Rock Meeting Nº 82

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EDITORIAL

Dia do Rock Seja honesto: temos o que comemorar no dia do rock? Verdadeiramente não. Por quê? Não é muito difícil ouvir e ler notícias sobre a cena brasileira. Muito aqui já foi falado sobre a reciprocidade do público, a entrega das bandas, produções, blá blá blá. Mas esquecemos mesmo do que está por trás. Nem tudo é esse mar de rosas como se imagina. O cara hoje que quer montar uma banda, tem essa vontade de viver de música (utopia), ser conhecido e tal, esbarra em tantas coisas que faz lembrar as empresas que fecham as portas no seu primeiro ano de funcionamento. Falta gestão? Sim. Falta incentivo? Sim. Falta vontade? Não. Falta uma infinidade de coisas para dar certo, dentre elas: motivação, retorno e dinheiro. Vamos falar em dinheiro. Sem grana a banda não sobrevive. Simples assim. Você precisa ensaiar, comprar equipamentos, gravar, tirar fotos, criar páginas, manter assessoria... Tudo é dinheiro. Uma banda hoje não deixa de ser uma empresa e é

preciso ter planejamento e organização se quiser viver da música. Isso de um modo geral, não é só falando do meio rock/metal. Voltando para o nosso foco, não temos muito o que comemorar. Bandas que acabam, bandas que brigam, bandas vs produtor, bandas vs público, bandas vs oportunidade. Ainda bem que temos bons exemplos de perseverança e que nem tudo está perdido, afinal. Graças aos deuses do metal, temos bandas produzindo. Uma cena não vive só de memória, é preciso que a cada dia uma nova história seja contada para que as gerações futuras conheçam o seu passado. Não foi assim com a gente? Não nos vangloriamos tanto dos anos 80? Precisamos escrever sobre esse tempo para nos orgulharmos do que pudemos presenciar. Para tanto, bandas, produtores, público, e todos os que fazem a cena movimentar, não percam a esperança de dias melhores. Tudo é fase e vamos em frente. É lutar para vencer. Viver para contar sua história.


TABLE OF CONTENTS 07 - News - World Metal 10 - Lapada - Machismo e Feminismo no Metal 16 - Entrevista - DFront 24 - Entrevista - Terra Prima 32 - Live - Satanic Surfers & Good Riddance 38 - Entrevista - Timor Trail 46 - Capa - Hellfest 2016 64 - Entrevista - Blackning 76 - Live - Sick of it All 82 - Live - Primavera Sound 2016 96 - Entrevista - North 100 - Entrevista - Diabรกllein 108 - Perfil RM - Alexandre Grundheidt (Ancesttral) 114 - Resenha - De volta


Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn

Colaboradores Alex Chagas Bruno Melo Jonathas Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite Raphael Arízio CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net



SHOW INÉDITO

Foto: Marcelinho Hora

O Vodoopriest acaba de lançar o registro de um show inédito e exclusivo filmado no estúdio Bay Area, em São Paulo, para o projeto Bay Area Sessions. São 20 minutos de uma apresentação dedicada principalmente às músicas do álbum Mandu. O programa intercala canções com depoimentos de Vitor Rodrigues sobre o disco que fala do índio guerreiro e que incluiu definitivamente o Vooodoopriest no circuito da música pesada das bandas do chamado metal nativo. Já participaram do Bay Area Sessions as bandas Cruel Face, Statues on Fire, Rhino entre outras. Assista o Voodoopriest no Bay Area Sessions AQUI.

Novo vídeo

Novo single

A banda Sul Fluminense Road 145, anuncia o lançamento do videoclipe ao vivo para o single “The Man who walks beside the Road”. O vídeo foi filmado durante a performance do grupo no Ipiabas Blues Jazz Festival 2016, sob a produção da Criativa Filmes. Em outras notícias, o grupo atualmente busca a dar ênfase em suas novas músicas autorais. Assista ao clipe ao vivo de “The Man who walks beside the Road” AQUI. Conheça o trabalho do Road 145 acessando a página oficial.

Muito peso e conteúdo repleto de riffs bem distorcidos e ‘grooveados’; isso define o produto musical da banda Stoned Bulls, de São João da Boa Vista (SP). Após lançar o álbum de estreia “Good For Shit” no início do ano, o conjunto segue divulgando seu Stoner Metal através de singles extraídas do disco. Agora é a vez de “Stoned” ser apresentada. O novo single foi disponibilizado no canal oficial da banda no YouTube e pode ser conferido clicando AQUI.

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Foto: Alessandra Martins

Terceiro álbum

Regravando música

Comemorando 14 anos de carreira em 2016, o Bloody está com o terceiro álbum de estúdio liberado para download gratuito. Autointitulado, o material foi lançado em 2015 e traz nove composições com as características marcantes do Thrash Metal executado pela banda desde 2002. O disco também entrou na lista dos principais lançamentos latino-americanos do famoso portal internacional Headbangers Latinoamerica. Escute o novo álbum AQUI.

A HellArise acaba de disponibilizar não apenas uma regravação, mas uma nova visão para uma das músicas mais queridas de seus fãs: ‘Human Disgrace’. Lançada originalmente no primeiro trabalhado do grupo, o EP ‘HellArise’ de 2010, ‘Human Disgrace’ chamou a atenção do público pela sua energia, variação e sua duração. A nova versão da música foi gravada no UpTracks Studio e produzida pela própria guitarrista Mirella Max. Para ouvir e/ ou baixar gratuitamente, clique AQUI.

Procura-se vocalista A banda Rexor está selecionando vocalistas, preferencialmente que residam na cidade de São Paulo e disponibilizou as faixas do álbum “Powered Heart” em uma versão apenas com os instrumentais para que os interessados gravem as suas interpretações das composições e enviem para seleção. Atenção: é necessário a gravação de no mínimo 2 faixas do disco (porém quanto mais gravações melhor) e os envios devem ser direcionados ao e-mail rexor@rexor. com.br, via Dropbox, SoundCloud, GoogleDrive, OneDrive e afins. Anexos serão descartados! A Rexor é uma banda que trabalha sério na cena nacional, possui estúdio próprio e está a caminho da gravação de seu mais novo álbum. Quem acreditar no seu talento, mande material pros caras! Abaixo os links para download do álbum “Powered Heart” em sua versão sem vocais (playback) e com as letras, e também o link para baixar o disco completo para audição. “Powered Heart” - Playbacks com as letras | “Powered Heart” (Full Album).t 08


Foto: Carol Pucci

Na íntegra

A gravadora europeia do HellLight disponibilizou em seu canal, na íntegra, o mais recente álbum do grupo, ‘Journey Throught Endless Storms’. No Brasil ‘Journey Through Endless Storms’ foi lançado pela Mutialtion Records e está disponível para venda diretamente com a banda, com o selo e nas melhores lojas especializadas. O disco foi gravado no estúdio Hell Inc e produzido pelo próprio vocalista e guitarrista Fabio de Paula. A arte da capa ficou por conta do artista Rodrigo Bueno. Além da versão física, também pode ser comprada a versão virtual do trabalho AQUI. Escute o álbum do HellLight AQUI. Acompanhe as notícias da banda na sua página oficial no Facebook. Foto: Maicon Damasceno

Novo videoclipe

novo video

A banda mineira Apple Sin acaba de lançar um videoclipe para sua música homônima. O clipe foi filmado pela Alpha 7 Photo Design, empresa ministrada por Philippe Belchior em Dores de Campos (MG). A música “Apple Sin”, que dá título à banda, traz um refrão marcante com a letra criada pelo vocalista, guitarras harmonizadas e cozinha bem entrosada. O lançamento do CD está previso para o segundo semestre, via Black Legion Productions, de Resende-RJ. Assista “Apple Sin”

Quem já foi em um show do grupo sabe: o Astafix sabe como poucas bandas unir técnica, agressividade e uma performance insana. Um pouco desta energia foi condensada em seu mais recente videoclipe. Estamos falando da música ‘Karma Kill’, faixa que abre o disco. O clipe foi dirigido por Maicon Damasceno, que também produziu e editou ao lado do baterista Thiago Caurio. Veja o vídeo da banda AQUI. Acompanhe as notícias na página oficial no facebook.

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Sosseguem vossos ‘documentos’ Estou começando a achar que esta coluna realmente nunca vai parar. Todo mês tem uma merda generalizada dentro do Metal que se propaga por dias, enche as timelines de todos nas mídias sociais de lixo ideológico. Não há uma maldita semana em que o povo não encha o saco! A da vez é a seguinte: uma jovem no RJ foi estuprada (ou deu mesmo de forma consensual, já que testemunhos e provas andam apontando em ambas as direções) para 33 sujeitos. Pronto, começaram as trocas de farpas, os “desfazer amizades” e outras manifestações no Facebook. Falo no mesmo por ser a maior plataforma que temos em termos de mídias sociais nos últimos anos. Antes de tudo, nem entendo o motivo de headbangers de verdade se meterem com algo ocorrido em um baile funk. Não deveria ser da conta de ninguém, apenas dos envolvidos nessa pantomima toda. Sim pantomima, pois virou um BBB em escala global.

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Óbvio que os ânimos feministas se acirraram de um lado, e os dos machistas do outro. Ainda mais porque houve uma jovem morta em um show em uma escola ocupada na Região dos Lagos (RJ), e foi tão desfigurada que o reconhecimento foi difícil. Mas e o Metal? Onde se envolve nisso? Falar que o Metal é um gênero machista é algo irreal. Não confunda eventos pontuais (porque sempre acontece um ou outro isoladamente) com algo geral, pois seria uma


das piores generalizações feitas. Mas como o feminismo atual trouxe aquele bojo nojento do marxismo cultural, não é de estranhar sua carga ideológica fanática. O que é o feminismo? Historicamente falando, é um ideal (não ideologia) em que todos deveriam se conscientizar do valor da mulher dentro da sociedade. Sim, é algo bonito, uma conscientização de que a mulher tem (e deve ter mesmo) o valor igual ao do homem em tudo,

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inclusive de escolhas. Falar mais que isso é desnecessário, e não sou de Humanas para perder meu tempo com masturbações subjetivas infinitas. Reconheço de peito aberto o valor de nossas meninas no cenário. Mas lá vem aquela podridão suja do marxismo cultural que infecta nossas universidades com lixo ideológico, e deturpam tudo. De ideal, virou militância, e assim, ganhou uma mentalidade fanática que, muitas vezes, beira o nazismo. Por isso, muitas são chama-


das de “feminazis”, e o termo não está errado: o comportamento dessas moças realmente é idêntico ao da juventude hitlerista na Alemanha da Segunda Guerra Mundial (quem leu sobre o assunto, sabe disso. Se não leu, não encha o saco). Mesmo porque o socialismo e o nazismo são irmãos siameses. Machismo é o oposto do feminismo militante, apenas isso. E ambos fazem vítimas! Se o machismo é causa de mortes, estupros e agressões, o feminismo tem distorcido demais o papel da mulher em nossa sociedade. E justo ela, que busca a igualdade, continua sendo a mesma coisa: de objeto sexual a sexualmente emancipada (como é falado pelos defensores de Valesca Popozuda como “filósofa” e “mito”), não muda nada.

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De dominada a dominadora, nada muda. E me questiono até onde isso é algo louvável! E o feminismo militante mata: tem horas que me pergunto se a jovem de quem falei lá no início, morta depois de ir a um show, não acabou assim por conta da militância (se já viram como alguns deles agem, entenderam meu argumento)? E não, não estou culpando a vítima (f****-se se acharem também), mas pondo ideias na mesa, hipóteses que poderiam ajudar a elucidar o crime hediondo, que não é justificável! O Metal, por ser um meio livre de preconceitos e dogmas (eles até existem, mas em quantidades bem menores do que fora do mesmo), acabou assimilando muito este


Madame Marie Curie

papo furado. Sinto muito, senhoras e senhores, mas isso para mim é papo furado, pois a mulher é respeitada na medida em que ela se faz respeitar. Óbvio que existem casos de abusos, não nego, mas isso dá autoridade a alguém para fazer de todos nós “machistas, homofóbicos, opressores”? A resposta é simples: N-Ã-O, pura e simplesmente não! Exemplos de grandes mulheres: uma é Madame Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel. Não tenho uma palavra que a desabone, e mesmo quando não quiseram dar o Nobel a ela (na primeira vez), o próprio Pierre Curie foi lá e afirmou que o trabalho era dela! Um homem reconheceu o trabalho

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dela, para desespero das minhocas sem cérebro que correm atrás das loucuras de Valerie Solanas (um ídolo para quem é de cursos de Humanas, mas que devem esquecer que ela era esquizofrênica comprovada, e que tentou assassinar Andy Warhol, um empresário, pintor e cineasta norte-americano, que ainda pagou pelas despesas da internação de Solanas). Eu disse que o feminismo mata, assim como o machismo. Ou seja, são duas formas de viver de merda! Sim, loucuras, ou acham que enfiar imagem de santos no fiofó e na perseguida é protestar com dignidade por algo? E fazer vídeos com este tipo de conteúdo?


E estes protestos, como foi em um museu em Niterói (RJ) há poucos dias? Outro exemplo: Doro Pesch. A Metal Queen sempre deu as cartas no Warlock ou na carreira solo dela. E nunca vi a Rainha falar algo de diferente que tirasse a importância da música em prol do mimimi. E como ela, nós ainda temos a infernal Sabina Classen, vocalista do Holy Moses, que tem um leque de conhecimentos e habilidades absurdo (que o caríssimo Airton Diniz disponibilizou na última Roadie Crew, em seu ótimo editorial). Nenhuma delas parece reclamar de assédio ou algo assim. Aliás, nem precisam, pois são amplamente respeitadas pelo talento. Talento que vemos em muitas mulhe-

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res no Metal brasileiro, como Lady of Blood do Ocultan, Tibet do Ajna, as meninas do Nervosa e outras tantas que não caberiam na revista se eu falasse de todas. Fechando: há espaço para todos no Metal. Sejam homens ou mulheres, e ambos os gêneros merecem ser respeitados. Não confundam feminismo e militância que nos chama de “potenciais estupradores”. Um homem de verdade não vê valor em tal comparação, assim como seria dizer que todas as “mulheres no Metal são putas”. Nenhuma das comparações está certa. O respeito é via de mão dupla, de ida e volta, e que ambos, homens e mulheres, merecem e devem praticar. Respeito é bom e todos gostam!



