Rock Meeting Nº 94

Page 1



13 de julho Dia mundial do Rock. Será que temos o que comemorar? Diante de tanta coisa acontecendo no cenário brasileiro, seja na economia ou na política, é preciso pensar bastante se temos mesmo do que nos orgulhar. Será que da briga eterna entre Sepultura e os irmãos Cavalera? Ou a do Angra com os antigos membros da banda? Ou das brigas de galera por conta dos estilos? Melhor, a procura da postura headbanger? Será? Temos debatido sobre estas questões ultimamente. Parece até conversa do passado, mas é tão presente que você nem pode imaginar. Sabe o que podemos celebrar? A produção musical. Dia 13 de julho de 2017 vai ficar marcado por inúmeros eventos, lançamentos e despedida. Neste dia, bandas como Dark Avenger, Torture Squad, Shadowside vão lançar seus CDs e músicas. Há shows acontecendo pelo Brasil. Sem contar com a despedida de Alírio Netto com a Age of Artemis, que tivemos o orgulho de lançar seu vídeo clipe em nossa página oficial. Isso é legado. Isso é exemplo. O que realmente vem para somar. Música é diversão, é prazer, é trabalho. A partir do momento que vira problema e dor de cabeça, amigo, é melhor cair fora. E afaste-se o quanto antes. E não é isso que buscamos. Queremos sempre saber das conquistas, apontar o que está errado. Para o 13 de julho, desejamos muito sucesso!


06 - Lapada - Somos Todos Abbath 10 - News - World Metal 14 - Entrevista - Lacrima Mortis 20 - Entrevista - Belzebong 26 - Entrevista - Attractha 36- Skin - Arrependimento 44 - Capa - Hell 2017 64 - Entrevista - Dark Avenger 76 - Live - Liberation Festival com King Diamond 86 - Hardcore Meeting - Burning Heads 92 - Hardcore Meeting - DRI e Hatebreed 98 - Hardcore Meeting - Ratos de PorĂŁo e Suicidal Tendencies

58

20

06

70


Expediente Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn Jonathan Canuto Colaboradores Jonathan Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


N

o final de maio e o início de junho de 2017, o Brasil foi devastado por vários shows da dobradinha Amon Amarth e Abbath fizeram pelo país. Óbvio que ambas as bandas no palco fizeram o melhor, e deram uma aula de simpatia. Mas de todos, a figura do guitarrista/vocalista Olve Eikemo, mais conhecido por Abbath, é a mais marcante de todas, a que mais se destacou. Fotos e mais fotos nas mídias sociais mostram o carisma, simplicidade e mesmo bom humor de um sujeito que, sejamos bem francos, já tem renome e nem precisa fazer isso tudo. Mas ele faz. Abbath fez questão de estar com os fãs, sempre em poses hilárias, com caras e bocas que devem estar virando memes divertidos, se é que já não inundaram a internet. Por que digo que precisamos de mais caras como ele no Metal? A resposta é simples: Abbath está sendo, de longe, um dos nomes mais divertidos do Metal, seja por sua música muito bem feita e envolvente (uma ouvida em “Abbath” e entenderão o que digo), seja pelos memes ou mesmo pela simpatia que esbanja. E isso, 6


7


aliás, entra em choque com tudo que tutrues chatos andam pregando. Abbath ri e sorri no palco, faz caras, bocas e poses hilárias mesmo usando a corpse paint. Há que prefira o músico sério e que não fala uma palavra que seja com o público, mas a postura de Abbath é a melhor de todas. Isso cria sinergia entre o público e a banda, e não seria de estranhar que o primeiro CD da banda dele batesse as vendas de discos de bandas veteranas. Abbath, no Rio de Janeiro, foi o Cristo Redentor, ponto turístico da cidade. Na mente de muito tutrue from hell ou moleque metido a anos 80, que nem viveu na época (nasceram ou no meio ou depois daqueles tempos), ele foi incoerente. Na realidade, ele foi apenas mais um turista naquele momento e o único problema que pode existir é na cabeça de gente sem autonomia, que não pensa por si, mas em regras. E regra é coisa de mulher menstruada! No show em SP, a banda teve que se virar com problemas técnicos absurdos. Como narrado pelo site Metal Na Lata (leiam a resenha), o show foi quase uma tragédia, mas quem disse que Abbath lidou com estrelismo? Que nada, o sujeito entreteve o público como podia. Sempre com o carisma de sempre. Cansei de ver o choro de pessoas que sentaram no chão e remavam, em uma referência aos barcos vikings no show do Amon Amarth. C-H-O-R-O, pois não entendo a mania que algumas pessoas têm de se meterem na diversão alheia. Se sujaram a roupa, se es8


tavam isso ou aquilo, não me importa. O mais importante é: essas pessoas pagaram ingresso e se divertiram muito, assim como Abbath se divertiu com os shows e seus fãs. Abbath vem em boa hora, pois perdemos uma figura do mesmo estilo em 2015, o saudoso Lemmy, outro que amava a zoeira (ou alguém esqueceu a clássica foto de todos os membros do Motörhead vestidos de coelhinhos da Páscoa?). E, além disso, Abbath nos recorda (e causa severas úlceras nervosas no pessoal radical) que, antes de tudo, música é diversão. Sim, diversão. Quando coloco música para ouvir, o que mais quero é aliviar as tensões de todos os dias, despairecer os problemas e deixar o estresse sair. Isso não vai ser pensando besteiras como “hoje, eu vou queimar a igreja tal” ou “som foda era em 1984, quando eu nem estava ainda no saco do meu pai que ainda via a Xuxa”, mas ouvindo aquilo que gosto e me faz bem. Algo que vejo acontecer com qualquer pessoa saudável. Abbath é um baluarte, pois “Abbath” é um disco excelente, e no palco, ele diverte a todos e se diverte. E meus caros, esse é o fundamento básico para o Rock, já que a expressão “Rock ‘n’ Roll” significa “deitar e rolar”, se divertir. Militâncias de ideias são coisas pessoais de cada músico, e você tem o direito de se sentir tocado pelo que ele tem a dizer. Mas quando não se sente assim, por que não gostar da banda? Por menos mau humor no cenário, por menos regras e babaquices, por menos líderes de porra nenhuma, eu digo: #SomosTodosAbbath. Be back soon, Abbath! We love you! 9


“Old Gods”

A banda Potiguar de Death Metal Promordium sempre abordou temáticas do Antigo Egito em suas músicas, fiel ao estilo os filhos de Horus lançam seu segundo Full-Lenght, intitulado “Old Gods” enfrentando todas as dificuldades das bandas da Cena Underground do Nordeste do Brasil. O disco que está muito bem produzido só foi possível devido a união de duas forças, de regiões distintas, mas com um objetivo - disseminar o Underground pelo mundo afora, a saber, Rising Records (Mossoró/RN) e Metal Under Store (São Paulo/SP) que juntas lançaram o CD. Conheça a banda no perfil oficial no Facebook. “O Céu da Boca do Inferno”

Chegou o novo disco do Alkanza, “O Céu da Boca do Inferno”, o play foi lançado e disponibilizado junto do novo website da banda, sendo liberado download gratuito todo o trabalho para quem quiser ouvir, divulgar, compartilhar e espalhar esse “vírus” conhecido como “O Céu da Boca do Inferno”. O cd exclama e reclama por todos, tudo aquilo que sentimos que está de errado, mas nem sempre temos coragem de dizer e é assim que o disco explana nossa indignação sobre vários pontos cruciais a serem discutidos, debatidos e acima de tudo, buscarmos por soluções. Visite o site do Alkanza e faça download do disco gratuitamente. “Serenity”

Após divulgar a pesada e enérgica faixa “The Cabaret Of Dreams”, o hino do Metal “Stay” e a profunda “The Paradox”, a banda Seven Spires mostra uma face mais dramática e teatral com a nova música “Serenity” e provam que estão longe de ter alcançado seus limites musicais. Desta vez, os talentosos músicos entregam um cocktail de metal melódico moderno acentuado com sutis arranjos sinfônicos. O novo álbum conceitual estará disponível em todo o mundo a 4 de agosto de 2017. “Queríamos escrever algo novo, direto e cativante”, diz a vocalista Adrienne Cowan. Escute agora a música “Serenity”. 10


Cervejas artesanais

A banda Blackning acaba de lançar sua própria linha de cervejas inspirada na discografia da banda que deve agradar ao paladar dos aficionados em cervejas artesanais. Cada rótulo remete ao sabor da bebida e aos álbuns do quarteto paulista de thrash metal. A linha Blackning Beer foi desenvolvida pela Cervejaria Granma, de Santo André, e está à venda somente por encomenda a partir de duas unidades (R$ 15 cada) para o Grande ABC e São Paulo capital pelo e-mail blackningthrash@ gmail.com. Conheça o trabalho do Blackning no site oficial da banda. primeira turnê

Da mundialmente aclamada e icônica cena hardcore de Nova Iorque (EUA), a clássica Judge realiza em outubro deste ano a primeira turnê latina, que passa por México, Colômbia, Chile, Argentina e Brasil. No entanto, será o retorno da banda a São Paulo, após a bem sucedida estreia no País em 2014. Pela nova turnê, a Storming Through Latin America, a produtora Powerline Music traz o Judge à capital paulista no dia 8 de outubro, no tradicional Clash Club, com a santista Live by the Fist como banda convidada. O Judge vem à América Latina celebrar os 30 anos de uma vitoriosa carreira, completados exatamente em 2017. “Relentless”

A banda Damage Division de Natal/RN, que acaba de lançar seu primeiro Full-Length intitulado “Relentless”. O álbum contém 11 músicas autorais, resultados de muito trabalho nos últimos quatro anos. A banda surgiu em 2012, passou por diversas cidades do interior do Rio Grande do Norte, como também estados vizinhos, como João Pessoa, Campina Grande e Fortaleza. Tá curioso? Acesse os links oficiais da banda e escute o novo álbum dos caras. Web clipe do primeiro single lançado “Smoking Barrel” e o “Relentless” na íntegra. E também está disponível no Spotify. Página oficial no Facebook. 11


“Corrosion”

Foto: Daniel Scaranelo

O Desalmado acaba de lançar um lyric video para a faixa inédita “Corrosion”, música que prepara a chegada de “Save Us From Ourselves” com lançamento programado para o segundo semestre deste ano. O vídeo pode ser assistido via Facebook ou Youtube e o download da música pode ser feito pelo Bandcamp. ‘Save Us From Ourselves’ é o quinto disco da banda que traz na bagagem Hereditas (2008), o homônimo Desalmado (2012), Estado Escravo (2013) e o split In Grind We Trust dividido com a banda Homicide (2015). Assista ao vídeo de “Corrosion”. “Under Fire”

Em meio às gravações do novo álbum, a banda Higher, que é formado por Cezar Girardi (vocal), Gustavo Scaranelo (guitarra), Will Costa (baixo) e Pedro Rezende (bateria), disponibilizou em vídeo uma versão para “Under Fire”, música da banda alemã Heaven’s Gate. O vídeo de “Under Fire” faz parte de uma série de jam sessions que o Higher gravou no Estúdio Fusão em São Paulo sob produção de Thiago Bianchi e Juninho Carelli. Outros vídeos dessa mesma série serão divulgados em breve. Para assistir o vídeo, clique AQUI. Mais informações da banda no site oficial ou no Facebook. “Memoria Sylvarum”

A banda francesa de black metal Darkenhöld lançou seu quarto álbum “Memoria Sylvarum” pela Editions de la Vieille Tour Records. O álbum foi mixado e masterizado por Guillaume Vrac em seu home studio. Darkenhöld foi formado em 2008, em Nice, na França. Composto por Aldebaran (integrante que formou Artefact), Cervantes and Aboth (Continuum). Lançaram dois cds em formato Split e apareceram no tributo ao Emperor. A banda lançou seu primeiro full (“A Passage to the Towers”), em 2010. O segundo, “Echoes From The Stone Keeper”, em 2012. Já o terceiro, “ Castellum”, em 2014. “Clameur des Falaises”. 12


13


Texto Pei Fon | Fotos Banda/Divulgação

A

morte sempre será um mistério para todos nós. Há quem nem não queira falar a respeito. Há indíviduos que tem a morte como fonte de inspiração. Lacrima Mortis é a mais nova banda do cenário doom metal nacional e traz essa temática bem presente em suas cançõe. Conversei com o guitarrista Requiem sobre o novo Ep, a história da banda, morte (claro) e o futuro da banda.

