Rock Meeting Nº 130

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words of editor

POR QUE CONTINUAMOS ESCREVENDO?

. PEI FON @peifon jornalista formada pela ufal, fotógrafa e direção geral da rock meeting

As palavras deste mês permeiam o campo prático. A revista é escrita mensalmente com o intuito de levar informação, mas informação com base, com elaboração, com consciência de que está sendo bem feita. A pergunta deste editorial está atrelada ao modo de como as pessoas têm dado mais atenção às picuinhas, fofocas, brigas e polêmicas do que a boa informação. O mais impressionante é o tamanho do engajamento para esse tipo de (des)informação. Acompanhando a mesma temática num grupo de imprensa, um jornalista apontou que é mais fácil engajar notícias relacionadas às briguinhas na internet entre banda A e B, do que sobre a banda C com uma gigantesca camada de fãs. Há anos observo alguns sites que costumo ler, onde as notícias de fofocas estão entre as mais lidas do que as demais que são relevantes. Por que a notícia de um famoso importa tanto? Bem assim é no nosso meio

musical. Enquanto escrevia essas palavras, uma outra picuinha foi instaurada com uma banda brasileira, fechou o perfil temporariamente, reabriu para postar uma nota de esclarecimento e informar os passos seguintes. No fim, o perfil dos caras virou um campo de batalha virtual e ideológico. Contra e a favor. Enquanto isso, as bandas que precisam de divulgação são engolidas pelo próprio algoritmo porque o leitor está dando mais enfoque na polêmica, logo o próprio sistema te direciona para isso. Onde vamos parar? Nós, da Rock Meeting, vamos continuar a escrever porque esse é o nosso papel, se ainda houver uma pessoa que queira ler, estaremos vivos e dedicando o nosso tempo para isso. Definitivamente, não queremos ser conhecidos como a ‘Contigo do Metal’. Queremos ser quem já somos, assumindo o nosso papel social de informar, agregar e somar. Nunca dividir.



sumário 2020

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22 06. metal mind reflections a importância cultural do cradle of filth

122

10. stone age a.d. classic rock com personalidade 22. acessibilidade reportagem especial 38. fucking violence lança ingratidão 40. carlos fides série designers 52. Toxikull Powetrio Português

92

60. lacrima mortis doom metal 80. review em vídeo marcos garcia assina 92. oitão nova formação 104. krisiun 30 anos de death metal

40

118. review de livro João Gordo e Underground 122. hibria nova formação 140. Revoltons metal from italy


DIREÇÃO GERAL PEI FON DIREÇÃO EXECUTIVA FELIPE DA MATTA CAPA Alcides Burn Canuto Jonathan projeto gráfico @_canuto

68

COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bárbara Martins Bruno Sessa fernando pires Marcos garcia Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Renato sanson Samantha Feehily uillian vargas CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net

vini castellari fala com exclusividade sobre o seu atual momento


Metal . mind reflections

A IMPORTÂNCIA CULTURAL DO CRADLE OF FILTH por marcos garcia // foto edi fortini

Sou um nerd que começou a gostar de Metal quando ainda era muito jovem. Viciado em HQs da Marvel e DC, leitor assíduo de livros desde os 12 ou 13 anos, vi toda a série “Cosmos” de Carl Sagan por esta idade, ou seja, aquele sujeito que queria ir longe em termos intelectuais. E basicamente, na efervescência do Metal no Brasil lá nos anos 80, comecei a me conectar mais e mais ao universo musical que vivo até hoje. Mas sou um curioso por essência, e ao mesmo tempo, apreciador de arte, do belo. Por todas estas características, não é de assustar que eu tenha me tornado um grande fã do Cradle of Filth lá em 1997 (ou seja, 14 anos depois de começar nessa vida). A banda gozava de certo respaldo dos fãs de Metal extremo até se tornar um sucesso 6 // rock meeting // JUlHO . 2020

comercial entre os lançamentos de Cruelty and the Beast (1998) e Midian (2000), quando começaram tantas acusações contra a banda, que são comuns entre os detratores até os dias de hoje. A maioria, fruto do “truísmo” descartável que permeia o cenário até os dias de hoje, uma extensão do radicalismo bobo dos anos 80, talvez. Até hoje, com altos e baixos, ainda gosto da banda, e sem sombra de dúvidas, está entre as cinco que mais gosto. Mas justamente porque o grupo tem o famoso “algo a mais” que a maioria dos fãs parece insensível: o lado em que o grupo é capaz de dar algo de arte a todos. O que quero dizer: diferente de muitos, o sexteto se Sufolk tem um forte apelo cultural em vários aspectos. Em termos visuais, quem tem um pouquinho mais de cultura (ou mesmo de curiosidade) vai perceber elementos literários e mesmo de artes visuais (pinturas, esculturas, etc). Quem viu o vídeo de “Heartbreak and Sense”, há uma bela perversão da “Pietá” de Michelangelo, bem como referências à “A Lição de Anatomia do Dr. Tulp” de Rembrandt, e ainda



Metal . mind reflections

à “Ofélia” de Sir John Everett Millais. A própria capa de Cryptoriana - The Seductiveness of Decay é uma perversão de “Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli. E falo apenas do último disco, não falei dos outros, senão seria longo. Ah, sim: ainda em termos gráficos, existem referências aos velhos filmes da Hammer Horror Films. Ou acham que a arte e design de Dusk... And Her Embrace vieram de onde? E por falar nisso, o trabalho nas letras é permeado de infinitas referências a eles. Uma mostra clara disso é “Cruelty and the Beast”, onde a história da Condessa húngara Elizabeth 8 // rock meeting // JUlhO . 2020

Báthory de Ecse é contada em uma estética diferente, mais sensual e pervertida, clara influência do que se vê em “Countess Dracula”, de 1971. Tanto que a atriz Ingrid Pitt, musa dos filmes da produtora e que fez o papel da condessa no referido filme, repete o papel nas narrações de “The Twisted Nails of Faith” e em “Bathory Aria” (no final, chamado “Eyes That Witnessed Madness”). As letras. É onde a banda mais cansa de gastar referências às mitologias antigas (Set, Diana, Nahemah e outros nomes), velhos mitos (Haunted Shores é sobre o Rei Arthur, caso não saibam), livros (em Queen of


the Winter, Throned, existe uma citação de Drácula, de Bram Stoker, que pode ser vista inclusive no filme de Coppola de 1991), e mesmo perversão de alguns ditos e frases corriqueiros (Once Upon Atrocity, de Cruelty and the Beast, vem de Once Upon a Time, o famoso “era uma vez” das histórias infantis). Isso sem falar que a banda já usou do artifício de discos conceituais, falando da Condessa Bathory, do barão Gilles de Rais, de Lilith, e muitos outros. Ah, sim: a poética das letras é intrincada, o que garante dores de cabeça e dias de trabalho para tradutores (eu sei o quanto é difícil pela experiência própria), mesmo porque a estruturação baseada na poética vitoriana e no gótico literário é complexa, sem falar no inglês não usual. Um praPode-se dizer que o grupo é zer enorme de ler, diga-se de um banquete real para os fapassagem. mintos por aspectos artísticos que transcendem a música. É como uma bela peça de teatro rica em vários atos diferentes. Ou como um parque de diversões tão cheio de atrações que se fica perdido, ao ponto de ter aqueles pentelhos que querem ficar só na montanha russa. Não cito nomes, mas alguns fãs por aí lembram esse, pois vivem de uma coisa só. Por tanta diversidade, não é á toa que possuo uma ligação muito forte com a banda, a ponto de ter quase tudo deles em CD físico, e algumas edições especiais. Sigo a banda inteira nas mídias sociais, e as

postagens de Dani são muito divertidas (talvez outro motivo de desagradar tanto aos mais radicais). Encerrando, queria comentar algo bem pessoal: no dia anterior a escrever este texto, conversava com a chefe sobre ele, e sobre como o grupo é rico culturalmente falando. Na noite, tive um sonho em que conheci Dani e conversamos bastante. E na hora em que falei como o trabalho do Cradle of Filth é importante para mim, ele (que estava trajado com seu visual de palco) me olhou e sorriu de satisfação, como se dissesse “valeu a pena”. Sim, Dani... Valeu e continua valendo a pena...


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INTERVIEW

STONE

AGE A.D Para alcanรงar o Brasil, Stone Age A. D. faz classic rock com personalidade TEXTO lEOnardo feLIX Foto DIOGO CASTRO


interview . stone Age A.D.

C

omo deixar sua impressão digital, sua identidade própria, num gênero que data dos anos 60 e 70 e ainda ser relevante no cenário musical brasileiro? Para bandas como a Stone Age A.D., fundada em 2008 na cidade de Cataguases (MG), esta tarefa é simples de ser cumprida. Sem medo de exibir suas influências enraizadas no classic rock de Led Zeppelin, Rolling Stones, Deep Purple, no progressivo, principalmente Pink Floyd e Jethro Tull, e também no blues dos mestres do estilo no Mississipi e Celso Blues Boy, os mineiros Matheus Campista (guitarra e violão), Philipe Antunes (voz e violão), Leandro Abritta (baixo), Marcelo Athouguia (bateria) e Frederico Fontes (teclado), têm riffs cortantes unidos a melodias marcantes, num som cru e pesado que constitui sua personalidade artística. Agora, eles querem alçar voos mais altos na carreira.

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Já consolidados na Zona da Mata Mineira, o próximo passo é alcançar as principais rádios rock, revistas especializadas e palcos do país, investindo na divulgação do álbum de estreia, “The Awakening of Magicians” (2018), nas mídias digitais. Para dar sequência aos singles/clipes

“Akhenaton” e “Meek Dog”, lançaram recentemente o lyric vídeo da faixa “I believe in love”, totalmente adequada ao momento de reflexão pelo qual passa o mundo. Em entrevista para a revista Rock Meeting, o guitarrista Matheus Campista fala sobre a trajetória da banda,


expõe os planos para a expansão da visibilidade do grupo e antecipa detalhes da pré-produção de material inédito. Logo na primeira audição do álbum “The Awakening of Magicians” é possível perceber uma sonoridade densa, carregada de influência setentista no

trabalho de vocês. Qual foi o maior desafio para a banda ao tentar imprimir sua personalidade dentro deste nicho? Matheus Campista: A maioria de nós cresceu em um bairro que respirava rock n’ roll em cada esquina, principalmente da década de 70. Soar dentro dessa atmosfera é muito natural pra nós e imprimir a nossa personalidade, por si só, foi o maior desafio no álbum. Nos esforçamos ao máximo para manter a linha dentro dos anos 70 e apostamos na diversidade de influências musicais de todos membros da banda para fazer uma mistura e, dessa mistura, sair a cara do nosso som. A faixa-título, “The Awakening of Magicians”, pra mim, foi o auge dessa mistura e também acabou se mostrando um “cluster” de todas as nossas influências setentistas. A verdade é que não é tarefa fácil no primeiro álbum atingir sua identidade e expressão original. Vamos pegar o exemplo do próprio Rush: como que ele lembrava o Led Zeppelin! Porém, depois aflorou o Rush que conhecemos.


interview . stone Age A.D.

Muitas bandas foram taxadas de “novo Led Zeppelin”, “novo Black Sabbath” e sucumbiram ao teste do tempo. Como a Stone Age A.D. pretende vencer este obstáculo? Sou bem pragmático quanto a isso, eu aposto no cerne da música, que é tocar o ouvinte, levar alguma atmosfera ou sentimento ao ouvinte de forma que ele queira viver essa experiência novamente. Sendo assim, o que importa é fazer música boa e que as 14 // rock meeting // JUlhO . 2020

pessoas gostem! Ganhar notoriedade como um “novo Led Zeppelin”, porém com músicas medianas ao longo dos seus lançamentos, creio que pode ser inevitável a reprovação “no teste”, já que a paixão vem e passa, né? (risos) Greta Van Fleet tem no DNA musical a origem blues rock, sendo acusado muitas vezes de emular o som do Led Zeppelin. Em contrapartida, levou audiência e popularidade

novamente para o rock. Como você vê o GVF dentro do universo da música atualmente? Vejo como uma mola propulsora para o rock clássico voltar a ter espaço no mainstream e espero que abra portas para várias outras assim como nós mesmo. Os meninos fizeram um bom trabalho e são muito novos, ainda vão mostrar a sua cara original, na medida em que seguirem trabalhando. Desejo que vários Gretas e vários Rival Sons apareçam


enchendo a mídia com solos de guitarras e rocks com a pretensão somente de soarem rock n’ roll. Muitas vezes a mídia hoje em seus rankings e paradas empregam o gênero rock ao falar de bandas Coldplay, Muse e outras, o que não acho correto, gerando assim uma desfiguração ao verdadeiro rock representado por Greta, Rival e outras. Uma outra referência marcante para vocês é Celso Blues Boy, que foi homenageado em 2012,

com o DVD “Aumenta que isso aí é Rock n’ Roll”. Como surgiu o projeto e quem nele esteve envolvido? Voltando ao nosso bairro (risos)… O som do blues e, logicamente, o do Celso sempre foi muito presente, e até na nossa cidade o Celso sempre teve muita força. Tivemos a oportunidade de vencer um edital cultural para um show e assim resolvemos fazer um show diferente do que fazíamos, então optamos por fazer um tributo ao Celso. Após

esse show, como o trabalho já estava pronto, resolvemos registrar em um DVD um novo show. Na época nós não estávamos com o Fred, nosso tecladista, e o baterista era nosso querido amigo Tiago Viana (Pé), que após a sua saída foi substituído pelo Marcelo. Uma questão levantada frequentemente para grupos brasileiros é o porquê de se optar pelo inglês como idioma. Já pensaram em compor ou tocar músicas em português?


interview . stone Age A.D.

