Rock Meeting Nº 79

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EDITORIAL

Vida A vida é cheia de mudanças, seja para o bem ou para o mal. Ele, de algum modo, pode atingir você e sua família. Não há política, não há dilemas, não há nada que possa desfazer o sentimento de estar próximo de algo que é tão certo. Porém, o que te faz continuar é a vontade de viver. A vida é isso. Uma hora está. Outra não. Mas a vida é saúde. É momento. Duas figuras do cenário Metal estiveram em situações distintas: o fato iminente e a renovação da esperança. Infelizmente, o mais certo da vida é a morte. Uma hora ela chega, para todo mundo. Não há esse que não tenha passado por esta experiência non grata. Nosso amigo Cleber Orsoli (Blackning) está tocando a vida após a ida de sua filha. É uma dor que não tem explicação. E nós, da Rock Meeting, desejamos toda força. Continuar é preciso diante dessa dor tão

aguda e difícil de curar agora. Mantenha a cabeça erguida, continue a trabalhar, ocupe a mente. Força irmão! Outra figura, Felipe Eregion, do Unearthly, foi diagnosticado com uma doença cardíaca, no início deste ano. Foi feita uma campanha de doação de sangue e a galera compareceu. Ele conseguiu fazer a cirurgia e Felipe está se recuperando. Porém, existe um preço e ele foi alto: desistir de seu sonho. Felipe saiu da banda para continuar com a sua recuperação e o tratamento. A vida pede escolhas e nós devemos pensar bem no que fazer. Dois amigos em momentos delicados: quando a vida lhe permitiu escolher e quando ela simplesmente não fez qualquer indagação. Nós desejamos toda força do mundo para os dois. Continuem vivendo. Lutem por ela. Só vocês sabem o que estão sentindo.


TABLE OF CONTENTS 07 - News - World Metal 10 - Lapada - Imprensa 14 - Entrevista - Vox Mortem 24 - Entrevista - Business Weekend 32 - Entrevista - Maestrick 40 - Entrevista - Scarlet Anger 48 - Capa - Dehydrated 56 - Entrevista - Overhead 64 - Entrevista - Seu Juvenal 72 - Entrevista - DKrauz 82 - Entrevista - Embrace of Disharmony 90 - Turn the Page - Running Wild e Waterloo 94 - Perfil RM - Maicon Ristow (Swords at Hymns/Patria)


Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn

Colaboradores Alex Chagas Jonathas Canuto Leandro Fernandes Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net



novo baterista A banda Diabolical Funeral está atrás de um novo baterista para completar a sua formação, James Andresen, baterista convidado que ocupava esse posto deixou a banda no início de 2016, e agora a banda procura um membro que compactue com a mesma ideologia dos outros músicos para fazer parte da formação integralmente. Diabolical Funeral é uma banda formada em 2009 e conta com um EP intitulado “A Morte dos Santos”, um full length de nome “Queime a Igreja” e um EP online chamado “Seu Deus Está Morto”, todos lançados em 2015, além de um Split álbum com a banda Death Calls lançada em fevereiro de 2016. A banda pretende lançar um novo trabalho na metade de 2016, e apesar de já estar com o álbum gravado, já pretendem lança-lo com nova e unificada formação. Para maiores informações basta entrar em contato pelo e-mail: banda_metal20@hotmail.com. Foto: Hector Baccillieri

“Beco Sem Saída”

“Live In Amsterdam”

A banda paulistana Truculenta, a mais nova revelação do Heavy Metal nacional, tem como hábito revelar situações reais e do seu cotidiano em suas letras. Na música “Beco Sem Saída”, os músicos falam sobre um caso real sobre vicio de crack. Formada em 2012, a banda se encontra em fase de pré-produção para o lançamento do seu primeiro álbum. Ouça a música “Beco sem saída” AQUI.

Para consolidar o sucesso dessa primeira experiência pela Europa, o Pop Javali anuncia o lançamento de seu primeiro CD ao vivo, “Live In Amsterdam”, gravado durante uma das apresentações de destaque da turnê, no Waterhole, na capital holandesa. “Live In Amsterdam” será mixado e masterizado por ninguém menos que Andria Busic, do Dr Sin e lançado antes do fim do 1º semestre de 2016.

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“To Mars”

promoção

Produzido por Daniel de Sá, que já trabalhou com o Primator em seus dois videoclipes anteriores, as filmagens de “To Mars” ocorreram na Pedreira do Icatu, em Votorantim/ SP. Todas as cenas foram rodadas durante a noite e trazem uma performance literalmente incendiária dos músicos do Primator. Um teaser com cenas de bastidores e trechos do videoclipe já está disponível. Assista AQUI.

A banda Carniça lança uma promoção em sua página no Facebook, onde o vencedor ganhar uma cópia do recém relançado debut “Rotten Flesh” e a participação de um ensaio em seu estúdio, o Chronos Sound Studio, em Novo Hamburgo/RS. Além disso, o ganhador confraternizará em uma churrascada com o grupo. Quer participar da promoção? Vá até a página oficial da banda. Clique AQUI.

Heróis da Guitarra O guitarrista Kleber K. Shima idealizou em 2008, na cidade de São Paulo, o projeto “Tributo aos Heróis da Guitarra” que tem como objetivo homenagear os grandes guitarristas do mundo sob a ótica de grandes guitarristas brasileiros. O evento deste ano acontece no tradicional Café Piu Piu, dia 28 de abril, à partir das 21h30. Grandes guitarristas brasileiros já participaram do evento como Edu Ardanuy (Dr. Sin), Rafael Bittencourt (Angra), Michel Leme, Marcos de Ros, Marcio Alvez, Alex Fornari, Mello Jr., Denison Fernandes, Heraldo Paarman, Tiago de Moura, André Martins, Edú Letti, Hard Alex e André Evaristo (Torture Squad), João Carllos, Luciano Menezes, Artur Menezes, entre outros. O evento já foi apresentado em casas como auditório Music Hall do EM&T e Café Piu Piu em São Paulo. 08


“Freedom Of The Dark One”

Foto: Renato Souza

A banda carioca Septerra lançou seu primeiro álbum full-lenght. Composto de 11 faixas, o álbum de estreia “Freedom Of The Dark One” é conceitual. Tratando do tema pesadelo da primeira à última faixa, o trabalho conta toda a saga de um homem com coração negro que se perde dentro do próprio pesadelo e de suas antigas maldades. Formada em 2007 por Filippe ZK (vocal), Marcio Fernandez (guitarras), Diego Felix (teclados) e Marcio Kendi (baixo), a banda Septerra tem uma proposta bem própria de retomar a sonoridade clássica do Heavy Metal, sem soar datada, mas com personalidade própria – o álbum contou com a participação do baterista Anderson Miranda, que gravou todo o material. ‘Freedom of the Dark One’ foi gravado e produzido nos estúdios Musark e Locomotiva, no Rio de Janeiro. Os trabalhos de mix e master deste álbum foram realizadas pelo produtor carioca Sidney Sohn. Escute “Freedom Of The Dark One” no Spotify.

“Numbers”

Formação original

A banda Unmasked Brains lançou um novo videoclipe para a música “Numbers”. Presente no álbum “Machina”, lançado em 2014, o vídeo tem como objetivo mostrar o trabalho em equipe da banda, que é feito com muita dedicação por oito mãos, em total sintonia. No dia 09/04, a banda voltará a Minas Gerais, desta vez para participar da 15º edição do Rising Metal Fest, na cidade de Conselheiro Lafaiete. Assista AQUI o novo videoclipe do Unsmaked Brains.

A caótica banda porto-alegrense Pietà anuncia o retorno definitivo de sua formação original, com o baixista Leandro Mohr de volta ao seu posto, após alguns shows onde participou como integrante convidado. Formada ainda na década de 1980, o Pietà foi responsável pelo lançamento de diversas pérolas do Grindcore, como a demo “Metropolis’ Bases”, de 1993 e o CD “Reconscience”, de 1996, servindo de inspiração para a crescente cena gaúcha da época.

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Tem gente que se acha o Tal, mas não é Bem, hora de pôr uns pingos nos i’s mais uma vez... Falando mais uma vez sobre o tragicômico acontecimento causado por Phil Anselmo. O mesmo que gerou comoções apaixonadas por todo o Brasil, nunca esqueço que, de lá para cá, fomentou-se uma caça às bruxas dentro do Metal, e que só tem aumentado graças a alguns espertalhões que andam por aí. E esses espertalhões se fazem de membros do meio midiático underground. Não falo em nomes, mas falo em gestos. Atendo-me ainda ao evento e comoção causados pelas atitudes de Phil, teve um texto deplorável que surgiu em um blog, foi para em um site de notícias e, por fim, em um relacionado aos Direitos Humanos (como se nós, brasileiros, pudéssemos falar que o pessoal dos DH no Brasil realmente anda fazendo algo digno de louvor). E o que vi de headbanger compartilhando aquele link pelas mídias sociais não pode ser contado.

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Parabéns, sujeitos: alimentaram a indústria das visualizações. Como se sentem sendo idiotas descartáveis? Apesar de minha linguagem ácida e esporros, minha finalidade é despertá-los para uma realidade maior. Vejam cada Lapada anterior e verão que elas abrangem temas atuais, e assim, tento tirar muitos da letargia, das regras sem nexo, e busco trazê-los à consciência, tanto pelo Metal como ser humano. Não faço isso para ofender os que pos-


suem consciência, mas para trazer aqueles que são maltratados por uma educação familiar e escolástica tão fraca que caem nas arapucas de alguns fracassados. Não quero ganhar dinheiro com isso. Quero que o Metal e seu cenário cresçam no Brasil, e que um MOA nunca mais aconteça por aqui. Chega de fails! Voltando ao tema, estou um pouco empanzinado de tanto pateta dando porradas no cenário. Por conta do artigo que mencionei

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acima, que os levianos senhores dos “DHs”, fizeram questão de espalhar aos quatro ventos, e que muitos dos que estão lendo minhas palavras se prestaram a fazer o ridículo papel de visualizar e compartilhar sem nem ao menos pensar no que estava fazendo, todo headbanger está pagando a porra do preço. Todos, inclusive você, imbecil! Sim, pois agora, todos nós somos homofóbicos, racistas, xenofóbicos e outros ‘fóbicos’ que não dariam para ser descritos aqui.


