Rock Meeting Nº 72

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EDITORIAL

6 anos! D

iante daquele velho clichê temporal de que os anos vividos não são dias ou semanas, não podemos deixar de citá-lo.

É imensurável a questão do tempo, explicá-lo, então, nem pensar. O tempo rege sozinho, sem ordens e se um cronograma. Simplesmente ele passa. Como as águas de um rio nunca será o mesmo, ele flui. E estamos fluindo, reinventando, criando mais parcerias, fazendo muitos amigos e desagradando a outros. Ninguém é perfeito, logicamente, nem queremos ser! Os erros nos fazem enxergar aquela luz no fim do túnel e buscar a mudança, muito embora, para alguns, isso nem funciona. Nós queremos agradecer a todos. As palavras podem soar soltas, sem reforço do sentimentalismo ou até falado por falar. Mas é que não conhecemos outro método mais singelo, sincero de agradecer. Somos gratos por cada um que passou por aqui. Somos gratos por cada idéia aqui realizada. Somos gratos por cada parceiro que acreditou na Rock Meeting e estão aqui nos ajudando a cada edição. Do primeiro ano de publicação até agora, foram muitas conquistas e todas elas estão no campo das coisas que não tem preço. São seis anos de luta, de olhar para frente, de enxergar as coisas boas diante de tanta coisa ruim. Vida longa as bandas brasileiras. Vida longa aos produtores, pois sem eles não seriam possível assistir os shows. Vida longa à imprensa, pois sem ela você nem sabe o que está acontecendo. Amigos, a quem chamamos a todos, o nosso muito obrigado!


TABLE OF CONTENTS 07 - News - World Metal 10 - Entrevista - Mortifer Rage 14 - Entrevista - Hatematter 18 - Lapada - O fim de uma banda 24 - Entrevista - Os Doutores 30 - Entrevista - Syren 40 - Capa - Paradise Lost 46 - Review - Cruilla Summer Festival 56 - Entrevista - Tuatha de Danann 60 - Entrevista - Metalizer 68 - Entrevista - BrighStorm 72 - Perfil RM - Amilcar Christ贸faro (Torture Squad) 70 - Coluna - O que estou ouvindo?


Direção Geral Pei Fon Revisão Rafael Paolilo Capa Alcides Burn

Colaboradores Jonathas Canuto Leandro Fernandes Marcone Chaves Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net



Novo trabalho Recentemente o ColdBlood anunciou que, após finalizar a gravação de seu novo disco no Brasil, o material foi para a Alemanha ser finalizado e agora nos conta um pouco mais sobre este processo.O produtor escolhido é ninguém menos que Chris “Mersus” Menning, também baterista da banda Destroyer 666, que já havia trabalhado com o grupo anteriormente. Ele está no The Underworld Studios, na cidade de Solingen/Alemanha, mixando e masterizando o trabalho.“Ficamos muito felizes com o resultado do trabalho do Chris em nosso álbum anterior e sabemos da qualidade dele como produtor. Acabou sendo uma escolha óbvia, temos certeza que os resultados serão superados”, comenta o vocalista Diego Mercadante.Este será o terceiro álbum de inéditas do grupo.

Novo trabalho 2

de volta

O Neuroticos está trabalhando pesado na finalização de seu novo trabalho que será um EP regado a Death Metal. A banda está no estúdio Void)))Lab Studio na capital Tóquio onde registra as seis músicas que compõem o EP. A produção está nas mãos de Ryuhi Inari e do próprio Neuroticos. Atualmente morando no Japão, o Neuroticos é formado por três brasileiros e um japonês. Conheça AQUI.

Terminado o processo de mixagem e masterização de seu novo single, ‘Jealousy’, o Lascia disponibiliza um vídeo mostrando um pouca doprocesso de gravação do trabalho. Recentemente o grupo anunciou que ninguém menos que o produtor sueco Jakob Herrmann, que tem em seu currículo nomes como Europe, Machine Head e Evergrey, está coproduzindo e finalizando o single. Conheça AQUI.

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Lyric Video

Detalhes

Depois de apresentar a capa de seu novo material, o Desdominus nos mostra um pouco do que está por vir musicalmente. A banda acaba de disponibilizar um lyric video da faixa título do novo álbum, ‘Uncreation’. O trabalho ficou nas mãos do artista Rafael Tavares, que entre muitos nomes, já trabalhou com bandas como: Azaghal, Ophiolatry, NervoChaos, Amen Corner, entre outras.

“Depois do incidente que atrasou a produção de seu primeiro clipe (leia), o Revolted já finalizou as gravações e nos conta um pouco do processo. “Tudo fluiu muito bem!”, celebra o vocalista Hedrey. O clipe será para a música ‘Heartbreaking’ retirada do premiado álbum ‘Revolutionary Order’. As imagens do clipe foram registradas na cidade de Anápolis, em uma indústria siderúrgica. Conheça AQUI.

Dark Fest Um menos de um ano de estrada, os stoners do Macumbazilla já conseguiram grande destaque na mídia por conta do seu debut EP com as faixas “The Ritual”, “Blood, Beer and Broken Teeth” e “King Without a Crown”. Com a CD Baby, o EP dos Macumbazillas ganha distribuição digital mundial e assim alcançando novos fãs ao redor do mundo. A banda já está na etapa final da gravação para o seu primeiro full lenght álbum trazendo um som que passeia entre o stoner e o metal. O álbum, produzido pela banda, deverá ser intitulado “Colossus”. Quem ainda não conhece o trabalho da banda pode escutar as faixas “Blood, Beer and Broken Teeth” e “The Ritual”, ouça AQUI. E o vídeo da faixa “The ritual” pode ser visto AQUI. 08


De volta A banda Lacerated And Carbonized, uma das novas potências do death metal sul-americano, está realmente trabalhando a todo vapor na gravação do seu próximo disco de inéditas. O álbum, ainda sem título definido, conta produção do próprio grupo em parceria com o músico e o engenheiro de som Felipe Eregion (Unearthly). Após Victor Mendonça registrar todas as linhas de bateria, o baixista Paulo Doc dominou o HR Studios, no Rio de Janeiro, e já finalizou todas as suas atividades para este novo trabalho. “Planejamento e experiência estão fazendo toda a diferença. Estamos conquistando exatamente o que imaginávamos no início do processo e eu simplesmente não poderia estar mais satisfeito. Toda a equipe envolvida está trabalhando duro e eu não espero nada mais do que o melhor trabalho do Lacerated And Carbonized até agora”, exaltou Paulo Doc.

Novo single

“My Dead Emotions’

A banda paulista Silver Mammoth confirmou o lançamento do seu novo single, primeiro a ser extraído do seu vindouro terceiro álbum, para o próximo mês de setembro. O referido material contará com distribuição digital através da CD-Baby, para as maiores lojas do mercado mundial. Em paralelo, o Silver Mammonth já está em estúdio finalizando o seu novo álbum, que tem previsão de lançamento para o próximo mês de outubro.

A banda carioca Nympho, um dos destaques da cena Hard Rock no país, continua o seu trabalho em suporte ao álbum “Not That Innocent”. Para isso, o grupo relançou no Youtube o videoclipe para a música “Flush Your Heart Away”, extraída do referido material. Em paralelo, o Nympho continua o agendamento das novas datas pelo Brasil em suporte ao seu novo álbum. Para mais informações via e-mail AQUI.

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Por Leandro Fernandes (leandro@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

Como tem sido a recepção ao single “Field of Flagellation” e ao vídeo de ”Guilty”? O single é intitulado “Field of Flagellation” que conta com duas músicas “ Genocide of Minds e Redemption Blade” que saiu também como bônus em vídeoclipe. Guilty é uma música do nosso último álbum que atualmente estamos divulgando um vídeo que foi produzido pelo amigo Clinger da Heavy Metal On Line. Qual foi a intenção do lançamento desse single? Por acaso era para mostrar que a banda estava na ativa ou para testar o estúdio? 10

A intenção era realmente de mostrar um pouco do que a banda vinha produzindo de novo, e como fizemos um vídeoclipe da música Redemtion Blade, tivemos ideia de lançar o single com duas músicas e um vídeoclipe de bônus. Com relação aos lançamentos percebe-se um grande tempo entre eles. Porque a banda teve esse grande hiato de um lançamento para o outro? Infelizmente não vivemos da música. Cada integrante tem seu trabalho pessoal e o metal para nós está no sangue, temos já 17 anos de banda e as dificuldades são superadas, e por falta também de acordos com selos, o tempo se


torna um problema para que tudo saia da forma que almejamos. Contudo este novo trabalho que está para sair no início 2016 está mais maduro, brutal e mórbido e, com certeza, será também nosso melhor trabalho em termos técnicos e de produção. Como está o planejamento para o próximo lançamento da banda? Por acaso já tem estúdio, produtor e artistas gráficos escolhidos? Em setembro entraremos em estúdio para início das gravações e será produzido pelo músico e produtor André Damien da banda Paradise in Flames que também já fez parte da banda Mortifer Rage. Já o lançamento será a cargo do selo Black Legion Productions no início de 2016. A banda está na ativa há vários anos, quais são as principais diferenças no 11

cenário underground de quando começaram para hoje? A cena varia muito. Eexistem muitas bandas que se extinguiram e outras surgiram, momentos de pouca e muita produção e agora, falando da cena mineira, existe muita produção de eventos e muitas grandiosas trazendo headliners gringos que na maioria das vezes também se excluem bandas locais destes eventos para se dar ênfase em bandas gringas. A cena nacional é muito rica e tem de ser valorizada ainda mais. Venho de um tempo onde em Belo Horizonte se lotava ginásios e grandes casas de shows para se ver somente bandas nacionais, e hoje o valor é inverso infelizmente. A banda é Minas Gerais que tem uma tradição enorme no cenário metal, como anda a cena mineira hoje em dia? A cena é rica como disse com grandes bandas, o que vejo atualmente e falta de ainda mais


união entre bandas e produtores, e às vezes intrigas de falsos bangers que mancham o valor da cena metal e isso não só em Minas, mas em todo Brasil. Tenho orgulho da cena mineira, pois os bangers aqui são de quebrar a cabeça e são exigentes também. O que atrapalha é a dificuldade de apoio e espaço para se produzir sempre grandes eventos, contudo existem pessoas em Belo Horizonte que dão sangue para manter viva a cena sem grandes retornos financeiros para se produzir eventos. Quais materiais a banda tem em mãos para quem se interessar em adquirir merchandise da mesma? Temos pouco do single Field of Flagellation e temos camisetas a venda também. Quais são os temas abordados nas novas composições da banda? É um trabalho conceitual ou cada música tem um tema específico? Os temas são variados expondo diversas situações de repúdio a tentativas de manipulação humana sendo ela de cunho religioso, político ou ideológico. O primeiro disco da banda “Legacy Of Obssessions “ teve lançamento na europa pelo selo Hallucination Productions, como se deu essa parceria e qual foi o saldo dela? Inicialmente foi muito bom o saldo, tivemos participação de lançamento de trabalho com outra banda de Portugal na época em K7, oportunidade de fazer tour por alguns países na Europa, e o que atrapalhou foi data e relação de emprego por aqui que não favoreceu nossa ida na época. Infelizmente a produtora Hallucination fechou as portas e hoje estamos com novos planos. 12