Já iniciamos este processo com a música “Ninguém é perfeito”, composição de nosso baterista Marcelo Athouguia, publicada no YouTube para o TOCA - Festival da Canção 2020. Mas sou muito crítico aos rocks em português que escuto, principalmente os que têm um registro vocal muito alto, muitos soam “brega” pra mim na língua portuguesa. Nas letras em português, as palavras devem ser muito bem escolhidas para soar natural, pois nossa língua é muito rica. Outro ponto importante que 16 // rock meeting // JUlhO . 2020

observo é o condicionamento. Crescemos e fomos moldados como ouvintes em uma associação maciça de rock n’ roll na língua inglesa, e quando se faz um rock em inglês ele já acessa todo esse “arquétipo” que mora na nossa memória e, assim, sempre soa muito bem, entende? A banda já tem quase 12 anos de estrada e tem apenas um CD lançado. Quais são as principais dificuldades para produzir um álbum indepen-

dente, com qualidade e nível profissional? Nosso início em 2008 foi muito inconstante, pois não conseguíamos fixar membros na bateria e baixo na época. Devido a isso, não conseguimos avançar muito no trabalho. Após a entrada do Leandro Abritta e do Tiago Viana em torno de 2010, a banda começou a tomar corpo e foi amadurecendo seu som. Destaco também que a gravação do DVD foi primordial para esse amadurecimento. Em 2014, ao vencermos outro


edital cultural na cidade para gravar nosso álbum, o Tiago saiu por motivos profissionais e deu seu lugar ao Marcelo, que era um músico mais velho e uma referência musical pra todos nós, contribuindo muito para nosso trabalho e amadurecimento. Então, de 2015 até 2018, nos empenhamos na gravação do álbum com todos as forças, enfrentando como maiores desafios a inexperiência, a falta de verba, já que a grana do edital não era suficiente, e principalmente, a dificuldade em gerenciar família, empregos formais

e o trabalho do CD. A falta de verba nos obrigou a tornarmos empreendedores de eventos: criamos nosso próprio evento (Rock Stone), que já conta com nove edições, para levantarmos o orçamento necessário para a manutenção da banda e dos projetos. Além disso, articularmos patrocinadores de vários ramos de negócio. A inexperiência foi sendo vencida com muita pesquisa e observação, com o auxílio importante de Warney Romanho, que trabalhou conosco na gravação e mixagem, além de Nando Costa,

que também atuou nas mixagens e masterizações. Apesar de possuir apenas um álbum autoral no currículo, a Stone Age A. D. tem vasta experiência de palco. Como dialogam com os materiais escritos pela banda com os grandes clássicos do rock? E como é a receptividade do público as duas abordagens? Procuramos sempre inserir nossas músicas nos nossos shows de músicas covers e assim colhemos a reação do


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público a elas para mantê-las ou substituí-las no repertório. Nosso show é um tributo a várias bandas dos anos 70 e como nossas músicas permeiam essa atmosfera, sempre fluem muito bem e, assim, o público sempre reage muito bem as duas abordagens, já que elas estão em perfeita sintonia. Vocês chegaram a um patamar no qual a Zona da Mata Mineira não é mais suficiente para os objetivos da banda. Quais serão os próximos alvos da Stone Age A. D.? Estamos focados em expandir nosso alcance para grandes cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e o Sul do país para criarmos um público cativo e ampliarmos os nossos eixos de shows. Em BH já iniciamos o processo de “colonização” participando da seletiva para tocar num festival tradicional, que é o 18 // rock meeting // JUlhO . 2020


Camping Rock, para o qual fomos escalados. Infelizmente, com a pandemia, o evento foi adiado. A pandemia do Covid-19 desencadeou mudanças sensíveis na forma de produção, distribuição e consumo da música ao redor do mundo. Como a banda se posiciona neste cenário digital, tendo em vista o mote saudosista de sua arte? Agora, mais do que nunca, qualquer músico ou banda precisa de se posicionar na internet, gerando conteúdo, fazendo divulgações patrocinadas e lives. No momento, o show presencial demorará um pouco a retornar, isto está claro pra todos. Por isso, estamos investindo em produzir novos materiais autorais para serem lançados a cada dois meses e também faremos algumas lives esporádicas. Sobre lives entendo que fazer muitas pode ser prejudicial, pois o público enjoa, tudo demais enjoa, é impossível uma ban-

da trocar todo repertório todo mês, então sendo assim ao se fazer muitas lives acaba ficando muito batido, entende? Quando você roda fazendo vários shows, isso é diferente, já que em cada show você está em um lugar e seu repertório é “novo” ali, naquela cena. Quais serão os próximos lançamentos da banda? Há previsão de novas músicas em breve? Realizamos no dia 20 de junho uma live solidária em prol do Hospital de Cataguases, em nossa terra. Para nós foi uma live épica, realizada no símbolo modernista da cidade, construído por Oscar Niemeyer, tendo como fundo o painel Tiradentes, de Candido Portinari! No meio dessas obras de vanguarda, expomos para todo mundo o rock, um gênero musical pelo qual nossa cidade sempre foi bem reconhecida. Aproveitamos o evento para lançar o lyric vídeo de “I Believe in Love”. Por sinal, apesar de ser escrita há dois anos, a letra está muito relacionada a tudo que estamos vivendo. Além disso,


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temos takes extras das músicas “Akhenaton”, “Meek Dog” e The “Awakening of Magicians” que foram gravadas em um casarão bem à moda anos 70. “Akhenaton” será lançada em agosto; em setembro, mês de aniversário do álbum, será a vez de “The Awakening” e, em outubro, “Meek Dog”. Para novembro está programado o lançamento do clipe de “The Awakening of Magi20 // rock meeting // JUlhO . 2020

cians”, que estamos iniciando a produção. Em paralelo a isso tudo, estamos trabalhando em torno de sete novas composições que estão na fase de pré-produção. Começaremos a gravar em julho para ser lançada uma série de singles a partir de dezembro. Assim pretendemos consolidar uma presença maciça na internet. Temos muito trabalho pela frente!

Por fim, gostaríamos de agradecer a Pei Fon e a Rock Meeting por essa entrevista e pela oportunidade de falarmos um pouco do nosso trabalho em uma revista tão importante no segmento. Convidamos todos os leitores da Rock Meeting a conhecer nosso som, que está disponível em todas as plataformas digitais e no nosso canal do YouTube.



especial

ACESSIBILIDADE 22 // rock meeting // JUlhO . 2020


Alguma vez você já se perguntou como e o que acontece quando uma pessoa com deficiência (PCD), seja fã ou imprensa, precisa acessar o local de um show? Texto e foto uillian vargas

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especial . Lucas radaelli

N

o mês de julho de 2020, o dia mundial do rock comemora seu aniversário de 35 anos. Nunca é demais relembrar a razão da escolha desse dia para a comemoração. No dia 13 de julho de 1985, aconteceu o Live Aid, um festival de enorme dimensão que reuniu um cast impressionante. Mas o mega lineup do fest nós vamos deixar para tua pesquisa e curiosidade (se ainda não conhece), o motivo da realização sim merece destaque, pois será o pano de fundo da nossa conversa. O Live Aid foi organizado por Bob Geldof e Midge Ure, impulsionados pela iniciativa de arrecadar fundos para destinar a doações, comovidos pelo grande número de pessoas que passavam (ainda passam) fome no continente africano. E, honrando esse mesmo sentimento de empatia que deu ação ao LIVE AID, o nosso dia mundial do Rock

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(Meeting) vem acompanhado dessa responsabilidade social e compromisso com o próximo. Alguma vez você já se perguntou como e o que acontece quando uma pessoa com deficiência (PCD), seja fã ou imprensa, precisa acessar o local de um show?

Alguns shows e festivais já demonstram preocupação em acolher essa galera com mais cuidado e atenção. Há registros de festivais com camping dedicado, caso do Graspop por exemplo. Mas quando a acessibilidade precisa atender a imprensa, a realidade muda um pouco


LUCAS RADAELLI Lucas Radaelli, 28 anos de idade, engenheiro de Software, é um desses fãs que não mede esforços para curtir um bom show e mesmo sem enxergar, atravessa o continente americano se preciso. Hoje Lucas mora em San Francisco (CA), mas quando foi pela primeira vez ao 70 000 tons of metal, ainda morava no Brasil. E ele vai nos contar um pouco sobre essas aventuras.

Lucas ao lado dos amigos que fez no 70000 Tons of Metal. Foto gentilmente enviada por Felipe Sanchez (branco).

de figura. E para podermos estabelecer um paralelo entre as verdades dessas situações, conversamos com duas pessoas que podem nos ajudar a entender um pouco mais sobre esse vasto universo ainda em expansão, chamado acessibilidade.

Vamos fazer a lição de casa corretamente desde o início. Lucas, conta um pouco sobre a tua experiência musical. Como e quando foi que o metal chegou na tua vida? E qual foi a banda que te chamou para o universo do rock/metal? Quando eu era criança, eu não dava muita atenção pra música. Gostava, só não era pirado na coisa. Uma das primeiras músicas que me trouxe pro mundo do metal, foi quando ouvi Fairy Tale, do Shaman, na TV. Na época nunca sou-


especial . Lucas radaelli foto cedida por Wellington Rodrigues

be o nome da música, mas um ano depois consegui umas músicas com meu primo, e ela estava lá. Isso eu tinha 13 anos. Desde então nunca mais parei. Desde o momento em que tomou consciência da tua condição especial chegou a cogitar a ideia de não curtir um show ao vivo pelo fato de não enxergares (ou por medo, ou por insegurança)? Sabe que essa é uma boa per26 // rock meeting // JUlhO . 2020

gunta. Os anos que eu de fato comecei a ouvir muito metal foi na oitava série e no primeiro ano. Até então, nunca tinha ido em um show. Eu ouvia, mas nunca tinha parado pra pensar em ir em um show. Até que isso foi mudando e eu queria ouvir a música ao vivo. Lembro de ter postado na comunidade do Orkut da época perguntando quando teria um show de metal (em Cascavel no Paraná, onde eu morava). A galera respondeu, fiz amizade com um cara, o Kenny.

O primeiro show eu fui com ele, os próximos também. Ele é um dos meus melhores amigos até hoje. Desde o começo eu sempre achei o ambiente de um show de metal muito tranquilo, por mais absurdo que isso pareça. A galera quando percebia que eu era cego me dava bastante apoio. Já pedi pra me levarem pro mosh e levavam. Já pedi pra pular na galera do palco e fizeram isso também. No final das contas, eu aproveitava igual, com tal-


foto cedida por felipe sanchez

vez a única diferença que tinha um amigo ali do meu lado sempre só pra ficar de olho que ninguém trombasse em mim sem querer. Mas até isso mudou depois, porque já fui em show sozinho. Como aconteceu o momento em que tu decidiu que iria viajar para viver a experiencia de um show? No mesmo ano que fui pela primeira vez em um show, em Cascavel, Paraná, o Blind Guardian viria para o Brasil.

tato com o pessoal do 70000 tons of metal? Que recursos foram oferecidos para facilitar o deslocamento? Como havia a possibilidade de eu ir no festival sozinho, eu queria ter uma noção se seria possível eu me locomover por lá, enfim, conseguir me virar. Eles me passaram as opções de acessibilidade que havia no navio, porque esse festival acontece em um cruzeiro. Poderia comentar um Eles colocaram uma pessoa pouco de como foi o con- à disposição a fazer um tour Iam tocar em Curitiba, e resolvi ir com um amigo meu da época no show. Essa ideia de viajar pra ir em show foi só aumentando. Fui em alguns festivais em Curitiba e São Paulo, e mais tarde até pra fora do país, já mais velho, no 70000 Tons Of Metal. Acredito que a vontade em todos era sempre a mesma: eu queria viver aquilo pessoalmente, ao vivo.


especial . Lucas radaelli foto arquivo pessoal

comigo pelo navio pra eu me familiarizar com o ambiente. Acabou que fui acompanhado, mas fiz o tour mesmo assim, o que me ajudou a entender melhor como o lugar se parecia pra caso eu precisasse andar sozinho depois por lá. Vivenciar um show é uma experiencia enérgica, ainda mais quando se tem oportunidade de estar no mesmo ambiente de bandas que curtimos. 28 // rock meeting // JUlhO . 2020

Imagino que contigo não seja de outra maneira. Tu consegues descrever como tu idealizou o palco no momento que o show estava rolando? Pra ser sincero, eu não pensei muito nisso não. Eu me focava muito mais no som. Por exemplo, o 70000 Tons Of Metal tem quatro palcos diferentes. Eu gostava muito de como o som mudava em cada um deles. No palco aberto, o som voava longe, enquanto no

que ficava dentro do teatro o som era mais escuro e parecia te abraçar mais porque refletia nas paredes. Era nisso que eu me focava. Pra mim era só som, essas nuances que só a música ao vivo pode te trazer. E durante os fests que tu já frequentou, qual foi o momento mais marcante? Positiva e/ou negativamente. Teve um momento que me marcou demais que eu contei


a história aqui: “Ontem era umas duas da manhã e meu amigo me deixou no quarto e foi ver mais um show aqui no Cruzeiro do metal. Tentei dormir. Não deu. Resolvi ir atrás dele. O problema que eu estava sozinho e tem 3000 pessoas aqui...Deu uns cinco minutos eu falei “que se foda”. Peguei minha bengala e sai do quarto, vou procurar ele. Chegar até os shows não era o problema. O problema seria uma vez dentro do show. Barulho demais, difícil me orientar

sozinho. Mas eu fui. Cheguei no primeiro show que estava rolando, aquele barulho. Agora não tem mais audição pra se orientar não. Sempre achei que me incomodaria com isso. Nada. Só fiquei lá curtindo a música. Aí andei mais um pouco pra achar um lugar que o som estivesse melhor. Aí alguém me segurou pela mão. Me levaram até meu amigo que estava por perto. Devem ter visto a gente junto antes. A mesma galera organizou pra me levantarem lá no show. Me perdi do meu amigo de

novo. Tava nem aí. Nos achamos de novo. Sei que mudei pra caramba nesses tempos. Antes eu teria deixado pra lá porque teria receio de me perder por aí. Não só não me perdi como foi divertido demais. Também ajuda que a galera do metal é parceira demais”. É notório que alguns festivais europeus também estão se preparando melhor para a questões que envolvem facilidades na acessibilidade. Na era foto cedida por felipe sanchez


especial . Lucas radaelli

em que a inclusão é um assunto cada vez mais em pauta, tu achas que finalmente a sociedade está mais preocupada em incluir? Eu acho que os festivais entendem que, sendo bem sincero, não precisa de muito pra tornar a experiência muito mais acessível. É muito mais uma questão de conscientização e organização. Por exemplo, o Graspop na Bélgica destina um dos acampamentos 30 // rock meeting // JUlhO . 2020

pela oportunidade de ter te contatado e pela tua disponibilidade em atender nossas perguntas. Deixamos o espaço para tuas considerações finais e caso queira dizer algo aos nossos leitores. Só queria comentar que as pessoas podem me achar nas redes sociais no Twitter e no Instagram e sempre estou disposto a trocar uma ideia sobre acessibilidade e música agradecemos também!

para cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida. O que esse acampamento tem de especial é ser mais perto do lugar de shows que os outros. Não é algo tão complicado assim de fazer, né? Então acho que quando a gente fala sobre isso a gente consegue apresentar para as pessoas as alternativas e que pensando junto conseguimos soluções muito boas. Por

fim,



especial . Renato Sanson

RENATO SANSON

D

o outro lado da mesma moeda, a vida nos traz uma outra realidade sobre o tema. Afinal a rotina da imprensa segue um ritmo acelerado e dinâmico. A hiper conectividade trouxe urgência na veiculação das notícias: elas precisam sair da origem e chegar ao público o mais rápido possível. Esse dinamismo não deveria ser afetado pelo fato do repórter portar alguma deficiência, mas infelizmente isso acaba ocorrendo com frequência. Mesmo com a presença da Lei federal Nº 10.098/2000 (promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida) e da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, não raras as vezes nos deparamos com momentos em que esses direitos são desrespeitados ou ignorados. 32 // rock meeting // JUlhO . 2020

Trocamos uma ideia com Renato Gimli Sanson, 32 anos, graduado em Gestão de RH, com Pós em Gestão de TI, cadeirante e mais de 20 anos de experiências em shows. Por pelo menos 11 anos dessas duas décadas ele cobre shows, credenciado como imprensa, para grandes portais direcionados para o metal.