Você não atingiu Phil Anselmo, mas deu um tiro em tudo que diz gostar! E nisso, alguns crápulas, que se acham iluminados e senhores da verdade absoluta, ganharam visualizações às suas custas. E provavelmente, dinheiro! Crápulas que se escondem atrás de um véu chamado “imprensa crítica” ou “consciente”, que se postam como sábios, mas são apenas pessoas sem motivação alguma na vida, a não ser causar polêmicas e mais divisões em nosso meio. E vou ser bem direto e

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sincero: não gosta do meio? A porta da rua é serventia da casa! Saia de nosso meio e vá falar de outras coisas que gosta. E viva ao sabor da temporalidade que assombra outros gêneros musicais. Quer confete? Compre na papelaria. Quer dinheiro? Vá trabalhar! Se for para criticar, que pelo menos traga soluções aos problemas. Falar por falar é apenas ser como esses apresentadores de programas de fofocas, reality shows ou de auditório: se alimentar da desgraça alheia. E


isso é repulsivo, nojento, indigno de um ser humano, quanto mais de quem se acha intelectual! Mas de quem quer apenas visualizações em seus sites, será que podemos assumir que pessoas assim são humanas? Mais parecem hienas risonhas, vivendo de carcaças podres na natureza. Resumindo: antes de sair compartilhando pelas mídias sociais alguma matéria, use a sua cabeça. Use, pois mesmo que concorde com aquilo, e venha a se defender com

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a chamada “liberdade de expressão” (todo imbecil adora usar esse direito como escudo após defecar pela boca), pode estar causando males a muitas pessoas inocentes. Ah, sim: ficam aqui agradecimentos à Rock Brigade, Metal, Roadie Crew, e outras publicações sérias e que ajudam não só a divulgar o cenário, mas que ajudam a melhorar o público com uma sutileza que poucos (os mais humildes) podem compreender.


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Por Raphael Arízio Fotos: Douglas Cajueiro

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ox Mortem mantem a tradição do Rio de Janeiro de revelar ótimas bandas de Thrash Metal. Os thrashers cariocas voltaram recentemente depois de um período afastados da cena e lançaram o ótimo EP “Endless Karma”. Convesamos com o Eduardo Martins, vocalista e baixista, que falou do retorno e como tem sido a repercussão desse lançamento para a banda. A banda anunciou recentemente uma tour por Minas Gerais, quais são as expectativas para esses shows? Saudações caros amigos! Três quartos da tour foram excepcionais. Ela foi organizada com a ajuda do Coletivo Punho Cerrado e somos eternamente gratos pelo suporte que nos deram. Passamos por Itaúna, Belo Horizonte e Divinópolis e agora vamos tocar em São João del Rey, que é a cidade onde o nosso guitarrista Jean Rezende nasceu, o que causa uma expectativa maior. Estamos sedentos e ansiosos pra voltar as Alterosas pra agitar no palco. O público mineiro é animal e o que mais chamou a atenção foi a união das pessoas em prol da cena nessas cidades que a gente passou, especialmente em Divinópolis. O Vox Mortem lançou ano passado o E.P “Endless Karma”. Como tem sido a repercussão desse lançamento? Está dentro das expectativas de vocês? Sim, de certa forma. Ficamos muito tempo afastados do cenário, então sabíamos que a repercussão demoraria pra pegar, mas esta16


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mos satisfeitos embora a banda sempre queira mais e mais. Primeiro começamos pelas redes sociais e entre amigos. Nós mesmos demoramos um pouco pra divulgar porque estávamos preocupados em achar outro guitarrista, já que o anterior deixou a gente na mão no meio das gravações. Como a banda sempre foi com dois guitarristas, achamos melhor resolver o problema de formação, o que acabou acontecendo meses depois de gravar o EP. Agora estamos empenhados em espalhar mais o trabalho por aí e acredito que com os shows e com a ajuda da nossa assessoria (Moth Division) a repercussão vai ser infinitamente maior. A banda ficou alguns anos afastada do cenário. Porque a banda decidiu encerrar as atividades e como se deu essa volta com a sua formação praticamente original? E quais as diferenças que sentiram com essa volta em relação ao undeground de quando ainda estavam na ativa? Saí do Vox Mortem em 2008, de forma nada amigável. A banda encerrou as atividades no ano seguinte por desânimo mesmo e com outra formação que levou a banda para outro direcionamento. Em 2013, voltamos porque o desejo de fazer a correria do underground e compor músicas havia voltado exatamente da mesma forma como no início. As cinco faixas do EP foram compostas nesse “maldito período sabático” (rsrs). Pode parecer piegas, mas a diferença nesse intervalo foi monstruosa, pois vimos o surgimento de uma penca de bandas, a renovação rápida do público, o sumiço do myspace (era uma ótima ferramenta), muitos zines impressos sumiram ou foram pra internet. O lado positivo é que com a internet as informações voam, entretanto, parece que o público ficou mais preguiçoso e prefere pagar uma nota em bandas covers e ficar sentado de 18

frente pra tela ao procurar saber o que acontece na cena. Passados alguns anos do lançamento do disco “The Worst Creature”, o que a banda pode dizer sobre o seu lançamento e quais os frutos colhidos com esse lançamento? O nosso primeiro álbum foi importante para mostrar a todos quem era o Vox Mortem e qual era a nossa proposta. Viajamos bastante, fizemos muitas apresentações, abrimos na época os shows do Torture Squad, Korzus e Krisiun


e muita gente ainda lembra daquele tempo pré-desaparecimento (risos). Ainda tocamos algumas faixas daquele disco. Quais são os planos para a banda em relação a lançar um segundo disco completo? Tem planos para isso ou músicas completas? Esse ano vai ser dedicado a duas coisas: divulgar o EP e preparar o próximo álbum. O processo de composição está bem adiantado, fizemos demos caseiras de todas as faixas que vão estar no disco. Agora é entrar no estúdio pra 19

ensaiar e maturar até por a bolacha no forno (risos). Nosso processo de composição é frenético que sobraram umas faixas pra lançamentos futuros. Vale ressaltar que com a chegada do Jean Rezende isso ficou mais intenso ainda. Uma música desse próximo disco já tocamos ao vivo nessa mini-tour em Minas Gerais. O cenário underground do Rio de Janeiro já revelou inúmeras bandas de destaque no underground nacional ao longo dos anos. Depois de uma queda o cenário carioca parece ter melhorado mui-


to nos últimos anos com novas bandas se destacando e a cidade voltando a receber muitos shows de médio e grande porte. Como a banda vê a cena carioca hoje em dia? O que acham que deve ser feito para melhorar o cenário? É verdade tudo que você disse, mas ainda acho que poderia haver de fato um circuito, pois há muitos locais mal aproveitados aqui nessa cidade que insiste em viver de modismos. Acredito que se não tivesse tanta burocracia, panelinhas e outras babaquices, que dificultam o crescimento da cena, as coisas poderiam ir muito além. Outra coisa que atrapalha é a desorganização e a falta de profissionalismo que parece não ter fim por aqui. Nos últimos anos o Thrash Metal voltou a ter um grande destaque mundia, com algumas bandas clássicas retornando e muitos medalhões do estilo voltando a lançar grandes discos. Qual a opinião da banda sobre esse retorno do estilo e o que acham que pode ter sido favorável para essa volta do Thrash? O ‘revival’ do thrash metal foi excepcional e acredito que as bandas undergrounds impulsionaram as bandas clássicas a criarem coisas legais, só dar uma averiguada no que tem sido lançado. Para nós o thrash metal é o subgênero do heavy metal mais agregador, então acredito que as pessoas estavam sem paciência para certas coisas que rolaram na virada dos 90 para os 2000. O povo queria reviver aquela atmosfera de agitação sem frescura que rolou até o início dos anos 90 e nós mesmos quando criamos o Vox Mortem em janeiro de 2004 estávamos nessa mesma sintonia. As letras da banda abordam temas como caos social, espiritualidade, temas pes20

Fotos: Divulgação


soais e os problemas enfrentados sobre a realidade. Esses problemas e essa crise que enfrentamos no Brasil principalmente são uma influência para as letras da banda? Estamos de antena ligada o tempo todo, então logicamente que o cenário atual do Brasil influencia nossas letras. Odiamos políticos e organizações que só visam explorar o povo. Pra piorar somos uma banda do subúrbio do Rio de Janeiro e o que não falta é assunto por aqui. Ignorar o que rola a nossa volta é insano porque nos afeta o tempo todo. Ao longo de sua carreira, a banda sempre contou com músicas em português, mas no seu mais recente lançamento todas as músicas estão em inglês. A banda pretende no futuro compor mais letras em português? Sim, com certeza. O próximo disco já vai ter faixa em português e o nosso desejo é de um dia lançar um álbum apenas com músicas assim. Somos muito preocupados com as nossas mensagens e escrever em português é uma missão que encaramos com muito carinho e atenção. O EP “Endless Karma” foi gravado no estúdio HCS de propriedade do vocalista Marco Anvito da banda de Thrash Metal carioca Hicsos. O que Marco acrescentou ao som da banda? O fato de tocar em uma banda veterana de Thrash pesou na sua escolha? O Marco foi de extrema importância para o que todos escutam ali no “Endless Karma” e também na evolução da banda. Desde que voltamos o estúdio foi nosso Q.G. de ideias e ensaios então ele já nos conhecia muito bem. Obviamente que a experiência dele com o Hicsos 21


pesou porque já entende do riscado. Não é fácil gravar ou produzir heavy metal de um modo geral aqui no Brasil, então quando a gente se depara com quem ama e entende do assunto o processo se desenrola com tranquilidade. Espaço para agradecimentos e considerações finais. Gostaríamos de agradecer imensamente a todos os amigos que vem nos apoiando nessa nova fase. As bandas que tem dividido o palco e cedendo o espaço pra que possamos apre-

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sentar nossa mensagem, os amigos que nos tem apoiado – sim porque não temos fãs e sim amigos que fazem parte da grande família Vox Mortem – e todo mundo que acredita no nosso trabalho. Vocês são muito especiais e responsáveis por tudo que tem rolado com o Vox Mortem. Nossos discos estão online e temos nossos espaços nas redes sociais. Esperamos ver vocês que estão lendo e ouvindo nosso trabalho o mais rápido possível! Continuamos marchando contra a multidão. Ad astra per labora!