A Lacrima Mortis teve seu início no final dos anos 90, como um projeto paralelo meu e de meu antigo companheiro da banda Dying Embers. Junto com outros amigos, a ideia era fazer um som lento e obscuro, influenciado pelo álbum “Dark Metal” do Bethlehem e o “Wolfheart” do Moonspell. Infelizmente essa encarnação não passou de três meses de existência, devido a um problema pessoal do nosso baterista, a banda interrompeu suas atividades vindo posteriormente a se findar. No decorrer da década seguinte houve algumas tentativas de reformular a banda, mas nada parecia se encaixar.

Por favor, apresentem-se para nossos leitores. Sou Requiem, guitarrista e fundador da Lacrima Mortis. 14


No ano 2016, convidei o baterista Scavenger para montarmos um projeto, marcamos um ensaio para ver se rolava alguma química musical e as coisas foram acontecendo naturalmente. Na sequência chegaram o guitarrista Baud, o vocalista Dread e por fim, Reaper que acabou substituindo nosso primeiro baixista.

tariam numa compilação com outras bandas brasileiras de Doom Metal, mas o organizador desta compilação sumiu e como estávamos com o material em mãos, resolvemos lançar por conta própria. Morte é o tema principal. Por que falar dela? Conte para nós sobre o processo de composição. A morte no sentido simbólico é bela e misteriosa. Pois mesmo que saibamos que um dia chegará a nossa vez, há sempre aquele suspense de quando ela chegará. E querendo ou não, todos já se perguntaram para onde ire-

Em pouco mais de um ano de existência, a banda foi formada e já lançou seu primeiro EP “Optarem Mortem”. Fale um pouco sobre esse play. A ideia inicial era gravar duas músicas que es15


vel para certos momentos. Quais exemplos poderiam se encaixar nessa situação? Fale um pouco. A vida cotidiana, pois ela é repleta de desilusões, seja num relacionamento ou mesmo no seu trabalho. Ao mesmo tempo que você sente uma satisfação por algo positivo que tenha feito, a vida dará uma volta e te jogará novamente para o fundo do poço. E lembro uma vez de estar conversando com um amigo e ele soltou uma frase que sempre fará sentido para mim: “a vida ainda lhe trará muitos desapontamentos”.

mos quando a vida acabar. Iremos para outra dimensão? ou a morte é o fim de tudo? E com essas incertezas da vida nós escrevemos sobre a chegada dela. E buscamos nela (a morte física) a fonte de inspiração para compor, pois ao sentir todo aquele pesar de seu ente querido ter partido e aquele vazio para os que ficaram em ter que se reerguer e continuar a sua jornada. A morte é algo certo para todo mundo. E vocês trazem essa realidade em forma de música. Como lidar? Mesmo sabendo que a morte é onipresente, não ficamos pensando nela o dia todo, vivemos nossa vida normalmente como todo mundo, apenas gostamos de representá-la em nossas canções.

“Introspectum” é gostosa de se ouvir. Mesmo que a temática seja tão obscura e traga certo medo, ela é calma, boa inspiração para escrever sobre sentimentos. Apesar deste material não ser algo conceitual,

Desilusões e morbidez da vida é inevitá16


aurea densa, pesada, por vezes imagino estar rodeada de pessoas e, ainda assim, sozinha. Mas uma bela canção. “Optare Mortem” podemos representar como a tristeza deste cidadão, onde está vagando pelo umbral em busca de respostas, mesmo sabendo que não a encontrará, apenas a dor e sofrimento por ter lhe ceifado a vida.

mas as músicas estão ligadas entre si, pois podemos interpretar esta “Introspectum” como a passagem para o Postmortem, sendo a vida tirada de forma traumática, acidental ou intencional. Assim o espírito do indivíduo está caminhando pelo túnel sem ter a chance de voltar. “Of Desolation” em nada lembra a introdução e você começa a entender a temática do EP. Fale um pouco sobre a música. “…of Desolation” já é o outro lado, onde o indivíduo se sente receoso de estar num lugar desconhecido, sem os prazeres da vida terrena ou o aconchego de familiares e lá ele se dá conta do que ficou para trás e não há caminho de volta.

Como está a negociação com os selos? Há previsão de um full-lenght? Tivemos alguns contatos de selos aqui do Brasil e alguns de fora, mas nada ainda muito certo e estamos aberto a negociações. Já há músicas para prontas para o début? Sim, temos músicas para um full-lenght, que já estão prontas esperando a hora de gravá-las, que esperamos ser em breve.

A faixa “Optare Mortem” é carregada de 17


Top 5. Quais bandas inspiram o som do Lacrima Mortis? Em poucas palavras, pontue cada uma delas. Uma pena ser apenas 5, pois cada banda de Doom Metal, indiferente da sua vertente (Death/Doom, Sludge, Funeral, Dark, Gothic..) tem sua parcela de influência, mas vamos as principais: Bethlehem, por tudo ter começado pela influência do álbum Dark Metal, lá no final dos anos 90. My Dying Bride, por ser uma eterna inspiração, principalmente o álbum As the Flower Withers. Loss por ser uma das bandas mais esmagadoras do estilo. Eternal Sorrow por ter sido a primeira banda de Doom Metal que pude assistir ao vivo lá nos meados dos anos 90 e ter causado tamanho impacto em minha vida. Por último e não menos importante, o Paradise Lost por escrever músicas miseráveis desde a sua fundação e por terem lançado uma

das obras primas do Doom Metal que é o álbum Gothic. Por fim, mesmo falando de morte, qual a esperança de vida para o Lacrima Mortis em 2017? O que podemos esperar? Sucesso e muito obrigada. Esperamos sobreviver hehehe... Falando sério, estamos começando a divulgar o EP Optare Mortem, algumas cópias físicas estão sendo produzidas. No mês de julho (dia 22) estaremos fazendo uma apresentação ao lado dos brothers da Agony Voices e do HellLight, na cidade de São Paulo. E se tudo der certo deveremos voltar ao estúdio para gravar as outras músicas e quem sabe já ter o full-lenght disponível. Quero agradecer a você pelo espaço e aos leitores da Rock Meeting e sigam-nos nas redes sociais e quem quiser adquirir o material digital, basta acessar lacrimamortis.bandcamp.com/releases ou quem preferir o físico só contatar via facebook . #StayDoom 18



20


Por Pei Fon | Fotos Pei Fon Texto Tiago Magalhães | Fotos Banda/Divulgação

A

produtora carioca Abraxas traz a turnê da banda polonesa Belzebong pela primeira vez à América do Sul neste mês de julho. Confira um papo com o guitarrista Cheesy Dude, que fala sobre os shows, viagens psicodélicas e muito mais.

Goatsnake e vocês provavelmente vão encontrar um pouco deles em nossa música… e claro, Black Sabbath! Quais são as suas expectativas com a Turnê pela América do Sul? É a primeira passagem da banda por aqui e pouco tempo após terem cancelado uma tour devido a problemas com o produtor no ano passado. Nós esperamos ver isso finalmente acontecendo com todos vocês! Mal posso esperar!

Poderia começar contando um pouco sobre a origem da banda? A Belzebong foi formada em uma caverna profunda do “Inferno Chapado” (meu antigo porão haha) há quase dez anos. Nós amamos Electric Wizard, Sleep, Weedeater, Acid King, 21


Ainda sobre o cancelamento, o que realmente aconteceu para chegar a tal decisão? Como foi a situação para vocês e houve alguma explicação vinda do dono da produtora em questão? Tudo estava indo tranquilo até um mês antes da tour, nós recebemos um email dizendo que ela havia sido cancelada porque os preços locais dos ingressos ficaram muito altos, isso foi o que ele explicou! Nós ficamos muito chateados! Muitas pessoas não conseguiram reembolsar o dinheiro gasto com os ingressos e eles escreveram nos pedindo por ajuda, tudo foi muito desconfortável e triste. Nós confiamos nesse cara e ele fodeu com tudo e até mesmo parou de nos responder. Tendo bong no nome da banda e referências à cannabis em seus álbuns, artworks e música, vocês levantam a bandeira da marijuana e sabendo que isso ainda é criminalizado e ilegal em muitos países. Nós gostaríamos de perguntar se já tiveram algum tipo de problema com as autoridades devido ao consumo em alguma tour ou até mesmo em seu país? Nunca, nós não fazemos nenhum tipo de pressão para que as pessoas consumam, nós queremos apenas sacudir nossas cabeças ao som do Doom em nome de satã. Suas performances ao vivo colecionam uma série de elogios vindos daqueles que tiveram a oportunidade de comparecer em alguma das suas apresentações. Vocês planejam gravar um álbum ao vivo algum dia? Talvez algum dia nós possamos fazer isso, mas não é algo que pensamos no momento. Temos algumas outras coisas que precisam ser feitas primeiro. 22


23


A Polônia tem uma cena musical interessante, você poderia descrever como é a cena underground do país atualmente e também como tem sido a evolução do Stoner/Doom polonês? Sim, a cena Stoner da Polônia começou a estourar há uns anos. Existem muitas bandas interessantes por lá, mas Weedpecker, Dopelord e Major Kong estão fazendo os melhores trabalhos na minha opinião. Eu acho que as pessoas no país precisam disso porque é algo diferente do Black/Death Metal que continuam sendo os mais populares na Polônia.

palmente os riffs! Nós temos uma nova faixa e algumas outras que ainda não foram finalizadas ainda, talvez no próximo ano estarão prontas. Quais bandas você conhece da cena sul americana do Stoner e Doom? Eu conheço Dragonauta e Ocultum. Eu gostaria de acompanhar alguns álbuns mais recentes também. Espero que eu possa conhecer algumas bandas locais durante a turnê. Nós gostaríamos de agradecer por conceder a entrevista e dizer que estamos ansiosos pela turnê. Você gostaria de passar uma mensagem para aqueles que comparecerão à turnê? Obrigado, continuem sempre chapados! Nos vemos na turnê!