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Por Raphael Arízio Fotos: Banda/Divulgação

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banda Dfront SA vem demostrando a força de sua mistura de Thrash Metal com Hardcore através de seus inúmeros EPS. A banda agora solta seu primeiro disco completo “Do céu ao inferno” e vamos ver o que a banda nos fala sobre seu primeiro play e sobre a sua história. A banda lançou recentemente, via Black Legion Productions, seu primeiro disco, “Do céu ao Inferno”. Como tem sido a resposta deste lançamento e o que a banda pretende alcançar com esse disco? Temos recebido boas críticas do CD, que vão de fãs, zines, blogs, sites especializados, canais youtube até artistas renomados na cena do metal brasileiro. Com isso nosso orgulho e vontade de evoluir crescem para fazer algo ainda melhor para o próximo, ainda vamos correr por várias cidades do país com shows. Estamos montando uma tour por cidades vizinhas e distantes a medida em que conseguimos divulgar o CD, mas nosso ponto culminante é escrever o nome da banda em grandes festivais assim tendo reconhecimento nacional e internacional, representar nosso som para quem sempre confiou em nossa mensagem. A banda lançou um clipe para a música “Mais um dia” pelo canal gringo “HardcoreWorldwide”. Como se deu essa parceria e o que a banda está colhendo através disso? Na verdade, nós lançamos dois clipes pelo 18


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Worldwide, “Vício” e “Mais um dia”, tivemos a honra de ter nossos clipes selecionados nesse leva tão grande de bandas conceituadas e outras que estão começando assim como nós. Esse corre foi feito pelo baixista Silvio, que se entregou no projeto e juntos conseguimos realizar o reconhecimento sonoro. A produção do clipe toda foi feita pela banda, do roteiro a edição, e depois que lançamos tivemos propostas de deixar rolar o clipe em diversos blogs, zines, grupos que nos deram um apoio muito forte na visibilidade inicial do clipe até hoje, além de termos também um reconhecimento em canais gringos que nos honraram com entrevistas e rolando nosso som em várias rádios, e isso está sendo bom demais para a gente.

Com a entrada do baixista Sílvio Augusto e do baterista Magno o som da banda de mostrou mais extremo e violento do que o comum, quais foram as influências dos dois nesse processo? Os dois entraram já com 90% das músicas feitas, apenas refizemos a roupagem de todas as músicas na gravação, onde na produção incluímos elementos nas vozes, backs, instrumentais tendo como grande diferencial o aumento dinâmico da bateria. O que temos hoje é maior potência nos shows, os anteriores tínhamos brechas que não eram compensadas pelo antigo batera, arrisco dizer que essa será nossa última formação, por haver uma ótima química. As letras do Dfront SA sempre mos-

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que será mais conceitual, vamos abordar algo mais alarmante no Brasil: a fome. O disco se destaca com uma bela capa e trabalho gráfico. O que a banda quis passar com todo o conceito da arte e título? A capa reflete o homem sempre tendo que renascer, como uma árvore que joga ar puro em um lugar sempre poluído, inovando para continuar o ar, para continuar vivendo. O nome diz respeito a momentos vividos por todos, afinal temos demônios e anjos lutando por nós, uma luta entre céu e inferno, tanto em nossa vida como em nossas mentes.

traram serem bastante críticas com a nossa sociedade de hoje. Essa crise enfrentada pelo nosso país serviu de influência para a banda em algum sentido? Na música “Corrupto” deixamos bem claro nossa indignação com essa palhaçada que esses políticos fizeram com o povo brasileiro, temos obrigação de falar nas músicas, algo que pensamos, pois não vivemos mais na ditadura e nós moramos aqui e nos importamos, é nossa forma de defesa e ação, na verdade muitas das letras nós tínhamos feito antes dessa crise estourar, mais sempre fomos cientes desse roubo que sempre nos rodeou né? Não podemos escolher lados porque isso não seria certo, mais deixar nossa indignação e opinião pode e deve ser feito, inclusive no próximo álbum, 21

O período de gravação e mixagem do disco acabou sendo um pouco mais demorado que o previsto pela banda. A gravação nem foi demorada, pois as músicas já eram conhecidas, e já estavam escritas há muito tempo, exceto “Mais um dia” e “Eu não aguento”, mas que escrevemos durante a gravação, a produção e master foi feita em 4 meses, já a parte artística tivemos grande dificuldade de encontrar algo apropriado além de problemas de comunicação, num total tivemos 6 a 7 meses para finalizar, foi bem cansativo. Um dos shows mais marcantes da banda foi a abertura para o Sepultura em Volta Redonda. Como foi essa apresentação para vocês e qual a reação quando souberam que um integrante do Sepultura gostou e viu um trecho do show em cima do palco? Inicialmente tivemos problemas no primeiro evento que foi o MotoFest, onde iríamos abrir para o Raimundos. Eles passaram som várias vezes e nos tiraram da abertura pela falta de tempo, então a direção do evento nos jogou


para o VR do Rock, assim nos dando a oportunidade de tocar entre Project 46 e Sepultura, ficamos empolgados e não deixamos barato no repertório e nem na atitude de palco. Subimos pro show e no decorrer dele, pessoas que estavam no palco (Sandro) nos avisaram que o Paulo Xisto e Eloy estavam atrás da gente curtindo muito som e agitando demais nas músicas, ficamos felizes demais, não é todo dia que temos membros de uma banda de renome tão alto curtindo seu som, e no pós show fomos convidados a trocar ideia com o produtor a pedido do Paulo, tivemos encontro no camarim, rolou um diálogo, foto e uma possível parceria que não aconteceu por agenda dos caras ser tão complexa e ficou nisso. O som da banda sempre mostrou uma fusão de Metal com Hardcore. Quais as influências da banda para moldar essa mistura? E como é o processo de composição da banda? A banda compõe com uma gana de ingredientes que tivemos do metal oitentista, 90 e atual, todos temos elementos chaves, aquele com o

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que mais levamos afinidade, o feeling aflora nos momentos de ensaio quando a música é mostrada para a banda, isso agrega na composição final. No primeiro CD tudo foi feito por um e refeito roupagem na gravação isso deu uma cara única para o som, o que não vai rolar no segundo. No começo da carreira da banda as suas letras eram em inglês, por que a banda resolveu começar a escrever em português? No início existia uma visão muito diferente, por simplesmente curtirmos muito som internacional, então éramos voltados apenas em produzir aquilo também, mas já no primeiro EP testamos músicas com vocal em português afim de ataca mercado nacional também. Quando rolou a saída do Raphão (primeiro vocal), a banda decidiu manter apenas em português as músicas, porque já tínhamos feito esse teste no primeiro EP (Revolution) com as músicas “Questão” e “Indiferença”


e gostamos demais do resultado do público, que cantava e elogiava pelo simples fato de ser em português também. Quando o Vagner entrou na banda, a primeira música que fizemos foi “Sem Misericórdia”. A canção foi toda escrita em português e caiu perfeitamente na voz dele, juntando ao fato do Vagner também querer cantar só em português, então deixamos decidido que tudo seria em português daí pra frente. DFront SA antes de lançar “Do Céus ao Inferno” já tinha lançado alguns EPS de forma independente no mercado. De que forma isso ajudou a banda até o lançamento de seu primeiro disco completo? Acho que fizemos 90% do nosso nome com nossos EP’s, em específico com o “Sem Misericórdia”, que foi nossa entrada pra muita coisa que rolou com agente. Foi onde nos concentramos em fazer tudo bem feito, sempre com o foco no mercado nacional e mostrando transparência em tudo que escrevíamos. A partir dele nós amadurecemos com clipes, letras e

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nosso arsenal instrumental. Pra chegar onde estamos, nós trilhamos um longo caminho de aprendizado como banda e pessoa, disso tudo o CD foi ponto principal nessa jornada até hoje, ali nós colocamos esse aprendizado na forma real da banda. Toda essa mudança que tivemos nos ajudou a chegar até aqui, a ser o que somos hoje, uma banda que envia para quem escuta um som verdadeiro, sem plágio e sem vergonha de ser criticado, assim somos a Dfront SA hoje. Espaço para agradecimentos e palavras finais. Agradecer imensamente a todos os amigos e inimigos que nos fazem querer continuar a cada dia essa jornada. Sabemos que o metal no Brasil precisa se fortificar ainda mais pelo fato de haver muita descrença e não ser alto popular para muitos, por isso estamos aqui assim como várias outras bandas que insistem nesse caminho. Obrigado por nos divulgarem em blogs, sites, canais e em especial aos familiares que nunca nos deixaram desistir. A Rock Meeting e Black Legion Productions pela oportunidade de esta aqui.


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Foto: Damangar

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Texto e Foto: Pei Fon (peifang@rockmeeting.net)

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udar é sempre um problema para qualquer pessoa. Mudar de casa, de trabalho, de cidade, de musicalidade. A mudança pode ser benéfica ou não, tudo depende como está sendo realizada. No entanto, sobre a música, a banda pernambucana Terra Prima mudou. E muito para melhor. Quem ouve o seu début nem sonha que fala da mesma banda. “Second” foi lançado este ano e claro que vamos falar dele. Conversamos com Daniel Pinho (vocalista) que fala sobre essa o cd, experiências, futuro e, lógico, mudança. Leia! Continuidade e mudanças. Essa tem sido a tônica do Terra Prima. Como foi o processo de ‘mudar’? Estamos nessa batalha há mais de 10 anos e finalmente entendemos que, se não trouxéssemos algo novo para o metal nacional, seríamos apenas mais uma banda na cena. Queremos que o fã de Heavy Metal escute algo novo, ao invés de ouvir as mesmas convenções musicais das bandas consagradas. A busca principal foi sair da sombra das grandes bandas e criar a nossa própria identidade. “Second” vem aí para mostrar que é possível andar para frente. Como vocês apresentam o novo álbum? Chutamos o pau da barraca. Rsrsrs Mesclamos nossas influências mais profundas e soltamos o verbo. Viemos com uma proposta totalmente diferente do disco anterior. Um tiro no escuro. O “Second” é uma viagem multicultural pelos 26


Foto: Damangar

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problemas mais diversos dos humanos. É um disco mais americanizado que o europeizado “And Life Begins”, com mais riffs e grooves que os bumbos duplos já tão massificados.

É inevitável não falar da mudança sonora. Foi natural? Conta para nós como tudo aconteceu. Eu tinha composto basicamente um disco todo aos moldes do “And Life Begins”. Mas resolvi abraçar as ideias novas que a gente começou a desenvolver em estúdio do zero. O resultado foi um disco cheio de composições maduras, repleto de influências de todos os confins da Terra. Tudo da forma mais natural possível, trazendo a musicalidade mais profunda de cada um da gente. Já na reta final, trocamos o baixista, o que nos trouxe ainda mais sonoridade. “Second” não existe uma temática central, são várias dentro de uma só. De onde tiraram o ponto chave para não fugir da perspectiva sonora? Um segundo na vida de uma pessoa muda muita coisa. Uma decisão certa, uma decisão errada. Na real, a temática do “Second” é o ser humano e seus problemas mais íntimos, como abandonar os sonhos, drogas, ações, causas, consequências etc. O ponto chave foi trazer composições que se encaixassem em cada letra, afinal a mensagem tem que ser passada com o background musical adequado. De onde saiu a inspiração para a composição do segundo álbum? Das influências mais diversas, “daqui e de lá”. “There and Back Again” (risos). Artistas nacionais como Lenine, Djavan, Nação Zumbi, artistas internacionais como Muse, Guns n’ Roses, Metallica, Aerosmith e até coisas mais eletrô28


nicas e pops. Grunge, Blues, Hard Rock... Foi uma super salada, misturada a um metal com mais groove e riffs. “Once upon a time” é um choque inevitável. O fã que acompanha o Terra Prima deve ter se perguntado ‘o que aconteceu’. O que vocês têm lido sobre o assunto? A galera adorou, já cantam o “Hey Man” ao vivo (risos). Muitas pessoas têm gostado mais desse disco que do “And Life Begins”, e isso é muito relevante pra gente, já que, provavelmente, o terceiro disco virá ainda mais moderno, maduro e com identidade aprimorada, sempre fugindo da sonoridade das bandas consagradas, tentando se tornar algo único. “You won’t stop me” é a minha preferida disparada porque tem um elemento que acho fundamental em toda banda: o baixo. Usar um baixo de 6 cordas não poderia passar em branco... “You Won’t Stop Me” é um dos “carros chefes” desse disco. Provavelmente a música mais pancada e pesada. E ainda tem aquele final diferenciado e um refrão chiclete (risos). Falando em baixo, Gabriel é um dos baixistas mais impressionantes que eu já tive o prazer não só de tocar, como de ver em ação. Toca muito e domina incrivelmente o instrumento. O som pode ter mudado bastante, mas as características pernambucanas continuam lá, como em “Coming Home”. Muito propício, não? A gente vai, mas sempre acaba voltando pra casa (risos). Somos pernambucanos, vivemos inseridos na cultura de Pernambuco. Você pode tentar, mas não vai escapar dessa cultura. Passamos o ano todo ouvindo Baião, Frevo, Maracatu. Está tudo inserido na nossa alma. 29


Não só “Coming Home”. “Wheels of Time”, “Last Minute”, “Blame”, “The Final Act”, e, de modo geral, tem sempre uma influência aqui ou ali de música nordestina e pernambucana. Às vezes bastante evidente, às vezes mais discreta, inserida no modo de compor os riffs e arranjos. E “Coming Home” foi o primeiro single lançado para audição. Mesmo sem informação alguma, você vai ouvindo e descobre que há uma participação ali. Como aconteceu o contato com o Fabio Lione? Fale tudo para nós. 30

Fizemos 7 shows em 2 anos com os caras... foi quase o Nordeste todo. Em Salvador, Tiago veio com essa ideia de chamá-lo e aprovamos. Fizemos o convite e ele topou. Fabio é um cara massa, gente boa, simples, humilde. Em São Paulo, ele estava hospedado a menos de 1km do estúdio, dispensou o táxi e veio andando, conversando comigo, na rua. Eu operei a gravação dele. Foi super atencioso com cada detalhe. Se eu tiver que falar das qualidades vocais dele, provavelmente precisaremos de uma edição completa da Rock Meeting (fica a dica – risos). Grande voz, altíssimo nível, canta como os maiores!


