Rock Meeting Nº 87

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EDITORIAL

Sentimentalismo

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Conversando com um guitarrista, dentre outras coisas, o assunto foi sobre a cena. O músico, por sua vez, disse que está conhecendo um novo subgênero e só tem ouvido péssimas atitudes. Não há porque citar nomes, o exemplo que vamos citar é o suficiente. O país foi comovido pelo o que aconteceu com o voo do time da Chapecoense, que vitimou mais de 70 pessoas. O mundo inteiro ficou consternado, afinal foi uma tragédia e poderia ter acontecido com qualquer um. Porém um ser desprezível julga esta comoção coletiva como cristã e que isso não lhe afeta, anda sozinho e vai seguir o ‘dogma’ de sua escolha. Acreditamos, assim como você, que comoção independe de escolha dogmática. Todos são humanos, falhos e sentimos emoções boas e ruins. Mas

você abrir a boca e dizer que isso não lhe afeta? Por favor, menos hipocrisia. Já lemos muitas asneiras por aí, dentre elas quando o evento tem arrecadação de alimento, pois se pergunta se é um evento cristão. É preciso ser cristão para angariar alimento e doar para quem precisa? Não quer se misturar, diga! “Ah, não preciso de eventos assim para doar”. Ok, quantas vezes você fez algo por alguém sem querer nada em troca? Por favor! Não é porque o final de ano está chegando e estamos revendo as ações. Mas é que essa mesma situação vem acontecendo e não deve acabar. Enfim. 2017 está aí e todo início de ano renovamos nossos desejos e planos. E vamos nos apegar nestes desejos para crescer e buscar sempre mais. Seja assim também! Cresça. Um ótimo natal para todos!


TABLE OF CONTENTS 07 - News - World Metal 10 - Lapada - Cala a Boca, Floor “Magda” Jansen 14 - Entrevista - Warshipper 24 - Live - Never Say Die Tour 2016 29 - Live - In Edit 32 - Capa - Freedom Call 42 - Entrevista - Son of a Witch 52 - Entrevista - Laion Roberto 58 - Entrevista - Silent 66 - Entrevista - Matakabra 76 - Perfil RM - Ronnie Giehl (Forkill) 80 - Especial - Top 5 - 2016


Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn

Colaboradores Alex Chagas Jonathas Canuto Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite Raphael Arízio CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net



“PIECES OF BLUES”

“Rock and Roll Children”

Ricardo Aronne é um músico multi instrumentista que há mais de 30 anos vem apresentando ao público seus projetos. Atualmente o guitarrista está divulgando seu novo trabalho solo, o instrumental “Piece Of Blues”, o disco tem em sua essência a delicadeza e precisão do brilhante músico que é Ricardo Aronne, as faixas soam de forma uniforme e mesmo em se tratando de um álbum instrumental. Ouça agora a faixa “Bitter Taste of Blues”. Acompanhe o trabalho do Ricardo no Facebook.

O vocalista Leandro Caçoilo (Seventh Seal, Hardshine, Sancti, ex-Eterna) acaba de divulgar mais um vídeo onde ele ensina e mostra técnicas de como cantar a música “Rock and Roll Children”, de Ronnie James Dio. “Neste novo vídeo canto uma música do grande Ronnie James Dio, uma de minhas maiores influências. Mostrando para todos que mesmo sendo um cantor de rock e heavy metal, você pode ser versátil como interprete”, disse Leandro Caçoilo. Assista AQUI.

“Personal Devil” O ano de 2017 será repleto de novidades e compromissos para a Thymus Boogie, que já em janeiro lança o primeiro single, “Personal Devil”, música que também estará no full length. O lançamento acontece numa emblemática e provocativa sexta-feira 13 em diversas plataformas online, como bandcamp e soundcloud. “Personal Devil” foi a escolhida para ser a primeira música oficial de estúdio da Thymus Boogie porque, como explica o vocalista Michel de Lira, tem os principais elementos que explicam a proposta musical da banda, que vê em 2017 um ano crucial. “Mistura bem o heavy metal com o blues e ainda marca o nascimento de dois personagens que protagonizam a história do álbum”, destaca. O single, “Personal Devil”, foi gravado e produzido no Mammooth Green Records (na capital paulista) por Vice Fiori. Escute a música 637 - X. Thymus Boogie na internet: Facebook | Soundcloud | Instagram | Twitter. 07


Foto: CS Music videos

“Sulphur”

Foto: Oswaldo Garcia

O vocalista e ator Alirio Netto tem orgulho em comunicar que fechou contrato com a gravadora TRM Records, um braço da assessoria de imprensa TRM Press, fundada pelo jornalista Thiago Rahal Mauro. O primeiro álbum solo do cantor se chama “João de Deus” e é todo cantado em português, apenas com uma música bônus exclusiva para versão nacional cantada em inglês. O disco foi gravado no Do It Estúdio, produzido por Edu Falaschi e mixado e masterizado por Tito Falaschi. “João de Deus” conta com a participação especial de Marcelo Barbosa, Felipe Andreoli, Tiago Mineiro e Milton Guedes. O CD sai em todo o Brasil no formato físico em parceria com a Die Hard, Voice Music e Hellion Records. Escute a música “Viver (One Love)” AQUI.

“Helfire”

“Dark Night”

A banda Queensrÿche lançou um novo videoclipe para a música “Hellfire”, faixa que está presente em seu disco mais recente, “Condition Hüman”, o mais novo lançamento da gravadora Hellion Records. O trabalho foi lançado pela gravadora brasileira e pode ser adquirido o novo cd pelo site da Hellion. Assista ao videoclipe AQUI. Atualmente formado por Todd La Torre (vocal), Michael Wilton e Parker Lundgren (guitarras), Eddie Jackson (baixo) e Scott Rockenfield (bateria).

O Voodoopriest acaba de lançar em seu canal oficial no Youtube clipe inédito da música “Dominate and Kill” gravada ao vivo no festival Porão do Rock 2016. A banda aproveitou o evento ocorrido em outubro, em Brasília, um dos mais importantes do Brasil, para registrar versão ao vivo da faixa que integra o álbum Mandu (2013). Paralelamente ao lançamento de Dominate and Kill ao vivo, a banda trabalha na produção de um novo clipe de estúdio. Assista “Dominate and Kill” AQUI.

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“Blood Path”

Foto: Edu Lawless

Uma das revelações do metal extremo brasileiro, a banda Terrorsphere, lançou oficialmente em material físico o primeiro álbum do grupo, “Blood Path”, possui cinco faixas de uma verdadeira aula de Death Metal tradicional. Formada em 2014 a Terrorsphere vem angariando uma grande legião de fãs em todo o Brasil, seu álbum era aguardado por muitos que enxergam a banda como uma das grandes candidatas a serem uma das referências do estilo Death Metal, os músicos não tentam reinventar a roda e sua proposta musical é soar o mais “old school” possível, em “Blood Path” as letras abordam temas pertinentes e atuais em nossa sociedade, terrorismo, guerras, assassinatos e alienação em massa, são assuntos abordados nas letras, que transbordam ódio e rancor. Assista AQUI ao vídeo da música “War Curse”. Acompanhe a banda na sua página oficial no Facebook.

“Fireball”

“Beyond Inferno”

O projeto Powerfull, liderado pelos músicos Mario Pastore (vocal, Heaviest, Pastore), Jones Jones (guitarra) e Vagner Gilabel (bateria), acaba de divulgar o primeiro lyric vídeo do álbum de estreia “Warrior Soul”. A faixa escolhida foi “Fireball”, uma composição de Jones Jones com as letras de Mario Pastore. A banda Powerfull teve inicio em março de 2014. Assista agora “Fireball”. O álbum será lançado neste mês pela gravadora Marquee Records. Acompanhe a banda - Facebook.

Aproveitando mais uma passagem vitoriosa pela América do Sul, o Woslom foi registrado no programa Cabina del Terror, em Quito, no Equador. Produzido por Andres Utreras da Pluteras Recs, o programa disponibilizado gratuitamente no canal do selo no YouTube, registra performances ao vivo de grandes bandas de seu país e outras de passagem pela cidade. O programa gravou o Woslom em uma performance matadora para a clássica ‘Beyond Inferno’ de seu debut, ‘Time To Rise’.

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Ou qual a diferença entre opinião e falta de educação Beeeeem, eu queria fazer uma mensagem de Natal mais light e legal para os leitores. Mas sempre tem um pamonha para me dar motivos a sentar a mamona. Para quem não conheceu, Sai de Baixo era um programa humorístico exibido após o Fantástico na Rede Globo. E entre os bordões, está o famoso “cala a boca, Magda!”, que o personagem Caco Antibes (interpretado por Miguel Falabella) vive gritando com a esposa Magda (muito bem interpretada por Marisa Orth), que é burrinha de dar dó. E há alguns dias, em mais uma de suas trapalhadas, a vocalista Floor Jansen deu uma entrevista e arrumou mais uma polêmica, e justamente com o Slayer, banda do coração de muitos headbangers. Ou seja, de Floor para Magda, pouco muda... Não é a primeira vez que a holandesa solta algum tipo de esgoto pela boca, e eu de coração gostaria que ela se dedicasse apenas

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a cantar, pois seu talento é inegável (sim, em termos de talento, ela é uma ótima vocalista). Mas parece que a “Magda do Metal” gosta mesmo de arrumar tretas. A primeira foi falando do público em carta aberta, a outra foi no Rock in Rio (aqui estão os links para conferir (1 | 2), e agora, pode ter arrumado a pior de todas, pois quem conhece Kerry King, sabe que ele nunca foi dado a papas na língua, ainda mais quando provocado. Já ando aguardando a pedrada de Kerry há um tempo.