A banda já teve oportunidades de tocar ao lado de grandes bandas como Hate Eternal, Incantation e Sadism. Como se deu essas oportunidades e como foi tocar com grandes bandas como essas? É sempre bom tocar ao lado de grandes nomes do metal, o que demonstra a competência do nosso trabalho e respeito dos bangers para consoco. As oportunidades vieram e vem naturalmente por convites para shows assim como tocamos com Krisiun e Impurity em pleno distrito federal foi muito foda, e também tocamos em vários outros eventos pelo Brasil com grandes bandas da cena nacional como, Holder em Maringá, Pathologic Noise e Divine Death e Queiron em BH, e no festival Palco do Rock em Salvador - BA para grande público


ao lado da banda Torture Squad. Após lançamento do nosso próximo trabalho o projeto é fechar tour eixo norte-nordeste e sul-sudeste sem contar pelo anseio da primeira tour europeia. As bandas de death metal hoje em dia tem mudado bastante seu estilo, ora ficando mais técnicas, outras mais brutais ou mais modernas. A banda pratica um death metal bem na linha old school, as músicas novas mantem essa mesma pegada ou sofreram novas influências? As influências são mescladas de cada músico da banda, com o tempo é natural a evolução técnica musical, mas sempre focada na essência do estilo extremo, o nosso próximo álbum 13

será mais técnico contendo elementos de bandas extremas atuais, mórbido e com pegada forte extrema. Estará mais longe de ser old school, para quem curte este estilo tem sim pegada de Malevolet Creation, Monstrosity e Morbid Angel, mas tem influências de um Nile, Dying Fetus, Behemoth, Deicide, e o mais importante, o som do Mortifer Rage renovado, pesado e extremo. Trabalhamos muito nestas músicas para que seja um dos melhores álbuns de metal de 2016 a nível nacional. Aguardem! (risos) Agradecemos a oportunidade desta entrevista e contamos sempre com o apoio dos Deathbangers de todo Brasil.


Por Marcones Chaves Fotos: Divulgação

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eath metal melódico de alto padrão Sueco? Não, ele é do Brasil e dos bons! Com vocês a banda Hatematter, que recentemente lançou um dos melhores álbuns do estilo neste ano, “Foundation” baseado em uma obra de ficção científica premiada mundialmente. Batemos um papo com o baixista André Martins, sobre o álbuns, nova formação, entre outras novidades! Veja matéria abaixo.

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A banda passou por mudanças em sua formação recentemente, quem são os novos músicos? Mudou a banda inteira praticamente. O Marcus Dotta é o baterista e ele já havia entrado antes na banda para fazer a turnê do Foundation. Gustavo Polidori voltou para a Hatematter, ele gravou as guitarras e assina a co-autoria do álbum Doctrines. André Buck assumiu a outra guitarra. E, por fim, o vocalista: agora


de criação do álbum que é baseado em uma série de ficção científica de Isaac Asimov, premiado em 1966? Eu sou maluco por experiências completas de entretenimento, não consigo olhar para a música apenas como “som”, na minha cabeça. Eu já imagino roupas, palco, iluminação, como será o andamento do show e, principalmente, o universo que vamos criar para o fã que acompanha a Hatematter. Fazer o álbum conceitual proporciona tudo isso de maneira objetiva e me obriga a criar todo esse diferencial para o público. Eu sou aficionado por ficção científica, escolher a trilogia. “Fundação” foi natural. Não teve concorrência nessa escolha. A produção ficou a cargo dos produtores Brendan Duffey e Adriano Daga na Norcal Studios! Conte-nos sobre a parceria que vem desde o primeiro álbum “Doctrine”? O que começou como um “contrato” banda x estúdio, acabou se tornando uma amizade de anos. Mesmo hoje o Brendan de volta para a Califórnia e o Adriano com seu trabalho com o Malta, nós ainda mantemos contato. E temos planos de manter essa parceria em futuros trabalhos, o Brendan é praticamente um membro da Hatematter.

temos Luiz Artur como frontman da Hatematter. Estamos trabalhando duro para manter a qualidade dos dois lançamentos e, principalmente, preparando o terreno para os próximos trabalhos com esse novo time. O álbum Foundation é, sem sombra de dúvidas, uma das obras-primas do metal brasileiro já lançado nos últimos anos. Como que se deu este processo 15

Como funcionou a parceria com o ilustrador carioca Harald Stricker a respeito da parte gráfica do álbum? Foi um contato de fã da minha parte. Quando comecei a colocar no papel o projeto, a primeira coisa que eu fiz foi ouvir novamente um podcast sobre Asimov que o Harald participa. Eu sabia que ele era ilustrador, devido ao seu trabalho em “Independência ou Mortos” e pensei “por que não?”. Ele foi super atencioso e o resultado superou as expectativas, além


de ótimo ilustrador ele também é fã de ficção científica. Sobre as letras na parte conceitual do álbum, ficou a cargo de quem? E como foi adaptado a obra de Isaac Asimov? Thiago Ribeiro. Foi ele quem pegou todos os rascunhos e divisões malucas que eu fazia da história e transformou em letras sensacionais. O trabalho dele é um dos pontos altos da obra, precisava de alguém como ele nesse projeto. Não tinha nenhuma possibilidade de fazer essa adaptação sem um escritor competente do meu lado. A Federação Internacional da indústria fonográfica divulgou em evento ocorrido na cidade de Londres em 2014, um relatório referente a este momento de transição do mercado musical no mundo, além do aumento no consumo de 16

música em streaming! Vocês utilizam bastante destes canais digitais para divulgação do álbum, através do Spotify, Deezer, SoundCloud e Google Play! Algum resultado já foi identificado se compararmos os lançamentos dos dois álbuns da banda? Apenas o espaço da “marca” Hatematter. Nos serviços de streaming quem sincroniza o Doctrines acaba ouvindo o Foundation e vice e versa. Para nós, é importante justamente esse número de fãs crescente que temos e o quanto eles agregam de valor comercial para a banda. Financeiramente não faz diferença o 0,004 centavos que ganhamos por play, mas esses seguidores nos ajudam tanto para conseguir bons shows quanto comprando merchan. Resumindo: o streaming é uma grande vitrine onde o fã pode ouvir sua música de graça, vai da nossa competência comercial ajudá-lo a consumir os outros produtos da banda que


realmente são lucrativos. Foi publicado recentemente na página oficial da banda, imagens de ensaios, a banda deve iniciar, uma turnê em breve? Com certeza! Foi uma injeção de motivação essa nova formação e ver todos trabalhando juntos para colocar a Hatematter de volta nos trilhos. O álbum Foundation merece essa turnê. Quais as bandas influenciam a Hatematter? A Hatematter surgiu muito influenciada pelo Death Metal Melódico sueco, bandas como In Flames, Darkane, Dark Tranquility, At the Gates, etc... Porém, uma banda fundamental no começo foi o Iced Earth. Jogo rápido! Fale um pouco de cada fai17

xa do álbum “Foundation”? Vou falar de uma maneira macro: basicamente separei as faixas por personagens centrais da trama. O livro “Fundação” dá saltos temporais que impossibilita contar uma história única, por isso optei por este formato. Não vou entregar a história, mas temos músicas para Hari Seldon, Salvor Hardin, Pritcher, Bayta, Mulo, Arkady e a explicação da importância de cada um deles faixa a faixa. Agradecemos a entrevista! Longa vida a Hatematter. Deixe uma mensagem final para os fãs? Agradeço o espaço fornecido e o grande trabalho de divulgação que vocês tem feito. Para os fãs, nos vemos em breve nos shows! Acompanhem os canais da banda, isso ajuda mais do que vocês imaginam! Obrigado a todos!


De quem é a culpa? Há alguns dias, uma triste notícia caiu como uma bomba no cenário nacional: o Dr. Sin, depois de mais de 20 anos de carreira, irá cumprir as datas da atual tour e encerrar suas atividades. Óbvio que fãs e imprensa deixaram seus votos de tristeza pela partida de um dos maiores nomes do Rock brasileiro (e alguns trues caveiras velhas à lá anos 80 comemoraram. Trues anos 80 com carteira de identidade mostrando que nasceram nos anos 90. A falta se “semancol” diária parece não estar funcionando...), muitos protestaram em busca de um culpado. Do headbanger sem vergonha que fica bebendo na porta do evento e não entra, até aquele que só baixa discos na internet (sem pagar por isso), e mesmo aquele que não costuma ir a shows, todos receberam farpas bem sofridas. Nesse ponto, o Pai Marcão aqui concorda que tais pessoas realmente possuem uma parcela de culpa bem grande (e ponha os caveiras burras junto. Falam demais, fazem de menos mesmo...), mas existe algo que o headbanger deveria saber há muitos anos:

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nada é para sempre, tudo acaba. No caso do Dr. Sin, a banda ainda tinha muito gás, visto que seu último disco, “Intactus”, é outra pérola na discografia do conjunto. Mas quantas e quantas não são as bandas que vemos por aí e já cansaram e caíram no marasmo? Nunca esqueci uma frase de Dee Snider em entrevista para uma revista em 1985: “bandas como Deep Purple devem parar!” Calma aí, pessoalzinho mais esquentado e afobado: ao ler a entrevista, Dee deixa claro que estas bandas que já fizeram tudo


que podiam deveriam parar, para que outras mais jovens pudessem continuar o legado. Algo que era comum de se pensar nos anos 80. E pensar que o Twisted Sister volta e meia faz shows sem gravar nada novo... Alguns casos: o Black Sabbath, com 75% de sua formação original, lançou “13”, um disco bem aquém do que a banda pode fazer. E já falaram que gravarão mais um e irão parar a banda depois de tantos anos de atividade. Com todo o respeito aos pais do Heavy Metal, será que já não é hora mesmo de pendurar as chuteiras? Ozzy não se lembra

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das letras das músicas que canta, Tony está se recuperando de um tratamento para câncer, e ainda temos a briga de Sharon com Bill. Ora, se é o último disco, por que não deixar a formação original do Sabbath gravar e se despedir dos fãs? Agradeço por tudo que fizeram de maravilhoso, mas acho que já deu... Outro: o próprio Deep Purple mancha seu passado fazendo tours e mais tours aquém do que a banda fazia nos anos 70 e meados dos 80. Basta ver que Ian Gillan não aguenta mais muitos timbres que usou em canções


Metallica

clássicas. Os gritos dele desapareceram. Mais um: Iron Maiden. Sim, já sei que comprei uma briga dos diabos com uma parcela enorme de fãs, que não aceitam o fato que o queridinho deles já andam mal das pernas há, pelo menos, 15 anos. Desde que Bruce voltou, a genialidade do Maiden anda em baixa. Baixa para quem criou discos como “The Number of the Beast” e “Seventh Son of a Seventh Son”. Mesmo a canção nova, a boa “Speed of Light”, já mostra que não devemos esperar que eles retomem aquilo que melhor faziam nos anos 80: nos surpreender (positivamente) com algo diferente. E ao vivo, ver Bruce perder a voz em vários clássicos (como pude ver no Rock in Rio de 2013) chega a ser frustrante. Frustrante para mim, que comecei