Heros Trench e Marcello Pompeu de novo no Terra Prima. Em time que tá ganhando não se mexe, não é? Por que trabalhar com eles novamente? Eles são o que há de melhor em produção de Heavy Metal no Brasil. Tanto na área de produção musical como na parte técnica, de gravação, mix e master. Já somos amigos, passei vários meses com eles lá. Tanto agora como da outra vez. Inclusive, esse tempo todo lá me rendeu a participação na produção do último álbum do Korzus, o “Legion”, onde ajudei a escrever a letra de “Bleeding Pride” e operei a gravação de voz de Marcello Pompeu. Eu con31

fio bastante na produção deles. Para finalizar, o que podemos esperar do Terra Prima para este ano? Sucesso e força sempre! Sempre! Força, garra, vontade de “chegar lá”. We’re here to stay! O nosso disco saiu no Japão agora em junho e vamos correr atrás de uma possível passagem por lá. Além disso, pretendemos fazer mais shows no Sudeste e programar uma tour pelo Nordeste. Cheguem mais e descubram. Aliás, já descobriram quem foi Thomas?


Satanic Surfers 32


Good Riddance 33


Sala Razzmatazz, Barcelona, 05 de junho de 2016 Texto e fotos: Mauricio Melo

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pós a maratona que foram os cinco dias do Primavera Sound, saímos voando do show que oferecia Mudhoney e nos metemos de cabeça na sala Razzmatazz 2, dando continuidade as celebrações do décimo quinto aniversário da promotora Hardcore For My Nose, responsável por organizar 80% dos shows punk / hardcore na Espanha. Há um mês tivemos o encontro de Sick of it All com Terror e agora dois grandes nomes do punk rock e que retornaram há pouco às atividades. Apesar da noite ainda contar com os locais do Blowfuse, por motivos comentados acima, não conseguimos chegar à tempo de conferir o show. Já tínhamos conferido os suecos do Satanic Surfers ano passado, mas definitivamente aquele público de festival não se compara com o visto, vivido, fotografado e filmado aqui na cidade de Barcelona. Com um Rodrigo Alfaro bastante animado, tivemos um dos grandes shows do ano. Letras na ponta da língua, stage dives para todos os lados e um repasso na carreira dos surfistas satânicos. Músicas como “Hero of our Time”, “What Ever” e “Better Off Today” foram cantadas como hinos além de “...and the Cheese Fell Down” e “Forfeiture”. Após apresentações como essa sempre nos salta a pergunta em mente, como pode um grupo deste se separar?

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Good Riddance

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O mesmo podemos dizer do Good Riddance. Talvez a banda punk rock melódico que mais assisti na vida e não poderia deixar passar uma oportunidade a mais. Lá estávamos na linha de frente, na minúscula barricada em frente ao palco, era tão difícil se movimentar que, quando o quarteto iniciou atividades com “Letters Home” e a rapaziada com seus respectivos copos de cerveja começou a vibrar, o banho da gelada era inevitável, só restou sorrir, fotografar e cantar junto. Russ Rankin em boa forma, assim como Alfaro bastante animado e não poderia ser por menos, devido à devoção do público para com a banda. O baixista Chuck Platt arriscando alguns saltos, Luke mandando seus inconfundíveis riffs na guitarra e Sean Sellers muito bem na cozinha. “Disputatio” do último disco foi tocada logo de cara e na sequência “Last Believer”. Difícil relatar com detalhes todo o setlist, mas com certeza foram mais de vinte músicas entre clássicos e algumas do novo disco como já foi dito acima. “Fire Engine Red” e “Shadows of Defeat” foram as mais celebradas.

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Satanic Surfers

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Good Riddance


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Ana Marilin

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omeçar de novo. Imagine só você ter que se reinventar para continuar ativo... A vida cobra mais de uns do que de outros, porém todo o processo poder ser natural ou não. No caso de Adriano Perfetto, integrante do extinta Bywar, sair do thrash metal e migrar para o stoner foi um processo normal. Sobre sua nova banda, o Timor Trail, conversamos com o Adriano e com o Ricardo Baptista. Composição, estilo musical, cena, inspiração. Leia! É costume que as bandas se apresentem para os nossos leitores. Obrigado pela oportunidade em estar concedendo essa entrevista, para nós é uma honra estar divulgando nosso trabalho na Rock Meeting! O Timor Trail é: Adriano Perfetto (Voz, Guitarra e Sintetizadores), Ricardo Baptista (Guitarra e Backing Vocal), Cesar Lopes (Baixo e Backing Vocal), Edill Alexandrino (Bateria). Timor Trail é uma banda bem nova no cenário nacional. Porém Adriano Perfetto já é conhecido da galera. Como foi essa mudança do Thrash Metal para o Stoner? Adriano Perfetto – Bom, foi de forma natural mesmo. Eu sempre fui um músico aberto para novos sons e novas experiências musicais. Nunca gostei de me prender num único estilo, mesmo na época de Bywar o público sempre notou uma diferença entre um álbum e outro, 40


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tanto é que nosso último lançamento (“Abduction”) considero um álbum de heavy metal tradicional com pitadas de thrash e speed metal. Antes mesmo de o Bywar encerrar suas atividades eu já havia criado muita coisa para o Timor Trail, pois naquela época eu estava voltado a fazer uma nova linha musical, onde eu pudesse mostrar meu outro lado de criação e composição. O foco aqui é o Timor Trail. Mas o que houve com o Bywar? Algum dia voltará? Adriano Perfetto – Aconteceu o que acontece com muitas bandas e com muitos casamentos (risos). Às vezes as ideias e pensamentos

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não continuam batendo e diferentes pontos de vista podem desencadear fins de relacionamentos (risos). Mas gosto muito de todos os integrantes do Bywar, ainda temos contato e nunca sabemos o que ainda esta por vir, os caras são meus amigos acima de qualquer coisa. O ep autointitulado é o seu cartão de visitas. Como pode nos apresentar? Ricardo Baptista - Este EP é o resultado do esforço em conjunto dos integrantes da Timor Trail. Produzimos esse disco praticamente com recursos próprios - gravamos as guitarras, baixo e bateria utilizando equipamentos de gravação que possuímos. Apenas os vocais


foram gravados externamente. Não tínhamos a pretensão de lançar uma super produção de estúdio neste momento, que obviamente demandaria mais tempo e dinheiro. O que queríamos na verdade era ter algum registro com uma qualidade legal o suficiente para finalmente mostrar a Timor Trail ao mundo e dar o “start” nas atividades da banda: fazer shows, clipes ao vivo, dar entrevistas etc. E desta forma ter fôlego para produzir um full length em estúdio. E pelo visto, nossos objetivos estão sendo alcançados: este EP tem nos aberto portas para boas oportunidades. Vale ressaltar que nesse EP tivemos a ajuda de dois amigos nossos: o ilustrador Rodrigo Helfenstein criou

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o logo da banda, que aparece na capa do EP, e a fotógrafa Ana Marilin clicou nossa foto que aparece no verso da capa. A ideia era o doom e chegou no stoner. Essa mudança sonora simplesmente aconteceu ou foi viram uma necessidade maior? Ricardo Baptista - Acredito que isso aconteceu naturalmente. Como gostamos de muitas vertentes do rock/metal e de outros estilos musicais, é até esperado que outras influências surjam no meio do caminho e se misturem ao nosso som. Eu inclusive não chamaria isso uma mudança sonora, mas sim de um com-


plemento. O stoner combina muito bem com o doom e muitas vezes é difícil delimitar onde um termina e o outro começa. A temática é bem vasta no Timor Trail. Ficção científica, ufologia, cotidiano, viagens astrais... Coube tudo isso no ep (risos)? Adriano Perfetto - Com certeza (risos). Gosto muito de ler sobre ufologia, apesar de ser um assunto banalizado pelo mundo afora, mas acredito muito em vida fora da Terra e acabo passando minhas viagens para as letras. Temas de ficção científica sempre foram os meus preferidos desde minha infância, assim como filmes de terror e suspense, tudo isso acabou se misturando e foi cantado em nossas sete faixas de nosso EP. A sonoridade é bem antiga e atemporal. Capaz de ser intitulado algo ainda dos anos 70. A proposta é essa mesmo, música fora da linha do tempo? Ricardo Baptista - Bem, embora seja inevitável que nosso som remeta às raízes do doom e do stoner, nos anos 70, não há restrições no que podemos colocar em nossas músicas, desde que haja bom senso. Portanto, certas passagens em nossos sons podem passar até uma sonoridade muito mais moderna, atual. Acredito que essa possibilidade de se reinventar dentro de um estilo é essencial para uma banda se destacar hoje em dia. Top 5. Quem são as inspirações do Timor Trail? Fale um pouco sobre. Ricardo Baptista - Falando de doom metal, Black Sabbath é a inspiração máxima para qualquer banda que toque este estilo. Algumas

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bandas que vieram depois, como Paradise Lost e Cathedral, adicionaram novos ingredientes ao doom/stoner clássico e com certeza são fontes de inspiração para nós. Também gostamos de ouvir o que bandas contemporâneas estão fazendo, como Mastodon, Orchid e Spiritual Beggars. E sobre a cena nordeste, o que vocês podem falar? Conhecem as bandas da região? Adriano Perfetto – Já ouvi sim, muita coisa boa, a cena stoner é muito forte no nordeste, acho isso muito bacana, mas a banda que sem sombra de dúvidas é uma das mais espetaculares tanto na cena stoner quanto na cena musical do Brasil é o Far From Alaska, sou fã demais, estive num show deles aqui em Sorocaba e no final conversamos bastante e tiramos fotos... Foi bem massa (risos). Por fim, o début já está sendo pensado. Nome, previsão, o que pode nos adiantar? Sucesso e muito obrigada! Adriano Perfetto – Bom, estamos no processo de finalizar alguns sons, nosso début terá 8 sons inéditos e 2 faixas do EP que iremos regravar com uma melhor qualidade de som. Porém adiamos esse lançamento para 2017, assim temos mais tempo para divulgação do EP e fazermos mais shows. Estamos abertos para convites de festivais de Metal ou stoner no Brasil todo, basta nos contactar. Agradeço mais uma vez a oportunidade de estarmos nessa grande revista que é a Rock Meeting. Espero um dia estar voltando a tocar no Nordeste com o Timor Trail, pois é o público mais insano e contagiante que já presenciei! Valeu!

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S

im, lá estivemos novamente. Nosso festival favorito e que particularmente muito me orgulho de haver acompanhado o crescimento do evento desde a edição do ano 2010, chegando assim a incrível marca de 7 edições. Jamais imaginei que chegaria tão longe, mas já posso dizer que sou um local. Conheço as padarias, bares, pizzarias e também sou reconhecido pelo povo da cidade. A infraestrutura do evento vai melhorando anualmente e podemos incluir o transporte do aeroporto para o evento, que antes era feito por vans e agora são ônibus. Alertamos, para tal transporte é necessário uma reserva prévia e não deixar para a última hora já que o prazo termina dias antes do início do festival. Também podemos destacar na edição 2016 o novo Warzone, aquele palco dedicado ao punk, hardcore e metal mais sujo, que um dia foi pequeno e quase esquecido, ressurgiu com novo visual. Vale lembrar que o show do Body Count ano passado foi a gota d’água. O local ficou colapsado, quem entrou não saiu e quem queria entrar ficou de fora, era um ver-

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dadeiro funil. O palco ganhou maiores dimensões, a área além de ganhar a mesma decoração do restante do evento ainda ganhou um portal e uma praça de alimentação elevada de onde é possível assistir aos shows de maneira mais cômoda. Também, uma homenagem ao grande Lemmy, com direito a uma estatua num pedestal apocalíptico que pode ser vista à distância. Há na base da estátua um “santuário” com direito à um par de botas e uma garrafa de Jack Daniel’s. Para a inauguração da mesma, esteve presente e circulando entre o público, Phil Campbell, guitarrista do Motörhead. Com o aumento do espaço, tivemos também um aumento de público. Estimam-se dez mil pessoas a mais por dia. Também não é a primeira vez que relato o comportamento do público que ano após ano continua impecável. Pelo recinto passam milhares de pessoas por dia: punks, headbangers, skinheads, rockers, famílias, crianças, etc. Não há briga,

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Texto: Mauricio Melo & Hernan Chevalier Fotos: Mauricio Melo


Strife

confusão e discussão. Mesmo com algumas cervejas na mente, o povo se esforça para jogar o lixo onde é devidamente indicado, ou seja, na lixeira. Dia 1 Nossa participação começou a tomar formatos oficiais exatamente no palco acima descrito com Harm’s Way com seu forte hardcore, guitarras pesadíssimas e elementos industriais. Tínhamos curiosidade em ver o show da banda e não saímos decepcionados. Estreamos na área dos palcos principais com o maravilhoso show de rock do Nashville Pussy e com um destaque absoluto para a guitarrista Ruyster Suys, tanto pelos riffs absurdos quanto por sua performance no palco, sensacional. O caldo voltou a engrossar quando retornamos ao Warzone para o show do All Pigs Must Die, considerado um grupo hardcore all stars com integrantes de bandas como Hope Conspiracy, Converge e Bloodhorse. Músicas do “Nothing Violates This Nature” dominaram o setlist. Permanecemos no local e esperamos os suecos do Victims e seu hardcore com pitadas de crust, a música “Death Do Us Part” foi responsável pela primeira cortina de poeira da tarde. A caminho do palco principal, demos uma rápida parada no palco Altar para conferir o que a banda Havok tinha a oferecer e não decepcionaram. Finalmente consegui assistir o Anthrax com Joey Belladonna no vocal, já havia batido na trave algumas vezes e anteriormente assisti a banda com John Bush. Na parte musical a banda foi impecável apesar do curto setlist e a proposta do festival foi clara, cobrir as primeiras horas do dia com bandas de nome. Abriram com “You Gotta Believe” recém lançado “For All Kings” na sequência veio “Caugh in a Mosh” e o cover “Got The Time”. Ainda tive50

