Rock Meeting Nº 97

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Millenials Li uma reportagem bastante interessante sobre a vida noturna no mundo que considerava alguns aspectos de cidades como São Paulo, Rio, Paris e Nova Iorque. Nelas, a vida noturna, uns 30 anos atrás, era bem agitada. O texto remete a figuras icônicas que fizeram história e inovaram nas ideias, o que é normal hoje em dia, como a figura do DJ, por exemplo. O texto aponta dados e estatísticas preocupantes da queda, que só não é exponencial, porque ainda há bastante gente que resiste. O fato é que as pessoas estão deixando de se aventurar após a meia noite. Seriam as novas Cinderelas? Não. É um novo formato da geração das rede sociais, os chamados Millenials. O que seriam os Millenials? Basicamente a galera que troca a diversão noturna para ficar no celular, em casa, assistindo seriados. Isso é ruim? Lógico que não. Há dias que você não quer ver ninguém e ficar no seu canto, ou está sem grana, ou tem um objetivo maior e não quer gastar. O problema está que isso vem se tor-

nando um fluxo constante, o que faz muitas casas de shows, bares e boates fecharem. Em São Paulo, casas como a Inferno fecharam as portas por conta disso. E o que isso tem a ver com o Heavy/ Rock? Tudo. Não é apenas o nosso segmento que sente isso. Outros segmentos como o sertanejo está no bolo. A matéria conta que as pessoas estão preferindo festivais caros, por ter um número maior de atrações, do que ir para um show isolado. Parece a gente, não é? Rock in Rio, Lolla, Maximus, SP Trip, Monsters of Rock... E no show da banda local havia mais banda do que público. Qual é a solução? E terá? Defendo toda experiência sensitiva que um show pode proporcionar. Nunca, nunca um celular, vídeos no Youtube, seriados vão te trazer essa magia que é vivenciar uma apresentação ao vivo. Dinheiro, violência, prioridades. Tudo é passível de compreensão. Menos a picuinha, porque desta estamos fartos. E vamos nos arrastando nessa geração Millenials. Espero que não chegue na UTI.


06 - News - World Metal 10 - Lapada - Metal e Homossexualidade 20 - Entrevista - Face of Death 28 - Entrevista - Altair 36 - Capa - Exit Eden 48 - Entrevista - The Rasmus 58 - Entrevista - Forceps 70 - Review - Barcelona Tattoo Expo 2017 74 - Skin - Tattooestima 84 - Entrevista - Quintessente 92 - Live - Foo Fighters

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Expediente Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn Jonathan Canuto Colaboradores Jonathan Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Raphael Arízio Zenitilde Neto CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


disponível para audição

Faltando pouco para que ‘From East With Hate’ veja a luz do dia, o Cerberus Attack dá mais um gostinho do que vem por aí. A música ‘Dirty City’ acaba de ser disponibilizada para audição no canal oficial do grupo no YouTube. ‘From East With Hate’ é o primeiro álbum completo do Cerberus Attack e está prestes a ser lançado em uma parceria com Obskure Chaos Distro e Poeira Maldita. O disco foi gravado no estúdio EastSide e a arte da capa ficou nas mãos do artista Cleyton Amorim. Lembrando que haverá um show para o lançamento do disco. Escute a música “Dirty City” AQUI. “Seven Deady Sins”

A banda paranaense Hellpath lançou recentemente o videoclipe da música “Seven Deady Sins”, segundo single extraído do seu debut álbum, intitulado “Through The Paths Of Hell”. O referido trabalho foi lançado pela MS Metal Records no primeiro semestre de 2017, com distribuição da Voice Music. Para mais informações sobre as atividades da banda Hellpath e dos demais artistas da empresa, basta entrar em contato com a MS Metal Press através do e-mail contato@msmetalagencybrasil.com. Para ouvir a música “Seven Deady Sins” clique AQUI. Para conhecer mais a banda, acesse seu perfil oficial no facebook. pré-venda de ‘Anagnorisis

Trabalhando pesado na produção de seu novo álbum, ‘Anagnorisis’, o Dysnomia anuncia que a pré-venda do disco já está disponível! Comprando antecipadamente, além de ajudar a banda com os custos de produção, o comprador tem à disposição vários kits com preços muito menores! A pré-venda é válida até o dia 30 de novembro ou enquanto os kits durarem. Lembrando que o frete é por conta do comprador e o tamanho da camiseta deve ser informado na compra – envio para todo o país. A banda segue gravando o novo álbum no Nova Estúdio sob a tutela do produtor Gabriel do Vale. Infos no facebook da banda. -6-


Foi liberado o novo vídeo oficial do Weakless Machine. Neste vídeo, tocado ao vivo, a banda apresenta a música ‘Burning All’, retirada do álbum ‘Manipulation’. A performance foi gravada no espaço do Complexo Artístico RR44 e produzido pela Roman Roads. O trabalho foi dirigido e filmado por Luigi Argimon e Celso Zanini com edição por QG Filmz, mixagem por Rafael Siqueira e Reamps de guitarra e baixo por Renato Osorio. O vídeo marca a estreia do novo baterista, Renato Siqueira, no Weakless Machine. Assista AQUI. Infos da banda no facebook oficial. CLÁSSICO DO HARPPIA

A Dancing Flame lançou oficialmente na última terça-feira, dia 03/10, o vídeo da música “Salém (A Cidade das Bruxas), que faz parte do álbum “Flight Without Back”,um tributo à banda paulistana Harppia e que foi lançado pela gravadora Portuguesa Metal Soldiers. A música tem como temática os acontecimentos ocorridos no ano de 1692 em Massachusetts (EUA), aonde centenas de pessoas foram acusadas de bruxaria e algumas dezenas executadas. O episódio ficou conhecido historicamente como Bruxas de Salém. Assista a versão de “Salém (A Cidade das Bruxas)” Cover Harppia AQUI. “The Eyes of the Biter”

A Classic Metal Records lança o álbum “The Eyes of the Biter” do Biter no final de outubro. O trabalho de estreia da banda possui seis faixas e foi gravado no Estúdio 260 em Indaiatuba/SP. A capa foi ilustrada pelo artista Fabiano Blator que faz parte da banda catarinense Batallion. O álbum “The Eyes of the Biter” ainda conta com participações especiais dos vocalistas Adriano Conde da banda Sweet Danger e Gabriel Aguillar da Death TRAP. O CD será em capa de acrílico e poderá ser adquirido com a banda e através do site da Classic Metal Records. Conheça o trabalho da banda paulista Biter. -7-

Foto: Luigi Argimon

‘Burning All’


For All We Know

A gravadora Hellion Records anuncia que lançará em novembro no Brasil o segundo álbum do projeto For All We Know, do compositor e guitarrista da banda Within Temptation, Ruud Jolie, o mentor do disco “Take me Home”. O novo trabalho conta com participações de nomes expressivos como a vocalista Anneke van Giersbergen e Léo Margarit (Pain of Salvation), Kristoffer Gildenlöw (ex-Pain of Salvation), Marco Kuypers (ex-Cloudmachine) e Thijs Schrijnemakers (Orgel Vreten). Assista o lyric vídeo de “‘We Are The Light”. For All We Know é um projeto do guitarrista da banda Within Temptation, Ruud Jolie. “Let’s Talk about War”

Após conquistar excelente repercussão com o impactante videoclipe de “Revenge”, a banda brasileira Alekto, mais nova potência do heavy metal sul-americano, lançou recentemente video produzido para “Let’s Talk abour War”, segundo single do elogiado recém-lançado debut álbum “The Unpleasant Reality”. Este registro foi totalmente produzido pelos próprios músicos e captação de imagens ficou por conta do StudioGF (http:// guilhermefernandez.com.br). Assista ao videoclipe de “Let’s Talk abour War”. Siga o trabalho do quarteto por meio de seu perfil oficial no Facebook. “Painting My Breath”

A banda italiana de Heavy Metal, Hanger Theory, lançous seu début EP “Painting My Breath”. O álbum foi gravado no HT Studios e mixado/masterizado por Marco Falanga. Hanger Theory foi formado em 2013, na cidade de Udinese (ITA) por Stefano Andriola. A banda publicou seu primeiro single “Painting My Breath” em março de 2016 e começou a trabalhar em seu début EP em junho deste ano. Para conhecer a banda italiana, basta acessar os perfis oficiais nas plataformas digitais como o Facebook. Escute a música de estreia dos caras. É gratuita. AQUI. -8-



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os últimos 10,15 anos, um dos grandes debates que ocorrem pelo mundo todo é a questão dos direitos civis da comunidade LGBTQ. Em geral, este autor acredita que os debates surgidos são muito bons, já que deveriam levar todos à consciência de que somos todos iguais, e que ninguém deve ser discriminado ou perder seus direitos individuais por possuir alguma idiossincrasia que difira do padrão dito “normal”. Óbvio que algumas discussões muito acaloradas surgem e causam problemas e radicalismos, mas somos capazes de evoluir, e mudarmos de opinião. Mas por que será que o meio headbanger brasileiro ainda tem tanta resistência ao tema? Aliás, por que será que ainda vemos fãs de Metal com palavras de ordem em apoio a pessoas como Jair Bolsonaro, Silas Malafaia, Marcos Feliciano e toda a bancada dita “evangélica” (questiono se merecem o nome, já que falam muito de Jesus, mas as ações contradizem os ensinamentos). Tal qual Boechat, os mando caçarem rolas! Vai ver, gostam disso! Em uma primeira análise bem fria - 10 -


Fotos: Reprodução/Internet

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diante de tudo, ainda vemos a questão da família tradicional brasileira, aquela coisa de “moral e bons costumes” que se perpetua por aqui desde a época em que os índios trocavam ouro por espelhos. O Brasil é, antes de tudo, uma ex-colônia de Portugal, e faço questão de lembrar que, por isso, temos forte ranço conservador herdado dos colonizadores, e que Portugal era um país assumidamente Católico e contra reformista (ou seja, ficou ao lado da Contra-Reforma Católica do Século XVI). Sim, o que vemos ainda é um resíduo dessa época, mesmo depois de quase dois séculos em que o país declarou sua independência. Essa resistência sem sentido tem suas raízes na moralidade do passado. Mas óbvio que existem fatores presentes tão fortes quanto. Ainda falando da questão religiosa, é fato consumado que o Brasil possui uma enorme comunidade Protestante que pertence à Segunda Onda ou Terceira (nesta categoria estão as conhecidas igrejas neopentecostais). Estas, por sua vez, possuem forte ranço fundamentalista, adeptos de uma interpretação literal da Bíblia. Não, longe de mim ser crítico da fé alheia. Cada um deve escolher o melhor para si, independente do que os outros digam. Mas é justamente nesta frase final que uso acima que há um problema enorme: quando falamos de casamento entre gêneros iguais (o famoso “casamento gay”) e adoção de crianças por casais homoafetivos, estamos falando de direitos civis, ou seja, direitos individuais que cada um tem e que, de forma alguma, permite alienação por parte de quem quer que seja. É um direito que cabe a - 12 -


