Rock Meeting Nº 75

Page 1



EDITORIAL

Retrospectiva D

ezembro chegou. Tá na hora de pegar o bloquinho de notas e analisar o que foi feito e o que deixou de fazer. Todo final de ano é assim. Revisar os planos e renovar os sonhos. “No ano que vem...” No ano que vem muita coisa pode acontecer. O autor de cada história está em nós mesmos. Não adianta proliferar para o mundo o que pretende fazer se não sai do campo das ideias. Vamos colocar tudo em perspectiva? Qual? A de cumprir promessas já é um bom começo. Você que quis finalizar aquele cd, aproveite o momento. Começar uma nova banda? Por que não? Mudar o rumo da sua história, que tal? Há tempo para tudo, meus amigos. Não esqueçam disso! E parem de ficar jogando a culpa no tempo, pois o tempo quem faz é você. Só está direcionando as forças para um projeto que, talvez, não vá para frente. Observe direitinho! Seria interessante pontuar muitos planos, mas para quê? O momento é canalizar as forças para recomeçar, afinal, 2016 bate à porta e não espera por ninguém. Se você está preparado, tudo bem. Se não, trate logo de ajustar o rumo e seguir. Que venha 2016. Muita coisa boa está por vir. Acredite!


TABLE OF CONTENTS 07 - News - World Metal 10 - Lapada - A Atitude Metal 16 - Entrevista - Individual 24 - Entrevista - Dancing Flame 32 - Capa - Hellcifest 40 - Live - Death Crusher Tour 50 - Entrevista - Addicted To Pain 58 - Entrevista - Exorddium 64 - Perfil RM - Mario Pastore (Heaviest) 68 - Top 5 - Os melhores de 2015 72 - HC - Hardocore Meeting


Direção Geral Pei Fon Revisão Flávia Farias Luana Martina Teresa Cristina Capa Alcides Burn

Colaboradores Alex Chagas Jonathas Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite Thiago Rahal CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net



Foto: Júlio Abbud

Novo álbum

O trio Ministério da Discórdia já está em estúdio gravando o sucessor de seu debut autointitulado. A banda alterna entre os estúdios Audio Fusion Bureau e Studio Latitude para compor, preparar e registrar as novas músicas que farão parte do vindouro álbum. A banda comenta: “A atual crise no Brasil nos incentiva a criar canções que levem à uma urgente crítica ao sistema vigente. Precisamos renovar nossas manifestações de repúdio aos que tentam nos escravizar e iludir. Malditos Sejam. Já iniciamos os trabalhos para mais um álbum com mais Discórdia!”. Quem se interessar pode também comprar a versão física do disco. Para isso basta entrar em contato com o grupo por e-mail (ministeriodadiscordia@gmail.com) ou Facebook. Foto: Paula Linhares

Novo line-up

Novo single

A jovem promessa do Metal nacional, Maverick, está com um time novo. A banda anuncia a entrada de um novo guitarrista no lugar de Caio Henrique. Para seu lugar foi convidado o músico César Perdão, ex-guitarrista de bandas como Mozzy e Terrorbound. César já está integrado ao grupo e segue nos shows de promoção do recém-lançado álbum. Conheça a banda - Facebook.

Recentemente o Lords of Aesir anunciou que está compondo um novo single e nos apresentou os primeiros detalhes, agora a banda nos apresenta o título do single.O trabalho foi batizado de ‘Future’ e musicalmente podemos esperar que o grupo, uma das revelações do Symphonic Metal, novamente nos brinde com sua música ao mesmo tempo complexa, erudita e pesada, muito pesada.

07


novo trabalho

Nova banda

A banda Necrohunter está atualmente em estúdio registrando o seu novo trabalho de inéditas. Trata-se de um EP intitulado “Damnation”, que será lançado na Europa exclusivamente em vinil. O material contará com quatro faixas inéditas e será disponibilizado pela Your Poison Records, com distribuição em todo velho mundo. Para informações da banda, acesse a página oficial no Facebook.

A nova banda do baixista Bruno Ladislau, Brand New End, confirmou o lançamento da sua página oficial no Soundcloud. O recém-formado grupo lançou também o seu primeiro single homônimo para audição, no seu canal oficial no YouTube. Em paralelo, Bruno Ladislau continua suas atividades ao lado de Andre Matos, além das suas aulas particulares e workshops.

Stardust Reverie

Foto: Paula Mordente

O vocalista Edu Falaschi foi recentemente confirmado no segundo álbum do projeto europeu Stardust Reverie, intitulado “Proclamation of Shadows” e que reúne alguns dos principais nomes do cenário do Heavy/Rock mundial. Além do brasileiro, o cast do projeto contará com vários músicos renomados, tais como Doogie White, Bill Hudson, Zak Stevens, Graham Bonnet, entre outros. Edu Falaschi registrou sua participação na música “Resemblance”, cuja concepção está baseada no livro clássico “Wuthering Heights”, da premiada autora Emily Bronte.Stardust Reverie é um projeto internacional produzido pelo músico e compositor espanhol Victor Banner. O álbum “Proclamation of Shadows” já foi lançado e pode ser adquirido através do site do projeto, clique AQUI. 08


Locked Forever

Foto: Renato Souza

Com seu novo ‘Locked Forever’, o Distraught trilhou um caminho muito mais pesado, não apenas musicalmente, mas também liricamente. Para quem é fã do grupo gaúcho e acompanha seu trabalho, que completa 25 anos, sabe que a banda sempre tocou direto nas feridas da personalidade humana, mostrando um pouco do que o humano é capaz de fazer. Agora em seu sexto disco de estúdio, o grupou mergulhou em muita pesquisa para nos mostrar um pouco de como era (ou ainda é?) dentro dos hospitais psiquiátricos e instituições que cerceiam a liberdade do indivíduo. A base de toda a temática lírica é o livro Holocausto Brasileiro que conta sobre o hospital psiquiátrico Colônia, da cidade de Barbacena, Minas Gerais. Para se ter uma ideia, mais de 60.000 morreram em seus corredores. “Locked Forever” já está disponível, compre on-line AQUI.

“Saints And Sinners”

“For All Kings”

A banda paulistana Freaky Jelly, revelação do Metal Progressivo, tem orgulho em divulgar para os fãs a nova música “Saints And Sinners”. A música é a terceira divulgada do primeiro álbum, que segue em processo acelerado de composição, produção e gravação. Diferente das músicas anteriores, onde a vertente progressiva estava mais na frente, a banda apresenta uma sonoridade mais crua, pesada, agressiva, e escura. Conheça a banda por meio de sua página official no Facebook.

O novo álbum do Anthrax já tem nome e data de lançamento. “For All Kings” será lançado no dia 26 de fevereiro de 2016 pela Nuclear Blast. A versão de luxo virá com quatro faixas ao vivo. Para quem já quiser adquirir o álbum, a pré-venda já iniciou e você pode conferir AQUI. “For All Kings” é o 14º álbum dos caras e vem para substituir “Worship Music” de 2011. Para você que não aguenta esperar, confira uma das primeiras músicas do novo trabalho. Ouça “Evil Twin” AQUI.

09


Manowar

Bem. Há tempos eu ando querendo dar uns sopapos e desconstruir um dos maiores mitos dentro do Metal. Essa palhaçada que muitos patetas usam como distintivo para se proteger: a chamada “atitude Metal”. No fundo, ela é uma mistura de tanta tosqueira romantizada por um bando de patetas que chega a dar nojo. Só que para adolescentes e pessoas que se sentem mal, em algum momento da vida, pode fazer algum sentido e ser uma injeção de auto-estima. Creio que ela nasceu de uma mistura do que o Manowar dizia em suas letras, com uma imitação barata e burra da atitude da cena Punk (que tanto influenciou o Metal underground dos anos 80, e que perdura até os dias de hoje). Vejamos algumas distorções nascidas da “atitude Metal”. Um dos mais comuns: um amor pelo Metal sem fim. Isso nasceu lá no início dos anos 80, e teve a sua importância, pois como a minha geração (sim, eu já estou nessa vida desde aqueles dias) era de jovens entre 13 e 16 anos, todos filhos de famílias conservadoras

10

e que viveram sob o regime militar. Éramos zoados e perseguidos, muitas vezes dentro de casa. Logo, nada melhor que ter orgulho de ouvir este estilo. Sim, nisso eu não discordo. Mas como algumas pessoas não tinham a mínima medida, começou a perseguição. A maioria dos bangers se recusavam veementemente a ouvir outros estilos musicais. Mesmo o Hard Glam da Califórnia era mal visto ou espinafrado pelos fãs de Metal (imaginem um bando de moleques insultando bandas como Kiss e Van Halen... Parece ridículo, mas é


fato). Por que disso? O Metal tinha que ser o melhor estilo. Agora, parem para analisar. Se falamos em técnica, nem por um decreto o Metal o seria. Depois que se conhece Jazz, Blues e Rock Progressivo, a “atitude” caiu de cara no chão. Além disso, nenhum desses estilos é mais comercialmente rentável que o Metal. “Ah, mas é meu gosto!”, grita o true boboca, e a resposta é simples: como você quer usar seu gosto para moldar uma regra? Você

11

é bem infantil, hein, cara? Outra: a maldita mania de usar roupas pretas. Sério, um sujeito vive nos países da Europa ou em regiões frias do EUA. Para ele é molezinha usar roupas pesadas, até precisa para aguentar as baixas temperaturas do inverno nessas regiões. Agora, no Brasil, querer usar calças, camisas e outros acessórios no clima quente daqui? Eu já tive esta experiência em Natal (RN), no início de outubro de 2014. Estava em


Robert Johnson

um congresso, e por um erro meu, estava de camisa preta, e voltei do local onde ocorria o evento (a universidade federal da cidade, que fica próximo da Arena das Dunas) até o meu hotel, que ficava em Tirol. Um sol do meio da tarde, e eu quis voltar andando para o meu hotel para conhecer os caminhos da cidade. A camisa do Ratos de Porão estava ensopada ao chegar. Erro meu em voltar a pé, erro meu em usar preto em uma cidade tão quente. Erros, e não atitude. Ainda bem que não tive uma insolação ou desidratação por isso! Aliás, Anthrax, Slayer e outras bandas não se enquadram neste modelo. Nem o próprio Black Sabbath, a menos que vocês achem

12

que jaquetas de franjas, roupas com cores berrantes ou outros são dignas do Metal (vejam uns vídeos antigos da banda no Youtube e se surpreendam). Outro é a ampla divulgação do “sex, drinks and Metal”, surrupiado de uma música do Sarcófago. Ou seja, sexo sem compromisso (já pensaram no número de crianças indesejadas vindas disso, ou mesmo de abortos ilegais, ou DSTs, ou pior ainda: AIDS?), beber como um corno, e tudo para ser fã de Metal? Me expliquem a lógica disso? Busco entender, e só vejo como a mania de afundar na putaria devido a falta de forças para reagir


e vencer. Outra: Metal e religião. Ando bem cansado de “capetismos” ateístas, e perseguição a quem tem alguma religião dentro do cenário. PUTA QUE PARIUUUUUUUUUUUUUUUUUUU! Já falei nisso antes (veja em qual edição da Rock Meeting foi, pois não vou facilitar sua vida), mas parece que a burrice é algo constante no Metal underground por aqui! Já vi tantos trechos de entrevistas, documentários e outros com tanta explicação burra e que carece de qualquer fundo filosófico que suporte esta tese. Não há nada!

13

“A igreja perseguiu o Metal” é um argumento. Sim, é fato, mas ao mesmo tempo, a igreja católica é a maior mantenedora de obras de caridade pelo mundo. E isso enquanto você se afunda em “sex, drinks and Metal” e não faz nada por ninguém. O Metal é o escudo da sua preguiça ou falta de solidariedade. Aliás, essa visão errada das igrejas anda mudando muito. “O Metal veio do Blues, uma música de renegados” é outro. Sempre dou risadas desse aqui, pois só o Blues de t para justificá-los. Um ponto no espaço vazio não forma uma lei, caso não saiba. Aliás, significa menos que nada.


