairman do comitê, destaca que o Brasil vivenciou, nos últimos anos, aumento exponencial na produção e vendas de veículos duas rodas, portanto, as preocupações ligadas à segurança de usuários e pedestres também devem acompanhar o ritmo de crescimento. “A via também é pensada em função da motocicleta? Qual é a via ideal para os usuários?”, questiona Marcondes. E completa: “Temos uma frota de cerca de 14 milhões de motocicletas, portanto, o veículo deve ser levado em consideração na concepção da infraestrutura viária. Além disso, temos de investir mais na formação dos condutores para uma maior segurança no trânsito”, ressalta.

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O 19º Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL contará ainda com outros 19 painéis, nas áreas de veículos leves, caminhões e ônibus, aeroespacial, ferroviário, tecnologia da informação, educação, internacional, gestão, máquinas agrícolas e construção e manufatura/qualidade. Além dos painéis, o Congresso SAE BRASIL 2010 reunirá novamente em sua mostra tecnológica as principais marcas nacionais e estrangeiras na área da mobilidade, entre montadoras, sistemistas e demais empresas do setor, que irão apresentar tecnologias e serviços em seu estado de arte, em mais de 130 estandes. O evento terá, ainda, 136 trabalhos técnicos, de profissionais de indústrias e universidades, sobre diversas áreas da mobilidade. Para o presidente da SAE BRASIL, Besaliel Botelho, o Congresso contribui significativamente para ampliar o conhecimento de profissionais e estudantes que atuam na área da mobilidade ao reunir, em um só espaço, serviços e tecnologias em seu estado da arte. Fóruns e painéis debatem os mais importantes temas em desenvolvimento na área, enquanto “papers” desenvolvidos por profissionais da Indústria e da Academia mostram os rumos da tecnologia e os novos desenvolvimentos do setor. “É um período concentra-

Antonio Marcondes, chairman do Comitê de Duas Rodas do Congresso SAE BRASIL 2010

do e muito intenso de aprendizagem. Por isso, é muito importante que as empresas estimulem a ida de seus profissionais ao Congresso”, afirma Botelho. Ficha técnica: 19º Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL Data: 5 a 7 de outubro de 2010 Horário: de 12h às 20h30 Local: Expo Center Norte – Pavilhão Azul - rua José Bernardo Pinto, 21 Vila Guilherme, São Paulo/SP Inscrições: www.saebrasil.org.br

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PRODUTOS & serviços

Silubrin a todo vapor A Volvo confiou no laboratório de análise de óleo da Silubrin para realizar seus testes, tanto de desempenho em lubrificantes quanto de condições dos seus equipamentos, e para essa escolha foi fundamental ser uma referência. O teste foi realizado com a empresa de “Ônibus Cidade Sorriso” – uma das que fazem o transporte coletivo de Curitiba. Foram usados seis ônibus biarticulados que circulam nos corredores da cidade. Os ônibus tinham trajetos semelhantes, item importante para que o teste saísse de forma igualitária entre as três marcas de lubrificantes a serem comparadas. Foram usados dois ônibus por tipo de lubrificante. O objetivo do teste e o desafio da Silubrin foram mostrar para os clientes da Volvo que seu óleo VDS–3 (da marca Volvo) tinha um desempenho superior aos dos concorrentes e, ao mesmo tempo, ajudá-los a quebrar um paradigma junto ao seu cliente, que tinha a troca de óleo com 7.500 km e queria provar que com o seu produto ele faria essa troca com 20.000 km. O resultado final com um laudo/ relatório feito pelos profissionais do laboratório Silubrin comprovaram que o óleo da Volvo foi superior aos de seus concorrentes, tendo como fator preponderante o teor de cobre encontrado nas amostras do óleo Volvo, muito inferior ao dos concorrentes. Essa performance traz benefícios aos clientes Volvo, como o aumento de quilometragem rodada, menor desgaste das partes móveis do motor e consequente redução do custo de manutenção do frotista. Outra notícia que vem da Silubrin é a renovação da parceria de 12