cada um e, em tese, não deveria ter interferências externas. E não, não é culpa da igreja Católica ou das igrejas Protestantes, mas da interpretação errônea das coisas. O Brasil é um país laico, ou seja, é um estado onde suas decisões são tomadas sem que nenhum tipo de fé religiosa entre no assunto. Isso não quer dizer estado ateu, longe disso: no estado laico, todas as religiões são igualmente importantes, sem que uma se sobressaia sobre a outros. Cristão, muçulmanos, judeus, kardecistas, praticantes de religiões de matiz africana, budistas, xintoístas e outros, perante a lei, possuem o mesmo peso legal. Óbvio que isso sempre gera um desgosto por alguns setores mais conservadores e fundamentalistas, e já cansamos de ouvir “mas Jesus disse...”, e sou forçado a dizer mais uma vez: sua fé, sua responsabilidade e seu ônus. Nenhuma outra pessoa tem que sofrer porque você não entende que sua fé é sua, e mesmo que você tenha amigos que congreguem sob a mesma denominação, querer forçar a sua crença, a sua moral, o seu pensamento e ideias pela goela de outros está errado! É algo seu, e não seja um pateta arrogante achando que faz parte de algum exército ou está em uma guerra. Mesmo porque a concepção cristã fala em livre arbítrio, logo, cada um arca com as consequências dos próprios atos, logo, não é problema seu. Céu ou inferno para quem discorda de você não é da sua conta. Exemplificando: não sou cristão, e tenho uma queda pelo Budismo. Isso implica que todo o arcabouço cristão de valores pouco me diz. Tem meu respeito, mas jamais terão minha adesão, ainda mais tentando forçar a barra! E justamente porque os direitos civis individuais são da conta apenas de cada pessoa, nin- 13 -


guém tem que querer e muito menos tem o direito de forçar a própria moralidade ao outro. É sua religião, pombas, não a de todos! Gosto muito de alguns chavões sobre o assunto: - Se não concorda com o casamento entre gêneros iguais, não case com uma pessoa do mesmo gênero. - Se não concorda com a adoção de crianças por casais homoafetivos, adote e promova a adoção das crianças, exija de seus deputados o fim da imensa burocracia para a adoção. A comunidade LGBTQ é sofrida, e apenas há 10 ou 15 anos ela tem lutado por direitos iguais. Sim, os mesmo direitos que qualquer cidadão tem assegurado por lei, já que pagam impostos e possuem os mesmos deveres que qualquer um. Logo, por que não ter os mesmos direitos que você? Se evocar sua fé, torno a repetir: ela é um problema seu. Além do mais, é péssimo ter que lidar com piadinhas esdrúxulas que são feitas todos os dias, o descaso dos poderes públicos quando alguém sofre preconceito. A pessoa tem o direito de ser feliz sozinha, óbvio, mas quem aguenta tanta gracinha, piada, e quando não chega à agressão e mesmo ao homicídio? O Brasil tem um índice alto de mortes de pessoas da comunidade LGBTQ. Somente em 2016, 343 mortes, sendo que as distribuições dos três estados com maior número são São Paulo (49), Bahia (32) e Rio de Janeiro (30). Somente esses três estados têm aproxi- 14 -


madamente 32% dos homicídios. E isso nos mostra que em 2016, 1 pessoa da comunidade LGBT foi morta a cada 25 horas! Os dados vêm do Grupo Gay da Bahia (GGB). Demorei um pouco para falar mais de forma mais aprofundada onde o Metal entra nisso. Chegou a hora. Simples: desde que Anitta (a cantora de funk) lançou um vídeo que tem participação de Pablo Vittar, desde que este último se apresentou no Rock in Rio, desde a “Queermuseu” ter causado alardes (bem como outras exposições censuradas pelo poder público e com a bancada “evangélica” presente em uma delas para fiscalizar denúnica por WhatsApp), e principalmente, no dia 19/19/2017, um dia após um juiz conceder uma liminar que permite que a homossexualidade fosse tratada como doença (o que vai contra as diretivas tomadas pela Organização Mundial de Saúde, que excluiu a homossexualidade do CID 10 em 1990 pela inexistência de provas que a mesma é um tipo de doença ou mesmo distúrbio), nunca vi tantas pessoas reclamando de outros de dentro do cenário Metal que estavam falando de forma homofóbica contra os membros da comunidade LGBTQ. E é triste saber que nós, párias e renegados por uma grande parte da sociedade (inclusive religiosos de setores mais fundamentalistas e conservadores) somos incapazes de nos solidarizar com outros que, como nós, são estigmatizados como um “erro”, como alguém “defeituoso”, alguém que “não tomou porradas quando devia”... E o pior: ver que párias como nós se aliam a pessoas do poder político que são conservadoras e querem impor regras absurdas a todos. Tudo bem, não - 15 -


confundam Pablo com Dee Snider ou Anitta com Doro Pesch, ninguém precisa gostar deles, mas homofobia não tem justificativa, ainda mais de headbangers! Quando vi essa atitude do juiz e dos bangers, minha mente lembrou dos livros e documentários que li sobre a Segunda Guerra Mundial. Aliás, para quem não sabe, a solução final de Hitler também foi usada na comunidade LGBT. Estimasse que de 5000 a 15000 LGBTs foram levados aos campos de concentração, mortos e queimados. Há relatos que eram tratados com uma crueldade absurda, inclusive com o testemunho de Pierre Seel que recebeu um pedaço de madeira de aproximadamente 25 cm no ânus. Isso sem mencionar os que eram expostos aos piores trabalhos ou usados como alvos móveis para os soldados. E em Dachau e Buchenwald, campos de concentração mais conhecidos por seus experimentos em homossexuais, a crueldade imperava, com pessoas recebendo doses de testosterona por meio de tubos intracranianos! Eis uma das primeiras formas de “cura gay” do mundo! Creio que a palavra “tortura” não seja desconhecida de meus contemporâneos. Voltando: não sei o que causa esse preconceito no povo Metal, uma vez que éramos para ter jogados esses valores “tradicionais” fora, pois não se adequam ao que vivemos e pensamos, e tudo que ouvimos vai contra isso. Mas esse pensamento retógrado, machista e homofóbico precisa parar, e agora. Um hea-

dbanger apegado a essa visão “bolsomista” é algo semelhante a um “gendaken” que lhes digo: se pensarmos na Europa da Segunda Guerra Mundial, um headbanger apegado a preconceitos sem nexo é algo como um judeu que entregam outros judeus aos nazistas, acreditando que será poupado. E torno a dizer: headbangers e a comunidade LGBTQ sofrem os mesmos tipos de preconceitos diante dos conservadores. - 16 -


Somos “erros”, aqueles que “não levaram uma surra na hora certa”, não somos “gente de bem”. Aliás, eu prefiro não ser “gente de bem”, mas um agente do bem. E os fornos dos novos campos de concentração já aquecem suas chamas, logo, seu burrobanger ou bolsobanger, você vai queimar da mesma forma que eu e outros, não será poupado! No Metal, temos vultos como Rob Halford (do JUDAS PRIEST), Freddie Mercury

(do QUEEN), Ghaal (ex-GORGOROTH, GOD SEED), Roddy Bottum (tecladista do FAITH NO MORE), Doug Pinnick (do KINGS X), e outros que já admitiram sua sexualidade publicamente, e eles deveriam ser compreendidos. São aceitos, pois poucos bolsobangers teriam coragem de jogar os discos deles fora ou mesmo insultá-los, pois o valor da obra deles é esmagador. E falar mal deles é cair no ridículo. - 17 -


E mais: este autor não aceita o conservadorismo como via. Óbvio que já tive meus erros, pois já sou mais velho (47 anos de idade). Mas a convivência com os mais jovens, a maior compreensão e os debates me levaram a ter um choque de realidade. Mesmo sendo hetero, apoio a causa da igualdade de direitos da comunidade LGBTQ, bem como das mulheres, de todas as etnias, enfim, de todos. E não: a definição de leis que garantam e protejam os direitos das minorias não vai tirar ou diminuir os direitos de quem quer que seja, apenas vai acabar com uma zona cinzenta que vira uma autêntica zona de guerra ideológica.

Heteros, cristãos e conservadores terão seus direitos civis individuais intocados. Mas ao mesmo tempo, as minorias citadas no texto terão os deles reconhecidos e garantidos. Ou seja, todo mundo vai ter que viver suas vidas quietos sobre os outros, quer sejam felizes com isso, quer não. No mais, torço, faço apologia e me posto pelos direitos de todos. Ninguém deve ser privado de seus direitos, especialmente no que tange ao amor. Encerro este texto com uma frase que disse estes dias: prefiro um mundo cheio de amor que um mundo cheio de cadáveres. - 18 -



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Por Raphael Arizio | Foto: Banda/Divulgação

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pós duas décadas de inatividade, os thrashers do Faces of Death resolveram voltar à atividade. A banda que lançou duas demos na década de 90’s, retorna com o excelente E.P “Consummatum Est”, mostrando que os anos fora da cena não afetaram a qualidade do seu som. Agora é esperar pelo lançamento de um full, pois a banda mostrou que não está para brincadeira. Vamos saber de Laurence (Guitarra, Vocal) como foi esse retorno da banda e sobre seus planos futuros. O Faces of Death retomou as atividades após duas décadas de inatividade, o que levou esse retorno da banda? E quais os motivos que fizeram a banda encerrar as atividades? Laurence: Decidi chamar meu irmão Sylvio (bass) para voltar com a banda, porque ficava em casa tocando guitarra e compondo, sempre quis voltar com a banda, mas precisava encontrar as pessoas certas, pois banda não é chamar as pessoas e sair tocando, tem que ter sinergia. Aí convidamos o Sidney (baterista) e o Talles (Guitar). Encerramos as atividades em 1996, pois os outros membros da banda estavam com outras prioridades.

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A banda lançou recentemente o E.P “Consummatum Est”, como tem sido a repercussão disso? E o que a banda espera desse lançamento? Então, voltamos com a banda em maio de 2016 e foi natural querer lançar algo novo. A repercussão está excelente, as pessoas estão gostando e isso é gratificante. A banda demorou muitos anos até lançar seu primeiro E.P, tendo lançado duas demos nos anos 90. Quais as maiores dificuldades enfrentadas por uma banda para poder lançar seu material? Quando gravamos as demos nos anos 90, realmente não tínhamos grana para bancar um disco e também eram poucos estúdios para poder gravar, poucos e caros, então gravamos as demos. Demoramos para lançar o EP porque simplesmente ficamos fora da cena por 20 anos, agora que faz pouco mais de 1 ano que voltamos e já lançamos um EP. Agora com a volta da banda e a boa repercussão do lançamento do E.P, existe a pretensão da banda de lançar um disco completo? Sim, com certeza e já estamos compondo músicas novas. Iremos gravar um disco completo em maio de 2018. Aguardem! Voltamos com tudo para fazer o melhor e divulgar ao máximo nosso trabalho e o metal. O E.P foi produzido por Friggi Mad Beats, bateria do Chaos Synopsys. O que ele pode acrescentar para o som da banda? E como deu a sua escolha como produtor? O Friggi é excelente, uma pessoa totalmente envolvida com a gravação e com os músicos. Ele fez toda a diferença...o cara é foda! Quem - 24 -


indicou o Friggi foi o Fábio Zperandio, liguei para o Fábio e perguntei: Você indica um lugar pra gente gravar um EP? E a resposta dele foi essa: Liga pro Friggi, pois ele está mandando muito bem. Uma das coisas que chamam a atenção da banda é a mescla de idade dos integrantes, tendo alguns mais experientes e outros mais novos. Isso foi algo intencional ou foi por acaso? Como disse antes, banda tem que ter sinergia entre os membros, nunca iria voltar com a banda com pessoas que não conheço, não gosto disso. O Sidney era conhecido do meu irmão e o Talles é filho de um grande amigo/ irmão, então as coisas foram acontecendo. O Faces of Death é uma banda formada no início dos anos 90 e que viu muita coisa acontecer e mudar no cenário Underground ao longo dos anos. Quais as principais diferenças entre os anos 90 e a cena atual? E o que acham que melhorou para melhor e para pior? Os anos 90 eram maravilhosos, saudades dessa época! Mas as coisas mudam e a gente também muda. As coisas boas de hoje é que temos guitarras boas hahaha, brincadeira! Hoje com a internet você consegue divulgar bastante seu trabalho, porque nos anos 90 era carta! Sim, carta meu amigo, tínhamos que fazer cópias das demos e postar nos correios. Naquela época a molecada ia nos shows e prestigiavam as bandas, hoje está diferente. O E.P da banda foi lançado em várias plataformas digitais, algo que não existia quando a banda foi formada. Como a banda vê a internet nesses novos tempos para divulgação? - 25 -


Foto: Fabricio B. Muhlbauer

A internet realmente divulga bem seu trabalho, isso é fato! Mas tem que saber usar, porque senão banaliza tudo. Na internet tem novidade a toda hora, muita informação em pouco espaço de tempo e isso é legal pra cacete. Antigamente tinha que esperar semanas, meses para escutar um disco novo, era realmente difícil.

de tudo para mostrar nosso trabalho e nosso amor ao metal. Agradecemos a todos que estão nos apoiando, que estão indo aos shows, somos gratos ao Friggi que apoiou bastante a banda e fez toda a diferença para o sucesso deste EP. Agradecemos às nossas famílias, aos amigos e aos headbangers. E em especial ao Ancestral Malediction que deu uma grande força quando decidimos voltar, ao Fabrício Bissoli pelas fotos, ao Alt Design Studio pelo encarte e fotos e a Absoulte Master pela masterização. Nos vemos na estrada!