Sick of it All

Bad Religion


Discharge

Agoraphobic Nosebleed

Joe Satriani

Toy Dolls

Bring me the Horizon

Fu Manchu

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GUTTERDÄMMERUNG

ram tempo de tocar mais duas do disco novo “Breathing The Lightining” e “Evil Twin” que funcionaram de maneira positiva com o público, mas nada supera clássicos como “Antisocial” (cover) e finalizando com “Indians”. Por outro lado, a banda é mais uma dos grandes dinossauros do metal que fazem seu showzinho decorado, todos os movimentos são ensaiados e possivelmente as palavras são repetidas. É terminar o show, arrumar as malas e repetir tudo no dia seguinte em outro festival, porém estamos ali para vê-los tocar e não para ter uma relação de amizade, tarefa cumprida. Não arredamos o pé das redondezas e conferimos, de maneira mais confortável, o show do Turbonegro, já que em 2014 a banda

foi responsável por fechar o evento lá no antigo Warzone e pelo descrito acima já deu para imaginar como foi. Uma coisa é certa: apesar da comodidade a atmosfera não se repetiu. Algumas bandas, mesmo fazendo shows impecáveis, não funcionam em grandes palcos, o Turbonegro é uma delas e o clima de festa não se repetiu, seria necessário um contato maior com o público, que no palco principal não há. Assim como o Anthrax, musicalmente foi perfeita no palco. Abriram o set com “The Age of Pamparius” e sua épica introdução, rock and roll purão, integrantes com suas caras pintadas e propositalmente porradas, tatuagens à mostra. “You Give Me Worms” e “City of Satan” encaixaram perfeitamente na tarde. Vintage Trouble

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Municipal Waste

Ratos de Porão


Refused

Se existia uma pendência com o Thrash Metal dos anos 80, para este quem vos escreve, era definitivamente a falta que fazia no curriculum de ter assistido a um show do Sacred Reich. Essa pendeêcia chegou ao fim nesta edição do Hellfest Open Air. O quarteto abriu o set com “The American Way” de disco homônimo, passeou por seu disco début com “Death Squad” e “Ignorance”, arrebentaram com a pesada e arrastada “Heal” que também dá nome ao disco não se esqueceram de seu disco mais intenso com “Independent” e coube até “Surf Nicaragua”. Já o cover “War Pigs” sobrou no set. Uma banda com quatro bons discos lançados e um EP de êxito poderia substituir o cover por algo próprio consideSlayer

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rando que foi uma overdose de Black Sabbath durante todo o fim de semana, com direito ao próprio tocando no festival. Sempre achei algo exagerado a devoção com o Volbeat e colocá-los como um dos grandes nomes do evento só confirmou isso. Levando em consideração os nomes, que ao longo da história do evento apareceram em letras grandes, ver o Volbeat na mesma posição, deixando para trás nomes mais tradicionais é continuar considerando tal exagero. Não fizeram nada errado no palco, muito pelo contrário, o show foi impecável, mas talvez uma banda como o Anthrax seria mais justo naquela posição. Enfim, o público feminino agradeceu.


Harms Way

Skeletal Remains

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All Pigs Must Die

Na


ashville Pussy

Quando o nome é festa e, se na festa o tempero punk esta presente, então é só convidar o Dropkick Murphys para tocar. Abrindo com “The Boys are Back” e introduzindo “Prisoner’s Song” na sequência, o Hellfest veio abaixo. Após mais de uma dúzia de músicas finalizaram com “I’m Shipping Up To Boston”. O Rammstein colocou uma lista de exigência para os fotógrafos, além do metro quadrado mais disputado do dia entre o público o que nos “obrigou” a conferir de perto, mais uma vez, o sempre potente show do Converge. É, em definitivo, uma das apresentações mais brutais do hardcore ou como queiram definir a banda. “Eagles Becomes Vultures” devastou o que encontrou por diante, “Comcubine” do aclamado Jane Doe não deixou por menos e após uma hora demolidora a banda se despediu com “Aimless Arrow” e “Dark Horse”, pânico musical. Assim como o Rammstein, o The Offspring também limitou a quantidade de fotógrafos, que deveriam ter solicitado com dois dias de antecedência sua vaga no pit, sujeito a aprovação do grupo. Como já não havia muito o que ver e o cansaço já era evidente, assistimos ao show muito bem acomodados e nossas cadeiras de praia. O show em si foi de alto nível e preencheu a expectativa da galera, mas não da para considerá-los uma banda de punk rock e sim de rock. Hits como “Come Out and Play” e “Bad Habit” fizeram a festa dos mais saudosos e “You’re Gonna Go Far, Kid” dos mais jovens. Dia 2 Literalmente tivemos que correr para não perder o início do August Burns Red e assim poder fotografar. Meio dia e os caras já estavam no palco apresentando o último lançamento, “Found In Far Away Places” através

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UK Subs

da música “Martyr”. Estava em cena uma das bandas de metalcore mais celebradas dos últimos anos, do mesmo disco apresentaram “Identity”. Dos discos mais antigos (nem tanto) podemos destacar “Back Burner” do “Messengers”. Se havia um show que não poderíamos perder, esse era o Strife. Após o demolidor show em Barcelona ano passado, o quinteto chegou com disposição para tocar mais uma vez no Hellfest. Apesar do horário, uma e meia da tarde, um bom público compareceu e berrou bastante junto a Rick Rodney. Porradões como “Carry The Torch” e “Torn Apart” do álbum mais recente. Foi de tirar o chapéu. Assim como no dia anterior, não arredamos pé do Warzone, na sequência tivemos uma das bandas mais históricas do punk mun56

Victims

dial, o Discharge. Escutar a banda é entender as raízes de nossas bandas como Olho Seco, Ratos de Porão e até mesmo Cólera. Quando “The Blood Runs Red” deu vontade de arremessar a câmera no horizonte e me jogar na galera. “Fight Back” foi provocador e dispenso palavras para descrever “Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing”. Além dos membros originais também merece destaque o atual vocalista, disposição pura e muito bem escolhido para o posto. Foi uma antologia tocada ao vivo, “Ain’t No Feeble Bastard”, “Protest and Survive” e “Never Again” além das mais recentes e que não ficam atrás em qualidade como “Hatebomb” e “New World Order”. Antes de seguir com os clássicos do punk, nos aproximamos do palco Altar para conferir de perto o interessante Agoraphobic


Power Trip

Nosebleed. Além de interessante é uma raridade poder assisti-los tocando ao vivo já que a banda é um projeto e são raras as vezes que sobem num palco. Bateria eletrônica, guitarrista, baixista e dois vocalistas, sendo um deles uma mulher e um vocal rasgadíssimo, ótimo. Como comentado anteriormente, fomos obrigados a voltar para o Warzone e desfrutar do UK Subs, que a julgar pela idade de seu vocalista, é de se imaginar que não teremos décadas por diante para poder assisti-los diversas vezes. “Young Criminals” foi a responsável pelo tiro de partida seguida de “Rockers” e mais adiante com “Riot”. Apesar de termos visto de perto a comemoração do trigésimo aniversário do Sick Of It All há pouco mais de um mês, ter a oportunidade assistir um show da banda num pal57

Amon Amarth

co grande e diante de um público sedento e empoeirado não é algo que temos todos os dias. Mais uma vez o quarteto nova iorquino repassou sua carreira de A à Z e esteve à altura de sua celebração. Como mesmo lembrou o vocalista, são trinta anos ininterruptos, com poucas trocas de formação e sem shows de reunião ou algo parecido e desta forma tocaram “Take The Night Off”, “Injustice System”, “Road Less Traveled”, “Scratch the Surface” e o tradicional walls of death e muito mais. Fonte inesgotável de inspiração e exemplo de dedicação ao hardcore. Apesar do profundo respeito à Joe Satriani, apenas assistimos ao show do músico durante o tempo que nos dedicamos a fotografar, o cidadão pode ser raramente comparado com uns poucos guitarristas no mundo,


o instrumento faz parte de seu corpo. De lá rumamos ao Toy Dolls e mais uma vez o Warzone foi a área mais animada da tarde com direito a chuva de papel picado, coreografia dos integrantes, garrafa de cerveja inflável e muito humor. Já o Bad Religion poderíamos dispensar comentários excessivos ou detalhados, chega a ser arriscado tentar definir o que mais uma vez tivemos a oportunidade presenciar. Basta analizar o setlist ou parte dele e tirar conclusões. Músicas como “Supersonic”, “Prove it”, “Fuck You”, “I Want to Conquer the World”, além de uma sequência com “Suffer”, “Delirium of Desorder” e “You are the (Government)” do disco “Suffer”, finalizando com “Sorrow” e “American Jesus” foram apenas algumas do setilst que podemos destacar. Não são trinta anos brincando de música e sim trinta anos ensinando como se faz. De volta ao palco principal e facilmente conferimos os britânicos do Bring Me The Horizon. Digo facilmente porque em Barcelona estiveram cheio de exigências, selecionando a dedo quem queriam como imprensa e não, etc, etc. Lá, no festival de gente grande, garotos não escolhem, garotos obedecem. Fizeram um bom show, mas lá no norte da França não possuem a devoção que a juventude espanhola dedica ao quinteto. Para finalizar o segundo dia tínhamos várias opções sobre a mesa e foi a hora de separar bandas que facilmente passam por seu país, bandas que raramente tocam no continente e outras que não são tão fáceis assim, mas que podemos esbarrar com eles. Assim chegamos a conclusão que teríamos um show e uma sessão de cinema. O show escolhido foi do Fu Manchu devido às raras vezes que a banda toca no continente e não nos arrependemos de ter deixado de lado o Napalm Death ou o Twisted Sister. Foi um showzaço, com um palco lotado nas laterais com integrantes 58


de muitas bandas que estavam no festival, ninguém queria perder a oportunidade de escutar “Hell on Wheels” estremecendo o palco Valley ou o pedalzão fuzz ligado para os riffs de “Push Button Magic” e na sequência “California Crossing”, a noite estava ganha. Aqueles acordes desérticos de “Mongoose” e em reta final com “King of the Road”, nos restava levantar os braços e aplaudir. Poderíamos fechar a jornada com o show do Korn, mas vale lembrar que já o vimos ano passado, muito bom por sinal, porém decidimos fazer algo inédito já que o próprio Hellfest oferecia algo diferente. Oportunidade única de assistir ao filme GUTTERDÄMMERUNG, um filme concerto do artista Belga/Sueco Bjorn Tagemose. Foram necessários cinco anos de trabalho para realizar tal obra com participações de vários artistas de nosso conhecimento como Iggy Pop interpretando um anjo, Tom Araya como uma mensageiro da escuridão, Josh Homme, Lemmy como general de uma cavalaria blindada, Mark Lanegan como coveiro, Jesse Hughes, Slash entre muitos outros. Há um telão no palco e por trás do mesmo uma banda tocando a trilha sonora do filme com clássicos do Motörhead, Led Zeppelin, Black Sabbath, etc. Entre uma música e outra temos a o filme no telão e alguns atores que interpretam ao vivo como uma verdadeira peça de teatro. O roteiro gira em torno de uma guitarra, objeto de desejo e proibido no mundo apocalíptico da história onde a igreja é quem controla tudo. O padre atuou ao vivo, como um dos atores e não foi ninguém mais ou ninguém menos que Henry Rollins que ao final da apresentação agradeceu profundamente ao público por dispensar outros shows e assistir ao filme. Repito: oportunidade única e lá estivemos. Dia 3 59


Anthrax

Meio dia e quinze, hora do almoço e como prato principal tivemos Municipal Waste e desceu redondo. Um bom público esteve presente, ainda curando a ressaca da noite anterior e vibrando bastante com músicas como “Toxic Revolution” e “Terror Shark”. A banda tentou tocar quase duas dezenas de música em 40 minutos e teve o som cortado, mau deu para dizer obrigado, assim são os festivais, mas eles nem ligaram e nós também não. E já que estávamos por ali, diante do Main Stage, continuamos à mesa esperando a sobremesa que veio junto ao Vintage Trouble, conhecem? Se não, se virem para conhecer principalmente se foram fãs de James Brown e rock dos anos setenta. Já havíamos coberto a banda ano passado durantes o Festival Cruilla em Barcelona e a qualidade foi a mesma. Como domingo o ritmo Crossover ditava as regras, o Power Trip foi o responsável por inaugurar o dia no Warzone. A banda americana não deixou pedra sobre pedra e abriu caminho para o Ratos de Porão, sim nós também temos uma banda lendária da mesma forma que os norte americanos tem lá as suas e os britânicos idem. O Ratos de Porão é uma instituição, junto a outros nomes de nosso território que já merecia, há muito, participar do Hellfest. Lá estiveram e em alto nível, apresentando “Anarkophobia” na íntegra. Mestre Jão tirando riffs irados com seu bigodón para lá de penteado para sair bem nas fotos, Juninho e seus saltos personalizados, acho que a Vans deveria criar um modelo para o rapaz ou estudar seus pés, não é possível voar tão alto com um Rickenbacker debaixo dos braços e com tamanha facilidade. Boka incansável nas baquetas e João Gordo sendo ele mesmo com seu inconfundível vocal. A brasileirada marcou presença e os franceses classificaram a apresentação como EXCELENTE. Após to60

Volbeat

Havok


Turbonegro

Dropkick Murphys

Ratos de PorĂŁo

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Sacred Reich

August Burns Red

Slayer


carem na íntegra o álbum em questão, dedicaram os minutos finais para deixar na lona o empolgado público com “Aids, Pop, Repressão”, “Crucificados Pelo Sistema” e algo mais. A banda tocou com a empolgação e profissionalismo de sempre e tive a sensação de um combustível extra por ali estar junto a outros grandes nomes. Até quando algumas pessoas vão ignorar a grandeza do Ratos de Porão. Francês foi educado e classificou como excelente, eu classifico como Foda pra caralho! Cheio de palavrão mesmo. Para não baixar a intensidade fomos conferir o que o Slayer tinha para oferecer com seu novo disco. Na verdade nenhuma surpresa, aproveito os palavrões acima para a definição. Abriram com “Repentless”, demoliram com “Deciple”, “Postmortem”, “torturaram” com “War Ensemble” quando trocaram o fundo do palco que era a capa do disco novo pela tradicional águia da banda e, mais na frente com “South of Heaven” uma terceira bandeira, desta vez o logo cervejeiro com homenagem a Jeff Hanneman e finalizaram com “Angel of Death”. Amon Amarth foi outro que fez um bom show e fez a alegria do público com “War of the Gods” e “First Kill”. Havia chegado a hora de tirar o pé do acelerador, dar uma descansada e utilizar a máquina do tempo chamada música para retornar ao final dos anos 80 e início dos 90 cantando clássicos junto ao Jane’s Addiction. Abriram a incrível noite com “Stop!”, “Ain’t No Right” e “Three Days”. Quebraram a sequência de clássicos com “Just Because” e retornaram com “Been Caught Stealing” e porque não, “Montain Song”. Além da parte musical, umas dançarinas fazem parte do show. Como parte negativa, o já conhecido ego e ataque de estrelismo do Sr. Dave Navarro. Alguém tem que avisá-lo que seu público atual é bastante limitado e que já não goza de 62