O último álbum lançado pela banda ocorreu em 2015, atualmente vocês estão compondo material novo? Nós estamos trabalhando em um novo álbum, será o nosso terceiro álbum de estúdio, então nós não queremos apressar as coisas, princi24


25


26


27


Por Pei Fon com Rômel Santos Foto: Banda/Divulgação

D

emorou, mas valeu a pena esperar. “No Fear to Face what’s Buried Inside You” (2016), primeiro álbum do AttracthA, foi aclamado pelo público e mídia especializada do metal nacional como um dos melhores lançamentos de 2016. A banda é formada por Cleber Krichinak (voz), Ricardo Oliveira (guitarra), Guilherme Momesso (baixo) e Humberto Zambrin (bateria). Conversamos com o Humberto sobre a trajetória da banda, composição e os planos da banda. Confira! Entre o EP “Engraved” (2013) e o début “No Fear to Face what’s Buried Inside You” (2016), houve o lançamento do single “Unmasked Files” (2015). Como você avalia a evolução do AttracthA entre estes trabalhos? Humberto Zambrin: A banda que gravou o “Engraved” era outra, outro vocalista e outro baixista - apesar do Guilherme Momesso aparecer nos créditos, as linhas de baixo eram do Leonardo, que ocupou o cargo antes dele - é natural dizer que o AttracthA que se ouve no single “Unmasked Files” é mais próximo do AttracthA de hoje. Já nosso novo álbum mais recente mostra o fruto do entrosamento de três anos de uma formação estabilizada. É o que todos chamam de evolução natural das coisas. Ainda acho que a banda pode crescer mais musicalmente. Diria que 28


29


estamos no meio do caminho!

juntos em estúdio, num processo que eu, particularmente, considero lento e pouco produtivo, porém bem democrático, o que ajuda as músicas terem a participação intensa de todos. Já as mais novas, foram compostas exclusivamente pelo Ricardo, na guitarra, ele apresentava pra nós, criávamos a estrutura juntos e depois cada um trabalhou sua parte isoladamente. O fato curioso disso é que os outros caras da banda não tinham a menor ideia de como seria a versão final da música! Foi bem legal!

As músicas de “No Fear to Face what’s Buried Inside You” apresentam ótimos arranjos, mas sem os exageros da técnica. Conte-nos como funcionou o processo de composição. O processo foi dividido em duas fases distintas. Quatro músicas foram feitas entre 2013 e 2015, ainda com membros da formação antiga. Outras quatro foram criadas nas sessões de pré-produção do álbum e uma, “Unmasked files”, foi feita na formação anterior, mas ganhou uma versão diferente, foi retrabalhada nesse novo processo. As músicas mais antigas foram feitas com todos da banda compondo

O álbum apresenta uma interessante arte, com 4 capas diferentes, sendo apontada como uma das melhores de 30


2016 pela imprensa nacional. Fale sobre a ligação entre o conceito lírico e o trabalho do designer João Duarte. O conceito lírico veio primeiro, ou seja, eu escrevi todas as letras, dentro do conceito da visão pura do ser humano sobre sua personalidade e etc. Depois eu fui até o João explicar o que eu imaginava para o trabalho artístico-gráfico do álbum. Eu já tinha tido essa ideia de usar artes distintas para o álbum, possibilitando ao fã escolher a que ele melhor se identificasse como principal. O João abraçou a ideia, e fechamos, se bem me lembro, logo na segunda versão que ele fez! Ele entendeu bem o conceito e trabalhou super bem! Tempos depois ele me disse que não acreditava que

ia dar certo quando começou a fazer (risos)… mas deu muito certo! Vocês recrutaram Edu Falaschi para produção de “No Fear to Face what’s Buried Inside You”. Quais critérios utilizaram para a escolha? Edu contribuiu no desenvolvimento das músicas? Fomos buscar o Edu por conta do trabalho dele no Almah. Sempre tivemos o “Motion” como uma forte influência de sonoridade e quando soubemos que praticamente ele compõe tudo que o Almah faz, achamos que seria uma ótima opção. Obviamente, por conta disso ele ajudou muito nas composições. Muito mais nas mais antigas, onde ajudou a mudar as estruturas e 31


a arredondar muitos arranjos de voz, principalmente. Para as mais novas, pegamos o jeito rapidamente e tivemos poucas intervenções em estrutura e riffs, mas ainda assim, um bom suporte nas melodias, porém, mantendo as características do nosso som. O álbum impressiona também pela excelente sonoridade, mixado e masterizado nos Estados Unidos por Damien Rainaud (Fear Factory, DragonForce e Babymetal). Gostaram do resultado final de toda produção? Amamos! (risos) Se não tivéssemos gostado, não teríamos pago o Damien (risos). Obviamente demos muito trabalho pra ele no quesito mixagem, principalmente, mas ele soube captar o que buscávamos e fez um excelente trabalho. Não há nada no álbum que nos traga arrependimento. Tudo está como queríamos. Meses após o lançamento de “No Fear to Face what’s Buried Inside You”, como você avalia a repercussão do disco perante público e imprensa especializada? Pela imprensa, não temos do que nos queixar. Todos os veículos de comunicação especializados em Metal, e praticamente todos os jornalistas especializados, colocaram o álbum entre os melhores lançamentos do ano passado. Para uma banda que começou do nada, com um EP, conseguir esse reconhecimento logo no primeiro álbum, é a maior das vitórias! Somos muito gratos pelo apoio e reconhecimento da imprensa! Já os fãs, isso é indescritível! Perdi a conta das pessoas que vem falar com a gente agradecendo por um álbum tão bacana e bem feito… isso não tem preço! Pra cada aperto de mão, felicitação e cumprimento temos certeza de que cada minuto dedicado valeu a pena!

Promovendo o álbum, vocês lançaram o lyric video “231” e o videoclipe “Payback Time”, ambos muito bem produzidos. Qual a importância do material audiovisual para o AttracthA? Há planos para novos vídeos? Eu acredito que o material audiovisual é essencial para qualquer banda nesse momento do mercado. Muito mais do que na época dos videoclipes nas TV’s, hoje os vídeos nas mídias sociais expõem a banda de maneira completa, podendo levar muito conteúdo a todos os cantos do mundo. É de suma importância! Temos planos sim, para novos vídeos! Já temos 32


algumas coisas prontas e outras em desenvolvimento. Aguardem novidades, logo mais!

ta pra mim em 2015, quando fiz dois vídeos pilotos, que foram recordistas do canal durante muito tempo. A partir daí criamos a coluna que deve seguir ainda por algum tempo. Fora isso, iniciei meu blog, com a ideia de colocar num só veículo um pouco das minhas experiências no mundo de trabalho corporativo, afinal, paralelo à música tenho uma boa carreira como engenheiro numa grande multinacional no mercado de telecomunicações. Vejo muitos profissionais das artes, não só da música, cometendo muitos erros nas suas carreiras por falta dessa visão mais “profissional” de gestão da carreira. Então o blog vem pra colocar esse

Humberto, observamos que você tem realizado trabalhos em paralelo a banda, com vídeos mensais para sua coluna no canal Música Fácil e agora também com dicas profissionais para músicos no blog. Comente um pouco sobre seus projetos! Bom, eu vivo e respiro música, 24 horas por dia. E eu tinha muita vontade de colocar algumas ideias em prática, como vídeos de dicas para iniciantes. O Musica Fácil abriu essa por33


outro lado lá. Em breve estarei lançando mais um ou dois projetos na área de educação e disciplina. Espero que ajude muita gente!

dele tocando com o Kiss (o clipe de “I Love it Loud”) que decidi ser baterista; 2. Iron Maiden: Quem viveu nos anos 80 e se tornou headbanger, com certeza deve isso ao Iron Maiden. Pra mim, eles foram os precursores da massificação do Metal no mundo. Apesar de não ser mais uma influencia musical hoje, é uma forte influência de gestão de carreira e caso de sucesso na indústria musical do Metal, sem dúvida! “Up the irons!”; 3. Megadeth: Certamente a banda que mais me influenciou na adolescência, em conjunto com todo trabalho do Nick Menza. Foi um divisor de águas pra mim o “Rust in Peace”. Uma

Top 5. Faça um top 5 das bandas ou músicos que influenciam seu gosto musical e comente sobre cada um. Meu Deus! Sempre me enrosco nesse tipo de pergunta (risos). Só 5? Não é justo! Vou tentar: 1. Eric Carr (Kiss): tenho que mencionar o Eric Carr, porque ele foi o músico que me fez querer tocar. Eu já ouvia rock quando era criança, mas foi quando vi o primeiro vídeo 34


Quais os planos do AttracthA para 2017? Temos trabalhado pesado em conseguir manter uma frequência boa de shows, para divulgar o álbum e espelhar ainda mais o nome da banda no cenário. Queremos muito fazer mais shows pelo Brasil e pela América Latina entre 2017 e 2018. Como comentei antes, teremos mais material em vídeo saindo em breve para aumentar nosso portfólio e estamos tentando lançar o “No Fear…” na Europa e nos EUA. Torçam por nós!

obra suprema!; 4. Arch Enemy: Simplesmente adoro! Uma das melhores bandas na minha opinião, no quesito completo, de melodia, harmonia, performance e tudo mais. Escuto diariamente e não me canso; 5. Kiko Loureiro: Não musicalmente, mas como profissional, acredito que o Kiko seja o músico brasileiro de metal de maior sucesso, devido à sua disciplina e seu profissionalismo. Me espelho muito na maneira como ele lida com a carreira para desenvolver meus projetos. Ele é um excelente profissional da musica e um músico muito talentoso. 35


Por Samantha Feehiy (Wonder Girls )