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nesta vida com eles sendo a primeira banda de que gostei e a primeira de quem comprei disco. Outro: AC/DC. Apesar de ter momentos em que a banda se supera depois de maus bocados (como vemos em “Razor’s Edge”, primeiro disco realmente bom depois de “For Those About to Rock”), agora tivemos a baixa de Malcolm, o cara que dava sustento à banda, seu principal compositor e líder. “Rock or Bust” é um bom álbum, mas o que pode acontecer agora que Malcolm está fora em definitivo? E mesmo Brian Johnson já deu mostras anteriormente que estava cansado dessa vida. Metallica é outro desse time: os vi em 2013 no Rock in Rio, e o sentimento de frustração foi grande. James estava burocrático e


Iron Maiden

AC/DC

sua voz não é a mesma. Robert e Kirk são os mesmos de sempre, ou seja, apenas fazem o papel. O que me espantou foi ver Lars extremamente animado, querendo fazer um puta show (sim, ele estava com tudo), mas só Lars não salvou a noite. E digamos de passagem: desde “Metallica”, de 1991, a banda nunca mais fez um disco realmente grandioso, no seu estilo. O último: Motorhead. Depois de sair de um show em pleno Wacken de 2014, cancelou a apresentação no Monsters of Rock brasileiro em abril de 2015, e ainda cantou a letra de “Ace of Spades” enquanto tocavam “Overkill”. Lemmy está muito mal de saúde (já não é segredo que ele é diabético), e acho que o Mr. Rock’n’Roll pode parar, descansar

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Foto: Scanpix Norway

e aproveitar o restinho de vida que tem para poder acertar algumas coisas... No fundo, acho que o headbanger não lida bem com o fim das bandas que gosta, mas isso acontece. É normal, faz parte da vida. Um caso interessante de ser pensado é o do Led Zeppelin. Um dos maiores nomes dos anos 70, ao perder o baterista John Bonham (que morreu aos 32 anos devido ao consumo pesado de álcool. E antes que algum chato fale besteiras, a autópsia não encontrou drogas no corpo dele), o Zeppelin decretou o fim, sem nunca tentar colocar outro em seu lugar. Talvez hajam outros motivos para o fim (muito se fala da morte do filho de Robert Plant, Karac, em 1977), mas nunca foram revelados, até onde este autor sabe. Houve-


Motörhead

ram reuniões para shows especiais (como o Live Aid, em julho de 1985), mas o Zepelim de Chumbo continuou no chão. Ainda bem, pois seria triste ver Robert Plant cantando canções como “Black Dog”, “Dazed and Confused” e outras sem aquela voz maravilhosa dos 70... Ou seja, diferente de todos os outros, o Zeppelin NUNCA deu ouvidos aos chorões, valendo a decisão inicial de parar. E pararam no auge, deixando uma sensação de vazio no mundo do Rock/Heavy Metal. Não que John Bonham fosse insubstituível (sabemos que não é assim), como muitos alegam, mas acredito que o grupo teve tantos aborrecimentos fora do âmbito musical (apenas uma hipótese. Ainda não li biografias da banda para falar com mais certeza) que resolveram parar antes que fosse tarde demais em alguma coisa. E ainda bem que assim o fizeram, pois se

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pouparam de vexames que muitos de seus colegas de época (e outros que vieram depois) cometeram sem pudores. Voltando a Dee Snider, no fundo, acredito que ele tem razão. É preciso mesmo que os que cansam ou perdem a energia com a idade parem. Parem para seus integrantes poderem aproveitar as próprias vidas, para não mancharem suas carreiras com discos aquém de suas possibilidades, e para que os mais jovens tenham a chance que merecem. Ninguém é jovem eternamente, e o que define quando uma banda deve parar é quando a qualidade de seus discos cai vertiginosamente. Mas ao mesmo tempo, quando alguma banda encerra suas atividades, outras surgem para dar seqüência ao gênero, e assim, renovam o Metal. Ninguém vive de passado, e releituras não são válidas...



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Por Leandro Fernandes (leandro@rockmeeting.net) Fotos: Luiz Rodrigues

Galera, parabenizando pelo excelente trabalho que a banda vem fazendo, pergunto, desde quando e como “Os Doutores” surgiu? Sandro Menossi (bateria): A Banda completou 5 anos agora, em julho. Ela surgiu com uma conversa entre eu e Roney (Voz e Guitarra) sobre fazer um som pra se divertir, curtir um pouco, já que estávamos cansados de tocar bailes. Convidamos Ivan (Baixo) que também tocava baile e dava aula na mesma Academia de Música, Dedé entrou um ano depois, e em 5 anos estamos no quinto baixista. Não é todo mundo que está disposto em investir em um trabalho autoral. É gritante e bem original a influência “oitentista” no som da banda. Pra vocês, a música brasileira viveu seu apogeu nessa época? O fato do nosso som ter essa característica é totalmente ocasional, não é uma coisa pensada, deve se ao fato de todos da banda ouvirem muito as músicas dessa época, mas estamos olhando sempre pra frente, os anos 80 já foram. Não digo a música brasileira em si, mas o Rock ganhou muita força nos anos 80, devido a grande divulgação na mídia e o Rock in Rio. Sem contar que se dava mais valor a quem tinha seu próprio trabalho do que a quem tocava somente covers. Como a banda vê a cena do rock nacional hoje em dia? O Rock nacional está ótimo, boas bandas, músicos de altíssimo nível, tem pra todos os gostos do gênero. A única coisa é que está fora da 26


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mídia, salvo raras exceções. O que anda muito na moda nos tempos de hoje são os programas que gostam de revelar bandas por aí. Eu, particularmente, considero isso um “câncer”, claro que existe muita coisa interessante. O que vocês acham desse tipo de programa? Acho que tudo é valido, mas não dá pra deixar se enganar achando que alguém vai estourar por causa disso. Por trás dos panos tem muito jogo de interesse, não é o que parece ser, é mais “pra gringo ver”. Como tem sido a repercussão do EP “Apenas um Começo”? 28

Tem sido boa, em todos os lugares que tocamos tem saído muito bem, é claro que como fazemos tudo independente as coisas andam devagar, mas é apenas um começo. Algo que gosto muito de perguntar é sobre a agenda, tem sido algo de bom agrado para a banda? Em nossa região, o sertanejo universitário está muito forte ainda, e dono de casa noturna não tem gosto musical, tem gosto financeiro, contrata quem está lhe dando mais lucro, mas estamos abrindo portas, tocando cada vez mais. Qual é a maior influência de “Os Doutores”? Pergunta difícil. Tudo que você já ouviu na vida


acaba de uma maneira ou outra influenciando na maneira de tocar, mas na hora de compor e arranjar somos nós mesmos. As músicas são exatamente a mistura das ideias dos quatro elementos da banda, formando um quinto elemento: “Os Doutores” Como vocês enxergam a banda daqui a uns 10 anos. Gravando um DVD ao vivo com os maiores sucessos dos 5 CDs Já existe algum contato dos gringos com relação a lançamento de músicas por lá e até mesmo shows? Não, não, nada nesse estilo ainda. 29

Obrigado pela entrevista e muito sucesso a vocês. O espaço aqui é livre, deixem um “alô” para os leitores. Muito Obrigado a todos vocês que de alguma forma estão dando apoio a Os Doutores, confiram nossos clipes 1 e 2. O Rock, diferente do que dizem por aí, nunca vai morrer, todos estilos têm seus altos e baixos, o que na verdade acontece é que se mede o sucesso pelo que se está tocando em rádios e Tv, mas não funciona bem assim, e Rock sempre te faz pensar um pouco, ele mexe com as pessoas, nossos governantes preferem músicas que falem de bebedeiras e festas, dessa forma parece que tudo anda bem no país!!!!


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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Sheila Ferreira Pinto/ Victor Santiago

Este ano o Syren lançou seu segundo disco, Motordevil, e pelo que tenho acompanhado, a recepção tem sido bem positiva. Qual a sensação de vocês em torno deste lançamento? Luiz Syren - A sensação de missão cumprida e de superação. As condições que gravamos e produzimos esse álbum foram bem complicadas e ver essas críticas positivas tanto dos críticos especializados com dos fãs de música pesada, não tem como descrever. Maurício Martins - Nós estamos extremamente satisfeitos com a receptividade do público à nossa obra. A confecção de um álbum novo é sempre complicada, uma vez que você precisa estar constantemente se reinventando, mas sem perder a temática e a pegada dos seus trabalhos anteriores. As críticas têm sido muito enfáticas quanto à clareza do nosso som, com as influências muito ressaltadas em cada nota dada. Já temos acompanhado uma iden32

tificação do público com as novas músicas, que são mais pesadas e modernas, seguindo uma tendência atual, mas sem perder a pegada do bom e velho Heavy Metal. Nossa sensação, no fim das contas, é de que este trabalho é o melhor da banda até então, e esperamos gerar mais e mais trabalhos, ainda melhores que Motordevil! Mais um vez o grupo apresenta a sonoridade já característica baseada do Heavy tradicional. Como é a hora de compor pra vocês, de onde vem a inspiração? Maurício - Nossa maneira de compor é bem diferente. Geralmente nossas composições não surgem em momentos de braistorm da banda, mas de brincadeiras no ensaio. Algumas vezes nos reunimos com o intuito de apenas passarmos o repertório, mas alguém puxa um riff f#%a e a banda vai toda atrás. O Luiz cria as linhas vocais ali mesmo, o esqueleto da música


surge e o ensaio rende uma nova composição. Claro, há depois um processo de refinamento da música, mas o esqueleto surge em apenas algumas horas. A graça de compor desta maneira é que todos da banda podem dar toques diferenciais na música, tornando-a ainda mais original. Bruno Coe - Tudo começa com um riff. E apesar de nossas músicas terem sempre a colaboração de mais de um membro da banda, nós nunca fomos uma banda de sentar para compor músicas todos juntos. Em teoria parece ideal, não? Mas na verdade descobrimos por experiência própria que era menos produtivo, pelo menos para nós. Então, em geral para nós tudo começa com um riff de guitarra ou baixo que aparece durante um ensaio, ou quando alguém está compondo em casa. Deste riff algum dos instrumentistas desenvolve todo o instrumental da música, temas e mais riffs, e quando temos um esqueleto completo 33

da música enviamos pro Luiz criar as vozes. E é assim que o Luiz cria melhor: de primeira. Ouve o instrumental algumas vezes, liga o microfone e começa a gravar, sem pensar demais, apenas sentindo o feeling da música e cantando junto. No fim de tudo, claro, sentamos juntos para ajeitarmos os arranjos finais aqui e ali, a cereja do bolo. Eu acredito que o que mais caracteriza o metal tradicional é justamente o riff de guitarra. E talvez justamente por partirmos de bons riffs nosso som tenha este ar de “tradicional”, apesar de nós nunca termos intencionalmente tentado nos limitar a nenhum tipo de classificação. Muitas bandas hoje em dia são pesadas e fazem um belo som, mas acho que falta aquele riff marcante, e as guitarras e baixos são quase que “percussivos”, acompanhando apenas o beat da música. Para nós sempre tem que ter o riff!