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Por Pei Fon Colaborou: Rômel Santos Fotos: Banda/Divulgação

O Business Weekend sucedeu o BWS85, tendo sua origem em 2014 em Rio das Ostras - RJ. Conte-nos um pouco sobre origem e razões da mudança de nome. Thiago Gomes: Business Weekend foi uma adaptação de como a BWS85 era chamada e ainda é. Abreviada de BW, escolhemos duas palavras que poderiam dar significado a abreviação e torna-la uma sigla. Na época estávamos concentrando todos os trabalhos da banda aos finais de semana e tivemos a sacada de colocar final de semana de negócios em inglês. A banda toca Hardcore Melódico, belos refrões e passagens mais trabalhadas do Rock Progressivo. Quais as influências e inspirações no processo de composição? Começamos no Hardcore Melódico e isso é algo que não abriremos mão. Procuramos sempre evoluir tecnicamente, mas deixando as características da nossa origem expostas nas músicas. Tentamos sempre manter o mesmo gênero usando de influência nossas próprias músicas e discos anteriores. Óbvio, tivemos influências no início da banda sendo bandas nacionais como A-OK, Aditive, Sugar Kane e Dead Fish e também internacionais que influenciam nosso som atualmente como Periphery, Polyphia, Veil of Maya e Erra. A banda tem apresentado vídeos bem produzidos, como a faixa “Nada Muda”, além dos lyric vídeos para “Palavras Di26


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tas” e “Me Escute”. Qual a importância do audiovisual para o trabalho de divulgação? A banda mesmo cuida de todo processo de produção? Pretendem lançar novos vídeos? Thiago: Estamos na era da internet e que pode ser considerado hoje o maior meio de comunicação. Um material audiovisual bem produzido e distribuído, em sites como Youtube e Facebook, gera um resultado muito positivo. Todo o processo de criação e produção foi feito pela própria banda com intuito de ter total controle no desenvolvimento do material. Porém pretendemos produzir futuros videoclipes com equipes especializadas, a exemplo do clipe de “Recomeço” que está previsto para o meio do ano. A produção de “[P]aradox”, a cargo de Thiago Gomes (bateria), se destaca pelos timbres e uma sonoridade moderna e atual. Como é ter um produtor entre os integrantes? Este fato ajuda ou atrapalha durante as gravações? Ray Phill: O fato de ter um produtor como integrante da banda, na nossa visão, é muito empolgante. É de alto proveito porque grande parte do trabalho feito levaria muito mais investimento, tempo de dedicação e como todos nós da banda trabalhamos, acredito que não haveria tantos resultados produtivos como está tendo. Até porque além de produtor, ele é um ótimo compositor. As letras do disco são extremamente positivas e possivelmente irão inspirar os fãs a buscar seus sonhos e objetivos. De quem é a autoria das letras? É um processo colaborativo? Essa temática irá continuar para novos lançamentos? Ray: Nosso baterista Thiago Gomes e guitar28

rista Junior Ventura são os responsáveis pela letra na maioria das vezes. Pensamos em manter a temática de autoestima das letras, pois é algo que acreditamos ajudar a quem interpreta. “[P]aradox” ainda será lançado em formato físico? Alguma previsão? Diante de um cenário de incertezas na indústria musical, ainda acham válido investir na prensagem de CDs? Thiago: Esperamos que sim. Estamos ansio-


sos para termos em mãos o físico do “[P]aradox”. Todo o processo está correndo e estamos com uma parceria incrível com a Island Press e a Dunna Records. O álbum “[P]aradox” está previsto para o segundo semestre de 2016. Sobre achar válido, acredito que não podemos perder a essência do que é produzir um álbum mesmo existindo toda essa tecnologia que ao mesmo tempo em que favorece e prejudica as bandas. Porém não podemos pensar em lucro e sim na música, arte e divulgação do trabalho em primeiro lugar. 29

Vocês integram a Liga Hardcore RJ. Como surgiu esse projeto? Quais bandas integram? Organizarão shows e turnês em parceria com grupos de outros estados no modelo intercâmbio? Thiago: A Liga Hardcore RJ é um grande projeto que reúne bandas ativas no cenário carioca, que ajudam a manter a cena organizando eventos, divulgando e criando parcerias umas com as outras, para assim movimentar o som underground. Bandas como Confronto, Maieuttica, Protesto Suburbano, Prol, Norte


Cartel e Cervical fazem parte desse grupo e também são um dos mais colaborativos quanto a organização de shows. Com certeza o intercâmbio é uma das melhores opções para as bandas conseguirem espaço em outros estados. A Liga Hardcore RJ tem contato com outros grupos, de até outros gêneros no país, a fim de unir bandas e dividir espaços para dar oportunidades para as mesmas se apresentarem em lugares distintos. Deixem uma mensagem para nossos leitores e informações pra que conheçam mais sobre o Business Weekend. Ray: Gostaríamos de agradecer o apoio de todos que apostam e querem ver nossa banda seguir em frente a fim de realizar mais e mais 30

projetos. Lembrando que tudo o que nós realizamos até hoje foi graças a toda nossa força de vontade e aos que nos acompanham e confiam em nosso trabalho. Esperamos realmente que busquem conhecer nosso som e nossas ideias a fundo, assim como o trabalho de muitas outras bandas espalhadas pelo país, que mesmo boas, acabam no anonimato pelo fator financeiro. Agradeço a oportunidade que a revista Rock Meeting tem dado para mostrar um pouco mais sobre a Business Weekend e fica aberto o convite para futuro shows da nossa banda para vocês. Conheça a banda: Facebook | Liga HC | YouTube



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Foto: Sarina Lopes

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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Foto: Banda/Divulgação

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omenagens, pista do novo álbum, sentimento. Assim é o Maestrick. Focados e dedicados no trabalho, Renato Montanha e Fabio Caldeira, conversou conosco para falar do seu álbum virtual, no segundo álbum de estúdio do Maestrick, internet, cena e muito mais. Como de costume, sempre pedimos para as bandas se apresentarem. Por favor! Montanha: Eu sou o Renato Montanha, baixista do Maestrick. Fabio: Olá, é um grande prazer poder falar do nosso trabalho! Aqui é o Fabio Caldeira, vocalista e pianista/tecladista. De fato existe um hiato de 5 anos desde que “Unpuzzle!” fora lançado. Em 2016 deve sair material novo. O que vocês já podem adiantar? Nome, temática...? Montanha: Podemos adiantar que estamos trabalhando exaustivamente no disco e será uma viagem musical e mental interessante. Fabio: Bom, o projeto compreenderá dois discos, sendo que os gravaremos e lançaremos separadamente. Um será o complemento do outro e ao todo serão vinte e quatro músicas, com doze em cada um. De onde vem à inspiração para o novo trabalho do Maestrick? Montanha: Vem de histórias que ouvimos, do momento que estamos passando, de livros, filmes, outras intervenções, possibilitando transformar a música em uma extensão do 34


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sentimento que queremos passar. Fabio: Eu sempre gosto de citar essa frase do Tolstoi: “Para ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Ou seja, nós nos inspiramos nas coisas que vemos, no que ouvimos, em quem somos, no sentido das nossas origens mesmo. Minha família, por exemplo, sempre teve ligada ao campo, a vida rural. Minha mãe morou em conserva, com feitor, ia pra cidade de carroça. Isso é algo muito próximo de mim, que respeito muito, e posso dizer que estará de certa forma impresso nesse projeto. Ainda sobre inspiração, não há como deixar de falar do EP totalmente dedicado a influencia musical da banda. Por que gravar um álbum somente de homenagens? Montanha: Eu acredito que foi um momento da banda que queríamos mostrar um pouco do que nos inspira e apresentar alguns tijolos que ajudam a compor o nosso muro de ideias musicais, podendo assim homenagear quem nos influenciou e continua influenciando. Fabio: De certa forma foi uma maneira de colocar um “marcador”, um ponto entre o que já fizemos e o que vamos fazer agora. Foi tudo feito de forma orgânica pra simbolizar essa “passagem”. Yes, Dio, Pink Floyd, Queen, Jetrol Tull. Inquestionáveis, fontes inspiradoras. Se for falar com os músicos cada um tem uma percepção diferente. Em suma, o que essas bandas e figuras emblemáticas são para o Maestrick? Montanha: Eu considero essas bandas como se fossem professores e cada música que ouço sinto-me em uma sala de aula. Fico extasiado ouvindo as nuances das músicas e percebendo quão atuais e cativantes elas são. 36

Fabio: São confirmações de que a partir do momento que você sabe o que quer, sabe quem é, e quem são as pessoas que estão com você, a espontaneidade vem a tona. E, se você fizer tudo com amor e com respeito, como esses caras fizeram e muitos outros artistas que fizeram história, você pode deixar a sua marca, a sua mensagem. Essa é nossa missão, sermos


nós mesmos da melhor forma que pudermos. Ainda sobre o EP, como vocês podem apresentar para o público? Fale um pouco sobre ele. Montanha: O EP seria uma forma honesta de mostrar ao público como a Maestrick homenageia alguns artistas que teceram a linguagem musical que temos hoje, além de presentear, de forma gratuita, o público com registros 37

mais recentes do Maestrick, como um aquecimento para o que está por vir. Em “The Trick Side Of Some Songs” pode-se encontrar alguma pista do novo álbum? Montanha: A pista que posso citar é a da vontade de lançarmos um trabalho honesto


para o público e mostrar que estamos trabalhando arduamente para o nosso segundo álbum. Fabio: Nós sempre gostamos de ‘Easter Eggs’ e você pode encontrar isso desde o “Unpuzzle!”. O que posso dizer é que nós alteramos o texto de duas faixas e lá você pode, quem sabe, encontrar algo. (risos) Diante da dinamização do digital, lançar o “The Trick Side Of Some Songs” gratuitamente é aproximar e conquistar o fã da música Rock/Metal. Mas até que ponto o ‘gratuito’ é benéfico para uma banda? Montanha: Eu vejo o gratuito, no caso do EP, uma coisa boa, pois podemos alcançar um público maior que frequentará os shows, podendo apoiar a banda e comprar nosso material fonográfico (os dois discos que estarão à venda) e demais itens personalizados que venderemos nos shows, nos possibilitando uma aproximação maior com o público e como consequência uma renda positiva. Fabio: Nossa única intenção com o EP é fazer uma homenagem e presentear quem acompanha nosso trabalho, por isso deixamos gratuito. Mas não é uma postura que seguimos com nossos discos autorais. Pois é o nosso trabalho e nossa forma de seguir em frente com a banda. Vocês são um trio. Existe a possibilidade de voltar a ser um quarteto? Possíveis nomes? Montanha: Bem, tudo é possível, mas agora estamos concentrados em lançar o disco. Fabio: Se encontrarmos uma pessoa comprometida, responsável, com o mesmo foco que 38


nós e que jogue para o time, certamente voltaremos a ser um quarteto. A cena Rock/Metal no Brasil é bem diversificada. O que vocês conhecem da cena do Nordeste? Montanha: Eu nunca toquei nesta região, mas tenho colegas que já trabalharam por lá e só teceram elogios, eu tenho muita vontade de participar da cena metal do nordeste. Fabio: Eu sei que a cena do nordeste é uma das principais do Brasil e que vem comportando nos últimos anos vários eventos, como o Abril Pro Rock, por exemplo. É um dos locais que faremos o possível pra visitar quando o disco novo sair. Para finalizar, tem novo álbum vindo, já tem data para o lançamento? E o que vocês ainda pretendem fazer em 2016. Sucesso e muito obrigada! Montanha: Primeiramente quero agradecer a oportunidade de poder participar desta entrevista e sobre o novo álbum, acreditamos que estará disponível no segundo semestre de 2016. Fabio: Nós que agradecemos a atenção e pelas ótimas perguntas! Como o Montanha disse, estamos trabalhando com nosso produtor Adair Daufembach para que o disco saia esse ano ainda, o quanto antes é claro. E depois sairmos em turnê no restante do ano e ano que vem. Mas o foco principal no momento é a qualidade do processo de gravação, para que tudo saia da melhor forma possível. Mais informações Site | Facebook | Youtube | Twitter

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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Banda/Divulgação