Cradle of Filth

Novamente: o Metal vem do Rock, que é a música de uma geração oprimida e com vontade de viver (conservadorismo nos EUA, caça às bruxas do socialismo, período do pós guerra e Guerra Fria). O Rock tem influência do Blues e da Música Gospel americana. Ou seja, se preferir assim, deus e o diabo estão no Rock desde que ele começou. E mais uma vez: não quer acreditar? Ótimo. Quer acreditar? Ótimo. Só não façam o Metal de desculpas, e nem falem tosqueiras como já cansei de ver por aí. Destes, o silêncio é um presente para o mundo. A última: já viram a quantidade de bandas que são julgadas “verdadeiras” ou “falsas”

14

conforme os trues? Exemplos: Behemoth não é mais uma banda “real” porque Nergal tirou foto com o padre Boniecki, mesmo que o referido sacerdote tenha defendido o Nergal e se ferrado por isso. Para true burro, gratidão e respeito não são virtudes... O Metal tem que justificar a falta de educação familiar do sujeito. Dimmu Borgir e Cradle of Filth também não o são por venderem muitas cópias de seus discos. Me perdoem, mas quando uma banda insulta o trabalho de outra, dizendo que ela não é “real”, me cheira a dor de cotovelo aguda. Por não conseguir fazer um trabalho tão bom, por não chegar perto da criativida-


Dimmu Borgir

de destes, e mesmo, por não vender a mesma quantidade de discos e poder viver de sua música. Sei que existem bandas que realmente preferem não fazer este estilo de som das bandas acima, preferindo outra abordagem. Sem citar nomes, em uma ótima conversa com um grande amigo, músico de Metal extremo, falamos sobre isso abertamente, e o final foi um belo entendimento mútuo. Por que não pode ser assim sempre? Aliás, para ser sincero, ele é bem centrado no que quer fazer, e não no que os outros estão fazendo, goste ele da banda ou não. E ele é fã de Black Metal. O Metal como estilo de vida, defendi-

15

do por muitos, é algo ambíguo, até meio sem nexo. Me baseio em um único pensamento para dizer isso: quais as verdadeiras características desse estilo de vida? No fundo, creio que tanto truísmo imbecil e sem nexo nasce de um dos piores problemas da atual sociedade brasileira: a falta de educação, tanto no sentido escolar (ensino e cultura) quanto no familiar (onde se aprende a ter limites). Se quer realmente ter uma atitude em prol do Metal, vá aos shows, compre os discos das bandas, leia zines e sites, e apóie sua cena local e nacional. Sem mimimi e sem intrigas, apenas apóie em silêncio aquilo que gosta.


16


17


Por Raphael Arízio Fotos: Divulgação

Apesar de ser uma banda nova, o Individual vem colhendo frutos do lançamento de seu primeiro E.P “Worst Case Scenario”. Vamos ver o que a banda tem a nos dizer sobre os frutos desse lançamento e também sobre seus planos para o futuro, além de saber um pouco mais sobre o resultado final de seu disco. Leia agora a entrevista feita com o baixista Carlos Deloss. Como tem sido a repercussão do E.P “Worst Case Scenario”? Está dentro das expectativas da banda? A repercussão está sendo ótima. É muito bom ver as reações das pessoas em relação ao nosso trabalho. Ainda mais com as resenhas que têm saído, pois é bem legal ver como cada um interpreta as músicas. Na verdade, ultrapassou nossas expectativas, pois sabemos como é difícil divulgar e se destacar nesse mercado. O E.P foi produzido pelo produtor e guitarrista Rafael Lopes. O que ele acrescentou ao som da banda e como vocês avaliam sua participação do resultado final? O Rafael conseguiu extrair o melhor da banda durante o processo de gravação, devido a experiência que tem como guitarrista e produtor. E como o death metal é um estilo que ele conhece bem, foi determinante na qualidade do E.P. O fato de ele ser guitarrista foi muito bom porque a comunicação era objetiva e um cuidado a mais com as guitarras foi inevitável. O E.P apresenta um belo trabalho gráfico feito pelo renomado artista Gustavo Sazes. Qual a mensagem que a banda 18

gostaria de passar com a arte da capa e como feito o trabalho em conjunto com Gustavo? Queríamos representar as músicas e toda a ideia do “Worst Case Scenario”. Passamos as músicas, as letras e o deixamos livre para criar. Tínhamos total confiança no trabalho dele e quando nos apresentou a capa foi sensacional ver a síntese do nosso som. E nas palavras dele mesmo “a ideia básica tem a ver com os nomes das músicas e a sensação que teve lendo-as... Então o visual mostra essa degeneração da humanidade, ainda na gestação”.


A faixa título se destaca entre as demais com ótimos riffs e passagens bem agressivas e técnicas. Seria essa a música de mais destaque da banda perante o público? Quais estão se destacando mais ao vivo? Quando você começa a gravar e ver tudo aquilo que você tinha mente se conectando e tomando forma é um momento em que as músicas ganham vida própria. Você acaba se surpreendendo na maioria das vezes. E essa música, desde o começo, se destacou pela sonoridade, peso e a composição em si. Ela carrega o nome 19

do E.P., sendo assim, já tem o destaque. Mas as pessoas ficam divididas entre “Every Men for Himself” e a “This Synthetic Joy” que são muito bem recebidas ao vivo. A faixa “Blindfold” se mostra diferente das demais com passagens mais melódicas e trabalhadas. Quais as influências da banda para fazer uma faixa dessas? As nossas influências são bem variadas. Vai desde brutal death metal até o Jazz. Isso contribui para diversificar os elementos e fugir de certas fórmulas que já estão saturadas.


Mas a “Blindfold” é fruto de vários anos ouvindo bandas como Cynic,Death, Hypocrisy, por exemplo. O Hypocrisy é mestre em fazer músicas pesadas e cheias de melodia. É uma coisa que sempre buscamos peso e melodia. A “Blindfold” foi nossa primeira composição, costumo dizer que ela é a nossa ‘balada’. Em “Dissonant Affliction” pode-se perceber grandes influências de Death no seu som com riffs e passagens bem trabalhadas e até certo ponto progressivas. Chuck Schuldiner exerce grande influência no Individual? Com certeza! Chuck foi um compositor que sempre esteve na vanguarda e quebrou os paradigmas do estilo. Na parte lírica também. Se você pega as letras do Death do “Spiritual” para frente, você pode perceber a diferença na temática e o amadurecimento musical que ele alcançou. É um cara que eu admiro demais e o dono de umas das minhas bandas favoritas, e me influência até hoje. Quais são os planos da banda para 2016? Pretendemos continuar com a divulgação do E.P. com shows pelo território nacional e já estamos trabalhando em músicas novas para o nosso full-lenght, que devemos começar a gravar no segundo semestre de 2016. As letras da banda retratam temas de cunho humano e autobiográfico. Os acontecimentos do mundo são um prato cheio para as composições? Como é o processo de escrita e de onde vem a escolha da temática? O processo de composição começa com a elaboração dos riffs, melodias e a estruturação. Com a estrutura pronta começamos a fazer testes de que possam funcionar, sempre expe20


21


rimentando ao máximo. Uma vez que a música está pronta, começo a pensar na letra e em como ela pode ser encaixada. Além do Chuck, outro cara que me influência na parte lírica, Warrel Dane (Nevermore). As letras do Nevermore são um espetáculo à parte. Gosto de pegar um tema comum que eu me identifique, para soar verdadeiro e forte. E inspiração não falta. Tudo ao meu redor serve de inspiração. E como você mesmo disse, com a nova era de desgraça, fica até difícil escolher um tema com tantas coisas abomináveis acontecendo. E o título do nosso trabalho engloba tudo isso. O Individual é uma banda relativamente nova, mas que vem colhendo bons fru22

tos. O que a banda destacaria das conquistas alcançadas nesse pouco espaço de tempo? E quais bandas gostariam de excursionar no futuro? Gostaríamos de destacar as ótimas críticas recebidas pela mídia especializada e aos músicos de outras bandas que admiramos. Existem várias bandas que gostaríamos de tocar juntos, mas poderíamos destacar o Morbid Angel, Suffocation, Gojira e o Atheist. Espaço para considerações finais e agradecimentos Queríamos agradecer a Rock Meeting pelo espaço concedido e a todas as pessoas que estão nos apoiando.



24


25


Por Marcos “Big Daddy” Garcia Fotos: João Marcos

O

quinteto Dancing Flame, de Volta Redonda (RJ), já dispensa maiores apresentações. Refrões marcantes, melodias simples e bem feitas, tudo na medida. Transitam entre o Hard Rock clássico e o Metal tradicional. Com dois discos lançados, mais de 13 anos de carreira, shows e mais shows, o grupo chegou e meteu o pé na porta com “Carnival of Flames”, de 2013. Um disco que mostra como se pode fazer algo com qualidade e personalidade ímpares. E lá fomos nós bater um papo com Emerson Mello (guitarrista) para saber do passado, presente e futuro da banda. Primeiramente, quero agradecer demais pela oportunidade desta entrevista. A primeira é bem simples: como foi que a banda surgiu? Como surgiu o nome Dancing Flame e de que maneira ele se encaixa em sua proposta musical? Nós agradecemos pela oportunidade de poder falar da banda e do nosso trabalho! Dancing Flame surgiu de uma antiga banda em que eu tocava e acabou sendo desfeita e três dos remanescentes resolveram continuar. O projeto foi crescendo e ficando mais sério. Gravamos duas demos e depois partimos para o primeiro cd. O nome da banda tem ligação com o fogo. Chama que tem tudo haver com o rock. Algo como uma chama dançante, sempre em atividade. Sem contar que na parte gráfica e visual, há muita coisa a se explorar quando se fala em fogo. 26

Vocês já têm um longo tempo na estrada. Estão na luta desde a primeira metade dos 90. Por que o primeiro disco, “Dancing Flame”, só veio à luz em 2009? O que causou essa demora toda? E não podemos culpar a Dilma, pois ela ainda não era presidente na época (risos). (risos) Na verdade não. Ela deveria ser ministra na época. Mas o primeiro cd realmente teve um processo bem longo. Para a geração de hoje, que não viveu a era do k-7, da fita demo, falar em gravar um cd parece algo absolutamente corriqueiro, mas na época não era. O sonho que tínhamos para a banda era ter o nosso cd. No meio do caminho aconteceram diversos problemas. Alguns dos integrantes estavam passando por situações complicadas em suas vidas particulares, o que obviamente,


acabou impactando na banda e fez com que levasse mais tempo do que imaginávamos. O fato de conseguir finalizá-lo foi um ato heróico, pois somos uma banda 100% independente e não contamos com nenhum recurso, além de nós mesmos. Ainda sobre “Dancing Flame”, quais as melhores recordações da época, das gravações e mesmo dos shows? Tivemos vários momentos legais como o Metal Batlle de 2010, em que disputamos uma vaga pro Wacken. O evento foi organizado pela Roadie Crew e nós conseguimos nos classificar em meio a diversas bandas para a seletiva da etapa do Rio. Tivemos nosso trabalho elogiado pelo Airton Diniz, que participou do júri. O festival VR do Rock, em 2014, também foi bem legal. Tivemos oportunidade de dividir o 27

palco com Dr.Sin e o Ripper Owens. Pegamos um público bem legal e deu uma ótima repercussão para a banda. Entre 2009 e 2013, muita água rolou. Mas, como chegaram a “Carnival of Flames”? O que quero dizer é: não rolou aquele desânimo que muitos sentem após um disco lançado? E como foi que surgiu este título? Desânimo jamais! Ficamos muito empolgados com este disco, pois com ele tivemos a oportunidade de aprimorar muitos detalhes e trabalhar melhor na pré-produção, o que faz muita diferença na qualidade final do trabalho. O título surgiu de uma brincadeira que acabou virando coisa séria. Quando começamos a compor e ensaiar para o disco, combinamos de passar o feriado de Carnaval juntos na casa


do ex-guitarrista, na cidade de Mendes, interior do Rio de Janeiro, compondo e ensaiando. Trocávamos toda hora informações sobre o que levar, horário de sair, etc. E eu perguntava: “Está tudo certo para o Carnaval da Dancing Flame?”. Apesar do nosso carnaval não ter nada haver com a palavra “Carnival” em inglês, à certa altura começamos a falar se já estava tudo certo pro “Carnival of Flames”. E aí começaram a surgir imagens e ideias pra concepção de um álbum. Em “Carnival of Flames”, vocês tiveram um suporte interessante. Já que o disco foi gravado e produzido por vocês mesmos, mas a masterização foi feita nos 28