Contem-nos um pouco sobre a temática lírica de Motordevil. Luiz - Assim como em Heavy Metal ( nosso primeiro álbum ) Motordevil segue a mesma linha, somos pessoas positivas, não aceitamos muito essa coisa de alguém apontar o dedo na nossa cara e falar que o mundo e as pessoas são uma m... Não somos de reclamar e sim de resolver, nossa temática gira em torno disso, se o mundo está ruim, as pessoas são FDP, o seu meio ambiente é um lixo, você é o único culpado por tudo isso, então, resolva. (risos) Bruno - Atitude e metal! É basicamente do que falamos. Tentamos sempre manter uma atitude posititva nas letras, mesmo quando falamos de temas tensos como violência e opressão. Algo tipo: “se te jogam ovos, pegue-os, faça sua próprio omelete, e ria deles enquanto segue em frente”. De vez em quando decidimos pegar uma música e fugir do usual, falando de algo aleatório, como Oddyssey que conta a odisséia do homem contra o mar, e The Prophecy of Marduk (do novo disco) que fala do rei babilônico Nabucodonosor I e a reconquista da estátua do deus Marduk na antiga mesopotâmia. Outro destaque do disco é a bela arte da capa. Como surgiu a ideia? Luiz - Contactamos o meu grande amigo Antonio Cesar e seu sócio Rodolpho Langhi da Not.a.Pipe estudio mesmo artista q fez todo encarte interno do Heavy Metal (a capa do HM foi produzida por um outro artista), foi um parto complicado. A nossa concepção de título e capa não agradou muito a nossa gravadora americana na época e como o prazo estava hiper reduzido tivemos q trabalhar uns 3 dias sem parar na concepção dessa capa. A coisa boa foi que eles deram a ideia de termos sempre o trem como referencial em nossas ca34

pas. E foi com isso que chegamos a esse resultado magnífico. Bruno - Queríamos algo que passasse o feeling da música Motordevil e fosse dentro da temática, já que o disco levaria o nome desta música. Também gostamos muito de trens! (risos) Menos de um ponto de vista da engenharia, e mais porque acreditamos que um trem a todo vapor representa bem o som da banda: uma máquina de metal pesado imparável Unstoppable force! Termos mais trens no futuro. Aguardem. Para o disco anterior, Heavy Metal, há um hiato de quatro anos aproximada-


mente. Por que a demora entre os lançamentos? Mauricio - A banda passou, nesse meio tempo, por um período turbulento de troca de integrantes da banda. Houve um cansativo processo de seleção para escolha dos novos músicos, visando a melhor formação, que é a que atualmente vigora. Ainda tivemos um problema com o lançamento do segundo CD. Originalmente, ele seria lançado sob o selo de uma gravadora norte-americana. Mas os caras encrencaram e nos enrolaram por quase dois anos. Como tínhamos contrato, ficamos em um impasse quanto à maneira de lançarmos estas músicas. Felizmente, os caras lá toparam 35

a rescisão unilateral nossa e pudemos reaver os direitos das músicas. Encontramos no Brasil o selo da Shinigami, que fez um excelente trabalho no lançamento e prensagem do CD. Luiz - A coisa ficou tão complicada q já estávamos pensando em fazer um outro álbum para ser lançado antes do Motordevil, mas, felizmente chegamos a um acordo e conseguimos lançá lo, somos muito agradecidos a Shinigami rec. e toda sua ótima equipe por acreditar em nosso trabalho e a nossa assessoria Metal Media por fazer um excelente trabalho de mídia. Bruno - O Heavy Metal foi composto antes mesmo de a banda “existir” de fato. O que que-


ro dizer é que eu (Bruno), Luiz Syren e Alex Macedo (nosso primeiro guitarrista) compomos o disco inteiro antes mesmo de fecharmos uma formação completa e começar a pensarmos em shows e turnês. Quando nos juntamos e começamos a compor o resultado estava sendo tão bom que resolvemos não interromper o processo para pensar no resto. Por isto o processo que veio em seguida, de efetivamente botar a banda como tal em andamento, demorou um pouco. Mas fiquem tranquilos que não pretendemos esperar mais 4 anos para o terceiro disco! Neste ínterim a banda excursionou duas vezes pela América do Sul. Conte-nos como foi a experiência. Luiz - Uma tour é uma experiência inigualá36

vel, cultura, idioma, comida, tudo diferente e você precisa estar pronto para qualquer coisa na estrada e pronto para os palcos também. Uma vez um amigo me falou, “ Você só sabe se o cara quer realmente ter e viver com uma banda é quando ele volta e continua.. “, realmente muitos desistem. Você muda muitos conceitos sobre o que pensa, vive e age, realmente vocÊ muda. E precisa ter um grupo bem forte e profissional com você. Sem isso, fica insuportável, pois, muita das vezes você nem sabe onde está, sem tempo para olhar nada, apenas quartos de hotéis, janela do bus ou da van. Os surtos são normais. (risos) Bruno - Diversão, discussões, bons momentos, perrengues, conhecer lugares novos, gente nova, tentar se comunicar através do nosso triste “portunhol”, sem nunca estar muito lon-


so é que você acaba tendo que estar preparado para usar o equipamento que lhe servirem lá e destruir tudo. Felizmente, durante as duas tours da banda o público foi espetacular, matando todo nosso merchan em pouquíssimo tempo, cantando os refrões, lotando as casas e participando ativamente dos shows. Só temos a agradecer a todos os envolvidos (especialmente ao Markkus Coutinho, nosso book manager) e dizer que ansiamos pelo momento do retorno!

ge de uma cerveja (que com sorte era gelada, mas nem sempre). Enfim, tudo que uma turnê deve ser! A boa receptividade do público tem sido muito além do que poderíamos imaginar também! Vale cada gota de suor. Mauricio - Um período de turnê nunca é fácil, quem está na estrada sabe disso muito bem. Uma coisa é você tocar para seu público cativo, na sua cidade, carregando um mínimo de equipamento e tirando um som monstruoso na casa. Mas a turnê traz vários fatores diferenciais. Primeiro, você está no quintal dos outros, você é o estranho, o que gera um desafio maior na hora de cativar o público. Segundo, você não controla as casas de show que você vai tocar. Isso significa que, em um dia, você pode tocar num Circo Voador da vida e, no outro, no boteco da esquina. E a graça dis37

Também foi lançada a cerveja oficial do grupo, Die In Paradise, que além de uma bela impressão, possui um dos “comerciais” de cerveja mais hilários e bem sacados que já vimos. De onde veio a ideia? Mauricio - O comercial ficou muito bom! Sinceramente, quando ainda conversávamos sobre o comercial, tínhamos muitas dúvidas quanto ao roteiro final. Contratamos então o produtor de video/diretor, Gabriel Panazio. Em uma reunião regada à Die in Paradise, Gabriel nos deu a ideia final do comercial, que foi aprovada imediatamente. As nossas companheiras de vídeo, dançarinas de pole dance do Studio Anna Bia, arrebentaram nas gravações, mandaram bem demais! A cerveja tem recebido ótimas referências de todos os lados e tem vendido bem tanto nos bares, como por entrega. Continuem comprando, pois é esse dinheiro que paga tudo o que produzimos!!! Rsrsrs Luiz - E o que bebemos também. (risos) Bruno - Se tem uma coisa da qual gostamos tanto quanto metal, é cerveja. Então pensamos, por que não unir o agradável ao agradável? O álbum Heavy Metal ganhou um videoclipe. Vocês estão preparando algo para


Motordevil também? Mauricio - Sim, há a ideia de produzir um videoclipe até o começo do ano que vem. Não vou revelar a faixa escolhida, mas recolhemos a opinião pública sobre as várias faixas do CD e a faixa escolhida vai, certamente, gerar um video matador! O que mais o Syren prepara para um futuro próximo? Mauricio - Estamos planejando no momento novas estratégias de venda dos produtos já com a nossa marca. Novos produtos estarão surgindo em breve também. Com relação à divulgação do Motordevil, estamos fechando uma parceria com uma banda destruidora daqui do RJ, para realizarmos eventos em parceria. Temos em novembro um show ao lado do Hibria, no RJ, que faz parte da divulgação do álbum novo dos caras. Mais para frente, pretendemos organizar também uma tour europeia de divulgação do Motordevil. Muito trabalho e muita coisa boa vêm pela frente!!! 38

Luiz - Lançaremos 4 músicas em formato acústico que serão como vídeos produzidos por Gabriel Panazio ( mesmo do comercial da die in Paradise ) Deixem seu recado! Mauricio - Nosso recado é bastante simples, e já foi reforçado por uma dezena de bandas do underground: pedimos ao público que vá aos shows, comprem os produtos, consumam a banda. Tudo o que somos é espelho da participação do público. A banda não se faz só de músicos, porque nossa maior necessidade é que todos escutam nosso som e, gostando ou não, divulguem sua opinião. E não tentem nos segurar, os Brazilian Metal Bastards vieram para ficar e fazer sua história!! Luiz - Queria agradecer o espaço e o apoio para conosco, a locomotiva da Syren continua a receber passageiros e somos muito gratos a todos vocês por esse feito. SEE YOU IN LAST TRAIN to SYREN´s HELL .



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Por Pei Fon e Marcone Chaves (contato@rockmeeting.net) Fotos: Ester Segarra

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aradise Lost é uma das bandas que dispensa apresentações. O grupo inglês, que está na ativa desde 1988, tem CD novo na praça e causou o maior alvoroço nos fãs. A volta de vocais guturais de Nick Holmes reascendeu a chama nos antigos fãs da banda e nos novos, chegando até mencionar que ‘os velhos tempos voltaram’. Sobre esta e outras questões, conversamos com o baixista Steve Edmondson, que tirou um tempinho, momentos antes de vir ao Brasil. Certamente, quem foi ao show dos caras, já sabem o que resultado que foi. Vamos lá! 27 anos de estrada no mundo da música. Do vinil ao CDs, até a era da tecnologia com as músicas comercializadas 42

em streaming. O que define a força da Paradise Lost? Nossas amizades, temos uma boa gravadora e uma equipe de gerenciamento por atrás de nós. “The Plague Within” já figura entre os melhores de 2015, o que inspirou a banda para a criação das músicas deste álbum? Todo a cotidiano da vida e o amor do gênero. Nick Holmes voltou a cantar gutural. Foi intencional ou veio naturalmente? A entrada dele no Bloodbath influenciou em alguma coisa? AAs coisas estavam se encaminhando antes do


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Bloodbath, então acho que é algo que veio naturalmente! Diante desta perspectiva, voltariam a tocar “Eternal” em algum show, ou poderemos escutá-la próxima do que foi gravada, ou seja, com vocal gutural? Sim, estamos fazendo um álbum gótico completo no Roadburn in Tilburg, Holanda, no próximo ano! Onde a esperança não está à vista existe uma eternidade de mentiras, e você é punido através do tempo, vítima deste passado e volta para o sol, existe continuidade do homem? Sim, sempre depois.

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“Victim of the Past” é uma canção forte e chamou muita minha atenção. De certa forma, cada um é vítima de seu passado quando ele aparece no presente. Viva para hoje, mas consciente do futuro. Prestes a chegar no Brasil, o que os fãs brasileiros podem esperar? Tocaremos muitas músicas novas e esperamos por grandes shows. Por fim, a turnê do novo segue. Há planos para a gravação de algum DVD? Sucesso e bons shows aqui no Brasil. Não há planos para o momento, mas nós temos um show com a Plovdiv orchestral para um DVD, no próximo ano, e estamos ansiosos.