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uxemburgo. O que pensar desse país?! Conhecemos tão pouco, mas tem uma banda muito legal dessas terras. Thrash Metal desde a logo da banda, o Scarlet Anger vem para ficar. Conversamos com o guitarrista Jeff Buchette que falou sobre sua história, cena local, fala sobre o novo trabalho “Freak Show” e o que eles conhecem do Brasil. Acompanhe! E aí galera, este é o nosso primeiro contato. Por favor, sintam-se à vontade e não meçam as palavras. Olá Brasil, vocês são muito foda! Espero que vocês estejam curtindo essa entrevista assim como nós! Scarlet Anger ainda soa novo aqui no Brasil. Apresentem-se para os nossos leitores. Scarlet Anger é uma banda de Thrash Metal fundada em 2007. Nós lançamos dois Ep’s e o nosso primeiro álbum foi com uma gravadora alemã. Agora nós lançamos nosso segundo álbum “Freak Show” com nossa nova gravadora “MIG/ Hänsel und Gretel”. Vocês são de Luxemburgo. Conta para nós como é a cena Rock/Metal. Festivais, shows, o que acontece por aí? Nós temos uma cena pequena aqui em Luxemburgo, mas nós temos algumas bandas que são muito boas. “Desdemonia” é a mais antiga banda de Death Metal daqui, eles já têm uns 20 anos de existência. Como nós somos um pequeno país entre a Alemanha, a Bélgica e a


Foto: Jeanluc Brausch


França, nós somos sortudos de ter alguns dos maiores festivais ao nosso redor, o Wacken, por exemplo, são apenas umas 9 horas dirigindo daqui. Em Luxemburgo, nós temos alguns festivais de Metal com bandas locais. A banda está desde 2007 na estrada e já tem história para contar. Fazendo um paralelo com o passado, como se enxergam hoje? Nós temos tocados em muitos shows incríveis e tivemos momentos muito legais na estrada e no estúdio juntos. Nós somos como uma grande família e somos bons amigos. É muito legal tocarmos juntos e eu aguardo ansiosamente pelo futuro da banda. E tem álbum novo na praça. “Freak Show”. O nome é bem sugestivo e podemos imaginar a ‘loucura’ que deve ser. De onde veio a inspiração do álbum? O Fred e o Joe tiraram inspiração daqueles quadrinhos de terror dos anos 80 que eles costumavam ler na infância. É um tema muito legal para se escrever letras e músicas a respeito, e combina muito bem conosco, então foi bem divertido. Existe algum personagem ou a mensagem de “Freak Show” é ampla? Cada música no álbum fala sobre algum tipo de “aberração”, então o título foi realmente óbvio. Isso irá conferir também teatralidade aos nossos shows ao vivo, pois nos permitirá fazer alguns shows de aberrações com atos de terror no palco. Estamos realmente ansiosos para tocar o novo álbum ao vivo. Antes de ouvir o som da banda, pelo nome e arte da capa, é possível imaginar que a banda é do Thrash Metal. Ha44

Foto: Yves Kraus


via essa preocupação da identidade da banda com o estilo musical ou foi algo natural? Para mim foi algo natural. Quando eu entrei na banda em 2010, eles já tinham lançado seu primeiro EP. Naquela época eles estavam tentando encontrar o seu estilo ainda, então quando eu estava no primeiro ensaio nós conversamos e eles me mostraram algumas demos com novas músicas e eu disse: “Galera temos aqui um thrash metal ‘cabuloso’, se vocês estão indo nessa direção eu estou dentro”. Desde então ficou muito bem definido que nós queríamos criar thrash metal juntos. O encarte de “Freak Show” parece uma história em quadrinhos. Cada quadro presume o que é a faixa a ser ouvida. De onde surgiu a ideia de fazer um encarte desse jeito? Como o Fred costumava desenhar imagens como essa desde criança, ele nos perguntou se poderia fazer isso para o encarte. Ele nos mostrou algumas ideias e todos nós curtimos muito na hora. Então, ficou claro que se fosse fazer, que fizesse para todas as músicas. “Freak Show” é bem diferente de “Dark Reign”. O álbum soa mais melódico. A mudança foi intencional ou simplesmente aconteceu? Acho que simplesmente aconteceu. Nós todos temos gostos musicais diferentes. Eu sou um grande fã de Iron Maiden e eu amo melodias, Fred gosta de bandas como Kreator e Amon Amarth. Nós dois somos guitarristas mais melódicos. Acho que em “Dark Reign” nós queríamos fazer um álbum mais Thrash metal. E agora em “Freak Show”, nós simplesmente tocamos nossa música e nosso estilo sem nos preocupar muito sobre como iria soar. 45


Sobre essa mudança sonora, a música de trabalho, “The Abominable Master Gruesome” representa muito bem. A escolha foi proposital? “Master Gruesome” é claramente a faixa mais melódica do álbum, mas todos nós gostamos muito de cantar o refrão juntos. Por isso nós decidimos que essa seria a ‘faixa de trabalho’ do álbum, pois o refrão é tão poderoso e você precisa cantar junto! Fazendo esse intercâmbio musical, o

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que vocês conhecem da cena brasileira? Comente sobre. Nós sabemos que o Brasil tem algumas bandas de Metal incríveis! Recentemente eu vi Nervosa, a banda de thrash metal feminino, e fiquei realmente admirado com o trabalho que elas fazem ao vivo! Eu tive a chance de conversar um pouco com a Fernanda, ela é uma grande cantora e baixista. Nós esperamos conseguir realizar uma turnê no Brasil nos próximos anos, como nós ainda temos nossos trabalhos do dia a dia é muito difícil realizar uma turnê


tão longe assim de casa. Top 5. Quais bandas inspiram o som do Scarlet Anger? Fale um pouco sobre cada uma. Essa é uma pergunta muito difícil. Eu acredito que muitas bandas nos influenciem de maneira diferente, pois todos nós escutamos coisas diferentes. Fred e Joe são grandes fãs do Kreator. Vince e eu gostamos mais de um metal tradicional tipo Iron Maiden. Meu top 5 pessoal muda toda hora, mas no momento seria Iron

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Maiden, Symphony X, Iced Earth, Annihilator e Kreator, mas se você me pedisse para listar na semana que vem eu citaria outras 5. Por fim, o que a banda promete para 2016. Sucesso e muito obrigada! Nosso plano é produzir um videoclipe para a música “Master Gruesome” e tocar quantos shows for possível. Talvez começar a escrever músicas para um próximo álbum, quem sabe? Veremos, pois 2016 está sendo um ano cheio para nós e esperamos que continue assim.


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Banda/Divulgação

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ara quem escuta Heavy Metal, há certos países que sempre esperamos coisa boa. E quando você ouve falar da Rússia? Do Brasil ouvimos falar de cena forte, bandas incríveis. E não poderia ser diferente, da gélida Sibéria conhecemos a banda Dehydrated, que soa nova aqui no país, mas já tem sete anos na estrada. Com seu Death Metal, Ira Sidenko e Eugene contou um pouco sobre a trajetória da banda, festivais, a cena russa e apresentam o seu novo álbum. Confira! Este é o nosso primeiro contato! Por favor, sintam-se à vontade para responder. Ira - Olá pessoal! É um enorme prazer estar aqui! Por favor, apresentem-se para os nossos leitores. Ira - Nós somos a banda de Death Metal Dehydrated. Nós tocamos música pesada e nós realmente amamos o que fazemos! Nós tocamos em vários shows na Rússia, CIS, Europa. Participando também em vários festivais como: Obscene Exterme Fest (República Tcheca), Death Feats (Alemanha), Agressive Music Fest (República Tcheca), Flash Party (Eslováquia), Metal Crowd (Bielorússia), Cieszanów Rock Festival (Polônia) e vários outros. A banda possui três álbuns, três EP’s e três videoclipes. Pelo o que sabemos daqui do Brasil, a Rússia tem uma cena muito forte. Fale



Foto: Andrey Ponomarev

um pouco da cena underground russa. Ira - Em nosso país, assim como em qualquer outro lugar, as pessoas tocam música pesada! Nós temos bandas grandiosas como Arkona, Katalepsy, acho que vocês os conhecem! São nosso orgulho! Muita gente toca música realmente incríveis apenas para si mesmo em casa e para eles isso é suficiente! Nosso país possui compositores talentosos, mas infelizmente, eles raramente estão se tornando famosos! Não há apoio o suficiente e talvez desejo por isso, não sei ao certo! Dehydrated tem 7 anos de existência e três álbuns lançados. Qual a importância em lançar material inédito? Ira - Cada novo álbum para nós é sempre um grande acontecimento! Cada álbum que se segue requer muito mais trabalho que o anterior! Eugene - Cada novo álbum é uma chance para mostrar quão intensamente amamos isso. Nós fazemos isso não somente para agradar a nós mesmos, mas vocês também! Aos poucos vocês vão ganhando espaço. Recentemente, vocês tocaram do Obscene Extreme Fest na República Tcheca. Como aconteceu esse convite e como foi à receptividade do público? Ira - Foi uma grande experiência! Nós tocamos às onze da manhã e o terceiro dia do festival. Estávamos receosos que a galera estivesse dormindo e não visse a gente tocando, mas no final tudo foi bem legal! Um feriado de Rock´n´Roll assumiu o controle mesmo em uma manhã! A galera não estava muito ativa na frente do palco, mas eles tinham acabado de acordar! De qualquer forma sentimos um grande apoio de todos ao decorrer deste dia! Foi maravilhoso! Eugene - E como fomos convidados é um 52


grande segredo! “Awake in Era” é o mais recente trabalho. Como vocês podem apresentar este full? Eugene - É um trabalho realmente profundo, sincero, diferente e muito interessante! Aproveite! Ira - É um novo álbum e para nós é uma nova era! Sem contar que o álbum é rápido, mas não soa repetitivo. Há muitas influências. A mistura da individualidade dos membros da banda é importante, não é? Eugene - É muito importante, porque isso constroi a sonoridade inusitada do álbum! Sua diversidade e excentricidade! É um trabalho de todos da banda! Um rosto angelical com uma voz de poderosa. Ira, conta para nós como foi o processo para cantar gutural? Quem foi o seu “mentor”? Ira - Eu ainda estou aprendendo, minha voz precisa ser mais profissional e não importa se eu estiver cantando metal brutal ou música leve! Hoje em dia eu amo mais metal e o canto com mais frequência! Meu caminho foi o da tentativa e erro, sendo assim, não tive um mentor, mas tenho meus vocalistas prediletos que eu escuto e tento me inspirar neles para me desenvolver, que são Peter do Vader, Corey Taylor do Slipknot, Glen Benton do Deicide! Há vários! Ira, sendo a única mulher da banda, sente alguma dificuldade na aceitação do público? Existe alguma resistência ou não tem diferença? 53


Ira - No palco eu não sou uma mulher, sou um músico, mas eu estaria mentindo se dissesse que isso para algumas pessoas não tem importância! Algumas pessoas ainda acham que garotas não podem cantar metal brutal, mas para mim ninguém nunca disse nada, mas de modo geral isso para mim pouco importa se a pessoa curtir o nosso som. O que você sabe da cena brasileira? Poderia citar algumas bandas? Ira - Com toda certeza Sepultura, mas eu também conheço Angra e Unearthly! Com o