Sterling Sound, em Nova York (EUA). Por que a masterização feita no exterior? E no que ela ajudou a sonoridade do disco, na opinião de vocês? Sabemos hoje que existem muitos profissionais competentes no Brasil, em se tratando de áudio. Mas o objetivo era conseguirmos o melhor no que diz respeito a masterização e, com o resultado final do cd vimos que cada centavo valeu a pena! Ela realçou muito bem as nuances do cd deixando e soando mais claras. E como curiosidade o UE Natasi que masterizou o cd colocou nossa capa como referência de “artistas brasileiros” que ele trabalhou. O artista Mark Wilkinson (que já fez


trabalhos para Judas Priest, Marillion, Iron Maiden) foi o quem fez a capa. Novamente: por que um designer do exterior? Como foi trabalhar com ele? E acreditam que ele conseguiu pegar a essência musical de “Carnival of Flames”? Ele captou tudo! E foi além! O cara é foda! Eu sempre fui fã do Marillion e daquelas capas clássicas que ele fez da era Fish. Pra mim, não são simplesmente capas, são verdadeiras obras de artes. Ter este cara fazendo uma capa nossa foi algo realmente de outra dimensão. Esta é a que eu queria fazer há tempos. Em “Carnival of Flames”, duas participações especiais, com D.C. Cooper (do 29

Royal Hunt) nos vocais em “Dry My Tears”, Mark Boals (ex-Yngwie Malmsteen, Ring of Fire) também nos vocais em “Follow the Sun”. Como é que contataram eles? Ou já os conhecem de antes? E como surgiu essa oportunidade deles participarem do disco? O contato foi bem simples. Já tínhamos em mente as músicas que seriam gravadas de acordo com o perfil de cada vocalista. Entramos em contato e esperamos a resposta. Estes caras não falam de primeira que vão gravar, eles pedem pra você mandar a música pra eles; querem ouvir primeiro. O capista Mark Wilkinson fez o mesmo, pediu para ver a concepção antes de aceitar o trabalho. Então, depois que os caras ouviram, toparam e a coisa foi fluindo. Já com o Mark Boals tivemos oportunidade conhecê-lo quando ele veio ao Brasil e nos convidou para ir ao show dele. Foi na época em que ele estava fazendo os takes dele. Foi bem legal, ele é super gente boa, um cara tranquilo. O Dc Cooper foi mais por Skype e email, não tivemos contato pessoal, mas também foi gente boa e super profissional. Ficamos muito felizes com o resultado final das duas participações. A próxima necessita que eu conte uma história interessante. Enquanto ouvia o “Carnival of Souls”, na época em que resenhava, quando ouvi “Follow the Sun”, fique grudado! Tive que ouvir a canção umas 5 vezes antes de conseguir continuar o disco (risos)! E a letra dela me chamou muito a atenção, verdade seja dita, devido ao conteúdo um pouco histórico e até mesmo esotérico. Logo, quais as mensagens que querem falar nas letras? Qual a mensagem de “Fol-


low the Sun”? Se você prestar atenção nas letras do disco verá que damos muita importância a elas. Tentamos sempre passar alguma mensagem, pois não queremos que elas soem banais. A ideia é que elas realmente tenham um significado. Então, assim você percebe que “Kalash” que fala do absurdo da guerra. “Dreamweaver” fala de opressão, mas como podemos ser nós mesmos e nos livrar dela? Warrior’s Path fala do código de honra dos antigos guerreiros. Ronnie é uma homenagem ao mestre Dio. A “Follow the Sun” que você citou especificamente realmente é uma letra intricada e cheia de nuances. Ela foi inspirada no documentário Zeigeist. Eu diria que a mensagem dela é “See the light behind the lies”. Não vamos deixar nos enganar, não vamos ser manipulados, va30

mos enxergar além e não repetir erros do passado. Ainda sobre “Follow the Sun”, ela é a faixa do lyric vídeo de divulgação do CD. Mas por que não um vídeo oficial? A ideia era sim ter vídeo clipe oficial. Mas com o custo de prensagem o orçamento já estava no finalzinho e tivemos que optar somente pelo lyric vídeo. E em termos de shows? Como tem sido desde o lançamento de “Carnival of Souls” para cá? E isso me leva a uma pergunta: juro que não tenho ideia de como é a cena em Volta Redonda, logo, nos fale um pouco do público de sua região. E não está na hora de tentarem


algo em SP, MG e mesmo na cidade do RJ, se é que já não fizeram? O ano de 2015 foi um ano difícil para o país em diversos setores. No metal, não foi diferente. A oferta de shows caiu bastante, a venda de cds físicos também e isto, para uma banda independente se reflete de maneira mais incisiva. No entanto, tudo é cíclico e uma hora este cenário negativo se reverte. Enquanto isso optamos por pensar no novo material para 2016. Mas pensamos sim em outros eixos como você mesmo citou SP, MG e Nordeste que dizem que tem um público legal para metal. Em relação à Volta Redonda, acho que a situação atual afetou também o público daqui. Hoje, é difícil fazer uma análise isolada porque o país vive um momento atípico e pelo que tenho observado os shows de uma maneira geral 31

nível Brasil não tem tido bons públicos. Bem, e já que falamos de música, já existe algo de concreto para o terceiro disco de vocês? Se for o caso, a Black Legion Productions tem se mostrado uma produtora/selo de primeira por aqui. Existem 12 músicas concretas! (risos). Já estamos compondo e trabalhando. Está na agenda com certeza. E chegamos ao fim. Quero agradecer mais uma vez pela oportunidade de entrevistar vocês e, por favor, deixem sua mensagem final para os nossos leitores. Nós é que agradecemos mais uma vez a oportunidade e convocamos os leitores a curtir nossa página e acompanhar as notícias da banda.


32


33


Vocifera Texto e Foto: Pei Fon

Em agosto, deste ano, a publicação de um produtor da cidade do Recife foi o assunto principal de vários grupos de Heavy Metal do Nordeste no Facebook. Tratava-se de um show que fecharia o ano de 2015 com chave de ouro e aconteceria em novembro. Todo mundo sabia que as duas bandas mais icônicas do Death e Thrash Metal estariam juntas em turnê nesse período. Era só aguardar o anúncio oficial. O dia 14 de novembro, certamente, vai ficar marcado na memória dos headbangers do Nordeste. Pela primeira vez no Recife, Testament e Cannibal Corpse abriram a série de shows pelo Brasil. Era um sonho de muitos e, de tão perto, impossível deixar de ir. A primeira edição do Hellcifest trouxe as bandas pernambucanas Vocifera e a lendária Decomposed God. O velho e o novo dividindo o mesmo palco. História e a sua construção no mesmo lugar. E é assim que o Heavy Metal deve caminhar. Porém, vale aqui uma nota mental desta que vos escreve. Num passado, não muito distante, num dos locais frequentados pelos fãs do Rock/Metal, em Maceió, vi um rapaz usando uma camisa do Cannibal Corpse. Achei tão “agressivo” e disse que nunca ouviria a tal banda. Recentemente, no meio do show, não lembro em qual música, observando a reação das pessoas, tive um estalo temporal e me lembrei do ocorrido. E lá estava eu, no show do Cannibal Corpse, pagando minha língua. Pelo menos foi para uma coisa boa. (risos) Na porta do Clube Português, a galera estava bem ansiosa. Era um desfile das mais variadas estampas de banda naquele lugar. 34


Decomposed God

35


Cannibal Corpse

Dos mais fieis às bandas da noite, mais clássicos e os que vestiam as peitas das bandas nacionais, locais e regionais. Pontualmente, às 20h, coisa difícil de acontecer no Recife, o show começou com as meninas do Vocifera. Elas mostraram seu som em pouco mais de 30 minutos de apresentação. O som não favoreceu muito, como se estivesse ‘frio’ e elas foram lá para modular os graves e agudos. Um evento como o Hellcifest é uma ótima oportunidade para mostrar seu som para os mais variados públicos. Muitos vizinhos da capital pernambucana estavam lá e ali era o local perfeito para expandir as barreiras musicais. E assim elas o fizeram, mostrando o seu EP “Evil Thought”, do seu primeiro full-lenght, previsto para janeiro. A segunda banda foi a conhecida Decomposed God. Ainda do lado de fora do Clube Português, era possível ouvir os mais variados comentários. Dava para sentir a ansiedade da galera, que desejava ver a banda novamente. Com 25 anos de história, o Decomposed God passou por muita coisa e seus integrantes têm muito do que falar sobre isso. Superação de vida. Idas e vindas de músicos. Mas eles estão de volta. Foram tocados os clássicos de todas as suas fases. Em 2016, preparam uma série de shows e a gravação de um DVD, ainda sem local e data definidas. Seguindo religiosamente o horário da organização, o Cannibal Corpse iniciou o show. O quinteto liderado por seu vocalista George “Corpsegrinder” Fisher é uma avalanche de técnica, musicalidade e surpresa. Não teve quem não comentasse sobre o pescoço de George. Esse homem não deve sentir as dores de tanto bater cabeça. (risos) Fora destas questões não pertinentes, a presença de palco de George é impressionante 36


e não teve esse que não sentisse essa vibração vinda do palco. Impossível não se contagiar ou, pelo menos, balançar a cabeça de leve. Os vídeos no Youtube estão aí para comprovar. E outra coisa muito importante que deve ser dita. Por se tratar de Death Metal, você só ouve “barulho”, mas no Cannibal Corpse não. Ouvir o baixo é uma coisa linda e Alex Webster faz isso impecavelmente. Na sua performance discreta, mas não menos contagiante, o cara mostra tudo o que sabe, é de ficar olhando e admirando o que ele faz. As músicas mais novas como “Scourge of Iron”, “Demented Aggression” ou “Kill or Became” mostraram o seu poder. Mas as antigas eram o que o povo queriam ouvir. “Stripped, Raped and Strangled”, “I Cum Blood” foram sentidas com mais força. Porém o melhor estava por vir no finalzinho do show. Uma sequência matadora de três músicas, “A Skull Full of Maggots, Hammer Smashed Face” e “Devoured by Vermin”, fez a galera se ‘matar’ no circle pit, que não parou um segundo sequer. Teve gente que até perdeu a camisa na roda. Perdeu playboy! (risos) Hellcifest poderia ter acabado com o Cannibal Corpse. O show foi algo inexplicável. Levou a energia da galera e, certamente, se tivesse acabado ali, todos voltariam felizes para casa. Mas ainda tinha o Testament. Foi o tempo de descansar, porque estava difícil de acreditar que o Cannibal Corpse havia tocado, impressionado e levado consigo as forças do público. O tempo de recuperação não foi tão longo assim e antes da hora marcada pela produção, Chuck Billy e sua trupe subiram no palco. O público da banda havia mudado, os fãs ali já eram da banda que começara a toca. Mas tive pena de alguns deles. O som estava nada legal e ficou difícil de compreender um pouco o que 37


eles estavam tocando. Parece até piada, mas o Cannibal Corpse levou o som consigo, porque o som do Testament não ficou bom. Além de não se entender algumas coisas, a altura exagerada foi outro problema. E o reflexo disso foi no final, com algumas pessoas indo até a grade para reclamar com os auxiliares que retiravam os equipamentos dos músicos. Enfim, cada banda tem um ícone e, sem dúvidas, Chuck Billy é um deles. No palco não só tinha o Chuck. O guitarrista Alex Skolnick chama muita atenção. Sem falar de Steve Digiorgio, o baixista. Gene Hoglan e Eric Peterson não ficam de fora dessa. Cada um tão importante quanto o outro, encantando ao seu modo. Porém Chuck ainda tinha um pedestal luminoso verde e um carisma do tamanho do mundo (risos). E começou com “Rise Up”. E é aquela música que você pode cantar junto, afinal é Thrash Metal e o vocal é mais limpo. Ela juntou todo mundo e fez cantar: “When I say Rise Up, you say war”. E a galera obedeceu ao cara. Se liga no setlist: “Practice What You Preach”, “Dog Faced Gods”, “The New Order”, “The Preacher”, “Over the Wall”, “Henchmen Ride”, “Native Blood”, “Legions of the Dead”, “True Believer”, “Into the Pit”, “D.N.R. (Do Not Resuscitate)”, “3 Days in Darkness”, “Disciples of the Watch”, “More than Meets the Eye” e “The Formation of Damnation”. Os fãs mais fervorosos sentiram falta de muitas músicas, as mais clássicas, mas é isso aí. Nem sempre é do jeito que se espera. Porém, fica aqui a avaliação de que o Cannibal Corpse foi o dono da festa no Recife.