Cresce déficit na balança comercial de produtos químicos no primeiro semestre

Maurício Preto, diretor de marketing & negócios da Silubrin

anos com o Grupo Suzano, agora por intermédio da Suzano Papel e Celulose, para a execução de serviços e fornecimento de produtos para as quatro unidades da empresa no Brasil: nas duas fábricas em Mucuri (BA) e em Embu (SP). Nessa aliança a Silubrin será a responsável pela gestão da lubrificação avançada, e as também parceiras ABB será responsável pelo monitoramento e a inspeção de equipamentos, a FAG fornecerá os rolamentos e acessórios e a BR Distribuidora fornecerá os lubrificantes. De acordo com Maurício Preto, diretor de marketing & negócios da Silubrin, essa aliança inaugura um novo patamar no mercado de manutenção nacional, que soma competências para oferecer uma solução única para o cliente, gerando uma parceria de negócios com objetivos comuns. “A Silubrin possui a tecnologia, o conhecimento e a experiência para desenvolver esse novo produto com estes parceiros de ponta”, diz.

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Crédito para lojadeideias.blogspot.com

As importações brasileiras de produtos químicos somaram US$ 14,9 bilhões no primeiro semestre deste ano, valor 36,8% superior ao mesmo período de 2009. As exportações, que ficaram próximas a US$ 6,2 bilhões, tiveram crescimento de 34,4%, na mesma comparação. O déficit na balança comercial, de US$ 8,7 bilhões, cresceu 38,6% ante o primeiro semestre do ano passado. Em volume, foram importadas 12,1 milhões de toneladas de produtos químicos, 50% mais do que no primeiro semestre de 2009. As exportações movimentaram 6,2 milhões de toneladas, com crescimento de 9,9% na mesma comparação. Os produtos mais importados no semestre foram os medicamentos >>> Revista LUBGRAX • julho/agosto 2010 •

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PRODUTOS & serviços >>> para uso humano (US$ 2,7 bilhões em compras), os intermediários para fertilizantes (US$ 1,8 bilhão) e as resinas termoplásticas (US$ 1,5 bilhão), que também foram os produtos químicos mais exportados pelo País, com vendas de US$ 848,6

milhões. Os petroquímicos básicos ocuparam o segundo lugar em exportações (US$ 471,1 milhões), seguidos dos aditivos de uso industrial (US$ 386,8 milhões). No mês de junho, especificamente, o Brasil importou cerca de US$ 2,6

bilhões em produtos químicos, valor 3,1% inferior ao de maio e 22,5% superior ao de junho de 2009. As exportações, de US$ 1 bilhão, recuaram 3,5% na comparação com maio e apresentaram crescimento de 15,4% frente a junho do ano passado.

Crédito: Agência ANP

ANP propõe discussão sobre sonegação no mercado de etanol

Allan Kardec Duailibe, diretor da ANP

O diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe propôs, no início de agosto, em Brasília, durante debate no Fórum de Postos de Serviços, Equipamentos, Lojas de Conveniência & Food Service, a realização de reuniões com as receitas estaduais e o setor privado para discutir questões relativas à sonegação tributária no mercado de etanol. Ele explicou que não é papel da ANP fazer a fiscalização diretamente nas usinas e que é preciso buscar maneiras para melhorar a fiscalização. Os empresários que participaram do encontro citaram como principal preocupação do segmento a sonegação de impostos com a venda direta de combustível das usinas para os postos, sem passar pela distribuidora. Kardec explicou que fiscalizar os não

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pagadores de impostos está fora das atribuições legais da ANP. “A ANP já contribuí para o combate as essas irregularidades com as ações de fiscalização em todo país, embora os sonegadores ainda tenham uma série de instrumentos para burlar a lei. Para Kardec, a atuação da ANP tem se intensificado. Em 2009, foram realizadas 25 mil ações de fiscalização, além do cruzamento de informações obtidas a partir dos convênios firmados com órgãos municipais, estaduais, ministérios públicos e Procons para facilitar a atuação da Agência. Ele destacou ainda o trabalho específico para detectar a adição irregular de metanol ao etanol que está sendo desenvolvido pela ANP. “As multas aplicadas são altas e vamos olhar essa questão com lupa. Não é apenas de um crime fiscal, mas um crime de saúde pública”, afirmou. O diretor explicou que o etanol deve ser tratado como combustível e não somente como produto agrícola. Para ele, o marco regulatório do setor de biocombustíveis deve aliar desenvolvimento sustentável, desenvolvimento tecnológico, e uma política tributária que impeça sonegação.”