Mas Floor parece vir da mesma escola que alguns vocalistas que adoram uma polêmica, tal qual Bruce Dickinson, do Iron Maiden. Aquela dele abrir a bocarra e falar do Punk Rock foi escrota, como se o Rock tivesse que ser algo técnico. E me perdoem os fãs, mas se fosse assim, o Iron Maiden seria qualquer um, já que existem bandas muito mais técnicas em todos os aspectos, e fariam o Maiden soar como uma banda Punk perto delas. Acho que Bruce esquece que a ener-

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gia do Punk entrou no Metal da NWOBHM e muitas das atitudes daquela época são originais do movimento Punk. Estranho que, enquanto fora do Maiden e tocando em locais menores, Bruce se mantinha bem quietinho na dele, sem falar asneiras. Mas voltando a este tipo de situação, acredito que apenas os decadentes, carentes e necessitados de atenção fazem esse tipo de coisa. No caso do Nightwish, o centro nervoso da banda é Tuomas, tendo como braço direito


Foto: Getty Images

o baixista Marco, e direito, o guitarrista Emppu. Floor é apenas uma artista contratada. Bruce, por mais que os fãs reclamem, deve estar na mesma. Gostaria de estabelecer algumas coisas para a “Magda do Metal” sobre o quarteto californiano: 1 – O Slayer cresceu com muito sacrifício, e de forma gradual. Nunca uma chance caiu no colo deles, o grupo suou para chegar lá. Eles não pegaram algo pronto e famoso, tiveram que fazer na marra; 2 – O Slayer é autor de, pelo menos, cinco discos considerados clássicos para o

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Metal. Discos que são obrigatórios, e “Reign in Blood”, “South of Heaven”, “Seasons in the Abyss” e “Divine Intervention” venderam mais de 500.00 cópias, conforme dados da RIAA (The Recording Industry Association of America). E não temos dados disponíveis deles sobre o Nightwish com Floor Jansen (se perguntarem sobre ReVamp e After Forever, vou ter que falar que estes nem são expressivos em termos de vendas); 3 – Quando se fala em Thrash Metal, Death Metal, Black Metal e qualquer outra vertente do Metal extremo, o Slayer é uma influência primordial. O Nightwish é uma in-


fluência para bandas sinfônicas. Com a Tarja nos vocais, é claro; Apenas fatos, nenhuma comparação baseada em “eu acho que...”, pois seria ridículo. Gostaria muito que a assessoria de imprensa de Floor “Magda” Jansen nos fizesse um favor e travasse a língua da moça, porque já está dureza aturar certas coisas, sem ela falando asneiras. E terminando: “é minha opinião...” ou “eu acho que...” deveriam ser melhores administrados. Não teria sido melhor ela dizer apenas que “eu não gosto do Slayer”? Nin-

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guém diria nada, mas como já disse acima, parece que Floor precisa aparecer mais pela arrogância, prepotência e estrelismo do que pela música. Algo que sua antecessora e criadora desse gênero de cantar, Tarja Turunen, esbanja, sem deixar de ser simpática com fãs e imprensa. O peixe sempre morrer pela boca, Magd... Quer dizer, Floor... Ah, sim: desejo a todos os leitores da Rock Meeting um ótimo Natal, e um 2017 cheio de alegrias.


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Foto: Banda/Divulgação

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Warshipper surgiu em 2011 como uma verdadeira potência do Metal extremo brasileiro, consolidando seu nome a partir do lançamento de “Worshipper of Doom”, no final de 2014. De lá pra cá fizeram uma série de shows para promover o trabalho, que ao vivo contou com a colaboração de Heverton Souza nos vocais. Entretanto, após sua saída, o grupo manteve-se como quarteto Renan Roveran na guitarra e vocal, Rodolfo Nekathor no baixo, Rafael Oliveira na guitarra e Roger Costa na bateria. No momento se prepara para tocar em mais cidades brasileiras, além de lançar o tão esperado full length. Batemos um papo com Renan Roveran, que dissecou em detalhes tudo o que envolve esta máquina de guerra chamada Warshipper. Atualmente o Warshipper está divulgando o EP “Worshipper of Doom”, que já ganhou um clipe para a música “Warshipper” e um lyric video para “Absence of Color – The Obsolete”. Como tem sido a resposta até agora? Em nome de todos da banda, agradeço primeiramente o espaço concedido para o Warshipper. Se considerarmos que somos uma banda “recém” chegada ao Underground nacional, e com uma proposta musical bastante não usual, considero que tivemos uma ótima receptividade e feedback positivo de um modo geral. Obtivemos ótimos reviews e entrevistas 16


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como resultado do lançamento do “Worshippers of Doom” (W.O.D.), assim como a oportunidade de tocarmos em vários eventos de estrutura bacana, e devido ao lançamento do lyric vídeo e o clipe (especialmente) colhemos bons frutos. Acredito, porém, que o fator complicador para uma maior representatividade por parte do nosso material foi a falta de um trabalho com foco no aspecto de divulgação. Hoje, trabalhando com a Wargods Press, o nível de expectativa da banda é maior, uma vez que já trabalhei com Maicon Leite no passado (época de Bywar) e já conheço a seriedade de seu trabalho. Formado em 2011, o Warshipper se estabilizou recentemente com Renan Roveran na guitarra e vocal, Rodolfo Nekathor no baixo, Rafael Oliveira na guitarra e Roger Costa na bateria, a mesma formação que gravou o EP, mas que nesse meio tempo, contou com Heverton Souza nos vocais. Pretendem seguir como quarteto? Talvez o membro da banda mais relutante no início quanto à possibilidade de nos mantermos como quarteto tenha sido eu mesmo. A julgar pelo nível de complexidade das linhas instrumentais de algumas músicas e as linhas de voz ter sido inicialmente concebidas para um formato de voz “livre”, sempre entendi que ter alguém dedicado à posição de frontman fosse o mais adequado. Comentei em entrevistas, inclusive, que apenas gravei os vocais do W.O.D. porque, no início das gravações, o vocalista na época saiu da banda e não identificamos outra solução. O Heverton teve papel essencial no start up da banda quanto às apresentações ao vivo, além do fato de ser grande amigo e um talentoso vocalista de Black Metal. Por fim, as dificuldades de ensaio devido à distância e compromissos do Heverton acabaram 18


por estimular a mim e ao Rodolfo a nos adaptarmos e assumirmos as linhas de voz das músicas. Acabamos superando as dificuldades de execução e ganhamos experiência com os ensaios e decidimos manter a formação original da banda. A resposta durante os shows ao vivo foi ótima e nossos vocais (do Rodolfo e meu) são mais apropriados para a nossa sonoridade, assim como a presença de palco se tornou mais direta e agressiva. O Warshipper segue com os quatro “R” (Rodolfo, Rafael, Roger e Renan) e não pretendemos mudar. Alguns integrantes já passaram por bandas como Zoltar, Bywar, Hippie Hunter e Fire Diamond, nomes conhecidos do underground brasileiro. Estas experiências anteriores ajudaram vocês a definir melhor uma trajetória a ser seguida? As boas e más decisões aprendidas no passado certamente servem de referência, não é mesmo? Um dos elementos essenciais para o bom desenvolvimento de uma banda é a experiência, quando utilizada para ponderar sobre os erros do passado e refletir de modo sóbrio quanto ao futuro e perspectivas. Assim buscamos nos espelhar nas experiências positivas e acertos do passado com nossas bandas anteriores. Ressalto que o Warshipper é uma banda nova no underground nacional, porém, com membros bastante experientes e essa experiência tem reflexo positivo em nossa trajetória. Algumas músicas de “Worshipper of Doom” possuem convidados especiais. Como foi esta escolha? Ficou alguém de fora? Basicamente houve a participação do Adriano Perfetto (Timor Trail, ex-Bywar) e André Evaristo (Magister, ex-Torture Squad) cantando efetivamente no W.O.D. Ambos são amigos 19


de longa data e no caso o Adriano um companheiro de muitos anos de banda. Além destas participações outros dois grandes amigos também participaram do CD em backing Vocals, Manoel Hellsen (Obscure Art) e Adauto Xavier (Vulture). Sempre gostei destas participações desde as outras bandas com as quais toquei e acho muito válido. O resultado foi bem legal e rola sempre aquela cerveja no final do trabalho. Vocês vêm de uma geração em que trocar correspondências era normal, e as gravações em fita K7 muitas vezes eram a única forma de conhecer o trabalho das bandas. Hoje, com as diversas plataformas musicais, o acesso à música tem sido muito fácil, praticamente de mão beijada, e a comunicação é instantânea. Do ponto de vista como banda, certamente a forma de divulgação ficou mais eficiente, porém, a oferta e demanda é enorme. Como se diferenciar? Vejo com bons olhos os recursos disponíveis atualmente. Se bem explorados podem trazer ótimos benefícios às bandas. Realmente a quantidade de bandas hoje em dia é muito maior e o funcionamento do público também tem mudado. Sempre muda. Acredito que as bandas que desejam se manter sólidas devam se adaptar, o que nem sempre é tão fácil. A inovação certamente permeia este cenário de evoluções e não somente no tocante à tecnologia e abordagem das bandas quanto ao tema, mas também no que diz respeito à musicalidade. Embora o Warshipper possa ser considerado efetivamente como Death Metal, há uma nuance muito grande em sua sonoridade, abordando também o Thrash Metal, Doom Metal, Black Metal e também Heavy Metal tradicional. Como é 20


juntar todas as diversas influências que vocês possuem para moldar o som da banda? Eu sou ouvinte de uma quantidade bastante diversificada de musicalidades distintas, com diferentes propostas. Não somente o Metal, inclusive. Dentro de um contexto de rock de um modo geral, tenho e sempre tive uma diversidade de bandas inspiradoras como Prog Rock, Blues, Post Punk, mas é claro que os subgêneros do Heavy Metal sempre foram as mais influenciadoras. Metal extremo especialmente. Faz muito tempo que não tento me moldar a um estilo específico e isso, inclusive, ocorreu com o disco “Abduction” (Bywar), que possui variados elementos que eu introduzi nas composições e no Warshipper isso é ainda mais evidente, uma vez que as influencias dos demais da banda são determinantes também. Não nos preocupamos em soar mais ou menos Death Metal, mas é claro que pelo contexto geral é o estilo musical que acaba por definir a roupagem e característica da banda, pois é o estilo mais comum entre os gostos de todos na banda. As músicas novas, sendo algumas já apresentadas ao vivo, são ainda mais extremas, muito embora possuam mais elementos distintos e o resultado disso, em nosso ponto de vista, é a musicalidade característica que o Warshipper traz, porém, sem que os sons pareçam similares uns com os outros. O público pode esperar mais peso, agressividade, porém, com muita melodia soturna e uma atmosfera densa e viajante. Como já citei em entrevistas anteriores: A fórmula do W.S. é não ter fórmula alguma. Sem regras para compor, deve ser de dentro para fora. Em relação ao conteúdo lírico, o que podemos encontrar em “Worshipper of Doom”? São temas diversificados. A maioria das letras 21


neste disco foi escrita por mim e variam bastante. A faixa homônima faz uma leitura bastante voltada para a ficção-científica com bastante alusão aos desejos/necessidades por autodestruição, sejam através de guerra ou mídia, ao invés da desconstrução de suas ânsias desestruturadas para buscar uma solução racional. É mais fácil buscar o caos ao autoconhecimento. A segunda faixa, “..and the darkness calls” é totalmente inspirada em um caso de esquizofrenia enfrentado por um grande amigo meu, hoje internado, quando de um surto de delírio místico-religioso. Temos depois a “Theatrical Dissection”, escrita pelo Rodolfo, que retrata o lado obscuro de uma mente perturbada. O cara é psicólogo e tocou Death Metal a vida inteira, a combinação disso é este tipo de tema perturbador (risos). “Paranormal Connection” é consequência de alucinações pós-substâncias naturais místicas (risos), quando me vi sendo levado para outro plano por seres que não sei descrever. A minha favorita, por fim, “Absence of Colors” é bastante pessoal e trata de forma abstrata as angústias de um período em que estive doente e buscando isolamento social. De um modo geral são temas obscuros e pesados, tratados de forma abstrata ou metafórica na maior parte das vezes, sempre com uma conotação anti-dogmática, mais agressiva. Mas para as músicas novas temos mais elementos somados a este tipo de inspiração. Como disse, não há regra!