38


Testament

39


40


41


Por Mauricio Melo Death Crusher Tour 2015 29/11/2015 Sala Razzmatazz - Barcelona

Q

ualquer cidadão que imagina uma turnê com Voivod, Napalm Death, Obituary e Carcass reunidos no mesmo palco por uma noite, ou várias noites, poderia estar sonhando. Principalmente se o mesmo cidadão começou a escutar música extrema no final dos anos 80 e intensificou nos anos 90. Estas bandas estavam sempre entre as dez favoritas do planeta em qualquer votação, dentro do estilo que ofereciam, seja o Grindcore, Splatter, Goregrind, Death Metal ou Heavy. 42

Mas não, essa turnê não é um sonho, ela existiu e acabou no dia 29 de novembro, em Barcelona, na sala Razzmatazz. E nós não só estivemos por lá, como também assistimos parte do show do Carcass no palco, fizemos algumas fotos da família reunida após a apresentação e passeamos pelo camarim das bandas. Vale lembrar que foram 34 shows, em 36 dias, e esse pessoal aí já não é garoto há algum tempo para aguentar este ritmo. Sabe aquela noite despretensiosa, mas


Napalm Death

que no fundo, no fundo, temos a sensação de que algo que já era bom poderia ficar melhor? Pois foi essa mesmo. Saímos de casa sem nem mesmo ter um passe de fotografia garantido. Numa questão de sorte e lá estávamos na barricada para a banda de abertura Herod. Apesar de ser bastante cedo, até que teve um bom público. Em seguida os canadenses do Voivod fizeram a festa dos bangers mais antigos que se espremiam na fila do gargarejo. Um setlist re43

lativamente curto, mas suficiente para deixar o sorriso aberto após finalizarem com “Voivod”. Sem contar que abriram com “Ripping Headaches” e lá no meio tocaram “Overreacion”, verdadeiros clássicos dos anos 80, metal sujão. Só em levantar a bandeira no fundo do palco, com aquele desenho da morte, e as letras Napalm de um lado e Death de outro, já fez o público estremecer. Não que a banda fosse uma novidade na cidade, já que a cada dois anos (mais ou menos) os britânicos visi-


tam Barcelona. Mas foi exatamente por isso, sabíamos da fúria do quarteto e que aproveitariam ao máximo o espaço e o público oferecidos nesta noite. Entraram sem pena, encurtaram a introdução original de “Apex Predator - Easy Meat”, música que abre o disco de título homônimo e oficialmente soltaram os acordes com “Silence is Deafeaning” do disco The Code is Red…Long Live The Code, seguida de “Smash a Single Digit”. A esta altura, já havíamos visto Barney e sua clássica atuação, como se estivesse recebendo descargas elétricas, pauladas e pontapés ao mesmo tempo. Girando, saltando, correndo sem direção, mãos na cabeça com aparência de atormentado, mas na verdade atormentava quem insistia em permanecer estático na sala. Um setlist para lá de completo com direito a clássicos como “Scum”, “Life”, “The Kill”, “Suffer The Children”, “Unchallenged Hate”, incluindo o cover “Nazi Punks Fuck Off” do Dead Kennedys e finalizando com “Siege of Power”. Shane Embury e Danny Herrera, baixo e bateria respectivamente, dispensam comentários. Duas coisas chamaram atenção: a ausência de Mitch Harris, que está afastado da banda, por tempo indeterminado, sendo muito bem substituído por John Cooke, ainda que este não ofereça os mesmos vocais rasgados que Harris. E as “não Jam” de Bill Steer nas guitarras em uma das músicas, assim como aconteceu em algumas datas da turnê. Lembrando que o guitarrista do Carcass participou das gravações do primeiro disco do Napalm Death, Scum. Recebidos com enorme efusão, o Obituary cobriu com méritos a expectativa do público que havia ficado frustrado há alguns meses devido o cancelamento do show que fariam num grande festival em Barcelona. Os ameri44

Voivod

Napalm Death


45

Napalm Death

Obituary

Carcass

Carcass


canos, um dos dominantes do estilo (Death Metal) nos anos 90, abriram com “Redneck Stomp” e nos deram a sensação de estar repassando o som já que a música é instrumental. Com os ajustes feitos, a inconfundível voz de John Tardy rasga os acordes de “Centuries of Lies”. A mesma que abre o último disco Inked in Blood. Seguindo com o atual lançamento, tivemos “Visions in My Head” e, para os fãs mais antigos, “Intoxicated” e “Bloodsoaked”, ambas do disco debut da banda, “Slowly We Rot” de 1989. É claro que o aclamado “Cause of Death” não poderia ficar de fora e temas como “Dying” e “Find The Arise” marcaram presença. Até mesmo “Don’t Care” do quase esquecido World Demise apareceu no setlist. O final não poderia ser diferente, assim como no Hellfest deste ano, “Slowly We Rot” deixou os bangers satisfeitos e já havia o burburinho sobre a possível melhor apresentação da noite. Por mais clássico que seja, o Death Metal do Obituary, por melhor que tenha sido a apresentação, um show do Carcass sempre será de alto nível e nisso o quarteto britânico supera e arrebenta expectativas. Mesmo não tendo mais os membros originais da banda, como tivemos a oportunidade de assistir e fotografar em 2010, durante o Hellfest, naquela ocasião tocaram por completo o disco Necroticism, mas com o baterista Daniel Erlandsson, já que o original ficou de fora da reunião por problemas de saúde. Para ser sincero, assim como no show do mesmo Hellfest em 2014, vimos um Jeff Walker e Bill Steer bastante à vontade no palco, já que em 2010 a tensão era nítida. Telas ilustradas por todo palco faziam referência à capa do “Surgical Steel”, último disco lançado pelo grupo há dois anos, com tesouras, alicates, martelos e todos os instrumentos utilizados para dissecar um corpo. 46

Napalm Death


Naphalm Death Obituary

47

Carcass


Projetores espalhados, um deles exclusivamente para o bumbo da bateria, e ventiladores na linha de frente para caprichar no visual de cabelos esvoaçantes. Já na introdução de “1985”, que abre o disco, o público delirava e acreditamos que aqueles que, antecipadamente escolhiam o Obituary como nome da noite, começaram a se arrepender ao escutar os acordes de “Buried Dreams” do Wake Up and Smell The Carcass, disco obrigatório na estante de qualquer cidadão. Ainda voltaram mais no tempo com “Incarnated Solvent Abuse” do já mencionado Necroticism - Descanting The Insalubrious e 48

somente com “Cadaver Pouch Conveyor System” o quarteto ofereceu o cartão de visitas de Surgical Steel. Ben Ash e, principalmente, Bill Steer deixam claro que o Carcass não é só Walker e o atual baterista da uma firmeza incrível. Para os mais curiosos podemos afirmar que “Reek of Putrefaction” foi tocada já em reta final de apresentação e antes de finalizarem com “Carneous Cacoffiny seguido de “A Congealed Clot of Blood”. Uma turnê que todos os países do planeta deveriam receber, ainda que saibamos que logisticamente é complicado. Foi histórico!



50


51


Por Pei Fon com Thiago Rahal Fotos: Assessoria/Divulgação

A

banda Addicted To Pain é o mais novo supergrupo brasileiro a alcançar boa repercussão fora e dentro do Brasil. O primeiro lançamento, o EP “Queen of All Lies”, recebeu ótimas críticas em resenhas da mídia especializada e segue fazendo sucesso com músicas fortes, refrãos marcantes e melodias bem características. Formado pelo vocalista e tecladista João Paulo Pretti, o guitarrista Thiago Oliveira e o baterista Marcus Dotta, os músicos seguem preparando o primeiro álbum de estreia que promete ser ambicioso e com muita qualidade. Nesta entrevista exclusiva, o vocalista João Paulo fala sobre tudo que anda acontecendo com a banda e dá dicas sobre o novo baixista, que deve ser anunciado em breve, além de falar curiosidades sobre o novo álbum. Vocês lançaram o EP de estreia da Addicted to Pain, “Queen of All Lies”, em 2014. Como tem sido a repercussão até então? João Paulo Pretti: Nós não tivemos nenhuma resenha negativa. Pelo contrário, somando todas as notas que nós recebemos dos críticos nós tivemos em média nota 9,0 e isso é muito bom, já que o EP é o primeiro registro da Addicted To Pain. Todos eles destacaram a diversificação das músicas, mas com uniformidade. Dá para ouvir todas as músicas e saber que é a mesma banda em todas elas. O trabalho foi produzido por Brendan Duffey & Adriano Daga. Conte detalhes 52

e curiosidades sobre a produção do EP. Como foi trabalhar com eles no Norcal Studios, em São Paulo? Ambos são muito tranquilos. Brendan Duffey é mais direto, diz o que tem que dizer e pronto. Ele não vai fazer média com você só porque você é cliente dele. Já Adriano Daga deixou todos muito à vontade. Ele é bastante tranquilo em todos os sentidos (risos), mas sabe muito bem identificar o que está faltando em uma música. Eu tive o prazer de ser produzido por ambos e entender o método de cada um. Se possível, nós repetiremos a dose no próximo


registro com pelo menos um deles.

rios dizendo a mesma coisa.