Coverage


Ratos de Porão

Anthrax

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um estrelismo como acha, apesar de continuar sendo um exímio guitarrista. Finalizaram com “Jane Says” e emocionaram parte da galera. Principal nome do evento o Black Sabbath foi destruidor, não vamos dar voltas e nem ficar gastando linhas para contar o óbvio. Senhoras e senhores o show da banda foi muito superior ao que assistimos em 2014 no mesmo festival, naquela ocasião lançando o disco 13. O som estava impecável e perfeito para Iommi deferir seus golpes. Ozzy nunca decepciona e estava mais empolgado do que nunca. Foi um clássico após outro, desde a abertura com a sombria “Black Sabbath”, na sequência com “Fairies Wear Boots” e “After Forever” e já era possível ver gente hipnotizada pelo show, aquele olhar fixo, boca aberta sem se dar conta, mas ciente do que acontecia adiante. O que dizer de “Into the Void” e “Snowblind”, saí passeando pelo bosque assombrado, coisa de doido. “War Pigs” e “Behind The Wall of Sleep”, Butler nas linhas de baixo em “N.I.B.”, Iommi nos riffs e Ozzy no comando além do bom baterista Tommy Clufetos que fez um solo aterrorizante em “Rat Salad”. Completaram o set “Iron Man”, “Children of the Grave” e é claro “Paranoid”. Vale destacar, apenas quatro fotógrafos foram selecionados para o show, por isso a falta de imagens. A despedida oficial ficou por conta do Refused em nosso canto favorito, o Warzone. Apesar do disco mais recente, o público vibrou mesmo com clássicos do “The Shape of Punk to Come” e músicas de discos mais antigos como “Rather Be Dead” e “Refused are Fucking Dead”. Quase indispensável comentar que “New Noise” fechou o set. Hora de arrumar as malas, não dormir e pé na estrada rumo à casa. Até 2017.


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Synara Rocha

N

os últimos meses o país passa por uma crise política sem fim, e o assunto não poderia ficar de fora das composições musicais. A banda paulista Blackning acabou de lançar seu segundo álbum e a temática não poderia ser outra, porém não falando do sistema e sim dos indivíduos. Conversamos com Cléber Orsoli, vocalista e guitarrista. Ele conta como foi o processo de gravação, fala do álbum, das participações e de sua experiência recente familiar. Acompanhe! 2016 começou a todo vapor e o Blackning segue com a produção e lança “ALieNation”. Como vocês podem apresentar esse novo trabalho? “ALieNation” é o nosso segundo álbum de estúdio, lançado no Brasil no dia 01 de junho 2016, pelo selo paulista Vingança Music, o mesmo selo que lançou nosso début por aqui em dezembro de 2014 (álbum “Order of Chaos”). É um álbum feito por três amigos que se respeitam, músicos da estrada, três cabeças pensantes botando os miolos pra funcionar nas composições (risos). Pessoalmente enxergo o álbum com algo a mais em relação ao nosso début, pois é a Blackning com mais melodia, com trechos mais extremados (em pegada, em peso e velocidade), melhor execução, melhor produção, melhor qualidade sonora. Tivemos mais tempo para compor (seis meses) e conseguimos fazer tudo sem sentir qualquer tipo de pressão. Estamos muito orgulhosos com o resultado e esperamos que 66


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a galera entenda a ideia toda por detrás dos 32min de som desse play novo. Conte-nos como foi o processo de gravação. Começamos a compor em junho de 2015, ainda durante a divulgação do “Order of Chaos”. Surgiram nossas primeiras ideias do que seria o play novo e começamos a compor juntos em cada detalhe, escrevendo cada coisa e gravando as prés de cada ideia. Conforme íamos fechando as músicas, nos reuníamos com o produtor Fabiano Penna e acertávamos os detalhes, depois era ensaiar e fechar tudo, pulando para próxima etapa. Esse processo rolou até começo de dezembro de 2015, quando fechamos tudo e focamos nos ensaios para gravação, fazendo os ensaios de bateria, ajustes de metrônomo, bpms, etc, além de rever alguns detalhes da parte das cordas que 68

foram deixados pros “finalmente”. A gravação de bateria rolou em fevereiro de 2016 e durou dois dias (em um fim de semana) e aconteceu no estúdio Acústica, em São Caetano do Sul/ SP. Na sequência fizemos as gravações do baixo e das guitarras no CDC estúdio em Santo André/SP, gravando tudo em linha para posteriormente fazermos o Re-Amp no El Diablo Estudio, do próprio Fabiano Penna. Os vocais foram gravados em abril, em três dias diferentes, lá no mesmo Acústica Estúdios. O interessante é que nas sessões de vozes desse álbum, chegamos inclusive a alterar letras para deixar tudo mais na praia que gostaríamos pro álbum, indo de contra ao pensamento de muitos de que uma banda entra no estúdio com as composições 100% fechadas. Após a finalização das gravações, rolou mais duas semanas de mixagem e mais um dia de masterização. Um total de doze meses entre os primeiros


Fotos: França Fotografia

acordes e o digipack nas lojas. Só pelo nome do álbum dá para imaginar a temática do segundo cd. Impossível não falar da atitude humana diante da sociedade, não é? Com certeza. Um primeiro ponto é que o povo, e incluo a todos, segue a vida sem às vezes pensar se vive por si só ou se está indo com a maré, com a manada. A pessoa acorda e inicia seu procedimento padrão diariamente, como máquinas. É trabalho, escola, pagar contas, mexer em seu smartphone, acessar suas redes sociais, ver a vida alheia e esquecer da sua própria vida. Outro ponto é a questão da sociedade querer impor um caminho para com o próximo, principalmente na questão política. Ou você é A ou você é B. E nisso a alienação geral é implantada, para todos os lados, mesmo com mentiras regendo essa sinfonia caóti69

ca na nossa nação e em muitas outras. Basta ler as notícias e depois checar a veracidade para não ser manipulado (risos). O que está por trás de “ALieNation”? Existe algum personagem? Bom, baseado nas questões que comentei antes, pensamos na continuação do nosso primeiro álbum. Em 2014 imaginamos uma ordem poderosa, a ordem do caos, simbolizada por aquelas caveiras sinistras instaurando o caos e manipulando a sociedade, simbolizada pela criança, desde o seu nascimento. Com isso, na época, abordamos temáticas caóticas como religião, guerras e tudo o mais que acontecem no mundo e acaba alterando o desenrolar natural das comunidades e civilizações. Para esse novo trabalho, imaginamos que se passou um tempo, a sociedade está crescendo (a criança), mas continua, mais do que nunca,


a ser manipulada pela ordem (a figura cadavérica), sendo assim alienada pelo interesse de terceiros. Tanto que a criança está visivelmente “sob as asas” da caveira, como um filho debaixo das asas da mãe. A arte novamente foi assinada por nosso amigo Marcus Zerma da Black Plague Design, de Curitiba/PR e representou perfeitamente a pegada que buscávamos na época. Se analisar as temáticas líricas, isso nada mais é do que reflexo de tudo que acontece conosco diariamente e que infelizmente nós nos deixamos levar, muitas vezes até cegamente. Somos alienados por diversos sentimentos, por vingança, raiva, desespero. Somos também alienados por tecnologias, família, sociedade, relacionamentos, opções políticas, empresas multinacionais e preconceitos internos e externos. Quisemos fazer algo que servisse como convite a pensar sobre isso e rever nossos convívios e atitudes. “Street justice” é a faixa que abre o “ALieNation”. Diante do ditado popular, “aqui se faz aqui se paga”, vocês acreditam que a justiça das ruas seria mais ‘justa’? Particularmente acredito que a justiça deveria funcionar melhor, menos burocrática e mais humana, justa. É uma utopia, mas não custa sonhar. A justiça muitas vezes esbarra em palavras, ditos, números, códigos, procedimentos, muitas coisas que não permitem a rápida resolução de casos, sejam questões políticas, criminais ou o que seja. A ideia da letra surgiu de uma matéria que li há algum tempo, onde o pai foi preso ao matar o assassino de seu filho, inocentado anteriormente por falta de provas. A justiça tarda, mas não falha. Imaginando todo esse cenário, surgiu a “Street Justice”, uma letra que se divide em três momentos, que é a cobrança do pai ao assassino num primeiro momento, a fuga e finalmente 70

Foto: Cabelera Fotografia


Foto: Rafael OIiveira

Foto: Cabelera Fotografia

a captura e acerto de contas, deixando no ar a forma como foi resolvida, seja a morte do assassino da criança ou outra que o ouvinte achar melhor (risos). Algumas letras soam bem políticas. Vocês costumam se posicionar diante do atual cenário nacional? O que vocês pensam a respeito? A pessoa deve sim ter uma opinião, acreditar em algo pelo seu bem e pelo bem do próximo. Como músicos temos que tomar cuidado ao expor nossas opiniões, ainda mais na internet, onde o convívio é tão raso, onde esbarramos em pessoas tão alienadas em seu mundinho autista-funcional. O metal deve ser politizado, mas, na minha opinião, a música é mais do que isso. A música deve entreter, passar sensações, fazer pensar, assim como outra peça cultural, como filme ou teatro. Se o artista fica somente no lado político, ele pode se perder em algum momento, inclusive por ser um tema em constante transformação e arranjos estratégicos, manipuláveis, sabe? Escrevemos letras políticas, mas nossas opiniões são mais direcionadas ao indivíduo do que à sociedade em geral. E no mais, a pessoa pode acreditar no que quiser, desde que não queira impor aos outros suas crenças, seja ela qual for. Ainda sobre política, expressar-se seria uma forma de ‘se aproveitar da situação’ para se promover? Ou é preciso sim ter uma opinião independente de bandeira? Como falei antes, a pessoa deve ter sim uma opinião, até mesmo para não deixar se manipular por fatos que muitas vezes não são reais, mas usar esse fato para movimentar sua rede social, arrumar mais likes, mais seguidores em seu canal do YouTube, Instagram, Twitter e essa porra toda é sim um aproveitamen-

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to da situação. Temos dezenas de artistas, de diferentes vertentes, que têm demonstrado suas afinidades políticas, mas sem esquecer-se de sua real atividade artística. No final, o mais relevante é a música. Partidos e políticos caem, mas a obra artística permanece. Por isso também nem exponho minhas opiniões por aí, pois para mim a internet e outras mídias não são um diário aberto onde saio destilando opiniões, até porque muitos nem fazem questão de saber (risos). Cleber, durante o processo de gravação do “ALieNation” você sofreu uma porrada da vida. Como tem sido para você dar um passo de cada vez? Tem sido um monte de coisa. Batalha e aprendizado diário, reorganização de metas e prio-

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ridades, direcionamento de foco, muito trabalho. Acho interessante falar sobre isso, pois posso ajudar de alguma forma as outras pessoas que passaram ou venham a passar por uma perda significante como a minha. A perda da minha filha ainda é muito recente, existem muitas lembranças frescas e momentos difíceis voltando, mas sempre soube que temos que continuar a batalha, mesmo que tudo pareça negro e sem sentido. Tive muito suporte de amigos de todos os cantos do Brasil e de fora, centenas de mensagens, apoio, inclusive mensagens de pessoas que sou fã. Foi incrível saber como as pessoas me consideram bem. Sou muito agradecido, de coração, por esse suporte da galera. A vida é cíclica, temos momentos bons, momentos ruins e temos sempre de estarmos preparados para essas


mudanças, seguir as tarefas da vida e ir pra cima. O fato de estar gravando, trabalhando forte no álbum durante o ocorrido, me ajudou a manter a cabeça direcionada, mas como disse, é um passo de cada vez e aguardar o tempo ajudar com as cicatrizes. “ALieNation” teve a contribuição de Fabiano Penna, figura conhecida na cena. Fale um pouco sobre essa parceria. O Penna é o quarto elemento da banda. Baita brother, parceiro que trabalho desde 2012, produtor que admiramos e respeitamos pacas, com certeza um dos melhores do Brasil. Ele é um cara chato, no bom sentido, que sabe como cobrar o nosso melhor, já sabe como queremos soar e conhece nossas limitações. Com a Blackning a parceria vem desde o pri-

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meiro álbum e nesse novo álbum ele ajudou desde o início, cuidando da pré-produção, dando ideias, ajudando em estruturas, letras. Até dos backing vocals do play novo ele participou (risos). Gravou solos na música “Weapons of Intolerance”, cuidou da produção, mixagem... enfim, sou suspeito pra falar dele, apenas recomendo fortemente o seu trabalho. O álbum conta com a participação de Lohy Silveira do Rebaelliun. Como foi essa conversa entre vocês? Conversamos com o Penna sobre a possibilidade de ter participações especiais nesse novo álbum, participações que fugissem dos convidados de sempre da galera da cena e que fossem pessoas que trouxessem um algo diferente aos sons. Chegamos no Lohy, que traria


Foto: França Fotografia

uma vibe do Death Metal e no paralelo convidamos também o André Alves, guitarrista da banda Musica Diablo, guitarrista e vocalista das bandas de hardcore Nitrominds e Statues on Fire (ele inclusive é autor da letra da música Corporation, que fecha o álbum), trazendo a vibe mais punk e hard core pro nosso trampo. No caso do Lohy, o Penna alinhou tudo, apenas definimos juntos a música (Devil’s Child). Em ambas as músicas, as participações ajudaram demais a moldar o trampo em algo maior, o que foi muito massa e diferente, já que no nosso primeiro álbum tivemos apenas o Penna participando em alguns solos. Ficamos muito felizes de terem aceitado participar e ainda mais felizes com o resultado. Para finalizar, o que podemos esperar do Blackning para 2016? Muito obrigada! No momento estamos em turnê, divulgando o “ALieNation”. Já passamos pelo Norte e 74