S

e você tem algumas tatuagens é possível que você não esteja feliz com alguma delas, especialmente se elas foram feitas por impulso ou por um tatuador barato sem experiência. Nós todos temos arrependimentos e considerando-se que as tatuagens são para sempre, uma tatuagem que não agrada será lembrada todas as vezes que você trocar de roupa. Felizmente, existem tatuadores talentoso que podem resolver o seu problema usando técnicas para cobrir a tatuagem de uma forma fantástica. “Não é só o desenho que faz com que nos arrependamos, a escolha do profissional também é fundamental. Faz uns seis anos que estou cobrindo uma tatuagem que fiz com um ex que estava começando a tatuar na época”, diz Bianca Lopes, 25 anos, modelo Wonder Girls. Você deve ter em mente, que há limitações para cobrir uma tatuagem antiga com uma nova. Entenda como funciona a técnica de encobrimento de uma tatuagem. Quando

se faz uma nova tatuagem para cobrir a antiga, a tinta também é depositada na derme, junto com a tinta antiga. O pigmento nas novas tintas vão se unir aos antigos pigmentos. Por isso, a tinta de cor mais forte ou mais escura se torna a cor dominante. Por exemplo: vermelho e azul misturados, faz roxo. O mesmo se aplica a combinação da tinta de tatuagem por debaixo da pele. Tradicionalmente, o preto é a principal cor usada na hora de fazer uma tatuagem para cobrir uma antiga. Como novas técnicas estão sempre surgindo na comunidade da tatuagem, estão usando mais cores e posicionamento inteligente para ocultar antigas, tatuagens indesejadas. “Eu tenho várias coberturas mas vou relatar a primeira quando fiz tinha 13 anos hoje tenho 28 e naquela época não tinha muitos profissionais qualificados, mas eu tinha vontade de fazer e pedi pra minha mãe e um amigo fez, até gostei, era localizado um pouco acima do bumbum, um sol com uma lua de


Foto: Bianca Lopes


um lado e do outro três estrelas, mas como comecei fechar as costas elas não combinaram com o restante do desenho então resolvi cobrir pra ficar um resultado melhor com todo o projeto das costas, pra não fugir do que gostaria de fazer então cobri com duas rosas negras e acabei gostando e achei que ficou melhor no contexto de fechamento costas e bumbum” conta Caroline Vieira, modelo Wonder Girls. Um tatuador com experiência vai incorporar o design antigo da tatuagem, ao invés de destrui-lo. Muitas vezes tatuagens que são uma cobertura são cerca de 30% maiores do que a tatuagem original. Desta forma, as áreas de cores mais escuras do desenho podem camuflar a tatuagem antiga. E as cores mais claras podem ser utilizadas na pele que não recebeu tinta, esganando os olhos. Até poucos anos, a remoção de tatuagens era um desafio para a medicina. O método da dermoabrasão, excisão cirúrgica usando laser de Dióxido de Carbono, de argônio ou de rubi traziam resultados insatisfatórios, não eliminando todas as cores do desenho ou trocando a tatuagem por uma cicatriz inestética. Graças ao desenvolvimento tecnológico atualmente é possível remover uma tatuagem ou até mesmo criar um novo desenho para alterar a antiga, dando a possibilidade de renovar a pele. Hoje, com o avanço do laser, é possível eliminar uma tatuagem em até 100%. “Atualmente, a remoção de tatuagem com o uso do laser consegue resultados extremamente satisfatórios, em algumas sessões, sem deixar marcas, cicatrizes ou queimaduras”, diz Marcela Rodrigues, fisioterapeuta dermatofuncional. As evoluções tecnológicas favoreceram os tratamentos para remoção de tatuagens. Os modernos aparelhos de laser são a melhor

opção de tratamento, sendo mais seguros e propiciando resultados mais satisfatórios e eficazes. Seus resultados dependem de vários fatores como: localização, tamanho, tempo de existência, tipo de pigmento e cores utilizadas e tipo de pele. O tratamento é realizado com várias sessões, depende do tamanho da tatuagem, das cores que foram usadas, e da profundidade que elas se encontram na pele. “A vantagem do laser específico para remoção de tatuagem, como o Q-Switch é que a pele sem tatuagem não será atingida com a aplicação, a luz do aparelho a laser é direcionada pelas cores da tatuagem. Esta técnica utiliza lasers que atinjam um alvo específico, no caso das tatuagens, um tipo de cor. Este alvo atrai o raio absorvendo a sua energia, o que causa a sua destruição sem danos aos tecidos adjacentes”, diz Marcela. Mas calma, existem diversos fatores que influenciarão o processo de remoção ou clareamento de uma tatuagem, são eles: – cor da tatuagem (a cor preta sai com mais facilidade, colorida é bem mais difícil). – quantidade e profundidade do pigmento na pele. – qualidade do pigmento. – tamanho da tatuagem. – resposta imunológica pessoal. – local da tatuagem, etc. Segundo Marcela, a maioria dos clientes que o procuram tem como objetivo apagar uma tatuagem muito antiga ou nomes de ex-namoradas(os), por exemplo. “Ninguém deve conviver com um desenho que não lhe agrada. Com essa técnica podemos clarear a tatuagem para que a pessoa possa cobri-la com uma nova arte ou removê-la totalmente”, destaca. Vale ressaltar que é fundamental a ava-


Carol Vieira Tattoo


liação personalizada de cada caso, bem como a realização das orientações quanto aos cuidados necessários antes, durante e após as aplicações de laser. A adoção de tais cuidados contribuirá para a redução dos riscos de má cicatrização e, dessa forma, para a obtenção de melhores resultados. “As complicações mais frequentes dos tratamentos de remoção de tatuagem com laser são os distúrbios de pigmentação, resultando em manchas claras ou escuras que, na maioria das vezes, são transitórios”, finaliza Marcela. O laser tornou-se o tratamento de escolha para a remoção de tatuagens, pois proporciona uma alternativa eficaz, de baixo risco e com menores chances de cicatrizes inestéticas na pele. Há outros métodos, como

aplicação de luz intensa pulsada, dermoabrasão, cirurgia plástica e até peelings químicos em altas concentrações. Esses métodos tem um risco mais elevado de formação de cicatrizes que as tatuagens corporais. Atualmente, a remoção de tatuagem com o uso do laser consegue resultados extremamente satisfatórios, em algumas sessões, sem deixar marcas, cicatrizes ou queimaduras. de tratamento, sendo mais seguros e propiciando resultados mais satisfatórios e eficazes. Seus resultados dependem de vários fatores como: localização, tamanho, tempo de existência, tipo de pigmento e cores utilizadas e tipo de pele. Vale lembrar que não são todas as pessoas que podem fazer o procedimento. “Pessoas com problemas de pele e cicatrização


Bianca Lopes

não podem fazer, nem tatuagens, inclusive. O laser seleciona o pigmento da tatuagem sem danificar a pele circundante. Mas a nossa pele tem um pigmento natural chamado melanina. Pessoas com pele mais escura podem ficar, temporariamente, com a área tratada um pouco mais clara ou mais escura. No final, a pele volta a sua pigmentação normal sem o pigmento da tatuagem retirada. Mas se a pele estiver bronzeada os riscos de dano a pele normal aumentam. Não expor a região a ser tratada ao sol até uma semana antes da aplicação, não ter feridas abertas, infecções ou crostas no local a ser tratado e passar anestésico tópico na região no mínimo 30 minutos antes da aplicação”, frisa Marcela. O tratamento é realizado com várias

sessões, depende do tamanho da tatuagem, das cores que foram usadas, e da profundidade que elas se encontram na pele. A vantagem do laser específico para remoção de tatuagem, como o Q-Switch é que a pele sem tatuagem não será atingida com a aplicação, a luz do aparelho a laser é direcionado pelas cores da tatuagem. Esta técnica utiliza lasers que atinjam um alvo específico, no caso das tatuagens, um tipo de cor. Este alvo atrai o raio absorvendo a sua energia, o que causa a sua destruição sem danos aos tecidos adjacentes. O laser produz pequenos pulsos de luz que passam, sem causar nenhum dano, pelas camadas superiores da pele para serem seletivamente absorvidos pelo pigmento da tatuagem. Essa energia faz com que o pigmento


Caroline Vieira

da tatuagem se fragmente em partículas menores, que são então removidas pelo sistema imunológico do nosso corpo. A luz do laser é muito bem absorvida pela maioria dos pigmentos das tatuagens, porém é muito raro uma remoção completa de uma tatuagem após um único tratamento. Geralmente são necessárias algumas sessões, com intervalo de pelo menos 1 mêts entre elas. O número de sessões depende de algumas variáveis como: a cor da pele, a cor da tatuagem, o aparelho utilizado, o tamanho da tatuagem, a localização, a capacidade individual de cicatrização, os tipos de pigmentos utilizados e também há quanto tempo a ta-

tuagem foi feita. As tatuagens com cores pretas são mais fáceis de retirar que as coloridas. As cores mais fortes respondem melhores ao laser do que as cores claras, de baixo poder de absorção como o amarelo e o verde claro. As tatuagens mais antigas costumam sair com mais facilidade do que as novas. As peles mais claras tendem a ter um tratamento mais rápido que as peles morenas. A maquiagem definitiva é feito com pigmentos diferentes das tatuagens corporais, podem ter resposta ruim ao tratamento com laser e, por isso, poucos os médicos utilizam laser para remoção desse tipo de pigmentação.



44


45


Clisson, França - 16, 17 e 18 de Junho Texto Ana Paula Soares e Mauricio Melo Foto Mauricio Melo

I

r a Disneylândia do Metal é algo que, apesar dos anos e da experiência adquirida, continua impressionando e surpreendendo a cada edição e em 2017 a situação não foi diferente. Deixaremos como introdução oficial do texto as mudanças que mais chamaram atenção, muitas delas ou praticamente todas, com um saldo pra lá de positivo. Antes de relatar as mudanças do evento, destacaremos o reforço na segurança do mesmo, algo que passava bastante despercebido há alguns anos. Uma grande quantidade de militares, barreiras de concreto nas principais ruas de acesso ao Hellfest e uma revista mais incisiva no geral. É claro que, com os recentes atos terroristas no país, essa segurança era esperada e foi bem vinda. Nem bem chegamos ao recinto e as mudanças já chamavam atenção, como a nova entrada da área de imprensa, o portal era um amplificador gigante. Já a nova área de imprensa/VIP do evento é uma loucura, mesas, cadeiras, sombrinhas, duas caveiras decorativas, uma delas com feitas com shape de skates quebrados, uma piscina, um bar decorado com ossos e luminárias de crânios, uma fonte com estátuas sombrias, uma nova entrada e saída para o recinto dos palcos, 46


47


pontos de wi-fi gratuitos (funcionavam) não somente na área de imprensa, mas também em vários pontos do festival e um mini palco. Já dentro do evento, além dos postes de internet, também uma nova área para merchandise oficiais das bandas, mais banheiros, mais fontes de água para tentar aliviar o calor que este ano pegou pesado, uma área para refrescar a cuca com aquele banho de spray caindo do teto, caminhões e aviões de guerra espalhados no que chamam de Kingdom of Muscadet como parte da decoração e alguna cosita mas que agora já não vem à cabeça. Enfim, mais um ano e mais um show de festival. DIA 1 Vamos ao que interessa. Não poderia ser diferente, nosso primeiro compromisso nos levou ao nosso palco favorito, o Warzone. Quem acompanha nossas coberturas sabe que há alguns meses cobrimos aqui o Booze & Glory e sabem muito bem que o show do quarteto excede as expectativas. A dúvida recaiu sobre o horário, 12h15. Nem podemos falar em horário de almoço ou café da manhã, pois do lado de fora era perceptível a quantidade de gente ainda chegando com mochilas em direção ao camping. Uma vez mais o público do Hellfest surpreendeu e calou bocas, o Warzone lotou, vibrou e cantou com o quarteto e com seus escassos trinta minutos de apresentação. Abriram com “The Day I’m In My Grave” só para levantar poeira antes de “Leave The Kids Alone” com aquele refrão cervejeiro, braços ao céu, botas Doc Martens nos pés e até uma bandeira britânica foi levantada. Numa apresentação tão curta, atacaram com músicas dos dois últimos discos. Destaques para “Simple” e “Only Fools Get Caught” responsável pelo encerramento do set. Que início de festival tivemos! 48


