Rock Meeting Nº 83

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EDITORIAL

Consumidores

Todo mundo consome alguma coisa. Fato! Só que há uma margem muito esquisita acontecendo no nosso meio que intriga demais os produtores e frequentadores dos eventos. Não é de hoje que questionamos a falta do público nos shows. Estamos beirando os oito anos de vida da Rock Meeting e nesse período algumas coisas mudaram para melhor e outras nem tanto. Uma delas é a questão do consumo dos shows, da experiência sensitiva deste produto. É claro que ninguém é obrigado a ir para determinado show se não gosta. É claro que ninguém é obrigado a ir para um local que não se sinta seguro e ainda tenha que pagar um valor que não condiz com a apresentação. Os shows precisam ser bem produzidos e executados. Ninguém vai sair da sua casa para se arriscar, seja público, seja banda. Ninguém mesmo! O promotor deve entender que a

escolha de um local adequado para o show é fundamental. É preciso pensar em muitas variáveis para empatar nos custos do evento, não tomar prejuízo e não ser conhecido por ser um mal profissional. Enfim, não queremos ensinar como fazer as coisas. Sabemos das dificuldades. Em tempos difíceis que estamos vivendo é preciso se reinventar para não fazer o ‘mais do mesmo’. Um show é um negócio, não tem como pensar diferente. Vai e tenta algo. Se não rolou, paciência e tenta novamente. Público, por favor, sair de casa tá complicado ultimamente, mas não deixe de desfrutar as experiências dos shows. É isso o que fica na memória e não ficar sentado em frente ao computador vendo shows e pensando como seria. Vamos fazer diferente?! Fica essa a dica para todo mundo!


TABLE OF CONTENTS 06 - News - World Metal 10 - Lapada - “O metal é realmente de esquerda?” 14- Entrevista - Affront 22 - Entrevista - Betrayal 32 - Live - A Wilhelm Scream e Strike Anywhere 38 - Entrevista - Monticelli 50 - Capa - Hate Embrace 60 - Live - Sorrofest Barcelona 2016 68 - Live - Cruilla Summer Festival t2016 78 - Entrevista - Pandemmy 84 - Entrevista - Axecuter 92 - Perfil RM - Klaus Cobra (Outro Destino) 97 - Resenha - Cds


Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn

Colaboradores Alex Chagas Bruno Melo Jonathas Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite Raphael Arízio CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net


Foto: Alessandra Martins

Turnê europeia

Saída da banda

A banda mineira Aneurose confirmou recentemente a sua primeira turnê na Europa, através da empresa A On Fire Booking Agency, em suporte ao seu segundo álbum “Juggernaut”. A “Juggernaut Over Europe” passará, no primeiro semestre de 2017, por países como Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica e Holanda, com datas e locais a serem confirmados em breve. Em paralelo, a banda continua o processo de agendamento de datas para seus shows.

A banda carioca Absolem, anuncia o desligamento do guitarrista Marcus Fraga de suas atividades no grupo, devido a motivos pessoais. Os músicos remanescentes expressam a sua gratidão pelo seu trabalho e contribuição à banda. Formada no ano de 2011, na cidade do Rio de Janeiro, a banda Absolem segue o metal extremo buscando inspiração no rock progressivo e no heavy metal tradicional para elaborar suas músicas. Para esta e outras informações acesse a página oficial da banda.

PRIMEIRO LANÇAMENTO Banhada pelo sentimento de mudança social, a banda Efeito Moral formada pelos músicos Dias (vocalista), Silva (guitarra), Ribeiro (baixista) e Santos (bateria), lançará neste ano o primeiro álbum denominado “Metralhaboca”. Para a promoção do debut, o quarteto disponibilizou digitalmente o single “Brado”, que é um dos destaques do disco. A banda de Maceió/AL, denuncia em suas letras a opressão física e psicológica vividas por quem possui menor influência na sociedade e por quem possui menor poder aquisitivo. Seguindo esse raciocínio, o “Brado” retrata a necessidade do injustiçado se levantar contra seus opressores e fazer valer a sua voz, como um “brado contra a máquina”. Em um estilo que mescla Rock, Groove e RAP, o Efeito Moral começa a pavimentar uma trilha de som e protesto rumo à consciência das pessoas. Prepare-se que vem “chumbo grosso” dessa “metralhadora”. 06


shows na Argentina

Foto: Renan Facciolo

O King Of Bones já iniciou os shows de promoção de seu segundo álbum tocando em julho no Gillan’s Inn (SP) e no evento “Rock na Porta” (SP). Agora, o grupo paulistano confirma a primeira passagem pela Argentina, onde fará três datas em outubro para divulgar “Don’t Mess With The King”. “Acredito que todo artista tem a ambição de levar a sua arte para além das fronteiras de seu país. Fazer isso a um público fanático que respira e vive o Heavy Metal como o argentino é algo que nos enche de orgulho. Tenho certeza que representaremos o Metal do Brasil em grande estilo”, diz o vocalista Júlio Federici. Durante a promoção do álbum de estreia, “We Are The Law” (2013), o grupo sentiu a resposta positiva durante a turnê, em que realizaram diversos shows pelo Brasil ao lado da banda de Andre Matos (ex-Angra, Viper, Shaman). O objetivo de Júlio Federici (vocal), Rene Matela (guitarra), Rafael Vitor (baixo), Renato Nassif (bateria) é manter a base que foi conquistada e dar um passo além em “Don’t Mess With The King”.

videoclipe

estreia nos palcos

O jovem guitarrista de Joaçaba/SC, Patrick Pedroso (ex-Warfield), lançou o videoclipe de “Revolution” que promove o seu álbum solo “Labyrinth” de 2015. Inspirado em nomes como Steve Vai, Joe Satriani e Tony Macalpine, Patrick tece seu estilo com o mesmo “feeling” e elegância. O músico também não descarta influências de grandes guitarristas brasileiros como Edu Ardanuy, Kiko Loureiro e Marcelo Barbosa. Assista agora o vídeo da música “Revolution”.

O trio de Metal Extremo, Heavenless, formado por Kalyl Werewolf Lamarc (vocal e baixo), Vicente “MadButcher” (bateria) e Vinicius “Carcará” Martins (guitarra), inicia o segundo semestre de 2016 com agenda cheia. O Thrash/Death Metal visceral que a banda executa, servirá de abertura no dia 26 de agosto para o Nuclear Warfare, banda alemã de Thrash Metal que divulga seu álbum “Just Fucking Thrash”. O show acontecerá no Motoclube Carcará em Mossoró/RN.

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SHOW INÉDITO Os cariocas do Taurus tem anunciado várias novidades entre relançamentos e distribuição digital de seus títulos. Entre as novidades está o relançamento do Signo de Taurus, o álbum de estreia da banda que os projetou nacionalmente. O álbum será reeditado no Brasil pela Marquee Records em versão CD, e pela Urubuz Records, uma versão revisitada em vinil, esta com lançamento previsto para o segundo semestre. A banda ainda anuncia a distribuição mundial de toda sua discografia. A partir de agora os seus álbuns estão disponíveis nas principais plataformas de vendas digitais como Itunes, Google Music Store, Amazon MP3, entre outras, como também esta disponível em muitos canais de streaming como Spotify, Deezer, Last.fm e Simfy entre outros. Vale lembrar que o Taurus recentemente lançou o seu DVD-CD de 30 anos e que continua na estrada divulgando seu trabalho.

Novo vídeo

“Unfolding Paths”

A banda paulista Metalizer acaba de lançar seu mais novo videoclipe. Na ocasião, a música escolhida para ganhar um clipe oficial foi A Bridge Across Time And Space, faixa encontrada no segundo álbum do grupo, “Your Nightmare” (2015). Para conferir o vídeo acesse AQUI. Este é o segundo vídeo oficial da banda, que já lançou um clipe pra música “My Cage”. O novo clipe foi filmado por Robson Afonso da equipe Folcore e editado por Cláudio Cestare Jr. da equipe Last Mosh.

A Crossed Crow foi formada em 2012 com a proposta de executar um Death Metal técnico e com composições diferenciadas dos padrões do estilo. Atualmente, o grupo conta com os vocais de William Menezes, a dupla de guitarristas é formada por Gustavo Ferreira e Alessandro Yoshinaga, além do baterista César Betioli e o baixista Luccas Vasconcellos. O grupo lança seu primeiro single, trata-se da faixa “Unfolding Paths”, que pode ser conferida AQUI.

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Seria cômica se não trágica tal afirmativa! Há dias em que as polêmicas que rodeiam a internet me dão no saco, definitivamente. O povo do Heavy Metal parece ter arrumado outra coisa para fazer da vida, além de beber e impor regras: agora é dar pitaco político. Não mencionarei nomes: uma banda da cena brasileira, em um show, mandou um “foda-se Bolsonaro” e desencadeou outro problema e causou cisões dentro do Heavy Metal. Parabéns, eles provaram que chamam mesmo a atenção mais pelas besteiras que pela música. Sinto muito pela sinceridade, mas processos de clonagem não possuem mérito para quem conhece o Metal há mais de 25 anos. Mas deixemos a militância partidária do grupo de lado (é problema deles), e penetremos no “aftermath”. Como o quadro político no Brasil não anda dos melhores desde 2013, quando começaram os manifestos populares no meio deste mesmo ano, tudo

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anda causam muita polêmica, muitas reações apaixonadas. E isso tem causado mais e mais divisão de um cenário que anda perdendo espaços. Tudo bem que alguns preferem ver bandas em locais sem estrutura adequada, mas acreditam que nomes de porte aceitariam isso? Perguntem ao Iron Maiden, ao Black Sabbath, ou mesmo ao Judas Priest se eles tocariam sem cachê, condições ou estrutura? Mas não é por este lado que pretendo ir. Isso é chover no molhado. Voltando à polêmica causada pelos Dolly clones de quem falo acima, não foi in-


comum ler nas mídias sociais que “o Metal é de esquerda”. Meus caros, eu sei lá de onde vocês, que pensam dessa forma, tiraram esta merda, mas erraram feio! Metal de esquerda? Seria cômica se não trágica tal afirmativa! Para início de conversa, o Heavy Metal nasceu no final dos anos 60. Nem falarei de Cream, Janis Joplin ou Jimi Hendrix, nem mesmo nos Beatles, pois afirmaria minha tese ainda mais. Mas partirei dos nossos pais, os três dinossauros. O Black Sabbath, mesmo depois de ralar muito, teve seu primeiro disco lança-

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do pela Vertigo Records, que apesar de estar começando, era uma subsidiária da Philips/ Fonogram. O Led Zeppelin era da Atlantic e o Deep Purple era da Parlophone Records, que era um selo bem velho e que viria a se chamar EMI em 1973 (embora o grupo empresarial. como um todo já usasse o nome desde 1931). Ou seja, nossos “founding fathers”, para saírem da garagem e gravarem seus discos, necessitaram de capital empresarial. Se realmente houvesse neles algo de socialismo/ comunismo/esquerdismo/a-porra-de-nome-que-queira-chamar-este-lixo, eles gravariam por selos tão grandes?