Espaço para considerações finais e agradecimentos. Apesar de ficarmos fora da cena por 20 anos voltamos com força total, estamos fazendo

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Por Pei Fon | Foto Banda/Divulgação Tradução Zenitilde Neto

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banda Ailtair, parece até nome de porteiro, como disse nosso tradutor, mas o som vai além da portaria, ganha espaços muito maiores. Os italianos estão melhor encaixados no Power/Prog, não muito diferente do que já é apresentado, porém não é cansativo. Conversamos com Gianmarco Bambini, guitarrista e com opiniões na ponta da língua, até afiada. Confira! Primeiro ato, por favor, apresente-se aos nossos leitores. Oi pessoal, somos o Altair, um Power/Prog Metal Band de Ferrara, uma pequena cidade no meio norte da Itália. Nós estreamos em 2013 com o nosso primeiro álbum chamado “Lost Eden”, e agora, depois de muitas dificuldades e obstáculos, estamos aqui com o segundo. “Descending: A Devilish Comedy” é o segundo álbum da banda, o que podemos esperar sobre ele? Certamente algo totalmente diferente do primeiro. “Lost Eden” é um clássico álbum power/prog metal dos 90. Nós o compusemos entre 18 e 20 anos e foi a nossa primeira experiência em composição e em estúdio, então, obviamente, parece imutável e muito limitado comparado aos nossos heróis da - 30 -


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adolescência, como Angra, Helloween, Gamma Ray e todos os clássicos. Desceding é totalmente diferente, pensamos que tem sua própria personalidade e soa diferente da maioria dos álbuns de powermetal.

tarra) que são os principais pilares da banda em ordem de composição, letras e gerenciamento. Mesmo a cantora Simone e o tecladista Enrico são os mesmos, então a mudança de line-up foi trágica apenas para os shows ao vivo, mas não para o nosso som. O segundo motivo é porque já decidimos mudar o nosso som com o primeiro line-up. Todos concordamos que o power metal atingiu um ponto de saturação, então decidimos virar a página e tentar compor algo que soa power metal 2017 e não um avivamento dos tempos

De Prog para um som mais pesado, as mudanças de linha causaram um impacto ou isso aconteceu naturalmente? Não na verdade, por duas razões. O primeiro é porque o núcleo da banda permanece o mesmo, o fundador Luca (Bass) e Giamma (Gui- 32 -


até chegar ao limbo. Quando você chega, vê que está sem um deus e começa a alimentar-se de violência, mas as chamas do conhecimento congelam os túmulos. Essa é a lição antes da ascensão? Hahaha, sim, você alcançou o ponto. A piada a parte, não é tão distante da interpretação real. Nossa vida é uma cadeia sem fim de ensaios e aulas. Cada um de nós tem medo. Todos nós, em uma parte de sua vida, fomos forçados a nadar contra o fluxo para sair de um Limbo. Todos nós sofremos o abandono ou uma trai-

de ouro como no “Lost Eden”. O álbum fala sobre nossos medos, tragédias, um lado sombrio que todos têm. Você acha que é difícil lidar com essa temática? Talvez a primeira abordagem seja difícil, mas se você pensar, essas temáticas são estritamente limitadas às experiências da nossa vida, então a escrita torna-se natural. Você percorre um buraco de minhoca - 33 -


ção, mas essas coisas nos fizeram muito fortes e a coisa mais importante é que não sejamos influenciados por falsos ídolos, mas sejamos nossos próprios ídolos. Esta é a lição. A sonoridade da sua banda me lembra muito uma banda brasileira chamada “Hellish War”, você conhece? O que você conhece do Brasil? Não conhecemos a “Hellish War”, talvez porque na Europa não temos um amplo conhecimento do metal sul-americano, exceto dos mais famosos, como Angra e Sepultura. Sobre o Brasil, sabemos que é um país com uma cultura musical forte, a Itália, infelizmente, perdeu esse aspecto. É incrível para nós vermos quantos metalheads há no brasil e ver bandas de metal como Angra na televisão. Na Itália, não há metal na televisão, apenas cantor pop e caras do rap, os moleques italianos perderam a cultura musical. Esperamos tocar no Brasil no futuro, pois temos muitos fãs aí, muitos mais que na Itália. Posso ver algo positivo por trás da negatividade das letras porque é algo que ajuda a deixar uma situação de merda que você realmente se encontra. Como você se sente com isso? A negatividade poderia ser um reflexo da cena musical, nos anos 80 as bandas de rock eram todas ricas e famosas, então eles falam sobre sexo, drogas e rock n roll, agora a situação é muito diferente, então estamos todos deprimidos. Hahah. Mas sim, há algo positivo, nunca desistimos, talvez no futuro possamos dar a volta e alcançar o ponto decisivo. Como é a cena italiana para o heavy metal? A cena italiana está morta. Todos os anos, um - 34 -


clube importante fecha suas portas para sempre, o público é muito baixo, a mídia principal nunca fala sobre metal ou rock, e organizar um festival é difícil para a carga tributária e para as permissões. Apenas um dia eu li sobre a primeira edição de um festival no norte da Itália, com nomes muito importantes, como Kreator, Death Angel, Wintersun e muito mais, que nunca terá uma segunda edição porque o organizador perdeu muito dinheiro. É muito triste, para nós, nossa única esperança é jogar o jogo. Top 5. As bandas que mais inspiram o Altair. Conte-nos um pouco sobre elas. Para este álbum, acho que a nossa principal inspiração é a Symphony X, talvez a única banda que tentou romper todos os limites do prog/power e talvez o mesmo que nós. Outra banda importante para nós é o Savatage, pensamos que Jon Oliva é um dos melhores artistas de todos os tempos. Outras bandas que influenciaram nosso segundo álbum são Nevermore, Rage and Annihilator. Para concluir, o que podemos esperar de vocês em 2017? Muito obrigado e muito sucesso. Esperamos fazer alguns passos para o “Lost Eden”, com alguns passeios no exterior e ganhar mais visibilidade. Felizmente, desta vez, temos um excelente gerente de relações públicas, Markus Eck da MetalMessage, que está fazendo um excelente trabalho com promoção. No outono, teremos alguns shows no Leste Europeu e algo na Itália e estamos à procura de alguns shows na Alemanha e no norte da Europa no inverno. Obrigado pela entrevista, esperamos ter alguns shows no Brasil no futuro. \m/

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Por Pei Fon | Foto Christian Barz

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ntes de lançar a edição de aniversário da Rock Meeting, conheci o Exit Eden. A principal credencial: banda da Amanda Somerville. Fui conferir. Tudo normal, até saber que havia algo a mais. Outra indicação chegou e estava aberta a oportunidade de entrevista. Foi tudo muito rápido e de repente estava conversando com Marina La Torraca, uma das vocalistas desse quarteto feminino. Exit Eden é uma banda formada por quatro vocalistas e capitaneada pela holandesa Amanda Somerville, que dispensa apresentações. Ao lado dela, Clémentine Delauney (Visions of Atlantis), Marina La Torraca (Phantom Elite) e Anna Brunner. “Rhapsodies in Black” é seu primeiro álbum e a proposta é tocar clássicos Pop em versão Metal. A mais icônica é “Total Eclipse of the Heart” de Bonnie Tyler. Diferente do quarteto finlandês Northern Kings, que reúne as quatro principais vozes do Heavy Metal da Finlândia, o Exit Eden conta com quatro nacionalidades diferentes: Holanda, Alemanha, França e Brasil. Sim, o Brasil está inserido. Marina é nossa representante. Extremamente simpática, ela respondeu nossas mais variadas perguntas e ainda deu tempo de deixar minhas impressões sobre a banda (make, esses papos de luluzinha, sabe?). Vai ficar entre mim e ela, são - 38 -


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Amanda Somerville te chamou para esse projeto. A ligação foi na calada da noite, nem sempre uma ligação a essa hora é coisa boa. Como foi sua reação? Em em algum momento da sua vida pensou em algo assim? Hahahaha, exato. A Amanda já havia me ligado anteriormente para me chamar para fazer alguns shows do Avantasia. Então, a princípio achei que essa ligação pudesse ser algo muito ruim, ou muito bom! Nunca imaginei que eu estaria recebendo ligações e convites dela, nunquinha mesmo, nem em sonho.

pessoais, galera!Aproveitem o momento para conhecer o Exit Eden, Marina e suas alegrias e frustrações. Marina, a sua nova banda, Exit Eden, chega como um sopro nesse meio dos vocais femininos, ainda mais com vocalistas reconhecidas. Você acha que seria um tipo de ‘dream team’? Duas das meninas são bem reconhecidas na cena (a Simone Simons como guest nem se fala [ela canta a faixa ‘Skyfall’]), mas eu e a Anna nem tanto. Acho que a combinação de diferentes vozes e personalidades foi o que nos uniu mesmo.