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Com o lançamento de “Worshipper of Doom” já tendo completado dois anos, o que podemos esperar do Warshipper para o próximo ano? Planejam alguma turnê nacional ou almejam algo no exterior? Depositamos bastante expectativa nos resultados do trabalho da Wargods Press e também em nosso empenho, é claro. Infelizmente não vivemos da música e é difícil conciliar nossos compromissos pessoais e profissionais com as necessidades do W.S. Mas apesar disso temos conversado muito sobre a possibilidade de buscarmos shows fora do estado de SP, pois tenho muitos amigos pelo Brasil a fora em especial no Norte e Nordeste e voltar a tocar nestas regiões com o W.S. seria fantástico. Além disso, temos material pronto para um full length e esperamos nos planejar e buscar as devidas parcerias para garantir um novo lançamento em 2017. Obrigado ao Warshipper pelo tempo cedido! Alguma mensagem final? Nós que agradecemos novamente ao espaço concedido por vocês da Rock Meeting. Esperamos ter dividido um pouco sobre o Warshipper e nossas motivações com os leitores e esperamos ter a oportunidade de levar ao máximo de bangers quanto possível a nossa musicalidade e proposta. “Knowledge, Meanings and Science – The Trinity of the Antichrist!”.


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Data: 20/11/2016 Local: Sala Razzmatazz. Barcelona Texto e fotos: Mauricio Melo

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screver sobre o Never Say Die Tour chega a ser algo difícil. Diferentemente do ano passado, quando o mini festival organizado pela marca Impericon passou por Barcelona e tinha em seu cartaz bandas de variados estilos, este ano há bandas muito parecidas entre si. Numa tarde / noite com sete bandas por diante, da quarta em diante já não conseguíamos diferenciar uma das outras. Mudavam seus integrantes, mas os cortes de cabelo, tatuagens milimetricamente perfeitas, a postura dos vocalistas com um pé apoiado na caixa de retorno e o corpo curvado, os saltos sincronizados entre guitarristas e baixistas eram os mesmos. Para quem acompanha minhas coberturas na Europa sabe que sempre olho para o lado positivo, evito ao máximo depreciar um evento mas dessa vez fiquei definitivamente confuso. Com uma leve exceção para o Obey The Brave que apresenta um som mais cru que os demais, o Carnifex e o Whitchapel que possuem uma porcentagem de agressividade por cima das demais bandas.

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Simplificando a noite, conferimos um som bastante técnico Fallujah e que agradou bastante a quem não os conhecia. Como comentado acima o Obey The Brave deu o tom mais hardcore da noite ainda que por momentos aquela postura de bom moço passeou pelo palco. O Carnifex surpreendeu bastante pela intensidade de seu set, com poucas firulas e o Whitchapel que deixou claro o motivo de ser escolhido para fechar a noite com um som poderoso e que fez estremecer a sala Razzmatazz em Barcelona. Antes do Whitechapel tivemos The Art is Murder, mas não conseguimos fotografar e possivelmente o público não conseguiu assisti-los, apenas escutá-los já que a iluminação escolhida pela banda foi uma luz vermelha de fundo e nada mais, só víamos a silhueta do quinteto. Esperamos melhor sorte ano que vem. 28


Por Mauricio Melo (Barcelona)

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já tradicional festival de cine documentário musical desembarcou em Barcelona mais uma vez e este ano em especial, celebra o punk e a explosão do mesmo em 1976. A lista de opções é grande, temos desde “A Fat Wreck “que foi lançado este ano contando um pouco da história tanto do selo Fat Wreck Chords quanto do próprio fundador e Fat Mike e sua banda, até Hated: GG Allin de 1993. E foi exatamente com um documentário punk que iniciamos nossa jornada, o já conhecido e visto por muitos Punk Attitude, que explica exatamente esta historia do surgimento do punk, suas bandas e a evolução e surgimento de estilos e variações. Como comentamos acima, o punk explodiu em 1976, muita gente dá os créditos aos britânicos, mas os americanos reivindicam a autoria muitos anos antes. A diferença é que os britânicos levaram a sério o movimento, se organizaram, gravaram e capricharam no look. Já para os americanos ser punk era tão visceral que até mesmo ignoravam essa organização, ser punk era o avesso disso. Apesar do documentário ser um velho conhecido, re29

vê-lo no telão de um dos cinemas mais maneiros de Barcelona foi um grande deleite. Dois dias depois invadimos a mesma sala de cinema para conferir Blur: New World Towers, lançado em 2015 pelo diretor Sam Wrench. Não é a história do Blur, mas é uma historia da banda. O documentário conta com detalhes o que aconteceu após o retorno do Blur no final da década passada, a reunião do quarteto, os shows no Hyde Park e em especial a apresentação que rolou junto às olimpíadas de Londres em 2012. Mas, como foi a gravação de The Magic Whip em apenas cinco dias na Ásia, justamente por terem um show cancelado em Taipei, o que os deixou em stand by. Diante da ociosidade e da curiosidade do que poderia surgir, o quarteto saia do hotel, pegava o metro sem ser incomodado e se reunia num estúdio bem clássico, à moda antiga, sem pressão e como um recomeço. O documentário também é marcado pela cumplicidade que rola entre os integrantes. Se algum dia a oportunidade de assistir bater à sua porta, não desperdice. Na sessão seguinte decidimos esclare-


cer nossas dúvidas sobre o Sex Pistols com The Filth and The Fury do mestre Julien Temple. Durante décadas rondaram em minha cabeça aqueles velhos boatos de que os Pistols não passavam de uma invenção de Malcom McLaren, o que em parte é verdade. Mas poucas foram as vezes em que escutamos o outro lado da história e principalmente do final dela. O exato momento do qual o Sex Pistols encerrou atividades, o que realmente aconteceu, a opinião dos membros da banda sobre Sid Vicious, e o mais importante, a confirmação de que McLaren sempre foi um empresário que, assim como outros, não visa outra coisa que não seja o lucro.

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Como atração principal do festival tivemos o badalado Supersonic do Oasis, mesmo que o som da banda não seja punk, há algo de atitude em seus integrantes, principalmente na época em que se passa o documentário, a formação da banda e sua existência até 1996, melhor fase dos irmãos Gallagher e isso não sou eu quem digo, o próprio Noel reconhece o fato no documentário que narra como os dois irmãos e outros três amigos de bairro passaram de meros desconhecidos a banda mais famosa do mundo da noite para o dia. Uma maneira de entender melhor a marra dos Gallagher, que vieram de um bairro pobre de Manchester, com um pai ausente e por favor, não


se deixem enganar achando que a pobreza na Europa é melhor do que viver em um subúrbio no Brasil, isso não existe e principalmente em Manchester. Quando a banda fez o lendário show em Knebworth, seus integrantes sabiam com exatidão que seria um momento histórico e assim foi. É definitivamente um prato cheio para os fãs da banda. Para finalizar, conferimos um antigo filme-documentário do The Clash, Rude Boy de 1980. Assim como foi dito acima, e ainda mais acentuado na época, podemos ver como Londres (à parte de seu lado rico onde uma minoria sustentava o status britânico como algo superior) a grande maioria, o subúrbio e

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os bairros onde a classe trabalhadora residia era um verdadeiro lixo, um caos. Para quem ainda não teve a oportunidade de assistir e é fã de punk rock, é parte obrigatória da cultura passar por Rude Boy, é a melhor explicação, a melhor maneira de entender a importância do The Clash, a fusão do som da banda com o reggae, o dissipar do preconceito. The Clash é tão lindo, tão importante, que sua história, suas letras, deveriam ser ensinadas nas escolas para evitar as baboseiras que tanta gente expressa em redes sociais nos dias atuais, sem base nem conhecimento.