Se eu fosse ir antes então, saberiam que nossos antepassados gravaram tudo em selos grandes. E o capital fez parte do processo de nascimento e expansão do Heavy Metal, bem como do Punk Rock, já que o Ramones começa na Sire Records, que na época era um selo independente de sucesso (antes já recebera muito dinheiro para ser fundada e ter parte com outros selos pelo mundo) e seria adquirida pelo grupo Warner mais tarde (mais precisamente em 1978). O próprio Sex Pistols havia deixado a EMI e a A&M antes de ir para a Virgin. “Ah, mas tais bandas falaram em temas de esquerda, e mimimi...” é o que mais costumo ler e ouvir por aí. E isso, meus caros, chama-se apropriação cultural, coisa que nossos

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queridíssimos acadêmicos de esquerda adoram fazer para seduzir quem nunca leu sobre o assunto. Mas sabiam que Cuba é um país de merda hoje em dia? Tanto que existe uma banda chamada Porno Para Ricardo, que vive espinafrando o regime de Fidel, e que já foi parar em cana algumas vezes por isso? E aquele ditador de merda, Maduro, tão amado pela esquerda brasileira, que decretou na quinta-feira (28/07/2016) que todos os servidores (públicos e privados) deverão trabalhar nos campos, para acabar com a escassez de alimentos, provocada pelo regime desse pateta? Aliás, acredito que ele não vai querer fazer o mesmo (Fidel nunca fez). Fonte AQUI.


“Ah, mas todos deveriam fazer isso”, diz o idiota de esquerda que tem aquela vozinha escondida que diz “todos menos eu”. Querer o melhor para todos não é algo necessariamente de esquerda. Aliás, quem conhece a fundo a história deste regime sabe o quanto ele é assassino, pernicioso e destrutivo. E me estranha muito que os headbangers, que se dizem a favor da liberdade, defendendo este tipo de governo que sempre passa por ditadura. E ditaduras, no mundo de hoje, não possuem mais espaço. Alguns músicos de Metal americano falaram sobre a questão Trump x Hillary na corrida presidencial americana. Alguns falam contra, mas a ponderação dos mesmos é impressionante, coisa de gente que entende

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o que é expor uma opinião e saber respeitar as alheias. Coisa que nosso Dolly Clone anos 80 não soube fazer, fez apenas porque a banda, há tempos, anda perdendo espaço para nomes emergentes no gênero no Brasil. Novamente, não pretendo citar nomes, basta abrirem sites de notícias dignos e verão o que digo. Fechando: ou vocês sentam o vosso rabinho e vão ler livros isentos de tendências ou serão sempre isso que o Dolly Clone se provou: apenas alguém que desconhece o que significa “ser de esquerda”, que é apoiar ditaduras opressoras, coisa que nem em sonho o Metal passou perto. E chega disso!


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Amanda Respicio

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uitas bandas novas têm o desafio de alcançar uma gama de pessoas para atingir o seu objetivo: ser conhecidos. Por esta razão, a banda cariosa Affront vem investindo pesado para chegar aos ouvidos da galera que gosta do metal. Criada este ano, a banda é liderada por M Mictian, baixista do Unearthly, banda que parou suas atividades recentemente. Ele achou um tempinho para nós e fala sobre seu projeto e que ganhou o status de banda. Conheça um pouco mais do Affront. É costume que as bandas se apresentem para os nossos leitores. Por favor. O Affront é uma banda de thrash/death metal do Rio de Janeiro, formada em abril de 2016 por mim (fundador e baixista da banda de black metal Unearthly). Nós praticamos um thrash/death metal rápido e agressivo. Conta com R.Rassan (guitarrista do Unearthly) & Jedy Najay (bateria) e eu, M.Mictian, no (baixo & vocals). No momento a banda segue produzindo seu primeiro álbum. A banda é nova na cena, enquanto indivíduos são conhecidos. M Mictian o que a reunião do power-trio vem para agregar ao thrash/death Metal? Nós viemos para fazer o que sempre fizemos, ou seja metal, não estamos aqui para ficar com aquele “romantismo” de que viemos para salvar a “cena”, que vamos mostrar o verdadeiro

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metal, essas coisas. Queremos apenas fazer o que gostamos de ouvir nos nossos dias, metal e mais metal! Por que Affront? Conte para nós como surgiu a banda, o nome... Eu já tinha a banda em minha cabeça há algum tempo e vinha elaborando o que seria um “projeto”, mas com a interrupção da carreira do Unearthly eu decidi que o projeto seria uma banda de verdade. Afrontar; Insultar é um nome que tem a cara da banda, a ideia era poder fazer algo que pudéssemos falar de vários assuntos que nos incomoda e que achamos errados desde assuntos sócio-políticos, a loucura mundial, diversos tipos de guerras seja ela bélica ou interior, ao fanatismo religioso etc. Em poucos meses de trabalho já lançaram uma música e está aí disponível para a audição. “Under Siege” tem muita personalidade e é um bom cartão de visitas. A partir do momento que decidimos que realmente seria uma banda, e não mais apenas um projeto, começamos a trabalhar rápido e bem sério. Todos da banda estão de parabéns pelo trabalho, mas tudo está apenas começando e temos muito a fazer ainda. Já temos um videoclipe gravado e que acabamos de lançar e também lançaremos o álbum. Estamos montando uma boa base para podermos cair na estrada. “Under Siege” tá aí para o deleite. Mas o cd já deve ser em breve. Já tem nome, data de lançamento? O que pode nos adiantar? Devemos lançar o álbum entre outubro e novembro e se chamará “Angry Voices”. Será lançado pela Cianeto Recs. “Angry Voices” está bem característico: Thrash/Death Metal, agressivo, rápido, mas também tem algumas 18


doses de música cadenciada (já na “Under Siege” pode-se enxergar isso). Nada que tire a força e rispidez do álbum, na verdade é algo que agrega mais nuances a nossa música. A capa foi um trabalho do designer Marcelo Vasco, nome bem conhecido do Metal. Por que ele? Fale um pouco sobre a capa. Marcelo Vasco é um amigo de longa data aqui do Rio de Janeiro. Já trabalhei com ele em algumas artes pro Unearthly, inclusive o que seria o novo álbum do Unearthly, quem estava desenvolvendo toda a arte era ele, então decidi não mudar na hora de fazer a arte do Affront. A capa tinha que sintetizar as diversidades do íntimo da raça humana, coisas como o bem e o mal, a morbidez “natural” do ser humano, o crânio simbolizando e mostrando o quanto todos nós somos iguais independente de qualquer outra coisa, dentro disso tudo, toda a obscuridade peculiar nas artes que é tradicional no Metal que sempre versa com o mórbido, obscuro etc. Marcelo Vasco seria a pessoa ideal para nesse momento para construir essa arte, além, claro, de ser um dos maiores artistas do mundo. M Mictian é difícil falar sobre o fim do Unearthly, banda tão promissora que sofreu um golpe muito pesado da vida. O que te fez continuar? Acho que a própria música, metal faz parte da minha vida desde os meus 13 anos de idade. Acredito que seria muito difícil ficar sem fazer ou estar nesse meio. Então você acaba pensando por pouco tempo e volta a toda carga compondo, fazendo música e segue em frente com o que ama. Não tinha muito o que fazer a não ser estar fazendo metal! M Mictian você agora é quem assume os 19


vocais, processo natural ou é mais um desafio? É um grande desafio pra mim. Na verdade nunca pensei em tocar e cantar, mas desta vez acabou que as coisas aconteceram assim. Eu convidei algumas pessoas para fazer essa parte, mas elas não quiseram, então R.Rassan (guitarrista do Affront), disse: “Faz você mesmo!”. Foi o cara que me deu mais força nesse sentido e eu decidi encarar mais este desafio. Aos poucos tudo foi acontecendo de forma boa e con20

vincente e seguimos em frente. Top 5. Quem são as inspirações do Affront? Cite um álbum de cada banda e comente sobre. Difícil! Eu ouço muito metal em várias vertentes, mas poderia citar, “Harmony Corruption” do Napalm Death (Quando eles mudam um pouco deixando de lado o Grind e atacam com uns lances Thrash metal gosto muito). “Beneath The Remains” do Sepultura (Clássico dos caras – pra mim – eu acho que o álbum


divisor de águas pra eles). “Extreme Aggresion” do Kreator (Catapultou os alemães pro mundo, uma obra prima). “Point Blank” do Nailbomb (Max mostra mais claramente seu lado punk e sujo, um disco direto, reto, sem rodeios). “Brasil” do Ratos de Porão (Quando o R.D.P traiu de vez o movimento “risos”. São coisas idiotas que ouvimos por aí há décadas deles, eu respeito toda a carreira). “Apocalyptic Revelation” do Krisiun (Sou fã de carteirinha desse trio, não tem o que tirar nem pôr, sempre excelente). “Reign in Blood” do Slayer 21

(Sensacional esse álbum, é perfeito do começo ao fim, aula de metal). “Storm of Lignht´s Banes” do Dissection (Um dos álbuns que me inspiraram a fundar o Unearthly). Por fim. qualquer álbum do Sodom! Por fim, o que podemos esperar do Affront para 2016? Sucesso e perseverança. Muito obrigada! Muito trabalho, lançamos o vídeo clipe, estamos para lançar o primeiro disco da banda e daí pra frente é fazer shows e cair na estrada.