Nordeste, ainda tem Sudeste pra fazer e estamos correndo pra chegar nas outras regiões do Brasil o quanto antes. Após esse primeiro momento, teremos shows mais espaçados e o foco será América do Sul, alguns shows pontuais e tal. Nesse momento nosso material está chegando aos parceiros e em diversas lojas, então queremos focar esse segundo semestre exatamente para fortalecer a nossa divulgação ao público. Terá clipe novo em julho e algumas novidades pro começo de 2017. Estamos correndo e em breve teremos muitas boas novidades. Fiquem ligados! No mais, muito obrigado Pei, pelo espaço disponibilizado tão gentilmente à nossa divulgação. Obrigado a todos os leitores que deram um pouco de seu tempo para conhecer a Blackning e convido vocês para que acessem nossas páginas e escutem nosso trabalho. Logo menos estaremos na sua região! Mais: Site | SoundCloud | Loja | YouTube | Facebook | blackningthrash@gmail.com



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Hardcore For My Nose celebrando 15 anos Sala Razzmatazz 2 – Barcelona - 08/05/2016 Texto e Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

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elebrações, principalmente quando se chega ao décimo quinto aniversário é algo a se pensar à altura. É uma boa desculpa para reunir numa mesma noite bandas como Sick Of It All, Terror, Siberian Meat Grinder e Broken Teeth. Foi o que a promotora Hardcore For My Nose fez em uma de suas festas que ocorrerão ao longo deste verão europeu. Talvez qualquer comentário sobre o show seja irrelevante, basta assistir alguns vídeos que foram gravados durante a “noitada” e deixar que a imaginação tome conta. É nesse ritmo que faremos, ou tentaremos, apresentar nossa curta resenha. Responsáveis por abrirem a noite, os russos do Siberian Meat Grinder não decepcionaram e mais, ganharam muitos novos fãs. Banda responsável por resgatar o quase esquecido Crossover dos anos 80. Dois vocalistas mascarados que lembram a melhor versão do Voodoo Glow Skulls, somados a bons riffs de guitarras. Não há o que adicionar nem inventar, um retorno de um estilo clássico vindo da Rússia. Já os britânicos do Broken Teeth apresentaram algumas músicas de seu recém lançado álbum, “At Peace Amongst Chaos” e contaram com o apoio do público. Scott Vogel finalmente retornou aos palcos depois de alguns problemas de saúde que o afastaram durante a turnê do ano passado.

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Sick of it All

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Terror


Nós mesmos tivemos duas oportunidades de assistir o grupo, em diferentes festivais, muito bem liderado pelo baixista da banda. Porém a presença do vocalista é uma força de peso. O quinteto entrou em cena com vontade de demolir o que encontrasse por diante e esmagar o palco, “What Have We Done”, “Overcome” e “One With The Underdogs são temas indispensáveis no setlist. De novidade tivemos “The Solution” e “No Time For Fools”, entre outras. Três décadas de existência, muito respeito e dedicação. O Sick Of It All pisou no palco da sala 2 da Razzmatazz nitidamente feliz por esta turnê. Foi a segunda vez que a banda apresentou o disco “Last Act of Defiance”, mas é obvio que os clássicos não foram esquecidos. “Scratch The Surface” e o famoso wall of death foi proporcionado pelo público. Craig Setari mandando bem em “Busted”, além das raízes com “Injustice System” e “Just Look Around”, o pôgo com “Us Vs. Them” e as novas “DNC” e “Road Less Traveled” entre muitas outras num mínimo de 15 músicas. É necessário comentar que Pete Koller continua saltando alturas com a guitarra em punho?

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Sick of it All



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Por Ana Paula Soares Foto: Mauricio Melo (Snap Live Shots)

Dias 1 & 2

Com o título adotado pelo evento este ano, era de se esperar que esta edição batesse todos os recordes de audiência da história, ainda que muita gente esperava um cartaz ainda mais impactante. É claro que numa primeira e rápida observada no mesmo, ver figurando aí nomes como Radiohead, LCD Soundsystem, PJ Harvey, Tame Impala, entre outros, em letras grandes chama bastante atenção, porém temos que ter memória e imaginar que nas duas últimas edições tivemos mais distorções nas guitarras do que desta vez, traduzindo, Nine Inch Nails, Queens of the Stone Age, Black Keys, Buzzcocks e algo mais. Enfim, nada que nos faça torcer o nariz até mesmo porque os palcos menores fizeram a festa como contaremos a seguir. Abrindo com as estatísticas, uma media de 55 mil pessoas por dia, totalizando mais de 200 mil em todo o evento provenientes de mais de 124 países, além das transmissões ao vivo via internet. Também este ano o festival ficou maior, agora as distâncias entre os palcos de extremidades subiram, já não se caminha um quilômetro entre um e outro e sim, 1,5 quilômetros, haja perna! Finalmente chegamos ao que mais interessa, shows. A cada ano, o evento oferece um dia gratuito, como se fosse um aperitivo, o que particularmente apelidamos de pré-Primavera Sound. Como prato principal tivemos Brett Anderson liderando o Suede e revivendo clássicos dos anos noventa como, por exemplo, “Animal Nitrate”, “So Young” e “Beautiful Ones”. Já no primeiro dia de evento oficial 84


Ty Segall

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Lee Ranaldo

(aquele no qual figuram mais de uma dúzia de palcos e que nos obriga a caminhar entre uns e outros) andamos com certa pressa para não perdermos o horário permitido para fotografias. Abrimos a quinta-feira no Heineken Hidden Stage, que alberga shows mais íntimos e com um número limitado de público, lá conferimos a primeira apresentação de Lee Ranaldo (Sonic Youth) com seu novo projeto El Rayo, um trio que se apresenta de maneira acústica. Quarenta minutos mais tarde e tivemos a oportunidade de conferir o jovem Will Toledo liderando o Car Seat Headrest e trazendo consigo uma tonelada de distorções e sua voz de menino tímido. Geograficamente mais acima, no palco Primavera, conferimos o BEAK, um projeto rock experimental de Geoff Barrow (Portishead). Não torçam o nariz, porque deste primeiro dia foi um dos shows mais interessantes que passou pelo Parc del Fórum de Barcelona. Nem nos demos o trabalho de mudar de palco, na sequência os quebequenses do Sunns, também com um som experimental, porém com uma formação mais convencional no palco, diferente do trio anterior. Para uma banda que não tem lá muito tempo de estrada até que atraíram atenção de um bom público. Continuamos nossa jornada exploradora e conferimos de perto Vince Staples, considerado a grande promessa do rap assim como foi Kendrick Lamar há duas edições e, como de hábito, o Primavera não costuma errar em suas apostas. Enquanto Tame Impala e Explosions in the Sky disputavam palmo a palmo quem atraía mais olhares nos gigantes palcos principais da Heineken e HM, o quase desconhecido Protomartyr fazia, o que param muitos foi considerado, o show do dia com músicas como Maidenhead e Cowards Starve. Primeira 86

LCD


Beak

Ty Segall

Dinosaur Jr.

Titus Andronicus

Vince Staples

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Shellac

The Last Shadow Puppets

Autolux

informação, banda de Detroit, um selo de qualidade desde o princípio, levando mais adiante e imaginando que a cidade está em ruínas e das mesmas surge uma banda de post-punk. Aquele baixo marcante, riffs de guitarras repletos de ecos e um vocalista vestido de terno barato ao melhor estilo working class, sim, tiramos o chapéu. No caminho para o palco principal ainda demos uma conferida nos brasileiros do Inky tocando no palco Night Pro e mais adiante fechamos a noite com o rock dançável do LCD Soundsystem, que há pouco anunciava sua retirada de cena, mas que pelo visto o mentor da banda (James Murphy) não está 88

satisfeito com dita aposentaria. Melhor para a gente, tudo bem que gostamos do bom e velho rock, punk, hardcore, heavy, thrash, death e todas as vertentes do metal, mas um pouco de diversão tão descompromissada com o LCD não caiu nada mal. Uma grande variedade de músicos e instrumentos foram a chave da noite, abrindo com “Us Vs. Them” e detonando na sequência com “Daft Punk is playing at my house”, além de “Tribulations”, “Movement” e a chapada “Losing My Edge”. Antes mesmo do fim e apesar do bom show, já rumávamos para casa economizando pernas e fôlego para o que estava por vir.


Dinosaur Jr.

Action Bronson

Dia 3 Não tão cedo como esperávamos chegar, mas o suficiente para voltar a conferir a boa proposta punk rock de Titus Andronicus sob um bom sol de fim de tarde e um público fiel e vibrante. Cantando tudo na fila do gargarejo, parecíamos estar diante de um grupo histórico do punk mas não, sua respectiva história ainda está sendo escrita. Quem sim tinha história a contar era o trio Lush. Sim, aquela banda desaparecida há duas décadas decidiu romper o silêncio, voltar a vida e reivindicar seu lugar na história do shoegaze dos anos noventa. Uma vez mais o palco Hidden rece89

beu um público que sabia o que queria quando reservou com antecedência suas limitadas entradas para a apresentação. Lá, num subterrâneo decorado com palmeiras, os britânicos tocaram clássicos como “Sweetness and Ligh”, “Out of Control” e “De Luxe” para delírio geral. Oportunidade de luxo tivemos de estar ali. Outra banda liderada por voz feminina, talvez a melhor reencarnação do antigo Siouxie and The Banshees, foi o quarteto Savages. Gostaríamos muito de haver registrado imagens de sua apresentação, mas uma inesperada proibição surgiu, ainda que em cima da hora voltaram atrás, porém já era tarde, havíamos tomado outros caminhos em busca de di-


Shellac

resgatar “There There” e “Creep” fechando o set. Mais uma vez não temos imagens da apresentação já que para conseguir alguma, deveríamos enfrentar uma fila de duas horas e meia para o limitado número de 40 fotógrafos permitidos na barricada. Enquanto uns fazem fila, outros assistem 3 ou quatro concertos mais relaxados. Num dos palcos mais alternativos do evento, não poderíamos faltar ao nosso encontro anual com o Shellac. A banda é liderada por Steve Albini, considerado por muitos um gênio na produção de discos principalmente na década de noventa. Assim como nós, há um público fiel que não perde o reencontro e a oportunidade de escutar temas como “Steady As She Goes” e “My Black Ass”. INKY

nossauros. Foi o que encontramos, um tal Dinosaur Jr. com J. Mascis e sua melancólica voz abriam o set com “The Lung” e passeavam com hits de álbuns como “Green Mind” e “Where You Been”. Enquanto isso, o Radiohead tocava no palco principal para os novos intelectuais ainda que muitos destes se comportavam bastante mau. Em vários momentos tivemos que mudar de lugar para conseguir escutar algo com alguma decência, muita gente preocupada em contar detalhes sobre sua última viagem e lugares interessantes enquanto a banda tocava. Tive a sensação de estar num barzinho onde há música de voz e violão, pessoas sentadas na mesa trocando ideias enquanto o músico oferece a trilha sonora ideal para nossos temas particulares. Ainda assim conseguimos 90


Lush

havíamos visto em outras oportunidades o senhor de cabelos brancos liderando sua banda, mas nunca a este formato, apenas uma desculpa esfarrapada para assisti-lo mais uma vez. Abriu com “Hoover Dam” do precioso disco “Copper Blue (Sugar)” e seguiu com “Charteret Trips” de “Husker Du” para delírio dos veteranos. Apresentou e representou disco novo com “Hold On” e “You Say You”, voltou a circular com “Sugar” em “If I Can’t Change Your Mind” e finalizou com uma sequência de três músicas do já comentado “Husker Du”, entre elas “Makes No Sense At All”. Outro que também não falha nos reencontros é o Wild Nothing, desta vez apresentando novo disco chamado “Life Of Pause”, mas sem deixar para trás boas músicas de “Gemini” ou “Nocturne”. The Last Shadow Puppets

Quem realmente tínhamos vontade de ver e saímos com algo de nariz torcidos foi o The Last Shadow Puppets, projeto paralelo de de Alex Turner (Arctic Monkeys) e Miles Kane. Apesar da boa sonoridade, estavam mais preocupados em atuar no palco como se uma peça de teatro do que tratar de tocar guitarras. Enfim e ao fim lá estiveram “Aviation”, “Miracle Aligner” e com “Bad Habits” o saldo voltou a ficar positivo. Dia 4 Para o último dia de festival no Parc del Fórum, fomos obrigados a chegar bastante cedo já que o protagonista da tarde, Bob Mould, se apresentou com voz e guitarra. Já 91


Bob Mould

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Também reivindicando o passado e, o justo reconhecimento, recebemos de braços abertos o The Chills. O mundo da música é injusto e disso sabemos, acreditamos que sempre será, mas nunca o suficientemente tarde para resgates e foi isso que Martin Phillips busca atualmente. Atravessou continentes para chegar até Barcelona e fazer um dos shows mais celebrados do festival com “Pink Frost” e “Doledrums”. Já o Autolux joga dentro da atualidade, um dream pop/rock com infinitas camadas de distorção. Não foi a primeira vez que o trio pisou no festival e, a julgar pela devoção do público, não será a última. Enquanto Brian Wilson tocava “Pet Sounds” repassando a história dos Beach Boys, a galera reunido diante do palco Primavera esperava a reunião mais celebrada dos últimos anos, Drive Like Jehu. Banda que gravou apenas dois discos e influenciou meio mundo há vinte anos atrás. Integrantes do At The Drive-in já confessaram que eles não existiriam de não fosse o Jehu. Lá estávamos presenciando história, recebendo em cheio acordes de porradões como “Super Unison”, “If It Kills You” e “Atom Jack” e para quem estava vinte anos sem atuar é necessário dizer que superaram expectativas. Chegava a hora de figurar PJ Harvey no palco principal, apresentando seu recém lançado disco junto a uma numerosa banda e muito bem acompanhada por John Parish. Todos sabemos que discos em que Parish colabora, o nível aumenta. Harvey há muito adota formatos para seus shows, obviamente fácil de imaginar que estes formatos vêm de acordo com o álbum lançado. Onde queremos chegar com estas observações? Queremos dizer que aquela PJ Harvey roqueira da qual o mundo conheceu, empunhando guitarra e rockeando por aí já não existe. Tecnicamente é um bai-


The Chills

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ta show, mas musicalmente deixa aquela sensação de que faltou algo. Situação repetida já que no disco anterior, “Let England Shake”, aconteceu o mesmo. Naquela ocasião, Harvey vestia branco, com um cocar e tocava um instrumento acústico. Desta vez vestia negro e empunhava um saxofone, só não sabemos se realmente o tocava já que, diante de vários instrumentos de sopro, sua contribuição parece ser mínima. Músicas? Das 17 tocadas, nove são do disco novo, muitas outras do anterior e três de sua outra vida. Após a primeira hora de show algo se torna cansativo. Voltamos a repetir: bom show e um verdadeiro privilégio presenciar tal evento, mas essa PJ nem todos querem ver, acho que em seu repertório caberia alguns clássicos. Na reta final, conferimos o polêmico rapper Action Bronson e não muito distante dali a parte final do Venom. Sim, no Primavera Sound sempre figura um par de grupos extremos, além deste clássico do metal ainda tivemos Unsane. Por combinação de horários finalizamos nossa jornada com Parquet Courts e com Ty Segall and the Muggers. O primeiro é um dos nomes mais promissores do rock indie atual e podemos confirmar, talvez tenha sido uma única oportunidade de vê-los num palco pequeno. Muito nos fez lembrar o aparecimento dos The Strokes e Arctic Monkeys que, num piscar de olhos, passaram de ser uns desconhecidos a serem grandes nomes nos festivais ao redor do planeta. Ty Segall não chama tanto atenção em suas versões de estúdio, mas ao vivo é loucura. Um vocalista loucão, com uma máscara de bebê velho, macacão, dois guitarrista com riffs que deixam muitas bandas de metal no chinelo e um humor de dar inveja. A escolha do grupo para praticamente finalizar as apresentações nos palcos maiores do festival não foi mera coincidência.