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Texto e Foto: Pei Fon (peifang@rockmeeting.net)

Tradução: Guiherme Alvarenga

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chegada do Freedom Call ao Brasil, pela primeira vez, causou um frisson. Eles fizeram o show em São Paulo para fãs apaixonados e que cantavam as músicas o tempo todo. O show aconteceu no Manifesto Bar e levou uma boa galera para lá. A casa estava cheia o que facilitou para a banda chegar com todo gás. Mas o que surpreendeu foi a simpatia de todo o grupo, em especial do frontman, Chris Bay. Que pessoa divertida! Chris Bay brincou demais com o público que respondia e sorria bastante. Entre pedidos de palheta, até casamento rolou, mas o vocalista despistou com seu bom humor. Eles fizeram um passeio pela sua discografia e tocaram músicas novas do recém lançado “Master of Light” como a pegajosa e emblemática “Metal is for everyone”. Mas o quarteto surpreendeu ainda mais. Já na parte final de seu repertório, o frontman dedicou à música “Bleeding Heart” para as vítimas do vôo que levava a delegação da Chapecoense e jornalistas para a Colômbia. As músicas sempre serão destaque em qualquer apresentação, porém esse foi um ponto especial na noite. De fato, os caras deixaram ótimas impressões em São Paulo. E para finalizar, conversamos com o Chris Bay antes de chegar ao Brasil. Super humorado, falou sobre a vinda e o que sabe do país, do novo cd e suas inspirações. Será que o nome da banda veio de um EP do Angra? 34


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Inevitável não falar que estão vindo pela primeira vez ao Brasil. Qual é a imagem que vocês têm do país, do público? Sim, nós mal podemos esperar a hora de ir para o Brasil pela primeira vez, é algo que esperamos por muitos anos, pois escutamos falar muito sobre os fãs headbangers brasileiros e seu entusiasmo. Alguns amigos nos contaram que algumas plateias cantam mais alto que a banda tocando. O que é realmente demais. Vamos conferir isso em São Paulo ;) Nos primeiros trabalhos da banda podemos ouvir algumas influências da banda brasileira Angra. O nome “Freedom Call” foi baseado no Ep da banda? (risos) Eu já recebi essa pergunta algumas vezes... Eu realmente curto muito o Angra e algumas vezes costumo me encontrar com seu antigo cantor o André, mas simplesmente não existe relação entre o nome de nossa banda e o EP deles e acho que só de ter uma inspiração em comum já aproxima as duas bandas. Falem um pouco sobre o Heavy Metal do Brasil. O que vocês conhecem do nosso país? Duas das bandas de metal mais famosas do mundo definitivamente são o Sepultura e o Angra. E ainda têm as bandas ao redor aí tipo o Shaman, o Almah. Acho muito foda e realmente únicas em seu estilo, sobretudo a parte rítmica. Nove álbuns de estúdio. “Master of Light” acabou de ser lançado. Apresente o novo cd para nós. “Master of Light” é definitivamente uma continuação de “Beyond”. Esse lance de viver a vida de maneira positiva sendo otimista ainda é nosso guia principal para criar músicas e letras. Musicalmente estamos simplesmente seguindo nossas raízes, aquele lance bem Freedom Call, mas 36


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sempre nos sentindo livres para experimentar novas cores para expandir nosso próprio estilo. Algumas vezes eu deixo de lado essa maneira direta de arranjo e acabo investindo muito mais tempo nos arranjos instrumentais. Praticamente progressivo segundo nossos padrões. “Metal is for everyone” poderia cair muito bem como um lema para todos os headbangers. Como vocês enxergam as diferenças dos estilos dentro do Metal? Mas é claro! Existem tantas categorias diferentes de música, é realmente difícil encontrar a adequada. Em minha opinião, a galera do metal e os jornalistas deveriam encontrar aquela que é a correta para nós, pois é uma questão de gosto. Eu realmente não me importo com todos esses “detalhezinhos” de subgênero, eu chamo de Rock´n´Roll. Quem é o “Master of Light”? Existe algum personagem ou a mensagem é ampla? Obviamente nós não estamos aptos a viver neste planeta de acordo com os princípios da Natureza. Nossos “Guerreiros da Luz” já estavam defendendo a fonte da Vida, mas as forças das Trevas se tornaram mais fortes. Então o “Mestre da Luz” (Master of Light) tinha de aparecer. O novo álbum é bem ‘feliz’, pra cima. Seria o reflexo do momento de vocês? Não é apenas um reflexo de nossa situação atual, é um reflexo de nossas vidas. Todos somos pessoas muito positivas, também no nosso dia a dia. Nós estamos felizes e ter uma vida tão maravilhosa onde podemos perceber e explorar nossa inspiração e criatividade. Na página no facebook tem a descrição “Happy Metal”, é bem isso mesmo, celebração, felicidade? Essa é a nossa marca registrada, a melhor des38


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crição de nossa contribuição à música pesada. Nós tentamos transmitir esse poder otimista para nossos fãs e ouvintes. Confesso que ouvir o novo play me soa bem positivista. “Never walk alone”, como sugere a música “A World Beyond”. Autoajuda? Provavelmente nossos álbuns e shows são parte de uma terapia de autoajuda. Se eu estiver me sentindo mal ou deprimido eu começo a escrever uma música para o Freedom Call. Dessa forma eu economizo muita grana ao invés de pagar um terapeuta. lol Fale um pouco da inspiração desse novo álbum. Como foi o processo de composição? Devido ao fato que a maior parte do álbum foi escrito no meio de uma turnê, eu pude transferir muito dessa “adrenalina” que rola no palco para o processo. O processo composicional não durou muito tempo, nós aprendemos a decidir de maneira rápida quais ideias são boas ou não tão legais, o que fez o processo fluir correndo de maneira produtiva e direta. Não nos sentimos pressionados, mas algumas vezes é melhor para a criatividade se você estiver trabalhando de maneira focada, sem muitas opções e alternativas. Final do ano chegou. Quais CDs vocês destacariam com os melhores lançamentos de 2016? Nossos ídolos, todos nossos favoritos do Metal, Iron Maiden, Metallica, praticamente todos lançaram material novo esse ano. Não tenho capacidade cerebral para decidir. lol Fica aqui o espaço para os agradecimentos. Muito obrigada! Estamos muito empolgados pela nossa primeira ida ao Brasil e queremos mostrar logo o “Master of Light” para os headbangers ;) Obrigado por essa entrevista, saudações! 40


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Foto: Banda/Divulgação

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ão é nenhum segredo que sempre puxamos a sardinha (Nordeste) para a nossa brasa. Temos esse compromisso e vamos honrá-lo até o fim. Temos coletâneas dedicada a essa região do país, as mais variadas entrevistas e chegou a vez do Son of a Witch. A banda lançou seu primeiro álbum e fomos lá conferir esse play. Conversei com o Flávio França, guitarrista da banda, que falou de tantas coisas, principalmente de suas inspirações e da banda, claro. Acompanhe! Praxe. Sempre pedimos para as bandas se apresentarem. Por favor! Agradeço em nome da banda o contato da revista para essa entrevista. Acompanho o trabalho de vocês, que é de suma importância para a nossa existência enquanto banda. Para nós é sempre um prazer! Somos de Natal/RN. Começamos com os primeiros ensaios em 2008 e fazemos um stoner/heavy groovy/doom. Nossa formação atual: King Lizzard (vocal), Gila Monster (guitarra), Psycodhelic Monk (guitarra), Old Goat (baixo) e Asteroid Mammoth (bateria). Natal tem um celeiro muito interessante no rock/metal. Son of a Witch vem para somar. Fale um pouco sobre a cena do Rio Grande do Norte. Natal, Mossoró e outras cidades vêm mostrando várias bandas para o mundo. O RN atra44


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vessa um bom momento, apesar da queda de público notória nos eventos. Isso não é ‘privilégio’ de Natal. É o que venho conversando com amigos de outros estados, acontece no país todo. Várias bandas daqui tem ido tocar na Europa ou assinaram com selos gringos. Então, o momento não é dos piores. De onde surgiu o nome da banda? Fale um pouco. O nome da banda foi inspirado pela capa do primeiro disco do Black Sabbath, onde aquela senhora (bruxa) representa para nós o começo de uma nova estética musical. Seríamos todos filhos dela e dessa sonoridade ‘sabática’, digamos assim. Vocês têm um Ep e um full-lenght para

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acrescentar na história da banda. Apresente seu novo play. Novo disco chama-se “Thrones in the Sky”. Foi gravado no Estúdio Superfuzz (Passaram por lá Dorsal Atlântica, Bnegão, Mars Red Sky-FR) no Rio de Janeiro, a convite do Felipe Toscano, proprietário da Abraxas produtora (responsável por trazer Kadavar, Stoned Jesus, The Flying Eyes, Radio Moscow, dentre outros para o Brasil). Produzido pelo mestre Gabriel Zander. Capa feita pelo artista Ars Moriendee. Lançado digitalmente pelo bandcamp no começo desse ano apenas. Rendeu bons frutos. O pessoal tem comprado bem nosso disco e assinamos contrato com o selo alemão Kosmik Artifactz para confecção e distribuição dos formatos vinil 180 gramas colorido e cd por toda a Europa e EUA. Previsão de lançamento para


janeiro. Seu début tem cinco músicas. Em compensação, quatro delas, tem mais de 10 minutos. Por que tão longas? Faz lembrar muito os dizeres do masterchef Henrique Fogaça: “menos é mais”. O processo de composição, desde o início da banda, sempre foi assim. Tudo se deu naturalmente. Nunca forçamos ser desta forma. Até tentamos o inverso (fazer músicas menores para facilitar em coisas como videoclipe, por exemplo), mas não deu certo. “Menos é mais” não pode ser usado para tudo e todas as situações da vida, infelizmente. Estamos bem assim por enquanto, mas quem sabe no futuro venhamos a fazer músicas menores, para alegria dos mais ansiosos (risos).

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“Alpha Omega Astra” é uma canção forte. É impossível não mexer a cabeça confirmando o quanto a sonoridade está agradando. O vocal agrega bastante nessa agressividade. O baixo é parte bastante presente. Agrada e muito. “Alpha Omega Astra” tem em seu principal riff uma ode aos anos setenta. Ao longo da música também existem referências, mas sempre com uma repaginada e doses cavalares de fuzz. Apresenta também nosso flerte mais longo com experimentalismos, dos 7 minutos até os 11 aproximadamente. O vocal foi todo pensado e encaixado por King Lizzard. Acrescentamos a isso, o timbre “trator” do baixo para “fazer a cama”, usando uma gíria de músico (risos). É, sem dúvida, uma das composições mais completas e é uma das minhas filhas preferidas