Exit Eden é um quarteto feminino que - 40 -


canta as músicas Pop em versão Heavy Metal. Há quem não goste dessa mistura, o que você acha? O Pop também é inspiração para o Metal? Acho que, como em tudo, a mistura não agrada a todos. Mas estou surpresa com a reação da galera do metal em geral, muito positiva. Eu pessoalmente tiro muito da minha inspiração da música pop, não tenho preconceito algum com música boa.

dos finlandeses. Até o próprio Within Temptation já fez. Já pensaram em fazer com Roxette, Cindy Lauper, The Corrs, por exemplo? Sim, conheço e gosto do Northern Kings! Já estamos tendo milhões de ideias para próximos álbuns, haha. Vou anotar esses nomes aqui, boa! Confesso que, quando ouvi “Frozen”, fiquei impactada, pois gosto bastante dessa música e achei incrível a versão. Como se deu a escolha, não só dessa como das demais? Quando nos juntamos ao projeto, quase todas

Nessa vibe lembro bastate do Northern Kings que também fizeram um trabalho parecido. A diferença que vocês são de algumas nacionalidades e eles são to- 41 -


as músicas desse álbum já estavam selecionadas pelos produtores e instrumentistas. Quando ouvi “Total Eclipse of the Heart” fiquei: oi? Que versão incrível. Há versões que até são melhores que as originais. Na minha avaliação, a de vocês está na minha lista. “Enjoy the Silence” do Lacuna Coil, “Phantom of the Opera” do Nightwish, “Summertime Sadness” do Within Temptation são alguns ótimos exemplos. Tem alguma música que você sempre quis fazer uma versão metal? Sim, todos ótimos covers! Eu sempre quis fazer uma versão metal de alguma uma música do Abba ou da Lady Gaga (essa já se realizou, hehe). Quando foi para Alemanha estudar arquitetura, você ficou uns dois anos sem cantar, por frustrações. O Brasil não facilita quem quer viver de canto, não é? E o que te fez voltar a cantar? Existe um responsável? Hoje em dia acho que tem mais a ver com falta de maturidade e de planejamento da minha parte, do que com localização geográfica. Enquanto estava por aqui estudando sem cantar, um ex namorado me arrastou pra um show do Kamelot na primeira fila. No dia seguinte saí à procura de uma banda, haha. Temos a impressão de ter e ser uma cena grandiosa. Como as coisas acontecem aí na Alemanha? É bem diferente do Brasil ou em qualquer lugar do mundo a cena é a mesma, no caso, o underground? É sim uma cena underground se comparada com meio mainstream. Mas a indústria e tradição no business metal por aqui é de fato - 42 -


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Marina La Torraca ClĂŠmentine Delauney

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Amanda Somerville Anna Brunner


maior, maiores gravadoras, maiores festivais, etc. Você estudou musical em NY, já atuou, mas o Metal sempre esteve lá. Como iniciou na música? Em que momento pensou: ‘caramba, quero cantar’? Comecei a querer fazer música por volta dos 15 anos de idade, no começo da minha iniciação no metal. Tentei aprender guitarra, bateria, mas acho que me dei melhor cantando mesmo haha. Meu treino no início era imitar o Bruce Dickinson no meu chuveiro. Meu treino em teatro musical veio muitos anos e dólares juntados depois hehe. Como arquiteta, será que existe algum parelelo entre a música e arquitetura? Com certeza! Há muitas teses de doutorado sobre isso haha. Mas não vou me prolongar tanto aqui. O processo criativo, estrutura e forma - tudo a ver. Amanda foi coach na gravação de um álbum de sua antiga banda. Foi uma realização e tanto pra ti, ainda mais como fã. O que basicamente faz o coach nesse processo? Não é muito visto no Brasil, seria uma tendência? Nesse caso a Amanda me auxiliou a cantar e interpretar melhor as músicas específicas daquele álbum. Também ajudou nas harmonias vocais e na gravação em si, entrando um pouco na área de produção. Acho um trabalho super válido pra polir o produto final, que poderia sim ser mais visto no Brasil. Conheço ótimos cantores por aí que fariam isso muito bem (fica a dica haha). Você tem acompanhado a cena brasileira? O que tem escutado? Infelizmente não tenho acompanhado muito! - 45 -


O que tenho ouvido recentemente é porque conheço os músicos pessoalmente, por exemplo, os álbuns mais recentes do Mario Pastore (meu antigo professor e amigo).

álbum do Trillium! Russel Allen - todo mundo sabe o quanto ele manda no Symphony X, mas ouçam um vídeo dele no YouTube cantando ‘Unchained Melody’ no backstage, haha. Jorn Lande e Joe Lynn Turner em um projeto chamado Nostradamus - arrepio puro. Tommy Karevik no Seventh Wonder uuuuuuuuuh, esse rapaz manja.

Muitos vieram conhecer seu trabalho depois que foi cantar com o Avantasia. Até então uma desconhecida. E agora, como tem sido essa aproximação com os brasileiros, o que tem ouvido deles? Tenho ouvido muitas declarações de orgulho! Haha O que acho extremamente fofo. Os fãs de metal brasileiros fazem presença por aqui, em número e em intensidade. Acho lindo o fato de fazer parte disso, também tenho orgulho.

Marina, agradeço muitíssimo por esta entrevista. É muito bom ver uma brasileira estando em trabalhos com personas importantes do Metal mundial. Deixe aqui sua mensagem e sucesso sempre. Conte sempre conosco. Eu que agradeço pela entrevista! Um beijo a todos meus conterrâneos. E como disse ali em cima: o orgulho é meu. Não vejo a hora de começar a tocar por aí, me aguardem! :D

Top 5. Quem seria o seu dream team de vocalistas? Fale um pouco sobre eles e destaque um trabalho importante. Tem que ser do metal? Hahaha, vamos lá: Amanda Somerville - esperem pelo novo - 46 -



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Texto Charley Gima | Fotos Renan Facciolo Tradução Zeniltide Neto

A

banda The Rasmus passou pelo Brasil e aproveitamos o momento para conversar um pouco com o frontman Lauri Ylönen, em São Paulo. A banda veio lançar seu mais recente álbum, “Dark Matters”. Os assuntos foram variados, entre política e música, nada escapou. Acompanhe!

frequentes, mas decidimos dar um tempo na banda por questões pessoais, sabe? Todos nós temos crianças, por volta de duas, então decidimos dar um tempo nessa vida por uns dois anos. Eu me mudei para Los Angeles há uns três anos, foi uma grande decisão sair do meus país de origem e deixar tudo para trás.

The Rasmus está de volta após 5 anos, o que você fez durante esse tempo? Lauri - Bem, já faz cinco anos desde que último álbum foi lançado, já faz um bom tempo. Costumávamos ter lançamentos mais

Você se tornou um skatista ou surfista? Na verdade não, eu até surfei um pouco, mas quebrei meu ombro em duas partes, realmente quebrou feio. Mas fizemos muitas coisas e nesses últimos dois anos e escrevemos mate- 49 -


rial novo para esse novo álbum, é isso. Eu ouvi algumas músicas e soa muito bem. Thank you! E desse tempo longe o que você trouxe para a Dark Matters? Bem, eu sempre escrevi músicas como quem escreve um diário da minha vida, então todas as músicas têm dois significados. São sobre algumas situações ou coisas que aconteceram comigo e uma das coisas mais importantes é sobre o curso da minha vida nesses cinco anos, porque eu mudei para esse novo país. Foi muito emocional, um pouco triste, pois senti muita saudades de casa, mas ao mesmo tempo sentia algo como “nossa!”, é uma grande oportunidade estar nessa cidade enorme com tantas oportunidades. Eu comecei a conhecer muitas pessoas. Eu conheci muitos cineastas, fotógrafos, pintores, músicos, de tudo um pouco e isso realmente me fez feliz e me ajudou a escrever um bom material para as músicas novas. Legal. Quer dizer que você sempre escreve sobre coisas reais. Sobre experiências suas. Você nunca tentou imaginar situações? É claro que eu uso demais minha imaginação quando eu escrevo, mas por muitas vezes eu uso metáforas e algumas merdas para encobrir algumas coisas reais. Mas eu gosto mesmo de escrever aquilo que tem um real significado, pois depois de cantar essas músicas por uns 20 anos, você vê que se tornou uma pessoa um pouco diferente. Veja por exemplo a “In the Shadows”, nós temos que tocá-la em todos os shows, pois senão os fãs vão à loucura se você não o fizer... É seu legado, certo? - 50 -


...Isso. É como eu me sentia em 2002, o ano que eu escrevi essa música e talvez eu tenha mudado, tenha me tornado um pouco diferente, mas isso ainda é parte de mim. Eu ainda gosto da primeira música que compus para o The Rasmus, chamada “Myself”. Eu tinha 15, 16 anos quando a escrevi, eu ainda estava na escola e vivia num mundo pequeno, tinha meus skate, meus amigos, minhas lutas, minha namorada e etc, mas eu escrevi sobre aquele momento, mas sou honesto em dizer que não é mais tão engraçado ouvir a faixa atualmente, mas era eu. Você ainda vive na Califórnia? Yes. Certo. Você sentiu alguma diferença em sua região sobre a mudança de presidente? Sim. Todo mundo está falando sobre, é claro... Senão quiser falar sobre isso... ...Estão todos falando do Trump e das merdas que ele fez. É complicado. Eu sinto que, especialmente meus amigos americanos, estão envergonhados. Não é culpa deles, mas muito dos meus amigos levam isso de forma muito séria. Falam: Por que você se mudou para cá? Devia ter ficado na Finlândia! Lá é muito melhor que aqui. Na Finlândia nós temos outros problemas, sabe. O mundo está ficando muito ocupado. Como um estrangeiro nos Estados Unidos. Você sentiu alguma diferença? Eu não senti muito a diferença como um estrangeiro. Talvez quem esteja tentando tirar um visto ou fazer um show seja difícil, mas eu sou um residente. Certo. Vamos falar sobre a Dark Mat- 51 -


ters. O que você pode nos dizer sobre o processo de composição desse novo álbum? Estamos escrevendo esse álbum há bastante tempo. Penso que já faz uns três anos que começamos a escrever algo, colocando algumas músicas juntas. É quase como o Guns n’ roses fizeram. (Risos) Às vezes é preciso tempo! Eu penso que é importante passar o tempo com moderação em um processo de composição, porque é o que nós fazemos. Nós tentamos deixar todas as músicas prontas primeiro, e quando temos todas as letras e etc, gostamos de tocá-las de forma acústica e quando temos o nosso ponto, costumamos ir para o estúdio e pensar na produção de como a música deva soar. Nós achamos um grande grupo de produtores na Suécia, chamados de “A família”, são dois caras e uma garota, e eles foram um ponto de partida perfeito para a banda, porque além de estar por trás de algumas bandas de rock/metal, eles também estiveram com bandas de estilos diferentes. Não é a primeira vez que você trabalha com eles, não é? Não, não é. Mas quando nos conhecemos nos demos bem de primeira. Eu penso que foi uma grande soma, porque eles entendem o mundo do pop, sons modernos, mas eles também têm essa essência do rock/metal um pouco provocativa. Bem, é uma grande parceria.

ouço nas rádios. Você liga o rádio num tráfego e é o que você escuta. Eu penso que o hip hop tem muita atitude, não todos, mas alguns tem mais atitude que muitas músicas atuais de rock. É chocante! Mas o mundo é um lugar fascinante. Nós sempre estamos combinando coisas diferentes, tentando coisas diferentes, às vezes damos um passo errado, mas logo percebemos que não é uma grande ideia. Mas vamos seguindo, vamos fazer isso, é muito importante continuar movendo-se para frente e não se repetindo.

Você falou sobre o mundo do pop. Como você se vê na banda? Como você classificaria o som do The Rasmus? É uma banda de pop rock combinando elementos do rock com hip hop. Nós temos algumas batidas percurssivas de hip hop, pois desde que me mudei para Los Angeles é só o que

A música “Paradise” é a primeira música que esteve na mente de vocês nesse - 52 -


novo projeto, porque é a primeira faixa. Então, nos diga, O que você considera um paraíso? Essa é uma pergunta difícil. No momento, viver em Los Angeles é um paraíso, com seu sol brilhante e sua areia limpa. Eu vivo pelo mar, surfo, ando de skate, mas aí voltam os mesmos problemas, o presidente, vemos muitos desabrigados, é como uma linda bagunça. Eu penso na Finlândia. Eu adoro meu país. É lindo, tem uma natureza pura e muitas outras coisas sobre, mas também tem seu lado negro, têm muitas pessoas ciumentas e invejosas. Isso não é engraçado. Quando eu vim para a América e eu encontrei muitas pessoas prestativas.