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Unearthly nós tocamos um show juntos na Rússia, uma boa banda de caras legais! Top 5. O que você tem ouvido ultimamente? Cite as cinco bandas e fale um pouco sobre elas. Ira - Ultimamente eu tenho escutado muita música das antigas: 1. Manowar. Eu amo esses caras, essa atmosfera, isso é metal de verdade! Fico chateada de apenas recentemente ter começado a escutar essa banda, mas agora eles estão em meu coração e ouvidos para sempre;


2. Meshuggah. Está há muito tempo comigo, eu vou continuar quebrando o meu cérebro, mas eu gosto disso! 3. Aborted. Recentemente esses caras lançaram músicas novas e é realmente brutal! Estou esperando o novo álbum! 4. Motörhead. Para sempre em minha memória! Eu gosto do outro lado da criatividade de Lemmy, “I don´t believe the word” “God was never on your side”, ele escrevia letras fantásticas! 5. Vamos deixar ser o Andy James, não é uma banda, mas ele é um grande guitarrista e agora

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ele está no meu top 5. Por fim, quais os planos do Dehydrated para 2016? Sucesso e espero vê-los no Brasil. Eugene - Espero que a gente se conheça em breve aí no Brasil! Obrigado pelo apoio e nós retribuiremos tudo de volta a vocês! Ira - Obrigado pelo seu apoio! Ele é realmente importante! Nós sempre temos muitos planos, mas por hora o mais importante são os vários shows e o novo vídeo, eu espero que em breve :)


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Por Pei Fon com Rômel Santos Fotos: Banda/ Divulgação

Ivo, você iniciou na música direto no baixo. Como isso ocorreu? Fale sobre seu início no mundo da música e quando decidiu formar uma banda de Rock. Ivo Ferreira: Bom, sempre curti o som do contrabaixo e isso ocorreu em 1990 quando eu e alguns amigos montamos uma banda chamada Plástico. Tocar baixo sempre foi na garra, a aprendizagem foi através daqueles livros de cifras vendidas em bancas de jornal. Hoje não vejo em bancas, mas ficou muito mais fácil de aprender a tocar qualquer instrumento, tem internet e programas de computador que ajudam muito. O Overhead faz um Rock vigoro e cheio de energia, contendo ainda letras hilárias. Quais as influências da banda? O que inspira vocês a compor? Cara, temos gosto musicais bem diferentes dentro da banda, mais na hora de compor o espírito do bom e velho Rock’n’Roll prevalece. Em um curto período de tempo, lançaram dois trabalhos e trocou de vocalista. Conte-nos como foi o processo de transição entre o EP de estreia “A Noite é o Meu Lugar” (2013) e o debut álbum “Ressaca” (2014), já contando com André Moreno. A entrada do André Moreno foi muito rápida. Entrou na banda e rapidamente escrevemos as músicas e partimos para o ensaio. Em menos de três meses o CD já estava gravado e gran58


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des shows marcados. A entrada do André veio para fortalecer a banda e estamos cada vez mais unidos, fazendo o que queremos ser, e em breve ser uma banda verdadeiramente vivendo do Rock. Prestes a completar dois anos do lançamento, como você avalia a recepção do disco “Ressaca” perante o público e a imprensa especializada? O álbum “Ressaca” foi bem aceito, tanto pelas críticas e quanto pelo o público, que vai aos nossos shows e é claro que têm músicas que gostam mais e outras menos. Mas a campeã é a “Mina de Benga”, todos que escutam já na segunda parte da música já cantando. Ficamos felizes de fazer um som que muita gente curte. A banda lançou dois videoclipes para as faixas “Quando a Cerveja faz Efeito”, aprovada pela MTV Brasil, e “Ressaca”, uma ode ao Rock e a cerveja. Qual a importância dos vídeos para divulgação da banda? Os vídeos sempre são bons porque o videoclipe é a extensão do CD, é o que realmente queremos mostrar, fazer nosso som se tornar cada vez mais real, nossos pensamentos. O videoclipe bem produzido tranforma a história em realidade e tudo que gravamos é verdade, adoramos cerveja, motos e bebemos de verdade em nossos clipes. Então, na verdade, é uma satisfação criarmos algo que gostamos de fazer. Outra forte característica do grupo são os shows energéticos, com agenda sempre agitada, tendo tocado até fora do Brasil. Como foi a experiência de tocar ao lado de nomes consagrados do Rock brasileiro como Plebe Rude, Marcelo 61


Nova, Ratos de Porão, Velhas Virgens, Matanza, Baranga e Zumbis do Espaço? Dividir o palco com esses caras é espantoso, nunca pensamos em um dia estar dividindo o palco com Dave Lombardo (ex-baterista do Slayer), ou Phlippe Seabra do Plebe Rude vindo até a gente e curtindo nosso som. Das bandas que dividimos o palco, todos têm uma história fantástica pra contar, fora as amizades que fizemos, por exemplo, o Baranga, somos bem amigos, que aliás estarão participando do nosso novo CD “Cowboys da Estrada”, em uma música que tem tudo a ver as duas bandas. Como não poderia deixar de ser, a ban62

da lançou uma linha especial de cervejas em parceria com a No Limits cervejaria artesanal. Apresente-nos os sabores da marca Overhead. Teremos algum novo lançamento em 2016? Então, a cerveja tem sabores especiais. A cerveja Clara Pale Ale, a de Frutas Vermelhas, mas a que todos apreciam e saboreiam mesmo é a de Pimenta. Nossas cervejas são deliciosas e, em 2016, estamos pensando sim em algo novo. O novo álbum de estúdio será produzido por Marcello Pompeu, mas não será no Mr. Som? Onde será gravado? Quais


as expectativas para trabalhar com nomes de peso do Rock e Metal nacional? Quando irão começar as gravações? O disco terá convidados especiais? Então, nosso novo CD “De Madrugada de Bar em Bar” será todo gravado em Bauru-SP no Criasom Estudio, com produção de Josiel Rusmond e Marcello Pompeu (Mr. Som), vocalista do Korzus. O Pompeu estará vindo para cidade sanduiche (risos) pra fazer toda capitação e finalizar em São Paulo. Mas já estamos em processo de ensaios, arranjos com o produtor musical Josiel Rusmond e, assim que acertarmos todos os detalhes das músicas, já daremos início as gravações com Marcelo Pompeu, que 63

também vai trabalhar nesta produção especial do nosso novo CD. Deixe uma mensagem para nossos leitores e onde poderão acompanhar as novidades sobre o Overhead. As novidades poderão acompanhar em nosso facebook e no site, pela nossa assessoria de imprensa Island Press e agora temos também no whatsapp através de um grupo. Só mandar pedido e aceitamos lá no nosso grupo (que é super divertido) e todos terão contato rapidamente com a banda e fazer novos amigos. whatsapp 14 99834-7390.


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Foto: Germano Neto


Foto: Cleide Sara

Por Pei Fon com Susi Santos Fotos: Banda/ Divulgação

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o ápice da música digital o Seu Juvenal lança um LP. Quando todos tentam encontrar um nicho musical para se enquadrar, a banda despreza qualquer rótulo. Enquanto músicos são auto-indulgentes, o Seu Juvenal revela franquezas. O novo trabalho é intitulado “Rock Errado” e traz um bebê fazendo sinal de foda-se na capa! Uma estratégia suicida, mas que tem dado certo, comprovada pela recepção da mídia ao trabalho. Vocês são errados enquanto músicos e corretos enquanto estrategistas? Edson Zacca - Que pergunta excelente, amigos. Realmente, desta vez, nós resolvemos assumir uma afirmação que desde o começo da banda escutamos: a de que somos uma banda difícil de rotular e que este fato dificulta a divulgação do nosso som. Até então o Seu Juvenal nunca tinha dado muita moral pra isto, mas quando começamos a pensar o novo disco e assumimos como nome do projeto o tal “Rock Errado”, toda esta história de sermos diferentes e para alguns, “errados”, do ponto de vista comercial, passou a ser o principal mote para a divulgação de nosso novo trabalho. E ele não foi lançado apenas em vinil. Ele foi inicialmente lançado em vinil e depois em CD e agora está para download gratuito no site. Estejam convidados a visitar nossa página. A obstinação por trair movimentos é 66

sempre levada em consideração no momento de compor ou vocês acreditam que chegará um dia em que o Seu Juvenal poderá ser classificado como uma banda de metal, ou punk, ou indie ou classic rock? Na hora de compor realmente não pensamos em nada disto. Sai muito naturalmente de acordo com nossas vidas. A banda vai fazer 20 anos em 2017. Foi mudando no caminho percorrido até aqui e irá mudar ainda mais. Ago-


ra uma coisa que dificilmente acontecerá é o Seu Juvenal entrar pra dentro de um dos movimentos musicais existentes dentro do rock. Somos uma banda de rock. Com toda a liberdade que isto significa. O baterista Renato Zaca declara: “Fazemos rock do jeito errado para os padrões do politicamente correto”. Se o rock do Seu Juvenal é o errado, qual é politicamente correto? 67

O rock politicamente correto vai variando de acordo com a estação. Atualmente os tais NXZeros da vida são um bom exemplo. E na verdade nem é o NXZero em si. Mas as milhares de bandas que vêm atrás tentando imitar. Isto aconteceu com o Los Hermanos, por exemplo. Em 2010 o Seu Juvenal fez muitos shows e a gente sempre encontrava na estrada o que chamávamos de “LosStrokes”, aquele tipo de banda que imitava até os trejeitos no palco dos caras do Los Hermanos. Era bizarro! Ainda


tFotos: Daniel Laia

tem muito disto. Talvez por medo de arriscar e ser vaiado a banda ache melhor já fazer um som completamente manjado. Então, qualquer banda que resolve fazer algo diferente, consideramos que ela está fazendo o tal Rock Errado. E pra nossa sorte, existe um público grande que gosta de ir a um show não pra assistir o mais do mesmo, mas para ser surpreendido por algo novo. Vocês afirmam que Jards Macalé, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e Titãs são seus “professores” de como colocar letras em português no rock ‘n’ roll. Cantar rock em português é também característica do rock errado? Seriam Jards Macalé, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e Titãs “errantes” do rock e 68

da música? A gente conversa muito sobre isto. A dita música popular brasileira sempre teve músicos que são mais roqueiros do que muito roqueiro por aí. O Jards Macalé mesmo é de uma atitude fora do comum. Tem música dele que se você pega uma guitarra e toca com a base de bateria e baixo, vira punk rock. Sem dúvida nenhuma, esta turma aí nos ensinou muito sobre como fazer rock “brasileiro”. Ainda pelos campos de referências, vocês dizem transitar com tranquilidade entre Venom e Sonic Youth. Poderia ilustrar essa ‘caminhada’ através de alguma(s) música(s) de Rock Errado? O Venom é uma banda que geralmente só se lê em influência de bandas de Black Metal. Po-


rém, o lado Discharge/GBH/Exploited deles, principalmente até o “At War With Satan”, nos influenciou muito. É um jeito “esporrento” de gritar e colocar o riff de guitarra antes da entrada da bateria, tudo dentro daquela escola “Phil Animal Taylor” de tocar. E quanto ao Sonic Youth, acho que fica bem mais claro porque usamos, e muito, microfonias e dissonâncias. “Um dia de fúria”, a primeira do lado B do “Rock Errado”, ou mesmo “Clitóris Canibais” do nosso disco “Guitarra de Pau Seco”, dentre outras, tem muito destas duas bandas. Venom e Sonic Youth fazem parte de nosso berço. Vocês dizem que o amor é assunto mais mal cantado do planeta. O que é o amor, pra vocês? Amar é um erro? Eu demorei muito pra conseguir fazer música 69

de amor. Desde o começo da banda eu tentava. Sempre achava brega ou coisa do tipo. Mas sempre tive este desejo porque o amor é cantado aos montes em todos os estilos musicais e quase sempre é uma merda. No Brasil, eu costumo dizer que o IRA é das poucas bandas que escrevem baladas rock que eu curto. Mas mesmo achando muito difícil, conseguimos fazer a música”Filhos do Seu Juvenal” no disco “Guitarra de Pau Seco”. Depois fizemos “A Espera” no disco “Caixa Preta” e agora “A chuva não cai” no último disco. Os demais Juvenais ainda permitiram que eu mesmo cantasse ela. Fiquei bastante satisfeito com o resultado final. Criamos o nosso jeito de falar de amor. E longe de mim achar que o amor é um erro. Ele também não é um acerto. Ele é a única razão pra gente estar nesta vida.