Renato, em tua larga experiência como profissional da imprensa, que frequenta shows com a finalidade de divulgar estas atividades em veículos renomados, achas que as produtoras respeitariam a acessibilidade se não fosse a execução de uma lei federal?


As produtoras já não respeitam com a lei, agora imagina sem ela! Eu frequento shows desde o começo dos anos 2000 e realizo coberturas oficiais desde 2009, e te digo com toda a certeza que em poucos lugares tinha acessibilidade. São tão poucos que quando chego a uma casa de shows que tem acessibilidade

sempre fico surpreso (risos). Tu consegues me descrever, ao menos, uma razão para que haja tamanho descaso? Inclusive quando a pessoa com deficiência faz parte da imprensa? Por fazer parte da Imprensa é fácil responder, pois o pen-


especial . Renato Sanson

samento do descaso é justamente achar que vai dar “muito trabalho” credenciar uma pessoa com deficiência, pois aí meio que se obriga a ter um “local” mais acessível para o profissional de Imprensa poder assistir ao show, aí é muita mão de obra para a produtora (risos). E referente ao descaso com o público que não é imprensa, mas possui deficiência, é falta de respeito e empatia, pois fazem por obrigação os acessos, mas em 34 // rock meeting // JUlhO . 2020

nenhum momento pensam que, o local destinado a pessoas com deficiência tem que ser no mínimo estruturado para as pessoas enxergarem o palco e não enxergarem as cabeças do público em sua frente, pois o dinheiro é o mesmo. Lembra de alguma situação em que não houve constrangimento ou dificuldade de acesso, pelo fato de tu seres cadeirante?

Sempre tem. Mas teve duas situações que me marcaram bastante, a primeira delas foi quando o Megadeth retornou pela terceira vez a Porto Alegre, em 2016, se não me falha a memória. Fui credenciado e neste show eu não quis ficar na grade (sim, sou o tipo de deficiente que não se importa com acessibilidade, e se eu puder pular do palco e ficar no mosh, melhor ainda!) e fui para o local destinado aos PCD’s, onde tinham vá-


foto arquivo pessoal

rias pessoas ali, porém o local montado era em frente a fila do bar da casa e rente ao chão onde ninguém ali enxergava nada do palco, apenas as pessoas que estavam na fila do bar. Como eu era Imprensa poderia sair dali e ir para outro local, mas me constrangi pelos demais, onde era visível a frustração. Tentei argumentar com o assessor da produtora, mas que naquele momento não se poderia fazer nada, acabei indo para um

outro local para poder ver o show decentemente e realizar a cobertura. Após a publicação da minha matéria a produtora em questão quis me tirar do circuito de coberturas, pois apontei na matéria todo esse descaso com acessibilidade. O mais incrível que alguns meses depois a mesma produtora estava me procurando para cobrir seus eventos (risos) e obviamente neguei, paciência (risos). A segunda situação foi no Monsters of Rock

na edição porto-alegrense, o local escolhido já não era dos melhores, tinha acessibilidade e banheiros, porém o local estabelecido para os PCD’s era extremamente longe do palco, em que você não via os artistas, mas sim formigas tocando! Um descaso absurdo, pois muitos ali pagaram caríssimos para assistir ao show do telão a mais de 100 metros do palco. Eram só pessoas com deficiência, não com uma doença contagiosa onde


especial . Renato Sanson

tinham que ser isoladas! Mesmo que se notem movimentos de inclusão, às vezes sentimos que ainda temos muito para evoluir na maneira correta de agir e de pensar. No sentido da conscientização, da empatia, tens algo que gostaria de comentar conosco, que tenha te marcado? Têm profissionais do meio que se preocupam com isso 36 // rock meeting // JUlhO . 2020

e compram a causa por você, justamente pela questão de ter equidade, para todos poderem participar de uma forma satisfatória. Teve várias situações legais, como ir a shows em casas com zero acessibilidade e a produtora se desdobrar em 1000 para que as pessoas com deficiência pudessem assistir ao espetáculo satisfatoriamente. A questão é você demonstrar o mínimo de interesse por isso, não só porque são pessoas

com dificuldades de locomoção ou outra deficiência, mas sim isso é preocupação com seu público, para todos saírem dali satisfeitos. As produtoras perdem um bom nicho de clientes, pois existem mais de 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil e quantos desses vão a shows, teatros ou cinemas? Lembro que, na edição do Rock ao Vivo em Porto Alegre, a Assessoria do Festival (a Agência Cigana), me credenciou e deixou claro


que sim, teria não só apenas um local para os PCD’s, mas sim um local digno para todos se sentirem incluídos, e foi assim que aconteceu, realmente fiquei surpreso com o tratamento e a qualidade do local montado, e isso mostrou que quando se quer, se faz e era algo simples, mas muito bem posicionado e montado. Isso mostra que quando se tem interesse e preocupação com seu público (indiferente de suas condições físicas) as coi-

foto arquivo pessoal

sas acontecem e todos saem pessoas com deficiência. Mas satisfeitos. dou minha cara a tapa e tento sair do ponto comum. GostaGostaria de parabenizar ria de deixar o recado aos defipelo trabalho de quali- cientes que não desistam, mas dade já realizado na tua sim persistam. Pois quanto carreira como redator e, mais irem a shows, teatros, ciagradecer a oportunidade nemas ou qualquer outro esem ter cedido seu tempo petáculo artístico, mais obripara essa pequena con- gações terão para nos oferecer versa. Muito obrigado! condições melhores, se não Eu que agradeço o convite funciona por meio da lei, vai apesar de não ser um grande funcionar com a invasão dos entusiasta sobre as causas das PCD’s aos eventos!


note . fucking Violence

INGRATIDร O Banda paulistana de hardcore lanรงa novo clipe por Isabele Miranda & Vagner Mastropaulo // foto JOW HEAD

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B

anda paulistana de hardcore Fucking Violence apresenta o clipe de Ingratidão, faixa-título de seu álbum de estreia com dez pedradas que saiu em fevereiro último, mas gravado em 2019 com produção e mixagem de Heros Trench (guitarrista do Korzus) e Rodrigo Oliveira (baterista do Korzus) no Dharma Studios. O quarteto é formado por Pablo Lucente (guitarra), Carlos Souza (baixo) e André Atibaia (bateria), além do

único músico a aparecer na filmagem feita no centro de São Paulo, mais precisamente no Vale do Anhangabaú: o vocalista Thiago Monstrinho. Com a palavra, o ex-Worst, que assim analisa o mais recente trabalho produzido por Lourenço Fabrino, o Luringa, diretor de Vencedores, do próprio Worst, com mais de 2.6 milhões de views no YouTube: “O clipe fala sobre pessoas ingratas, ingratidão, gente que não valoriza o próximo, que descarta

o ser humano como se fosse lixo”. Ao assistir ao vídeo lançado em 1º de junho, impressiona o hardcore cheio de groove e agressivo que vai agradar em cheio a quem aprecia Hatebreed e Biohazard. Cantado em português, não há como não imaginar a roda pegando fogo ao vivo a partir de 1’19” da faixa. Siga o Fucking Violence. Instagram | Facebook


40 // rock meeting // JUlHO . 2020


INTERVIEW

CARLOS

FIDES Desde 2008 com o Artside Digital sTUDIO, Carlos Fides trabalha com renomados artistas da mĂşsica

por renato sanson // foto Thiago Bueno


interview . Carlos Fides

T

ranscrever a sonoridade em uma imagem ou layout não é uma tarefa fácil, ainda mais no meio Heavy Metal onde a complexidade impera e os detalhes e expressões são necessárias. Carlos Fides vem nessa batida desde 2008 trabalhando com renomados artistas do mundo da música pesada, trazendo à tona toda expressão sonora através de seus traços em artes belíssimas de características ímpares. Conversamos com ele sobre sua carreira, arte e muito mais! Carlos, primeiramente muito obrigado por este bate-papo e gostaria que nos contasse brevemente de seu início como artista gráfico musical. Eu que agradeço o convite e o espaço que a Rock Meeting vem disponibilizando para 42 // rock meeting // JUlhO . 2020

nós artistas. Bom, tudo começou quando eu tentei me aventurar no meio musical em uma antiga e extinta banda que tínhamos, com a necessidade e grana curta para ter um website instalei um programa em um computador velho que tínhamos em casa e com a ajuda de um amigo

que já era experiente em criar website foi me passando algumas dicas básicas, com isso fui estudando, almoçando e jantando o software da época, isso em meados de 2004, e nesse meio tempo sempre que a banda precisava eu metia as caras e criava todo o conteúdo visual, porém nun-


influências? E quais dificuldades surgiram nesta jornada até o presente momento? Sempre tive como principais referências filmes e jogos, alguns dos principais pintores que sempre tenho em mente são: Goya, Caravaggio, Delacroix e outros da era renascentista, voltando a artistas gráficos da era moderna posso citar: Frank Miller, Travis Smith, Eliran Kantor, Dan Seagrave e o mestre Frank Frazetta, todos esses são apenas artistas que eu admiro muito e curto acompanhar alguns que ainda estão na ativa.

ca de forma profissional, isso só de deu início oficial em 2009, quando decidi que era realmente o que eu queria fazer ou tentar fazer da vida (risos). São praticamente onze anos dedicado às artes. Quais as suas principais

Em 2009 você foi convidado para participar do maior coletivo de Designers do Brasil, o “inBlooddesign”, onde você trabalhou com artistas que não são do nicho Rock/ Heavy Metal. Como foi esta experiência? Sim! Foi uma experiência incrível trabalhar com aquela galera insana, éramos um time imbatível no meio da música popular, e na era do ouro do Myspace, onde grande parcela dos grandes artis-


interview . Carlos Fides

tas estavam no nosso cast de clientes como: Ivete Sangalo, Daniel, Paula Toller, Asa de Águia entre outros. Lembro que tínhamos uma liberdade de 100% na criação durante todo o projeto, Mex que era o mentor do projeto encaminha o contato direto com o artista ou gravadora, éramos uma família com mais de 10 Designers, um aprendizado e tanto para toda vida onde pude aprender, evoluir e testar várias técnicas em estilos dos mais variados possíveis. Você poderia elencar seus cinco trabalhos favoritos e porquê? Aí está uma pergunta complicada para todo artista, eleger trabalhos favoritos, minha resposta seria: TODOS! Pois, todos tem sua particularidade, seu momento ou sua magia sendo boa, triste, feliz ou de ódio, cada peça produzida não carrega apenas imagens, mas todo o sentimento do artista que ele vivencia durante aquele período de criação da 44 // rock meeting // JUlhO . 2020


peça, eu estaria mentindo se falasse que não tenho algumas peças onde possuo mais carisma, não pôr ser de tal banda ou de tal cliente e sim pelo sentimento da obra, algumas delas seriam: Noturnall - 9, Evergrey - The Storm Within, Semblamt - Lunar Manifesto, Krucipha - Inhuman Nature e My Fair lady - Mindwalk e Evenflow - Aciente Memories. E quais aquelas artes que você julga as mais inusitadas, mas tem um carinho especial? Esses pedidos inusitados são realmente raros de acontecer, normalmente quando os clientes me procuram já sabe qual é o meu estilo de arte e já conhecem algumas das minhas peças, mas eu poderia citar alguns trabalhos que fiz para o André Marques (Apresentador da Rede Globo), não chega a ser um pedido inusitado mas sim o fato do meu trabalho despertar interesse em um artista bem incomum dos que sempre trabalho, no final deu tudo certo e fiz bastante material para ele na área que ele é DJ, com isso fiz inúmeros

trabalhos para DJ’s do mundo todo, acho que por isso tenho esse carinho especial onde meu trabalho alcançou uma vertente bem diferente do que sempre criava. Qual foi a arte que você viu e te despertou esta chama artística? Quando criança eu tinha um dois Tios que eram colecionadores ao nível extremo de Lp’s, e aquelas capas me chamavam muita atenção, eu me lembro de sentar ao lado dessas coleções e ficar horas e horas vendo todas aquelas capas uma por uma, cada detalhe, cada foto, as capas como a do “Powerslave” onde o mestre Derek Riggs inseriu uma infinidade de easter eggs, eu sempre me lembro muito da capa do Dismember – “Like an ever flowing stream”, essa capa em especial é clássica, e com uma força da qual nunca tirei da cabeça, já quando adolescente conheci a capa do Sepultura – “Arise”, novamente essa capa ficava olhando por dias e até hoje quando vejo passar no feed ou em algum site paro para admirar, acredito que


interview . Carlos Fides

toda essa experiência desde a infância e o contato com todos aqueles Lp’s contribuíram de uma forma especial para me tornar quem sou como artista e ter essa “chama” correndo no sangue. Em seu cast de clientes temos grandes bandas/ artistas como: Kamelot, Evergrey, Narnia, Aquiles Priester dentre outros. Como é trabalhar com estes grandes nomes? Sempre quando um cliente de renome me procura ou a gravadora em alguns casos, gera um certo frio na barriga, mas com o tempo isso se torna mais simples do que muitos pensam, são pessoas comuns iguais a todos, alguns mais exigente outros mais simples, mas algo que sempre poderei ser grato é a forma como eles me tratam de igual para igual, de um artista para outro com total respeito, admiração e carinho, entregam em suas mãos o filho que muitas vezes nem o nome ainda possuem e precisam de uma identidade visual para a face daquele filho, e com isso sempre é algo 46 // rock meeting // JUlhO . 2020

novo, o processo de criação em constante evolução através daquele primeiro contato com esses clientes, amigos e parceiros. Na parte criacional quantos por cento a banda ou artista influenciam? Isso é relativo, eu gosto muito quando a banda já possui um norte em mente e me passa esse briefing, tendo esse norte

eu começo a viajar nas possibilidades e qual a melhor forma de transpor isso para o projeto, sendo com fotos, desenho ou modelagem 3D, e quando o cliente me deixa 100% livre para criar, essa pequena parcela espera algo totalmente fora da caixa, normalmente essas são as capas mais malucas sem alguma influência do cliente ou talvez me passando apenas um título ou uma cor.