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t Texto e Fotos: Mauricio Melo

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ais uma edição do festival mais pé no chão que temos na cidade de Barcelona. Sem grandes pretensões megalomaníacas, público fashion e modismos momentâneos. Mesmo assim, o evento que vai ganhando público e espaço entre os europeus e inevitavelmente crescendo. Já se foi o tempo de um festival com dois palcos principais e outros dois pequenos. Atualmente, o evento conta com 3 palcos principais de porte considerável com relação a outros eventos, palcos lounge e outro menor que completam um total de cinco. Além das tradicionais atividades, como castelos humanos, grafiteiros que pintam com muito estilo os artistas do evento e o mais interessante, a pulseira inteligente. A mesma pulseira que te dá acesso eletrônico no festival, funciona como um cartão de crédito. Isso mesmo! É ir nos pontos de carga e recarga, colocar o crédito que necessite e utilizar tanto para bebida quanto para comida, ou seja, o dinheiro já não serve para nada mais e evita fila, o verdadeiro Cashless. Já para apresentações, na quinta-feira tivemos o show inaugural com o Asian Dub Foundation e apesar de não ter um público tão grande os britânicos fizeram um bom show, repassaram hits de sua carreira que por sinal começou muito forte há pouco mais de duas décadas mas que não decolou como devia. Porém sua mensagem de conscientização continua alta e não há a necessidade de detalhar que “Rise To The Challenge” e “Fortress Europe” botou todo mundo para bater cabeça. Dentro do primeiro dia oficial de festival, iniciamos as atividades com as irmãs CocoRosie e todo o experimento possível 48


Birth of Joy

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dentro da música. De brinquedos de criança à arpa, a dupla fez um show que agradou em cheio o bom público com músicas como “End Of Time” e “Warewolf”. No palco, ao lado e antes mesmo das irmãs finalizarem sua apresentação, o jovem Jamie Cullum fez um show enérgico e levantou o público desde a primeira canção com “The Same Things”, o rapaz ataca em todas as direções, jazz, rock, música dançante e muitas vezes dentro da mesma música. Com uma simpatia única, demonstra com maestria o porque das gravadoras terem brigado por um contrato quando este começou a sair do anonimato, é uma pérola que oferece boas músicas. Como de hábito, tivemos a participação de um grupo brasileiro no evento. Neste ano, o escolhido foi O Rappa. Apesar de estarem num dos palcos principais e ficarem encaixotados dentro dos horários de outros artistas, havia uma expectativa muito grande tanto dos organizadores quanto por parte do público local, já que as referências apresentadas foram muitas. Talvez pelo fato das letras, cantadas exclusivamente em português, verdadeiras poesias carioca e ponto forte de nossos representantes, ainda ser uma barreira para o publico local, o mesmo foi contagiado pela brasileirada que não deixou por menos. Sotaques de norte, sul, leste, oeste, suburbanos com orgulho, cariocas da zona sul e baixada, se uniram, misturaram e formaram um bom bloco diante do palco Time Out, arrastando assim os desinformados e curiosos para saber o que O Rappa tinha a oferecer. Foi um verdadeiro repasso na carreira com músicas como “Pescador de Ilusões”, “O Salto”, “Hey Joe”, “Mar de Gente”, “Lado B, LadoA” e “Fronteira (D.U.C.A.)”, uma versão renovada de “Reza Vela”, uma agradável referencia à Luiz Gonzaga, entre outras. Como sempre, demonstrando a qualida50

O Rappa

Vintage Trouble

Franz Ferdinand


Asian Dub Foundation

Vintage Trouble

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de musical que o brasileiro carrega no sangue, algo que na Europa é muito respeitado (ainda). Lauro Farias com as cordas do baixo em cor vermelha, Xandão com seus riffs muito bem executados e encaixados e os irmãos Lobato na retaguarda, oferecendo uma base para que Falcão passeasse no palco. Um verdadeiro domínio no meio campo. Ainda que muitos (não brasileiros) não tenham acompanhado até o final, já que na sequência o já considerado fenômeno Kendrick Lamar iria se apresentar, a migração para outro palco foi inevitável. Definitivamente O Rappa merecia está melhor encaixado no horário do evento, mas ainda assim, o saldo foi positivo. O novo Rei Midas da música, aquele em que todos falam e responsável pelo retorno do rap à suas raízes, sem todo esse eletrônico exibido no que se tornou o rap moderno. Aquele hip-hop à moda antiga, que faziam os O.Gs. dos anos 90 que nomes como Ice Cube, Onyx e 2 Pac faziam e que só mesmo Kendrick Lamar teve disposição de resgatar. Nada de firulas, o jovem é acompanhado por uma banda, baterista, guitarrista e baixo. Imagens ao melhor estilo Boys In The Hood e Colors sendo exibidas num telão de alta definição ao fundo do palco e um Lamar livre de ostentação. Boné, jeans e tênis básico no corpo e nas mãos o mais importante, o microfone para levar sua poesia. O que poucos sabiam é que o rapaz já havia se apresentado no mesmo Parc del Fòrum ano passado, durante o Primavera Sound e mais, num dos palcos principais e em horário nobre. O rapaz levantou o público desde a primeira música, a cadenciada “Money Trees” seguida de “Backseat Freestyle”, à estas alturas o público já estava insano e engana-se quem acha que lá havia um público 100% hip-hop. É no mínimo de despertar a curiosidade em sabem como seria este show num lugar


onde verdadeiros admiradores das bases estivessem presentes. A primeira parte do show foi toda calcada no álbum good kid, m.A.A.d. city, responsável direto por sua projeção. Já do recém-lançado e elogiado To Pimp a Butterfly poucas estiveram presentes do set, entre elas “King Kunta” e “Allright”. Para finalizar nossa primeira jornada, conferimos o Vintage Trouble que na verdade nem pertencia a nossos planos mas o comentário era geral, afinal de contas o quarteto californiano esteve em recente turnê com o AC-DC. Nos deparamos com uma autentica banda de rock setentista e a reencarnação de James Brown nos vocais. Resumindo em uma palavra, impressionante! Definitivamente roubou a cena e atraiu a todos os olhares, fez o público suar, dançar, pular. Apesar de não ser nenhum jovem, o quarentão Ty Taylor deu um show à parte como bem podem imaginar. Alguma dúvida do que está escrito? Escutem “Run Like The River” ou “Blues Hand Me Down” e um sorriso abrirá na face. Para abrir o segundo dia de festival e logo cedinho, com o sol batendo forte, conferimos a dupla alemã Milky Chance, que teve a oportunidade de demonstrar (e conseguiu) ao publico barcelonês que são algo mais do que o indiscutível hit “Stolen Dance”, um show agradável. Outra que chegou com moral no festival foi Emeli Sandé. Com duas canções nº1 no Reino Unido, a britânica deu um show de simpatia diante de um público fiel que cantou com vontade músicas como “Read All About It” e “Next To Me”. Uma das esperanças roqueiras do dia, o Birth Of Joy deixou uma ponta de decepção diante do reduzido público diante do palco Radio 3. Primeiro por seu atraso que fez com que parte do público abortasse a missão de assisti-los por já se encaminhar ao outro palco, num festival cada minuto conta e dez 52

Asian Dub Foundation Vintage Trouble


O Rappa O Rappa

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minutos faz diferença. Segundo que, seu perfil psicodélico ao melhor estilo The Doors não soou tão anos sessenta quanto as versões de estúdio. Alguns riffs irados em “Devil Paradise” salvaram a tarde e quem sabe numa próxima visita, numa atmosfera noturna e com jogo de luzes a coisa funcione melhor. Quem não decepcionou e fez um dos shows mais dançantes da tarde foi Aloe Blacc. O simpático cantor comandou o público com maestria e demonstrou que seu sucesso vai além da imbatível “I Need A Dollar” e “Wake Me Up” que foi nº1 em 22 países. Também vale destacar a chuva de sutiã arremessados no palco por várias de suas fãs, algo meio Wando e que não combina muito com o perfil de Aloe mas que não deixou de ser curioso. Com a eterna moral que o público insiste em oferecer e os festivais insistem em apostar, Ms. Lauryn Hill mais uma vez não soube, uma vez mais, aproveitar. A começar pelo habitual e esperado atraso que, inicialmente, foi anunciado como 20 minutos se converteu em 45. Um DJ foi colocado á disposição do público tocando hits de Snoop Dogg, Bob Marley e House of Pain. No início o público até abraçou a ideia achando que seria uma breve introdução do show mas que após um quarto de hora a empolgação passou a tímidas vaias que ganhou força até ser insuportável. Quando Lauryn entrou em cena um boa noite curto e grosso, além da cara amarrada. Pouco podemos apreciar sua tão elogiada voz já que se limitou a cantar vários de seus hits (incluindo os clássicos do Fugees) de maneira hardcore, rápida e com pouca melodia. O dia que a personagem em questão deixar de se auto-boicotar, talvez ela ocupe, verdadeiramente, o posto que ela acha que tem dentro da música. Para fechar a noite e nossa participação no festival tivemos o “supergrupo” FFS


Franz Ferdinand

(Franz Ferdinand & Sparks) e já podemos adiantar que foi o final perfeito, sem nenhuma dúvida. Uma verdadeira resposta à cantora que se apresentou no mesmo palco minutos antes, com versões dançantes de hits dos Ferdinand como “Michael”, “Take Me Out” e “Walk Away” outras do Sparks como “Achoo” e “The Number One Song in Heaven”. Algo como escutar Franz Ferdinand, plugado mas ao melhor estilo B-52’s. Também apresentaram boas músicas do recém-lançado trabalho e autointitulado FFS como a abertura em “Johnny Delusional” e “The Man Without a Tan”. Alex Kapranos é o único que alterna en54

tre ter ou não ter sua guitarra em punho, todos os demais seguem na mesma posição de ofício. Outro que chama atenção é o quase estático com cara de nerd Ron Mael. Digo quase imóvel porque permaneceu sentado diante de seu teclado, mexendo somente os dedos e sem esboçar emoção até que lá pela metade da apresentação, levantou e dançou como louco. Um set-list com mais de uma dúzia de boas músicas, clássicos e versões dançantes em mais de uma hora de palco que passou voando e deixou um gosto de quero mais. FFS é o show a ser visto no que resta de 2015.



Por Pei Fon e Leandro Fernandes Fotos: Divulgação

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edição passada falamos de uma outra banda com essa pegada Folk, e nesta edição especial, continuamos na mesma pegada falando com os precursores do estilo no Brasil. Tuatha de Danann é uma banda de Varginha (MG) criada em 1996. Pouco se ouvia sobre o estilo e o que se tinha acesso era de bandas da Europa. Pelas bandas europeias, pode-se dizer que eles vivenciaram o período medieval, de onde eles tiram maior parte de suas inspirações, no passado. Mas o que falar de uma banda brasileira? 56

Tuatha não é aquela mesmice que se pode imaginar. Com identidade própria, eles criaram seu estilo e difundiram o estilo no país. Após um longo período afastada, a banda retorna com CD novo na praça, uma série de shows e muitas histórias para contar. Acompanhe agora essa entrevista que fizemos com o guitarrista da banda, Rodrigo Berne. Enjoy! Vocês são os precursores do Folk Metal aqui no Brasil, por este fato deixam vocês pressionados ou encaram isso de forma natural?


no. Ele foi gravado em Varginha no Braia Studio e mixado e masterizado na Suíça, tem uma ótima qualidade. As letras são menos viagens e alegres. Acho que representa perfeitamente nosso momento atual. “We’re back” é bem isso que diz. ‘Voltamos’. De onde vem a motivação de vocês? Da união e amizade de anos e da vontade te tocar, fazer música e manter a história da banda em evidência. Eu adoro tocar, temos público, as coisas sempre viram com o Tuatha. Não deixaremos a banda morrer. Temos outra grande banda que mistura mais um som viking que é o Hagbard, vocês têm algum elo de amizade ou já tiveram a oportunidade de trocar algumas experiências? Ainda não, mas me parece que eles tem feito seu som com qualidade, desejo sucesso a eles.