Pessoas que diziam: Nossa! Você tem uma boa banda! Elogios. Eu estou bem feliz aqui, porque você consegue sentir que as pessoas realmente entendem o seu sucesso, mas na Finlância é corriqueiro, lá as pessoas são muito invejas e ciumentas. É como se na Finlândia já tivessem muitos talentos. Parecem que as pessoas são muito tímidas e modestas. Então não é 100% paraíso. Não! Não é nenhum paraíso! Eu penso que o planeta terra é o paraíso. Eu me considero um cara que vive pelo planeta terra. Eu gosto de estar em turnê com a banda, eu vejo diferentes países, cerca de 70... - 53 -


70?! Sim! Nós já tocamos em todos os lugares, menos na Austrália.

do fotos, conversando, por uns duas horas e foi realmente incrível ver essas pessoas depois de tanto tempo e ver como eles nos faziam falta, ver como elas se dedicam, sabe? Fazem tatuagens, meu autográfo como uma tatuagem, isso é incrível. E depois do “Meet and Greet”, eu senti como se estivesse em um show. Minhas mãos tremiam, sabe? Adrenalina! E realmente eu não vejo a hora de voltar e planejar uns shows bem altos por aqui, na próxima turnê em maio de 2018.

Será que vocês vão tocar lá dessa vez? Não tem nada planejado. Não até agora. Mas eu tenho esperança que algum dia tocaremos. Falando sobre suas viagens. O que vocês estão fazendo para divulgar o álbum é muito incomum. Vindo ao Brasil agora, o que é muito caro, apenas para falar com em seus fãs, seus fã clubes. Você acha isso importante, ter essa estreita relação com jornalistas e seus fãs? Sim, eu acho muito importante estar aqui, agora, conhecer os fãs, fazer “meet and greet” com uma média de 100 fãs. Dois dias atrás, num bar, estávamos ouvindo o álbum juntos, tiran-

É segredo? Não... Ainda estamos trabalhando nisso. Entendo. Então precisamos falar sobre isso agora. Por que você escolheu o Bra- 54 -


sil? Na verdade estamos fazendo uma pequena turnê. Nós fomos ao México, o que não é tão perto (risos), considerando a Finlândia. “Wonderman” eu vi esse vídeo hoje. Ele faz parte da trilha sonora do filme Rendel. O filme parece ser legal. Como isso aconteceu? Isso foi uma concidência engraçada, porque nós escrevemos uma música há dois anos e meio e tivemos uma ideia de escreve sobre a imaginação de uma criança onde ela cria um alter ego como um super herói para se fortalecer e sobreviver. E ao mesmo tempo tem um cara na Finlândia que estava fazendo um filme com uma temática parecida. Nós pensamos: Que estranho! Mas é uma história estranha de qualquer forma. Nós pensamos que podíamos

conhecer esse cara, temos essa música para o filme e fizemos um vídeo para ela em duas semanas. Legal. Sobre algumas bandas filandesas como Nightwish, Stratovarius, Sonata Artica e Children of Bodom, e festivais como o o Tuska Open Air. Nós nunca mais ouvimos sobre bandas de rock de lá. Como anda a cena por lá? Na Finlândia atualmente é comum os artistas cantarem em suomi, nossa língua nativa, isso faz com que nem todas sejam internacionais. Eu estou sempre dizendo a todos: Tentem ser internacionais ou nacionais. Porque a Finlândia é o maior país com 5 milhões de pessoas e assim você poderá viver de música e pode não - 55 -


viver de outro país. É um caminho muito pequeno. Talvez eles mudem, eu não sei... Você não sabe nos dizer o que eles andam fazendo na Finlândia? Não sei nada sobre Rock por lá no momento. É tudo sobre Hip Hop na maioria. Eu arrisco um palpite. A cena da Finlândia é como um voo privado, é legal. Você ficou famoso no Brasil por causa da MTv. Mas no Brasil nós não a temos mais. Todos no Brasil pegam informação pela internet, atualmente. Você vê a internet como um inimigo ou aliado? Eu a vejo como uma coisa boa. Somente como uma coisa boa. Nós vimos toda a mudança, porque nós somos uma banda com 23 anos de carreira. Vocês lançaram as fitas k7? Sim! Uma apenas, mas sim. Acompanhamos todas as formas e acredito que todas as mudanças são para melhor. Às vezes é difícil, pois as bandas tem uma luta, porque o álbum não vende, mas aí elas compensam com turnês e tudo volta a ficar melhor. Eu penso que o rock e as bandas vão sempre sobreviver não é um problema. Basta confiar em si mesmo e continuar fazendo o que tiver que fazer. E eu penso isso porque a internet é um ótimo lugar para as bandas iniciantes, porque se elas tem um som legal, gravado em um quarto por um laptop e elas podem divulgar essa música e se a música for realmente legal as pessoas podem compartilhar. De forma viral.

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Isso. Pode se tornar a maior música do mundo. De graça! Claro que você deve colocar em anúncios. Isso chegou e deve ser mais justo. Essa é a segunda vez que vocês estão no Brasil. O que você tem a dizer sobre os brasileiros e as bandas brasileiras? Eu não conheço muitas bandas daqui, atualmente. Eu recebi um lindo presente de uma fã num meeting, a dois dias atrás, é um cartão de memória e ela disse: “Eu coloquei o melhor da música brasileira”. Tem aproximadamente 15 músicas ou algo assim, e eu ainda não tive a chance de ouvir, porque eu tenho um tipo diferente de computador (risos), mas eu realmente quero ouvir o que ela colocou para mim, porque como você sabe não têm muitas bandas brasileiras indo a Europa atualmente, então não posso conhecê-las melhor. Mas claro que eu conheço bandas como Sepultura e a primeira vez que tocamos num festival juntos foi em 96, um festival na Finlândia chamado Messila. Ele não existe. O Sepultura tocou no mesmo palco que nós e foi nossa primeira vez num festival. Quando vimos o Sepultura ficamos impressionados (cara de espanto), pensamos: Isso é uma loucura! Ficamos muito felizes que eles trouxeram a herança brasileira, o Roots, assim pudemos ouvir uma música, um ritmo diferente. É sempre importante você nunca esquecer de quem você é. Para finalizar: Pode deixar uma mensagem para os seu seguidores e fãs brasileiros? Claro! Por favor! A todos que estão vendo essa entrevista com the Rasmus, eu espero ver vocês na turnê do ano que vem.

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Por Raphael Arízio | Fotos Banda/Divulgação

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orceps é mais uma banda que mostra a força do metal extremo nacional. Os cariocas acabaram de lançar seu primeiro disco, “Mastering Extinction”, e vão partir para uma grande turnê americana neste mês. Com certeza, o caminho para ser mais uma banda brasileira com grande destaque no exterior será bem pavimentado. Vamos saber do vocalist Doug Murdoch sobre as expectativas do seu début e curiosodades sobre a banda, como por exemplo o fatídico show ao lado da lenda Cannibal Corpse. A banda acabou de lançar seu disco “Mastering Extinction”, quais são as expectativas para esse lançamento? Esperamos que ele alcance fãs de Death Metal mundo afora, muito além do que o seu antecessor, “Humanicide”. Esperamos também poder ter a oportunidade de tocar para esses fãs ao vivo algum dia. Foi lançado antes do disco um vídeo para a faixa “Atrocities”. Por que essa faixa foi a escolhida e como tem sido a repercussão desse lançamento? Para vocês qual a importância de lançar vídeos hoje em dia? A faixa “Atrocities” foi escolhida basicamente por ser a primeira do álbum, mas também por - 60 -


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ter um riff de entrada marcante e por resumir bem as influências do álbum inteiro. A primeira música liberada foi o lyric video da “Transdifferentiated Nano-Cells”. Foi escolhida por ter as mesmas características da “Atrocities”, porém mais “porrada” e de cara já mostra pra que veio. Para uma primeira mostra do álbum, achamos que ela foi perfeita. Já o clipe foi feito sem muitos investimentos, simplesmente a banda tocando no estúdio, com o objetivo de mostrar outra música do álbum novo e principalmente que a banda estava de volta, com formação nova e com força total para o lançamento do novo material. Vídeo é essencial pra mostrar a “cara” da sua banda para as pessoas que não tem a oportunidade de ir aos shows e que querem conhecer a banda. Estamos finalizando agora um novo clipe, da faixa-título do álbum, esse sim com suporte, investimento e feito com mais tempo e cuidado. Esperamos que ele impulsione bem a visibilidade do novo trabalho e da tour. O último lançamento da banda tinha sido o E.P “Humanicide”, lançado em 2012. Por que houve essa demora de um lançamento para o outro? Quais as maiores dificuldades enfrentadas por uma banda de Metal Extremo no Brasil? Nós passamos por uma mudança muito grande na formação durante as gravações. Com a saída do Fernando e do Raphael, devido a diferenças criativas, isso influenciou muito na demora, já que não sabíamos se iriamos lançar o material como estava até ali e, principalmente, por não ser trivial encontrar músicos com as habilidades e disponibilidade necessárias para tocar no Forceps. Não sabíamos se a banda iria continuar ou não. Acabamos recebendo uma resposta muito positiva durante o anúncio da seleção de novos integrantes e demos muita sorte em encontrar o Thiago e o Bruno, músi- 62 -


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cos exímios, que encaixaram perfeitamente e deram nova vida pra seguir em frente. Essa foi a quinta mudança de formação nesses 11 anos de história do Forceps. Foram muitos altos e baixos, por diversos motivos. Acredito que manter uma consistência é a maior dificuldade, infelizmente ninguém sobrevive só de banda no underground brasileiro, nem aquelas que muitos consideram não ser underground, mas ainda não ganham a vida assim, no entanto poderiam, como acontece lá fora. A realidade é que todos temos nossos trabalhos paralelos para manter a roda girando, a vida leva para caminhos diferentes muitas vezes, e no final é tudo por amor mesmo, então esses altos e baixos acabam sendo muito suscetíveis infelizmente. Mas eu sinto que se o público se interessar mais por bandas locais, se os shows aumentarem no underground, é possível sim ter uma cena cada vez mais efervescente onde todos possam focar 100% do seu tempo no seu som. No dia 7 de setembro a banda participou do Brutal Holiday festival, evento em qual o disco foi lançado. Originalmente teria a banda americana Suffocation com headliner, mas mesmo com todos os problemas resolveram seguir em frente e realizar o show somente com as bandas locais. Qual o saldo após isso tudo a banda tira? Como foi repercutido o show de lançamento perante os bangers cariocas? Foi um sucesso e a repercussão não poderia ter sido melhor. Acredito que o fato de termos a coragem de mater o evento, mesmo com todas as circunstâncias, cancelamento do Suffocation, uma semana apenas pra divulgar o novo evento, sem outro local disponível a não ser o próprio Teatro Odisseia, sem saber se conseguiríamos pagar por tudo isso e lançar o CD - 64 -


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ou não, tudo isso colaborou para o público se mobilizar e ajudar na divulgação. Os fãs e amigos se solidarizaram, chamaram e divulgaram bastante o evento, no final, tudo valeu a pena e o evento foi um sucesso! Ficamos muito felizes com o resultado e deu um gás a mais para a tour internacional que nos espera mês que vem.