Certamente existe aquela arte em que você não acreditou que foi chamado para desenvolvê-la, qual seria? E qual banda você sonha um dia em poder desenvolver uma arte de álbum ou merchandising? Respondendo a primeira pergunta seria a capa do Evergrey – “The Storm Within”! Em 2010 se não me engano Tom entrou em contato comigo por e-mail após retornar de turnê e me falou que estava trabalhando em um novo álbum, chegamos a discutir o título, ideias e tudo mais, porém com algumas mudanças no line-up da banda todo o direcionamento do álbum mudaria, acabou ficando apenas na troca de e-mails, o álbum então viria um tempo depois como “Glorious Collision”, na época fiquei bem triste, pois o Evergrey sempre fora uma das minhas bandas favoritas e realizar essa capa teria sido incrível, após quase 8 anos, em 2016, Tom novamente me procura avisando que tinha me escolhido para dar conti-


interview . Carlos Fides

nuidade na conversa de muitos anos atrás para uma nova obra, lembro de me sentir bem realizado e que aquela era a hora de criar algo para o Evergrey a banda que sempre curti desde adolescente. Sobre as bandas das quais eu gostaria de criar eu posso citar todas possíveis (risos)… mas algumas que eu realmente gostaria de criar algo seria para o Fear Factory, In Flames, Nightwish e Dream Theater. Como é o processo de criação? Você se isola, lê, vê filmes, testa possibilidades, como tudo acontece? Eu sou um cara mega simples quanto a isso, apenas gosto de trabalhar no meu tempo, fechando o contrato dou continuidade no projeto e vou apenas elaborando tudo na mente, quando chega a hora mergulho no projeto e só paro quando está finalizado, uma das etapas deixar a arte de “molho” sei que sempre vou alterar, mudar ou até mes48 // rock meeting // JUlhO . 2020

mo refazer a arte toda, e durante esse processo gosto de evitar ao máximo referências que possam influenciar no resultado final, procuro deixar meu estilo e minha assinatura o mais claro possível. Sobre o Evergrey em específico, como aconteceu o contato com os caras? Qual sua reação? Fale um pouco sobre o processo de criação de “The Storm Within”. Em setembro de 2016 Tom

me mandou algumas mensagens no direct dizendo que gostaria de me escolher como o artista para o álbum “The Storm Within”, pois curtiu muito o merchandise que criei para o álbum “Hymns for the Broken” e que o pessoal da AFM Records iria entrar em contato para acertar todos os detalhes sobre quais eu iria criar. O processo foi bem louco e rápido, tínhamos pouco tempo até a data do lançamento da pré-venda e era um Box com muitas, muitas artes,


mas Tom ficou comigo online praticamente toda parte do tempo mesmo com a diferença de 5 horas entre os países. Já o processo de criação da arte fizemos vários testes e possibilidades, inclusive de cores que era o foco principal durante a criação pois o material final seria com partes localizadas metálicas, como no álbum do Septicflesh – “The

Great Mass”, mas devido ao prazo e algumas adversidades essa possibilidade foi descartada no final e como o álbum já tinha toda aquela atmosfera em tons mais frios puxados para o cinza acabou ficando bem marcado, aí optamos por dar continuidade em todo o restante do encarte e demais materiais impressos na mesma pegada. Terminando todo

o projeto do álbum iniciamos o merch, essa é a parte mais complicada, pois reproduzir arte digital em tecido é algo mais complexo do que muitos imaginam, lembro que foram toneladas de camisetas, moletons, bonés e toucas, no final somando todos os materiais desde início do álbum foram mais de 30 peças que eu lembre.


interview . Carlos Fides

Ainda sobre o Evergrey, você também desenvolveu as capas dos dois relançamentos dos clássicos “The Dark Discovery” e “Solitude, Dominance, Tragedy” dos suecos. Que por sinal, ficaram fantásticas e deram uma nova vida a esses trabalhos. Qual a importância dessas artes em sua carreira? Essas foram as duas primeiras que tive oportunidade de recriar, e isso não é um trabalho nada simples ou fácil, você pegar capas que já marcaram um disco, ainda mais se tra50 // rock meeting // JUlhO . 2020

tando de dois clássicos, tarefa mega difícil de ser completada. O primeiro foi o “Solitude, Dominance, Tragedy”, Tom queria essa capa nova, mas usando as principais faces da capa original para não perder a identidade e com isso entrei com a ideia de modernizar, como se fosse estátuas/monumentos criados no passado e o personagem no futuro (era moderna) visitando algo que os antepassados criaram fazendo toda essa conexão, já no encarte tentei manter toda a atmosfera criada na capa e usamos as mesmas fotos ori-


ginais de 1999, e essa foi a primeira parte do desafio. O Segundo desafio era recriar a capa do “The Dark Discovery” nesse Tom queria que mantivesse toda a pegada da capa original, mas com traços modernos, digitalizados e fotos, com isso fizemos um ensaio fotográfico com a modelo (criança) e mesclei com modelagem do ambiente em 3D e alguns traços feitos a mão em toda a capa, esse foi mais complexo e demorado, mas o resultado agradou bem aos fãs. A importância dessas artes será de eterna gratidão e aprendizado a todo o respeito que senti ao recriar essas duas obras das quais sempre estarão ligadas a caminhada do Evergrey e dos fãs e da minha carreira. Qual o caminho que seguiu para ter esse reconhecimento profissional que poderia compartilhar com os artistas iniciantes? Muito obrigado. Sucesso! Em tempos de Pandemia as pessoas talvez comecem a entender como é trabalhar em Home Office, que por você estar em casa não significa que não há horários ou que a coisa se torne mais fácil por estar

dentro de casa. Minha meta foi sempre ter disciplina e em dez anos nunca atrasei um único trabalho, nunca descumpri metas e nunca deixei de atender qualquer cliente independente de horários ou do fuso no caso de outros países. Você que está iniciando nessa jornada apenas eleve ao máximo o seu nível profissional e continue evoluindo, saia da zona de conforto, aprenda a desenhar, modelar, pintar, fotografar e editar, tenha uma evolução constante e eu desejo que você se torne mais um brasileiro no mundo artístico. Obrigado!


INTERVIEW

TOXIKULL Promovendo seu segundo álbum, a banda portuguesa toxikull apresenta “cURSED AND pUNISHED” TEXTO Jéssica Mar // Foto: Banda/Divulgação

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interview . toxikull

Brasil, além da história e suas principais influências no Heavy metal.

A

banda portuguesa Toxikull, um dos grandes nomes do New Wave of British Heavy Metal de Portugal, promove no Brasil o seu segundo álbum. Intitulado “Cursed and Punished”, o disco foi lançado em setembro de 2019 pelo selo italiano Metal On Metal Records. Formada em 2016, na cidade de Cascais, em Portugal, o grupo possui o álbum “Black Sheep” (2016) e o EP “The Nightraiser” (2018), que os consagrou como uma das bandas em destaque na cena portuguesa, garantido apresentações em grandes festivais da Europa. Lex Thunder, vocalista principal, guitarrista, e atual vocalista da renomada banda Midnight Priest, concedeu uma entrevista exclusiva à Rock Meeting para falar sobre o novo álbum e a vontade da banda em tocar no 54 // rock meeting // JUlhO . 2020

Toxikull é uma banda portuguesa de Heavy Metal, podem contar brevemente sobre este projeto? Lex Thunder - Antes demais obrigado pela entrevista. Pois bem, o Toxikull começou em 2016, como uma versão evoluída da antiga banda de covers e da nossa fase de adolescentes “Toxic Room”. Decidimos começar esta nova banda devido a nossa sede de fazer música original e de nos intrometermos no panorama musical de Metal, com um estilo mais Old school que afinal de contas é o que mais ouvimos e gostamos. Começamos por lançar o disco “Black Sheep”, em 2016, que roçava um Heavy/ Thrash mais comercial, depois fomos para o EP “The Nightraiser” em que se distinguiu como um ponto de viragem da banda e nos transformamos numa banda de Speed Metal. Em 2019, lançamos o aclamado “Cursed and



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Punished”, que é uma mistura de Speed/Thrash e Heavy. Ainda não sabemos bem o que virá a seguir (risos). O que te agrada no Heavy Metal e por que escolheu este estilo? Na minha opinião, o amor pelo que se faz não se escolhe, acontece naturalmente, portanto não escolhi propriamente este estilo, simplesmente apareceu na minha vida e eu o deixei entrar. Creio que esta atracção se deve ao fato de me identificar muito com a história e a essência do Heavy Metal em termos de personalidade. Gosto bastante da ideia de enfrentar o mundo sendo a música uma arma, e para mim o Heavy Metal me dá essa hipótese através das melodias, das letras, da velocidade e imposição de cada nota. Você acha que o thrash metal tem muita vida útil no underground? 56 // rock meeting // JUlhO . 2020


Você enxerga as bandas do estilo no meio underground? Sim, o Thrash metal é o mais forte de todos os subgêneros do Metal. É o que elevou o Metal a cultura Pop, e é o mesmo que, dentro da cultura underground, nunca deixou de existir e nunca deixou de ter muitos fãs. Sim, somos fãs de muitas bandas no meio underground, e são as nossas maiores influências hoje em dia. O álbum “Cursed and Punished” foi lançado no final de 2019, pode nos contar um pouco sobre este trabalho? Este foi o nosso segundo LP, depois de uma fase mais complicada da nossa vida pessoal, conseguimos nos erguer e dar a volta por cima. Diante das dificuldades conseguimos sair com este álbum forte que representa todo esse processo de superação, de muita revolta e luta. O conceito do álbum está presente na capa que é

literalmente a imagem visual das músicas. Tudo o que se passa musicalmente gira em torno da capa. O álbum foi composto por mim e pelo meu irmão Michael Blade, foi gravado e produzido no Demigod Recordings, e lançado pela editora Italiana Metal on Metal. Por que escolheram divulgá-lo agora no Brasil? Decidimos divulgar no Brasil, pois temos um grande sonho que é ir tocar no vosso maravilhoso país, e porque, na minha opinião, deveria existir uma maior conexão entre o metal português e brasileiro, afinal de contas falamos a mesma língua e o nosso passado está e estará sempre ligado. Acontece muito isso entre os Estados Unidos da América e Inglaterra. Por que raio não há de acontecer entre Brasil e Portugal? Como você vê o cenário de Rock e Metal no Brasil? E o cenário Underground? É um cenário muito forte, muito vivo e aguerrido, daí de


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termos esse sonho de um dia poder fazer uma turnê pelo Brasil. Grandes bandas existem aí e isso não se deve apenas as bandas, mas como aos ótimos fãs e apoiantes do Metal que vocês têm por aí. Para alguém que nunca ouviu a banda, como você diria que a banda soa? Você sente que é uma banda original? Eu diria que soa a Heavy Metal levado ao limite. Os vocais estão levados ao extremo, a velocidade e os riffs de gui58 // rock meeting // JUlhO . 2020

tarra também, a encostar um A crise do novo coronapouco no Thrash. Hoje em dia vírus atrapalhou muito é difícil de definir se uma ban- os planos da banda? Qual da é original ou não. A verda- estratégia vocês criaram de é que todos os anos saem para lidar com a crise? tantos álbuns de excelentes Sim, atrapalhou. Todos os festivais em Portugal e Espabandas que se torna difícil ser nha foram cancelados, e nós super original e não se paretivemos de cancelar a nossa cer com ninguém. Na minha primeira turnê europeia que opinião, temos o nosso toque estava marcada para outuoriginal e não consigo indibro. É triste, mas necessário. car uma banda de hoje em A nossa estratégia passa por dia com o som semelhante ao preparar tudo para que quannosso, mas obviamente que do a normalidade volte, nós penso isto também por ser a estejamos prontos para comeminha banda (risos). çar a tocar e também lançar


algum conteúdo online. Toxikulll não é seu único projeto. Você pode contar sobre seus outros projetos/bandas? Como é manter tantos projetos? A tarefa de estar em duas bandas bastante ativas na cena musical requer muita organização e gestão de tempo. Em um ano gravei e lancei dois dos melhores álbuns de cada banda, e toquei bastante, portanto é preciso alguma elasticidade mental para arranjar elasticidade física, mas é uma

experiência única e muito enriquecedora, pois a diversão é dobrada (risos). Estou sempre a aprender e tudo o que aprendo numa banda posso aplicar noutra e melhorar como músico. É difícil, mas compensa totalmente. Quais os planos do Toxikull para o futuro, quando tudo se normalizar? Voltar aos concertos, talvez lançar um novo EP em português e muito rock. Você pode nos dar seus 5 álbuns que influenciaram

sua música? Enforcer – Death by Fire Megadeth – Peace Sells Judas Priest – Painkiller Motorhead – Overkill Skull Fist – Chasing the dream Pode deixar uma mensagem para nossos leitores? Obrigado por terem lido esta entrevista, continuem a seguir as novidades do mundo do Metal pois agora mais que nunca todo o meio se precisa de envolver e de se apoiar. Viva o heavy metal!