Fotos: Daniel Laia

“Homem Analógico” é uma interessante discussão sobre a vida tecnológica moderna. Há sinal de Wi-Fi no estúdio do Seu Juvenal? (Risos) Tem Wi-Fi com certeza. Não somos um bando de analfabetos digitais, mas ao mesmo tempo passamos longe de sermos nerds. Esta música questiona o uso do universo digital em detrimento de nossa vida real aqui fora junto à natureza e todas as “coisas”. O Nuclear Assault tem um som chamado “Analog man in a digital world” que fala sobre isto também. Ainda bem que lançamos a nossa antes. (risos) O louvor em “Louva-A-Deus” é para qual deus? Ela é uma composição de um grande baixista e compositor chamado Ronaldo Vilela. Este cara já passou por muita coisa na vida e bei70

jou a lona algumas vezes. Seguindo aquela lógica cristã da salvação, ele só conseguiu sair da lama através da aproximação que teve com a religião evangélica. Atualmente só é possível vê-lo tocando no templo. Porém, ele tocou em banda de rock desde o fim dos anos 60, passou os anos 70 compondo muito som influenciado por Queen, Black Sabbath, Led e todo heavy da época. E como ele curte o Seu Juvenal e conhece a banda desde o começo, eu consegui que ele me passasse uma composição dele dos anos 70. Em troca, eu tive que gravar ele tocando 10 músicas evangélicas. Depois da epopeia de ter ouvido-o cantar pra Jesus por um bom tempo, ele pegou o violão e começou a tocar a “Louva-a-Deus” e eu fiquei de cara totalmente. Foi um presente. É exatamente este áudio que tem no final da música. Ele me mostrando como é o som. E para qual deus


estamos tocando? Acho que depende de cada um. Eu pessoalmente toco é pro inseto “Louva-a-Deus” mesmo. “Antropofagia Disfarçada” poderá ser usada como referencia para gerações futuras sobre a atual situação política do Brasil? Ela é referência para a situação política do Brasil da chegada dos portugueses até um tempo que com certeza está chegando ao fim. Errar uma vez é humano, duas vezes é burrice. O que esperar do próximo trabalho do Seu Juvenal? Putz! A melhor das perguntas! (risos) O “Rock Errado” realmente é único. Eu o considero o nosso melhor álbum. É sem dúvida o que tornou o Seu Juvenal uma banda que existe no 71

mapa. Então, o próximo, o nosso Vol. 4, já tem a responsabilidade de nos manter relevantes. Voltamos a ensaiar uma vez por semana e quando isto acontece é porque o próximo está sendo gerado. E quer momento melhor do que este que o Brasil está vivendo pra fazer um bom disco de rock?! Muito obrigada galera, deixe aqui suas considerações finais. Sucesso! Gostaria de agradecer a todos da Rock Meeting por se interessar pelo nosso som e nos abrir este espaço. Um grande abraço dos Juvenais. E viva o rock latino americano! Mais Informações: Site | Facebook | Twitter | Soundcloud | Youtube | Sapolio Radio


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Por Raphael Arizio Fotos: Banda/Divulgação

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banda Dkrauz pode ser considerado uma grata revelação do metal sinfônico brasileiro. A vocalista Daniele Krauz nos conta como surgiu a banda e também como deu sua entrada no mundo do metal seus planos para o futuro da banda e sobre suas aulas de técnicas vocais. A banda lançou um clipe para a música “Forever”. Como tem sido a sua repercussão? Pretendem lançar mais algum vídeo? O clipe da música “Forever” tem tido ótima visualização. O clipe fez tanto sucesso quanto o “Divine”, lançado a um ano atrás. Apesar de serem lançados num intervalo de tempo tão grande, as imagens foram gravadas com poucos meses de diferença. Nesse clipe eu queria mostrar a banda no palco, resolvi usar as cenas de nossa apresentação no festival Guarapuava Rock City de 2015. É um formato totalmente diferente da filmagem do clipe para a “Divine”, que foi com roteiro. Quando se faz esse tipo de material pela primeira vez é difícil saber como trabalhar. A minha maneira de me apresentar mudou bastante, eu acho, também entender o funcionamento do processo de produção do clipe me ajuda a pensar melhor na execução em si. O próximo clipe a ser lançado será da “Holy Dance”, que também já é uma proposta bem diferente. Já tenho o clipe da música “Holy Dance” praticamente pronto. Eu pretendia lançá-lo em março, mas houve contratempos. Acredito que em abril ele já esteja disponível no YouTube. Nesse clipe temos 74


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a participação de dois dançarinos, Ivan Luis Moreira, com inspiração no balé, e Lu Faddah, fazendo dança do ventre. Pretendo comparar a preferência do público entre os três clipes para direcionar melhor os próximos trabalhos. Se bem que já estou com várias ideias para as próximas músicas. A intenção é fazer clipes para todas as músicas do CD, eventualmente com participação de outros músicos, atores e dançarinos e se possível de fãs também. Eu gosto de trabalhar com grupos e mostrar talentos de outras pessoas. Por exemplo, no clip da “Divine”, os músicos são meus amigos e a garota é minha fotógrafa particular, Ellen Karolynne. Como tem sido a repercussão para o ep “Insight”? A banda tem conseguido atingir os objetivos que almejava? Posso dizer que alcançamos uma repercussão que eu não esperava. Sendo meu primeiro trabalho no metal, primeiras composições e gravação foi um tiro no escuro. Eu acredito totalmente na qualidade do meu trabalho, mas tenho consciência das dificuldades do meio. Encontrar o público, conseguir divulgação, criar espaço é um trabalho lento. Felizmente o público tem sido bastante receptivo com as músicas do EP “Insight”. Até mesmo pessoas que não costumam escutar metal gostaram das músicas e vários fãs têm compartilhado nossas publicações, clipes e áudios. Houve um grande salto de visualizações no meu canal e os vídeos ganharam mais visibilidade. Agora meu material já alcançou fãs na Alemanha, EUA, Inglaterra. Muitos músicos brasileiros e estrangeiros têm vindo me parabenizar pela qualidade das músicas. Temos tocado em várias rádios e vários programadores já me contataram pedindo meu material para tocar. Isso é um grande incentivo para caprichar mais no CD e continuar surpreendendo e atendendo a 76


qualidade que é esperada pelo público. A banda tem previsão de lançamento de um disco completo para ainda em 2016? Quais os planos da banda para esse restante de ano? Sim, as composições já estão em andamento. Esse CD já está sendo preparado desde o ano passado, composições antigas ganharam nova cara e estão saindo algumas novas. Faltam apenas duas músicas para fechar as doze que serão gravadas. É difícil ainda apresentar uma data de lançamento para esse CD, mas a intenção é conseguir isso no primeiro semestre. As composições vão ser bem variadas, mantendo a ideia do EP de não se prender a um estilo. Devo me concentrar prioritariamente na produção do EP e dos clips em 2016. Não sei se vou conseguir fazer todos os clips neste ano, mas é um desafio interessante. As letras da banda têm diversos temas como espiritualidade, autoconhecimento, etc. Quais são as influências na hora de compor as letras da banda e o que espera passar com elas? Todas as letras falam de coisas importantes para mim, da maneira como eu leio o mundo e as pessoas ao meu redor. Algumas letras foram fruto de leituras filosóficas como o “Banquete”, de Platão, mas eu gosto de falar sobre o que estou pensando no momento. Então, ao lado das questões filosóficas por si também coloco histórias que me ocorreram, mas como boa escritora dificilmente as pessoas que inspiraram as letras vão se reconhecer nelas, isso já foi testado. As letras são fruto de meu próprio aprendizado, das experiências que me fizeram amadurecer, são maneiras de curar minhas dores e gritar minha opinião. Mas como faço parte de uma comunidade, somos ligados 77


pela saciedade de nosso tempo, também falo as dores, medos e desejos comuns a muitas pessoas. As músicas que mais amamos são aquelas que falam aquilo que queríamos dizer e não conseguimos. Ser uma cantora é sem dúvida um presente divino, eu posso dizer tudo o que quero, tudo que penso, tudo que sinto. Mas me interessa falar de uma maneira que você se reconheça, se sinta tocado, quero falar com o que há de mais profundo e verdadeiro em você. A música não é sobre mim, mas sobre criar um vínculo com alguém. Essa inspiração vem da emoção que sinto ouvindo Pink Floyd e suas letras tão poéticas e diretas, ou da sensualidade de Whitesnake, muitas músicas me inspiram, antigas e modernas. Eu dou muita atenção a qualidade das letras e sou surpreendida com muitas poesias e as histórias por trás das músicas. Também sou apaixonada por idiomas e como lidamos com a linguagem para expressar que é mais importante. As palavras têm significados profundos e é possível construir metáforas muito ricas quando se tem um diálogo constante com grandes mestres. A cantora Daniele Krauz era conhecida por cantar outros estilos musicais como MPB, Pop e Música Clássica. Como foi a transição de outros estilos para o Metal? Teve alguma dificuldade nessa mudança de estilos? O que essa experiência em estilos diferentes do Metal acrescenta para a cantora? A experiência com estilos diferentes é ótima para enriquecer a técnica e desenvolver a sensibilidade para trabalhar com artistas diferentes. Isso também se mostra na minha criatividade na hora de compor. Tenho uma variedade de opções de temas musicais que fazem a composição vir fácil. Tanto que tenho músicas em vários gêneros, apenas não pre78

tendo gravar todas. Meu foco agora é apenas o metal, é algo que sempre sonhei fazer. Todos os estilos têm seu charme e suas dificuldades, porém a agressividade do metal me faz falta. Cada vez mais eu sinto necessidade de colocar para fora toda a energia que é natural em mim e nenhum lugar melhor que o metal. O metal em todos os seus gêneros permite carregar as composições e interpretação com uma dose de paixão e agressividade que é libertadora. Todo o romantismo e suavidade da MPB são muito bonitos, mas eu já passei dessa fase. Talvez eu já tenha cansado de ser a boa moça (risos). A segurança e técnica que alcancei em tudo que


faço me dão as bases necessárias para mostrar todas as minhas armas no palco. E além disso é uma terapia maravilhosa, cantando metal, dançando, fotografando dentro dessa personagem me sinto mais real. Este talvez seja um momento em minha vida em que minha carreira profissional permite que eu explore mais o meu próprio conhecimento, acumulado com tantas experiências profissionais e emocionais. Recentemente foi anunciado um projeto de aulas de técnicas vocais com a vocalista Daniele Krauz. Quais os objetivos desse projeto? 79