çado por uma gravadora norte-americana chamada Ossuary Industries, em 2012. De lá pra cá, o nome da banda lá fora cresceu e fomos indicados para a Sevared por amigos e contatos em comum. Quando enviamos a master do novo material para alguns dos nossos contatos, recebemos a resposta deles comentando sobre a indicação e que haviam adorado o som novo. Logo em seguida, enviaram uma proposta de trabalho para o lançamento lá. Coincidentemente, mais ou menos na mesma época, quando começamos a mandar o material para as gravadoras, chegou aos ouvidos do Alex Chagas da Black Legion, ele entrou em contato conosco e fez uma proposta de lançamento nacional e trouxe mais dois parceiros para a distribuição nacional, a Extreme Sound

O disco foi lançado por três gravadoras/selos nacionais e um internacional. Como foi para a banda essa negociação e escolha dos parceiros, e ainda mais conseguir uma parceria internacional? Com relação a gravadora norte-americana (Sevared Records), a história começa lá atrás com o EP “Humanicide”, que também foi lan- 66 -


Foto: Puna NY

Records e a Horde of Demons.

terra onde praticamente nasceu e floresceu o estilo, além de ser o lugar do lendário estúdio Morrisound onde foi gravado vários discos clássicos do Cannibal Corpse, Cynic, e dois dos maiores clássicos nacionais, “Beneath the Remains” e “Arise” do Sepultura. Por tudo isso, que tanto nos influenciou e nos influencia até hoje, a expectativa não poderia ser maior. Não estamos com a pretensão de lotar casas na nossa primeira tour, apenas de realizá-la e ter a possibilidade de espalhar nosso trabalho para mais pessoas e principalmente onde tudo começou, já é uma total realização para nós.

Em outubro, a banda parte para sua primeira tour americana, com diversas datas já marcadas. Qual a expectativa de vocês em tocar em um país com uma cena underground extrema tão forte? Tem algum sabor a mais por ser o país de onde surgiu o Death Metal e ter tido uma cena como por exemplo a da Flórida com diversos nomes seminais do estilo? Sem dúvida! Se há uma unanimidade na banda, com certeza é a influência inegável de bandas como Death, Morbid Angel, Atheist, Deicide além de várias outras da região da Flórida. É inacreditável que vamos estar tocando na

É comentado pela galera, que puderam ver a banda ao vivo, a grande técnica dos músicos, que não deixa a brutalida- 67 -


de de lado em nenhum momento. Como a banda consegue aliar a brutalidade, mas sem deixar de ser cada vez mais técnicos, sem soar chato ou pretensioso demais? É tudo sentimento. A brutalidade é a palavra que define o sentimento que nos representa dentro do Death Metal. Ela pode ser representada de várias formas na música, nas letras, no tema, na mensagem. É a brutalidade que nos faz percorrer por caminhos mais técnicos nos nossos instrumentos. Não existe nem espaço para pensar em “soar chato”, nós apenas pensamos em soar mais e mais agressivos e brutais.

do Cannibal Corpse, no Circo Voador. Episódio marcado por diversas bombas jogadas no local, devido as manifestações acontecidas na época. Como foi para vocês esse episódio incomum? Acho que único é uma palavra que resume bem. Talvez um dia, a gente possa abrir um show novamente pro Cannibal Corpse. No Circo Voador podemos tocar novamente, inclusive já tocamos depois desse show na abertura para o Napalm Death, em 2014. Mas tocar naquelas circunstâncias, no dia dos maiores protestos de rua da história do país, vendo a invasão de pessoas de fora que fugiam da truculência policial. Vendo o Circo abrir suas portas pra acolher as pessoas que estavam chegando pra curtir o show e foram surpreendidas por aquilo. Vendo bombas sendo jogadas nos arredo-

Um dos fatos que chama atenção na história na banda foi a abertura do show - 68 -


res do Circo e o público correndo desesperado sem saber pra onde ir, isso tudo no meio do show. E o gás subindo na cara e mesmo assim a gente tocando até finalizar a música. Tudo rolando ao mesmo tempo, e ainda voltamos ao palco pra terminar o show ainda sob os efeitos de muito gás. Acho que isso nunca mais vai acontecer!

ativas, além de estar rolando cada vez mais shows na cidade. Dentre várias vertentes podemos destacar o Lacerated and Carbonized, Gutted Souls, Dark Tower, Velho, Poems Death, Coldblood, Brutal Desire, Ágona, Reckoning Hour, Born2Bleed, Vociferatus, Hatefulmurder, Siriun, entre outras. Espaço para considerações finais e agradecimentos. Primeiro quero agradecer a Rock Meeting pelo convite e interesse na história da banda e por estar divulgando o nosso trabalho. E, não menos importante, a todos os nossos fãs e todas as pessoas que apoiaram, contribuíram e acreditaram no Forceps durante todo esse tempo, mais uma vez, muito obrigado!

O Rio historicamente sempre revelou ótimas bandas de Metal Extremo ao longo dos anos. Com quais bandas cariocas gostariam de tocar e quais destacariam? E o que poderiam falar sobre a cena carioca? Podemos destacar várias! Sem sombra de dúvida, o Rio vive hoje uma cena de metal extremo aquecida, muitas bandas permanecem - 69 -


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Por Pei Fon | Fotos Pei Fon Texto e Fotos Mauricio Melo

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convenção internacional de tatuagem, oficialmente chamada de Barcelona Tattoo Expo, cumpriu duas décadas com altos e baixos. Junto à convenção o festival BAUM, que reúne várias atividades urbanas como Skate, BMX, Break Dance, Grafites e muito mais também mostrou seu valor. Quando falamos altos e baixos podemos explicar o fator “extra campo” que coincidiu com a data do evento. Houve muita tensão no ar por conta do simulado de plebiscito da Catalunha, justamente no fim de semana da

Expo. Não foi um erro da organização, já que a data da convenção foi anunciada na edição de 2016, com um ano de antecedência e muito antes de uma data oficial do simulado. O resultado é claro, não poderia ser outro. A afluência de público esteve abaixo do esperado, não que o evento estivesse vazio, mas se esperava mais. Do lado de dentro o que se viu foi um alto nível artístico. Nomes como Joe Capobianco, Ashley Ryan do programa Ink Master, Ernesto Kalum, Matthieu Duquenois, um dos tatuadores mais importantes do mundo - 71 -


e especializado no estilo tradicional tailandês (Sak Yan) ou mesmo Horimasa-Tosui com a técnica “Irezumi”. Quem também chamou atenção foi o casal Bill Salmon e Junii, do Diamond Club Tattoo de São Francisco. Fato curioso foi ver Salmon participando do jurado e vê-lo avaliando as tatuagens com uma lupa, literalmente. Muito legal também a competição de carros antigos e motocicletas customizadas. Outro fato curioso foi o stand da escola de tatuagens, jovens talentos aprendendo e demonstrando seu aprendizado para quem quisesse assistir. Fazendo um balanço geral do fim de semana, confirmamos um saldo positivo.

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Como anda sua autoestima? Por Samantha Feehily (Wonder Girls )

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uito se escreve sobre autoestima, mas sabemos de verdade do que se trata? Hoje, nesse momento da nossa vida, podemos afirmar que temos uma boa Autoestima? Quantas vezes acontece, quando as coisas estão indo bem por exemplo, no trabalho, de nos sentirmos felizes, enquanto que no dia seguinte, de repente, por causa de uma discussão com o chefe, é como se o mundo acabasse? Isso acontece porque damos muito mais valor ao nosso desempenho, ao poder que possuímos, aos agrados ou as críticas que recebemos dos outros, aos resultados que conseguimos, mas a autoestima não tem nada a ver com isso. A autoestima é um conjunto de conscientização e ação. Ela se modifica naturalmente em função das nossas experiências, é a capacidade de se auto transformar, de se olhar de uma outra forma, de olhar instante por instante para nós mesmos. Passamos 90% da nossa vida vivendo mal, porque ou estamos no passado, ou estamos no futuro: vou ser feliz quando tiver mais dinheiro..., quando tiver o carro mais bonito..., quando

tiver a casa mais bonita..., quando tiver coisas... Para fortalecer a autoestima é necessário começar agora, nesse momento, e não quando tiver..., ou quando vou ser... É agora, neste instante que você vai ser feliz, é esse instante que conta. As tatuagens estão cada vez mais na moda e com o passar do tempo o preconceito contra elas vem diminuindo, devagar, eu sei, mas um passo de cada vez! É cada vez mais comum ver mulheres com tatuagem. Uma coisa é certa, quem faz uma tattoo quer enfeitar o corpo para se sentir mais bonita. É bem verdade que a tatuagem ajuda – e muito! – a autoestima. A tatuagem nos transforma, dá uma revigorada, é como se fossemos capazes de mudar tudo na gente, muito semelhante, inclusive, a um corte de cabelo. É comum ouvirmos que “toda vez que eu saio de um estúdio me sinto mais poderosa e conectada com o meu interior”. A tatuagem é uma forma de contar a sua história sem sequer abrir a boca. Autoestima é “um sentimento do bem querer, do respeito, da admiração, da alegria em sentir, em valorizar - 74 -


MagĂŞ Mariotto

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com dignidade, com apelo e com compaixão. É a opinião que temos de nós mesmos. Todos nós necessitamos dar e receber atenção e ter aprovação das pessoas”, explica o psiquiatra Leonard Verea. Para ele a família é o grande determinante, se a pessoa teve ou tiver ‘pais nutritivos’ (pais afirmativos, carinhosos, provedores de estímulos positivos), com certeza essa pessoa desenvolverá uma autoestima alta, positiva. Por outro lado, se a pessoa teve (ou tiver) ‘pais críticos’ (pais negativistas, castradores, desprovidos de carinho e desestimuladores), ela desenvolverá uma autoestima baixa, negativa. A autoestima é influenciada pela autossugestão (forma como você conversa com você mesmo) e pelo hétero-sugestão (forma como os outros conversam com você). Um recente estudo feito por pesquisadores da Universidade Texas Tech descobriu que mulheres com tatuagem tem a autoestima mais alta do que aquelas que não tem. Para realizar esse estudo, pesquisadores entrevistaram mais de duas mil estudantes, que foram questionadas sobre a quantidade de tatuagens e seus níveis de depressão e autoestima. Os resultados mostraram que, a autoestima das mulheres subia quando o número de tatuagens também subia. O estudo também descobriu que as tatuagens servem de mecanismo de enfrentamento e autoafirmação para superar os períodos mais difíceis da vida. Outra conclusão que o estudo trouxe é que quanto mais tatuagem fazem, maior vai ficando sua segurança e sua autoestima. Isso a gente já sabe né?! A modelo Wonder Girls e especialista em segurança do trabalho, Thaisa Eidam, de 23 anos, confessa que sempre teve problemas com sua imagem e que as tatuagens ajudam a melhorar sua autoestima. “Minha autoestima

nunca foi algo tão boa, sempre tive problemas com isso. Creio que toda mulher tenha, ainda mais após se tornar mãe, mas confesso que a cada tatuagem nova que faço eu me sinto uma pessoa diferente, é como se eu me tornasse outra pessoa, como se algo que estivesse faltado, vem e me completa. Hoje, esteticamente mesmo sendo plus size, me sinto mais confiante comigo mesma, aprendi a me amar e me aceitar como sou, me vejo uma mulher mais forte e confiante” confessa Thaisa. O mesmo acontece com a tatuadora e modelo Wonder Girls, Elda Eli, “sempre fui aquela criança gordinha que tentava se esconder e muito tímida. Com uns 8 anos co- 76 -