Parquet Courts

Dia 5 Apesar de vários shows gratuitos pela cidade e do encerramento oficial na sala Apolo com direito a replay do Ty Segall, só conferimos os veteranos do Mudhoney e seu show infalível. Uma vez mais tivemos a sensação de estar diante de uma banda de bar, apesar da excelente apresentação e tirando as três ou quatro primeiras filas do público diante do palco, todos os demais pouco se importavam 94

Mudhoney

com quem estivesse tocando. Enfim, situação normal devido ao crescimento do evento. O Primavera Sound de hoje, atrai muito mais olhares do que se pode imaginar e para muitos o foco principal não é a música. Ah sim, a música. Com relação a este quesito o festival não falha, sempre apresenta bons nomes e o mais importante, promessas da música que em breve podem ou vão se tornar grandes nomes, nisso o Primavera não falha.



Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Banda/Divulgação

O

novo pode soar bem estranho, mas uma hora precisa começar e cabe a nós dar a oportunidade de ouvir. Afinal, não conhecemos tudo. A banda mineira North tem uma responsabilidade enorme nas costas. Vindos de Minas Gerais, um dos celeiros mais importantes para a cena Metal no Brasil, os caras lançaram seu primeiro EP e estão fazendo o segundo. Conversamos com os caras sobre essa mostra inicial e o que está por vir. Acompanhe! North é bem nova. São dois anos na labuta, 1 Ep lançado e um próximo para sair. Toda banda tem uma missão, qual é a do North? A North busca poder levar mensagens diversas e suscitar pensamentos de diversas ordens, inspirada pelo papel sublime que a mú96

sica tem nas pessoas e na sociedade, tendo em vista o seu poder de intensificar e transformar emoções. É inevitável não falar do berço de onde vieram. Minas Gerais é um celeiro importante para o Metal Nacional. A responsabilidade é grande, não é? Sim, Minas é de fato um lugar privilegiado do underground brasileiro com muitas bandas originadas por aqui. Buscamos sempre o contato e escutar opiniões dos demais. “Hermeneutics” é o primeiro EP do North. Como vocês podem apresentar esse trabalho? “Hermeneutics” é um álbum de certa forma experimental. Buscamos uma nova maneira de expressar nosso trabalho. O álbum conta uma história de um apocalipse fictício e nele ocorrem sátiras e críticas sociais ao decorrer


das músicas. Qual tem sido a resposta do público? Por enquanto a resposta tem sido bem positiva, recebendo apoio dos fãs, ouvintes e amigos. “Open the gates” é uma faixa bastante interessante. De fato vocês ‘abrem os portões’ para que os ouvintes conheçam o som. E é uma grata surpresa. “Open the Gates” é a abertura da nossa história e do álbum, é de fato uma música que gostamos de tocar no início de nossos shows. “Inquisitors of Death” é uma faixa bem marcante. Rápido, riffs, um vocal que combina bem com a proposta. Fale um pouco sobre essa faixa. 97

Muito obrigado. Bom, “Inquisitors of Death” teria uma temática de após ter iniciado o apocalipse. O “caos” viria a assombrar e julgar as pessoas, uma espécie de purgatório terrestre, e abordamos as convicções de nossa sociedade que, por intermédio de uma ética fragilizada, se tornaram hipócritas. Foi também a primeira música gravada do álbum, gostamos muito dela. “Nikushimi” é uma faixa instrumental. A sensação que dá é de uma cena de filme que existe uma conspiração de chefes de estado, muito falatório e a imagem de articulação política. O instrumental dá margem para a imaginação. “Nikushimi” foi a faixa mais interessante de se trabalhar no cd, pelo fato de não possuir le-


tras e ao mesmo tempo gostaríamos de transmitir uma emoção e explorar a imaginação do ouvinte ao escutá-la. Tivemos vários modelos para a música durante o seu processo de composição e estamos satisfeitos com o produto final dela. “Hermeneutics” é a compreensão das Escrituras. O que elas dizem? Hermenêutica é um estudo de interpretação de textos, e no cristianismo estudam as escrituras bíblicas remetindo-a com a realidade. Buscamos o foco mais filosófico, em que estuda a arte e a teoria da interpretação, pois tudo o que é linguagem possui a sua forma de interpretação. 98

O primeiro trabalho do North é bem diferente do que se tem produzido no Brasil. Vocês pretendem seguir com a mesma linha ou continuarão experimentando? Vamos continuar experimentando nossas maneiras de compor e criar música, o próximo álbum provavelmente será uma surpresa até para nós. Já tem ideia do que vão apresentar no segundo EP? Temática, nome, composição? O que pode nos adiantar? Sim, a temática e nome ainda estamos pensando e construindo, porém já possuímos ideias de composições para algumas músicas


inclusive algumas demos.

Alive”. Depeche Mode – “Violator”.

Top 5. Quais as cinco bandas que são referência para o North. Cite cada uma delas destacando um álbum. Fale um pouco sobre cada uma. Todos na banda possuem diferentes gostos musicais, então é bem eclético. Podemos citar Periphery, Born of Osiris, Behemoth, Haken, Depeche Mode. Acreditamos que todas as bandas se destacam de maneiras diferentes, possuindo um som um tanto quanto único. Destacamos Haken – “The Mountain”, um álbum bem interessante de ser ouvido. Behemoth – “The Satanist”. Periphery – “Periphery”. Born of Osiris – “Tomorrow We Die

Vocês têm contato com bandas de outros estados? E do Nordeste, o que vocês conhecem? Tivemos contato apenas pelas redes sociais da banda. Diversas bandas entraram em contato conosco, mas não nos recordamos de alguma específica do Nordeste.

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Agradeço imensamente por esta entrevista e fica aqui o espaço para vocês. Sucesso e perseverança. Muito obrigada! Nós que agradecemos por ela e pelo apoio e divulgação. Desejamos o mesmo e muito obrigado!


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Por Raphael Arizio Fotos: Banda/ Divulgação

O Diabállein vem se destacando com seu Black Metal diferenciado, com letras retratando contos de sua cidade e com suas músicas longas e bem trampadas. A banda está para lançar seu disco “The Wretched Essence”. Vamos saber detalhes com Jean Misfortune sobre esse lançamento e sobre os planos dessa banda do metal negro. A banda está para lançar seu disco intitulado “The Wretched Essence”, qual a expectativa para esse lançamento? A nossa maior expectativa é que este novo álbum faça com que conseguimos muitos eventos para podermos tocar, já que nossa banda gosta muito de tocar ao vivo. O som ao vivo é bem mais emocionante e mais verdadeiro na nossa opinião. A capa do disco se destaca com uma bela arte foi feita pelo artista Jorge Orgiastico, responsável também pelo logotipo da banda. O que a banda queria passar com o desenho do pássaro Urutau? Além da capa e o logotipo, o Jorge Orgiástico desenhou a nossa contracapa. Na capa optamos por colocar o urutau, pois este pássaro se destaca noite a dentro com um canto melancólico e por sua solidão, condizente com algumas passagens do nosso som e letras. O disco foi gravado no Art Estúdio, situado em Monte Alto-SP, pelo produtor Danilo Penharbel Nogueira. Como foi o trabalho da banda com Danilo e o que 102


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ele acrescentou no som da banda? O Danilo é um músico muito experiente e muito bom, ele contribuiu muito conosco, dando muitas ideias e também colocando o teclado em passagens da nossa música. Fez um tipo de gravação diferente conosco, já que gravamos com metrônomo, mas sem deixar o som “quadradinho”, para mim o metrônomo tem este defeito, tira a essência de muitas bandas que andei ouvindo.

ela seja um, “hospício a céu aberto”, uma cidade isolada do resto, eu (Jean Misfortune - guitarra) e Ivam Phobos (bateria), somos filhos de lavradores e não passamos a nossa infância no meio da cidade, vivíamos isolado no meio do sítio. Atualmente ainda não temos acesso a muita coisa, o que é muito bom, pois passamos todos os finais de semanas ensaiando e fazendo música, esta é a lei para todos os membros da banda.

A cidade de Monte Alto-SP é uma incrível fonte para as letras da banda com diversos casos bem curiosos e macabros. O quanto viver nessa cidade influência ao Diabállein? A Monte Alto é uma cidade estranha, talvez

As músicas da banda se destacam por serem bem longas, mas sem soarem repetitivas e chatas. De onde surgiu essas ideias de composições bem longas? Quais as influências da banda para isso especificamente?

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As músicas são feitas de maneira natural, gostamos de músicas longas, pois elas exprimem melhor as nossas sensações, e não daria para fazer isso com músicas curtas. Desde o começo este foi o objetivo, e talvez ainda faremos um cd com uma música só. As novas músicas que estamos montando nessa nova fase estão menos repetitivas ainda e continuam longas, acho que é a marca da banda isso. A banda vem se apresentando regulamente ao vivo antes do lançamento do disco. Como essas músicas têm soado ao vivo e como tem sido a resposta do público? Ao vivo as músicas ficam mais pesadas, soam melhor do que no cd, e o público vem gostan105

do muito, mesmo aqueles que não conheciam nosso som. Quando nos apresentamos e ouvem este som, sempre passam a gostar do que fazemos nos shows. Diabállein tem se mostrado uma banda de Black Metal que foge um pouco dos padrões da maioria das bandas do estilo, seja em suas letras, sua arte e seu som. Como a banda decidiu ser diferente das demais e quais as influências para tal? Acho que devido à maneira como compomos as músicas. Cada membro tem influência diferente dentro da banda, no meu caso uso sempre a dor da alma como combustível para as minhas criações.


O Brasil sempre foi um celeiro de grandes bandas de metal extremo, revelando grandes nomes mundiais como Sepultura, Sarcófago e Krisiun. O que a banda acha que tem que melhorar para termos mais bandas se destacando pelo mundo? As pessoas devem ser elas mesmas, e procurar ouvir as bandas que temos aqui no Brasil, e não ficar esperando a aprovação de fora do país para saber se a banda é boa ou não, acho que este é um ponto chave, o público apoiar mais o que temos aqui. A economia do país passa por uma das suas maiores crises de todos os tempos 106

e tem afetado todos os setores do país. A banda acha que isso possa prejudicar o cenário Underground de alguma forma? Sim, já está afetando. Todos nós temos gastos, e agora fica mais difícil de suprir estes gastos, como gravações, compra de materiais para a banda, tudo virou uma merda só. Espaço para considerações finais e agradecimentos. Primeiramente agradecer vocês por terem dado essa oportunidade de falar um pouco da banda, e em segundo pedir que o público apoie as bandas, e eventos que temos aqui. Obrigado!



Apresente-se! Sou Alexandre Grunheidt, vocalista e guitarrista do Ancesttral, banda com 11 anos “oficiais” de carreira, dois CDs e 1 EP lançados. Este “oficiais” ser deve ao fato de que o Ancesttral com dois “T” nasceu em 2005. Antes disso, havia o Ancestral, banda em que eu entrei em 2003 Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? Minha primeira banda era aquela “da escola”. Juntava o povo que sabia tocar mais ou menos, ou os que gostariam de saber tocar, e fazíamos barulho. Passei pela fase de “fritador”, como todo guitarrista iniciante e nas primeiras bandas era praticamente obrigatório ter dois solos pra satisfazer os egos. Mas hoje entendi e abracei o papel de vocalista, compositor e aquele que tem que segurar a base para o Leonardo Brito brilhar, além de aceitar que ele toca 100000 mais do que eu... Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Sempre que realizo um sonho, tanto na parte pessoal quanto na profissional, começo a sonhar algo diferente na sequencia. Na parte musical meu sonho era gravar um disco e o realizei quando saiu o “The Famous Unknown”. Aquilo era exatamente o que eu queria poder fazer um dia e me sinto orgulhoso do resultado alcançado com aquele trabalho até hoje. Falta agora uma tour no exterior, de preferencia nos Estados Unidos. Do que você tem medo? De morrer! Viver é tão legal que a noção de que um dia não vou estar mais aqui me assusta! Quando era criança o que você dizia que iria ser? 108