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Por Pei Fon Tradução: Jonas Sutareli Fotos: Banda/Divulgação

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Rock Meeting sempre busca novidades, dentro e fora do país. Sempre pode soar novo, mas as bandas têm história para contar, basta ter espaço. Pensando assim, conhecemos a galera do Betrayal e apresentamos para vocês. Deleitem-se! É costume que a banda se apresente para nossos leitores. Por favor. Nós somos uma banda de Metal da Baviera (Alemanha) e atualmente lançamos nosso primeiro álbum chamado “Infinite Circles”, que você pode ouvir no iTunes, Amazon, Bandcamp, Deezer, Spotify e por aí vai. A Beatrayal foi formada originalmente em 2005 por Manuel (bateria), Kilian (guitarra solo) e alguns músicos parceiros. Um EP foi lançado em 2007 e várias performances ao vivo se seguiram nos próximos dois anos, incluindo abertura de shows para bandas como Deadlock, Eisregen, Fear My Thoughts, Equilibrium e muitas outras. Em 2009, uma parte dos integrantes decidiu deixar a banda, o que deixou um lugar vago na guitarra base, baixo e vocais. Alex se juntou à banda na guitarra base ao fim de 2009. Depois disso, uma longa busca por baixo e vocal começou. Finalmente, no fim de 2014, Philipp se juntou à banda no baixo e Alex assumiu os vocais. Com essa formação, uma demo foi lançada ao fim de 2015 e, em seguida, o álbum “Infinite Circles” em julho de 2016. 24


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Betrayal soa bem novo no Brasil. Acabaram de lançar seu primeiro álbum. Apresente para nós “Infinite Circles”. Primeiro e mais importante, é um álbum conceitual. As letras tratam do mundo mental de um indivíduo humano. Em particular, ele lida com ideias e impressões externas que podem contaminar, torturar e ocupar completamente os pensamentos desse indivíduo, como um parasita. Em algum ponto durante este repetitivo, processo contínuo, você chega a uma encruzilhada: você se mantém de pé contra esse parasita ou você falha. Além do mais, nós focamos numa escrita de letra 26

madura e em ter um som forte, mas natural, que nós achamos que realmente funcionou muito bem. Nós tivemos reviews muito bons no nocleasingging.com e metal.de por exemplo, o que pode lhe dar uma ideia de como as outras pessoas recebem nosso trabalho. Ouvindo o demo e o álbum, o amadurecimento sonoro é perceptível. Ao que podem atribuir essa melhora, digamos assim? Na verdade, as músicas foram escritas na época da demo, mas eu acho que você fala sobre a diferença nos vocais e na sonorida-


de. À época da demo, Alex estava apenas começando a tomar parte nos vocais e tocar guitarra ao mesmo tempo. Nesse um ano ele melhorou bastante e definitivamente nos ajudou em nos tornarmos mais maduros enquanto banda. Eu acho que você pode dizer que ele nos trouxe ao próximo nível. Em relação ao som, nós levamos muito mais tempo em desenvolver um som que se encaixasse na nossa visão. Sua mente criativa e sua resistência simplesmente nunca acabam e juntos nós trabalhamos como um ótimo time, nós achamos.

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“Fighting Perdition” é uma música que gruda. A intenção é essa? Hahaha Sim, exatamente! Através do álbum inteiro, nós tentamos alcançar um bom equilíbrio entre os riffs que as pessoas possa curtir ao vivo e bater cabeça e riffs que são um pouco mais sofisticados. Essa mistura é realmente importante para nós e é o que nós achamos que é o que faz com que esse álbum seja ouvido várias e várias vezes. Gosto bastante de Death Metal e os elementos que compõem o som. E vocês têm essa pegada. Por que o Death


Metal? Em quem se inspiram? Eu acho que esse estilo de música te permite pegar influências de muitos gêneros diferentes e colocá-los sob um “guarda-chuvas” de Technical Death metal. Nosso baterista, Manuel, por exemplo, é um enorme fã de Jazz-Fusion e música Latina, Kilian tem um ponto fraco por rock progressivo e rock dos anos 70 e 80. Todas essas influências podem ser trazidas para este tipo de música. É permitido você colocar muita variedade nele, o que faz dele mais interessante. Nós crescemos com Metal e, ainda assim, depois de décadas existem novas bandas que empurram os limites dessa música mais e mais. Ainda sobre a música de trabalho, já tem vídeo lançado, cd rolando por aí. Qual tem sido a resposta do público? A reação tem sido esmagadora. Nosso álbum quase esgotou depois do segundo show e diariamente nós temos feedback positivo dos fãs, amigos e mídia. Nós estamos realmente felizes com isso e esperamos que isso continue dessa maneira! Temos uma visão muito básica da cena na Alemanha. O que vocês podem contar para nós? Bem, eu poderia dizer que ela está viva e está bem. Especialmente as bandas maiores têm um ótimo apoio e seus shows lotados por todo o país, independente do estilo de metal que elas tocam. No momento, a melhor época do ano com todos os grandes festivais está prestes a começar! Tem muitas bandas jovens que gostam de tocar ao vivo e gravar cd’s da mesma maneira. Pessoalmente, é onde eu estou um pouco desapontado com a cena agora, porque é muito difícil para essas bandas, assim como foi para nós, conseguir 28


mais atenção e tocar em shows interessantes. Eu tenho a sensação que os shows e as bandas locais tiveram melhor atenção alguns anos atrás. Mas, de qualquer forma, eu acho que a cena continua muito bem e a galera curte a música. No momento é simplesmente incrível fazer nossa performance perante o público. Top 5. Quais as bandas que são influência para a banda? Fale um pouco sobre elas. Nós somos definitivamente uma banda de Death Metal com uma forte tendência ao lado técnico deste gênero musical. Uma grande influência, é claro, é a Death. A combinação do metal técnico, que tem uma pegada única, definitivamente inspirou cada um dos membros da banda. Outra grande influência é o Death Metal Melódico sueco, especialmente os caras da At The Gates. Eu acho que temos uma abordagem progressiva no novo álbum. Kilian, nosso compositor das letras, é um grande fã de King Crimson e Mastodon, então definitivamente tem influências aqui. Ao mesmo tempo, nós tentamos dar à nossa música a brutalidade e o ritmo necessários, que em combinação produzem uma atmosfera e acentuam o conceito do disco. Os mestres desse “metal atmosférico”, para mim, são Behemoth. Todo o conceito deles da música à presença de palco é simplesmente incrível. Vocês surgiram em 2005, deram uma pausa e voltaram 10 anos depois. O que aconteceu e qual o motivo da volta? Nós nunca terminamos, mas tivemos algumas mudanças na formação que nos forçaram a ter uma “pausa” de 2010 a 2014. Isso foi muito importante para nós, não apenas para achar músicas habilidosos, mas tam29


bém bons amigos que nós pudéssemos nos relacionar. Então na verdade nós apenas estávamos esperando para encontrar nossa formação perfeita e finalmente voltar aos palcos e gravar nosso primeiro álbum. O que vocês conhecem do Brasil? SEPULTURA! (risos). Bem nós ainda não fomos ao Brasil, mas vocês são famosos por carnaval, praias, jiu-jítsu brasileiro e, é claro, futebol. Mas também por terem um público

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incrível nos shows de metal! Para finalizar, há uma agenda de shows pela frente, quando vão pintar em terras brasileiras? Muito obrigada e sucesso! Infelizmente ainda não. Mas é claro que gostaríamos de viajar ao Brasil e fazer alguns shows aí, isso seria definitivamente fantástico. Então se vocês gostam da nossa música, por favor nos ajudem a espalhar a palavra! Obrigado pelo espaço!



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Local: Sala Razzmatazz 3, Barcelona, Espanha Data: 28/07/2016 Texto e Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

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oi definitivamente uma noite especial, tal como foi publicado no cartaz que anunciava o evento. Ter A Wilhelm Scream e Strike Anywhere dividindo palco em Barcelona e num lugar pequeno como a sala 3 da Razzmatazz, que resulta ser perfeito para o formato e de quebra uma banda local, Guspira, era para deixar qualquer um com o riso solto. Mas não é somente no Brasil que não valorizamos a cena local, aqui também acontece, em escalas menores, mas acontece. Ver os bares ao redor cheio de gente fazendo o “aquecimento” enquanto o Guspira tocava para meia dúzia de gatos pingados não foi legal. Tocaram seus melhores temas de seu disco “Imperfecte” como se a casa estivesse lotada, banda sólida, com ótimas melodias nas guitarras e letras cantadas em catalão, provando que quando se trata de punk rock o idioma não é uma barreira. Aos curiosos vale lembrar que a banda tem o material disponibilizado no Bandcamp. Habituais em Barcelona, o A Wilhelm Scream chegou com força na sala, à aquela altura já lotada e passamos do fresco do ar condicionado à saunamatazz como foi apelidada. Nuno bastante recuperado de seu problema na perna, e nitidamente em forma, comandou e dominou o público que esteve à altura do que a banda apresentou. Já de cara, desde as primeiras músicas, não foi difícil imaginar que

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Guspira A Wilhelm Scream

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Guspira Strike Anywhere

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o Strike Anywhere teria que suar a camisa se quisesse sair com a medalha de ouro pendurada no peito. “The King is Dead”, “Killing” e “Mute Printe” trouxe ao palco uma avalanche de stage divers, as paredes suavam, a lente da câmera embaçava com facilidade, mas não arredávamos pé de estar ali, registrando tudo de perto. Robinson destruindo em suas linhas de baixo e principalmente na introdução de “Skid Rock”, a intensidade foi tanta que Pasquele teve problemas de manter sua bateria no lugar e o show teve que parar um par de ocasiões para reparos e para que todos pudessem tomar um fôlego. Como disse anteriormente, o Strike Anywhere teria que suar a camisa. Suou, fez um excelente show, mas a galera cansou no show anterior mesmo tendo como uma das músicas de abertura “You’re Fired” e “Refusal”, o público se doou ao máximo, porém as baterias estavam com a carga baixa. De acordo com informações da própria banda, não tocavam juntos há quase dois anos, para sermos sinceros, foi como se nunca tivessem tirado tais férias, Tomas Barnett esteve impecável nos vocais e saltos, o mesmo podemos dizer do guitarrista Matt Smith. “Chalkline” foi outra que mereceu destaque, talvez tenha feito falta “Invisible Colony” para dar aquela levantada definitiva na galera, mas “The Crossing” e “Blackbirds Roar” deram o tom de despedida da noite. Fim da sauna.