49


Outra banda que também fez um set memorável no Warzone foi o Leftover Crack. Ainda não havíamos visto o show da banda e podemos dizer que é bastante recomendável, com toda sua mistura de estilos. Entre as mais destacadas “Homeo-Apathy”, “Nazi White Trash” e “One Dead Cop”. Ainda deu tempo de correr até o palco Altar e conferir um pouco do Exhumed, banda clássica de Death Metal. De volta ao Warzone foi a vez de conferir o The Bouncing Souls. Eles abriram a tarde com a esperada “That Song” e “Say Anything” e com o vocalista Greg Attonito descendo do palco e cantando junto ao público. A poeira que já estava alta e praticamente cobriu o vocalista, daquela posição já não se via nada e de lá mesmo surgiu “The Gold Song”, uma das mais celebradas junto a “True Believers”. Essa última já em fim de apresentação com um saldo bem positivo. Tentamos sim nos aproximar do Red Fang, mas se há algo que o festival necessita melhorar (e acreditamos que vá) é a entrada dos fotógrafos no palco Valley. Ou se chega muito antes e se sacrifica alguma apresentação ou não é possível entrar. Por ser uma lona, e a mesma conter as laterais fechadas, o acesso é difícil e o público que lá está não arreda pé ou facilita as coisas. Pois saltamos a agenda e visitamos o palco principal pela primeira vez em 2017 para conferir o Ministry. Está aí um show que faltava no currículo, sempre bateu na trave, ficou no quase muitas vezes, mas um dia acontece. Daquela formação que conquistou o mundo no final dos anos 80 e início dos 90 só restou Al Jourgensen, que ainda se mostra em condições em levar adiante a banda. Abriram o set com “Psalm 69”, continuaram com o ritmo arrastado em “PermaWar” e aceleraram com “Punch in the Face” e chegaram ao auge da apresentação com “Thieves” e “N.W.O.”. O mais estranho foi assistir a tudo isso debaixo 50


51


52


de um sol de rachar, talvez tenha perdido um pouco o clima. Mesma opinião (sobre a perda do clima) temos para o show do Behemoth, que entrou logo após o Ministry no Main Stage 2, aquela maquiagem, chamas e o clima sombrio foram varridos pelo sol. Mas quem definitivamente varreu tudo foi a poderosa apresentação do quarteto. Abriram com “Blow Your Trumpets Gabriel”, seguiram com “Furor Divinus” e então percebemos que o disco “The Satanist” estava sendo tocado na íntegra. Saindo do Behemoth demos uma rápida passada no Baroness no palco Valley e assim como o Red Fang, impossível de chegar próximo ao palco. De volta ao Main Stage e lá estava o Deep Purple declamando “Fireball”, “Bloodsucker”, “Strange Kind of Woman” até chegar em “Smoke on The Water”, engana-se quem acha que os Purple não são mais os mesmos, os senhores se mantém em forma, pelo menos para deixar em positivo a conta com o público. Em nova tentativa com o Valley e finalmente conseguimos nos adiantar ao grande público e conferir de perto o que Page Hamilton apresentaria com seu Helmet. “Give It” do clássico “Meantime” foi o tiro de partida, “Life or Death” do trabalho mais recente mostrou solidez, mas não podemos negar que, o que a galera realmente quer escutar é “Milquetoast”, “Unsung” e “In The Meantime”, é claro que Hamilton não se negou e quem estava lá curtiu muito. Mudamos direção e encontramos o Obituary entrando em cena da maneira mais clássica possível, “Internal Bleeding” do primeiro álbum e “Chopped in a Half” de “Cause of Death”. Gostaríamos de estender mais nossa presença, mas considerando que em quinze minutos o Rancid tocaria pela primeira vez no Hellfest, preferimos tomar posições. Lá estava 53


a bandeira do Rancid no fundo e após cinco anos sem assistir a banda, confessamos nossa ansiedade. Tudo bem que é um setlist mais manjados do ano, mas deixamos aqui nosso registro, “Radio”, “Roots Radicals”, “Old Friend”… somente mais adiante “Telegraph Avenue” do recém lançado “Trouble Maker”. Show redondo, sem surpresas e com tudo o que a galera queria escutar. Esperávamos um Warzone mais cheio, talvez as grandes bandas de nossa geração já não representem tanto assim para um novo público, mesmo assim, assistir ao Rancid no Hellfest foi excelente. Ainda que em nosso cardápio cabia a escolha de nomes como In Flames, Rob Zombie, Monster Magnet, Autopsy ou The Damned, o caminho de casa era o mais recomendado, pois dois dias como esse primeiro estavam por vir. DIA 2 Habitualmente o sábado é o dia mais “rico” da cena hardcore no Hellfest, o que significaria passar mais tempo do que o normal no Warzone e mais, significava comer poeira e sol na cabeça por mais tempo também. Abrimos a jornada com os holandeses do No Turning Back, impressionante foi descobrir que, a melhor banda de hardcore da Europa nunca tinha tido a oportunidade de tocar no evento. Para celebrar o feito, o quinteto não deu trégua e apresentaram seu novo disco “No Time To Waste” e muita coisa antiga, ou nem tanto como o caso de “Never Give Up”, “Stronger” e “Destination Unknown” e já que os stage dives não rolam junto a banda por conta da barricada, o vocalista Martjin foi o primeiro do dia a descer para berrar junto ao público. A primeira a gente nunca esquece e o No Turning Back confirmou favoritismo. Não deu nem para respirar e embarcamos para o Altar e escutar em 54


55


primeira mão o que o Nails tinha a apresentar, porradão total incluindo a música título do último disco “You Will Never Be One of Us”. De caminho ao almoço ainda deu tempo de uma rápida passada no Ugly Kid Joe, típica banda que faliu há 15 anos e que agora todo mundo quer assistir para matar saudades da época de escola, nada contra a banda e, sinceramente, até que fizeram um show legal, a galera correspondeu como esperado. É claro que “Everything About You” foi tocada, fechando o set, isso sim. Depois do almoço, voltamos ao Warzone para conferir Zeke e seu potente punk hardcore e que, em 40 minutos de apresentação, deixou pelo menos três dezenas de músicas, tudo a seu ritmo frenético que o fez suar em bicas. Sempre relaciono o Zeke ao Fu Manchu, o acho um Fu em 45 rpm. Estacionamos quase que em definitivo no Warzone e conferimos Frank Carter & The Rattlesnakes. Sim, Carter conheço da época do Gallows e do projeto seguinte que ele montou, Pure Love. Mas a pergunta que faço é onde perdi o rastro do rapaz? Show louco, insano, público entregue e cantando tudo em músicas como “Juggernaut” e “Lullaby”, e eu rindo da situação. Carter não só desceu pra galera, mas também caminhou sobre ele, um verdadeiro showman. O calor estava massacrante, o estacionamento no palco mais hardcore estava pago e por lá ficamos para conferir o D.R.I. que, quatro dias antes do Hellfest, tínhamos conferido em primeira fila o show em Barcelona. Assim como na cidade condal, os Sujos Podres Imbecis vieram com um setlist fantástico se você é um fã antigo da banda, pois “Who Am I?”, “I’d Rather Be Sleeping” e “Violent Pacification” foram responsáveis a dar boas vindas ao público, levantando uma poeira histórica, fazendo com que a banda tentasse se refugiar no fundo do palco e ao mesmo tempo fugir do 56


sol. Foi um verdadeiro repasse na discografia, incluindo músicas de todas as fases e álbuns como “Abduction”, “Acid Rain”, “The Five Year Plan” e até mesmo as lançadas no recente EP “Against Me” e “As Seen on TV”. Um show à altura de sua história, essa que nem eles mesmos devem saber aonde perderam o rumo, mas que seu público continua fiel. Na sequência tivemos o Comeback Kid e podemos afirmar que foi uma das apresentações do dia, não só pela qualidade de suas músicas, mas pela intensidade com a qual a banda se apresentou. O vocalista Andrew Neufeld pouco se importou com a poeira e comandou o povo como um verdadeiro maestro tanto de cima do palco quanto debruçado na grade e cantando junto a eles. Dentre as mais celebradas tivemos “G.M. Vicent and I”, “False Idols Fall” e “Wake The Dead” que foi responsável por finalizar o set. Nossa jornada já estava próxima do fim e não poderíamos faltar ao show do Agnostic Front, contundente como sempre apesar de alguns problemas no som. Tradicional abertura com “The Eliminator”, seguida de “Dead To Me”, “My Life My Way”, dando um rasante em clássicos como “Friend or Foe” e “Victim in Pain”. Roger se mostrou surpreso quando descobriu que o que via não era fumaça de palco e sim poeira, outra observação que chamou atenção foi quando se deu conta de que, o Warzone parece um pátio de presídio, considerando o formato e a decoração dos muros, confessou que lhe trouxe lembranças de vidas passadas. Stigma foi e sempre será Stigma, grande figura do hardcore. E o Aerosmith? A aquela altura e, não estando selecionado entre os dez escassos fotógrafos escolhidos a dedo para a missão (todos franceses), nos contentamos em assistir Steven Tyler e sua trupe a distância enquanto cantava clássicos como “Love In The Eleva57


58


dor” e “Walk This Way”. O grupo se mostrou em forma e parecem estar se despedindo com dignidade. Para fechar a segunda noite nos encontramos com o Suicidal Tendencies, primeiro dos três encontros que tivemos com a banda em onze dias. “You Can’t Bring Me Down” abrindo o set como de hábito, “I Shot The Devil” e na sequência “Clap Like Ozzy” do recente “World Gone Mad”. Talvez a que mais tenha chamado atenção do setlist foi “Trip at the Brain”, uma música que até bem pouco tempo estava dada como esquecida. A banda está redonda com Dave Lombardo, a molecada nova também empolga bastante, principalmente o baixista Ra Diaz. Finalizaram também de maneira tradicional com “Pledge Your Allegiance” e uma boa quantidade de convidados no palco. DIA 3 Último dia de festival, já começa a bater aquele cansaço misturado com a tristeza do fim. Chegamos o mais cedo possível e a tempo de assistir ao Prong no Main Stage 2. Está aí um grupo que não imaginava assistir um dia. Um grupo que teve um relativo sucesso, nunca foi grande, mas durante os anos noventa sempre esteve presente em algum toca discos aqui ou ali. Assim como foi o caso do Ugly Kid Joe, os metalheads também tiveram seus momentos de nostalgia com “Beg To Differ” e “Unconditional” demonstrando que o trio se mantém em forma. Momento raro do dia ficou por conta do Trap Them. Banda difícil de assistir ao vivo já que seus shows são escassos devido a forte personalidade de Ryan McKenney e o mesmo demonstrou no palco o porquê. Sua maneira de interpretar as músicas é definitivamente diferente dos vocalistas normais, seja com o corpo 59


contorcido ou mesmo olhando fixamente para o chão. Em algum destes momentos, entre as músicas “Prodigala” e “Luster Pendulums”, o mesmo abriu a testa, nada que o impedisse de continuar sua performance. Lembrando que Ryan já quebrou os dois pés num saldo em plena apresentação e não pestanejou em continuar até o fim. Muito respeito a esta banda Grind/Crust proveniente de Boston. Após um breve descanso, foi a vez do Deez Nuts pisar no Warzone e oferecer um pouco do hardcore australiano, ao melhor estilo “Yo!”, apresentando seu novo trabalho Binge & Purgatory. Não decepcionaram, mas também não empolgaram, talvez seu vocalista tenha ficado com pena de sujar sua roupa com a poeira, momento de destaque para “Band of Brothers”.