Eu já ofereço aulas presenciais e via Skype, além do vídeo aula no meu canal no YouTube, mas eu queria alcançar um público maior e usar melhor as ferramentas atuais. Resolvi experimentar a oferta de aulas via Whatsapp agregado ao material que já tenho online. Então, centralizei tudo no grupo aberto no Facebook: Técnica Vocal com Dani Krauz. A ideia do projeto é alcançar as pessoas que desejam aprender a cantar ou desenvolver suas habilidades, mas não tem acesso a professores, seja por condições financeiras ou por não haverem profissionais onde moram. Ao lado disso também há a minha vontade de compartilhar os


conhecimentos que adquiro e que podem facilitar a vida tanto dos estudantes quanto dos professores. Assim ofereço a possibilidade de aulas pagas e também a possibilidade de ganhar aulas totalmente gratuitas interagindo em eventos que posto no grupo. Já faz mais de dez anos que trabalho com aulas de técnica vocal tanto para cantores quanto para outros profissionais que precisam da voz para trabalhar. Há muitas pessoas que também tem dificuldade em se comunicar com os professores de canto ou com um fonoaudiólogo dificultando o desenvolvimento do processo de aprendizagem. Eu tenho muita facilidade em reproduzir exercícios e testar variações assim como em reproduzir os erros que os alunos cometem dessa maneira consigo testar primeiro em mim e oferecer uma resposta para as dúvidas que me trazem. O meu canal é bem mais 80

famoso pelas aulas de técnica vocal do que pelos meus videoclipes. Cantar sempre foi a minha vida e eu adoro ensinar. Recebo muitas perguntas no ask.fm e na minha página no Facebook a respeito de problemas vocais. Todas essas dúvidas são um desafio, eu pesquiso e desenvolvo exercícios específicos para cada caso. Em consequência minha própria técnica fica cada vez melhor. Daniele Krauz tem sido comparada com Tarja Turunen. Como lida com essas comparações? Sem dúvida é ótimo ser comparada com uma grande cantora. Não posso negar que ela foi uma enorme influência para os meus primeiros passos. Mas tenho conseguido me distanciar disso. Até porque meus ídolos no metal são homens. Meu sonho é cantar com a quali-


que vai aparecer mais na composição. Minhas composições não são lineares, são uns quebra cabeças. Da mesma forma as músicas não têm necessariamente uma conexão entre si. Inclusive quem encontrou ou categorizou meu estilo foram os ouvintes e críticos. Eu mesma não saberia dizer a que gênero pertenço. Também não é minha intenção me amarrar a um grupo. Claro que é necessário manter alguma coesão entre as músicas para que haja organização, uma identidade, mas não é necessário limitar o espaço criativo. E ainda há mais a colaboração dos músicos que se envolvem com os projetos. Cada músico que grava comigo e os músicos que participaram da banda até agora tem acrescentado seus toques pessoais nos arranjos e solos. Mesmo as composições sendo minhas e tendo a minha marca são também um projeto coletivo. Acredito que tudo isso, tantas influências agregadas, só funciona bem por conta do conhecimento técnico de todos que se envolvem e também do bom gosto musical. dade de um Freddy Mercury, Jorn Lande. Eu tenho necessidade de criar meu próprio estilo, ter a minha marca. Mas as comparações sempre são um parâmetro, uma forma de medir como o público me vê. Quando me comparam com Tarja ou outra cantora que eu admiro ou que é reconhecida fico muito lisonjeada, significa que estou no caminho certo. O instrumental da banda apresenta diversas influências como Prog, melódico e Gothic Metal. A banda possui alguma fórmula na hora de compor? E como fazer para dosar tantos estilos diferentes em suas músicas? Eu sempre gostei de misturar coisas. As composições são todas minhas, então eu brinco muito com meu humor no momento. O que eu estiver ouvindo mais naquele período é o 81

Espaço para considerações finais e agradecimentos Quero agradecer pelo espaço que vocês oferecem, que é de grande importância. E agradecer a todas as pessoas que de alguma forma se envolvem com o desenvolvimento do rock no Brasil. Temos muito a oferecer e é necessário que haja um espaço solidário e acessível para mostrarmos nossa cara. Quero convidar a todos a conhecerem todos os canais de contato com DKrauz. Estamos abertos a críticas, comentários, sugestões, parcerias. Site | Facebook | Daniele Krauz fan page | YouTube | Perguntas para Daniele Krauz | YouTube Daniele Krauz. Contatos: danielekrauz@gmail.com | contato@dkrauz.com


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Carmine Rubicco

Por favor, se apresentem para nossos leitores. Olá pessoal, nós somos o Embrace of Disharmony, uma banda de metal Progressivo de Roma, Itália. É um prazer estar aqui na Rock Meeting! Gloria é a responsável pelos vocais femininos. Matteo é o guitarrista e o responsável pelos vocais masculinos. Leonardo é o baixista e Emiliano nosso baterista. Emiliano e Matteo são parceiros também na banda “Noumeno”. Nós lançamos nosso primeiro álbum “Humananke” em 2014 pela gravadora italiana “My Kingdom Music”. Conte-nos o significado de “Humananke” e o conceito por trás do álbum. Não é exatamente um álbum conceitual, mas todas as músicas estão conectadas por um tema principal que representa a relação entre o homem e seu próprio destino de maneira geral e também literatura clássica e novelas. O título deste álbum vem da mistura de duas palavras: “human” e “Ananke”, que é a personificação do Destino na antiga mitologia Grega. “Humananke” é seu primeiro álbum e nós podemos ver que há muitos convidados famosos. Como foi seu contato com eles e por que a colaboração deles com vocês foi importante? Entrar em contato com nossos convidados foi demasiadamente simples. Todos foram extremamente corretos e profissionais. Nós achamos que seria sensacional se nosso álbum de estreia contasse com o talento de músicos re-



conhecidos. E nós escolhemos entrar em contato com aqueles que mais admiramos: Rafael Bittencourt do Angra, Kobi Fahri do Orphaned Land, Mike LePond do Symphony X e Gabriele Caselli do Eldritch. A resposta positiva deles foi muito importante e motivadora para nós. Como tem sido a reação da imprensa e dos fãs ao redor do mundo com “Humananke”? Falando de maneira geral, nós tivemos boas resenhas dos zines e dos sites de muitos países diferentes e nós vendemos mais discos que esperávamos. Então, nós estamos definitivamente felizes sobre como as coisas estão acontecendo para nós. Vocês definem sua sonoridade como “Metal Progressivo Vanguardista”. Quais são os elementos que vocês utilizam que os distingue das outras bandas para chamar essa sonoridade de “vanguardista”? Bom, a maneira que nós abordamos os arranjos vocais é muito peculiar. Na maioria das vezes as partes vocais incluem duas vozes cantando diferentes melodias ao mesmo tempo, criando uma textura complexa. Nós achamos este estilo muito original e ainda não encontramos outras bandas que fazem um tratamento similar. Além disto, a maneira que nós misturamos elementos do progressivo com metal extremo, passagens com influência de Black Metal e passagens sombrias é outro destaque original. Como é o processo composição da banda? O processo composicional é feito majoritariamente pelo nosso guitarrista Matteo em sua casa. Os outros membros contribuem com os arranjos finais de suas próprias partes durante 86


os ensaios. As letras são escritas por Matteo e a cantora Gloria. Como é a cena metálica italiana? Há espaço para as bandas tocarem? Como o público reage as bandas de seu próprio país? Infelizmente o Heavy Metal não é o estilo de música mais popular na Itália, e mesmo bandas que possuem grande destaque internacional tocam ao vivo em espaços pequenos. Mesmo assim temos um grande número de bandas por aqui, a cena underground encontra problemas similares e planejar um bom show ao vivo não é nada simples, mesmo em grandes cidades como Roma. Nós tivemos a chance de tocar tanto em eventos pequenos como banda de abertura para bandas maiores, e mesmo assim esses eventos não ocorreram de maneira suave. A reação do público italiano varia muito de banda para banda, realmente depende de quem está no palco e pode variar entre total entusiasmo até extrema decepção. Nós escutamos muitas passagens orquestrais e atmosferas de teclado, mas vocês não possuem um tecladista em sua formação e ao vivo usa samplers. Por que vocês optaram por usar samplers ao invés de ter um tecladista? Nós tivemos tantas mudanças de formação que nós poderíamos escrever uma novela (risos). Nós tocamos com vários tecladistas diferentes no passado, mas todos deixaram a banda por motivos diferentes. Como nossa demanda se tornou cada vez maior, tantos em termos de habilidade quanto de motivação, nós decidimos optar por essa solução que, com certeza, diminui a presença de palco da banda. No momento não estamos procurando por tecladista, apesar de que surgisse a pessoa certa nós com 87


certeza ficaríamos felizes. Como vocês enxergam a indústria da música nos dias de hoje? Há esperança para novos artistas e músicos fazerem uma carreira sustentável com suas próprias gravações ou isso é uma glória apenas para artistas do passado? Independentemente de qualquer estilo, o cenário musical está saturado e devido a isto as pessoas, de maneira geral, gastam pouco dinheiro com música. Ainda é possível começar uma carreira e conseguir viver através da venda de sua música, mas isso vai demandar mui88

tos anos de dedicação total e um investimento enorme de dinheiro com probabilidades pequenas de sucesso. Também, desconsiderando conseguir viver de sua música, o sucesso de grandes nomes dos últimos 50 anos também estará fora de alcance para futuros artistas. O que vocês sabem sobre a cena brasileira? Poderiam citar nomes que vocês conhecem? Bom, com certeza todos conhecem o Angra e o Sepultura. Como dissemos anteriormente, tivemos a honra da presença do Rafael Bittencourt em nosso álbum. Nós conhecemos


outras bandas brasileiras, especialmente nosso baterista Emiliano. Podemos citar Almah, Aquaria, Soulfly, Cavalera Conspiracy, Ratos de Porão, Karma, Freakeys e Hangar. Nós tivemos a honra de abrir o show do Edu Falaschi em Roma no ano passado. Top 5. O que vocês têm escutado recentemente? Cite 5 bandas e fale um pouco sobre elas. As mais importantes tem sido Winds, uma banda de metal progressivo muito foda e Dodheimsgard, uma loucura experimentalista de Black Metal com música eletrônica. Nós tam89

bém temos escutado os últimos álbuns de Leprous, Broknagar e a banda italiana de death metal sinfônico Fleshgod Apocalypse. Para terminar, quais são os planos da banda para 2016? Eu lhes desejo todo sucesso e espero os vê-los no Brasil. 2016 será a maior parte dedicado ao novo álbum. As composições estão quase prontas, mas o processo é lento e muitas fases longas ainda se sucederão. Nós planejamos o lançar em 2017. Muito obrigado mais uma vez!