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wFoto: Banda/Divulgação

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Texto e Foto: Pei Fon

(peifang@rockmeeting.net)

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erta vez postamos em nossa revista sobre o futuro, apostamos nossas fichas em algumas bandas e personas. E elas estão tendo a sua notoriedade atualmente. O trio Monticelli será uma dessas apostas. Conversamos com Bruno (baterista) sobre muitas coisas. Acompanhe! É costume que as bandas se apresentem. Por favor! Olá Rock Meeting! É uma satisfação estar falando com vocês e comentar sobre nossa carreira. Somos a banda Monticelli, um powertrio de irmãos composto por Artur Monticelli (guitarra e vocal), Vítor Monticelli (baixo) e Bruno Monticelli (bateria). Viemos do sul do Brasil e fundamos a banda em Pernambuco a pouco mais de 2 anos. Vocês são um powertrio vindo do Sul e com carreira iniciada no Nordeste. Irmãos, como a música surgiu na vida de vocês? Essa história começou bem cedo, por influência de várias bandas de Rock que compunham o cenário musical no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Na época que da MTV passava muitos clipes e era muito popular no Brasil. Costumávamos gravar em fitas VHS tudo que era referente às bandas de som mais pesado, que era o que realmente fazia nossa cabeça. Também tínhamos um violão em casa, o que facilitou as coisas para começarmos a dar os 40


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nossos primeiros passos dentro da música. A partir daí, cada um buscou se especializar em um instrumento diferente. Somos autodidatas. Como surgiu o Monticelli? Sempre tivemos o desejo de fazer uma banda. Porém até isso acontecer, estudamos e trabalhamos para adquirir nossos equipamentos e fazermos nossa primeira demo. No início do ano de 2014, oficializamos o projeto e o chamamos de “Monticelli”, que é pra quem não sabe, o sobrenome do trio. Ou seja, é Rock em família! Levantamos um material e enviamos para donos de casas de shows/eventos. Desde então começamos a tocar na noite e nosso trabalho começou a ser conhecido por toda a região metropolitana do Recife. São 2 anos na atividade e já com conquistas de expressão. Vocês imaginavam isso? Encaramos o Monticelli como empresa e somos extremamente focados em alcançar os objetivos. Durante esse tempo de estrada, colhemos frutos importantes desse trabalho sério, como por exemplo a contratação pela Gravadora Somax (Chico Science, Alceu Valença, Nando Cordel, Dominguinhos etc.), 1º lugar no Recife Mix Festival (da Rádio Mix FM) que rolou no Teatro do Parque Dona Lindu, abertura do show da Tarja Turunen (no Clube Português), fomos a banda de apoio do lendário guitarrista Robertinho de Recife, tocamos no renomado Festival Abril Pro Rock (no Classic Hall), recentemente também fomos a banda do vocalista Edu Falaschi (ex-Angra/Almah), tocamos nas maiores rádios locais, fizemos programas de TV em PE e fora e shows em vários estados do Brasil. Recentemente lançamos os Lyric Ví42


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deos das músicas do álbum lançado e o vídeo clipe da música de trabalho “Payback” está pra bater a marca dos 100 mil views no YouTube em apenas 5 meses de lançamento. Realmente nos surpreendemos com tantas coisas acontecendo em tão pouco tempo e agradecemos a todos os parceiros e fãs que apostaram no nosso trabalho e sempre empurram o Monticelli pra frente! O álbum autointitulado foi lançado este ano. Fale um pouco sobre ele. Foi uma grande felicidade para o trio o contrato com a Gravadora Somax, conhecida em trabalhar com artistas renomados do cenário nacional. Fazer parte desse time nos enche de orgulho. O trabalho foi gravado em meados de 2015 e lançado no começo de 2016. O álbum “Monticelli” é composto por sete faixas em inglês e tem sua proposta pautada dentro do Hard Rock e Heavy Metal. O trabalho é conceitual com o tema “invasão alienígena” e mesmo assim, cada música apresenta uma mensagem independente. Fizemos questão de que os timbres soassem mais “orgânicos” e naturais, semelhante ao que fazemos ao vivo. O álbum pode ser comprado pelas principais lojas virtuais do mundo (Google Play, Itunes, Amazon Music etc) e os CDs físicos normalmente vendemos nos shows. Como tem sido a resposta do público? Fantástica! O feedback tem sido muito intenso nos shows ao vivo e nas redes sociais. Temos recebido milhares de mensagens de todo o Brasil e do exterior, o que tem sido um combustível para continuarmos trabalhando forte em prol do Rock. Como dissemos, o vídeo clipe de “Payback” está chegando a 100 mil visualizações no YouTube e chegar nessa marca sem 44


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mostrar nenhum tipo de apelação, realmente é um feito relevante! (risos) Vocês são chamados de ‘aliens’, por quê? O planeta está caótico e a inversão de valores é um marco dessa geração atual. Ou seja, a sociedade está sucumbida na degradação moral/cultural e social e se tornou extremamente “fresca” e irritante. ‘Viemos’ pra esse mundo com o intuito de disseminar uma mensagem forte através do Rock, que é um som poderoso e uma arma mortal contra o “politicamente correto”, o que consideramos um câncer! A cada show externamos isso para o público com 46

atitude e explosão. O público reconhecendo isso chega até nós e diz “vocês parecem ser de outro mundo”. Aí acredito que eles descobriram essa nossa “identidade”. Desejamos uma revolução através do Rock. Top 5. Quais são as bandas que influenciam o som do Monticelli? Fale um pouco sobre cada uma. Essa pergunta é muito difícil (risos). Os irmãos têm gostos bem distintos dentro das diferentes vertentes do Rock/Metal. Não vamos enumerar por importância, apenas vamos citar 5 bandas que nos jogaram para o mundo do Rock ‘N Roll.


Nirvana: uma das primeiras bandas de som mais pesado que tivemos acesso. O clássico “Smells Like Teen Spirit” foi um soco na nossa cara. Ficamos muito influenciados pela pegada, estilo e atitude dessa lendária banda que colocou o Rock no topo do mundo. Kurt Cobain faz muita falta. Metallica: a banda que nos levou ao Metal através do mítico “Black Album”. Agressividade, velocidade e criatividade nas composições são características que definem bem a banda. São importantíssimos na nossa formação musical. Black Sabbath: uma das principais influências do trio e donos de uma sonoridade incon47

fundível, a banda mistura agressividade e atitude com uma proposta muito à frente do seu tempo. Vale ressaltar que não admiramos o Black Sabbath simplesmente pelo o que representam (como fazem muitas bandas de Metal), somos fascinados pelas músicas. KISS: uma banda que se destaca pela originalidade, criatividade e o impacto visual ao vivo. Sem contar nos inúmeros hits que fizeram história e que são muito apreciados por nós. No palco eles são como verdadeiros herois do Rock ‘N Roll e eles passam esse espírito para o público. Judas Priest: a banda que moldou o Heavy Metal e o trouxe a sua forma definitiva. Com


um vocal inacreditável e arranjos sólidos, a banda é uma das mais importantes de nossa carreira e sem dúvida um expoente mundial quando queremos falar de Metal “old school”. Vocês enxergam diferenças no modo de ‘fazer’ música entre e sul e nordeste? Ou as dificuldades são as mesmas em qualquer lugar? Fazer Rock ‘N Roll no Brasil é sempre um desafio, independente de qual região você esteja. Entendemos que o que determina o sucesso de uma banda é seu empenho e a capacidade de ignorar a negatividade externa. 48

Por fim, o que podemos esperar do Monticelli em 2016. Muito obrigada e sucesso sempre. A galera pode esperar muitos shows explosivos pelo Brasil, promovendo o álbum lançado! E para ficar por dentro de todas as nossas atividades, não deixem de nos seguir nas redes sociais: curtam a página do Monticelli no Facebook, se inscreva no Canal da banda no YouTude e nos sigam no Instagram (@MonticelliBand). Agradecemos ao Rock Meeting pela oportunidade e desejamos muito sucesso a todos! A invasão começou!



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Por Raphael Arizio Fotos: Banda/ Divulgação

O Hate Embrace veio para mostrar a força do nosso Metal com influências de nossa cultura. Seu segundo disco “Sertão Saga” impressiona em todos os sentidos, desde sua capa, arte gráfica até a sua música mesclando Metal Extremo com influências de ritmos regionais. Vamos saber do Ricardo Necrogod como esse grande disco repercutiu e sobre suas músicas novas recém lançadas. Passados praticamente dois anos de seu lançamento qual o saldo que a banda tira do disco “Sertão Saga”? Bem, sem dúvida são as melhores possíveis. Até hoje muitos amigos de todo o Brasil falam o que acharam do trabalho e que querem ver a banda ao vivo, que por sinal é outro ponto forte da Hate Embrace, apresentações ao vivo. Quais as dificuldades encontradas pela banda de sair de um Death Metal para compor um disco como “Sertão Saga”? Não houve tanta dificuldade, pois eu já estava trabalhando junto com a Tamyris (ex-tecladista) neste álbum desde 2008 (depois que lançamos a demo) nas letras, instrumentais e artes gráficas. Quando realmente a banda conseguiu ter os músicos certos, as gravações acabaram saindo até mais rápido do que imaginávamos. O disco tem um tema bem interessante e diferenciado, que é a história de Lampião. Como foi a escolha desse tema? 52