De volta ao Main Stage pudemos finalmente conferir Devil Driver, uma banda que passa com certa frequência pelo festival, mas sempre coincidindo horários com alguém mais importante. A banda se mostrou sólida principalmente em “Grindfucked” e “I Could Care Less”, duas das que mais empolgaram o público. Aproveitando o tempo e local assistimos boa parte do Alter Bridge que entrou na sequência no palco principal 1, logo ao lado. Um público bem feminino se mostrou fiel nas letras e só arredou pé quando a banda se despediu com “Rise Today”. De todas as coincidências de horários, a mais triste foi o choque entre Prophets of Rage e Integrity. E o pior, uma vez iniciado o Prophets já não daria tempo de chegar

60


ao Integrity, ou pelo menos de uma maneira que não gerasse estresse pelo caminho e não a toa o show do Integrity ficou praticamente vazio. Vamos ao que interessa. Muito bem, muito legal, também sou fã da música do Rage Against The Machine, suas letras e visão sobre o mundo e tudo que a obra de Tom Morello e companhia tenha criado, mas não compro suas ideias, apenas as respeito. Nossa, somos tão revolucionários que chegamos para a entrevista coletiva em carro de luxo, só permitimos que nos fotografassem na mesma coletiva por trinta putos segundos e para nosso show selecionaremos os fotógrafos de revistas que mais nos interessam, nossas camisetas custam bem mais caras do que a de todos os outros grupos que existem no festival, quando na ver-

dade deveríamos fazer tudo ao contrário e verdadeiramente chutar o sistema. Enfim, deixamos o morde e assopra de lado e descrevemos o show. Um setlist decorado para a turnê, conversação com o público, homenagem a Chris Cornell na música “Like a Stone”, coincidência ou não, três anos antes, no mesmo horário e no mesmo palco o Soundgarden fez sua apresentação na edição 2014. Início da apresentação foi com “Prophets of Rage” emendando com uma sequência do RATM que no fundo é o que todos querem escutar. Com o DJ em ação e uma pausa nos músicos, Chuck D e B-Real continuam em cena cantando suas origens com Public Enemy e Cypress Hill. No retorno ao palco, mais uma sequência de Rai-

61


va Contra a Máquina incluindo “Bulls on a Parade”, “Bullet in The Head” e finalizando com “Killing In The Name”. Bom? Sim e muito, mas não confundam com o RATM como muita gente está dizendo por aí, que foi ao show da banda e tal. O Prophets é muito bom, mas o Rage para no nome. A fúria de suas músicas não é a mesma exibida com Zack De La Rocha empunhando o microfone e quem já teve a oportunidade de assistir o Rage Against The Machine em versão original sabe do que estamos falando. Lembrando que não há muito o quarteto passeou pelo mundo e a visita incluiu o Brasil. Quem realmente chuta tudo e oferece

um show a cada vez que visita o festival é o Clutch e dessa vez não foi diferente. O palco Valley lotou e o problema com relação ao fosso de fotógrafos se repetiu, é obvio. Sem problemas, nada que uma visão geral e por detrás da mesa de som não solucionasse. Foi uma verdadeira aula de rock que incluiu temas como “Burning Beard” e “Profits of Doom” e mais uma dúzia que ficou pela estrada. Enquanto o Linkin Park tocava seu pop, para os nostálgicos mais jovens o Every Time I Die fazia um grande show e com vocalistas improvisados, já que Keith Buckley teve um problema familiar e teve que retornar a casa. Nada que o vocalista do Trap Them não pudesse solucionar e 62


bem na primeira dezena de temas, e logo sendo substituído por Jeremy DePoyster do grupo The Devil Wears Prada. Finalizaram apresentação com “We’re Wolf” e uma centena de pessoas no palco. Com o Every Time I Die poderia ter sido o final apoteótico ao palco Warzone e por que não do festival? Mas dois compromissos nos dividiam. De um lado os pesos pesados Slayer e do outro lado The Dillinger Escape Plan. Diante da duvida passeamos pelos dois. Fizemos as fotos do Slayer, curtimos três músicas em terra. Subimos na roda gigante e lá de cima assistimos as duas apresentações de forma simultânea. De um lado “Seasons in the Abyss”,

“South of Heaven” e “Rainning Blood”, do outro “One of Us is the Killer” e “Happiness is a Smile”. Ao finalizar o passeio pela grande roda, assistimos em terra como o Dillinger finalizava sua apresentação com “Limerent Death” e “43% Burnt” e chegou a hora, o Hellfest 2017 já era história. Corremos, sorrimos, suamos, vibramos, nos cansamos, nos aborrecemos algumas vezes porque ali dentro nem tudo é alegria, mas ao chegar em casa temos aquela sensação de dever cumprido e sonho realizado por um ano mais. Hellfest 2018: 22, 23 e 24 de Junho. Ali estaremos, não tenham dúvidas! 63


64


65


Por Pei Fon | Fotos Desiree Galeotti

É

muito bom ouvir as novidades das bandas brasileiras. Principalmente porque o investimento na música, num geral, ser complicada e ter estímulo para continuar ser ainda mais desafiador. Tive a honra de ouvir o novo cd do Dark Avenger. Fui convidada pelo amigo de longa data, Glauber Oliveira (guitarrista). Então topei o desafio e escutei. Fui surpreendida positivamente. E garanto que, quem ouvir, vai ter a mesma impressão que tive. Fui envolvida pelas músicas e uma outra tocou de verdade. Foi uma experiência bastante sensitiva, longe das tecnicidades que acompanha. Acredito bastante que música é para encantar o ouvinte, seja o estilo que for. Leia agora meus apontamentos sobre as músicas de “The Beloved Bones” e as previsões para lançamento e show inédito. “The Beloved Bones: Hell” é o sexto álbum do Dark Avenger. A priori, como tudo iniciou? Inspiração, gravação, tempo. Conta para nós. Mario Linhares: Tudo iniciou como ideias para o novo disco do Harllequin, onde eu e Glauber estávamos refazendo a banda para um novo trabalho de estúdio. Já havíamos feito uma música, “Parasite”, e nesse interim coincidiu de abrir uma vaga de guitarrista no 66


67


Dark Avenger e eu convidei o Glauber para o posto. Ao assumir essa posição, tivemos uma nova conversa em que ficou definido que o Dark Avenger seria prioridade total a partir daquele momento e que traríamos a sonoridade do Harllequin para dentro do estilo do Dark Avenger, chegando a uma química que eu, particularmente, sempre busquei. Concomitante a isso, eu estava me recuperando de uma cirurgia para remoção de um tumor na Coluna Vertebral e o processo de dúvidas sobre a morte e a recuperação da cirurgia foram fatores preponderantes para a criação do conceito que alicerça os dois álbuns (Hell e Divine), além de cadenciar e sequenciar as músicas e suas atmosferas. Esse processo criativo cerca de um ano e meio e a produção mais um ano e meio. TBB é uma peça. É mais complexo criar algo nesse molde do que buscar uma temática e trabalhar em cima dela? Mario Linhares: Sim. Uma peça tem que ter Personagem, Texto e Motivo. A trama que une esses três entes tem que ser bem construída de tal forma que não se desfaça antes do tempo, não se alongue demasiadamente, se sustente no tempo em que transcorre e possua legitimidade cognitiva que desafie e prenda a atenção do interlocutor com seu ineditismo, sob pena de cair na vala comum do previsível. A faixa-título abre os trabalhos. Tenho comigo que se os primeiros minutos me cativarem é porque devo gostar do que está por vir. Um orquestral e instrumental bem colocado vai me ganhar sempre. Explique um pouco sobre essa faixa. Glauber Oliveira: O The Beloved Bones é um solilóquio, que se apresenta com sua nostalgia e solitude. O violino do início é a narrativa pungente e dramática de um ‘eu’ que inicia uma viagem para dentro de si em busca de visualizar seus infernos que, sendo multidimensional, irão explodir e ex68


69


pandir mais à frente... assim como as orquestrações do disco. Se você prestar bem a atenção, o disco começa e termina em um caminhar... para dentro do inferno do ‘eu’ na primeira música. Para fora do inferno do ‘eu’ na última música... com atuações similares dos dois instrumentos (violino no início e guitarra no fim), mas com tônus interpretativos opostos. O álbum é uma constante discussão entre a razão e a emoção. Em que momento vocês acham que elas se unem? Mario Linhares: O Racional inicia a caminhada dessa primeira parte do “The Beloved Bones” muito agressivo por se achar menosprezado por um EU em que há predominância do Emocional na sua personalidade. Com o transcorrer do disco o antagonismo entre eles vai diminuindo e se equilibrando, culminando na décima primeira música com a predominância de um EU totalmente equilibrado. Mário, cantar razão e emoção é complexo? Mario Linhares: Muito... é um trabalho que beira a esquizofrenia... e um cuidado muito grande para não soar esquizofrênico. O mais importante é passar e manter a legitimidade da ideia sem soar piegas nem superficial. “Parasite” é bastante interessante no que tange as péssimas amizades e influências. Ninguém está livre disso na vida. Gosto bastante dessa faixa. Glauber Oliveira: Na realidade Parasite fala de um Emocional que não enxerga o Racional como um parceiro na construção da psiquê humana. Ele sente que o Racional é um parasita de sua vida... ou seja... ele enxerga que a vida do EU deve ser apenas emoções... 70


e os alertas e orientações do Racional não são bem vistas nem bem vindas. Toda essa aversão é demonstrada na forma de ira e desespero. Procuramos demonstrar esse momento com o máximo de agressividade. “Breaking Up Again” questiona a própria existência do ser. Se ele seria um heroi, mas não distante da realidade, seria o mesmo que ‘o que estou fazendo aqui?’, por exemplo? Mario Linhares: Essa música é a antítese da anterior. O Emocional iniciou uma argumentação em “Parasite” onde procurou marcar posição sobre suas ideias, mesmo que erroneamente. Em “Breaking Up Again” ele tenta exaltar sua participação na constituição do EU, mostrando que é por causa dele e de suas ações que o EU existe e é feliz... argumentos fortemente refutados pelo Racional. “Empowerment” é a razão tentando ajudar o emocional a enxergar, se recuperar, buscar uma saída para sua própria sobrevivência. Vocês já viveram isso na prática? Glauber Oliveira: Sim... os processos de interação familiar, profissional e até mesmo intrapessoal são sempre recheado desses momentos em que a razão tende a nos puxar para fora de situações mentais de pessimismo e derrota. E é disso que a música fala... o Racional falar mais alto... sem ofuscar nem ignorar a fragilidade do Emocional. “Nihil Mind” é sobre fim de relacionamento, pelo menos encaro assim. Engraçado é que me sinto parte dela. É o emocional sendo racional, buscando explicações, com uma carga emotiva densa sobre si querendo afastar esse sofrimento. 71