O EP conta com quatro músicas, sendo que “The Kings Never Die” foi o primeiro videoclipe lançado pela banda. Por que escolheram essa música como single? Porque é a música que melhor resume o nosso som, que é a mistura de Pop, Hard Rock, Heavy Metal, Power Metal e Prog Metal. Além disso, ‘The Kings Never Die’ possui um refrão muito forte e o próprio público também reconheceu isso. Nós recebemos muitos comentá-

O videoclipe foi gravado no bar Gillans Inn. Como foi a produção dele e porque escolheram este formato para gravar? Eu queria fazer em um pub tradicional por causa do ambiente mais intimista. O ex–baixista da banda já tinha tocado lá e foi dele a ideia de produzir as imagens lá. Quando eu telefonei para o proprietário do pub ele foi super receptível em todos os sentidos e sequer me cobrou por isso! Nós passamos o dia inteiro lá, em plena Copa do Mundo e todo aquele cli-

53


ma de festa (risos)! Foi muito divertido gravar lá, e até hoje eu sou amigo e cliente de todos lá. A capa do EP foi feita pelo renomado artista Gustavo Sazes. Como surgiu a ideia de ele fazer e como foi esse convite? Eu sou muito perfeccionista e desde o começo eu decidi fazer tudo do bom e do melhor em todos os sentidos, inclusive a capa do livro (risos). Gustavo Sazes me chamou a atenção com a arte do Fragile Equality do Almah, que para mim é uma das capas mais fantásticas já registradas por uma banda daqui do Brasil. Eu passei a mensagem por trás das letras para ele e no fim eu não precisei mudar nada, o que ele fez é exatamente o que se vê na capa do CD. A banda é formada por músicos do grupo que compõe a banda solo do vocalista Warrel Dane (Sancturary, Nevermore). Fale sobre eles e da escolha para fazer a banda? Você pode não acreditar, mas não foi nada proposital (risos). O ex–baixista da banda Fábio Carito indicou nosso baterista Marcus Dotta para a banda de Warrel Dane justamente por causa da Addicted To Pain, pois até então eles não se conheciam pessoalmente, e quem indicou Fábio Carito para o posto foi o nosso guitarrista Thiago Oliveira, que foi indicado por Fábio Carito para a Addicted To Pain. Um pouco confuso, não (risos)?! Fale um pouco sobre a concepção das letras do EP. O que você quis abordar? Existe um tema principal? Todas as músicas e letras foram escritas por mim. Eu estava passando por alguns problemas pessoais e isso refletiu totalmente nas letras, onde o tema principal é o sentido (ou melhor, a falta dele) de viver aquilo que você não é, aquilo que não existe, sabe – se lá por 54


qual motivo. Minhas críticas são para aqueles que precisam de uma máscara para se sentir bem. Essas pessoas possuem problemas sérios de caráter e muitas vezes mal sabem disso... Vocês lançaram recentemente um novo single que conta com as músicas “The Kings Never Die” e “Queen Of All Lies” em versões apenas piano e voz. De quem foi essa ideia e como foi trabalhar nesse formato? Eu sempre componho nesse formato, então praticamente todas as músicas cabem nesse formato mais intimista e que eu gosto muito. Eu queria ter músicas extras para lançar depois do EP, justamente para não deixar as coisas esfriarem. Eu convidei o tecladista e pianista da Noturnall Jr. Carelli, e no bom sentido ele criou dois monstros (risos)! Brendan Duffey ficou impressionado com o que ele criou e o resto é história. Como eu disse antes, desde o começo eu quis fazer tudo do bom e do melhor e Jr. Carelli sem dúvidas é o melhor tecladista do Brasil. O single conta com a participação do tecladista Juninho Carelli, da Noturnall, que inclusive gravou o videoclipe em um Teatro. Fale sobre a gravação deste vídeo e da participação do Juninho, por favor? A ideia de produzir as imagens em um teatro foi do próprio Jr. Carelli e ele não poderia ter tido ideia melhor. Muitos já estão dizendo que esse videoclipe já é melhor que o outro, justamente por causa do ambiente ainda mais intimista do lugar. Eu particularmente gostei muito de produzir os dois videoclipes e o modo como nós fizemos, mas eu também acho que a versão do teatro ficou mais legal.

55


Recentemente, o baixista Fábio Carito decidiu sair da banda. Por enquanto vocês ainda não anunciaram um novo baixista. Podem adiantar algo para os leitores da Rock Meeting? Nós já temos um novo baixista e ele é bastante conhecido no Brasil. Agora que Thiago Oliveira e Marcus Dotta voltaram da Europa nós estamos tentando conciliar a agenda de todos para enfim nós anunciarmos quem é o novo baixista da Addicted To Pain. Provavelmente no começo de 2016, nós anunciaremos o nome dele. Vocês têm planos de lançar um CD completo em 2016? Como está o processo de composição da banda para o CD de estreia? Eu tenho pelo menos 16 músicas prontas. Dessa vez algumas delas compostas em parceria com pelo menos dois grandes guitarristas. A ideia é fazer cada música com a participação de um vocalista diferente cantando comigo, então será algo muito bem planejado e ambicioso. Vocês pensam em fazer algum show em São Paulo ou quem sabe uma turnê. Quais os planos da banda nesse sentido? Nós voltaremos aos palcos no começo de 2016 aqui mesmo em São Paulo – SP. No nosso caso não é muito fácil conciliar a agenda de todos, justamente pelas bandas e projetos que todos nós estamos envolvidos, incluindo no exterior, como acabou de acontecer com Thiago Oliveira e Marcus Dotta, mas será algo diferente, pois nós teremos participações especiais e amigos dividindo o palco com todos nós.

56

Por fim, deixe um recado para os leitores da Rock Meeting. A Addicted To Pain é uma banda que reúne grandes músicos e músicas com melodias e refrões fortes, que para mim sempre será o ponto principal da banda existir. Se você gosta de músicas fortes assim, certamente você gostará do EP e dos Singles da Addicted To Pain. Acesse os nossos canais na internet e conheça mais da banda através dos videoclipes, entrevistas e perfil pessoal de cada um dos membros. Obrigado pelo espaço, Rock Meeting e a todos que apoiam a Addicted To Pain.


57


58


59


Por Raphael Arizio Foto: Marques Photography

E

xorddium vem se destacando com seu metal cantado em português, com influências de grandes nomes da história do metal nacional. Vamos ver quais são os planos dessa banda mineira e também saber um pouco de sua história. Inclusive, sendo elogiados por uma lenda do metal brasileiro. Como tem sido a repercussão do E.P “Guerreiros do metal”? A proposta inicial do EP seria divulgar de maneira imediata, o trabalho da banda com os vocais do Eduardo, enquanto trabalhássemos o material inédito. No entanto, ganhou projeções bem maiores que o esperado, como reviews muito positivas em revistas e sites especializados, destaque em muitas rádios e web rádios pelo Brasil. A banda gravou um vídeo para a faixa “Heavy Metal”, como foi a escolha dessa música para o clip e como ele repercutiu? A faixa “Heavy metal” compõe o EP “Guerreiros do Metal”, que foi lançado anteriormente ao clip, desta forma criamos duas frentes de divulgação, o EP em si e o vídeo clip, assim pudemos divulgar as duas faixas do EP. A repercussão do clip foi extremamente satisfatória, da mesma forma que foi para o EP, o clip também ganhou inúmeras citações, em diversos meios digitais, muitos comentários positivos e elogios inclusive do ilustre Roosvelt Bala do Stress, um reconhecimento que nos orgulha muito, e nos fortalece para cumprir nosso legado. 60

A banda tem planos para um lançamento de um full para 2016? Sim. Já estamos em estúdio gravando o novo material, a parte gráfica também está bastante avançada e esses dois processos serão finalizados ainda este ano, para que o material seja lançado no início de 2016. Mudanças de vocalistas são bem complicadas em uma banda, muitas vezes não dando muito certo e não tendo repercussão com os fãs. Passado pouco mais de um ano, como a banda avalia o


trabalho com o vocalista Eduardo Bisnik? O Eduardo não foi uma aposta da banda, pois já conhecíamos o seu trabalho em bandas anteriores, tanto autorais quanto covers e já tínhamos em mente como ele se enquadraria na banda. Por mais que a banda já tivesse quase 10 anos de estrada quando o Eduardo entrou, tínhamos apenas um álbum gravado, com o Raziel nos vocais, e com ele criamos um longo histórico de palco. Desta forma apenas os fãs locais sentiram mais essa mudança, mesmo assim 61

tivemos quase unanimidade favorável a essa mudança e dessa forma acho que a banda só ganhou em termos de público, porque conseguimos manter os fãs antigos e agregamos novos admiradores. A entrada do Eduardo trouxe um novo fôlego à banda. O seu entusiasmo pelas novas composições nos trouxe também uma nova dinâmica, conseguimos compor e gravar o novo álbum em apenas um ano. A sua participação efetiva nas composições principalmente nas letras, praticamente todas as letras do álbum foram compostas por ele, tarefa que anteriormente


se atribuía diretamente a mim, ao Jailson e ex-membros da banda. Dessa forma ele só veio a somar, e nossos fãs poderão comprovar isso em nosso novo trabalho que está por vir. A sonoridade do Exorddium lembra bastante as bandas clássicas do metal nacional como Stress, Azul limão e Metalmorphose, por exemplo. Quais bandas brasileiras os influenciaram a cantar em português? Acredito que a sonoridade de todas as bandas nacionais tem como referência os grandes nomes do metal mundial. Nós também não fugimos dessa regra, e esses clássicos do metal nacional, além de Salário Mínimo e nossos conterrâneos, Kamikaze e Overdose, o que nos fascinou foi o fato de nos passar a mensagem diretamente, a facilidade de aprender não só o refrão das músicas, mas toda a letra das canções e poder cantá-las convictos do que estamos falando, essa seria nossa principal influência em compor no nosso idioma. 62

Passados quase três anos, qual o saldo que a banda tirou do disco “Sangue ou Glória”? Esse disco é nosso grande orgulho, nos apresentou para o Brasil, atingimos um novo status como banda, nos abriu portas e rendeu elogios e críticas que nos trouxe amadurecimento musical. Fizemos o nosso melhor nesse trabalho, esse disco descreveu musicalmente toda nossa trajetória como banda até o seu lançamento, por esse fato é nosso grande orgulho. A princípio esse disco seria apenas a realização do sonho de registrar nosso trabalho, atingiu proporções muito maiores do que podíamos imaginar, tivemos com ele um saldo extremamente positivo. Hoje em dia um bom trabalho de assessoria é fundamental para uma banda se destacar. Qual a opinião da banda sobre ter uma parceria com uma assessoria musical? O trabalho de assessoria é justamente promo-


ver o trabalho da banda, nos possibilitando trabalhar apenas em cima do que é nossa real função, a música em si, shows e composições. Esse trabalho nos trouxe a liberdade de atuar nos pontos estratégicos. E a consequência disso, é o tempo recorde que gastamos para fazer o novo disco. Como foi para a banda a experiência de dividir o palco com o vocalista Blaze Bayley (ex-Iron Maiden)? Foi extremamente gratificante por dois pontos, “profissionalmente” falando, pelo reconhecimento da banda ao dividir o palco com este grande nome do metal mundial, e pessoal pela realização do sonho que seria de qualquer headbanger ou músico, que é conhecer de perto um grande nome desses. Como avaliam o ano de 2015 para banda? E quais são seus planos para 2016? Esse ano foi muito intenso para a Exorddium, de muito trabalho individual e consequen63

temente da banda, mesmo que não tenha se refletido nos palcos, foi um ano de criação e planejamento, para colhermos em 2016. Nossa agenda de shows foi menor esse ano, mas tivemos momentos muito importantes como dividir o palco com um dos nossos grandes ídolos do metal nacional, o Salário Mínimo. Em 2016, que já está próximo, será um grande ano para a Exorddium, com o lançamento do novo álbum, será um ano de divulgação desse novo trabalho, e de shows, pois a nossa maior satisfação é poder celebrar o Heavy Metal, com muito som. Espaço para considerações finais e agradecimentos. A Exorddium só tem a agradecer a Rock Meeting e Black Legion Productions, pelo espaço e apoio ao nosso trabalho. Apoios como esses que possibilitam o crescimento do heavy metal nacional. Grande abraço a todos os bangers, e aguardem nosso novo trabalho em 2016. Vida longa ao Metal.