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E quais estudos a banda teve que fazer para esse disco? A banda já tem esta pegada histórica em suas letras, apenas mudamos o foco. Somos nordestinos e desde pequenos as histórias sobre o cangaço são contadas por nossos pais e avós. O que precisamos foi fazer uma boa pesquisa analisando cada ponto de vista. O Hate lançou um clipe para a faixa “Utopia”. Esse vídeo foi muito bem recebido e inclusive a banda recebeu vários prêmios por ele. Como receberam essas notícias? Os idealizadores desse trabalho foram Jonathan de Queiroz e Magaly Costa, e para nós foi algo único. As premiações foram no festival móbile na categoria Verde Maduro (júri popular) e no comunicurtas, troféu Machado Bittencourt de melhor filme (júri popular) e de melhor animação. Em “Sertão Saga” tiveram a participação de diversos músicos convidados como Magno Barbosa e Rafael Cadena (Cangaço), Pedro Thomaz (Necroholocaust), Alcides Burn (Inner Demons Rise), Adriano Forte (Extrusion e Lethal Rising), Washington Pedro (The Ax), Ivanúbis Hollanda (ex-Empty Book e atual Orquestra Sinfônica da CPM) e Sérgio Ferraz, Wanessa Campos narrando os atos e do cantor Silvério Pessoa. Como foi feita essa escolha e o que esses convidados puderam agregar no disco? A escolha foi bem rápida, pois estávamos à procura de pessoas que consideramos amigos e que até hoje conversamos seja pessoalmente ou por rede social. Podemos dizer, com bastante certeza, que nosso álbum só se tornou especial pela participação de cada um onde 54

conseguiram colocar sua experiência neste trabalho tornando-o especial. Um dos destaques do disco é sua bela arte gráfica. Como foi desenvolvido esse trabalho até o resultado final? Agradeço pelo elogio. Bem, criei 95% das artes do álbum e tive a ajuda de Tamyris em todo o processo e me aconselhando em todos os momentos. Como disse antes, este trabalho começou após as gravações da demo em 2008 e foi amadurecendo com passar do tempo. Eu e Tamyris fizemos um curso de designer gráfico, o que ampliou nosso horizonte nos dando inúmeras possibilidades criativas. Gostamos de quadrinhos, cordel e isso ajudou bastante no


processo criativo. O disco foi produzido por Joel Lima e apresenta uma ótima produção e qualidade sonora. O que Joel pode acrescentar ao som da banda e o que a banda aprendeu com essa produção? Estamos trabalhando com Joel Lima há muito tempo. Já gravei com outras bandas como Trueviolence, GoryHate. Com o Hate Embrace estamos gravando desde a demo em 2008. A evolução nas gravações é nítida e acaba refletindo na banda que está procurando a cada gravação trazer um ar ainda mais profissional e centrado naquilo que faz. 55

Um dos grandes destaques do disco são os seus arranjos, sempre muito bem feitos e com ótima variedade e execução. Como foi feito esse trabalho e esse cuidado com os arranjos? Na verdade neste álbum tem arranjos de João Paulo e Tamyris também, mas a maior parte fui eu que criei. O processo é bem rápido só faço algo na música quando bate inspiração, que pode vir no ônibus, no metrô, banheiro (risos), na sala. Sempre fico com celular a postos para gravar qualquer ideia. E foi assim que o “Sertão Saga” foi criado. A banda anunciou que vai relançar o “Sertão Saga” nesse ano, por que essa


decisão de relançar esse disco especificamente? Existe esta possibilidade para este ano, mas existem alguns acertos a serem finalizados. Independente disso, este álbum será relançado para que outros que ainda não tiveram a experiência de ter o material físico possam entender este trabalho como um todo, onde letras, instrumentais e desenhos se conectam criando uma atmosfera única. O Hate Embrace lançou uma música nova chamada “Cabeleira”, que fala sobre um dos primeiros cangaceiros que aterrorizaram Pernambuco no ano de 1773. Qual foi a reação para esse lançamento? Podemos esperar mais músicas relacionadas a esse tema? Então, até agora é só elogios e todos com muita curiosidade já que o tema para o novo álbum são os relatos assombrados do grande recife. Em cima desses relatos estamos criando as músicas e claro aumentando o raio de pesquisas para ter mais fidelidade ao assunto. O que podem esperar deste álbum? Um álbum não menos ‘fuderoso’ que o anterior. A banda faz parte de um projeto chamado ‘Levante do metal nativo’, sobre banda que possuem letras ou músicas com elementos do nosso país. O que a banda pode falar sobre esse projeto e sobre as bandas participantes? Para vocês é essencial ter elementos de nossa cultura no heavy metal, como por exemplo, as bandas escandinavas têm com a cultura Viking? É importante ter elementos de nossa cultura no heavy metal, muitos gostam de bandas gringas que trabalham com suas origens, por que não gostar das nossas? É feio? É chato? Eu não vejo por esta ótica, nossa cultura é muito 56


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rica, com eventos grandiosos e com a história de luta de um povo nativo guerreiro. A banda faz parte do Levante do Metal Nativo que é a reunião de bandas que estão na luta para trazer trabalhos musicais voltados em nossa cultura brasileira, mesclando sons, letras. Nada que o Angra ou Sepultura já não tenham o feito (pois começaram tudo isso), mas só queremos mostrar que existem outros que estão nesta toada para resgatar nossas origens por meio da música. Sendo uma das principais bandas do metal no Nordeste o que a banda pode falar sobre a cena nordestina atualmente? Em vista que sempre revelaram grandes bandas e tem um público bastante fiel e elogiado por várias bandas. Como em qualquer lugar do país estamos passando por um momento de eventos com pouco público, onde a internet, valores mais justos, a insegurança e própria crise que o país está 58

passando causa desinteresse em muitos. Precisamos resgatar este público que no Nordeste sempre foi forte para que tenhamos eventos com bandas, público e organizadores satisfeitos. A banda pretende lançar um disco novo em 2017, o que pode nos dizer sobre esse lançamento? Quais as expectativas da banda em relação a esse lançamento? Sim, vamos lançar o novo álbum pelo selo carioca Black Legion Production, e estamos muito felizes pela confiança depositada em nosso trabalho. Esta parceria vem desde o “Sertão Saga” e esperamos que continue assim durante muito tempo. O quê esperamos neste lançamento é que inicialmente o trabalho agrade a nós, depois a quem curte nosso trabalho e por fim aos curiosos que, como nós, estão sempre querendo ver novidades nos trabalhos de gravação.



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CJ Ramone

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Bandas: CJ Ramone, Dwarves e Retraseres. Local: Estraperlo Club del Ritme, Badalona, Barcelona Data: 30/07/2016 Texto e Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

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omo mesmo diz o titulo, o Sorrofest foi um minifestival que rolou no último fim de semana de julho, aqui em Barcelona. E como todo festival que se preze é de se imaginar que houveram muitos grupos subindo e descendo do palco, ou melhor, dos palcos, já que em dois dias de festival foram utilizadas duas casas de show. Enfim, por vários motivos, só podemos conferir os três últimos shows do evento e considerado os principais do Sorrofest. Vale lembrar que por nossas andanças, fazemos questão absoluta de conferir todas as bandas de qualquer evento que se preze e que desta vez foi um caso isolado. Conferimos de perto o bom humor, deboche e dançantes músicas do Retraseres, autodefinido como um retro-punk feito por e para doidos. Não é bem assim, são bastante concientes de que por detrás daquele que, supostamente deveria ser um caos musical, existe qualidade. “Caña de Bambú” foi uma das que pairaram no ar, assim como “Otra Vez”. Vale muito a pena conferir o material desta banda de Valência, também disponível no Bandcamp. Além de termos o Dwarves sendo Dwarves, a noite ainda ganhou com a presença de Nick Olivery. O conhecido e reconhecido baixista de bandas como Kyuss e baixista da turnê europeia do Queens of the Stone Age.

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Retraseres Retraseres

Retraseres Dwarves

Dwarves

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Dwarves

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Algo rock como “Sluts of the USA”, algo punk como em “I Will Deny”, mas honestidade acima de tudo. O público já dava mostras do que seriam as próximas duas horas, não somente por Dwarves, mas também por CJ que estava por vir. “Get Up & Get High” também merece menção especial em nossas linhas. Somente quando um cara como CJ Ramone sobe ao palco você descobre, ou redescobre a importância da banda no mundo da música e mais, como muitos sabemos, a banda se foi há muito, mas ontem a ficha caiu de verdade, saber que nunca mais vou poder assistir a um show do quarteto ao vivo. Sei perfeitamente que CJ não é um membro original da banda e que muitos podem torcer o nariz, porém ele desempenhou um papel importantíssimo na banda. Nós que vivemos aquela época sabemos que sua juventude revigorou a banda e ainda marcou presença em grandes composições como “Strenght To Endure” tocada ontem porque o vocalista do Dwarves pediu, “Makin Monsters For My Friends”, “The Crusher” e “Creetin Family”. Acredito que toda a dúvida se dissipou e toda aquela galera que pulou, cantou todas as letras, dançou e sorriu ontem, dessa dúvida não sofreu. Abriu a noite com “Last Chance To Dance” música título de seu último trabalho e na sequência provocou o “caos” com “Judy is a Punk”. Deu uma cadenciada com “Understand Me?”, afinal ele também tem que vender seu peixe e voltou a atacar com “Rockaway Beach” para delírio coletivo. E assim estava montado o formato, uma composição sua e outra herdada. O público gos-

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CJ Ramone

tava de tudo, é claro que com mais intensidade na herança do que na atualidade. Do disco “Reconquista” apareceu “Three Angels” e não muito distante revelou que poucas vezes sentiu vontade de incluir uma música romântica dos Ramones em seu set, mas como ele mesmo disse, são muitas para serem ignoradas e entre elas esteve “Baby I Love You” e “I wanna be your boyfriend”. A lista e a apresentação pareciam intermináveis, mas chegou ao fim, com “Comando” e é claro, “Ramones”. Como comentei antes, assistir ao CJ não é o mesmo que assistir aos Ramones, no entanto, atualmente, é o mais próximo que podemos chegar. Hey! Ho! Let’s Go!