72


Mario Linhares: Sim, é uma lembrança do momento em que houve o rompimento da interação estreita, normal e desejada, entre o Emocional e o Racional do EU. Como Racional e Emocional tem um appeal muito grande em termos semióticos entre o masculino e o feminino, é super normal essa interpretação ter analogia entre a vida de duas pessoas. Somente a morte liberta dos fracassos da vida? A pessoa, enquanto vive, não pode buscar sua liberdade também? O que poderia impedir? Mario Linhares: Somente ‘a morte do problema’ liberta a pessoa das situações de infelicidades. O disco não trata da morte física do EU e sim da dor de ter que interromper uma situação dolorida na vida. Por exemplo, imaginemos uma situação bem comum como uma mãe de família, que é dona de casa, três filhos, que lutou para ter sua casa e seus bens... mas vive um casamento violento. Decidir sair de casa com os filhos, abandonar o casamento e o seu padrão de vida, familiares, não deixa de ser uma decisão muito difícil de tomar. É como se fosse uma morte e é disso que a música fala: “enquanto o EU não matar essa situação de infelicidade e desconforto... ele continuará vivendo um inferno” “Solar Mors Liberat” é sensacional. O instrumental faz toda a diferença. Já posso até imaginar o vídeo dessa canção. Um lugar obscuro, com bastante neblina e galhos secos, uma única lápide. O ser questionando a si mesmo enquanto vivo. Após os últimos acordes da guitarra, definha sobre sua própria sepultura. Glauber Oliveira: Wow... gostei da ideia! É algo a se pensar! A música é um réquiem, uma música para os mortos, que é foco central da letra. Mas não a morte do EU, porém a morte do problema do EU. É o fim do problema e o nascimento de um 73


novo caminho para o EU... ainda desconhecido. Por isso os dois ambientes da música. Morte e Renascimento. “When Shadows Fall” é bastante reconfortante. Após ‘morrer’, que lugar seria esse para se sentir livre? Mario Linhares: A pessoa que morre para seus problema tem a obrigação de fazer valer a sua existência. Como fazer? O que vai ser ou acontecer? Ainda não se sabe... só no próximo disco. O importante é não ter medo do desconhecido. Não ter medo do que está nas sombras do conhecido. E é disso que a música fala. Aquilo que eu amo, ainda me é desconhecido. Ainda descobrirei. Após ouvir o cd inteiro, a sensação que dá é que, em algum momento, você é tocado por alguma faixa. Impossível não enxergar o que você viveu/vive. Falar dos percalços da vida pode ser ‘fácil’, mas não é, é bastante complexo. É um cd muito bem pensado, tocante e envolvente. Com certeza, estará entre os melhores lançamentos de 2017. Glauber Oliveira: Esse era o objetivo nosso desde o início. Foi um trabalho muito bem pensado, construído para ser solidário e generoso com quem interagir com ele. E, acima de tudo, ser atemporal. Estamos felizes com os primeiros resultados, as pessoas tem se enxergado nele e nos procurado para dar seus depoimentos pessoais. Isso é algo que não tem preço! Um show está sendo marcado para setembro e vai tocar na íntegra “The Beloved Bones: Hell”. Vocês pensam em propor uma experiência sensitiva aliada ao sonoro nessa audição? Glauber Oliveira: Não pensamos em nada 74


disso ainda. Certametne haverá uma cenografia, iluminação e backing vocals dando um tom mais espetacular ao show. Agora em quarteto, há uma responsabilidade imensa em todas as composições. Mas nada ficou a desejar. Sob a produção de Glauber Oliveira, também guitarrista, o DA toma um novo rumo? Mario Linhares: O Dark Avenger é um quinteto. A foto de divulgação atual consta de quatro integrantes, pois estávamos em um momento de transição de membros da banda e não havíamos escolhido o novo baterista, Brendon Hoffmann. Quanto aos novos rumos, o Dark Avenger está tomando o rumo que eu sempre quis, mais pesado, mais moderno, mais Dark. A entrada do Glauber e sua produção foram fundamentais para a solidificação desse novo caminho... que não tem volta. E por que masterizar com Tony Lindgren, do Fascination Street? O mesmo lugar que o Kreator deixou para ‘cuidar’ de “Gods of Violence”. Glauber Oliveira: A escolha faz parte desse novo direcionamento sonoro que desejamos para a banda, pesado e denso, mas ao mesmo tempo, dinâmico em suas estruturas e atmosferas. Por fim, o que podemos esperar do Dark Avenger para 2017? Muito obrigada e sucesso! Mario Linhares e Glauber Oliveira: Queremos poder aumentar exponencialmente a nossa base de fãs e fazer muitos show pelo Brasil e pelo mundo para mostrarmos esse novo trabalho. Gostaríamos de poder levar a cada pedaço desse país, principalmente em localidades em que ainda não temos tocado com a frequência que desejamos. 75


76


77


Texto e Foto Pei Fon

Q

uem foi a São Paulo no último final de semana de junho, não se arrependeu. Especialmente para aqueles que estiveram no Liberation Festival. A celebração marcava o retorno de King Diamond ao Brasil após 21 longos anos. Essa foi a primeira e última vez foi no Monsters of Rock, com a dobradinha Mercyful Fate & King Diamond. Em entrevista exclusiva para a edição Nº 92 da Rock Meeting, o dinamarquês não economizou nas palavras e disse, bem claro, que esse seria o melhor momento para vê-lo. E ele tinha razão! O cast do Liberation Festival ainda contou com Lamb of God (EUA), Carcass (UK), Heaven Shall Burn (ALE) e a banda brasileira Test. Os shows aconteceram no Espaço das Américas. Chegada O legal de alguns pontos de shows em São Paulo é que ficam próximos das estações de metrô e isso facilita, e muito, o deslocamento. Com isso você pode observar a movimentação de quem está indo para o mesmo lugar. Num dado momento, sentir-se perdi78


79


do não era problema. Bastava seguir a galera de preto e a maré te levava para o destino. As imediações da estação de metrô e do Espaço das Américas estavam tomadas pela galera que vestia preto. Dava para reencontrar os amigos. A vibe do lugar não poderia ser melhor. O local do show é grandioso (você realmente fica impactado) e comportou muito bem a proposta do festival. Lá dentro existia fila para tudo: credenciamento, ingresso, comprar merchan, banheiro, tirar foto no banner oficial. Foi gente demais, pense! Show A banda paulistana Test abriu os trabalhos. Seus 30 minutos de show não foram desperdiçados. Test é uma dupla. Eles colocam seus equipamentos dentro de uma kombi e tocam onde é possível. Esses dois caras são guerreiros e não existe dificuldade para eles. O palco já estava pronto para a chegada dos alemães do Heaven Shall Burn. Quando foram anunciados pela Liberation, houve uma enxurrada de comentários negativos e foi preciso a produtora soltar uma nota por conta disso. Muitos questionavam o fato de não ‘combinar’ com o King Diamond. Mas o próprio rei solicitou essa diversificação nos estilos. Se ele pediu, quem somos nós? O show dos caras foi bem interessante, enérgico, mas poucos, ao que pude ver, estavam realmente empolgados. Outros estavam atentos ao som dos caras e muitos perambulando. Os que realmente viram tudo estavam próximos à grade e sair de lá não era opção. Depois os ingleses do Carcass trouxeram seu ‘hospício’ para o Liberation Festival. A presença deles era bastante aguardada pelo público mais ‘conservador’. E não foi menos 80


81


82


que um excelente show. O som estava bem redondo. Em alguns momentos a guitarra estava muda, mas nada que oferecesse tanto risco a apresentação do quarteto. A sensação que ficou é que precisam voltar ao Brasil. Os horários estavam sendo seguidos à risca e o Lamb of God subiu no tempo certo. O quinteto americano, liderado pelo seu frontman Randy Blythe, mandou logo uma pedrada de cara. “Laid to Rest” é o tipo de música que você espera lá para o final ou no meio, talvez. Mas começar nunca. Que porrada sonora. Queria ter desfrutado dessa música de um jeito melhor e não tendo que pegar as melhores imagens. Confesso que ver de pertinho tem seu gosto especial. Enfim. Foi um passeio pela sua discografia, no entanto, deixou algumas músicas importantes de lado com “11th Hour”, “Desolation”, “Ghost Walking” e, principalmente, “Black Label”. O setlist do Rock in Rio 2015 estava melhor. A tão aguardada apresentação estava chegando. O público estava disperso. Você conseguia andar tranquilamente. Havia espaços, mas quando o show do LOG acabou, esses espaços sumiram. As pessoas se apertavam mesmo, tentando chegar o mais próximo do palco. Então começou o show. A estrutura de palco impressionava. Eis em cena a Grandma. Depois os músicos. Enfim, ele. Geral estava alucinada quando ele apareceu em meio à fumaça. Aquela sensação de ‘ele existe mesmo’, sabe? Quem enfrentou horas na fila e na grade não saiu decepcionado. Foi um verdadeiro espetáculo. Ter todos os elementos do palco te coloca dentro daquela atmosfera. Você se sente parte de tudo. A experiência sensitiva aumenta exponencialmente e é impossível não ser impactado. 83


Tocando “Abigail”, na íntegra, músicas de outros álbuns e clássicos do Mercyful Fate, o fã não poderia achar ruim. Mas fã que é fã sabe que duas horas é pouco. A apresentação de King Diamond figura entre as melhores de 2017, quiçá a melhor. Mesmo para esta que vos escreve, não sendo tão fã do ‘rei diamante’, não é difícil classificar esse show como destaque do ano. Por tudo. Por sua grandiosidade, pelo desafio de trazer esse aparato técnico, por oferecer a melhor experiência para o fã. Olhando ao redor, haviam gestantes, crianças, adolescentes, jovens e adultos na casa dos ‘enta’. Foi um espetáculo para todos, sem dúvida. Agora sabe-se lá quando se verá algo assim de novo pelo Brasil. Lembram do Test? Que tocam em qualquer lugar? Pois é, eles estavam do lado de fora, na rua, fazendo seu show, esquentando aquela madrugada fria em São Paulo. É isso. King Diamond foi espetacular!