Na verdade, a gente tem muito orgulho disso. Realmente fazemos esse som desde 1996. Hoje conseguimos de forma mais aprimorada fazer nossa música, somos super entrosados pra tocar e compor. Sabemos como colocar os instrumentos folks na música sem soar medíocre. Resumindo, flui tudo perfeito. Cd novo na praça. Como vocês apresentam “Dawn of a new Sun”? Mais folk e mais metal. Pela primeira vez tiramos as frescuras das músicas e fizemos um CD bem direto. Esse disco representa nosso retor57

Minas Gerais é um grande celeiro de bandas e músicos inclusive se tratando do Metal. E todos os anos têm a edição do Roça’n’Roll que acontece em Varginha, terra natal da banda. Pra vocês, qual a importância e o valor que esse festival tem? Ele cresceu junto com a banda, nos éramos sempre a banda principal do evento em seu início, hoje a gente nem precisa tocar, mas tocamos porque somos a banda anfitriã. O festival hoje é referência nacional e ajuda muitas bandas a mostrar o som. Tudo foi conseguido com muita ralação, viu. No ano de 2001, na primeira tour do Angra com o ex-vocalista Edu Falaschi, do álbum “Rebirth”, eu me encontrava na


fila esperando a abertura da casa e fui abordado por membros da banda distribuindo alguns flyers de um evento em que vocês iriam participar. Por sinal, achei uma iniciativa diferente e bastante interessante. A banda procurando ter contato com o público. Pergunto, qual o diferencial de fazer esse tipo de divulgação? Vocês ainda fazem isso? Nunca tivemos problema com o público. Sempre atendemos a todos em qualquer momento. São essas pessoas que fazem a banda ser o que é. Tenho muito respeito por quem compra ingressos, camisas e CDs. Hoje não mandamos mais cartas ou distribuímos flyers, mas nas redes sociais sempre atendemos as pessoas com respeito. Sempre trabalhamos sem frescura e metendo a cara em tudo que é lugar pra levar 58

nosso som. Foram três anos afastados da cena, o que aconteceu? O que fizeram enquanto isso? Ficamos cansados de alguns problemas internos no Tuatha. Aí cada um foi gravar com outras bandas, nunca paramos de tocar, só demos um tempo com o Tuatha. Na verdade, o Bruno saiu da banda em 2010 e assim, paramos todos com o Tuatha. Mas agora está tudo bem de novo, temos muitos planos. Por ser uma banda de Folk Metal, logicamente vocês são influenciados por outros estilos musicais, o que vocês têm ouvido? Música clássica, death metal, folk americano


e europeu. Escuto muito rock antigo também, mas no geral o pessoal da banda curte rock clássico e heavy metal. Eu adoro death metal e punk rock. Sobre o exterior, previsão de alguma apresentação em outros países? Não. Sei lá, isso não me importa tanto mais. Hoje as bandas vão a outros países e não significa nada. Mas quando fomos, muita coisa mudou em nossa carreira, porque tivemos a sorte de tocar em ótimos locais e já tínhamos todos os nossos CDs lançados na Europa. Com o novo trabalho, o que vocês tem recebido de feedback do público de fora? Olha, está tudo perfeito, o pessoal adorou. 59

Tem público do mundo inteiro comprado CDs e acompanhando a banda, como nunca antes. A figura do Martin Walkiyer (ex-skyclad) nas músicas do Tuatha, ajudando a fazer as letras repercutiu consideravelmente no mundo folk metal. O Tuatha é uma banda muito respeitada entres os grandes nomes do estilo. Finalizando, o que o Tuatha planeja para esta segunda metade de 2015? Desejo aqui uma longa vida ao Tuatha e muito sucesso sempre. Estamos regravando nosso primeiro CD. Deve ser lançado ainda esse ano. Muito obrigado pelo espaço e ajuda, muito sucesso pra todos vocês. Saiba mais sobre a banda no site. The Magic Will never die !!


Por Pei Fon Fotos: Divulgação

A banda recentemente anunciou a entrada do guitarrista Edson Ruy, como tem sido os shows com o novo integrante? Thiago Cruz: Olá, primeiramente quero agradecer pelo espaço cedido ao Metalizer e dizer que é muito gratificante pra nós podermos divulgar o nosso trabalho aqui. O Edson se encaixou perfeitamente na sonoridade da banda, então os shows ficaram ainda melhores, pois mantemos nossa energia e agressividade de sempre, mas podem executar as músicas de forma ainda mais fiel ao que foi gravado nos Cds. O mais bacana é que ele também é 60

muito gente fina, além de um ótimo guitarrista, então está tudo fluindo perfeitamente. Como tem sido a repercussão do novo disco “Your Nightmare”? Acho que é cedo pra termos uma certeza quanto aos resultados de forma mais clara, pois ainda estamos enviando o material para os veículos de comunicação, e só fizemos dois shows após o disco ter ficado pronto, mas já foram vendidas algumas cópias e as pessoas que o ouviram, ou que pelo menos ouviram as músicas que disponibilizamos em nossa página do youtube, fizeram comentários extremamente


Em comparação ao lançamento anterior a produção do disco se mostra mais coesa e cristalina, isso foi intencional ou se deu a troca de estúdio? Foi intencional sim, assim como a troca de estúdio também já estava em nossos planos. O primeiro disco, The Thrashing Force, na verdade começou a ser gravado com a intenção de ser um EP ou uma terceira demo do Metalizer, pois devido a inúmeros problemas para manter uma formação estável, acabamos ficando muito tempo sem lançar material novo. Eu tinha pouco tempo tocando bateria na época e não tínhamos muita experiência de estúdio. Até acho que a gravação do primeiro álbum é bem nítida, o que faltava era um pouco mais de punch e timbres mais adequados. Para o novo trabalho Your Nightmare, nos planejamos melhor, tínhamos uma grana guardada, que conseguimos com as vendas do primeiro disco, e fizemos tudo da forma certa, para chegar no melhor resultado possível.

positivos em relação ao disco. Quais são os objetivos que a banda pretende alcançar com o novo lançamento? O primeiro e principal objetivo foi atingido, que é criar músicas legais, buscando sempre evoluir, mas mantendo as nossas características sonoras. O segundo objetivo também foi atingido, que era registrar as músicas de forma adequada, tendo uma boa qualidade de gravação e de arte gráfica. Agora pretendemos trabalhar o disco, divulgando constantemente e fazendo shows. Queremos manter nosso trabalho ativo, mas sempre de forma honesta. 61

A banda não tocou muito fora do estado de São Paulo, isso se dá devido a problemas de logística dos músicos, falta de estrutura ou falta de interesse de produtores externos? Não sei se há um motivo que seja determinante entre os que foram citados por você, mas todos eles talvez tenham certa influência nisso. Já tivemos convites, e negociações que não foram pra frente, entraves quanto ao pagamento das despesas que teríamos, ou datas que não dariam certo, e até mesmo recentemente show que já estava tudo confirmado, e acabou sendo cancelado infelizmente por problemas com o local do evento. Mas a intenção e expectativa atual, com disco novo pronto é conseguir sair mais vezes para fora de São Paulo, e tocar em


outros estados, e conhecer mais lugares legais e interagir com os headbangers de diversas localidades. Qual o saldo final que a banda teve do lançamento do debut “ The Thrashing Force” Muito positivo, conseguimos fazer muitos shows legais, conhecer pessoas novas, bandas de qualidade, divulgar nossa música e manter a banda viva e trabalhando. Enfim, era pra ser somente uma demo quando fomos gravar, como a gravação estava indo bem rápida resolvemos gravar mais faixas e acabou virando um Full Lenght, e através dele conseguimos deixar a banda mais forte, então ultrapassamos nossas expectativas iniciais. A música “A Bridge Across Time And Space” apresenta linhas de vocais mais trabalhados e instrumental mais puxado para o metal tradicional. Isso é uma tendência a ser seguida nos próximos lançamentos? Acredita que essa faixa possa se tornar um clássico da banda? Essa música foi uma das primeiras a ser composta das que entraram em nosso segundo disco, mas com a qualidade do Sandro nos vocais ela ficou ainda mais marcante, pois ele sabe cantar de diversas formas e tem um histórico como vocalista de Heavy Metal. Não sei se é uma tendência, pois quando componho uma música não penso muito nisso, só sinto o feeling que aquele som está transmitindo. O Heavy Tradicional está nas nossas raízes, então provavelmente teremos características dele no nosso som mais vezes, mas esse tipo de influência deve ser inconsciente para ser legal (assim como qualquer influência sonora), pois assim soa mais natural e sincero. Quanto a ser um clássico, não sei dizer, mas como ao vivo 62

ela tem funcionado muito bem, então acredito que as pessoas estejam curtindo o som, então acho que ela tem demonstrado seu valor. No novo lançamento a banda teve uma grande evolução em termos de arranjos, técnica, riffs e solos. Ao que se deu essa crescida em termos de composição? Acho que foi uma evolução natural, isso se deve ao tempo também. Embora nosso primeiro disco tenha sido lançado em 2013, as músicas dele são bem mais velhas, algumas como a faixa Metalizer (The Thrashing Force) é de 2004, e foi nossa primeira música, A música Electric Homicide é a faixa título de nossa primeira demo, lançada em 2005, temos ou-


tras da segunda demo de 2007 e outras que foram feitas logo após essa demo. Já para o Your Nightmare, embora tenha algumas um pouco mais velhas, feitas na época de 2008/2009 (A Bridge Across Time and Space, Zombified Generation, Life Is Your Nightmare e My Cage) as outras foram compostas em 2012/2013. Além disso procuramos praticar mais e os próprios shows naturalmente vão dando um entrosamento legal para a banda. O baterista Thiago Cruz toca guitarra no Zênite e o vocalista Sandro Maués toca bateria nessa mesma banda. Isso é interessante e um pouco fora do comum, mas demostra que são bons músicos e 63

criativos. Como é trabalhar dessa forma pouco usual? Isso é natural pra gente, pois o Sandro já é baterista do Zênite a muitos anos, e também sempre cantou em outras bandas, além de tocar violão. Eu sou baterista por uma questão de necessidade, pois estava tendo dificuldades para encontrar um baterista que durasse na banda, depois que o Luciano, nosso primeiro baterista saiu. No Metalizer já fui vocal por muitos anos, e antes disso fui baixista também, na época em que gravamos as demos. Eu sempre toquei guitarra, por que o que mais gosto de fazer é criar, e a guitarra dentro do Metal é o instrumento mais prático pra isso, eu nem tinha intenção de tocar guitarra em bandas,


ao vivo e tal, mas como eu já curtia o Zênite, quando o Sandro me chamou acabei curtindo a ideia e tem sido bem legal. O brasil sempre foi um grande celeiro de bandas de thrash mas infelizmente hoje em dia é difícil uma banda chegar ao nível do sepultura por exemplo. Na opinião de vocês o que falta para termos mais bandas brasileiras em destaque na cena mundial? E em termos de público, bandas, produtores, mídia especializa, 64

o que pode ser feito para melhorar o cenário brasileiro? Eu tenho absoluta certeza que não é só a qualidade que faz uma banda crescer a esse ponto. O próprio Sepultura, os discos antigos deles são realmente impressionantes, acho excelente tudo o que fizeram até o Arise, mas existiam outras bandas extremamente marcantes que não tiveram o mesmo destaque, como por exemplo o The Mist (inclusive tinha um ex membro do Sepultura, o Jairo), que têm um dos discos mais absurdos de criatividade


que não se interessam por esso tipo de som e cultura. Hoje em dia as vendas de cds caíram bastante. Qual a importância de um selo/gravadora para uma banda em sua opinião? Isso provavelmente depende de selo pra selo, e das intenções de cada banda. Mas uma coisa é certa, o selo tem que agir, colocar o disco em evidência, fazer com que ele chegue nos ouvidos de mais pessoas. Claro, isso não é tarefa só do selo, é da banda também, mas ambas as partes devem se empenhar em uma mesma direção.