Segundo o diretor da ANP, o Brasil só chegou ao estágio de desenvolvimento em que se encontra no pré-sal e em outras áreas devido aos investimentos em tecnologia. Ele destacou ainda que é importante que a cadeia se adapte ao novo momento vivido pelo mercado e para isso é necessária uma regulação específica para o setor. Kardec disse que sustentabilidade, logística de abastecimento, qualidade do produto, monitoramento do produto e eficiência energética são os pontos-chave desse processo. O diretor também rebateu as críticas ao uso do biocombustível por questões ambientais. Ele informou que a redução do desmatamento no Brasil em 2009 foi de 47,7%. Ainda nessa linha, Kardec disse que em 2017 serão usados apenas 2,56% da área agricultável do país para suprir a demanda de etanol. De acordo com Allan Kardec, a matriz energética brasileira é uma das mais renováveis do mundo, um exemplo para outros países do mundo. “Enquanto muitos países não sabem que combustíveis vão usar no futuro, o Brasil pode escolher a melhor opção. Essa é uma vantagem absurda”, concluiu.

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EDITORIALISTA convidadO

O “boom” que ainda não aconteceu...

(*) Fernando C. Scandoleira

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epois de um sofrível ano de 2009, onde tivemos uma das piores crises mundiais, e que principalmente no primeiro semestre afetou nosso País de maneira considerável, não foi apenas uma “marolinha”... As mais pessimistas das opiniões eram que 2010 seria de uma recuperação industrial das maiores dos últimos tempos, com crescimento do PIB entre 4,5 e 7%, o que não vem ocorrendo. Agora que já passamos pelo primeiro semestre, podemos ter uma visão global do período, que apesar de ter tido um resultado superior ao dos outros anos, começa a dar sinais de enfraquecimento, contradizendo o que acontece historicamente no segundo período do ano, quando as vendas ficam visivelmente maiores. Temos a indústria de construção civil, que resiste fortemente e se mantém como uma das áreas de maior crescimento do País, estimulando o segmento e outras indústrias do

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setor. Assim como poderíamos elencar vários fatores que estão gerando preocupação entre economistas e industriais, vale ressaltar que este pessimismo ou medo de investir é resultado de uma política econômica que não privilegia a melhoria de infraestrutura, como a produção de energia elétrica, de estradas, portos, aeroportos etc, “afugentando” investidores estrangeiros e preocupando os de dentro do País. Todos estes fatores, aliados ao real supervalorizado, prejudicam a competitividade do produto brasileiro no exterior e beneficiam as importações, que somente no primeiro semestre deste ano aumentaram mais de 45%, comparativamente a 2009. Resta-nos torcer para que não estoure uma “bolha” imobiliária ou mobiliária – permitindo que a depressão volte aos níveis de final de 2008 e primeiro semestre de 2009 –, por em prática os exercícios de persistência, arrojo, inovação, de liderança, e acreditar que podemos fazer deste um lugar melhor. Novos dirigentes devem assumir o País. Agora é hora de pensarmos no bem comum, de estudarmos melhor e com mais responsabilidade o currículo e as propostas de cada candidato e de fazer valer nosso voto, nosso direito e nossa inteligência. (*) Fernando C. Scandoleira, gerente comercial da Miracema-Nuodex, é Químico Industrial formado pela Faculdade Oswaldo Cruz, pós-graduado em Administração de Marketing pela FGV e está finalizando mestrado em Engenharia de Minas (Controle Ambiental) pela USP.

Revista LUBGRAX • julho/agosto 2010

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