Elda Eli

mecei a pintar em telas, e a arte já fez com que eu me sentisse muito melhor comigo. As pessoas se interessavam pelas minhas pinturas, e quando comecei a tatuar isso só melhorou. Hoje sou consciente sobre quem sou e o que quero, e posso dizer que agora sou muito feliz comigo. Há alguns anos, quando ainda não conseguia me ver como ‘perfeita’ para o que era imposto por todos os lados, não conseguia gostar de nenhuma foto minha. Hoje adoro mostrar em minhas fotos como me sinto bem comigo e com meu corpo. Então o sensual não me incomoda de maneira alguma, me ajuda! Algumas pessoas, infelizmente, são muito maldosas e preconceituosas. E

precisamos aprender a lidar com isso de maneira positiva”, assume. Vale ressaltar que a autoestima não está, necessariamente, ligada à posição socioeconômica, à beleza física ou status. Porém, o somatório desses e outros valores interfere diretamente no seu grau. “Quando a autoestima é baixa, o crescimento fica estagnado, a coragem diante da vida diminui, desistimos de arriscar coisas novas e até de sonhar. Por isso, diz-se que é um valor de sobrevivência. Vamos mudar isso? Você é aquilo que acredita, portanto, saber se dar valor abre um mundo novo de relacionamentos com pessoas semelhantes, mais respeitosas, - 77 -


confiantes e hábeis, pois nos tornamos mais abertos e mais claros. Evite também aquelas com baixa autoestima que rodeiam sua vida e a intoxicam em vez de alimentar”, sugere Leonard. Para a bióloga e modelo Wonder Girls, Ana Carolina Pichu, as tattoos ajudam a se sentir bem consigo, “me achava sem graça, meio sem sal. Hoje me sinto bem melhor, decidida, bonita, me sinto uma mulher determinada, de querer fazer o que bem entendo comigo mesma, sem me preocupar com julgamentos alheios. Foi uma auto aceitação, eu sempre via as mulheres tatuadas e queria ser como elas, livres, decididas pra fazer com o meu corpo o que bem entendo. O aumento da autoestima também pode explicar o porque as mulheres estão se tatuando mais hoje em dia. Atualmente, 47% das mulheres com menos de 35 anos já são tatuadas, enquanto apenas 4% das mulheres com mais de 65 anos tem uma tattoo. Essa é a prova que as mulheres estão buscando nessa arte uma forma de se sentir melhor e mais bonita, independentemente da idade. Magê Mariotto, 28 anos, analista de RH e modelo Wonder Girls, fez sua primeira tatuagem com 14 anos, “comecei tão cedo, ainda não tinha ‘problemas’ com isso. Acredito que por consequência. Nunca pensei em me tatuar para melhorar aparência, ou algo assim”. Mas sabemos que nem todas as pessoas são assim, vivemos em cima de padrões estabelecidos, “principalmente pelo que a mídia tenta impor nossa goela abaixo, mais magra, mais alta, mais assim, mais assado. Ficam querendo impor estereótipos, e querendo ou não acabamos nos deixando levar por isso e ficamos tentando mudar cada vez mais para sermos aceitos” observa Ana Carolina Pichu. Já para Thaisa, “somos obrigadas a viver ro-

tuladas por padrões estéticos, tão antiquados, perversos e desnecessários. Achamos que nunca estamos adequadas aos ‘padrões’ impostos pela sociedade, a gente precisa se livrar dessa crueldade que é imposta a nós do que é perfeito, e nos amar como somos, sem nos importar com o que vão achar ou pensar sobre nós”, critica, Thaisa. Quando nos defrontamos com os outros e percebemos nossas dificuldades, quando percebemos não ter a força de vontade que eles manifestam, quando gostaríamos de ter mais confiança em nós mesmos, temos dois caminhos a seguir: nos convencer que podemos ser como eles ou ...aprender a ser como somos! O psiquiatra, Leonard Verea, dá algumas dicas: Autoestima não é ser mais forte - Muitos pensam que ter uma boa autoestima, seja se sentir mais forte: imaginam ser um autoconvencimento sobre os próprios meios que alimenta a autoconfiança, como quando se fala: “Acredita ter sempre razão, é impossível discutir com ele.” Não tem muito a fazer, alguns são convencidos disso e outros não. Quem não pensa assim, se sente fraco, inferior, aceita ser explorado pelos outros sem conseguir se rebelar, encontra parceiros errados que o maltratam, é muito temeroso, introvertido e tímido...TUDO ERRADO! Não existe força sem fraqueza. Quanto mais quiser ser somente forte, controlador, parecido com aquele modelo de fortaleza e pragmatismos que se convenceu ser o ideal, mais se sentirá frágil e inseguro e sem autoestima. Não adianta se autoconvencer - Muitos se convencem de forma errada que para aumentar a autoestima precisa treinar, ou seja, se autoconvencer cada vez mais: “Você consegue, deve ser cada vez mais forte, não pode pensar em coisas negativas, deve melhorar, - 78 -


Ana Carolina Pichu

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acreditar cada vez mais!” Deve, deve, precisa, : percebe como se autoconvencer significa dar ordens a si mesmo? “Com os outros fica calado e fica escondido em um canto? Força,... peito para fora, barriga para dentro, sorriso nos lábios, segure as rédeas da sua vida! Força, ... deve ser o melhor, mostre seus recursos escondidos, seja o melhor!” Parece treinamento militar, parece como treinar um bicho, impor algo e dar o premio quando conseguir... Como é que pode aumentar sua autoestima se você mesmo se considera um cachorrinho a ser treinado? Os cachorros obedecem porque são treinados, e você, como imagina se sentir mais forte, mais firme, mais seguro de sí, obedecendo a ordens auto impostas? Conceitualmente isso significa que você mesmo se sente errado e inadequado, não os outros. Encontre em você mesmo as emoções - Autoconvencimento é um processo racional, onde considera a sua mente como um musculo. Assim como na academia treina os músculos com os equipamentos específicos, assim acredita poder treinar sua mente com os recursos da racionalidade, se impondo “conceitos feitos”. Mas não considera que tudo que é mental, é emocional, instintivo, irracional e nada tem a ver com a logica, a razão. O mundo interior é um abismo feito por outras substancias, as emoções, indefinidas de forma consciente, logica e racional. Timidez é uma força poderosa - Observe as coisas por outro prisma, mais intenso: quando está no meio de pessoas e não encontra as palavras certas ou a postura ideal, isso não quer dizer que está tímido ou fraco ou que precisa melhorar, significa que tem um lado obscuro da sua personalidade que se põe em evidencia naquele momento e que o bloqueia, impedindo-lhe de falar ou de se mexer.

É nesses momentos que pensamos e nos questionamos sobre “O que os outros pensam de mim, como será que estão me julgando, será que fui bom, será que atendi as expectativas? Sou sempre o mesmo, Gostaria ser diferente, Gostaria mudar...” Se aceitamos que essas forças obscuras fazem parte da nossa mente e deixamos de entrar em conflito com elas, conseguindo nos aliar a elas, nos colocando complementares a tudo isso, vamos enxergar de forma mais objetiva tudo o que está acontecendo e iniciar a mostrar o que somos e como somos, participando de tudo isso do nosso jeito, mais silencioso, mais em segundo - 80 -


Thaisa Eidam

plano, mais profundo, menos superficial. De espaço a sua unicidade - O poder do Silencio e do Mistério quando é visitado pela Timidez, o poder do Fogo e da Paixão quando é visitado pela Inveja, o poder da Visão a longo prazo quando é visitado pelo Isolamento, ajudam você a tornar tudo possível na sua vida, sem querer parecer aos outros, sem buscar ser mais forte: ao contrário, deixar que essas forças obscuras se manifestem, sem procurar se mudar, sem se treinar. Autoestima não é ser forte, mas é dar espaço para que as emoções se manifestem, tornando tudo possível na vida.

“Ser consciente da própria personalidade e agir sem medo do julgamento dos outros.” Isso é muito mais do que uma simples definição: é conhecer a si mesmo, é ser livre das expectativas e dos julgamentos, é encontrar o próprio talento e não ter medo de expressá-lo. Somente assim poderemos ser felizes, finaliza Dr. Leonard. E para finalizar, muitos homens têm fetiches por mulheres com tatuagem. Eles acreditam que, por passarem por um processo longo de dor, as mulheres tatuadas não são frescas e fracas, possuem atitude para outras várias coisas também. Muitos - 81 -


homens são contra suas namoradas fazerem tatuagens, por puro ciúmes. Mas vou deixar uma dica preciosa aqui: NÃO SEJA BABACA! SEM PIADINHAS DE MAU GOSTO OU COMENTÁRIOS PORNOGRÁFICOS, NÓS, MULHERES, ODIAMOS ESSE TIPO DE ABORDAGEM E VOCÊ SAIRÁ COM FAMA DE RIDÍCULO! #sejemenas A FOTOGRAFIA COMO ALIADA DA AUTOESTIMA – CONHEÇA O SEU MELHOR! Criado em 2014 pelo casal Marcos Ariosi e Fran Eller, o Marcos Ariosi Photography é especializado no estilo “boudoir”, nome em francês para quarto feminino, dando a ideia de uma abordagem íntima, mas não explícita. “Nossa história com a fotografia começou no momento em que nos conhecemos, há uns seis anos. Marcos sempre me fotografou e em cada clique eu me descobria como mulher e ele com muito carinho e jeito, me incentivava e valorizava muito mais”, conta Fran. Com a missão de estimular cada mulher real a se olhar e aceitar como se fosse uma capa de revista, esse estilo de fotografia vem ganhando cada vez mais adeptas e fazendo com que o mercado de fotografia ultrapasse barreiras e estereótipos. “Passamos da fase em que o padrão de beleza precisa ser algo padronizado. Cada vez mais vemos mulheres se autodescobrindo e se aceitando da maneira real”, explica Cristiane Pertusi, psicóloga. A composição da beleza após o ensaio fotográfico, aumenta a autoestima da mulher, a faz se sentir mais feminina, torna-se mais sensual e passa a desfrutar de uma vida, inclusive sexual, mais plena. “Com o passar dos anos nos profissionalizamos e quando criamos o studio, novamente fui modelo pra ele.

Que me fotografou, editou e quando as me entregou prontas, chorei de emoção. Sempre me via como uma menina e de repente aquele mulherão apareceu. Fiquei sem palavras, e é isto, este sentimento que buscamos em cada sessão de fotos que realizamos. Queremos resgatar o mulherão que existe dentro de cada mulher, mostrar a sua força, capacidade, estimular a energia de dentro pra fora. Cada revista que entregamos, leva todo o - 82 -


Magê Mariotto

nosso amor, leva a esperança de que o céu é o limite. Somos simples mulheres, mas fortes e lindas o bastante para enfrentarmos os desafios da vida e vencermos todos os obstáculos” assume Fran. Autoestima tem tudo a ver com a ideia que fazemos de nós mesmos. “Ser magra ou gorda, ter um dente tortinho, um nariz um pouco maiorzinho, lábios grossos, lábios finos ou qualquer detalhe que não gostamos, às

vezes nos causa um incômodo tão grande que acabamos nos privando de algumas situações com medo de expor esses ‘defeitos’ em uma fotografia. Ao contrário do que se pode pensar, o trabalho de um fotógrafo profissional é conseguir extrair da beleza de mulheres ‘comuns’, resultado surpreendentes”, observa Cristiane Pertusi, psicóloga.

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Por Gabriele Moura | Fotos Banda/Divulgação

Q

uintessente é uma das bandas mais diferenciadas do Underground nacional. Sua mistura de diversos estilos dentro do Metal com Rock progressivo é única e contagiante. Lançaram recentemente o disco “Songs From Celestial Spheres” e vêm recebendo ótimas críticas da mídia especializada e do público. Vamos saber mais do vocalista André Carvalho os detalhes sobre o disco, suas novidades e um pouco da história da banda. Com seus mais de 20 anos de estrada a banda construiu uma bela jornada e vem se firmando cada vez mais na cena musical do Brasil. Com todo esse tempo, quais foram as maiores dificuldades enfrentadas? O que a banda aprendeu com elas? Se tratando de Metal, ainda mais no Brasil, as dificuldades são imensas mesmo com o avanço da internet e redes sociais que colaboram muito para divulgação de um trabalho. Não basta ser bom. Requer sacrifício, entrega, engajamento e qualificação de todos os envolvidos na cena. Passamos anos afastados e quando retornamos com a banda percebemos que muita coisa continua na mesma ou até piorou. Você dedica seu tempo e dinheiro em prol de um trabalho, da sua arte, da sua forma de expressão e na hora de mostrar isso - 86 -


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ao público se depara com condições muitas das vezes inaceitáveis. Hoje pensamos muito no planejamento e na melhor forma de gerir a banda, analisando sempre os pros e os contras de acordo com as lições aprendidas.