dentro do Thrash Metal que é o The Hangman Tree. Não sei se é uma questão de divulgar melhor, ou estar no lugar certo na hora certa, mas qualidade nas bandas, isso eu sempre notei. Quanto ao cenário brasileiro, acho que bandas, público, produtores, mídia especializada, todos tem que estar em sintonia, pois todos têm sua importância e também sua responsabilidade. Enfim é uma questão de participação ativa de todos, mas com um foco maior, que vai além do lucro, a conquista de uma autonomia, de independer de mídias convencionais 65

Qual a forma de compor na banda? Geralmente um ou mais integrantes trazem algo pronto ou é uma colaboração conjunta? Então, geralmente eu trago a composição pra banda, Pois eu estou sempre criando, fico até com a guitarra do lado da cama kkkk. Os Riffs surgem naturalmente, procuro não pensar em outras bandas, pois como mencionei antes, acredito que a boa influência é a influência inconsciente, pois se você pensar, vou fazer um som tipo banda tal, provavelmente vai soar como cópia e não influência. Aí depois que os Riffs e a estrutura estão prontos, eu programo uma bateria no computador, e gravo as guitarras e baixo por cima. Depois disso posso criar a linha de voz do som livremente, pra depois em cima dessa linha de voz escrever a letra do som. A temática da letra geralmente surge devido ao feeling que a música transmite, e acaba tudo encaixando. Aí depois envio pros caras da banda e se eles curtirem o som, a gente começa a trabalhar a música, se eles tiverem ideias que venham a acrescentar também incluímos na músicas. Já os solos na maioria das


vezes o Douglas cria depois de termos gravado o instrumental das músicas no estúdio, agora com duas guitarras teremos também os solos do Rui e talvez isso mude um pouco o processo. Quais são os planos futuros da banda? Alguma ideia para clip? O plano principal é divulgar bem o disco novo, conseguir tocar mais vezes e em mais lugares, e mais futuramente já entramos em estúdio para gravar outro trabalho, assim que a divulgação do Your Nightmare estiver concluída, temos 12 músicas novas e a intenção e ensaiar e trabalhar bastante para que consigamos resultados ainda melhores. Quanto ao vídeo cli66

pe, já iniciamos a gravação do mesmo, fizemos algumas filmagens no show de lançamento do cd, e agora vamos filmar a banda tocando em algum lugar e depois editar. Esperamos ter um bom resultado e divulgar o mais rápido possível pra galera. Espaço para considerações finais. Primeiramente quero agradecer pela oportunidade de estar divulgando nosso som para os seus leitores, e também gostaria de agradecer ao Alex da Black Legion pelo contato. Vou deixar os nossos contatos, caso a galera tenha interesse nos nossos cds, podem falar com a gente, ou também se alguém quiser nos chamar para tocar, também seria muito bacana.



Por Marcone Chaves Fotos: Divulgação

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banda paulista de metal sinfônico BringhtStorm, está preparando seu primeiro álbum oficial ainda sem títulos e a vocalista Naimi Stephanie nos contou e expectativa da banda com o lançamento, além do clipe para a música “Losses and Fears” o filme “A Corrente de Menon” entre outros assuntos. Vamos à entrevista!

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Apresente-nos a banda e fale um pouco de cada músico? Will lopes- Guitarra, Odair Salles- Bateria, Rodrigo Lucas-Baixo e Naimi Stephanie- Vocal. Will (guitar) uma pessoa extremamente calma, inteligente e criativa. Odair Salles, um grande batera, criativo e brincalhão. Rodrigo, apesar de ser novo na família Brightstorm, já estamos se divertindo bastante nos ensaios com ele. É


desse álbum. É evidente a evolução da banda, temas mais abrangentes nas composições as músicas estão mais trabalhadas do que o as músicas do EP, tanto no instrumental quanto na linha vocal, estamos ansiosos para saber qual será a repercussão desse disco. O que você pode adiantar sobre o novo álbum? Nós ousamos mais nesse disco, sem perder nossas características, nesse álbum terá temas desde de dilemas filosóficos, ficções a sentimentos de coisas nas quais vivemos. A banda está em estúdio preparando, seu segundo álbum, como anda o processo nas gravações? Está sendo ótimo, pois já temos todas as demos gravadas e agora estamos passando para o grande produtor Diogenes Lima, tecladista da banda opus v, para dar uma “lapidada” e acrescentar os detalhes. Então esse disco está em ótimas mãos. A parte gráfica ficará a cargo de quem? Pode nos adiantar um pouco sobre? Por enquanto é uma surpresa. (risos)

um excelente músico também. A banda têm dois singles, “Under The Moon”, “Breathing in Death” e o Ep “Past in Flames” de 2014. Este álbum será o primeiro CD full-length na carreira da banda, qual a expectativa deste lançamento? Estamos bastante ansiosos para a divulgação 69

A banda recentemente gravou o clipe da música Losses and Fears para o filme “A corrente de Menon”! Como foi o processo de gravação e quando será o lançamento do clipe? Foi ótimo gravar para o filme, esse foi só eu que gravei mesmo, a banda toda gravou os outros dois clipes para os filmes Entre a Cruz, Balaço e o Anfitrião ambos os filmes de terror sem previsão de lançamento. Foi ótimo gravar a Corrente de Menon onde tive a oportunidade de trabalhar com uma excelente equipe de produção, onde ocorreu minha transformação


de humana em árvore. Foi sensacional essa experiência. Pude explorar também meu lado atriz. Ansiosa também para ver o resultado, sem previsão de lançamento também, mas creio que até o fim do ano sai os três clipes. Quais as principais influências músicas da Brightstorm? Nightwish, After Forever, Evanescence e Epica. Você, além de vocalista, também é compositora, existe alguma obra literária como inspiração nas composições? Eu componho mais sobre coisas que aconteceram em minha vida. As coisas que eu não consigo resolver transformo em arte. Mas adoro 70

ler. Os livros que me chamam mais atenção são os de vampiro. A respeito de apresentações ao vivo, existe projetos para divulgação do novo álbum? Por enquanto, ainda não. Em breve divulgaremos o local do lançamento em seguida da turnê. Agradecemos a entrevista! Deixe uma mensagem para os fãs? Aos que acompanham o trabalho da Brightstorm, nos aguarde que esse disco está fervendo e estamos doidos para mostrar para o mundo. Estamos chegando com tudo!



Apresente-se! Amilcar Christófaro, baterista, adorador de arte no sentido geral da palavra. Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? Eu era um moleque sonhador que já pensou em ser skatista profissional, ter locadora de filmes, loja de CD, sempre pensando em ter algo para mim. Até que naturalmente minha banda se tornou isso, somando hoje com as aulas de bateria, pois me tornei professor justamente para moldar minha vida a minha banda e minha música. Hoje sou um cara muito feliz com tudo que conquistei e por ser quem eu sou. Um cara que não entrega os pontos nunca e sempre vê motivos para continuar traçando metas e alcançando objetivos. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Não. Já realizei vários, mas percebo que assim que se realiza um, outro se constrói para você ir atrás. Tem o sonho que é exatamente assim, que se constrói na sua frente e não é nada forçado, parece ser a energia natural fluindo para que as coisas rolem dessa forma. E tem outros que você planeja para a sua vida, pois sabe que aquele é o caminho certo para a evolução do que você busca. Então você trabalha para alcançar aquilo. Do que você tem medo? Não diria medo, mas receio de acontecer coisas ruins a pessoas que gosto. O que costuma fazer quando não está em turnê, dormir por mais tempo? (risos) Dormir por mais tempo só em dia que eu me permito, pois, como faço meus horários, tem dia que permite isso, e nesses dias eu curto muito sentir o corpo descansando, em contrapartida, quando tenho compromisso em qualquer dia e horário, estarei lá. 72


Fotos: Fernanda Lira

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Quando era criança o que você dizia que iria ser? Que eu me lembre, nunca fui de falar o que eu queria ser e tal. Eu sei que a primeira vez que eu quis ser alguém na vida foi quando pensei em ser skatista profissional. Eu andava bastante de skate até os 14 anos de idade, tanto na rua quanto ir em pistas com os amigos. Mas foi com os mesmos 14 anos que duas coisas fizeram eu parar de andar de Skate: comecei a trabalhar, porque queria ter minha grana e minhas coisas, e comecei a tocar na bateria do meu irmão mais velho, com o Heavy Metal vindo com tudo na vinha vida ao mesmo tempo. Qual foi a sua maior realização pessoal? Passei muita coisa intensa com a minha banda e poderia citar muitas realizações com ela, mas vou citar uma bem pessoal, que é morar na minha própria casa, com a minha namorada, pagando minhas contas com o meu estilo de vida, Metal e bateria, em um país difícil como o Brasil. Com certeza me sinto realizado. Qual foi o seu pior momento? Meu pai falecer do meu lado em um momento onde eu estava completamente cego e focado no meu trabalho com a banda. Não me sinto culpado, longe disso, e eu estava lá com a minha mãe e meu irmão ajudando no que podia, pois ele foi se debilitando com o passar do tempo. Mas olhando para trás, com certeza eu tentaria de tudo para fazer meu pai voltar a tocar bateria, que era uma coisa que ele amava, mas estava amortecida dentro dele. Talvez isso poderia ter dado a ele um novo sentido de viver. Ele morreu de mortes natu75