(cruel escolher qual filho ou filha gostamos mais hahaha). “Jupiter Cosmonaut” foi escolhida para abrir os caminhos do novo álbum. 15 minutos. Por que ela? E como tem sido a receptividade da galera? Como ia ser um single a ser lançado primeiro, antecedendo o lançamento do disco, preferimos a música mais longa. Mas não só por isso. Também por entendermos que era a música que melhor representaria todas as sensações presentes no álbum. Ela foi eleita a mais completa no momento da escolha. As pessoas sempre a pedem nos nossos shows. Inspiração lírica. As letras são bem existencialistas. O que inspirou? Leituras, filmes, a vida? A vida sempre. Com tudo que ela tem pra nos dar e roubar. As letras ficam a cargo do King Lizzard e Space Ghost (ex-membro e fundador da banda). Acredito que muitos filmes antigos sejam inspiração. Estamos sempre comentando sobre isso. Desde sci-fi setentista, expressionismo alemão, terror fantástico, passando por leituras como “Os maiores mistérios da humanidade” (não é mesmo, Space Ghost? risos). Além de conversas improváveis com amigos, nas reuniões mais pessoais, sempre com música, cerveja e troca de ideias. Nossos amigos são fonte de inspiração riquíssima. Eles não são os tipos mais comuns ou triviais (risos). Música é experimentação e “Thrones in the Sky” deixa isso bem claro. Como foi para vocês aprovarem a sonoridade haja vista as diferenças de cada integrante? O mais legal de tudo isso é que estamos sem48


pre em sintonia. Claro que nada é perfeito, mas nunca nenhum integrante impôs algo a outro, e tudo tem que ser aprovado por todos. Desde decisão sobre tocar ou não em determinado evento, quais as condições a serem pedidas, horários, como gastaremos a grana da banda, etc. Assim também acontece nas composições. Todos da SOAW já convivem há certo tempo. Temos outros projetos juntos. Tocamos os mais variados estilos em outras bandas e sempre que podemos bebemos juntos (risos). Isso ajuda bastante. Banda que bebe junto permanece junto (risos). É inevitável que Black Sabbath seja uma influência sonora forte. De tanta coisa que existe, por que algo mais puxado para o Stoner/Doom? Desde que conheci a banda Kyuss em meados de 1991 com o disco “Blues for the Red Sun”, assim como o “Master of Reality” do Black Sabbath (pelo menos pra mim, nem existia esse termo stoner, chamava bandas como Kyuss de bandas alternativas hahaha). Também nesse mesmo ano (eu acho) me apaixonei pela sonoridade. Tanto quanto aos timbres orgânicos e pesados, conferindo muita originalidade, quanto às composições. O negócio é sobre riffs, riffs e mais riffs, acrescentando um pouco de psicodelia e experimentações. Demorou muito para encontrar pessoas que quisessem a mesma coisa, mas o desejo e as ideias já estavam aqui cozinhando no caldeirão (risos). De fato existe uma crescente nesse subgênero do metal. Ao que atribui esse crescimento? O stoner metal, stoner doom, sludge, stoner rock e tantos outros estilos que estão linkados já existem desde final dos oitenta, começo dos noventa como citei na pergunta anterior. Al49


guns baluartes desses estilos surgiram até antes, mas só agora vem sendo mais consumido por um público maior. A razão disso? Não sei ao certo. Será que foi por causa da popularização do gênero com bandas tipo Queens of the Stone Age (que tem fundadores do kyuss em sua formação)? O resgate de ícones como Pentagram, Saint Vitus ou Cathedral? A descoberta de bandas como Electric Wizard e Sleep? Uma coisa é certa: a indústria mundial da música pesada está sempre de olho no que o mercado (consumidores) pede. Por isso hoje podemos notar a presença de bandas desses estilos, antes ausentes, em grandes festivais europeus e americanos, bem como o aumento do número de selos especializados nesses estilos e também o número de bandas. Top 5. Cite as bandas que influenciam o SOAW e fale um pouco sobre elas. 50

Bandas que de uma forma ou de outra nos influenciam e nos inspiram: Black Sabbath: “Master of Reality” e “vol.4” por sua inventividade e originalidade. Os timbres são assustadores de pesados para a época (1970/1971). A afinação já era quase dois tons abaixo do padrão. Os riffs são os mais pesados da história da música heavy. Ah ia esquecendo os vocais e letras de Ozzy Osbourne (risos). Kyuss: Banda que tem um dos discos responsáveis por essa minha paixão em fazer o que faço hoje na SOAW. “Blues for the Red Sun”, junto com “Welcome to the Sky Valley” (sucessor do “Blues for the Red Sun”) fazem dessa banda uma das minhas top five de todos os tempos no estilo. Do coração (riso). Banda muito original, criadora de novos timbres e levou o estilo para outro patamar. Pentagram: Banda que realmente me ensinou o que é Doom (pelo menos o que eu acho


que seja hahaha). Todos os elementos me foram apresentados por esses caras. Tá tudo aí! Engraçado que fui conhecê-los já mais tarde. Nunca tiveram o devido reconhecimento. Talvez por vacilo deles mesmos. Vai saber, essas coisas dependem de tantos fatores. Down: Super grupo de malucos, amigos que moram nos arredores de New Orleans/Louisiana. O disco de estreia deles (NOLA) talvez tenha sido o disco que mais ouvi na face da terra. Já tive umas quatro cópias (risos). Integrantes do Pantera, Corrosion of Conformity, Crowbar e Eyehategod (todas 4 do coração também, risos). Uma aula de inspiração e alma nos riffs. Sleep: Um dos criadores do famigerado e hoje chamado stoner. Riffs ultralongos, com temperos sabáticos, longas repetições criando mantras, timbres pesadíssimos com cheiro de fuzz. “Sleep´s Holy Mountain” e “Dopesmo51

ker” ajudaram a moldar o estilo. Copiados à exaustão atualmente. Jamais superados. Por fim, o que podemos esperar do Son of a Witch para 2017? Muito obrigada. Sucesso sempre. Pode aguardar show de lançamento do vinil logo em janeiro. Pode aguardar vídeo. Pode aguardar gravação de single (música nova). Aguarde festival na França. Por enquanto tá bom, né? Vamos fazer que é melhor (risos). A banda que agradece mais uma vez o convite para batermos esse papo. Continuem o ótimo trabalho. P.S: Não posso deixar de comentar e ELOGIAR a capa de vocês com a banda Fu Manchu. Abrindo mais o direcionamento da revista talvez? Seguindo a tendência mundial, como eu falei em uma das perguntas (risos).


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Foto: Assessoria/Divulgação

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vida de músico não é nada fácil. São tantas dificuldades que ninguém pode ficar pagando de vítima para se destacar. Diferente de tantos ‘músicos’, eis um conterrâneo que foi tentar sua vida na música. Do interior de Alagoas e com o apoio dos pais, Laion Roberto saiu e foi estudar música em São Paulo. Conheça um pouco desse guitarrista que, dentre suas dificuldades, tem muita coisa para contar. Experiências de vida, inspirações musicais, cd solo, mercado musical. Deleite-se! É costume que, quem vem aqui pela primeira vez, se apresente. Então, por favor. Olá! Gostaria de agradecer de coração o convite de participar dessa revista animal de muito legal! Meu nome é Laion Roberto, sou guitarrista de rock e sempre tive muito interesse nos mais variados estilos! Nos últimos tempos tenho me envolvido bastante no meu trabalho solo, onde a partir dele pretendo fazer minha carreira da melhor forma possível e ter a possibilidade de disponibilizar vários serviços como shows, aulas, workshops, álbuns, eps e também me envolver no trabalho de outras pessoas.

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Laion, você é um nordestino tentando a vida na ‘cidade grande’. Como foi essa mudança de Palmeira dos Índios (AL) para São Paulo? Foi uma escolha meio complicada e que passou por algumas fases, fui morar em Fortaleza antes para poder ingressar no Souza Lima. Tinha uma escola lá chamada Musimania e eles disponibilizavam testes no final do ano para poder entrar no conservatório Souza Lima. Então fiquei um ano lá estudando para depois ir para São Paulo. Também sempre tiveram comentários sobre minha atitude de largar tudo e se mandar, mas isso sempre acontece. Meu pai que viu a possibilidade de eu me mandar para lá e eu topei. Também vieram as dificuldades como morar em pensões e coisas do tipo... Enfim, sempre achei legal a busca, acho que tudo isso faz parte!! Guitarra é seu instrumento. Como nasceu essa paixão? Desde criança sempre tive atração por coisas artísticas e tal. A guitarra entrou na minha vida de uma forma fantástica: comecei tocando violão como a maioria, mas quando eu era adolescente me apresentaram uns sons do Ramones e do King Diamond. Óbvio que eu


comecei pelo Ramones, pois era mais fácil de tirar as músicas, porém o repertório de coisas que eu escutava só crescia: Rock de Seattle, Punk Inglês e Brasileiro, Era Shrapnel do Cacophony e Racer X, Rock Progressivo, Metal e muitas outras coisas. Mas os meus olhos para a guitarra realmente brilharam quando eu ganhei dos meus pais o álbum “Electric Ladyland” do Jimi Hendrix Experience. Como você enxerga o mercado musical atualmente? As mídias e as plataformas têm ajudado? Não acredito que a essência desse mercado seja simples. Tenho aprendido muito nos últimos tempos sobre como me posicionar e apresentar o trabalho da melhor forma possível. É investimento em divulgação, trabalho e muita paciência principalmente em saber resolver problemas e aprender com os erros. As mídias e as plataformas, como um exemplo forte as mídias sociais da internet, são ferramentas de muita importância para a voz do artista e a divulgação do seu trabalho. Aprender a sempre dominar melhor esses meios é uma meta. Você pretende lançar seu cd solo. O que pode nos adiantar? Opa! Claro! Não será um álbum ainda e o possível formato será ep. Porém já estou pensando a respeito de um álbum. São meus planos para o próximo ano. Espero lançar em várias plataformas, mas o que posso adiantar é que a internet de fato é a ferramenta que já está certa para isso. Você cursou filosofia na faculdade, mas largou para cursar música. Hoje projeta ensinar o que sabe, você já pretendia lecionar ou é um processo normal? Eu não pretendia lecionar. Isso basicamente começou aqui em São Paulo, pois eu também 54


enxergo isso como mais um serviço que um músico pode disponibilizar. Sem contar que também gosto de ter o contato com as pessoas dessa forma, assim também posso reforçar o meu aprendizado. Não é o que quero fazer unicamente, também adoro tocar e criar coisas, mas também está nos meus planos ter um espaço para fazer apenas isso. Laion, você está entre o jazz e o punk, do rock ao metal. Existe algum estilo que se identifica mais? Ou a musicalidade fala mais alto? Essa pergunta é muito difícil (risos). Eu gosto muito de rock, pois foi assim que tudo começou e o que de fato eu sempre almejei tocar. Mas quando você começa a estudar música e conhecer outras pessoas são tantas coisas legais que aparecem. Escuto Yngwie Malmsteen, Radio Birdman, Weather Report, Pantera e Luiz Gonzaga no mesmo dia por exemplo (risos), mas o rock feito na década de 70 por Deep Purple e Led Zeppelin e o Blues Rock do Free e do Hendrix na década de 60 sempre me encheram os olhos. Edu Ardanuy, Walter Nery, Marcio Alvez foram alguns de seus professores. Tanta gente boa, o que eles te ensinaram? Nossa tanta coisa... São pessoas fantásticas e músicos incríveis. Continuam me ensinando, pois sempre procuro dar uma revisada em materiais antigos ou comprar novos, até porque nessa carreira aprender e revisar nunca será o bastante. Se fosse para escolher um cd, qual você gostaria de ter feito? Fale um pouco. Nossa, vários! Mas já que tenho que escolher, eu admiro muito a história e o processo que a banda britânica Free fez no belo “ Fire and 55