INTERVIEW

LACRIMA MORTIS Com um som denso e rebuscado, lacrima mortis é um prato indispensável para fãs de doom metal TEXTO barbara lopes // Foto laysa moraes

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interview . lacrima mortis

pra dentro da Lacrima Mortis essa sonoridade, visto que me acompanham desde o início da década de 90.

C

om um som denso e rebuscado, prato indispensável para fãs de doom metal, a banda catarinense Lacrima Mortis acaba de lançar o álbum chamado “Posthumous”. Entrevistamos o guitarrista Requiem, que nos contou sobre as influências, o selo europeu e como tem lidado com o atual momento pandêmico.

Por quanto tempo trabalharam na produção de “Posthumous”? Desde o início das composições eu já tinha um horizonte a seguir e por mais que muitas músicas tenhamos finalizados na sala de ensaio, em minha cabeça eu já sabia o que gostaria de adicionar, qual timbre de guitarra seguir, a incursão dos cantos gregorianos, as intervenções de teclados, etc. E após ter dado início as gravações foi até, de certo modo, rápido a contar que tínhamos apenas os finais de semana para poder nos concentrar na gravação e agendar os horários no estúdio, visto que o local também tem horário de ensaio de diversas bandas, então tínhamos de nos encaixar nessas lacunas. Mas, feitas as gravações e o processo de mixagem, posso dizer que foi entre o final de 2018 e meados de 2019.

“Posthumous” apresenta uma sonoridade de doom clássico noventista. O que e quais bandas inspiraram vocês na produção deste álbum? Requiem - Eu sou um grande fã das bandas de death/doom metal dos anos 90, a tríplice coroa do doom metal britânico - Paradise Lost, Anathema e My Dying Bride -, além das estadunidenses Evoken e Asunder, entre outras, então foi meio que natural carregar O selo do álbum, Talheim 62 // rock meeting // JUlhO . 2020



interview . lacrima mortis

Records, é austríaco. Como foi o contato e o trabalho com a empresa? Onde foi a gravação? O primeiro contato com o selo foi por volta de 2012, quando eu fiz algumas artes de camiseta para o Thy Light. Volta e meia, eu acabava por conversar com Mat (the big boss) sobre coisas diversas, e nessa época a Lacrima Mortis nem existia. Após a gravação do EP Optare Mortem, eu criei coragem e entrei em contato com ele e falei com ele sobre a possibilidade de um lançamento. Algum tempo se passou, voltamos a nos falar e com isso acabou por rolar um contrato com o selo e a gravação do Posthumous. A faixa “Imprisioned in Death” conta com a participação de Laurent, do Morning Dawn. Como surgiu essa parceria? Eu havia escrito a música no início de 2017, pouco antes da gravação do EP Optare Mortem, e havia surgido um trecho de letra em minha mente, por vezes tentei continuá-la, mas nada se encaixava. Então, certa vez 64 // rock meeting // JUlhO . 2020


eu estava ouvindo um álbum da banda Ataraxie e acompanhando as letras no encarte, notei que eles misturavam passagens em inglês, francês e alemão em algumas faixas, e pensei: “já que nós também temos músicas cantadas em inglês e latim, por que não incluir o francês?”, peguei aquele trecho de letra e fiz uma tradução meio por cima usando o Google Tradutor pra ver como soava. Aí, como eu já tinha o contato do Laurent devido a uma arte que fiz para eles tempos antes, eu o convidei para participar, passei o texto para ele “traduzido”, pedi que fosse ajustado de forma correta, pois a tradução do Google não é muito confiável. Aí, aproveitando uma brecha da gravação do novo álbum do Mourning Dawn, ele gravou e nos enviou. O álbum também foi lançado na Europa? Vocês acreditam que esses contatos internacionais projetam e abrem portas para uma carreira internacional? Sim, com certeza, mas tam-

bém temos os pés no chão e sabemos que há um longo e árduo caminho até lá e, apesar da gravadora ser da Europa, ela é pequena comparada com selos como Nuclear Blast ou Napalm Records, por exemplo. De onde veio a ideia de usar figurino? Como ele foi desenhado? Qual é o “truque” para tocar encapuzado e mesmo assim conseguir enxergar o que está fazendo? Desde os meados dos anos 2000 eu tive vontade de usar algumas vestimentas no palco, inspirado pelo visual de bandas como The Funeral Orchestra e Sunn O))), mas na época não conseguia encontrar ninguém para montar uma banda de doom e isso foi posto de lado. Com a Lacrima Mortis tomando forma, as primeiras apresentações da banda foram normais, apenas cinco caras em cima do palco. Mas, ao observar os vídeos das apresentações, eu sentia falta de algo... Algo que impactasse, pois parecíamos cinco estátuas paradas lá. Foi aí que eu comentei com o pes-


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soal sobre uma vestimenta, e depois de algumas conversas, fizemos camisetas com uns capuzes e um véu cobrindo o rosto e, por mais simples que fosse, esse visual deu um impacto na nossa apresentação. Aí, prestes a tirar as fotos promocionais de nosso début, o vocalista Dread comentou que a mãe dele poderia costurar as roupas de monges que estávamos buscando. Escolhemos alguns modelos na internet, compramos os tecidos e as vestes estavam prontas. Mas posso confidenciar que se a luz do palco estiver um 66 // rock meeting // JUlhO . 2020

pouco escura, há um aumento na dificuldade em visualizar o braço da guitarra, portanto a concentração tem de ser redobrada.

que têm afinidades com o estilo e sabem que não vai ter rodas de moshpit na plateia, por exemplo, coisa comum em shows de bandas thrash e death. Mas, desde o início dos anos 90, o doom vem se esgueirando pelo submundo e conseguindo seus reais apreciadores. Temos alguns festivais pelo país voltados ao estilo e com isso estamos difundindo a nossa vertente do metal.

O Brasil é berço de muitas bandas de heavy e thrash, mas o doom metal não é tão explorado assim. Como vocês enxergam o desenvolvimento do subgênero no Brasil? O doom metal aqui no Brasil é para poucos, o estilo não é tão difundido, não é tão aprecia- E sobre a cena do medo, pois quem vai em shows tal brasileiro, como um de bandas doom são pessoas todo?


Ainda precisa melhorar né, tem muita gente com força de vontade de fazer a coisa acontecer, mas sem recursos. O país é imenso, muitas bandas boas surgindo a cada passo e infelizmente muitas se desfazendo devido à falta de apoio. O pessoal precisa compreender que se ajudando as coisas vão progredir, mas muitos preferem ficar na sua panelinha criando picuinhas e intrigas, e as bandas que conseguem algum destaque são chamadas de traidoras e vendidas. Há espaço para todos, basta encarar com seriedade e focar no seu trabalho.

Como tem sido o momento de pandemia para vocês? No momento estamos parados, trabalhando de casa, respeitando o distanciamento social, seguindo as normas. Mas estamos aproveitando também para colocar em prática as músicas que já estavam escritas no período pós gravação e que ainda estavam guardadas comigo. E de maneira caseira mesmo tenho gravados os riffs, enviando as ideias para o baterista Scavenger, para ele ir trabalhando as linhas de bateria, e posteriormente serem enviadas ao vo-

calista Dread. Já temos em torno de umas seis faixas que poderão fazer parte de um futuro segundo álbum. Agradeço por esse momento e fica aqui o espaço para um recado para os fãs. Sucesso! Apoiem a sua cena, comprem merchandise das bandas, comprem os CDs, tapes, vão aos shows e não fiquem apenas militando na internet, baixando de graça os materiais. Obrigado novamente a Rock Meeting pelo espaço cedido e permaneçam seguros em suas casas. #StayDoom


CAPA

VINI CASTELLARI 68 // rock meeting // JUlHO . 2020


Apรณs seis meses recluso do mundo, Vini castellari, guitarrista do Project46, fala desse momento de sua vida por pei fon // foto Guilherme Maia


capa . Vini castellari

N

o final de 2019, todos recebemos a notícia de que um dos guitarristas do Project46 iria dar um tempo nas atividades e falou abertamente sobre a doença que tem. Num momento conturbado, onde o medo possa permear os pensamentos, Vini Castellari tomou uma decisão, publicou e seguiu firme no seu caminho. Numa conversa bem humanizada, Vini falou de todo o seu processo e como ele vê o mundo agora. Acompanhe! Dezembro de 2019. Estava no Recife quando vi o seu vídeo falando de que iria de afastar das atividades musicais para se dedicar ao Vini enquanto pessoa. Foi um choque

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para todo mundo. Em que momento você enxergou de que era preciso tirar esse tempo? Eu identifiquei isso como um problema em 2016, quando fui atrás de ajuda especializada, terapia e acompanhamento médico. Meu uso sempre foi "moderado" e eu acreditava de forma errônea que tinha controle, interpretando como algo recreativo aos fins de semana, porém comecei a perceber como um hábito na qual não queria mais, posso dizer que um piloto automático estivesse no controle. Consegui uma forma de cessar o uso por quase 2 anos, porém tive uma recaída e com ela vieram junto depressão, fobia social, ansiedade e como já havia conseguido ficar um prazo relativamente bem e não queria voltar aos padrões destrutivos que um dia já havia experimentado, foi então que tomei a decisão para que eu pudesse dar um tempo de tudo, focar



capa . Vini castellari

em mim e entender melhor quais eram as raízes que me levavam a precisar me "anestesiar". Hoje, graças a essa internação eu compreendo que tenho uma doença chamada ADICÇÃO ela atua em várias áreas inclusive com substâncias químicas, diferente de como se fala na praça que é uma "imoralidade", "falta de vergonha na cara", " ah, é só usar pouco". Mesmo não tendo culpa de ter a doença, hoje tenho "ferramentas" mentais e espirituais, conhecimento do programa de 12 passos e faço parte de uma irmandade que me possibilita viver em recuperação, focando em um dia de cada vez. Primeiro de tudo, é preciso que reconhecer que tem um problema. O segundo passo é agir e foi isso que você fez. Foi um ato de muita coragem de assumir que estava precisando de ajuda e externar 72 // rock meeting // JUlhO . 2020

se cria uma falsa ilusão que um artista por estar no palco (...) não tem problemas


isso. Naquele momento você pensou que publicar a sua decisão seria também um incentivo para outras pessoas? Sem admissão, não tem transformação. Eu sempre fui um cara dentro e fora dos palcos, na vida como um todo, muito transparente perante as minhas decisões e sobre quem eu sou. Como eu já havia comunicado aos caras do Project46, a banda compreendeu e já estávamos cogitando dar uma pausa para focar em assuntos pessoais, me senti na obrigação de expor essa situação, pois se cria uma falsa ilusão que um artista por estar no palco, na estrada e em atividade não tem problemas e nós abordamos temas tão reais e vivos em nossas músicas, recebendo feedbacks de fãs que relatam como de alguma forma conseguimos ajudá-los a superar desafios, enfrentar seus medos e ir para cima do problema, que a honestidade em falar sobre o meu momento foi algo automático. Empatia é necessário para se viver em sociedade e

todos nós temos problemas, e de alguma forma eu quis contribuir e conscientizar sobre um assunto que ainda é um tabu. Acho que é muito importante esse tipo de incentivo de procurarmos solução independente dos problemas, pois nós somos o que superamos, aprendemos e vivemos, não podemos nos dar por vencidos. Vale ressaltar que sobre a coragem citada na pergunta, hoje eu vejo que não foi sozinho a decisão de me internar, foi um despertar espiritual, consegui entender que foi um livramento de Deus. Você passou seis meses tratando da adicção ativa. Você chegou passar por alguma situação que o levou ao patamar extremo, alguma experiência de quase morte...? O que te levou a entender de que estava com uma doença? A inabilidade de viver. Engraçado falar isso HOJE, mas tudo estava sendo dificultoso, coisas simples e básicas. Como relatei na pergunta acima, depressão severa de dias na


capa . Vini castellari

cama, crises de ansiedade, fobia social, tudo que nunca fez parte a minha vida. Sempre fui muito comunicativo, brincalhão, gosto de trabalhar, tocar estar ativo, bem-humorado e entender que várias áreas da minha vida estavam sendo afetadas (mesmo sem o uso) me fez repensar que alguma coisa estava errada. O ponto final foi quando eu quis usar até não aguentar mais, posso 74 // rock meeting // JUlhO . 2020

dizer que é um suicídio em parcelas, eu amo viver e isso pra mim foi o basta. Durante a sua reclusão do mundo externo, você via as notícias ou só teve acesso um tempo depois? Como era o contato com o mundo lá fora? A clínica que eu fiquei nos deixava a par de tudo, eu trocava cartas com a minha família, recebia visitas uma vez por mês, inclusive o Caio che-

gou a colar lá. Graças a Deus, eu posso dizer que foi um retiro espiritual, por mais que não seja tão simples, hoje eu vejo o quanto me conheço e o quanto me fez bem sair de cena para me preparar inclusive pro momento que estamos vivendo. Você ainda estava em tratamento quando foi declarada pandemia no


foto arquivo pessoal

mundo. Como foi receber essa notícia e como foram os dias com cuidados com a higienização, distanciamento social...? O procedimento da clínica sempre foi o mais profissional e responsável possível, o lance foi aqui dentro. Saber da pandemia, foi um fator que me fez colocar em prática muito do que aprendi lá dentro, tenho familiares de mais idade, crianças pequenas,

se isolar um pouco e refletir. Por quê? Mencionei isso porque na minha percepção, todos nós merecemos um momento para autoconhecimento, reavaliação de conduta, comportamento, sentimento e tudo sabe? Como um armário cheio de coisas guardadas há muito tempo e que às vezes não tem utilidade, que quanVocê havia me falado de do arrumado, sobra espaço, que todo mundo deveria fica organizado, limpo, e cabe pessoas que eu amo enfim, minha vida. Perceber que eu tinha que manter minha serenidade, focar no que eu podia fazer, que era me tratar e confiar que tudo que acontece tem um propósito (por mais que nós seres humanos não tenhamos a capacidade de compreender) foi um divisor de águas!


capa . Vini castellari foto bruno sessa

eu continuo sendo o mesmo Vini, só que hoje eu me conheço mais que ontem

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coisas novas, assim somos nós. A era que vivemos hoje nos trouxe muitas doenças que são desencadeadas pelo desequilíbrio emocional. O imediatismo, as exigências profissionais, o dinamismo, as redes sociais, tecnologia e todas as outras obrigações que todos nós seres humanos temos, juntando tudo isso não temos tempos para nós mesmos, física, espiritual e mentalmente, como resultado desse "descuidado" conosco, as relações como cônjuge, familiares, amigos, profissional

e qualquer pessoa que estejam ao nosso lado acabam muitas vezes sendo afetadas por motivos que elas não são culpadas. Não dá pra mudarmos os outros só a nós mesmos e isso exige tempo! Durante esse período em que cuidou da doença, o que mudou na sua forma de ver o mundo? Nossa, essa pergunta, daria um livro, mas acho que a forma mais assertiva e direta de respondê-la é que enxergamos o mundo como nos en-


xergamos, por cada um ter O que o lema, tão difunum histórico de vida. Temos, dido no mundo, ‘sexo, muitas coisas a reclamar, mas drogas e Rock’n Roll’ retemos MUITO mais a agra- presenta para você na sua decer. Então a mudança de atual percepção de vida? percepção é que o mundo não Na realidade isso acaba sendo vai mudar, sou eu quem eu individual, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, cada posso mudar, e assim ajudar um tem o livre arbítrio, mas as pessoas e ser ajudado para os tempos são outros. Dessa que essa mudança aconteça. frase a única que não é preMais amor ao próximo, mejudicial em excesso é o Rock. nos ódio, mais esperança, meTudo vale, desde que não innos medo, menos julgamento vada o espaço do outro nem e mais ajuda, mais aceitação, seja autodestrutivo. A pessoa menos comparação, menos precisa se conhecer pra saber reclamação e mais gratidão e se não está sendo escravo de principalmente ação. algo.