64


Apresente-se! Eu sou Mario Pastore, cantor e compositor, tenho 47 anos e mais de 30 na música. Continuo na luta!!! Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? Eu era um sonhador querendo ser famoso, hoje sou um homem que tem os pés no chão e consegui me tornar conhecido e respeitado. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Coisas boas aconteceram, penso que outras boas ainda podem acontecer. Do que você tem medo? Hoje em dia nada me dá medo, eu tinha medo de não conseguir sucesso, hoje não ligo para isso. Participou de tantos projetos e bandas? O que te dá mais saudade? Sim foram muitos. Tenho saudade de quando gravei o LP do Acid Storm, pois eu tinha 23 anos e muitos sonhos. Quando era criança o que você dizia que iria ser? Cantor (risos). Qual foi a sua maior realização pessoal? Conseguir uma boa projeção no Japão com meu primeiro trabalho solo. Qual foi o seu pior momento? A morte da minha mãe, estou muito triste sem ela. 65


66


Qual cd você gostaria de ter feito? Fale sobre ele. Gostaria de ter gravado o “Warning” do Queensrÿche, que disco é aquele, Geoff Tate era soberbo e o som aquele metal tradicional animalesco. O que te motiva? Emocionar as pessoas com a minha voz. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Todos os dias, mas acabo voltando atrás (risos). Qual são as 5 bandas que você mais gosta? Queensryche, Iron Maiden, Judas Priest, Dio, Black Sabbath. Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Eu sou persistente e procuro ir em frente mesmo com muita coisa contra mim. Em 2015, nasceu Heaviest. Seria você um ‘workaholic’ da música? A Heaviest já existia, fui convidado a gravar e fazer parte dessa grande banda. Sim, acho que gosto de trabalhar bastante!! Você escolheu cantar. Quem foi o seu ‘mentor’? Meu pai cantava sem ser profissional e me fez querer fazer isso para valer. Existe algum tipo de ritual antes de subir ao palco? Me troco, aqueço a voz e vamos lá. Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Sabe que nunca pensei, acho que tenho algumas (risos). Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Obrigado pela oportunidade de falar um pouco sobre Mario Pastore, abraço a todos e valeu sempre galera!!

67


Dezembro chegou e começamos a pensar no ano que está passando. Planos, sonhos, metas. O que deu certo e o que deu errado. Mas estamos aqui e procuramos saber da galera da mídia especializada, designers e assessores de imprensa qual foi o destaque dos lançamentos de 2015. Confira!

Mauricio Melo - Correspondente Europa

Agnostic Front - The American Dream Died Soulfly - Archangel Slayer - Repentless No Turning Back - Never Give Up Terror - The 25th Hour

H2O - Use Your Voice Motorhead - Bad Magic Refused - Freedom Defeater - Abandoned Dead Fish - Vitoria

Marcos “Big Daddy” Garcia - Metal Samsara

1 - Hammercult - Built for War 2 - Kamala - Mantra 3 - Stone Cold Dead - Lava Flows 4 - Keep Of Kalessin - Epistemology 5 - Ethereal - Opus Aethernum

68

Arandu Arakuaa - Wdê Nnãkrda Melechesh - Enki Desdominus - Uncreation Púrpura Ink - Breaking Chains Saint Spirit - Mea Culpa


Luciano Piantonni - Assessor

1 - Tank - Valley Of Tears 2 - Huntress - Static 3 - Def Leppard - Def Leppard 4 - Lamb Of God - VII: Sturm Und Drang 5 - Tesseract - Polaris

Ghost - Meliora Forahneo - Perfidy Queensryche - Condition Human Trivium - Silence In The Snow Krisiun - Forged In Fury

Maicon Leite - Wargods

1 - Ghost - Meliora 2 - Slayer - Repentless 3 - Krisiun - Forged in Fury 4 - Grave Digger - Exhumation (The Early Years) 5 - Evil Invaders - Fast, Loud ‘n’ Rude

Saxon – Battering Ram Enforcer – From Beyond Gruesome – Savage Land Lucifer – Lucifer I Motörhead – Bad Magic

Leandro Nogueira Coppi I - brasil Metal História

1- W.A.S.P. - Golgotha 2- Slayer - Repentless 3- Mark Slaughter - Reflections in a Rear View Mirros 4- Act of Defiance - Birth and The Burial 5- Metal Allegiance - Metal Allegiance

69

Queensrÿche – Condition Hüman Trixter – Human Era Nelson – Peace Out Stryper - Fallen The Winery Dogs – Hot Streak


Pedro Humangous Salim - HellDivine

1 - Cradle Of Filth - Hammer Of The Witches 2 - Between The Buried and Me - Coma Ecliptic 3 - Angra – Secret Garden 4 - Cattle Decapitation - The Anthropocene Extinction 5 - Black Tongue - Unconquerable Dark

Native Construct - Quiet World Soulfly - Archangel Slayer - Repentless The Black Dahlia Murder - Abysmal Born Of Osiris - Soul Sphere

Rodrigo Balan - Metal Media

1 - Iron Maiden - The Book Of The Dead 2 - Napalm Death - Apex Predator-Easy Meat 3 - Blind Guardian - Beyond The Red Mirror 4 - Helloween - My God-Given Right 5 - Enslaved - In Times

70

Virgin Steele - Nocturnes of Hellfire & Damnation Moonspell - Extinct Soulfly - Archangel Satyricon - Live At The Opera Eldritch - Underlying Issues


Alcides Burn - The Burn Productions

1. Moonspell - Extinct 2. Slayer - Repentless 3. Krisiun - Forged In Fury 4. Napalm Death - Apex Predator-Easy Meat 5. Paradise Lost – The Plague Within

A-ha – Cast in Steel Lost Souls – Atlantis – The New Beginning Malevolent Creation – Dead’s Man Path Amorphis – Under The Red Cloud Soulfly - Archangel

Pei Fon - Rock Meeting

1 - Nightwish - Endless Forms Most Beautiful 2 - Cradle Of Filth - Hammer Of The Witches 3 - Moonspell - Extinct 4 - Leaves’ Eyes - King of Kings 5 - Skin Culture - Murdernation

71

Slayer - Repentless Angra – Secret Garden The Gentle Storm - The Diary Symphony X - Underworld Lamb Of God - VII: Sturm Und Drang


O

que é a Hardcore Meeting? O que pretendemos e onde queremos chegar? Três questões básicas que necessitam ser explícitas desde nosso primeiro número. Porém como o assunto é hardcore, seremos tão diretos quanto as músicas do estilo. A Hardcore Meeting é a consolidação de um antigo sonho: fazer uma publicação somente do gênero e suas variações. Pretendemos apresentar pelo menos uma entrevista por mês, todas as coberturas possíveis para manter atualizado o fiel público do estilo e comentar alguns discos que sairão durante nossa jornada. Temos planos de ir mais além e por isso esta sessão, dentro da revista Rock Meeting, estará escrita em três idiomas. Necessitamos ultrapassar fronteiras, conhecer bandas de diversos países, saber o que cada uma pode nos passar, conhecer cenas locais e o que tem sido feito ao redor do mundo.

72

Por isso, se você tem uma banda do gênero e quer apresentá-la, com certeza abriremos um espaço. Ideia válida também para quem trabalha na distribuição de discos, merchandising e organização de eventos. English version What is the Hardcore Meeting? What do we want and where we want to go? Three basic questions that need to be explicit since our first issue. But as it is hardcore, it will be as direct as the music style. The Hardcore Meeting is the consolidation of an old dream; make a publication only about it. We are planning to present at least one interview per month; all the concert coverage as possible to keep updated the fans of the style and also comment some releases. We are planning to go further so we create this sub magazine, inside of Rock Meeting magazine and it will be written in three


languages. We need and we want to cross boundaries, to know and discover new bands from different countries, meet local scenes and what has been done around the world. So if you have a band and want to present it, surely we will open a space. Also valid for those who working in with labels, merchandising and event organization. Versión española ¿Qué exactamente es la Hardcore Meeting? Lo que queremos y hacia dónde queremos llegar? Tres preguntas básicas que deben ser explicadas desde nuestra primera edición. Pero como el tema es el hardcore, seremos tan directo como el estilo. El Hardcore Meeting es la consolidación de un viejo sueño, hacer una publicación sólo del estilo y sus variaciones. Tenemos la intención de presentar al menos una entrevista por mes, todas las coberturas de conciertos

73

posible para mantener actualizados nuestro publico y comentar algunos discos que serán publicados durante nuestra caminada. Tenemos la intención de ir más allá y por eso, esta mini-revista que estará introducida dentro de la revista Rock Meeting, estará escrita en tres idiomas. Queremos cruzar fronteras, conocer bandas de diferentes países, saber el que cada uno de nosotros y vosotros puede ofrecer, conocer las escenas locales de cada sitio y el que se está haciendo en todo el mundo. Así que si tienes una banda del género y desea presentarla seguramente encontraremos un espacio dentro de la Hardcore Meeting. La idea también sirve para los que trabajan con la comercialización y de distribución de discos, organizadores de conciertos, intentaremos hacer todas las previas posible.


Texto e Foto - Mauricio Melo

N

ão poderíamos abrir nossa primeira edição de maneira diferente. Afinal de contas, o Hardcore sempre foi conhecido pela máxima do “do it yourself”, o verdadeiro, faça você mesmo. E ninguém mais honesto do que Carl Schwartz para nos ajudar a dar o tiro de partida na Hardcore Meeting. Líder do First Blood, iniciada na Califórnia, mas atualmente pertence ao mundo. Carl poderia ser melhor definido como a banda de um homem só, na verdade tudo que já foi feito sob o nome First Blood foi feito por ele. Uma banda sem membros fixos e que a cada turnê vai reunindo músicos de aqui e ali, antigos membros e de outras bandas do hardcore como o No Turning Back ou Merauder, por exemplo. Conversamos sobre o disco novo, política, polícia, família, etc. Uma feliz coincidência da primeira entrevista, desta sessão, ser uma banda cuja tradução é ‘Primeiro Sangue’. O First Blood é uma banda com letras bem politizadas. Então, as campanhas nos Estados Unidos já estão a todo va-

74

por. Com relação ao Obama, alguns anos atrás as pessoas não estavam decepcionadas, mas insatisfeitas com seu governo. Como você vê a situação hoje em dia? Carl Schwartz - Bem, quando ele foi eleito em 2008, tomando posso no ano seguinte, foi como uma piada cruel ao povo. Ele veio


do nada, ninguém o conhecia como senador e muito menos de sua carreira política anterior. Mesmo assim, ele se tornou presidente com a plataforma de governo de mudança e esperança, fez muita gente pensar positivo sobre o futuro e acreditar no que ele representa, a marca Obama. Como disse, ele deu muita esperança ao povo e foi uma piada cruel.

75

Porque já se passaram oito anos e temos as mesmas guerras, pessoas acreditaram em seus projetos de mudança e saúde pública. Então, o que mudou? Acredito que quando ele se elegeu, todos acreditaram em mudanças porque viemos de um governo incompetente, estamos falan-


do do símbolo maior do ódio, o Sr. George W. Bush, já que ele representava antigas posturas como cultura política dominada por brancos. Daí, chegou este renovado, jovem afro-americano e que virou presidente. Mas no fundo, foram os mesmos eleitores do Bush que votaram no Obama, pessoas do Wall Street, pessoas que detém o comércio de armas. Se você olhar para a parte alta dos contribuintes políticos, vai se dar conta que são os mesmos e o mesmo dinheiro que financia campanhas. Então, acredito que fez o povo acreditar que se mudasse de figura poderíamos mudar a situação, mas não foi bem assim. Mudou a caricatura, não a situação. E agora com novos candidatos e propostas? Lembrando que, alguns dias atrás, aconteceu um caso de assassinato de um imigrante de pessoas que seguem a ideologia de Donald Trump. Sim, ainda existe esse lado, esse tipo de político que acredita que o melhor é colocar grade envolta do país, mas na verdade esse é o problema. Acreditam que este é o motivo dos problemas na América, por causa de imigrantes, mexicanos ou o que seja. Poderia ser qualquer um e não apenas os imigrantes. É por isso que não vivo mais lá, deixei o país há alguns anos. É como estes navios que vão afundar e sabe que não pode salvá-lo. Além disso, também tem o problema da venda de armas. Recentemente tive-