Water” de 1970. Uma preciosidade aquele álbum e tem uma força musical incrível. As ideias e os arranjos tudo tem uma intensidade incrível, a história dos integrantes e o que aconteceu com eles, um disco fantástico! E outros caras que admiro muito são dos blues e do jazz. São geniais, qualquer coisa que John Coltrane ou Albert King fez é de cair o queixo. É difícil manter a carreira de músico? O que te faz amar e odiar, ao mesmo tempo? Sim. É um estudo constante, portanto é preciso ter paciência. Porém eu acredito que toda carreira tem as suas dificuldades. Não acho que isso seja coisa tão exclusiva dessa área, porém o mercado está cheio de bandas e poucos lugares para tocar. É preciso pensar a respeito de todos os seus serviços e sempre procurar a melhor forma de apresentar seu trabalho, processo pelo qual passo no momento. O que odeio em música é o fato de sua prática ser tão ingrata (riso). Qquando você fica um dia ou 2 sem praticar parece que perdeu 3 meses (risos). É uma tortura, mas somos seres humanos e orgânicos, portanto é preciso ter paciência e fazer seu trabalho da melhor forma possível. Top 5. Quais são as suas referências. Fale um pouco sobre elas. Opa! Legal! Como gosto de várias coisas irei falar das coisas que atualmente tenho escutado ou pescado algumas ideias. O primeiro artista que irei falar realmente me acrescentou muito a respeito de música. Esse grande monstro é Jean Luc Ponty. A década de 70 desse violinista francês é incrível e sem dúvida é um dos artistas que nunca saem 56

da minha vista. Conheci o trabalho dele o escutando através dos discos de Frank Zappa, mas um brother meu chamado Fábio Marcello vivia escutando discos solos dele e daí eu pirei quando escutei aquele som! Altamente nervoso! Na área de rock posso falar do Dr. Sin e do Cacophony. Estão aí uma grande banda brasileira e no Cacophony a incrível dupla Marty Friedman e Jason Becker. Isso sem contar os outros músicos que participaram de álbuns lançados por esses! Grandes trabalhos! No blues falaria do Nuno Mindelis, grande bluesman luso-brasileiro com um trabalho e uma técnica invejável. Para finalizar um cara que nos deixou a poucos dias. Leonard Cohen! Eu confesso que já não o escutava há alguns anos, pois tenho escutado muito fusion ou guitarristas shredders, mas o escutei muito na adolescência e voltei a escutá-lo nos últimos dias para relembrar a força de suas canções. Enfim, faltam muitos, mas acho que assim fechamos. Por fim, o que podemos esperar do Laion Roberto para 2017. Sucesso sempre. Muito obrigada! Espero lançar vários trabalhos e sons próprios!!! Caso lance alguma interpretação de outro artista ou cover também será feita com muito envolvimento e intensidade. Espero disponibilizar todos os serviços também como aulas e gigs! Enfim, produzir mais e mais! Muito obrigado pelo espaço e é com muita felicidade que respondo as perguntas! Espero que essa relação com a revista seja o começo de uma relação profissional duradoura! Muito obrigado e sucesso para vocês! Valeu ROCK MEETING! Acesse mais - Youtube | Facebook.


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Por Marcos “Big Daddy” Garcia Fotos: Banda/Divulgação

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ilent é um quarteto do Rio de Janeiro fundado em 1991, sendo que a banda busca em sua música um ecleticismo saudável dentro do Rock, ocupando um espaço inteligente entre o Hard Rock e o Rock’n’Roll mais acessível. Aproveitando que a banda retornou revigorada após um hiato de alguns anos, e com o lançamento de “Land of Lightning”, lá fomos nós bater um papo com a galera e saber um pouco de sua história, planos e ambições. Antes de tudo, obrigado por nos conceder esta entrevista. A primeira pergunta é simples: vocês surgiram com uma proposta musical bem acessível, mas em uma época um pouco ruim, pois se fora do Brasil o Grunge assolava o cenário americano e a MTV, por aqui vimos o crescimento do Axé e do Pagode, e o Rock nacional começou a derivar. Isso prejudicou muito o trabalho de vocês na época? Gustavo: Antes de tudo, é um prazer conversar com você Big Daddy! Realmente na época em que começamos a correnteza estava totalmente contrária à nossa proposta. No Brasil

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o hard rock nunca foi popular. A guitarra, mesmo que levemente distorcida, sempre sofreu preconceito e pra uma banda cantando em inglês numa época ainda nada globalizada ficava bem difícil. Ainda sobre o passado, vocês estrearam bem, com um público de 900 pessoas na finada Babilônia. O que lembram daquela noite? E que tal nos contar alguns fatos engraçados daquele show? Tilly: Era a festa de um colégio (Veiga de Almeida) e uma amiga que estudava lá e fazia parte da organização nos chamou. Além de nós, tiveram outras 2 bandas que tocaram antes. Um fato que ocorreu, não sei se é engraçado ou não, houve uma invasão do palco no final do show da banda anterior a nossa e os seguranças subiram para tirar as pessoas e rolou uma certa confusão generalizada. Uma pergunta muito simples: de onde veio o nome da banda? Venhamos e convenhamos, o nome Silent nos permite uma gama de interpretações, então, qual foi a ideia? E por favor, Rock silencioso não pode (risos). Tilly: Bom, eu poderia inventar algo agora dizendo que seria legal a ideia de ter um contraponto de uma banda de rock ser silenciosa (risos). Mas a verdade mesmo é que estávamos eu, Gustavo e o Alexandre França sentados em um antigo restaurante (Real Astoria) no baixo Leblon “chutando” possíveis nomes e eu falei Silent, pois, tinha pensado na música “Silent Night” do Bon Jovi, mas, ninguém deu atenção. Passados alguns minutos o Gustavo virou-se para nós e disse que achava Silent legal, como ninguém foi contrário, ficamos com esse nome. E como foi a recepção para o vídeo de “Watching”? Óbvio que lhes rendeu um reconhecimento legal por ter aparecido no finado Demo MTV e ter circulado bastante em uma época que não existia Youtube. Gustavo: Foi limitada. Mesmo tendo entrado na programação da MTV a falta de interesse por parte de gravadoras inviabilizava qualquer divulgação maior. Naquela época era assim. 60


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Tilly: E se eu não me engano o clipe só passava nas madrugadas. E ainda estrearam por cima em disco, hein? Como foi que entraram na trilha sonora de “O Mapa da Mina”? E como foi a resposta do público? E chegaram a entrar em outras trilhas sonoras, não é? Bem que podiam usar umas novas de vocês, pois o padrão nas trilhas sonoras anda muito ruim. Gustavo: Foi totalmente uma surpresa entrar na trilha sonora de O Mapa Da Mina. Éramos bem novos ainda e tínhamos certeza que o sucesso seria inevitável. Acabou que música nunca realmente tocou. Já nas outras duas trilhas as músicas “I Foud Faith” e “Bitter Tear”, ambas do álbum “The Bright Side”, tocaram bastante. Quem sabe conseguimos entrar em uma nova trilha sonora, faz parte do que estamos querendo para uma melhor divulgação no Brasil. É um excelente mecanismo de divulgação. Infelizmente, vocês tiveram aquela pa-

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rada lá no meado da década passada. O que os levou a isso? E justamente em um momento que o Rock estava retomando forças por aqui... Gustavo: A verdade foi que eu me mudei para os EUA no mesmo ano que o primeiro álbum foi lançado e apesar dos esforços do Tilly, a banda não seguiu adiante. Mesmo passado dois anos já estávamos compondo a distância e duas das músicas que fizemos nessa época estão no “Land Of Lightining”, “Scene” e “The One Within”. Vocês voltaram mesmo em 2014, mas o que os trouxe de volta, e para ser sincero, por que demoraram tanto? Bandas como vocês não surgem toda hora no cenário carioca. Gustavo: Retornei ao Brasil em 2006 e passamos 4 anos com um projeto em português chamado Repplica. O Silent estava esquecido até que em uma conversa de fim de ano num bar o Alexandre França levantou a ideia de retomarmos o Silent. Aquela veio a ser nossa


última conversa. O França faleceu algumas semanas depois junto com a esposa e o filho nas trágicas chuvas na região serrana do Rio De Janeiro. Depois do luto retomamos o projeto que só chegou ao formato atual em 2014. Agora, vamos vir para mais perto do presente. Falando em “Land of Lightning”, como foi que surgiram as composições? Existem músicas mais antigas que entraram no CD rearranjadas, ou mesmo sem retoques? E como foi gravar o disco hoje em dia, mais de 20 anos depois do nascimento do Silent? E de onde veio o título do disco? Gustavo: Compor para esse álbum foi um pouco complicado. Primeiro porque o estilo teve que ser ressuscitado dentro de mim. Segundo porque passamos quase dois anos estudando até chegarmos a sonoridade que desejávamos pro álbum. O bom é que foram dois anos gravando todo o repertório antigo do Silent que, apesar de não ter sido usado no álbum, está registrado e vai ser lançado

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em algum momento. O título do álbum veio da música “Land Of Lightining”, uma música que compus em parceria com James Rose, um amigo dos EUA. “Land of Lightning” é um sopro de ar fresco em um cenário que, tradicionalmente, é ligado ao Metal extremo. Sério, quando ouvi o álbum para resenhar, ficava aquela sensação gostosa de ter achado um disco diferente, que vale a pena se ouvir muitas vezes. Vocês chegam a pensar como uma alternativa ao pessoal que busca algo mais acessível ou a ideia é outra? Aliás, hora de pensar em shows por SP, já que a terra da garoa costuma ser bem receptiva ao Hard Rock. Gustavo: Land Of Lightining é a expressão de um momento de grande dor, com a perda do nosso amigo França, e de um renascimento cheio de esperança e renovação, com a retomada de um caminho que sempre foi nossa maior vocação. Queremos sim tocar em São Paulo e


onde mais conseguirmos e, apesar da falta de lugares dispostos a abrir a porta pra bandas autorais, estamos trabalhando e procurando as parcerias certas pra chegarmos mais perto do público. E sobre shows? Poxa, hora de pensar em alguns, e em coisa grande. Sem parecer puxa-saquismo, vocês têm espaço no cast de um Rock in Rio... Hora de pensar alto! Gustavo: Estamos trabalhando pra isso. Assinamos com o selo Planet Music Brasil, que tem parceria com a Sony Music, e isso pode ajudar bastante. A última: como foi que escolheram “Around the Sun” para ser o vídeo de divulgação de “Land of Lighting”? Gustavo: “Around The Sun” foi a primeira

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música a ficar pronta e foi a primeira que eu fiz pensando exclusivamente no álbum. Queríamos fazer algo simples só para geramos conteúdo e acabou virando um clipe. Tivemos ajuda de vários amigos que fizeram um trabalho excelente desde a locação e maquiagem até a equipe de filmagem e direção de fotografia. Foi filmado em um dia sendo que a dramaturgia tinha que ser feita durante os 30 minutos de pôr do sol. O resultado foi esse: nosso primeiro single. É isso. Agradeço mais uma vez pela entrevista, e por favor, deixem sua mensagem para nossos leitores. Gustavo: Foi um prazer responder essa entrevista. Muito obrigado pelo espaço. Quem quiser conhecer mais a banda, estamos no facebook, no You Tube, no Reverbnation e, em breve, tocando em algum lugar perto de vocês.