Foto: Fernando Pires


Por incrível que pareça, eu sempre disse que seria “Roqueiro”. Meu herói de infância sempre foi Gene Simmons! Minha brincadeira favorita com amigos era fingir que éramos o Kiss, fazendo guitarras de papelão e botando fogo em tudo que víamos pela frente! Qual foi a sua maior realização pessoal? Fico dividido em dois momentos: O lançamento do “The Famous Unknown” e o dia em que encontrei o Kiss. No primeiro eu pensei: “Pronto! Quando eu morrer, as pessoas terão algo pra lembrar de mim!” e no segundo, ao dar de cara com o Gene Simmons, eu só consegui dizer pra ele: “Obrigado pelos meus últimos 30 anos!” e ele me agradeceu! Qual foi o seu pior momento? Em 2007, quando fiquei uns 3 meses desempregado logo após a morte do meu pai. Aquilo tudo me deixou sem chão, sem ter perspectiva de nada. Mas logo dei a volta por cima. Qual cd você gostaria de ter feito? Fale sobre ele. O “Black Album” do Metallica. Não é o meu disco favorito, mas é o disco que eu gostaria de ter gravado. Uma banda que havia atingido o ápice da complexidade do Thrash Metal no “...And Justice for All” não tinha mais pra onde correr. E eles provaram que o mundo pode sim ouvir Heavy Metal no rádio. Músicas diretas, na cara, sem firulas! “Sad But True” parece um soco no estômago. Muitos dos que falam que parecemos o Metallica mal sabem que a fase que mais me inspira é exatamente a dos anos 90, não a do começo da carreira. O que te motiva? Conquistas me motivam. Não começo algo que eu tenha uma mínima ponta de dúvida de que pode 109


dar errado e coloco energia no que eu tenho certeza de que vá dar certo. Pode demorar uma eternidade pra acabar, mas se eu comecei é porque eu tenho certeza de que eu vou ser bem sucedido. Talvez essa certeza é o que atrai o sucesso. Vai saber? Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Há altos e baixos sim, como em qualquer atividade, mas a música é minha paixão, não o meu ganha pão. Quando você faz algo com paixão, que você praticamente precisa daquilo pra ser feliz, é impossível desistir. A não ser que você queira a morte, o que está longe de ser o meu caso. Qual são as 5 bandas que você mais gosta? Kiss – “Creatures of the Night” – A razão de o Alexandre ser o Alexandre! Sem este disco não haveria Ancesttral, eu não trabalharia com TI, não teria os amigos que eu tenho hoje, etc! Em 1983, quando o Kiss veio para o Brasil pela primeira vez, fiquei hipnotizado na frente da TV e pedi este disco de presente para os meus pais. Tive uma criação roqueira, mas o Kiss foi a minha primeira escolha pessoal, sem se influenciado pelo meu pai, fã de Elvis, Eric Clapton, Dire Straits, etc. Não pulo uma música sequer, “Rock and Roll Hell” é uma das minhas músicas preferidas de todos os tempos. W.A.S.P. – “W.A.S.P.” – Se o Kiss me tirou do Rock and Roll, o W.A.S.P. me jogou de cabeça no Heavy Metal! Quando ouvi “I Wanna Be Somebody” pela primeira vez, a sensação era que de um trem tinha passado por cima de mim. É um disco perfeito do começo ao fim e “B.A.D.” é a minha música preferida. 110

Talvez seja o começo da minha teoria de que você não precisa ser rápido para parecer malvado! Metallica – “Master of Puppets” – Minha primeira impressão com o Metallica foi horrível! Ouvir “Fight Fire With Fire” pra quem estava acostumado com Accept, Def Leppard, Motley Crue e Iron Maiden foi meio traumático. Comecei a me abrir para a banda depois de ouvir “Seek and Destroy” e “Creeping Death”. Mas foi ao ouvir o “Master of Puppets” que eu disse: “FUDEU! Eu quero ser esse cara quando eu crescer!”. Nele tem minha música favorita da banda em todos os tempos: “The Thing that Should not Be”. Mais uma vez, não precisa ser rápido para parecer malvado. Alter Bridge – “AB III” – Conheci o Alter Bridge em 2008 com o álbum “Blackbird” e viciei instantaneamente. Nem parecia o Creed com outro vocalista. Quando saiu o “AB III” coloquei o Alter Bridge no topo da minha lista de “Bandas que preciso ver antes de morrer”. É a mistura do peso da mão do Mark Tremonti (meu mais recente ídolo) com a melodia da voz do Myles Kennedy que fazem desse disco uma obra prima, em minha opinião. Ah... Não só via a banda em Los Angeles em 2014 como conheci os caras pessoalmente, o que me fez ficar mais fã do que já era! TREMONTI IS GOD! Godsmack – “IV” – Se alguém me perguntasse: “Se você pudesse escolher uma banda para entrar, qual seria?” eu diria “GODSMACK!”. É o som que eu gosto de fazer, é o jeito que eu gosto de cantar e tem o batera mais sensacional do mundo: Shannon Larkin! Tornei-me tão fã do Godsmack ao ouvir


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este disco que passei a colecionar o que puder da banda, comprei a biografia do Sully Erna para poder entender o motivo de ele estar tão puto da vida nas letras, etc Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Exatamente o que eu disse antes: Necessidade física e mental! Vou continuar a fazer música até o dia em eu for fisicamente capaz! Fanático pelo futebol, como surgiu essa paixão? Meu pai era carioca. Nunca torceu pra time nenhum e gostava mesmo era de Fórmula 1. Eu sabia de cor o nome dos pilotos e por qual escuderia eles corriam. Mesmo assim, sempre que ia passar férias no Rio de Janeiro, meu tio me dava camisa do Flamengo, nos levava em jogo, etc. Mas foi aos 5 anos, em 1977, que eu finalmente escolhi meu time de coração, tal foi a comoção nacional com o título paulista e a quebra do jejum corinthiano depois de 23 anos. Isso fez até com que o meu pai se tornasse um corinthiano fanático e depois meu irmão e meu sobrinho. Se você tivesse a oportunidade de realizar um desejo, qual seria? Além das coisas materiais, é claro, acho que eu me sentiria realizado em passar um dia no Metallica HQ, batendo um papo sobre música com o James Hetfield e o Lars Ulrich. Você escolheu a guitarra. Quem foi o seu ‘mentor’? Sem dúvida foi o James Hetfield. O jeito de tocar e a atitude no palco são uma clara inspiração pra mim. Existe algum tipo de ritual antes de su112

bir ao palco? Eu falo pra todos da banda “Divirta-se!”. Se você está ali pra fazer os outros se divertirem, essa diversão deve começar conosco. Ninguém merece ou paga pra ver uma banda com 4 fulanos com cara de gol contra e não faz sentido subir ao palco apenas por obrigação. Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Minha namorada costuma dizer que eu tenho “Mania de velho”, tipo sentar do “meu lado do sofá”... AHAHAHAHHA!!! Mas minha pior mania é falar muito palavrão. “Porra” pra mim é vírgula e “arrombado” é o meu adjetivo preferido, quando vou falar de alguém de quem não gosto. Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Eu é que agradeço a oportunidade e, ao contrário do que prega a maioria das bandas, peço para que os leitores da Rock Meeting continuem consumindo Heavy Metal, não importa se nacional ou estrangeiro! Não vou pedir para que vocês deixem de ir ao show do Iron Maiden ou do Black Sabbath pra ir a um show de banda de som próprio na esquina da sua casa, se você não gosta da banda! Use e abuse do Spotify, do Youtube e de todos os recursos disponíveis para conhecer bandas que te agrade. Se isso acontecer, aí sim vá aos shows, compre os discos, use as camisetas e interaja com essas bandas e as divulgue nas redes sociais. Posso garantir que o Metal Nacional está recheado de bandas que estão no mesmo nível das de fora, com o facilitador de estarem ao seu lado e ser muito mais barato de acompanhar. O estilo só tem a ganhar. Um abraço!


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Division Hell - Bleeding Hate Por Raphael Arizio

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sul do Brasil sempre foi um celeiro de grandes bandas de metal extremo e o Division Hell vem provar que essa tradição será mantida por um bom tempo. Esse quarteto de Paraná mostra que não está para brincadeira em seu primeiro disco completo chamado “Bleeding Hate”. O álbum impressiona tanto pela qualidade de gravação quanto suas músicas de pura brutalidade e sem esquecer a técnica apurada. O disco abre com a pedrada “Army of the Dead” já dando amostras que a banda não vai deixar pedra sobre pedra, destaque para o grande trampo de guitarras com riffs matadores. “The Fable of Salvation” continua com a desgraceira com blasting beats e um trabalho impressionante de baixo. A terceira faixa “World Khaos” tem participação de Mano Mutilated da banda Necrotério e apresenta um trabalho fenomenal de guitarra com riffs instigantes. Isso ao vivo vai deixar muito deathbanger com torcicolos por semanas. A faixa título, primeiro clipe do disco, é mais cadenciada, mas com um peso descomunal e com solos inspirados na velha escola do Mor114

bid Angel. A porradaria segue com “The Last Words” e seus riffs com grandes influências de Thrash Metal, mesclando com o Death Metal da banda e apresenta um dos melhores solos do disco. “Holy Lies” já chega detonando com seus riffs destruidores que com certeza deixariam Gary Holt (Exodus, Slayer) orgulhoso. A melodiosa instrumental “Bleak” dá uma pequena pausa para respirarmos um pouco, antes da destruição voltar com “Waiting For the Exact Time” e seus riffs a la Cannibal Corpse. Deve-se destacar uma pequena influência de Motörhead em sua execução. O petardo termina com em alto estilo com “Crossing the Line”, que mais uma vez mostra influências de Thrash Metal em seus riffs e solos de Slayer antigo. O Division Hell mostra nesse disco um Death Metal matador, que com certeza levará a banda a ser umas das grandes de seu estilo em nosso país com certeza. Riffs, solos muito bem feitos e um trabalho de baixo e bateria destruidores. Com certeza um dos melhores discos de metal extremo lançado nos últimos anos.


Diamond Head – Diamond Head Por Bruno Melo

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uase dez anos depois do lançamento de seu penúltimo álbum, o lendário Diamond Head começa a divulgar seu sétimo disco intitulado com o mesmo nome da banda. Com nova formação, este é o primeiro disco gravado pelo atual vocalista Rasmus Bom Andersen em sua carreira. Em comparação aos CD’s mais antigos, como “Lightning The Nations” e “Borrowed Time”, o disco apresenta enormes diferenças não só na produção, mas também nas composições. Atualmente a banda possui um som moderno e versátil, numa linha que também é seguida por outras bandas da NWOBHM como Raven e Tygers of Pan Tang. Em termos musicais, o disco não deixa a desejar, mesmo moderno e atual, ainda é possível sentir o “feeling” setentista do Heavy Metal, cheio de atitude, e ainda com uma novidade: neste disco a banda flerta muito com uma sonoridade Hard Rock. Algumas músicas são destaque como: “Shout 115

At The Devil”, “Broken”, “Speed”, “Wizard Sleeve” e a técnica “Blood On My Hands”. Todas as músicas possuem o conceito clássico do Heavy Metal e tratam de temáticas já bem conhecidas como festas, religião e os problemas sociais. Também é interessante ouvir o disco em momentos de tédio ou reflexão, músicas como “See You Rise”, “Our Is Time Now” e “Silence” combinam bem com essas sensações. Analisando o trabalho por completo, fica nítido que a formação está bem encaixada. Como dito antes o atual vocalista está estreando como profissional, algo que amedrontaria alguns que se aventurassem numa banda que possui a história do Diamond Head. Mas sua atuação está sendo muito boa, assim como sua voz e talento. Este lançamento também consolida uma banda muito inconstante na cena mundial, dando a chance de fãs antigos ou novos vê-los ao vivo em quaisquer lugar do mundo.


Unlocking The Truth - Chaos Por Bruno Melo

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esde início dos anos 2000 o metal passou por muitas reformulações fazendo surgir novas bandas e subgêneros. O powertrio Unlocking The Truth é um exemplo dessas bandas contemporâneas que vêm para fazer o metal se popularizar e ficar cada vez mais diversificado. A banda, natural do estado de Nova York, é formada por Malcolm Brickhouse (guitarrista e vocalista) de apenas 13 anos, Alec Atkins (Baixista) também com 13 anos e Jared Dawkins (baterista) com 12 anos de idade. Apesar da inexperiência da banda, em atividade há apenas 3 anos, os garotos têm talento para música e sabem como canalizar todos os sentimentos a serem passados nela. O disco de estreia “Chaos” vem ao mercado mostrando a qualidade e o sucesso promissor dos garotos do Brooklin. Para citar alguns exemplos: a música “Monster”, segunda faixa do disco, fala sobre diferenças culturais, sociais e quan116

to a sociedade marginaliza essas diferenças, a música é bem cadenciada e possui um refrão fácil de se memorizar. Já “Made Of Stone” possui uma pegada Grunge bem interessante, o que dá um sentimento de tranquilidade e liberdade; e “Take Control”, a última faixa do disco, faz referência ao que há de melhor no mundo do Rock e do Metal: festas, shows e diversão. Esta última faixa demonstra isso numa perspectiva de fuga da realidade e das dificuldades enfrentadas diariamente. Sem dúvida Unlocking The Truth é uma cria interessante do Metal e merece muitas atenções para que os devidos ajustes e aperfeiçoamentos no som e nas composições, necessários devido a juventude da banda, aconteçam. Ainda assim é interessante aclamá-los e incentivar seus trabalhos, os meninos merecem e se esforçam para isso, falta apenas se consolidarem na cena e quem sabe na história.


Tropical Doom – Mangue Por Bruno Melo

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epois do debut lançado ano passado, o quarteto curitibano Tropical Doom começou 2016 lançado mais outro trabalho de inéditas. Intitulado de “Mangue”, o novo extended play do grupo demonstra maestria na composição de músicas Stoner Rock utilizando-se de cinco faixas para demonstrar sua técnica. Cada canção do CD tem em torno de cinco a seis minutos e todo ele fala a respeito alucinações, psicodelia e sociedade. A primeira música, “Sacred Lips”, vai direto ao ponto e trata exatamente disto, falando de álcool e experiências com outras substâncias. A música é bem cadenciada e possui um ritmo instrumental bem tranquilo. A segunda música do EP, “Lines”, têm muitas diferenças da faixa anterior. Primeiro está na letra, que aborda mais diretamente a questão da morte a partir do uso de entorpecentes e depois o instru117

mental que é um pouco mais rápida. A faixa seguinte, “Roadkill Meal” aborda sobre automobilismo, carros e estrada, um tema clássico do gênero e possui um instrumental um tanto parecido com a música anterior. Já “Far Sight” tem uma particularidade instrumental interessante, onde em sua metade é executado um solo de guitarra que dá uma grande profundidade à canção. Esta fala sobre questões religiosas. E, por fim, “Among Sheep” encerra o material num tom que lembra bastante o country e psicodélico que trata de questões cotidianas e rotineiras. Reafirmo que o grupo é uma boa revelação do Stoner Rock nacional, já têm 2 discos e ainda estão no começo de carreira tendo ainda muita coisa a percorrer. O certo é que seus trabalhos atuais os levarão longe.



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