Esse período de tratamento te fez pensar bastante, mas você teria algum projeto de escrever algo sobre essa vivência? Chegou a compor algo? Sim, lá nós tínhamos reuniões três vezes ao dia de vários temas (como uma dose cavalar de terapia), eu fazia exercícios físicos, criei o hábito de ler mais e tocava violão todos os dias e sobre escrever, na realidade eu comecei desde quando entrei na clínica, me ajudou nesse processo de desconstrução e aprendizado. Sobre compor, eu compus foto igor lavrador


capa . Vini castellari

bastante, sempre digo que eu traduzo meus sentimentos em notas e esse processo foi enriquecedor musicalmente como mentalmente, e provavelmente eu formalize isso futuramente. Hoje, com o mundo em isolamento social, você acredita que as pessoas pensem sobre suas atitudes para que, quando tudo voltar, mudem suas ações e sejam mais bons 78 // rock meeting // JUlhO . 2020

exemplos do que ruins? Isso acredito que também é muito individual, existem muitas realidades, a pandemia atingiu todas as classes sociais, é difícil opinar, pois tem gente que cuida de três filhos sozinho, tem gente que cuida de pessoas de idade, periféricos, pessoas que têm empreendimento que depende de aglomeração, autônomos, é complicado falar do que não se sabe, mas, penso que sim, existem formas de se rein-

ventar, fazer um balanço do que já fez nessa vida, ponderar tudo de bom e ruim, ressignificar sentimentos, ações, áreas profissionais, tudo. É importante aproveitar esse momento para se capacitar, estudar, mudar, mas não para serem bons ou maus exemplos, e sim para serem melhores do que já foram um dia. Acho que o universo, arranjou um jeito de desacelerar para que possamos e rever alguns pontos para que quando tudo


foto bruno sessa

volte, não volte como era an- por evoluir está só começantes. do, mas ela já carrega muita história. Consegui recupePara finalizar, quem é o rar muito da minha essência, Vini Castellari de hoje e identificar meus verdadeiros quem era o de ontem? sentimentos, meus valores, Muito obrigada, conte co- aprender com meus erros, ser nosco e siga firme! humilde em começar de novo, Eu continuo sendo o mesmo ser grato por estar aqui nesVini, só que hoje eu me co- se plano ainda, por ter tannheço mais que ontem. Feliz ta gente maravilhosa ao meu por quem eu estou me tornan- lado direta e indiretamente. do, pois eu ainda não sou o Essa foi uma das melhores deque quero ser, mas já não sou cisões que tomei na vida para quem eu era. Minha busca continue trilhando meu cami-

nho, vivendo "só por hoje"! Agradeço imensamente esse espaço, muito legal poder falar humanamente sobre assuntos que de alguma forma possa ajudar alguém que precisa, e para quem já conhece um pouco da minha trajetória na música. Vocês sabem que são muito queridos e que tudo retorne em dobro pra vocês e para quem dedicou seu tempo lendo essa entrevista. Força Fé e Esperança pra nós. Tamo junto!


Review em vĂ­deo

MYRATH

LIVE IN CARTHAGE . MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

80 // rock meeting // JUlHO . 2020


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NIGHTWISH

HUMAN :II: NATURE . MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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BLACK PESTILENCE HAIL THE FLESH

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

82 // rock meeting // JUlHO . 2020


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CHAOSFEAR

BE THE LIGHT IN DARK DAYS

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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ORANSSI PAZUZU MESTARIN KYNSI

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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ROTTING CHRIST

THY MIGHTY CONTRACT

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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CRADLE OF FILTH

CRUELTY AND THE BEAST RE MISTRESSED

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA AEROMANTIC METAL TEMPLE

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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FANTTASMA SAILING

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

88 // rock meeting // JUlHO . 2020


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DOOM:VS

DEAD WORDS SPEAK

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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TURMION KÄTILÖT GLOBAL WARNING

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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Review em vĂ­deo

WHITESNAKE THE ROCK ALBUM

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


92 // rock meeting // JUlHO . 2020


INTERVIEW

OITÃO Com nova formação, a banda OITÃO LANÇA ‘Proteste’

por renato Sanson // foto x TUdo

>>


INTERVIEW . oitão

O

s problemas sociais sempre estiveram ligados ao Rock de uma forma geral. Seja em levar o protesto pela musicalidade ou até mesmo de músicos envolvidos em grandes causas. Com Henrique Fogaça não é diferente, mas para ele não basta apenas expressar musicalmente com o Oitão sua revolta pela sociedade empobrecida e esquecida pelos grandes governantes, mas sim literalmente botar a mão na massa e estar à frente de diversos projetos sociais contra a fome no Brasil. Conversamos com este grande cidadão contando sobre os seus projetos sociais, Oitão, vida pessoal e muito mais! 94 // rock meeting // JUlhO . 2020

O single “Proteste” traz uma abordagem diferente e uma ideia para ajudar pessoas em situações de rua. Conte-nos mais sobre este projeto. Sim, é uma abordagem do nosso cotidiano, do que a gente vive. Inclusive essa letra é de oito anos atrás e cabe mais do que nunca do momento em que a gente vive hoje em dia no país. A política sempre foi muito suja, muita farsa, muita roubalheira, muito jeitinho de roubar o povo e o Oitão tem um cunho político nas letras relatando o que vivemos, somos um reflexo do que os governantes fazem com a população. Então, mais do que nunca, é uma música que está no momento certo e a gente espera que um dia possa mudar essa realidade. Em relação a parte social, sempre estive muito atrelado há bastante tempo, estamos fazendo a “Marmita do Bem”, já a um bom tempo o Oitão está



INTERVIEW . oitão

atrelado a um projeto social chamado “Resistência”, é o verdadeiro faça-você-mesmo. Então a gente tem que fazer, pois não dá para esperar nada de ninguém, no caso me referindo a parte dos governantes. Isso é só uma extensão dos que pensamos e expressamos no som do Oitão e isso reflete em ações. Após a excelente repercussão de “Proteste”, o Oitão já prepara um novo álbum completo? Já que o lançamento mais recente foi “Pobre Povo”, em 2015. Voltamos a banda recentemente e a ideia é lançar um single a cada dois meses, já temos mais ou menos 10 músicas que já estão gravadas no 96 // rock meeting // JUlhO . 2020


E têm várias pessoas que trabalham comigo para me ajudar. Falando sobre a forma de criação dos pratos sim, mas não 100% toda criação de prato é ligada a alguma música, são coisas que estão muito próximas o meu jeito de viver, de enxergar o mundo, a criação de alguma música que pode acabar inspirando um prato, tem uma ligação forte com certeza.

rolo com instrumental, tenho algumas letras prontas e o Marcão e o Caio estão morando em Las Vegas, então devido a situação em que estamos vivendo, vamos trabalhar desta forma com o planejamento de a cada dois meses lançar um som com videoclipe, merchandising do tema da música e mais pra frente criar um disco completo com as músicas de todos os singles ou um EP. Em um comparativo entre “4° mundo” – lançado Como é manter a rotina de forma independente – entre chefe de cozinha e “Pobre Povo” – lançado renomado e a banda? De pela gravadora Against alguma forma, o que você Records – você mudacria na cozinha te inspira ria algo em algum desses dois trabalhos? musicalmente? Eu durmo pouco, em torno de Não mudaria nada. O primeiseis horas por noite, sou um ro disco é muito foda, muito pouco acelerado nas coisas, bem gravado e ali estávamos então é organizar o tempo e encontrando a veia da banter as prioridades tanto na da com várias influencias de profissão de cozinheiro como Metal, HC, Rap e Punk. Foi na banda. Dosar o tempo e um álbum muito importante, prioridade para cada momen- as composições foram muito to certo é assim que eu faço. bem-feitas, o Marcão foi uma


INTERVIEW . oitão

peça essencial na batera. O segundo disco de uma certa forma ele demorou para sair, devido a agenda de todo mundo e não teve 100% a dedicação que deveria, mas é um ótimo trabalho e não mudaria nada no mesmo. E agora, nessa nova fase do Oitão, é certamente a nossa fase mais madura em relação aos músicos da banda, pois temos a mesma faixa de idade, a mes98 // rock meeting // JUlhO . 2020

ma filosofia de vida, mesmos evento grandioso, bem mongostos musicais e além disso tado, palco grande e dividinsomos todos muito amigos. do o palco com bandas fodas! Abrimos o evento por volta do Em 2017, o Oitão partici- meio dia, mas já tinha umas pou do Festival Maximus 2, 3 mil pessoas ali na frente Festival dividindo o palco do palco e logo depois tocou com grandes nomes como Hatebreed e aí foi o baile todo Slayer e Five Finger Dea- fechando com Slayer. Então th Punch. Como foi parti- foi foda! Ver a vibração, nosso cipar deste grande dia? desempenho, a nossa vontaEssa foi uma das últimas ve- de, o nosso amor pela música zes que tocamos ao vivo. Um e estar fazendo ali um show


grandioso. Só lembranças boas que ficam no coração, pois tudo que a gente ama e faz com carinho consegue ter um desempenho legal, não é nem reconhecimento é conseguir fazer as coisas sendo de verdade, não tem preço. Atualmente a formação da banda sofreu algumas mudanças. Manter uma banda underground realmente não é fácil e lidar

com essas inconstâncias atrapalha muito na parte de criação? Estamos com a melhor formação! O Oitão ficou parado, mas somos muito amigos e isso favorece bastante para não termos mais inconstância. Somos mais maduros em relação a vida, ao som, a tudo. É uma forma de planejar para ser prazeroso, pois uma banda tem que ser prazerosa, tem que ter relação e fazer de uma

forma natural e saudável. Estamos naquela pegada e o Oitão vai que vai, daquele jeito com toda a verdade. Em falar de formação, trazer duas pessoas que bebem do underground também ajudam no crescimento do Oitão. O que a vinda de Marcos e Caio D’Angelo acrescenta à banda? Em relação ao Marcão e o


INTERVIEW . oitão

estamos com a melhor formação

Caio são peças fundamentais! Além de eu os admirar como músicos e amigos há muito tempo. Eles trouxeram para a banda toda a verdade e todo o peso! Estamos com a melhor formação que o Oitão já teve, estou muito feliz mesmo é assim que tem que caminhar: saudável e verdadeiro. É assim que é o oitão. Mesmo que nos 70/80 era comum verem bandas cantarem em língua pátria, nos tempos atuais é cada vez mais escasso.

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Porém vocês decidiram ir na contramão e expressar suas indignações sociais em bom e claro português. Isso foi um direcionamento natural ou planejado? Já tive outras bandas, mas no Oitão é isso mesmo, é Brasil, é Hardcore, Metal do modo que enxergamos e expressamos. É o português na veia. Pode ser que futuramente possamos fazer uma ou outra música em inglês para poder estar no mercado internacional, de uma certa forma que necessi-


te, o faremos, mas a veia total o Rock é um contestador de é Punk/Brasil total – Punk/ uma forma artística para poMetal Brasil total. dermos nos expressar. Então, eu carrego isso muito em miAntes de ser cozinheiro, nha vida, na minha forma de você é roqueiro. Essa é empreender meus restauranuma frase bem repetida tes, meus trabalhos, sabe. Sopor você Fogaça. Em que bre a cozinha sempre gostei momento da sua vida você de comer e cozinhar até que pensou: quero ter banda teve um dia que eu vi que era e quero ser cozinheiro? isso que eu queria fazer e pedi Sou roqueiro antes de ser demissão do meu emprego cozinheiro sim, desde mole- em um banco e fui para as caque com 10/11 anos ouvindo beças vender comida na rua e Rock, Metal, Punk, Hardco- lutar pelo meu sonho. Foi asre e você vai entendendo e sim! Já no Rock é uma coisa criando uma filosofia de vida que está no sangue. Vou morem relação ao mundo, pois rer com a barriga no fogão e o

microfone do lado! Você, enquanto músico e cozinheiro, tem feito suas ações sociais nesse período de pandemia. Como tem sido para você esse momento como pessoa, como empreendedor e como músico? Nesse momento de pandemia ficamos parados com os restaurantes, mas nesse momento estou nos restaurantes com atendimento via delivery. Devido a pandemia e com a parada dos restaurantes perdemos muitos alimentos, mas


INTERVIEW . oitão capa . destruction

como sempre estive atrelado as causas sociais, estávamos cozinhando e levando ao centro da cidade. Em relação a música foi bom, a males que vem para o bem, consegui me dedicar mais ao Oitão e agora estou voltando a ativa e gravando o Masterchef, mas foi um momento bom para dar 20 passos para atrás e dar uma olhada geral em volta para sabermos o que é prioridade ou não, então está sendo bem produtivo. Os restaurantes estão reabrindo, estamos retomando, um momento de 102 // rock meeting // JUlhO . 2020

dívidas para fazer, mas Deus Top 5. Quais as cinco banno coração, arregaçar as man- das que estão sempre no gas e trabalhar. seu playlist. Fale breveFora da música, da tv, da

mente sobre cada uma.

cozinha, quem é o Fogaça Ramones - Porque eu amo Ramones! que não conhecemos? É o mesmo Fogaça (risos)! Slayer – Porque Slayer é foda! Sou muito família, ficar com Pantera – Uma banda que eu meus filhos, com as pessoas gosto bastante. que eu gosto. Sou um cara de Bandas finlandesas old de boa, fico em casa bem tranPunk. quilo, enfim, sou uma pessoa The Exploited normal. Sou a mesma pesCólera – Uma banda que eu soa que está na televisão e no amo e me influenciou muito. Oitão.