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Por Raphael Arízio Fotos: Alvaro Di Paula (Alpha7Studio)

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atakabra vem para nos mostrar que o Nordeste brasileiro está mais que consolidado como uma das melhores cenas underground de nosso país. Com uma mistura de som pesado e influências mais modernas, a banda vem se destacando e despertando interesse até de bandas mais conhecidas como o Project 46. A banda lançou recentemente o E.P “Prole”. Como tem sido a repercussão desse lançamento? Rafael Coutinho – Em primeiro lugar, é com muito gosto que damos essa primeira entrevista para vocês. Principalmente por poder falar sobre o nosso primeiro trabalho oficial, o “Prole”. Estamos bastante satisfeitos com o que conseguimos atingir com ele. Nossa primeira turnê é resultado dele e nesse momento é o nosso maior feito. Por opção, vamos iniciar a divulgação de maneira massiva apenas no ano que vem. Então, o termômetro de que o trabalho foi bem feito tem sido o crescimento na página da banda, as produções e as bandas que entramos em contato, além das pessoas que sempre interagem conosco nas redes sociais. Mas não acredito que a Nuclear Blast USA ter nos seguido no Instagram tem relação com o lançamento do EP. Hahahaha O Matakabra está no momento em turnê pelo Nordeste. Como tem sido e o que a banda pode falar do público da região? 68


Foto: Lumos

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Rafael Coutinho - A resposta do público é de superar qualquer expectativa. Somos uma banda que surgiu na era das redes sociais. Tanto o público, quanto os shows marcados, foram graças a essa ferramenta que, nessa década, passou a fazer parte das nossas vidas: o facebook. Uma coisa é sempre ler os comentários e reações das pessoas na página ou mesmo se acostumar com a reação do público que temos aqui no Recife, mas outra bem diferente é ver a reação de pessoas que nunca nos viram antes e perceber que o som que fazemos as afeta. Quando elas nos veem ao vivo, sentem que nessa banda tem algo diferente, é isso que elas nos dizem. Já havíamos tocado em Mossoró (RN) ano passado, com bandas de um cenário mais clássico do metal e o feedback foi ótimo. Mas esse ano, em Salvador e Aracaju, os eventos tinham bandas que se voltavam para o metal moderno e o que percebemos, junto com as outras bandas, é que existe uma demanda para esse tipo de evento. A banda lançou um clipe ao vivo para a faixa “Prole” no União Fest, local de seu primeiro show. Foi uma coincidência ou a banda quis homenagear o local de sua estreia ao vivo? Rafael Coutinho e Rodrigo Costa - Não podemos dizer nem que foi coincidência, nem que foi uma homenagem pensada. Ficamos sim extremamente felizes que nosso show de lançamento ocorresse junto com o Project46 no lugar onde estreamos nos palcos. Porém, o pano de fundo disso é o União Fest. Evento organizado por algumas mentes que vivem na cena “underground do underground” daqui. Eles deram visibilidade a diversas bandas, e nós incluímos nesse meio, com uma ótima estrutura. Pensar um evento com a estrutura do União Fest há 2 anos seria impossível. Com isso o reconhecimento da conquista do espaço 70

Foto: Rafaelly Lemos


Foto: Lumos

vai para o Selton de Paula e o Ozéas Galdino (Ozzy) e ao dono da casa o João Soares por ter comprado a ideia da união e facilitado da sua maneira. O vídeo foi gravado em parceira com a Lumos, empresa áudio visual que sempre cobre os eventos do União Fest. O sentimento é de homenagem não só ao lugar, como ao evento, o vídeo só foi possível pela existência de ambos. Inclusive o último show da turnê esse ano, aqui no Recife, será em um União Fest comemorativo. Além disso, dividir o palco com os nossos amigos do Project46 também foi um motivo a mais para esse registro. A estreia da Matakabra foi na 3ª Edição do evento e hoje o União Fest já passa da 8ª Edição. Esse registro da “Prole” ao vivo com certeza foi um dos nossos melhores momentos. As letras da banda são todas em português, por que cantar no seu idioma e não em inglês? Seria para poder passar melhor o conteúdo de suas letras? Rodrigo Costa - Com certeza, a voz é um instrumento a mais, e nós já estávamos decididos que as letras iriam ser em português desde do início do projeto. Você pode entender uma mensagem em um som pesado é bacana, e mais ainda quando a galera se identifica e usa isso como válvula de escape. Na diversidade do Metal existe muita mensagem bacana, mas sinto que no Brasil ainda falta mais bandas com letras em português. É poder cantar e entender ao mesmo tempo o que a banda quer dizer, sem ter o intervalo que uma tradução impõe. Muitas vezes é por falta de inciativa, como eu mesmo já senti no início das composições. Tem aquela coisa de rimar, adaptar palavras fortes, usar gírias e até palavrões nas horas certas. Nosso país é grande, cheio de histórias e culturas de norte a sul, temos muito do que falar aqui, e na Matakabra tem letra cantada de forma contundente e reflete o que 71


acontece no Brasil. Recentemente a banda foi citada pelo Project46, um dos nomes em ascensão no underground nacional. Como a banda recebeu isso? Project46 é uma influência para vocês? Rafael Coutinho - A fagulha do sentimento de realização cresce com isso. Uma vez foi o Rafael Yamada que nos citou e na mais recente foi o Caio MacBeserra em entrevista para o Porão do Rock. O legal disso é reparar nos momentos em que cada entrevista aconteceu. Quando o Yamada falou sobre nós, havíamos apenas lançado as demos “Pesadelo” e “Com As Próprias Mãos” e naquele momento ela já havia percebido algo nas músicas. Já na entrevista com o Caio, foi algo posterior ao nosso 72

show aqui, show esse que eles fizeram questão de estar “presentes enquanto expectadores” (sic), nas palavras do Caio. Ele viu com os próprios olhos a banda ao vivo. Rodrigo Costa - Ser citado pelo Project46 sempre é uma motivação a mais para a gente, esse tipo de reconhecimento mostra que nosso trabalho está dando certo. Depois do Project46 muitas bandas começaram a existir e o público do metal tem se multiplicado mais. Esse tipo de iniciativa mostra que não precisamos esperar os Festivais anuais em cada cidade, e nem todo público tem condições financeiras pra viajar, comprar ingresso e etc. O Underground dá a oportunidade das bandas antigas, bandas novas de qual quer subgênero, junto com os fãs e amigos, de se encontrarem nesses shows de fim de semana que praticamente toda cida-


de tem. Foi lançado pela banda um webclipe para “Pesadelo”. Como tem sido a resposta do público para esse vídeo? A banda pretende lançar mais clipes para promover “Prole”? Rafael Coutinho - Na verdade, ele tem sido a resposta do público. Praticamente 90% das campanhas de marketing virtual foram focadas nele. Nos shows a música mais esperada é “Pesadelo”. O vídeo foi gravado pelo Lumos no nosso show de estreia e nos rendeu bons frutos para o início da banda. O público sempre comenta como é bom ver que o que viu na tela é real ao vivo, tanto na execução como na performance. E sim, pretendemos lançar um clipe de uma das músicas do EP entre feverei73

ro e março do ano que vem, a pré-produção já começou e as gravações iniciam agora em janeiro. Pelos resultados que tivemos com os materiais audiovisuais lançados até agora, a expectativa em relação ao clipe é bem grande. O Matakabra é uma banda que alia influências de sonoridades mais antigas com novas tendências de som pesado. Quais são as influências da banda? Rafael Coutinho - Para falar sobre as influências o ideal é falar sobre o que uniu a banda. Todos na banda gostam tanto de sons mais modernos como sons mais clássicos do metal. Podemos citar Suicide Silence, Dimmu Borgir, Carnifex, Project46, Max Cavalera, Slipknot e para as músicas mais recentes Meshuggah, Gojira. Isso enquanto consenso entre a banda.