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Texto: Ana Paula Soares Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots Local e Data: 08 e 09 de Julho, 2016

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abitualmente escrevemos aqui sobre o festival Cruilla, que rola em Barcelona a cada mês de julho, é nosso festival relax, sem grandes compromissos ou enormes filas para os fotógrafos para poder entrar na barricada quando algum grande nome sobe ao palco. É sempre bom destacar que o evento vai crescendo anualmente, mas, ao contrário de outros, o Cruilla sobe um degrau de cada vez, sempre com os pés no chão. Os palcos não são tão distantes um dos outros, a praça de alimentação é bem distribuída e os preços muito mais honestos. Com relação aos shows, confessamos que edições passadas do evento fizeram mais o nosso perfil, porém este ano tivemos no cartaz um nome de peso, deste que vale o festival, Robert Plant. Muito antes dele e, abrindo o festival, tivemos Cat Power que decidiu abrir o set com “Don’t Explain” de Billie Holiday, uma pena que a juventude atual, assim como comentado anteriormente na cobertura do outro festival que aconteceu um mês antes deste (leia a edição nº 82), já não saiba ou na verdade não tenha aprendido o que é curtir um show ao vivo. Conversam sobre suas férias, suas aventuras ou passam o tempo inteiro em seus telefones e o mais grave, incomodam aos poucos que querem admirar divinas interpretações como esta. Mais de uma vez tivemos que mudar de lugar para poder escutar algo. E o espetáculo da senhora Power não acabou

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por ali. Se tratando de covers, lembrando que lançou um disco assim, ainda passaram por lá “Woman Left Alone” de Joplin e “Blue” de Joni Mitchel. De sua coleção pessoal, “The Greatest” e “Metal Heart” foram algumas delas. Como segunda opção tivemos o show do irlandês, Damien Rice. Seu grande mérito é conseguir atrair e manter à atenção do público tocando sozinho, em um palco bastante grande, além de sua agradável música, mas quem levou o prêmio “devoção” da noite foi o artista espanhol Bunbury. Resumindo para que en72

tendam, é o ex-vocalista da banda Heroes del Silencio que, na Espanha, tem o mesmo peso de um grupo como Legião Urbana no Brasil. Heroes del Silencio iniciou atividades nos anos oitenta e durou algo mais de uma década. Em 2007, decidiram fazer uma única turnê para dar adeus definitivo passando por diversos países e finalizando sua existência num circuito em Valência para um público de 80 mil pessoas. Não havia uma canção que não fosse cantada pelo público, seja de seu grupo anterior ou mesmo de carreira solo. Abriu a noite com “Iberia Sumergida” e já na introdução o púbi-


co quarentão veio abaixo. Além dessa outras 4 músicas figuraram no set, entre elas: “Mar Adentro” e “El Camino del Exceso”. De sua carreira solo, e para os mais jovens, podemos destacar “El Club de los Imposibles”. Finalizamos nossa primeira jornada com Crystal Fighters e sua mistura eletrônica que funcionou e bem diante do grande público, diante do palco principal. Abrimos o sábado com nosso representante no evento, Emicida. Todos os anos o Cruilla nos presenteia com um artista brasileiro e por lá já passaram nomes como Lenine, 73

Edgard Scandurra e Arnaldo Antunes e ano passado, O Rappa. Emicida chegou ao festival despertando curiosidade por ser considerado a maior voz do hip hop brasileiro. Não decepcionou, fez um bom show, mas merecia estar num palco e horário melhores do que atuou. Às oito da noite aqui e, no mês de julho, ainda é dia com direito a um bom sol pairando sobre cabeças, o fato de ter tocado no palco mais distante também influenciou. Mas quem lá esteve conferiu boas rimas, uma mistura de hip hop dos mais clássicos com elementos modernos e até um cover de MC Guimê, voltamos a


dizer, merecia um espaço melhor, ainda assim botou a brasileirada para curtir. James, assim tal qual. Foram uma grande promessa nos anos 80, comparados ao The Smiths, desapareceram até que um dia viraram banda de culto e desejada pelos grandes festivais de verão como um grande nome. Sim, tem qualidade de sobra e bons hits, alguns deles foram verdadeiros hinos na Europa naquela época e que puderam ser cantados novamente no Cruilla Summer Festival deste ano, entre elas “Laid”, “Getting Away With It (All Messed Up” e “Sit Down”. Também chama atenção a forma de dançar de seu vocalista e as duas vezes que saltou na galera e foi carregado nos braços. A coisa começou a ficar verdadeiramente séria quando o Alabama Shakes pisou no palco abrindo o show com “Future People”, foi de arrepiar estar tão perto de Brittany Howard neste momento. Não só por seus riffs e sua linda voz, mas a maneira que a moça interpreta suas canções, suas expressões são verdadeiras caretas para poder arrancar o melhor de sua voz. Seguindo o ritmo com “Dunes” e largando o blues em “Heartbreaker” e “Hold On” que foi uma das responsáveis por catapultar a carreira do grupo e apareceu na reta final de apresentação. Definitivamente foi um dos grandes nomes do festival. Quem não poderia decepcionar e estava claro que isso não aconteceria era o Robert Plant, eterna voz do Led Zeppelin. Como esperado, o artista foi o único que não deixou ser fotografado desde a barricada e os fotógrafos tinham duas opções que eram fotografar desde a mesa de som, algo distante ou se meter no meio do público para conseguir algo a curta distância, desde que os seguranças não vissem e mais, estas fotos de perto muito servem para 74


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coleção pessoal porque não estão autorizadas para publicação. Assim é quando se trata de uma grande estrela. Para muitos foi uma noite histórica ter o cantor atuando na cidade, algo que não acontecia há muitos anos. Ainda mais quando a abertura foi com “The Lemon Song”. Na sequência, e com Plant tocando percussão, tivemos a interpretação de “Rainbow” e não demorou para mais um míssel cair, “Black Dog” se fez presente, tinha gente ajoelhada e com os braços ao céu recebendo benção. O que dizer de “Going to California” sendo cantada quarenta e cinco anos depois do lançamento to mitológico IV? Já nem cantávamos, só queríamos escutar. Não apenas covers do Led foram tocados, Willie Dixon foi representado com “Spoonful” e Bukka White com “Fixin’ To Die Blues”. Para dar um ponto final e brilhante na noite tivemos “Whole Lotta Love” e “Rock And Roll”, foi lindo. Ainda que tivéssemos algo a mais por fazer no evento, ainda que o grupo nacional Love of Lesbian atraísse um bom público. Estávamos tão extasiados com o que havíamos visto, ou melhor, re-visto já que em 1996 tivemos a oportunidade de ver a Plant acompanhado de Jimmy Page no finado festival Hollywood Rock, após tudo isso era momento de agradecer mais uma vez ao Cruilla Summer Festival pelas credenciais e tomar o caminho de casa. Até.

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Por Bruno Silvestre Fotos: Banda/Divulgação

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banda recifense Pandemmy está prestes a lançar seu segundo álbum, “Rise Of The New Strike”. Com pretensões de expandir as fronteiras, produzir e agregar mais fãs, fomos saber do guitarrista Pedro Valença as novidades do trabalho atual, as mudanças na formação e a trajetória da banda até chegar aos dias mais recentes.

Qual é a expectativa de vocês para este segundo disco? Tocar mais cara, fazer mais shows. A produção do CD está mais a frente que a do “Reflections And Rebelions” (disco anterior). No novo ál78

bum também está um pouco mais variado, em comparação ao nosso début, que está bem cru e direto. Nosso próximo disco terá mais elementos e exploramos mais da nossa sonoridade. Eu acho que deve agradar bem os fãs. Essa expectativa é maior que o lançamento do début? Sim, tecnicamente e musicalmente esse CD, sem dúvidas, está à frente do “Reflection And Rebelions”. Quais as ideias que banda pretende passar através de suas composições e de onde vêm tais inspirações?


Tudo o que nós assistimos, lemos e vivenciamos são influências para escrevermos e compormos. Na parte instrumental é uma questão de influência também, é pegar a guitarra e ficar fazendo riffs até encontrar a melhor linha. Em relação as nossas letras é isso: livro, documentário, a sociedade, a realidade em que nós estamos, o mundo moderno. Enfim, é daí que nós tiramos as nossas temáticas. “Rise Of The New Strike” trará algo novo nesse sentido? Acho que sim! Nós sempre falamos de temas políticos, sociais e a maioria dos temas são coisas introspectivas e pessoais. Mas acredito que 79

sim. A gente postou lá no blog uma espécie de Track By Track falando um pouco sobre cada música, tanto a parte instrumental quanto as letras. E, pelo o que eu lembro agora, “Rise of the new strike” já é um título que fala de evolução, “de um novo impacto” que a banda pretende causar. As letras falam muito sobre superar desafios, se reorganizar, seguir em frente. E também temos letras falando sobre essa nova onda de pessoas pedindo intervenção militar no país, e que nós consideramos retrógrada. Tem uma música nossa que fala sobre Eugenia, baseado livro “Raça Pura”. Acho que será um passo a frente em relação ao disco anterior e trará novidades na parte lírica.


O que os fãs encontrarão de novo em relação a “Refletions And Rebelions”? O CD está bem variado: haverá músicas bem empolgantes e vão ter músicas bem cadenciadas. Muito riff, mais solos de guitarras e um pouco de teclado, o que já queríamos fazer no primeiro CD, mas não rolou. Nesse álbum trabalhamos para deixar as músicas mais ricas. Eu diria que esse disco pega mais os extremos: tanto o extremo referente a brutalidade, quanto o extremo referente a versatilidade, e juntar todas as nossas influências desde o Death Metal ao Doom Metal. Depois de 7 anos na estrada, a banda já realizou shows ao lado de Obituary, Belphegor, no festival Roça’n Roll, etc. Podemos afirmar que o Pandemmy é um banda típica da cena nacional? Se não poderia nos dizer o que ainda falta 80

para isso? Essa é uma pergunta difícil, mas eu acho que nós fazemos música por necessidade, que seria uma necessidade artística de nos expressarmos lançando nossos trabalhos. Acho que quem determina se uma banda é clássica, ou é marcante na cena, é o público e a imprensa. Óbvio que cada CD que lançamos nós esperamos conquistar mais fãs, porém ainda falta bastante coisa que a banda ainda precisa fazer. Temos pretensão de tocar fora do Nordeste mais uma vez, já que só fizemos um show fora da região. Pretendemos pisar em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais. É tentar tocar em vários Estados do país. E, mesmo que o momento não seja propício, também pretendemos fazer uma turnê na Europa. Nós gostamos das coisas naturais, quando lançamos um trabalho virtualmente, apenas disponibilizamos lá para quem quer


ouvir, não ficamos “martelando” nas redes sociais para tentar forçar os outros a escutarem, queremos conquistar os fãs naturalmente. O Pandemmy é uma banda marcada por muitas modificações em sua formação, tanto é que atualmente você é o único membro da formação inicial. De que forma isso ajuda e ao mesmo tempo atrapalha o trabalho de vocês? A dificuldade é que sempre que têm mudanças na formação o planejamento da banda atrasa. Se não fosse a última mudança de formação que tivemos (em 2015) talvez já tivéssemos lançado esse CD, e o lado bom é que você sempre tem a possibilidade de encontrar músicos melhores e engrandecer mais o trabalho. Somente em 2012, por exemplo, três ex-membros (Rafael Gorga, Augusto Fer81

rer e Ricardo Lira) deixaram a banda quase que simultaneamente, mesmo no meio dos trabalhos para o lançamento do début. Já em 2011, algo similar aconteceu com a saída de Fausto Prieto perto das gravações do Dialetic. Existe algum motivo em particular para a saída desses músicos justamente durante as composições de novos materiais? Eu achava que isso só acontecia com o Pandemmy. Conversei com outros músicos da cena, eles sempre dizem que gravação é um período bem azarento: ou você se machuca, ou o produtor atrasa as coisas, ou o dinheiro acaba, ou um membro sai. No nosso caso sempre procuramos ter um bom cronograma para as gravações, e nos casos de saída de músicos foi por causa disso: da pessoa se comprometer a ir lá e gravar como o combinado e descumprir. Em outros foram coisas mais pessoais. O