rais, mas acredito que em algum momento da vida, ele deva ter achado que já tinha vivido o que tinha que viver e só estava esperando algo acontecer, e com a bateria eu poderia ter reacendido uma chama. Talvez. Qual CD você gostaria de ter feito? Só pra constar, eu gostaria de ter feito vários discos (risos) mas um que posso falar é o And Justice For All do Metallica. Acho esse álbum um divisor de águas no Metal. Na minha visão ele decretou o estilo de metal que escutamos hoje, com as guitarras estupidamente poderosas de pesada, demonstrando a importância que os bumbos teria na música, com aquele timbre maravilhoso que busco a cada gravação (risos) e como o Lars coloca eles nas músicas, e tudo com uma melodia agressiva de voz. Mestres. O que te motiva? Buscar algo mais. Saber que posso alcançar o que almejo pois já tive amostras na vida de que se você estrutura um pensamento que você teve lá atrás, ele vira um sonho que se torna realidade. E, com certeza, esse pensamento só veio até você por causa do seu empenho ao que você está buscando. Faz parte da evolução, de você alcançar o que você sabe que será bom. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Passou sim, mas hoje percebo que esse tipo de pensamento vem a cabeça só em momentos que me sinto fragilizado com alguma coisa. E definitivamente esse não é o momento de se tomar alguma decisão, principalmente tão importante na vida como seria uma dessa. E sempre quando retomo a consciência, se é que posso dizer assim, vejo que foi um


lapso, foi só um momento de irritação com alguma coisa, e que na verdade sou muito feliz com tudo que conquistei, com o estilo de vida, família e amigos que tenho e os valores que tenho. Qual são as 5 bandas que você mais gosta? Cite um álbum e fale deles. Vou falar de álbuns que foram importantes na minha vida em ordem cronológica; Queen – live Killers Rock in Rio I. Meu irmão procurando o disco do Queen que tinha I want to Break free e Love of my Life, fatalmente porque minha mãe queria, porque na verdade quem não queria ter Queen em casa pra escutar? Meu irmão compra uma edição especial do Live Killers que fizeram por causa do Rock in Rio I. Eu tinha 8 anos e isso é muito antes da música decretar o que eu seria na vida, mas me lembro que meus instintos de baterista já estavam lá. No meio da Keep your self alive desse disco tem uma passagem de bateria que o Roger Taylor passeia entre tambores e pratos, e lembro que eu fazia isso na cadeira da cozinha, que eu trazia da cozinha pra sala que era onde ficava o som da casa, e que tinha um couro muito gostoso pra massacrar (risos), com duas tampas de panela penduradas no acento, e sem eu perceber, sacava a diferença dos pratos de ataque e do china Type. E quando rolava essa música, só dava eu no couro da cadeira tocando nas tampas penduradas como se fossem pratos. O instinto já falando e eu nem aí, pois nessa época meu mundo era o skate. Iron Maiden – Killers Com certeza a banda que fez o Heavy metal entrar na mente e no coração de um jeito avassalador. Steve Harris sempre me influen76

ciou pelo banger que ele é e pela paixão que ele tem pela música e pela banda. Vendo o Steve Harris tocar você enxerga um cara se divertindo com compromisso e isso decretou minha vida. Minha primeira tatto foi a Eddie do Maiden Japan. Megadeth – Rust In Peace Com certeza eu poderia falar de Slayer por todos os motivos, uma das bandas que mais me inflienciou no Thash Metal, junto com Dave Lombardo, que foi um dos bateras que mais me influenciou também, mas sou obrigado a falar desse outro clássico porque ele foi o primeiro disco de metal que comprei na vida. Que eu fui à loja, peguei o disco no expositor, fui até o vendedor e disse “É esse!”. Isso foi na época do Rock in Rio. Esse disco é simplesmente genial. Line Up clássico. Obra prima. Sepultura – Arise Nesse álbum o Sepultura chegou a um nível de bom gosto e agressividade que você conta nos dedos as bandas que chegam. Gravação impecável, timbres originais. Lâminas afiadas como Arise, Infected Voice e Murder. Levadas Thrash/Heavy como Dead Embrionic Cells, Desperate Cry. Grooves pesados pra cabeça cair de bangear com Altered State e Meningless Moviments, fechando com um tributo ao Motorhead, gravado com a dupla mais cobiçada da época, Morrisound & Scott Burns. Mas uma das coisas mais importantes, é que o Sepultura sempre foi muito mais que a música. Ele sempre significou pra mim que você pode conquistar acreditando no que você faz, e esse é o legado eterno do Sepultura. Não tenho nem como descrever o quanto o Sepultura é importante na minha vida por isso.


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Morbid Angel – Altars of Madness Com esse disco o Morbid Angel foi a evolução da agressividade na música pesada. O Pete Sandoval é a evolução agressiva do Dave Lombardo, e esse disco é o que decretou o Death Metal contemporâneo. É o que escutamos hoje em dia. Na minha visão foi a banda que inventou o estilo real do Death Metal. Claro que antes desse disco vem o World Downfall do Terrorizer que também já era um indício do massacre que viria dali em diante, mas o Altars of Madness criou o estilo death Metal classic. Como torcedor roxo do Corinthians, houve alguma situação que você foi tocar e estava esperando o resultado de algum jogo do timão? A gente tava em Tour pela Europa em 2013 e o Corinthians estava disputando a final do Paulista contra o Santos. No primeiro jogo a gente tava escutando pela internet no camarim e tivemos que entrar no palco antes do jogo acabar, o que foi angustiante, mas o Corinthians ganhou de 2 x 1. No segundo jogo a gente estava de novo no camarim antes de tocar, mas em um festival da República Tcheca, e quando acabou o jogo a gente começou a festejar, gritar, tomar cerveja, se abraçar e pular porque o Corinthians tinha sido campeão. Nessa mesma hora entra o Josua, batera do Artillhery e nos abraça, começa a pular com a gente festejando, ele olha pra mim e fala “HEEEEEY!Great!Great!Whats happening? Whats hapening?”(risos) Até hoje eu choro de dar risada com isso porque realmente a situação foi muito engraçada. E isso demonstra o quanto eles são pessoas legais, tanto o Artillhery, quanto os caras do Gama Bomb e do Tantara. Aquela tour foi inesquecível. E com o coringão campeão. (risos) 78

Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Meu sentimento. E acredito que isso dificilmente mudará. Existe algum tipo de ritual antes de subir ao palco? Um aquecimento básico do corpo, baquetas tocando no pad ou em qualquer lugar como parede ou cabeça de alguém (risos). Brincadeira. Curto muito esse momento antes de subir ao palco. Com certeza pra mim é um dos melhores momentos da vida. Ritual existe mesmo depois de um ensaio, que abrimos umas cervejas, conversamos de bandas, metal vendo vídeos, shows e etc. Isso sim é um ritual que nunca irá morrer. Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Insistir. Mesmo que tudo vá contra e force o desânimo. De esticar a cara do meu cachorro até ele emitir um som de que tá transtornando ele (risos). Dá vontade de amassar de tanto que gosta saca. E pra falar a real, não tenho vontade nenhuma de parar. Eu curto fazer isso e sei que o malandro gosta e muito também. Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Maior prazer responder essa entrevista. Isso é legal porque faz a gente se sentir mais à vontade pra falar de coisas que geralmente não contamos ou só falamos com amigos mais próximos e tal. E se você curte um bom e velho metal pesado e agressivo, e souber de um show do Torture Squad na cidade, é só vir pra bangear com a gente.


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Vetor – Chaos Before The End– 2015

Por Marcos “Big Daddy” Garcia - Metal Samsara

Quando vejo os dias de hoje, com a mania de tentarem (sem sucesso) trazer de volta os anos 80, e outros que avançam para o futuro aos trancos e barrancos. Tenho a visão que poucos são os que parecem ter aquela visão de reescrever as regras do jogo à sua maneira. E um dos que fazem isso é o quinteto Vetor, de Praia Grande (Santos), no magistral “Chaos Before The End”, recém-lançado pela Shinigami Records. Sim, uma banda brasileira, e de primeira linha, que nos brinda com o Heavy Metal vigoroso, moderno, pesado, muito agressivo mas cheio de melodias marcantes. Bem mais cheio de energia e fôlego que muitos velhos que andam por aí (sério: o que tem banda que já passou da hora de se aposentar não está no gibi). O disco é fascinante e não é à toa que demorou bastante para sair. Produzido e tendo a gravação assistida por Aníbal Pontes no Brasil, mais a mixagem e masterização vinda das mãos de Fredrik Nordström (sim, ele mesmo, o cara de trabalhos com o Dimmu Borgir e uma penca de outras bandas), a qualidade sonora está garantida, com equilíbrio 80

entre peso, agressividade e limpeza. “Chaos Before The End” é bem homogêneo, acaba viciando graças aos vocais agressivos à lá Halford (com boas doses de melodia), um dueto caprichadíssimo de guitarras, baixo e bateria com técnica e peso na base, e tudo isso reflete em canções excelentes, como “Religious Falsehood” (um ataque furioso da dupla de guitarras), “My Torment” (com um jeitão mais Hard’n’Heavy), e a porradíssima “Vetor”. O disco inteiro é excelente, Metal de primeira para o mais exigente dos fãs. E vejam que ainda temos a presença de Bil Martins (do Hellish War e Dark Witch) nos backing vocals de “Limits Within Procreation” e “Vetor”, e de Luiz Carlos Louzada (do Vulcano) também nos backing vocals de “Limits Within Procreation”. Parabéns aos envolvidos: Eduardo Jr. (vocais), Pedro Bueno(guitarras), Ricardo Lima (guitarras), Luiz Meles (baixo) e Afonso Palmieri (bateria), pelo excelente disco, mas sem esquecer o ex-integrante Luciano Gavioli (que gravou as guitarras base do CD). Compre, ouça e se delicie. Senão, MORRA! (Contato: Facebook)


Foto: Leandro Almeida

Skin Culture – Murdernation – 2015 Por Pei Fon - Rock Meeting

Desde que “descobri” o spotify, tenho ouvido as bandas tradicionais diante da novidade tecnológica para ‘ver’ se está lá mesmo. No entanto, buscando na minha biblioteca de música, vi que havia o novo cd do Skin Culture. Contextualizando. Ano passado, eu já havia escutado quatro músicas deste novo trabalho e aguardava ansiosamente pela versão full. Logicamente que ouvir o cd novo com as músicas na sua sequência correta soou bem estranho. E cantarolar as que já sabia e ficar quieta nas novas? Difícil (risos). A ‘dificuldade’ logo se tornou numa facilidade. “Murdernation”, o novo trabalho do Skin Culture, é sonoramente muito agradável aos meus ouvidos. Eu nunca tinha parado para escutar a banda, por mais que os conhecesse, quando os entrevistei fiquei maravilhada e me perguntei: como é que não havia escutado essa banda antes? Mas tudo tem o seu tempo. Diante desta ‘descoberta’, tive o privi81

légio de ouvir uma prévia do que estava por vir e agora desfruto da sua totalidade. E deste total que faço as honras de apresentar a minha visão sobre ele. Eu já apontei alguns álbuns que estão na minha lista de melhores de 2015, eu nem havia escutado o cd do Skin e já havia isso certo na minha cabeça: foi um tiro certeiro! “Murdernation” é pesado, têm umas linhas de baixo que me seduziram e os riffs ‘guitarrísticos’ poderorosos. Do álbum, destaco: a faixa-título do álbum, “Supernatural Catastrophic”, “Bring Me Back to Life”, “Dead Plastic Planet”, “Serpents of Divine Temptation”, “Terrosistas do Senado”, “Slaughterhouse”, “Animal Passession”. “An Ocean of Lamentations” é a minha preferida, indiscutivelmente. Desde a primeira audição eu já amei de cara. Só tenho a dizer que esse álbum promete demais. Para quem não ouviu, trate logo de fazer isso. Pra mim, de verdade, está na lista de melhores de 2015.



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