INTERVIEW

KRISIUN “Após 30 anos continuamos com a mesma energia e motivação pra continuar lutando e tocando”

por augusto hunter // foto pei fon

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foto Dirk Behlau


interview . krisiun

F

alar do Krisiun é desnecessário, uma banda com 30 anos de carreira dedicados ao Death Metal e sendo feito de maneira mais bruta, o Krisiun é uma das principais bandas do Metal brasileiro, sendo aclamada pelo mundo e se mantendo fiel às suas raízes. Vamos trocar ideia com o coração da banda, o inigualável Sr. Max Kolesne, baterista da banda, sobre esses 30 anos de carreira, planos futuros e um pouco mais. Grande Max, primeiro obrigado pelo tempo em nos responder, vamos lá, 30 anos de carreira. Você um dia imaginava que poderia comemorar tanto tempo com a banda? Grande Augusto Hunter, eu é que agradeço pelo espaço cedido, brother. Cara, realmente 30 anos é um longo caminho, parece que foi ontem que chegamos em São Pau106 // rock meeting // JUlhO . 2020



interview . krisiun

lo, em 1992. Quando somos mais jovens, 30 anos parece uma eternidade, mas a medida que os anos vão passando percebemos que o tempo voa. Assim como meus irmãos, desde o começo entreguei minha alma ao Krisiun, era tudo ou nada, a banda já era nossa prioridade e a ideia sempre foi lutar para que pudéssemos viver da música e levar o Krisiun adiante por quantos anos fosse possível. Lógico que no início, por mais convicção que tenhamos, nunca sabemos o que pode acontecer no futuro, às vezes as coisas não saem do jeito que esperamos e podemos desanimar e perder a vontade de continuar lutando. Mas a conceito sempre foi ficar por muitos anos tocando 108 // rock meeting // JUlhO . 2020


Death Metal, gravando discos e fazendo turnês. E hoje, quase 30 anos depois, sentimos a mesma energia e motivação pra continuar lutando e tocando. Lembro uma vez, em uma entrevista, que você falou de como saía de seus ensaios, no início da banda, às vezes sem conseguir andar, por conta do esforço monstruoso pra chegar aonde você está. Cara, você poderia dividir mais memórias dessa, do início conosco? (risos) Realmente no início eu fazia um esforço danado pra tocar, estava tentando desenvolver um estilo diferente, com batidas “metranca” e dois bumbos constantes sem paradas ou partes lentas, e na época não tínhamos equipamento ou qualquer tipo de estrutura, era tudo tosco e pra se ouvir tinha que bater com muita força. Não que eu achasse isso ruim, pelo contrário, adorava e adoro tocar até a exaustão, os

shows são sempre um desafio e uma explosão de adrenalina e prazer ao mesmo tempo. Lógico que com o tempo desenvolvi uma técnica e hoje tenho muito mais facilidade para tocar. Mas aquela tosqueira e a força que fazia pra tocar no início, ajudou a desenvolver meu estilo, mesmo com a técnica aprimorada, a crueza e a porrada fazem parte do estilo e identidade da banda. Vamos falar do último lançamento de vocês, o incrível Scourge Of The Enthroned. O disco tem um som muito visceral e ainda mais direto, o processo de composição se mantém o mesmo de sempre? O processo de composição continua o mesmo, nunca mudamos. Hoje, porém, o Moysés consegue gravar os riffs e ideias para músicas novas que ele vai criando, e depois vamos construindo tudo junto, encaixando bateria, baixo e vocais. Não existe regra, às vezes no meio de um ensaio ou numa passagem de som, surge uma ideia doida, que guar-


interview . krisiun

damos para depois trabalhar no processo de composição. O conceito para o Scourge of the Enthroned foi realmente fazer um disco mais direto, veloz, cru e brutal do que o anterior, Forged in Fury. Forged in Fury é um disco um pouco diferente, com mais variações e partes cadenciadas, então quando iniciamos o processo de composição de Scourged of the Enthroned, estávamos famintos para fazer músicas velozes e brutais. Scourge of the 110 // rock meeting // JUlhO . 2020

Enthroned têm algumas das músicas mais velozes que já fizemos, mas a ideia é sempre manter o lado do feeling com riffs, vocais e levadas marcantes. Ainda sobre o último disco, como vocês receberam todo o “rebuliço” causado pelo lançamento dele? A receptividade tem sido ótima, desde o lançamento em outubro de 2018, fizemos duas turnês na América do Norte,

várias idas à Europa entre turnês e festivais, Ásia, Austrália e lógico, shows pelo Brasil também. Em 2019, quase não paramos, o feedback foi tão bom que estávamos com uma turnê europeia como banda headliner agendada para março deste ano, mas que obviamente foi cancelada por conta da pandemia. Scourge of the Enthroned reacendeu a chama em muitos fãs mais antigos do Krisiun e do Death Metal mais old school. Eu


acredito que em uma época em que muitos discos de Metal soam um tanto artificiais e mecânicos, um disco de Death Metal que soa cru, orgânico e real como o Scourge of the Enthroned é de extrema relevância. Uma curiosidade que eu sempre tive sobre vocês é saber o que cada um curte ouvir, fora do Metal. Algo que remeta a sua infância, as suas raízes, o que

seria? Eu escuto Metal praticamente o tempo todo... Mas também curto umas músicas indianas tipo Shakti e John Mclaughlin, jazz de Miles Davis, Buddy Rich, John Coltrane, umas músicas regionais de raiz lá do sul e do Brasil, e também nos anos 80 muita coisa boa foi feita, no pop, rock e música em geral. Parece que a música tinha mais alma e identidade, hoje eu vejo que em muitos casos a imagem está acima da

música, até no metal... Falar de música é sempre algo que vai além do profissional e nos guarda coisas interessantes, memórias, momentos, qualquer coisa com a banda e claro que vocês têm ótimas histórias. Poderia nos contar um grande momento em sua carreira? E um momento que você pensou que tudo poderia desandar...


interview . krisiun

Realmente foram muitas emoções todos estes anos de banda. Mas quando eu vi que o Bill Ward (baterista original do Black Sabbath) citou o Southern Storm na lista dos seus 10 discos de Metal favoritos, fiquei em choque. E o mais legal é que ele realmente gosta do som, ele cantou o riff da música, e citou que houve uma época em que ele se interessou em escutar Death Metal e bandas novas, porém ficou um pouco cansando de escutar bandas que estavam tentando demasiadamente soar o mais brutal possível, enquanto que o Krisiun soava natural, sem forçar a barra. Eu já sabia que ele tocava o The Great Execution no seu programa de rádio e quando vi a lista dos 10 discos foi tipo o prêmio máximo, o maioral, o criador do Metal, um cara de mais de 60 anos que tem energia e motivação para escutar coisas novas, assimilar e apreciar o Death Metal, enquanto que tem gente de 30 e poucos anos que diz estar muito velho para escutar “essas podreiras”... 112 // rock meeting // JUlhO . 2020

Acho que nunca passamos por aquele momento de pensar que tudo poderia desandar. Sobrevivemos os altos e baixos do Metal Extremo e várias modas que passaram. Houve uma época, depois do lançamento do Ageles Venomous e Works of Carnage, que percebemos que o Death Metal estava passando uma fase complicada, inclusive muitas bandas ótimas aqui do Bra-

sil, acabaram ou pararam por um tempo. Foi quando retornamos ao Stage One Studios, onde havíamos gravado o Conquerors of Armageddon, e gravamos o Assassination. Talvez muitas pessoas estivessem colocando em questão o potencial da banda em se reinventar e criar algo que surpreendesse, e o Asassination nos trouxe com força total ao “jogo” e na sequência grava-


mos o Southern Storm, que é hoje considerado um dos melhores trabalhos do Krisiun. Passamos uma fase um pouco difícil, mas que contribui para que viéssemos mais fortes e convictos. Vocês são uma família, uma banda. Como separar as coisas quando é preciso tomar decisões importantes? A gente é bem profissional nessa parte, todas decisões são pensadas e avaliadas pelos três. Todos participamos e dividimos bem as funções fora música. Quando discordamos em alguma decisão, fazemos votação, e como somos três membros nunca rola empate. Mas normalmente concordamos em quase tudo, pois temos uma visão bem parecida do que pode e o que não pode ser feito.


interview . krisiun

O respeito que vocês têm as raízes sempre foi algo a ser reverenciado, como vocês conseguem, mesmo depois de tanto tempo, se manter tão conectados a isso? Isso é algo muito natural pra gente. O metal corre nas nossas veias e o Krisiun sempre será Metal puro e bruto. Não tem como ser diferente. Já me decepcionei muito e nunca entendi essas bandas que eram referência no Metal, que mudaram o som radicalmente na tentativa de se enqua114 // rock meeting // JUlhO . 2020

ronavírus e sua “World Tour” nos pegou completamente de surpresa, como foi pra vocês isso tudo? Tem sido terrível. Estamos vivendo um momento muito obscuro. É muito triste ver tantas pessoas morrerem, doentes e ao mesmo tempo o povo desesperado, sem perspectivas, jogados à sorte do destino, e como sempre os mais pobres sendo os mais afetados... Eu tento manter a mente e o espírito forte, refliMax, infelizmente o Co- to bastante e vivo um dia de drar em novas modas e tendências, renegando as raízes. O Krisiun é uma banda de Brutal Death Metal, mas que traz aquela raiz oitentista do Metal puro e agressivo e assim sempre será. Eu costumo dizer que em uma das épocas mais críticas do Metal, entre meados dos anos 90 e 2000, quando a maioria das bandas estava mudando o som, diminuindo na velocidade e no peso, o Death Metal foi um dos salvadores do Metal.


cada vez. Só posso esperar que a situação melhore em todos os sentidos, enfrentar uma pandemia séria como essa e um desgoverno lixo genocida ao mesmo tempo, tem sido muito complicado. Você tem alguma previsão para o final disso tudo, qual a sua análise desse problemão? Impossível ter alguma previsão no momento. A única coisa que podemos esperar é que apareça alguma forma de cura. Apesar de toda essa tragédia que vêm acontecendo, acre-

dito que esse momento sirva para nos mostrar o quanto nossa vida, por mais simples que seja, pode ser muito boa. A humanidade vinha andando em um ritmo frenético, todos preocupados e ansiosos com o dia de amanhã, com seus planos, projetos, trabalhos, deixando de viver o momento. Lógico que é importante ter projetos e perspectivas para o futuro, mas eu acho que é essencial diminuir o passo, desacelerar e aproveitar mais as coisas boas e simples da vida. Visitar mais os amigos, sair mais, ir mais aos shows, esva-

ziar a mente e viver o aqui e agora. Max, já podemos esperar por um novo disco, vocês estão compondo alguma coisa? Estamos sim pensando nas músicas novas. O Moysés está sempre compondo riffs e no momento certo iremos juntar os três e dar início a construção de músicas novas. Não temos previsão ainda, o momento é complicado e o único pensamento agora é torcer para que a situação melhore.


interview . krisiun

E de bandas novas, vocês têm ouvido alguma coisa? Se sim, deixa aí uma dica pros nossos leitores das novidades no cenário que lhe chamou a atenção, por favor. Algumas das bandas mais novas que tenho curtido são Exterminate, Havok666, ChaosLace, Desalmado, Disruption Path, LAC (Lacerated And Carbonized), Burn the Mankind, Hideous Monarch, 116 // rock meeting // JUlhO . 2020

Vitriol, Gruesome, Nervecell, Chaos Synopsis, Vulture, Endrah e por aí vai. Estou sempre ligado ao Undeground e sempre que posso vou aos shows pra conferir as bandas novas. Max, mais uma vez obrigado por nos responder, o espaço é completamente seu para deixar um recado aos seus fãs e leitores da Rock Meeting. Abraço!

Eu é que agradeço a Rock Meeting pelo espaço e pelo apoio e gostaria e agradecer a todos os fãs do Krisiun que têm nos apoiado todos esses anos de luta incessante em nome do verdadeiro Death Metal. Quando essa pandemia acabar vamos voltar com força total destruindo tudo pela frente, e espero ver todos nossos irmãos e irmãs para celebrarmos a vida e o Metal! Death Metal Forever!



REVIEW . joão gordo

JOÃO GORDO Viva la vida tosca

por cARLOS henrique BUENO

U

ma das mais divertidas biografias que já li (junto com a do Ozzy Osbourne e de Dee Dee Ramone). O livro começa com João Gordo falando de seu nascimento e sua infância, sendo que a jovem guarda de Roberto Carlos, Wanderleia, Erasmo Carlos e etc, foi o primeiro estilo musical que o menino João Gordo curtiu. As brigas e surras que levava do pai, também são citadas devido as coisas que ele aprontava na rua, na escola, e em casa. Aliás o relacionamento com o pai sempre foi complicado. Piorou quando conheceu, através de dois tios, Beatles, Creedence e o volume 4 do Black Sabbath. E de dois amigos que o apresentaram KISS, Led Zeppelin, além dos primeiros discos do Black Sabbath e mais tarde o contato com o punk.