76


77


mos o caso da jornalista morta ao vivo enquanto fazia uma entrevista. Sim, foi uma loucura porque o cara estava gravando um vídeo prestes a matar a mulher e o cinegrafista. É óbvio que ela não viu. Quando se grava ao vivo é normal ter pessoas à sua volta que fazem parte da equipe. Câmeras e microfones assim como estamos aqui conversando e passam pessoas de um lado para outro e não prestamos atenção já que haverá um show. Coisas deste tipo acontecem bastante, pessoas são baleadas, assaltadas e casas são roubadas. Estão todos falando disso no momento e é exatamente como muitas que estão nos noticiários. Há todos os ingredientes para dividir pessoas e opiniões como as armas. Uma vez com porte de arma, eles colocam o mais rápido possível nos noticiários, com todas estas pessoas que estão a favor das armas e contra quem quer a proibição. O assassino era negro e aí já chegamos aos problemas raciais. Então, encontramos toda essa gente que fica discutindo estes assuntos, mas ninguém discute o porquê existem pessoas numa empresa que ganha centenas de vezes mais do que os outros dentro do mesmo ambiente de trabalho, o que provoca diferenças sociais graves. Ninguém discute sobre o problema da saúde pública no país que, por sinal, é horrível. Existe um monte de coisa errada e ninguém levanta a bandeira, ninguém fala sobre. Mas para falar do controle das armas e diferenças raciais, policiais matando pessoas desarmadas... É muito fácil explorar este lado, dá audiência

78


e logo estão todos perguntando uns aos outros “Você viu isso? Viu aquilo?” ou “Viu o policial que matou outro inocente? Foda-se a polícia!”. É muito fácil falar sobre coisas que despertam emoções instantâneas, porém ninguém senta e conversa sobre como solucionar os problemas, buscar a raiz. Ou tirar os políticos corruptos do poder, sobre isso ninguém fala nos noticiários. E todos estes casos envolvendo policiais. Sempre foi assim ou agora vemos mais porque todos levam uma câmera no bolso? Há anos que recebemos notícias destas, mas a situação se agrava. Realmente penso em todas as pessoas que foram assassinadas e ninguém nunca ouviu falar exatamente. Não tínhamos a tecnologia que possuímos agora. Eram fatos que se escutava como você disse, mas não tínhamos certeza. Por outro lado, este não é o único problema, as árvores estão sendo destruídas nas florestas, todos podem filmar e denunciar, ninguém fala do assunto. Sempre haverá merdas para todos os lados, a situação não melhora, muito embora se tomarmos um pouco mais de conhecimento quem sabe. Tenho a esperança de que um dia o povo se reúna e tirem os corruptos do poder, de uma maneira geral. Sinceramente, todo este assunto me cansa bastante e às vezes apenas quero estar com meu filho e ter uma vida melhor. Mesmo assim, mudamos de país e os problemas continuam chegando. Temos agora os refugiados, principalmen-

79


te aqui na Europa. (Esta entrevista foi feita uma semana antes de uma criança aparecer morta numa praia do Mediterrâneo.) Agora está em todos os lados e todos sabem, a pergunta é se todos prestam atenção e realmente se importam. Nem todos assistem televisão ou leem jornais, mas estai recebendo informações na internet. Particularmente, assisto por internet, não assisto TV e sim sigo alguns canais no Youtube que passam notícias de bons canais, não sensacionalistas. Não culpo pessoas por não assistirem ou lerem jornais ou mesmo não fazer uso da internet, no entanto, tem tanta besteira e opiniões distorcidas que fica difícil. Porém, os mesmos que não assistem ou leem querem opinar. Assim como os casos recentes no Brasil, pessoas foram às ruas pedir a volta dos militares. Acho que se esqueceram como era o país há 30 anos. Acho que no fundo as pessoas já não sabem o que fazer, esse é o problema. Tantas promessas e agora não sabem como cumprir. Por outro lado, se acham que os militares vão tomar o poder e prender os corruptos, podem estar certos de que isso não vai acontecer. Igualmente para as pessoas que acham que votar em outro candidato vai solucionar algo, também não. Se você continuar no mesmo sistema de governo vão votar em outra marionete ou alguém sabe qual deles é o bom? O único que sabemos é que existem problemas diversos, mas ninguém sabe como solucioná-los.

80


Finalmente chegamos ao ponto da entrevista onde falaremos sobre o First Blood, a banda. Disco novo a caminho já que desde 2010 não temos nada novo com exceção do FBI (First Blood Influences). Definitivamente! Começaremos a trabalhar no disco novo quando finalizarmos esta turnê. Temos muito material pronto e pretendemos finalizar tudo antes do final do ano. Não temos gravadora, nenhuma empresa por trás, mas enviarei o material aos mesmos produtores do último disco, são muito bons. Depois de produzir tudo tentaremos algum selo para a distribuição e quando sair, saiu. O disco se chamará “Rules” (regras), regras para os políticos, para a vida, regras para tudo. O álbum Kilafornia foi feito por você praticamente, não? Sim. Começamos em 2002, mas alguns membros saíram e não tive banda por um tempo. Então, deixei o First Blood de lado e em 2005 voltei ao estúdio. Não havia ninguém comigo, daí gravei tudo e foi a mesma coisa com o “Silence is Betrayal” e o álbum de covers FBI. O próximo já foi gravado, provavelmente finalizado agora em dezembro. Irei gravar tudo sozinho outra vez! Quero seguir fazendo música, falar de todas estas coisas que conversamos nas letras, não para educar aos outros, mas para dar meu ponto de vista às coisas. Também dar um motivo para as pessoas saírem de suas casas, conversar sobre estes temas, suar e passar um bom momento, que na verdade são os shows que faço. Bandas como Sick Of It All,

81


Biohazard, as pessoas ainda conversam muito sobre todas elas mesmas 20 anos depois e eles ainda fazem corretamente. Talvez não seja tão importante para muita gente, mas para mim é. Músicas como “Just Look Around” e “Injustice System” feitas em 1989 e ainda funcionam. Sinto uma necessidade de sair e encontrar uma maneira de falar sobre isso também. As pessoas podem manter contato. Porque a música muda, a cena muda e o público de hoje vê o Sick Of It All com outros olhos, diferente de como víamos há vinte anos. Agora existem tantas bandas grandes, que tocam em grandes festivais e que são um pouco mais comerciais. Muitos só estão nessa para estar por aí, beber com os amigos e passar um bom momento. É uma cena diferente, então tento fazer com que estas pessoas entendam que o First Blood ainda existe e fazê-los entender que “Ei, também estou tentando dizer algo” e fazê-los entender que podem lutar para o que eles acreditam. Então, de volta aos álbuns. O volume FBI 2, que vai acontecer? Sim! Eu quero gravá-lo no próximo ano, mas ainda não tive tempo. Meu filho está crescendo e preciso passar um tempo em casa. Estava pensando como vou publicar este disco ainda no Natal. Eu não quero prometer isso porque eu tenho que trabalhar no novo álbum e não quero fazer duas coisas ao mesmo tempo. Também haverá a versão metal, o primeiro foram as influências mais diretas. Para a segunda, quero ter todo o metal antigo que ouvia para inspiração. Bandas da Bay Area, Machine

82

Head, Testament, Slayer e também o crossover. Também tenho o projeto para um terceiro volume com o do punk das antigas, mas de qualquer maneira eu acho que o segundo vai ser legal de fazer. Você acha que a cena poderia ser mais forte hoje em dia? Porque temos mais acesso a tecnologias e equipamentos, mas ao mesmo tempo a força, a abrangência do movimento não é tão forte quanto há vinte anos, não vai mais além.


Eu sei o que você está dizendo, é uma faca de dois gumes. Pessoas podem se conectar a qualquer momento, podem conhecer mais e mais bandas. Tenho amigos espalhados ao redor do mundo e posso escrevê-los e telefonar para eles a qualquer momento através de vídeo. Então, estamos em contato, talvez o mundo seja menor agora, mas ao mesmo tempo em que existem pessoas utilizando de maneira errônea. Mas na maior parte do tempo, até mesmo com os integrantes da banda que tenho agora, eles estão sentados com seus telefones em mãos e não conversamos uns com

83

os outros. Estarei lá dentro em breve, com o microfone em mãos, conversando com as pessoas na mesa de merchandise, mas ao mesmo tempo algumas pessoas apenas se sentam com seus telefones e não conversam com ninguém. Estamos aqui, raramente estamos na Espanha e seria estranho não conversar com ninguém, é uma grande oportunidade de conhecer pessoas novas. Atualmente parece que o que menos importa é a


venda de discos, todos estão preocupados em saber quantas visualizações um grupo tem no facebook ou no Youtube. Novas gerações já não escutam música, mas sim assistem música. Mesmo nos anos noventa, quando falamos que o Headbangers Ball era um grande show, dava para assistir Slayer, Sepultura, Pantera e Metallica. Ou seja, apenas as principais bandas de metal. A rapaziada só gostava do que assistia. É claro que estas bandas que citei são grandes, porém existiam muitas outras no underground que passaram despercebidas porque nunca eram mostradas na tv. Antes, o hardcore era limitado a uma pequena comunidade, quando qualquer coisa acontecia, todos conversavam sobre isso, trocavam informações, hoje em dia está tudo online e já não conversamos entre nós, entre nosso pequeno grupo, tudo é muito diferente. Algumas bandas atualmente, as mais jovens, param suas turnês se o GPS quebrar, não conseguem chegar na casa de shows porque são incapazes de se virar com um mapa. O Hatebreed costumava sair em turnê num carro, apareciam até mesmo sem os equipamentos e pediam emprestados a outras bandas, olhem para eles atualmente, isso é atitude. Isso é trabalhar duro, um nível diferente, algumas bandas não vão tão longe, não se esforçam para chegar a este nível à toa, trabalharam duro. Nunca faremos como eles fizeram, quando mais jovem talvez, mas agora sei exatamente onde estamos e quem são nossos fãs, quem gosta da gente, então continua-

84


mos no nosso caminho. Não gosto do que faço quando estou em casa. Fazer música é o que gosto de fazer! Tenho a sensação de fazer algo que tenho paixão, que adoro. Sinto-me bem, a rapaziada gosta e acaba sendo difícil de parar porque eles sempre querem ouvir algo novo, gostam de vir aos shows e berrar no microfone comigo. É exatamente da mesma maneira de quando era mais jovem, gostava de ir aos shows, dividir o microfone com os vocalistas e no final o mesmo te elogiava, aquilo não ganhava meu dia, ganhava meu mês inteiro. O Hardcore mudou e as pessoas têm acesso a tudo do que falamos antes, mas o sentimento de ir a um show é único, isso não mudará e é por isso que estou aqui. (Exatamente naquele momento da entrevista, fomos surpreendidos por um monte de fãs da banda, pedindo para tirar fotos, perguntando sobre disco novo, etc.) Não posso perder a oportunidade de perguntar sobre isso. Qual a verdadeira sensação sobre um momento como esse? Sensação de missão cumprida? Bem, não posso mentir para você porque me sinto bem por saber que fiz algo e que as pessoas reconheçam isso. Fizemos um show outro dia e os organizadores nos vieram dizer “o Hardcore é tão diferente porque deveria ser sobre união, mas atualmente está cada um por si”. Mais ou menos como “olhem para mim! Olhem para

85


mim!”. Então, lembro de quando era apenas um garoto, nunca fui um tipo popular ou com muitos amigos, não andava por aí falando com todos. Mas agora comecei a fazer algo que realmente gosto, tive a oportunidade de fazer música e sair em turnê, lugares diferentes. Às vezes é ruim, é duro de seguir adiante, não se dorme bem e acabo me perguntando “o que estou fazendo aqui?”, mas sigo adiante até que as pessoas percebam o que faço ou que pelo menos estou tentando fazer algo. Estou com esta banda há treze anos e somente agora, há pouco tempo, que coisas como esta (ser reconhecido por quem gosta de sua música) começou a acontecer. Algumas bandas começaram agora e desde o primeiro dia são celebridades. Não estou dizendo que é ruim, é uma mistura de sentimentos, estou feliz com o que fazemos, não somos uma grande banda, mas ainda posso fazer algo que as pessoas gostem e podem aprender algo. Já estive na mesma situação, quando escutava Earth Crisis mal podia esperar para que eles tocassem na minha cidade, o mesmo com Sick of it All ou Madball. Você nunca conhece realmente a banda até que eles tocam ao vivo. Então, se torna difícil de desistir, mas às vezes tenho que dar um tempo, tenho um filho. Sempre posso sobreviver, estou por aí, não sou um pobre, um viciado ou na cadeia. Talvez não esteja vivendo numa mansão com três carros na garagem, mas sou feliz. Meu filho tem quatro anos de idade e sinto falta dele quando estou em turnê.