Anathema, My Dying Bride, Benediction, Bolt Thrower, entre outras. Aos poucos fomos incorporando influências do Gothic Metal, metal clássico e até progressivo ao nosso som. Acho que hoje não nos concentramos em uma única vertente para nos influenciar. Pensamos muito mais na harmonia e no clima que podemos criar em nossas composições. O Metal nos dá essa possibilidade de não nos apegarmos aos rótulos das inúmeras vertentes que existem. O campo para trabalho é imenso.

O som apresentado pela Quintessente é bastante característico, nota-se influências vindas de Doom e Gothic Metal trabalhadas de modo um tanto progressivo. Quais bandas influenciaram a origem do Quintessente e quais influenciam atualmente? Quando começamos com a banda em 1994, o cenário estava em plena ebulição de bandas de Thrash e Death Metal. A intenção foi fugir um pouco do lugar comum e criar um som incitado por bandas de Death/Doom que começaram a surgir na época, como Paradise Lost,

O álbum “Songs From Celestial Spheres” foi lançado em maio de 2017 e vem sendo o material de trabalho da banda desde então. Como o disco foi recebido pelo público? E pela crítica, obteve boas notas? Temos recebido um retorno muito positivo do - 88 -


público e da mídia especializada. Depois de tantos anos tem sido recompensador saber do público que as expectativas foram atendidas ou até mesmo superadas com o novo álbum. Grande parte da mídia não conhecia a banda até o lançamento de “Songs From Celestial Spheres” e temos notado reações incríveis. Isso nos deixa muito felizes, pois nos dedicamos inteiramente ao álbum quando decidimos voltar com a banda.

o nosso som. Assim como as estrelas que possuem diferentes estruturas químicas, idade, massa, luminosidade e magnitude, a sonoridade de “Songs From Celestial Spheres” compreende os mais variados estilos dentro do Metal. Pensamos desde o início em não nos prendermos em nossas composições e sentirmos, acima de tudo, a música que estávamos criando. O primeiro single lançado, “The Belief of the Mind Slaves”, é um exemplo onde exploramos muitos estilos em uma única música. Começamos com riffs bem marcados do Death Metal, andamos pelo Metal mais clássico e terminamos num clima Progressivo. Músicas como “Essente”, que foi nosso segundo single lançado, e “Unleash Them” caem mais para o Gothic Metal. Já “Delirium”, “My Last Oath” e “Reflections of Reason” têm bases marcantes do Metal tradicional/clássico, porém com

Eu tive a oportunidade de ouvir o “Songs From Celestial Spheres” e o achei muito interessante, um trabalho bastante maduro e com características bastante próprias da banda. Qual foi, ou quais foram, as principais inspirações para o disco? O álbum traça um paralelo entre o universo e - 89 -


vocais mais Death Metal. Compondo “A Sort of Reverie”, “Eyes of Forgiveness”, “L’Eternità Offerto”, trazemos algo mais voltado para o Black Metal e Doom Metal. “Matronae Gaia (Chapter II)” traz consigo uma carga de progressivo muito grande e fecha o álbum.

Fernando para fazer parte do time. Grupo fechado e álbum pronto. A primeira meta foi cumprida. Atualmente quais são os planos da banda para o restante do ano? E para o ano que vem, alguma novidade? Estamos trabalhando para dois ou três shows ainda esse ano. Em 2018, temos planos de um novo clipe para o primeiro trimestre. Queremos ainda acertar datas para shows de divulgação por todo país. Com seus mais de vinte anos de carreira a banda tem muito que ensinar para bandas mais recentes. Qual o conselho que vocês dão para artistas iniciantes? Acho que o mais importante e fazer aquilo que vem da alma e se dedicar. Façam música para vocês e para seu público. Esse sempre vai ser o diferencial. Se fizer igual a todo mundo, a tendência é obter os mesmos resultados.

Antes do lançamento do novo trabalho, a banda teve um período de recolhimento. Qual a razão disso? Começamos com a banda em 1994 e entre idas e vindas fomos até 2001. Tivemos esse recolhimento de anos por diversos motivos. Fomos estudar, nos aprimorar profissionalmente e tocar projetos pessoais. No final de 2015, eu, Cristiano e Cristina resolvemos voltar para trabalharmos em algo novo e que pudesse nos trazer, acima de tudo, satisfação. De lá para cá voltamos nossa cabeça para criação de músicas novas e recebemos o Leo Birigui e o Luiz - 90 -





Sala Barts, Barcelona Data: 16/09/2017 Texto e Fotos (Smartphone): Mauricio Melo

M

uita gente perguntou o porquê do “Secret Show”. Simples de explicar. Uma banda como o Foo Fighters, há muito acostumada ou, mesmo levada com certa obrigação devido a seu massivo sucesso, a tocar em grandes espaços como estádios de futebol, como foi em sua passagem pelo Brasil ou em ginásios olímpicos como seria sua passagem em Barcelona há dois anos, porém essa apresentação foi cancelada devido aos ataques terroristas em Paris, na sala Bataclan durante o show do Eagles of Death Metal e que como efeito dominó, culminou no cancelamento de várias apresentações em países vizinhos e de diversos artistas. Pois bem, seis dias antes do show, uma pequena nota foi publicada no Jornal El País e limitadas chamadas numa radio local, a M80, revelou que o Foo Fighters estaria tocando em Barcelona, no sábado 16 de setembro, para lançar disco novo. Ou seja, uma divulgação mínima, quase para não chamar atenção, mas que nos dias atuais a voz correu em alta velocidade. No dia seguinte da nota e das chamadas, um pequeno concurso foi montado. Tínhamos, então, 24 horas para responder uma pergunta on-line e esperar o sorteio ou a avaliação das respostas. A pergunta era simples, “Qual música não deveria faltar no show?”. Concurso finalizado e 48 horas antes - 94 -


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recebemos as confirmações das entradas, mas não o local do evento que somente foi revelado 24 horas antes da apresentação, e o local escolhido foi a Sala Barts, um pequeno teatro diante do tradicional Apolo, que tantas vezes aparece como cenário de nossas resenhas. A Barts tem uma capacidade máxima para 1200 pessoas e podemos confirmar que não estava lotada, porque nem todos os sorteados apareceram ao ponto de colocarem para dentro aqueles fãs que insistiram em comparecer mesmo sem entrada na esperança

de “filar a bóia” e se deram bem. Estava claro que não seria um evento qualquer, a Sony montou toda uma estrutura de gravação, com câmeras captando todos os movimentos pré-show, os fãs na fila exibindo camisas e tatuagens e até tivemos o privilegio de ver quando um carro estacionou e do mesmo desembarcou Dave e sua trupe na maior tranquilidade para entrar no recinto, ainda que o público tenha ido à loucura, o cidadão manteve a calma e a simplicidade para cumprimentar aos mais próximos da porta de en- 96 -


rios e opiniões, um que chamou a atenção foi a informação de que não seria uma apresentação qualquer como muitos imaginavam. Passou pela cabeça que tocariam apenas o disco novo e um par de hits, outros diziam ser um ensaio do disco novo antes de chegar aos grandes cenários e por aí vai. Até que alguém falou que tinha a informação que seria um show de mais de duas horas e o boato ganhou força quando vimos os roadies colocarem os setlist no palco, era uma lista sem fim. Quando chegou o momento e as luzes

trada, mas não permaneceu por muito tempo do lado de fora. Porém já sabemos que tudo foi registrado para o programa MTV World Stage, video este já disponível no Youtube. Do lado de dentro, a equipe de filmagem tomava posição e os roadies faziam os últimos ajustes. O único fotógrafo credenciado, nosso amigo Xavi Mercadé que é uma lenda da fotografia em Barcelona, se acomodava na mesa de som como combinado. O show estava previsto para as 21h, mas só deu início às 22h. Nessa uma hora de espera, havia bastante comentá- 97 -


se apagaram tivemos a real dimensão de onde estávamos e do que estávamos participando. Dave Grohl entrou empunhando sua Gibson, gritando ao público, junto a Pat Smear e Chris completando assim o trio de guitarristas, Taylor Hawkins espancando sua bateria e trocando olhares com Nate, que aquecia seus dedos nas quatro cordas. E até mesmo o tecladista, Remi Jaffee, tentava arrancar uns ruídos antes do set iniciar com “I’ll Stick Around”, para levar o público à loucura, todos cantando e saltando como se fosse a última noite de rock da história. Quando escutamos “All My Life” na sequência, a teoria de que ali seria uma apresentação somente com músicas novas foi definitivamente dissipada. Para dar um respiro entra “Learn To Fly” e somente após esta o “Concrete and Gold”, disco novo, surgiu com “The Sky is a Neighborhood” e “La Dee Da”, com direito a um Dave animadíssimo, batendo cabeça, dançando e se aproximando da galera a cada oportunidade, e quem acha que foi momento para pausa por parte do público, por se tratar de novas músicas, se engana, as letras já estavam na ponta da língua de todos. Poderíamos aqui detalhar tudo que foi vivido, mas mesmo antes de seguir com detalhes do show, vale a pena destacar um par de coisas. A banda não fez corpo mole e tocou como se tivesse diante de um grande público e estavam, pois ali só haviam fãs fiéis a sua arte musical, é óbvio que eles confessaram que sentem saudades de shows desse porte, onde se podia ver com nitidez que Dave olhava nos olhos das pessoas, perguntando se estavam gostando, se tudo soava bem, se queriam alguma música em especial. Pediu pausa para ler os cartazes e até uma carta. Fez piada com um sutiã jogado no palco, posou para fotos feitas com os telefones, improvisaram covers dos Ramones e Lenny Kravitz quando disse que a

sala Barts parecia o cenário do video clipe “Are You Gonna Go My Way” e tocou parte da música em questão, cantaram “parabéns para você” a um road que trabalha com ele desde a época de Nirvana e muito mais. Também confessou que tenta ser o mais profissional possível diante de seu público, mas que não consegue, já que o que faz não é nada mais do que ser ele mesmo e encararam com humor quando por duas vezes as guitarras emudeceram. Retornando ao palco a banda continuou o repasso na carreira, nenhum álbum ficou de fora e tivemos até um par de músicas acústi- 98 -


cas, entre elas “Skin and Bones”. Voltaram a estar plugados com “Cold Day in the Sun”, “Congregation”, “Walk” e “Dirty Water” até voltarem a pisar forte com “Monkey Wrench”, “Breakout”, “This is a Call” e “Run” com uns riffs de guitarra que até lembram Sepultura. A noite parecia interminável, já passávamos de duas horas e meia de apresentação com devidas pausas para hidratação e já estávamos na fase de “tocaremos só mais uma antes de fechar o set”, porém já duravam umas sete canções, até que chegamos ao fim com “Best of You” e “Everlong”.

Olhando para o tamanho do texto e pelos detalhes que estão escritos podem até pensar que sou um grande fã da banda, só que não! A grande verdade é que Foo Fighters sempre foi uma banda que tive muito carinho e reconhecimento da figura de Grohl, sempre o achei talentoso e honesto com sua música, mas faltava aquele ponto, aquela gota d’água e confesso, passarei a olhar o FF com outros olhos a partir desta data e, sinceramente, apesar das duas horas e cinquenta de apresentação, o show não foi cansativo, me diverti pacas! - 99 -



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