Por Maicon Leite

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ma boa parcela dos fãs de Heavy Metal aprendeu a absorver o gosto por História devido aos diversos lançamentos que, de uma forma ou outra, traziam (e ainda trazem!) autênticas viagens através dos tempos, falando sobre batalhas, povos e culturas antigos que se casam perfeitamente ao som de guitarras distorcidas. O Running Wild é conhecido pela temática voltada aos piratas, forjando diversos clássicos sobre o tema ao longo de mais de 30 anos de carreira. Mas, nem só de pirataria Rock ‘n’ Roll vive. Lançado em 1989, o disco “Death or 90

Glory” traz a música ”Battle of Waterloo”, um épico de quase oito minutos que narra a famosa batalha onde Napoleão e o Duque de Wellington transformam os campos verdes em verdadeiros atoleiros de sangue. O clima épico da faixa nos transporta imediatamente para aqueles sangrentos meses de 1814! As gaitas de fole da introdução e a batida dos tambores serviriam como trilha sonora para a batalha, assim, é claro, como a música em si. Embora a música dos alemães não tenha nada a ver com o livro de Bernard Cornwell, já que foram lançados com décadas de


diferença, é interessante abordar este tipo de assunto, tão decorrente no meio Heavy Metal. É interessante o enfoque dado pelo Rock ‘n’ Roll ao verdadeiro perdedor desta guerra: os soldados! Confiram este trecho da música: “As guardas francesas caem uma a uma / Mas Napoleão se foi / Você sabe quem está pagando o preço? / O pequeno soldado, ele está perdido”. O “pequeno soldado”, aquele que é obrigado a dar a vida por seus generais, é o que mais sofreu, enquanto seus superiores, se ainda vivos, gozarão de todo o prestígio e fortuna. Alguém precisa fazer o trabalho sujo, 91

não é mesmo? Anos depois Rock ‘n’ Roll abordou outra batalha, a de “Little Big Horn”, ocorrida nos EUA em junho de 1876, no ano do Centenário da Independência do país, onde os índios Sioux e Cheyennes aniquilaram um destacamento da cavalaria norte-americana comandada pelo General Custer. Nas linhas a seguir, os leitores poderão conferir a resenha do livro “Waterloo”, de Bernard Cornwell, que retrata fielmente e com os mínimos detalhes todos os acontecimentos da decisiva Batalha de Waterloo!


Bernard Cornwell Waterloo 364 páginas – Tradução: Bruno Casotti Editora Record Bernard Cornwell, hoje com 72 anos, pode ser considerado como um dos maiores escritores da atualidade, e não é pra menos. Suas obras, de grande sucesso, não conquistaram os leitores apenas pela sua habilidade com as palavras, mas também pelo grande enfoque na história mundial, sobretudo voltado à Idade Média ou temas de caráter épico. No entanto, embora suas obras sempre envolvam 92

fatos reais em meio à fantasia, em “Waterloo” Bernard se dedica a desvendar cada detalhe ocorrido na histórica e decisiva Batalha de Waterloo, estreando assim na área de não ficção com a mesma desenvoltura que escreve suas ficções. Lançado recentemente no Brasil pela Editora Record, “Waterloo” é um verdadeiro achado! Para historiadores ou curiosos em geral, o livro aborda de forma fantástica a Batalha que colocou Napoleão Bonaparte de volta ao páreo, após ter sido exilado na Ilha de Elba. Em sua pesquisa, Cornwell dissecou inúmeras cartas e diários não só de Napoleão, mas também de Duque de Wellington, conhecido como


“o conquistador do conquistador”, e de soldados e oficiais, resgatando assim importantes registros do dia a dia dos envolvidos. “Waterloo” narra de forma minuciosa à saída do imperador da Ilha de Elba, sua tomada ao poder e todos os eventos que se sucederam ao fatídico mês de junho de 1814 no território belga. Iniciada no dia 15 de junho, a batalha reuniu forças francesas, russas, prussianas, britânicas, alemãs e austríacas. Os numerosos exércitos, tanto de Napoleão quanto de Wellington, tiveram seu enfrentamento final em 18 de junho, quando Wellington recebeu o apoio de 45 mil soldados do exército prussiano. No livro, todos os detalhes da batalha 93

são contados com precisão e envoltos numa dramaticidade envolvente, como de praxe em qualquer livro do escritor britânico. É possível se imaginar no campo de batalha arquitetando cada passo ao lado de Napoleão ou Wellington de forma vívida. Quem já conhece o trabalho de Bernard Cornwell não ficará surpreso com a qualidade encontrada aqui, e quem porventura ainda não leu nenhuma obra do escritor, “Waterloo” pode ser uma boa pedida para iniciar esta aproximação com sua fantástica coleção. Para comprar: http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=28763


Apresente-se! Olá, me chamo Maicon Ristow, tenho 29 anos, sou tatuador e músico. Gaúcho, apaixonado por música, cinema, churrasco, cerveja, filosofia, viajar. Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? No começo era um cara encantado e despretensioso descobrindo o mundo do Rock/ Metal. Como toda criança empolgada com o brinquedo novo, queria aprender e me aprofundar cada vez mais, e foi o que fiz. Hoje sou um cara com a mesma empolgação e despretensão do começo, mas com menos dúvidas e mais experiência. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Nunca fui muito sonhador, acho que dos poucos sonhos que tive realizei quase todos. Mas musicalmente me falta um: trabalhar com trilhas para filmes. E pessoalmente tenho um grande e platônico sonho de infância: escalar o Everest. Do que você tem medo? De desperdiçar a vida. Medo de seguir a manada e acordar um dia e perceber que sou só mais um figurante na vida. Medo de jogar a vida fora seguindo o que mandam as cartilhas de felicidade. É difícil, mas tento fugir disso. O que costuma fazer quando não está envolvido com a banda? Meu hobby principal é a música, horas diárias com guitarra no colo, escuto muitos álbuns, assisto shows e vou a muitos festivais. Fora da música sou tatuador, o que me toma boa parte do dia. Outra coisa que me toma muito tempo é a paixão pelo cinema, assisto 94

muitos filmes. Quando era criança o que você dizia que iria ser? Sinceramente, não lembro. Mas provavelmente jogador de futebol. Qual foi a sua maior realização pessoal? Não tenho uma grande realização em especial, gosto das pequenas coisas. Satisfação artística, aquele orgulho de autor pela obra. Me satisfaz muito construir ou conquistar algo, mesmo que seja pequeno, uma música, uma tatuagem, um desenho, um texto, uma viagem. Mesmo que ninguém veja ou dê importância, ver finalizado algo que eu construí sozinho é o meu maior prazer. Qual foi o seu pior momento? Acho que foi a fase de transição de jovem para adulto, aquela rebeldia de quem descobre que o mundo não vai corresponder as suas expectativas e ter que aceitar que eu devo me adaptar ao mundo, e não o mundo a mim. Qual cd você gostaria de ter feito? Fale sobre ele. Yngwie Malmsteen - Rising Force (1984). Para mim este álbum é a “Nona Sinfonia” da guitarra. O que te motiva? A paixão pelas coisas que gosto, o entusiasmo que falei na questão 2 e a satisfação que descrevi na questão 7. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Sim. Por várias vezes e vários motivos desisti de ser “músico”, estar ativo, com banda, en-


Fotos: Janaina Perotti

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saiando, gravando, fazendo shows... Mas nunca desisti da música em si, compor é um vício. Qual são as 5 bandas que você mais gosta? Listar bandas e álbuns preferidos é sempre difícil, são tantas bandas e estilos, mas vou evitar os clássicos populares e tentar escolher aquelas que de alguma forma foram especiais para mim. - Empyrium (1997) - Songs of Moors & Misty Fields. Esse álbum mudou tudo para mim dentro do metal, me deu outro ponto de vista. Nele aprendi que o Metal poderia ser bem mais que música para bater cabeça. É um álbum melancólico, com melodias lindas, sonoridade orgânica e com letras poéticas tão profundas quanto as músicas. É um álbum para ouvir sozinho. - Dissection (1995) - Storm of the Light’s Bane. Outra banda que foi amor a primeira ouvida e que mudou minha visão para sempre. Ríspido e áspero e ao mesmo tempo melódico, com letras que abordam ocultismo de uma forma séria e interessante, e não caricata como é de praxe no Black Metal. Tudo feito na medida certa! Impossível ouvir sem bater cabeça. - Bathory (1996) - Blood On Ice. Bathory dispensa maiores apresentações. Não é o álbum mais aclamado pelos fãs, mas foi o que mais me marcou. Músicas muito simples, orgânicas e ainda assim são hinos épicos, com refrões de arrepiar, como nas clássicas “The Lake” e “ The Woodwoman”. Talvez o álbum mais viking de toda a discografia, as letras são lindas e não infantis como na maioria das bandas que abordam esse tema. - Opeth (1995) - Orchid. Fiquei encantado com o trabalho das guitarras. Metal pesado, e ao mesmo tempo com melodia e muita musicalidade. Este foi um dos álbuns que mais me inspirou a tocar guitarra, ter banda e compor. - Anathema (1995) - The Silent Enigma. É uma das minhas bandas preferidas em todas suas fases, mudou radicalmente com o tempo, mas consigo entender a sua evolução, e é mui-

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to legal ver como o amadurecimento dos integrantes com o tempo foi refletindo na música. Este álbum não é o mais aclamado, nem o meu preferido deles, mas com certeza foi o que mais me marcou, músicas como “Restless Oblivion” e “Dying Wish” se tornaram hinos para mim. A banda está trabalhando na divulgação do primeiro álbum, “Autumnal Introspections”. O que podemos esperar para os próximos meses? Ainda no primeiro semestre de 2016 lançaremos um novo material, algo menor e em formato digital, que servirá de adendo para o “Autumnal Introspections”. Retornamos a rotina de ensaios com uma nova formação que será anunciada em breve, e também estamos discutindo a possibilidade de fazer alguns shows a partir do segundo semestre. Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Desistir da música não é uma opção, como falei anteriormente, desistir de bandas é normal, mas desistir da música seria como desistir de uma parte de mim. É bem mais do que um hobby, é algo que preciso, é uma fuga do mundo real, é o meu anestésico para os males da vida. Existe algum tipo de ritual antes de subir ao palco? Cerveja! hehehe Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Solfejar enquanto toco guitarra. Deve ser algo muito irritante pra quem está por perto!

ordsAtHymns autumnal-introspections

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Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Muitíssimo obrigado Rock Meeting pela oportunidade de trocar essa ideia com vocês! E convido a todos para conhecer nosso novo trabalho “Autumnal Introspections”, espero que gostem! Forte abraço!



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