86


Por falar nisso. Já pensou qual será a opinião que seu filho terá de você num futuro? Acho que ele já tem idade suficiente para saber que o pai dele faz algo que a maioria de outros pais não fazem. Porque outros pais vão pegar os filhos na creche e não gritam no microfone, não tocam rock and roll. Atualmente ele sabe que o pai dele faz algo legal e teve uma oportunidade de fazer isso. Sabe que sou diferente. Ele mesmo é diferente de outras crianças, ele é o mais curioso da turma, gosta de explorar em volta, ver o que há do outro lado da árvore mesmo quando o professor diz que lá ele não pode ir. Não é aquela criança que diz “sim senhor!” para tudo, o faz de maneira educada, mas mantém a curiosidade ativa. Daqui a algum tempo, gostaria de poder levá-lo em turnê comigo para ver todos estes garotos que estão aqui para curtir uma música underground, que saíram de sua rotina por um dia, vir a um festival e assistir a um monte de bandas num mini festival, cantar juntos. Às vezes penso nas pessoas que não possuem música em suas vidas, para mim música é arte, é cultura. Escuto música o tempo inteiro, se puder o dia inteiro, até mesmo o alarme do telefone é música porque é muito melhor do que estes barulhos que vem como alarme no telefone. Então é isso, música é arte. Obrigado pela entrevista, foi uma boa conversa. Claro! Eu que agradeço.

87


Texto e Fotos: Mauricio Melo Bandas: Defeater, Being As An Ocean, Cruel Hand, Fit For a King & Burning Down Alaska. Local: Sala Razzmatazz 2, Barcelona Data: 22/11/2015

E

em mais um ano o Never Say Die Tour passou por Barcelona, coincidentemente na mesma data do ano anterior, porém com um perfil bastante diferente. Se ano passado tínhamos um perfil mais hardcore raiz, incluindo Terror e Comeback Kid, este ano a marca Impericon atacou com bandas de metal core e post hardcore. Apesar de a Sala Razzmatazz não estar tão cheia como o esperado, um público fiel, bastante jovem por sinal e com disposição para cantar e se emocionar com suas bandas favoritas. Quem chegou cedo conseguiu conferir o que os jovens alemães do Burning Down Alaska puderam oferecer de melhor, principalmente em temas melódicos como “Monuments” e “Reality Fiction”, ambas de seu disco de estréia Values & Virtues. Quem também marcou presença em um set igualmente curto ao dos alemães foi o Fit For A King, uma banda de metalcore cristão

88

e com muita disposição no palco. Definitivamente, quem não presta atenção nas letras e julga o quarteto apenas pelo que se escuta pode facilmente associá-los como mais uma banda que cultua o que chamam de lado escuro. Com tantas melodias quanto o grupo anterior, mas nitidamente com mais peso como em “Hollow King (Sound of the End)” e “Bitter End”. Talvez o que mais limite o público destas bandas, fazendo com que os fãs do hardcore mais raiz não se aproximem tanto sejam coisas como excesso de breakdown, que, a olho nu, são todos iguais e os saltos combinados nas laterais do palco entre guitarristas e baixistas, sinceramente dá uma sensação de boy band, mas que no fundo vende e tem lá seu fiel público. Como único representante do já mencionado hardcore old school, tivemos o Cruel Hand, aquelas guitarras mais sujas, um baixo mais alto e vocal mais berrado, aquele perfil do


Burning Down Alaska

Being As An Ocean

89

Fit For a King


já clássico grupo Terror. Músicas como “Lock and Key” e “Life in Shambles” colocaram o público para suar e bons circle pits foram formados. Mas quem mais uma vez roubou a cena foi o quinteto californiano do Being As An Ocean. Com a banda já no palco, um integrante do Hope For a Day entrou para dar uma pequena palestra e oferecer ajuda aos jovens que andam atordoados, sofrem de depressão e que tendem ao suicídio. De acordo com as estatísticas o suicídio entre os jovens do mundo inteiro vem crescendo de maneira considerável, muitas vezes um problema que pode ser resolvido com uma pequena ajuda, uma simples conversa e que pode ser facilmente encontrada na barraca de merchandising do grupo, ainda que pareça exagero, diante de tanta confusão mundo afora ou adentro, existem pessoas necessitando de ajuda. Ainda mentalmente atordoados pelos recentes fatos ocorridos em Paris, metade da linha de frente sentiu um nó na garganta, a outra metade berrou com lágrimas nos olhos com “Little Richie” e mais adiante com “L’exquisite Douleur”. No mês anterior tive a oportunidade de cobrir um show da banda em outro país e a emoção dos fãs foi tão grande quanto. Assim como naquela ocasião, o vocalista passou toda a apresentação junto ao público, debruçado na grade ou mesmo cantando no meio dos espectadores. Em ocasiões saltando do balcão do bar, situado bem próximo da multidão, mal podíamos vê-lo, mas sim escutá-lo. Michael McGough com seus limpos vocais fazendo a

90

Burning Down Alaska

Fit For a King


Burning Down Alaska

Cruel Hand

91

Fit For a King

Defeater


parte melódica enquanto Tyler Ross arrancava os melhores riffs de sua guitarra e a noite já anunciava um vencedor, Being As An Ocean seria a banda a ser superada. Mesmo que a banda principal do evento fosse The Amity Affliction, mais uma que faz o perfil das primeiras da noite, nos demos por satisfeitos com o show do Defeater, banda de Boston que vem conseguindo demonstrar que não necessita tocar o hardcore tal qual está no manual de instruções. Por isso são considerados post-hardcore, o que não passa de mais uma etiqueta já que a atitude é o mais importante. A banda já conta com quatro bons e respeitáveis lançamentos, todos com letras conceituais, ou seja, cada álbum conta uma historia de princípio, meio e fim, e letras pra lá de interessantes. Antes um quinteto e atualmente um quarteto, abriram com “Bastards”, vocais rasgados, riffs melódicos e um Derek Archambault (vocal) com intensa movimentação. O público, é lógico, cumpriu a risca, berrou nos refrãos e circle pits foram abertos. O trabalho mais recente apareceu por primeira vez com “Uanswered”, também com “December 1943” e “Remorse”. Difícil escolher um ponto alto da apresentação pois estiveram à altura das expectativas. Todas as bandas apresentaram níveis altos em suas apresentações, mas Being As An Ocean e Defeater levam escandalosos diferenciais, como separar homens de meninos. “In the end, it is Love that wins!”

92

Being As An Ocean


Being As An Ocean

Defeater

93

Defeater


Texto e Fotos: Mauricio Melo Deez Nuts, Major League, Being As An Ocean, Comeback Kid & Stray From The Path Data: 22/10/2015 Local: La Vitrola, Montreal, Quebec

Mais uma noite fria de outono na cidade de Montreal (Quebec / Canadá) e lá estávamos a caminho de mais uma jornada, como nos velhos tempos. Onde tudo começou de maneira oficial no mundo da música para quem vos escreve há uma década e meia atrás. Relembrar velhos tempos, percorrer os eternos becos da cidade para cortar caminho entre paredes de tijolos repletas de grafites e as características escadas dos apartamentos da cidade fixadas diretamente nas calçadas. A ocasião não poderia ser melhor, um mini-festival no centro Galego da cidade e tendo como uma das bandas principais os “locais” do Comeback Kid, é como ir ao estádio assistir ao time local sabendo que o jogo será ganho com facilidade. O que para nós na Espanha seria uma matinê, aqui é horário oficial. Às 18h30 as portas do “La Vitrola” foram abertas e às 19h em ponto os australianos do Deez Nuts deram início à jornada com uma apresentação de pouco mais de 20 minutos. Na Espanha, o grupo é bastante considera-

94


Being As An Ocean

95


do e toca em horários mais privilegiados, por aqui, apesar da aceitação da galera, achei relativamente injusto a escalação do quarteto para abrir a noite, nós mesmo não chegamos a tempo para grandes opiniões e do pouco que conferimos deu para perceber que o público queria mais, mas aí esbarraram no horário contado e previamente definido. Quem acabou se dando bem nessa história foram os americanos do Major League e seu pop punk. Mesmo não tendo o perfil ideal para a noite que, na verdade apostou por uma boa mistura de estilos, pegaram um público maior, porém mais exigente. O fato é que a ordem deveria ter sido invertida. A partir da terceira banda, Being As An Ocean a coisa ficou mais séria, o público que havia sido responsável pela placa de SOLD OUT pendurado na porta já estava empacotado dentro da sala, o vocalista Joel Quartuccio começou e terminou a apresentação dividindo o microfone, berros e emocionantes refrãos. Algumas vezes podíamos ver sua careca no meio de toda confusão, outras vezes podíamos vê-lo sendo surfando por sobre as cabeças alheias, mas nunca parávamos de escutá-lo, duas das mais celebradas e que podemos destacar foram “L’esquisite Douleur” e “Death’s Great Black Wing Scrapes The Air”. Apesar de curto já deu para sentir a pressão do público e o que mais poderia acontecer quando os locais subissem ao palco. Não demorou para descobrirmos o “caos” que se converteu a sala desde a primeira mú-

96


Comeback Kid

Being As An Ocean

97

Comeback Kid

Stray From The Path


sica do quinteto proveniente de Winnipeg, foi uma demolição geral desde a abertura com “Talk is Cheap”. Era necessário certa habilidade para esquivar dos stage dives com a câmera na mão e não perder a perna de apoio na borda do palco com possibilidade de colocar tudo a perder. Na sequência tivemos “Do Yourself A Favor” e percebemos a enorme diferença que faz o idioma num show hardcore. Na Espanha, por mais esforçado que o público seja, o saber cantar todas as palavras que exige o vocabulário em um show deste porte marca a diferença. Parecia que a banda estava tocando para milhares de pessoas, eram definitivamente os donos da noite, o grupo com o publico mais completo. Quando “False Idols Fall” apareceu no meio do set o jogo já estava ganho de goleada. Todo mundo suando bicas, Andrew com total controle do público, o guitarrista Jeremy nem tinha espaço para seus furiosos saltos, o fluxo de pessoas era intenso e algo poderia dar errado. Do disco mais recente tivemos “Wasted Arrows” e do anterior, além das já mencionadas também figurou “GM Vincent and I”. Fechar com “Wake The Dead” era mais do que esperado, chave de ouro. Depois de tudo que ocorreu nas duas apresentações anteriores, os nova-iorquinos do Stray From The Path tiveram que suar a camisa para fechar a velada em alto nível. No fundo acho mesmo que não precisavam de tanto por se tratar da banda do momento na América do Norte, um público bastante jovem se acotovelou na linha de frente para cantar os

98

Being As An Ocean

Comeback Kid


99


Stray From The Path

refrões de músicas como “Outbreak” e “Black Friday”. É impressionante ver como a história e o formato se repetem, porém com mais potência devido aos avanços tecnológicos e informações que chegam à geração atual em uma incrível velocidade. O Stray From The Path funciona bem para uma geração que não vivenciou (ou mesmo conheceu) bandas como Downset e tem o Rage Against The Machine como banda velha, pois é isso que o quarteto é, uma reciclagem destas e outras bandas de perfil similar, guitarras potentes, letras cantadas a ritmos de rap e berradas com a força do hardcore, sem tirar o mérito da banda que por sinal preenche de maneira competente as expectativas de seu público e com letras muito bem elaboradas, mas sinceramente, quem levou o prêmio maior foi o CBK. Noxxx.

100






Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.