Foto: Rafaelly Lemos

Pois cada um tem seu gosto individual. Podemos dizer que foi sorte que cinco pessoas desconhecidas tivessem uma afinidade tão grande em relação a música. A banda é do Recife (PE). O que a banda pode falar sobre a cena nordestina de metal? Quais as bandas da sua região vocês acreditam ter maior destaque? Rafael Coutinho - O Nordeste tem uma cena consolidada de Death/Thrash/Black metal. Isso é muito bom para o metal em geral, mas é muito custoso para as bandas mais modernas. Desde o movimento do Metalcore essa impossibilidade, ou falta de interesse mesmo, de junção de cenas ficou bem evidente. O sucesso do Project46 é algo que ainda não contempla o resto do país. Ao tocar em outras cidades daqui, e de conversar com amigos do 74

Sudeste, percebemos que isso é algo geral. Com isso, ao tocar fora do estado percebemos que existe além da demanda de público, uma carência de eventos voltados para essa cena do metal moderno. É muito motivador ver que, para alguns nós, podemos ser umas das representantes do metal moderno aqui no Nordeste. Como foi dito o Nordeste é um berço de bandas e o Recife não gosta de ficar para trás em nível de produção. Por isso, cito primeiro a banda Kalouv, para quem gosta de som experimental, com uma pegada de Black Metal na linha de Alcest e stoner, ela cumpre bem todo esse papel. Da cena antiga aqui no Recife existem bandas de alta qualidade e que dispensam apresentações como a Cangaço e Hate Embrace, inclusive dentro da Prole Maldita Tour faremos um mini tour com eles passando por Surubim, Maceió e finalizando aqui no


Foto: Lumos

Recife. Além dessas bandas confiamos muito no trabalho da Saga HC e das bandas dos membros icônicos aqui da cena como a Will2Kill e a Inner Demons Rise. De fora do estado podemos citar a Act Of Revange, Betrayed the Face, Maua, Necrohunter, Heavenless e In No Sense. Cada uma delas com sua peculiaridade em seu estilo. Quais os planos da banda para o próximo ano? Pretendem lançar um disco completo? Rafael Coutinho - Essa é a primeira vez que vamos nos pronunciar oficialmente sobre isso. Ano que vem lançaremos sim um trabalho, mas não um disco completo. Antes de fechar uma identidade em um trabalho cheio, pretendemos explorar algumas sonoridades dentro de metal que fazem parte também de nossas 75

influências. Será um trabalho conceitual que vai mostrar um momento específico vivido pela banda tanto do ponto de vista sonoro quanto da mensagem que queremos passar. O metal sempre foi um grito de protesto, pretendemos manter esse objetivo. Espaço para considerações finais e agradecimentos. Esperamos que quem ainda não conhece a banda vá no facebook e procure por Matakabra. A banda é nova, mas nem sempre soa nova. Para quem gosta de metal extremo, groove e breakdowns pode apostar no som. E é claro que não podemos deixar de agradecer a todos que fizeram parte da trajetória que estamos construindo, isso é apenas o começo.


Apresente-se! Olá pessoal sou Ronaldo Giehl, meus amigos me chamam Ronnie e assim adotei. É uma homenagem ao mestre Ronnie James Dio também! Sou gaúcho da cidade de Santa Cruz do Sul, tenho 45 anos sendo 32 dedicados ao Metal. Sou guitarrista e fundador da banda Forkill do RJ. Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? Um Headbanger sonhador, que mal sabia alguns acordes e nunca teve aula de guitarra. Um músico com muita determinação e força de vontade que batalha muito em busca de um grande sonho. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Na vida pessoal realizei alguns e ainda busco outros. Na música, abrir um show do Exodus no Circo Voador, seria muito legal. Do que você tem medo? Da violência urbana, assalto, bala perdida. Vivo em uma cidade violenta, dominada pelo crime. O que costuma fazer quando não está envolvido com a banda? Estou com minhas filhas e esposa viajando. Quando era criança o que você dizia que iria ser? Jogador de futebol do Vasco. Até jogo bem ainda rs. Qual foi a sua maior realização pessoal? Minha família sem dúvida, minhas 3 filhas e esposa. Qual foi o seu pior momento? A perda de familiares. Qual CD você gostaria de ter feito? Com toda certeza o Master of Puppets. O que te motiva? Estabelecer metas ajuda muito, cumprir é muito prazeroso, in76


Fotos: Rapha Simons

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sistência e acreditar é meu lema. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Não em desistir, mas sim em recomeçar tudo! Quais são as cinco bandas que você mais gosta? Cite um álbum de cada e fale deles. Iron Maiden - Sou muito fã, é uma grande paixão e “The Number of the Beast” é o álbum mais foda da história da música. É provavelmente o disco que mais escutei na vida. Judas Priest - Sou muito fã também, “Screaming for Vengeance” é a descrição do que é Heavy Metal. Metallica - Conheci a banda logo que lançaram “Ride The Lightning” e acompanhei os anos dourados, chorei quando Cliff morreu, pois era mega fã na época do acidente! Exodus - É a perfeição do Thrash Metal, grandes riffs, uma autentica lição de violência. “Bonded By Blood” é o segundo álbum que mais escutei na vida e Gary Holt é meu guitarrista preferido do Thrash. Black Sabbath - Amo a banda, o “Sabbath Bloody Sabbath” é uma obra prima. Curto muito também a fase com Dio e o Heaven and Hell é sensacional, não posso deixar de citar. A banda ainda está trabalhando na divulgação do primeiro álbum, “Breathing Hate”, mas já tem noticiado informações sobre o novo CD... O que podemos esperar para os próximos meses? Vamos lançar o novo álbum no começo de 2017, e estamos muito empolgados com o material que temos. Conseguimos uma qualidade de som incrível, os timbres estão es78

magadores e a sonoridade do disco está sensacional. Acredito que as músicas dessa vez, são mais diretas e violentas na pegada. Vamos ter músicas rápidas, partes cadenciadas para bater cabeça e algumas surpresas. As letras foram muito bem trabalhadas também e vai mostrar nossa visão sobre religiões e violência da humanidade Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Apesar de todas as dificuldades amamos isso e é muito divertido também! Poder tocar com os amigos, subir no palco e ver a galera se divertindo no mosh com o nosso som é incrível. Acredito que a música é uma maneira de se expressar e essa troca de energia com o público nos da essa força necessária para insistir e acreditar no trabalho sempre. Existe algum tipo de ritual antes de subir ao palco? Sim, dar um abraço em todos os músicos da Forkill e equipe. Desejo que se divirtam e façam um grande show! Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Limpeza de casa, sou completamente pirado com casa limpa e arrumada rs! Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Vamos ter um ano de 2017 com muito trabalho e diversas novidades em termos de show e lançamento. Vai ser o ano mais importante da Forkill até aqui e espero encontrar com vcs nos shows. Muito obrigado a todos que de uma maneira o outra estão sempre apoiando a banda, obrigado Rock Meeting pelo espaço. SEE YOU IN THE PIT!


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Alexandre Afonso – Rádio Rock Freeday

1 - Metallica - Hardwired... To Self-destruct 2 - Joe Bonamassa - Blues of Desperation 3 - Testament - Brotherhood of the Snake 4 - Megadeth - Dystopia 5 - Opeth - Sorceress

King bird - Got Newz Dream Theater - The Astonishing Epica - The Holographic Principle Scorpion Child - Acid Roulette Glenn Hughes - Resonate

Pedro Humangous Salim – Hell Divine

1 - Devin Townsend – Transcendence 2- Anaal Nathrakh - The Whole Of The Law 3 - Witherscape - The Northern Sanctuary 4 - Revocation - Great Is Our Sin 5 - Them – Sweet Hollow

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Allegaeon - Proponent For Sentience Black Crown Initiate - Selves We Cannot Forgive Serpentine Dominion - Serpentine Dominion Testament – Brotherhood Of The Snake Twelve Foot Ninja – Outlier


Pei Fon - Rock Meeting

1 - Megadeth – Dystopia 2 - Blues Pills – Lady In Gold 3 - Testament – Brotherhood of the Snake 4 - Lacuna Coil - Delirium 5 - Rebaelliun – The Hell’s Decrees

Lacerated and Carbonized – NarcoHell Scorpion Child – Acid Roulette Metallica – Hardwired… To Self-Destruct Nervosa – Agony Torture Squad – Return of Evil

Tony Monteiro – Roadie Crew

1 - Rolling Stones – Blue & Lonesome 2 - Blues Pills - Lady In Gold 3- Metallica - Hardwired... To Self-destruct 4 - Rival Sons – Hollow Bones 5 - Scorpion Child – Acid Roulette

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The Cult – Hidden City Zakk Wylde – Book Of Shadows Ii Hangar – Stronger Than Ever Monster Truck – Sittin’ Heavy Freak Company – Freak Copmpany


Maicon Leite – Wargods Press/Roadie Crew

1 - Testament - Brotherhood of the Snake 2 - Grand Magus - Swords Songs 3 - Sacred Steel - Heavy Metal Sacrifice 4 - Gruesome - Dimensions of Horror 5 - Ghost – Popestar

Flotsam and Jetsam - Flotsam and Jetsam Vektor - Terminal Redux Desaster - The Oath of an Iron Ritual Destroyer 666 - Wildfire Exumer - The Raging Tides

Marcos “Big Daddy” Garcia - Metal Samsara

1 - Darkend – The Canticle of Darkness 2 - Lacerated and Carbonized – NarcoHell 3 - Rotting Christ – Rituals 4 - Rebaelliun – The Hell’s Decrees 5 - Tamuya– The Last Of The Guaranis

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Metallica – Hardwired… To Self-Destruct Sabaton – The Last Stand DarkTower – Eight Spears Panzer – Resistance Hangar – Stronger Than Ever


Luciano Piantonni – Assessor

1 - Metallica - Hardwired... To Self-Destruct 2 - Poltergeist - Back To Haunt 3 - Anthrax - For All KIngs 4 - Metal Church - XI 5 - Flotsam And Jetsam - Flotsam And Jetsam

Avenged Sevenfold - The Stage Ghost - Popestar (EP) Last In Line - Heavy Crown Suicidal Tendencies - World Gone Mad Dust Bolt - Mass Confusion

Leandro Nogueira Coppi I – Brasil Metal História/Roadie Crew

1- Megadeth – Dystopia 2- Testament – Brotherhood of the Snake 3- Metallica – Hardwire... To self-destruct 4- Quartz – Fear No Evil 5- Palace – Master of the Universe

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The new roses – Dead Man’s Voice Ghoul – Dangeon Bastards Tyketto – Reach Asphyx - Incoming Death Devin Townsend Project – Transcendence


Maurício Melo – Correspondente

1 - Hatebreed – The Concrete Confessional 2 - Suicidal Tendencies – World Gone Mad 3 - Nails – You Will Never Be One of Us 4 - Trap Them – Crown Feral 5 - Lobotomia – Desastret

Testament – Brotherhood of the Snake Descendents – Hypercaffium Spazzinate The Dillinger Escape Plan – Dissociation Crim – Blau Sang, Vermell Cel Metallica – Hardwired...To Self-Destruct

Charley Gima - Futerock

1 - Megadeth - Dystopia 2-Metallica - Hardwired...To Self-Destruct 3 - Ancesttral – Web of Lies 4 - King Bird – Got Newz 5 - Torture Squad – Return of Evil

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Testament - Brotherhood of the Snake Almah - E.V.O. Epica - The Holographic Principle Blues Pills - Lady in Gold Steven Tyler - We are All Somebody From Somewhere




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