84


85


86


87


Rocksound Barcelona 2017 Texto & Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

Q

uem leu a resenha do D.R.I. e Hatebreed pode achar loucura, dois lugares diferentes e na mesma noite. Sim, é possível! Os promotores de ambos os shows combinaram para que um começasse ao final de outro, assim só foi necessário atravessar a rua, acomodar a câmera e dizer “olá Burning Heads”. O quarteto francês apresentou em Barcelona o setlist de seus discos lançados pela Epitaph, na década dourada do punk rock melódico, numa época em que assinar pela Epitaph era ostentação, selo de qualidade e carimbar o passaporte pelo mundo. Be One With The Flames e Escape foram os albums que abriu as portas para os europeus em questão e os levou em turnês mundiais. Para a banda de abertura tivemos os japoneses do The Skippers, mas como dito anteriormente, o evento entre D.R.I. e Hatebreed não nos permitiu conferir. Pit, Tomoi, Mikiss e o baixista flutuante JYB não deram trégua e desceram a madeira em forma de melodia. “Wise Guy”, “Times Up”, “Gray”, “A Bitter Taste” e “Little Bird” foram algumas que fizeram a festa da galera num setlist que parecia infinita. Sinceramente acho que o show só acabou por conta do horário do metrô, que por aqui fecha a meia noite em dias de meio da semana, porque se dependesse da animação do público e da disposição da banda estariam tocando até agora. 88


89


90


91


92


93


Sala Razzmatazz 2t Texto & Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

M

uita gente se perguntou o porquê de juntarem Hatebreed e D.R.I. numa mesma sala, numa mesma noite ou se a turnê era conjunta. Não, nada disso. Simplesmente a promotora HFMN tinha como disponibilidade de data, duas bandas, dois locais diferentes em sua agenda e uma possível divisão de público. São da mesma escola? Claro que não, mais justo dizer algo como influência e influenciados ou algo próximo a isso. Também uma oportunidade de juntar dois públicos para que a velha guarda conhecesse o Hatebreed e a garotada tivesse uma ideia do que escutávamos há vinte ou trinta anos atrás como é o caso de alguns. A verdade é que o Dirty Rotten Imbeciles apresentou um setlist de luxo para seus fãs e acreditamos que sim, agradou a molecada porque a barraquinha de merchandise vendeu bonito. O quarteto dividiu o setlist em blocos de fase, ou seja, iniciou ao melhor estilo com “Who Am I?”, “I’d Rather Be Sleeping” e “Violent Pacification”, passaram a sua fase de cabelos longos e o disco Four of a Kind com “Slumlord”, “Dead in a Ditch”, “Manifest Destiny” e “Suit and Tie Guy”. Visitaram timidamente o disco “Definition” com “Acid Rain”, apresentaram o novo EP com “Against Me”, “Anonymity” e “As Seen 94


95


on TV”, retornaram aos headbangers com um dos momentos mais celebrados da noite com “Thrashard”, “Beneath The Wheel” e “Abduction” antes de finalizaram com “I Don’t Need Society”, “Mad Man” e “Five Year Plan”. A banda saiu ovacionada, com um público rendido e muitos se perguntavam se a banda consegue viver ou sobreviver da música. Pela inconstância demonstrada dos últimos anos e por entrevistas que fiz recentemente, diria que não. Em alguma encruzilhada pegaram o caminho errado, mas ainda há tempo para Kurt e seu inconfundível vocal e Spike e riffs que mais parecem impressões digitais, recuperarem o tempo perdido. Máximo representante do hardcore da nova geração o Hatebreed passou por Barcelona para apresentar oficialmente seu último trabalho, “The Divinity of Purpose”, abrindo o set com a mesma música que abrem o trabalho em estúdio, “Put It To The Touch” e oferecendo em seguida o que o público quer com “Live For This”. Banda sólida como sempre, boa movimentação de palco, invejáveis riffs entre Wayne e Frank e galera entregue. “Proven”, “This is Now”, “Destroy Everything” e “I Will Be Head” ecoaram nos quatro cantos da sala, circle pits, foram formados com freqüência, mas para esse show o stage dive foi oficialmente vetado. Sem problemas, existem outras maneiras de se divertir e gritando nos refrões é uma delas. Happy Birthday B.

96


97


98


99


Sala Razzmatazz 2 - Barcelona Texto Ana Paula Soares e Maurício Melo Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

A

ssistir o Ratos de Porão junto ao Suicidal Tendencies em Barcelona? Tão legal quanto esta noite foi a do D.R.I. e Hatebreed, mas podemos confessar que Gordo e Muir, mestre Jão e Dean Pleasants/ Jeff Pogan, Juninho e Ra Diaz, Boka e Dave Lombardo, todos na mesma noite foi como um tapete vermelho em noite de gala. Desde o anúncio do cartaz que a galera se emocionou e a prova disso foi a bilheteria, um verdadeiro sold out. Algo que, em passagens recentes, nem Madball com H20 e Ignite, nem o Hatebreed e D.R.I. como mencionado acima conseguiram fazer. É claro que, pelo fato do Suicidal Tendencies não tocar em Barcelona há dez anos e pelo carisma do público catalão com o Ratos de Porão, tudo refletiu na venda de ingressos. Poucas vezes chego na sala Razzmatazz e vejo a fila dando a volta na esquina na espera da abertura de portas e Fo um dia desses. Já do lado de dentro, Juninho concedia entrevista para um site espanhol, Boka dava seu role habitual e até mesmo Dave Lombardo passou despercebido pelo público. Chegada a hora e aquela sensação boa, a galera fazia o tradicional coro “Ratos! Ratos! Ratos…”, Juninho plugava seu Rickenbacker, João atrás das cortinas esperando o apagar da luzes e por ali estávamos, dentro 100


101


do palco. Abriram com “Tattoo Maniax” e o primeiro circle pit já se formava, “Plano Furado” e sua letra mais atual do que nunca antes de “Ignorancia”, estava em cena o disco “Vivendo Cada Dia Mais Sujo e Agressivo”, justamente o disco que me levou ao primeiro show da banda, na época do lançamento. Exatamente por estar posicionado junto ao Juninho vi sua maneira peculiar de se apresentar, algo que só a música pode explicar e com certeza seus movimentos não são pensados, seus passos, seus saltos e seu caminhar com o instrumento me fez lembrar um dançarino de valsa, ao melhor estilo crossover é claro. Somente para a quinta ou sexta música deram uma pausa no V.C.D.M.S.A com “Morrer” e “Mad Society”. Ainda que tenham retornado ao álbum em questão para “Peste Sexual” e “Pensamentos de Trincheira”, outras que tiveram um destaque foram “Aids, Pop, Repressão”, “Máquina Militar” e “Crianças Sem Futuro” do disco “Brasil” e “Crucificados Pelo Sistema” com o coro massivo do público, por aqui é definitivamente a música mais celebrada do público. Do disco mais recente, “Século Sinistro”, tivemos “Sangue e Bunda” e de “Carniceria Tropical”, “Banha”. Foi ótimos assisti-los uma vez mais, nunca será demasiado, nunca será o suficiente e em definitivo a melhor banda de Crossover do Brasil e por que não do mundo? Honestos, nunca vendidos ainda que algum imbecil de um confuso país sul americano diga que sim e eternamente respeitados por onde quer que passem. Ratos é Ratos e quem não goste que ature. Terceiro show do Suicidal Tendencies em onze dias, ou seja, praticamente um a cada quatro dias. Iniciamos nossa maratona no Hellfest, no Sábado 17 de Junho. No sábado seguinte no Download de Madrid e finalizamos em Barcelona apenas quatro dias depois. 102


103


Somente passando por essa maratona podemos confirmar que, um show de festival não é o mesmo que numa sala e sendo o nome da noite. Nos grandes eventos os tempos são previamente estipulados, muitas bandas saem com o tiro certo, ou seja, aquele setlist que não falha e sem tempo para firulas. Em Barcelona, não foram um aperitivo ou uma opção de um gigante cardápio, foram o prato principal e ainda que em parte o setlist tenha lá sua semelhança como a abertura com “You Can’t Bring Me Down”, “I Shot The Devil (Reagan)” e “Clap Like Ozzy”, desta vez vimos duas invasões autorizadas de palco. Em “Possessed to Skate” apenas mulheres puderam subir no palco e o grande finale com “Pledge Your Allegiance” com o público em geral. Dave Lombardo foi oficialmente apresentado ao público catalão e muito aplaudido, Ra Diaz e Jeff Pogan, baixo e guitarra respectivamente, dão uma nova energia na banda e definitivamente parecem curtir mais o show do que quem os assiste, Pleasants demostra toda sua técnica, experiência e de quebra ainda arrisca alguns saltos, de maneira tímida isso sim. Mike Muir parece não sentir a idade. Livre de seus problemas lombares que o atormentava há algum tempo, deu um show à parte. Uma movimentação invejável, interagindo com o público e suando bicas, deixando claro que ou se prepara para os shows ou os mesmos o deixam fisicamente em alta. Tradicionais discursos entre música e música, um repasso na discografia com músicas como “Trip The Brain”, “Send Me Your Money”, “Cyco Vision”, “Freedumb” e “How Will I Laugh Tomorrow”, esta última uma raridade de ser tocada ao vivo, mesmo já tendo assistido ao S.T. em diversas ocasiões e em diferentes fases, está aí uma música que ao vivo, havia passado em branco. Curioso também foi ver ao João Gordo e Boka curtindo o Suicidal em primeira linha, junto 104


105


106


ao público entre um aperto de mão e outro ou pausa para fotos. Fim de noite e hora de colocar na balança o que havíamos presenciado. Não, não será uma comparação, muito longe disso. Do lado de fora o próprio Gordo reconheceu, “os gringos chegaram e deram um show”. Sim, estamos de acordo João, mas aí vem aquela teoria. Uma medalha de ouro de um atleta americano é obrigação, os caras vivem daquilo, para aquilo e o retorno é inevitável. Medalha de Ouro, Prata, Bronze ou nem mesmo receber algo, no peito de um brazuca vale pra caralho, vale mais do que todas que o Phelps ou Bolt conseguiram, porque o apoio é diferente. Ser roqueiro no Brasil é coisa de doido, é remar contra a corrente. Chegar aqui e colocar o público no bolso, é de uma grandiosidade extrema. Vida longa ao Crossover, Vida Longa ao R.D.P. e ao S.T.

107



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.