Fausto, por exemplo, saiu porque achávamos que ele não estava acompanhando o nível técnico da gente. Com relação ao Rafael ele pediu para sair, pois o clima da banda na época estava muito tenso. O Augusto também pediu para sair, já o Ricardo teve um desentendimento comigo e eu pedi para ele se desligar da banda. Mas hoje eu tenho contato com a maioria desses ex-membros, com exceção de Rafael. Mas é assim, sempre no período de gravações temos dificuldade, sempre com um membro que não corresponde ou outra coisa, gravações é um período bem delicado para toda banda. Nesse sentido podemos dizer que a banda atua sobre sua liderança ou há uma relação horizontal na tomada de deci82

sões? Bem, eu me considero o líder da banda, a pessoa que planeja as coisas como postagem de notícias, vídeos, agendamento de show, etc. No entanto, eu me considero um líder democrático, pois na maioria das decisões eu comunico os membros e pergunto a opinião de todos. Como eu sou da área de administração, eu tenho a visão de que se toda decisão tiver que passar por cinco pessoas (o total de membros da banda) o processo se arrasta. E nem sempre é fácil. Coisas simples eu tomo a frente, e coisas mais complexas eu comunico tudo e peço opiniões. Alguns integrantes que passaram pela banda se incomodaram com isso, porque achavam que as coisas deveriam ser feitas de uma forma mais flexível, no entanto,


que gosta. Eu estou sempre compondo. Esse novo CD já está fechado, porém eu já tenho algumas músicas novas em desenvolvimento, ou seja, material a banda sempre tem. Hoje, com o mundo e a economia globalizada, as bandas têm que estar lançando material para permanecerem em alta, eu inclusive já estou incomodado de estar sem lançar nada desde 2013 (risos). E é isso, a gente lançou muito material no começo que expressa nossa vontade de compor e criar coisas novas. Só é ruim quando tem saída de membro, porque aí tem que repassar o repertório e ensinar tudo para o novo integrante. O mais difícil hoje é bateria, nós nunca lançamos nada com bateria eletrônica apesar de que é um recurso que ajuda muito. Nós não pretendemos mais passar dois anos sem lançar nada, este ano planejamos nos ocupar mais em show, no próximo acho que podemos lançar um videoclipe e também temos planos para lançar um Split, o que nunca fizemos.

é como estou lhe dizendo, toda banda tem um líder, como o Steve Harris no Iron Maiden, o Amílcar no Torture Squad, o Michael Amott no Arch Enemy. O problema é que muita gente não sabe lidar com liderança. Eu não digo que o Pandemmy é minha banda exclusiva, eu divido posição tranquilamente. De certa maneira é até incrível em como a banda se reformula tanto, porém, ainda consegue manter uma curta sequência em relação a lançamento de novos materiais e ainda demonstrar evolução em cada lançamento. Qual o segredo para essa estabilidade? Eu me considero um guitarrista mais compositor do que um cara que toca cover de bandas 83

Deixe seu recado para os leitores da Rock Meeting e fãs da banda. Sucesso! A galera da Rock Meeting surgiu quase que na mesma época que nós. A Pei Fon é uma pessoa muito querida na cena tanto aqui como no Brasil todo. Eu desejo que, assim como a nossa banda, a revista também continue a manter seus trabalhos que é muito importante. E quero também dizer a galera que vem um CD bem bacana, o “Rise Of The New Strike” é o melhor trabalho que já produzimos até agora e vai deixar boas impressões. Estamos também muito instigados para voltar a tocar, não tocamos desde agosto do ano passado, apenas focando nesse disco. Queremos agora apenas soltar o CD e voltar a fazer muitos shows.


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Por Aline Pavan Fotos: Karina Schwitzky

Conte-nos um pouco sobre o início, atual formação e como surgiu o nome Axecuter. Danmented: O início foi em fevereiro de 2010. A gente começou a banda como uma desculpa pra se encontrar com maior frequência (risos)! Já éramos amigos e havíamos tocado juntos em outras bandas, então já existia uma grande afinidade musical e a certeza de que não faríamos algo nas coxas. Infelizmente, os integrantes originais quiseram sair depois que gravamos o cd, então eu nem sabia se a banda continuaria, porém não seria nada fácil encontrar duas pessoas com o perfil necessário para o Axecuter. A atual formação está junta há cerca de um ano e estamos gravando material novo. O nome da banda foi ideia do ex-baterista, juntando as palavras Axe e Executer. Seus vocais soam muito poderosos e ricos em definição ao longo do álbum. Você é treinado como vocalista? Eita, você curtiu a gritaria? Fico realmente agradecido pelas suas palavras! Sou treinado na escola do Metal, apenas um aluno aplicado que é viciado nesse tipo de música. Não me preocupo com técnica vocal, apenas abro a boca e canto sobre assuntos que me interessa, isso facilita minha interpretação. Passando pela sua extensa discografia, “Metal is Invincible” marcou a chega86


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da da banda à família Infernö Records. Como isso aconteceu? Foi um processo difícil para o Axecuter encontrar o selo certo? Na verdade, nosso primeiro lançamento com eles foi o EP “Bangers Prevail”, lançado em tape. Escrevemos para muitos selos na época, a Inferno foi o primeiro a nos responder. O selo “certo” pro Axecuter é basicamente um que seja dedicado ao Metal old school e que queira lançar nosso material. Somos muito gratos ao Infernö Records pela excelente parceria.

Vocês escrevem ótimas letras, e as desse disco (“Metal is Invincible”) estão fantásticas! Conte-nos um pouco sobre a inspiração para escrevê-las. Legal mesmo saber que você já leu nossas letras e curtiu! A maior parte do material foi escrito pelo ex-baterista Baphometal, mas eu assino embaixo cada palavra! Nossa inspiração são as situações reais dentro do próprio Metal, algumas que gostamos, algumas que nos irritam e algumas que nós tiramos sarro. Mudando um pouco de assunto, qual a

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opinião de vocês sobre o download, diga-se de passagem, vem crescendo muito nos dias de hoje? Como fã de metal, não vou ser hipócrita e dizer que sou radicalmente contra o download. Afinal, é impossível eu comprar tudo que eu gostaria. Mas eu lamento que muitas pessoas ouvem música exclusivamente baixando na net ou pelo YouTube/Spotify. Não vão saber qual é o prazer de manusear uma capa, ler as letras e as informações num encarte de um LP/CD. Ainda existem os que dizem que as ban89

das brasileiras, a exemplo do Axecuter, só têm grande reconhecimento no exterior, enquanto o público brasileiro não dá a atenção devida. Você concorda com essa afirmação? O que é preciso para mudar a mentalidade do headbanger brasileiro? É uma questão muito complexa, pois cada um se envolve com o metal de um jeito. O público é muito variado: têm aqueles que colocam a ideologia acima da música, os que vão num show mais preocupados com a cerveja do que com o show em si e tantos outros que nem


saem de casa pra ver shows. De um lado, muitos bangers que acham que só as bandas gringas são boas. De outro, tem gente que quer apoiar a cena brasileira apenas virtualmente ou sem ter critérios, inclusive colocando bandas boas e ruins no mesmo nível, apenas por serem brasileiras. Sei lá, eu assisto a tudo isso sem esperar mudanças, que se foda (risos)! Como vocês veem a cena do Metal Old School hoje? A cena sempre teve gente autêntica e gente modista e aproveitadora, basicamente isso. Sempre foi e sempre será assim. O problema é quando esses intrusos começam a ganhar espaço. O Brasil já se equipara ao padrão europeu de produção e organização de turnês? Se não, o que é necessário ainda para melhorar? Em termos de turnês provavelmente não, mas se equipara em termos de gravação nos CDs. Nosso país é gigante e não possui uma rota bem definida para turnês, então cada banda se vira como pode. O que fazer pra melhorar? Ter mais gente nos shows locais é uma boa, pois viabiliza mais e mais shows, inclusive com bandas de outros estados. E sobre os shows? Conte aos leitores como está o “Corotour 2016”? E como será o segundo semestre dessa turnê? Com certeza 2016 está sendo o ano em que mais fizemos shows e isso é ótimo! Muitas experiências boas, muitas risadas com os amigos, deixando a rotina pra trás, o que é extremamente importante pra gente. Isso me inspirou a escrever a letra de “In for the kill”. Faremos mais shows no segundo semestre, com a vantagem de agora termos músicas novas e um CD novo pra divulgar. Muito obrigada pela entrevista e pela atenção! Mais uma vez, estamos muito felizes! Deixe uma mensagem para os seus fãs e para os leitores. Agradeço imensamente a oportunidade! Minha principal mensagem é: não permita passivamente que os malditos modistas e os sanguessugas se aproveitem do Heavy Metal!!

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Fotos: Marco Soares

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Apresente-se! Klaus Cobra, a última criança dos anos 80. Gosto de muita coisa, faço muita coisa e música provavelmente é a mais ingrata e dolorosa delas. Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? No começo eu tinha muita fé, inspiração e energia, estava com as pessoas erradas, mas achava que isso era apenas um detalhe que podia ser superado numa banda com facilidade para composição e que era muito criativa. Eu estava errado e os piores e menos importantes elementos numa banda são os que causam mais estragos. Hoje continuo criando, mas aprendi a me segurar, não criar e não trabalhar tanto, me mantenho o mais afastado possível do mundo da música e das pessoas da música. Sempre lidei com vários tipos de artistas, porém descobri que os músicos, empresários e jornalistas da área estão entre as piores e mais baixas criaturas de 93

toda a fauna conhecida do nosso planeta. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Já realizei tudo o que eu um dia sonhei fazer. Histórias em quadrinhos, trabalhos em grandes editoras, esportes (futebol e luta livre), plastimodelismo (monto uns kits muito legais) e a merda da música. Tudo o que eu gosto eu consegui fazer com muita qualidade. Me criei sozinho, sem ajuda de pai ou mãe e não me perdi na vida. Perdi sim, mas foi algum tempo, pois comecei tudo sem base prévia alguma, mas isso é inevitável no caso. Do que você tem medo? Do fato das pessoas estarem cada vez mais burras, sem cultura e “genéricas”. Achar alguém pra conversar está cada vez mais difícil. O que costuma fazer quando não está envolvido com a banda?


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A banda é o que eu procuro fazer de menos. Não há cenário, não há interesse por parte do público. Aliás, do que era o público só restou o pior, que são os músicos. O fato das gravadoras terem morrido e as vendagens de disco terem se tornado insignificantes acabou com a matéria prima da qual eram feitas as “lendas”, “ídolos” e “ícones da música”. Não existe o “independente”, ou você está numa gravadora que te compra algum espaço, ou você não é merda nenhuma. Uma vez o João Gordo disse que “a pior coisa que pode acontecer pra uma banda é uma gravadora”, eu discordo. Quando era criança o que você dizia que iria ser? Desenhista de histórias em quadrinhos. Trabalho com isso hoje em dia e além de desenhar eu desenvolvo personagens, escrevo histórias, faço cor digital e trabalho para o mercado estrangeiro. Realizei meu sonho. Qual foi a sua maior realização pessoal? Ter feito tudo o que eu queria fazer nessa vida ingrata e cheia de desvios e enganos. Qual foi o seu pior momento? PQP! Dá pra fazer uma coletânea dupla de piores momentos. Acho que ser maltratado quando eu era criança por madrasta, avó e tias loucas foi o pior porque você ainda não sabe se defender e está psicologicamente muito vulnerável. Qual CD você gostaria de ter feito? CD dos outros?? Nenhum. Adoro o que eu faço, só gostaria que essa merda de música se desse retorno financeiro para que eu pudesse me dedicar mais e fazer coisas muito melho95

res. Mas quase ninguém tem isso, então não posso reclamar muito. Faço o possível. O que te motiva? Eu gosto de fazer a porra do som, de escrever as letras, fazer a voz, acertar ela na música e adoro criar a bateria eletrônica e alguns detalhes de synths e efeitos. Quero ver a música pronta e pensar na próxima. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Sim, isso é constante. Todo mundo envolvido nessa grande merda que é mexer com música tem um pé na ideia de desistir. É natural. Quais são as cinco bandas que você mais gosta? Cite um álbum de cada e fale deles. Puuuts, só 5?? Rsrsrsrs Rolling Stones – Steel Wheels; Kraftwerk – Man Machine, David Bowie – Heroes; The Sisters of Mercy – Vision Thing; Bryan Ferry – Avonmore. A banda está trabalhando na divulgação do single/clipe “CBN”. O que virá a seguir? Não sei. Gostaria de fazer o EP Serpentes, a faixa título já está pronta e outras duas estão com meio caminho andado. Como essa merda toda só me come dinheiro e não me traz porra nenhuma em troca, nem satisfação, nem feedback de ninguém, pois não há público, como eu disse. Do cenário musical só sobrou o pior que são os músicos e a imprensa zumbi/entendida, ninguém mais quer saber de ouvir merda nenhuma nova e ninguém mais curte nada. Não tem mais o fã. Por isso eu vou atrasar o EP, farei quando der vontade (até porque tenho plena consciência de que estou fazendo pra mim mesmo, pelo


prazer de ver pronto e só). Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Gosto de compor, fazer a bagaça em si e gosto de gravar e mixar. Gosto de trabalhar. De resto não gosto de nada. O povo da música é um lixo. Existe algum tipo de ritual antes de subir ao palco? Não, subir no palco é natural. Só o depois desses showzinhos de merda é que são foda. Tudo muito frustrante e ingrato. Não tem público, as casas são uma merda, o equipamento é uma merda. Tudo uma merda, esse é o “ritual”. Todo mundo tem uma mania, qual a sua? A busca pelo conhecimento. Eu quero enxergar as coisas e as pessoas como elas são. Quero saber a verdade, quero saber quando estão mentindo e o porquê da mentira. Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Sejam vocês mesmo, tentem se aceitar e se entender. Se você acha que errou, não queira o perdão ou a compreensão alheia. Se arrependa, se entenda, melhore e siga em frente (não há nada mais poderoso ou efetivo que isso). A vida não é fácil, mas o grande mistério e o segredo da vida é simplesmente viver.

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Realidade Encoberta - Morte e Progresso Por Bruno Silvestre

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m dos pioneiros do crossover nordestino volta a centralizar as atenções em mais um lançamento de inéditas. Intitulado “Morte e Progresso”, o novo extended play do Realidade Encoberta possui apenas duas músicas, porém muito o que se falar. Desde 2013, quando lançaram sua primeira demo, a banda tem procurado se manter ativa e produzir trabalhos com mais frequência mesmo com a avançada idade dos integrantes e suas responsabilidades individuais. É importante analisar e divulgar o material desses caras, pois eles carregam uma história de peso no cenário underground da região, já tendo tocado com bandas regionais como Devotos, Cruor, SS-20 e Arame Farpado e com um show marcado para este mês com o Artillery. Não tendo dúvidas em relação a sua relevância, entremos especificamente no material: as duas músicas do disco são bastante atuais. A primeira faixa chamada “Rios Mortos” possui uma conotação ecológica e aborda alguns elementos da nossa fonte de vida, 97

a natureza, tem sido devastado por interesses econômicos e o desserviço do poder público. Alguns lugares são citados na música como o rio Jaboatão, o rio Capibaribe e o recente desastre na cidade de Mariana. A segunda música, “Brazillian Way”, faz referência ao termo “American Way”, utilizado para definir o estilo de vida norte-americano. Nela podemos encontrar temas bastante recorrentes nas músicas de Hardcore em nosso país: miséria, desigualdade social, corrupção e outros descasos sociais. Tudo isso retratado como parte do “estilo de vida” brasileiro. Com relação a produção todos os envolvidos na criação musical estão de parabéns. O som das músicas é bem nítido, a sequência dos instrumentais bem executados e a mixagem de som bem trabalhada. O disco é um marco importante na sequência de trabalhos do grupo, que teve uma pausa de 18 anos, e agora volta com todas as forças na cena pernambucana.


Torture Squad - Return of Evil Por Bruno Silvestre

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ois mil e dezesseis está recheado de novidades para o Torture Squad, e uma delas é o lançamento do EP Return Of Evil, que conta com a estreia da vocalista Mayara Undead e do guitarrista André Evaristo, ambos efetivados ano passado. O material na verdade é muito mais para estrear a sua nova formação e demonstrar como soará o grupo de agora em diante, do que para lançar algo que tenho sucesso no mercado. O disco é composto por quatro faixas, porém, dura quase meia hora, isso porque as músicas são longas e bem trabalhadas, o que deixa claro a intenção de mostrar aos fãs o “novo Torture Squad”. A primeira música, “Return Of Evil”, já nos deixa a par do como será o trabalho: letras sombrias, que tratam de temas obscuros como abandono, insanidade e ódio. A faixa de abertura, por exemplo, possui um início calmo e um tanto macabro, que se desenvolve a partir da chegada dos instrumentais seguintes que dão agressividade junto a letra, que trata 98

de solidão e ódio. Já “Swallow Your Reality”, música seguinte, é mais direta. Numa agressividade que dura do começo ao fim, com uma temática similar a da faixa anterior. Em seguida vem “Dreadful Lies” com um tom muito crítico em relação as tais “promessas de salvação” feitas por igrejas cristãs e que muitas vezes geram dúvidas e amedrontamento, que mantém as pessoas fiéis. Ela é tocada na mesma linha instrumental que a faixa anterior, expondo com clareza a raiva da banda. Para finalizar a música “Iron Squad”, a mais longa do disco, é um instrumental executado numa sequência muito parecida com a música de abertura, porém, menos macabra e com um tom mais épico, fazendo referência a guerras e batalhas. Bem, este trabalho resume exatamente o que os fãs brasileiros irão presenciar na atual Return Of Evil Brasil Tour 2016, muita agressividade, vontade e empenho da banda em fazer o melhor, consolidando sua formação atual.


Vocífera – Evil Through Por Bruno Silvestre

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pesar da cena do Metal ser, majoritariamente, composta por homens, nos últimos tempos a força feminina tem se reafirmado e mostrado que, além de ter tanta competência quanto qualquer pessoa, também sempre esteve presente neste gênero musical. O Vocífera nos mostra isso com o lançamento de “Evil Through”, em março deste ano. Tocando um Death/Thrash Metal matador, as garotas impõem um nível de agressividade que rompe qualquer barreira de sexualidade, o que as torna certeza de pancadaria e agitação onde quer que estejam. Um interessante aspecto delas está no fato de que também mostram que é possível fazer música extrema e manter a identidade de gênero, ou seja, mesmo tocando um estilo que exige mais peso e agressividade, ainda é notável que há mulheres no instrumental. Com relação às composições, a banda costuma tratar de temas relacionados ao indivíduo humano e seus pavores emocionais e sociais. A sétima faixa do disco, por exemplo, “In The 99

End Of Times”, trata da autodestruição da humanidade nos dias atuais, focando principalmente no sofrimento das mulheres. Outra faixa interessante é a música que abre o disco, “The Agony”, que trata do mascaramento de um indivíduo para esconder sua verdadeira face vergonhosa. Em “All Evil For Your Majesty” vemos algo como a revolução francesa, mas, que podemos associar bem ao momento político em que vivemos. Outros destaques do álbum são: “Trapped”, “Sadism”, “Sabbath” e “All Pain”. O underground pernambucano tem muito a ganhar com esse lançamento, assim como também a música pesada brasileira. Estamos vivemos uma época em que bandas como Vocífera são cada vez mais fundamentais para compor o nosso cenário, trazendo não só diversidade, mas, os mais importantes, qualidade e longevidade ao Metal. Por fim ressalto que literalmente as meninas vociferam no palco, e isso as faz merecerem todo o apoio possível.



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