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As expulsões da escola, os empregos que João não parava, e as más amizades fizeram com que o pai, mudasse de cidade, indo morar em Angatuba, mas não ficou muito tempo por lá não. Brigou com o pai, e voltou para São Paulo, e aí desandou de vez... Em um show da banda Extermínio, a qual era backing vocal, chamou a atenção de Jão do Ratos de Porão, que o convidou para ser vocalista do Ratos. As primeiras gravações e shows com o Ratos, a breve saída da banda para montar com amigos a banda Ruídos Absurdos (metal/punk), banda que durou pouquíssimo tempo. A volta para o Ratos de Porão, as primeiras turnês gringas, as mudanças na formação do RDP, o consumo excessivo de drogas e álcool, além das prisões por porte de drogas

também são citadas no livro. A amizade com Max e Igor e a banda Sepultura, a fama de traidor do movimento punk, o show com os Ramones, a briga com a banda Sarcófago no show do DRI, (era para o Ratos abrir o show, mas o organizador do nada, colocou o Sarcófago e tirou o Ratos e como as bandas já tinham richa, o pau comeu, o Jão acertou com uma corrente a cabeça do empresário do DRI e o braço de um roadie da banda...). O show com os Ramones, a briga com Max do Sepultura, o passeio doidão por São Paulo com Kurt Cobain e Courtney Love, as internações em spas para perda de peso, os programas de tv na MTV, as entrevistas marcantes com várias personalidades, a briga com Chorão do Charlie Brown Jr (fizeram as pazes depois), a briga com Dado Dolabella, as internações por overdose... Tudo é falado no livro. O casamento, o nascimento de seus dois filhos, a ida e saída da TV Record também são citadas no livro. Uma parte legal foi quando João Gordo fez as pazes com o pai. O livro vem com muitas fotos de várias fases e momentos dele com a banda, com amigos, sozinho, com amigos de outras bandas, com a esposa e filhos etc... O livro pode ser encontrado na Central Panelaço em São Paulo de propriedade de Joao Gordo, livrarias, e lojas especializadas e sites de rock. Livro que te “prende” do início ao fim e rápido de se ler. Recomendo.



REVIEW . underground

UNDERGROUND Offline Sondando o Underground por cARLOS henrique BUENO

Livro Offline Sondando o Underground. Autor Denfire. Editora Denfire. 220 páginas. O autor do livro é músico, multi-instrumentista, compositor e vocalista. Por uma década, foi correspondente internacional de revistas do segmento rock, durante sua moradia em Londres e cobriu shows e entrevistou dezenas de artistas. No livro, o leitor irá encontrar entrevistas com Napalm Death, Amebix, Goldblade, Cannibal Corpse, Thrashera, Ratos de Porão, Tiamat, Jello Biafra, Master, Pentagram, Henry Rollins, Gama Bomb, English Dogs, Torture Squad, Kreator, Massacre, Nocturnus, Death Angel, 120 // rock meeting // JUlHO . 2020

Discharge, UK Subs, Repulsion, Nashiville Pussy, Uriah Heep, Mykvs, Vibrators, Extreme Noise Terror, Motörhead, Venom, Broken Bones, Brutal Truth, Diamond Head e Terrorizer. Já na parte de resenhas de shows, tem do Rebellion 2009 e 2010, Hellfest 2010, Monster Magnet, Big Sexy Festy, Firebird, Fozzy, Freak Kitchen, Eddie & The Hot Rods, Steven Seagal & Thunderbox, Tributo ao Ruts e Leaf Hound. Por se tratar de um livro de entrevistas com bandas e resenhas de shows o livro é rápido de ser lido. O livro é ilustrado com fotos dos entrevistados e cartazes de shows. Gostei das entrevistas com Motörhead, Ratos de Porão e Extreme Noise Terror. Na parte de resenhas de shows gostei da cobertura do Rebellion (2009 e 2010) e do Hellfest 2010. O livro pode ser encontrado entrando em contato com a editora.



INTERVIEW

HIBRIA com nova formação, a banda gaúcha desafia a seguir em frente

TEXTO renato sanson // Foto Gui Beck

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interview . hibria

Passar por reformulações e se reinventar sempre foi uma constante para as bandas do Heavy Metal nacional e com o Hibria não foi diferente. Ao longo dos anos a formação foi tendo alterações, mas mantendo suas características em seus pilares. Como está sendo este novo momento onde há apenas um integrante da formação original? Abel Camargo - Eu vejo as transformações ao longo do tempo como um processo de amadurecimento, crescimento. Eu acredito que novos desafios vêm para nos fazer evoluir pessoalmente, e, também, profissionalmente. Sendo eu o único membro remanescente da formação original do Hibria, e cofundador da banda, ao lado do Marco Panichi (primeiro baixista do grupo), eu me sinto muito agradecido pela nova formação. Já são mais de 24 anos de carreira, vividos intensamente, e com 124 // rock meeting // JUlhO . 2020

muitas coisas a celebrar. Mudanças são um “incentivo” para a gente se desafiar a seguir adiante. Esse novo momento está sendo de muito desenvolvimento, novos desafios e, o mais importante é sentir que a nova formação também veio para escrever o seu nome na história do Hibria, tanto no âmbito nacional, quanto mundialmente falando. Estamos fazendo tudo com planejamento e dedicação, de forma que cada um de nós se sinta bem dentro do grupo e possa dar o seu melhor para pouco a pouco irmos avançando em relação aos nossos objetivos. Como se deu as escolhas dos novos músicos? Aposto que receberam muitos materiais e obviamente escolher os novos integrantes não foi uma tarefa das mais simples. Foi um enorme desafio chegar a essa estupenda formação. Encontrar músicos de altíssimo nível para suprir a demanda técnica deixada pelos antigos membros, assim como pessoas responsáveis, e de ca-



interview . Hibria

ráter, não foi uma tarefa nem um pouco simples. A questão pessoal também pesou muito nas escolhas. Eu falei, individualmente, por chamada de vídeo, com cada um que foi chamado para fazer audição para banda. Queria ter as minhas próprias percepções de cada um que poderia ser candidato a se juntar ao grupo. Estar numa banda é um processo extremamente complexo. Não é “apenas” tocar bem. Tem de vestir a camiseta e se relacionar de maneira saudável. A maior parte do tempo que tu passas em uma banda, não é em cima do palco, mas, sim, fazendo com que o palco seja o lugar a se passar o máximo de tempo possível. Eu estou muito feliz com a escolha de cada um dos quatro novos membros do Hibria. São excelentes músicos e pessoas. Tem de saber conviver bem em grupo, e, para mim, esse é um dos principais pilares a manter uma banda unida através das tempes126 // rock meeting // JUlhO . 2020


tades, de forma que o grupo alcance um novo patamar a cada desafio vencido. É importante admirar, respeitar a história de cada um. Muito foi feito, tanto da minha parte junto ao Hibria, e experiências anteriores, assim como pelo lado da vivência musical e pessoal de cada um deles, para que esse encontro tenha acontecido. Como eu sempre digo: “A oportunidade aparece para quem está pronto”, e eles estão. Sim, foram muitos materiais de ótimos músicos, e as escolhas foram feitas de maneira muito criteriosa. O primeiro a ser convocado para o grupo foi o Victor Emeka (Vocal), e esse foi o momento mais delicado de todos. Eu estava sozinho na banda, e ciente de que encontrar alguém que pudesse assumir os vocais da banda com maestria seria um grande presente do universo. Felizmente, para a minha alegria, e para a de todos que torcem pelo Hibria, Mr Emeka foi enviado para essa missão. Ele fez uma audição com três músicas: “Steel Lord on Wheels”, “Tiger Punch” e “Leading Lady”, e fez um excelente trabalho. Não ape-

nas mostrou que tem técnica para ser o novo frontman da banda, mas também personalidade, o que é essencial para o desenvolvimento de novas sonoridades nos novos sons, e também adicionar o seu “tempero” a discografia existente. Essa audição contou com cerca de 100 vocalistas, não só do Brasil, mas também dos Estados Unidos, Canadá, México, mesmo sem eu ter divulgado uma nota em inglês. Imagino que esses músicos traduziram a notícia e então enviaram suas gravações e biografias para participar. O segundo a ser chamado foi o Alexandre Panta (baixo), e a audição dele foi fechada. Eu e o Emeka selecionamos alguns poucos nomes, pesquisamos sobre cada um deles, e o Panta foi chamado para participar. Assim como cada um que foi selecionado, eu também fiz uma chamada de vídeo, individual, com ele para a gente poder se conhecer e falarmos sobre o que eu e o Emeka tínhamos em mente, assim como ouvir o que ele teria a dizer sobre a possibilidade de juntar-se ao grupo. Ele é um músico de técnica exuberante, muito


interview . hibria

experiente, e me passou confiança sobre ter responsabilidade, caso viesse a assumir a vaga de baixista, além de ser um cara muito legal. A audição dele contou com “Tiger Punch”, “Tightrope” e “Leading Lady”, e ele não deixou dúvidas de que ele era o nome certo para a banda. Os três sons foram tocados com maestria e personalidade, e com uma “pegada” pesadíssima, que é uma das marcas registradas dele, o que é muito bem-vinda no som da banda. Seguindo o processo de 128 // rock meeting // JUlhO . 2020

audições para o Hibria, chegou a vez da escolha do guitarrista, e o Bruno Godinho foi convidado para participar. Normalmente, em uma banda de Heavy Metal, a guitarra é o único instrumento “dobrado”, e isso faz com que o relacionamento dos guitarristas precise ser realmente “fluente”. Assim como na audição para baixista, poucos candidatos foram indicados por mim, pelo Emeka, e pelo Panta, que foi quem fez a indicação do Godinho. Eles já tinham tocados juntos por muitos anos no

“Scenes from a Dream” (Dream Theater Cover), e ele foi muito bem recomendado pelo Panta, que continua o seu trabalho junto à banda que tocavam juntos. Ter uma indicação com ótimas referências foi algo muito importante, mas não isentou o Godinho da audição. Fizemos aquela chamada de vídeo, individual, para nos conhecermos, e o papo foi tranquilo. Deu para sacar que além de ser um excelente músico, ele também é um cara responsável e muito gente boa. Para ser convida-


do oficialmente para integrar o Hibria, ele fez a audição tocando “Tiger Punch”, “Tightrope” e “Leading Lady”, e nos deu a certeza de que ele era o nome certo para a banda. As três músicas foram tocadas com personalidade, e com técnica e execução exímias, características da sua maneira de tocar. Para fechar o processo de audições, a única vaga a ser preenchida era a de baterista, e eis que surge o nosso menino prodígio, Otávio Quiroga, de apenas 17 anos. Inicialmente, foi feita uma seleção interna

para baterista, com uns poucos nomes selecionados, e eu, Emeka, Panta e Godinho chegamos à conclusão de que ainda não tínhamos encontrado o “quinto elemento”. Tomamos a decisão de abrir uma audição pública, e o Quiroga se inscreveu com muitos outros ótimos músicos. Num período curto de tempo (menor do que o tempo estipulado para a entrega do material), ele já tinha enviado as três músicas selecionadas para a audição de bateria: “Silent Revenge”, “Tightrope” e “Leading Lady”, e demonstrou que, apesar de

ainda ser muito jovem, estava preparado para assumir as baquetas no Hibria, fazendo uma excelente audição, com técnica, determinação e personalidade, e também demonstrando que é um cara muito gente fina. Ter a participação de cada um que foi se juntando ao grupo nas escolhas dos membros seguintes foi um processo enriquecedor para a nova formação da banda. É assim que a gente desenvolve o nosso planejamento. Cada um vai contribuindo com as suas experiências, ideias até


interview . hibria

a gente fechar o que é melhor para o grupo, respeitando as individualidades de cada membro. Em 2019 vocês realizaram o show de retorno aos palcos. Em sua cidade natal – Porto Alegre/RS – no consagrado Bar Opinião. Como foi este show de retorno? Em sua opinião, a recepção do público lhe surpreendeu? HISTÓRICO! Sinto-me extremamente feliz em ter tido a 130 // rock meeting // JUlhO . 2020

oportunidade de apresentar a nova formação da banda, e retomar a carreira do Hibria, na minha cidade natal, Porto Alegre, que foi onde o grupo nasceu, se desenvolveu, e se tornou visível para o Brasil e para o mundo. A receptividade do público foi excelente! Fomos recebidos com muito carinho e entusiasmo, e mal podemos esperar para tocar aqui novamente, assim como Brasil afora e no exterior. Montamos um grande show, reche-

ados de clássicos da banda, e do nosso novo single, “Fearless Will”, que foi muito bem recebido também. É um show para o público curtir do início ao fim com muito entusiasmo, visto que as músicas escolhidas transmitem muita energia na interação do público com a banda. Eu imaginava que a recepção seria boa porque a gente recebeu muitas mensagens dos nossos fãs comentando que iriam ao show, que já tinham comprado ingresso,


e que mal esperavam para o dia chegar e conhecerem a nova formação. Isso foi realmente um enorme incentivo para a gente. Posso dizer, sim, que a recepção superou tanto as minhas quanto as expectativas de todos na banda! A receptividade de todos no show foi EXCELENTE! O novo single “Fearless Will” mostra este novo Hibria que os fãs terão. Apresentando um som mais moderno, mas ain-

da com sua essência presente. Conte-nos mais sobre “Fearless Will” e o que podemos esperar do novo álbum. Fico feliz pelo seu comentário. “Essência com modernidade” é justamente o foco das nossas novas composições, e o que também sempre norteou o processo de evolução da banda. A “Fearless Will” é uma composição do Godinho com letra do Emeka. Além de ser um exímio guitarrista, o Bruno também é um exce-

lente compositor e produtor musical. É dele a produção desse som. Ele soube extrair o melhor de cada um para que essa música se tornasse esse grande primeiro passo da nova formação da banda. Por mais que exista uma grande mudança no grupo, e, de fato tem, a banda segue sendo “Hibria”. A história seguirá sendo honrada, e seguiremos sempre em busca de escrever novos, e desafiadores, capítulos com muita energia e dedicação.


interview . hibria

A ideia desse som era de fato trazer elementos mais modernos, mas não deixar de lado as características sonoras que fizeram a banda ser mundialmente conhecida e respeitada. O Bruno fez um trabalho brilhante não somente nas guitarras, mas também no processo todo do som. O Emeka contribuiu com a letra e melodias vocais, enquanto o Panta e o Quiroga fizeram uma cozinha poderosa para o som, a partir do planejamento inicial que o Bruno tinha para a composição, e acordado por todos. A gente já se encontra em processo de composição de novos sons. Atualmente, estamos trabalhando em dois, uma composição minha e outra do Bruno, mas vários outros sons já foram desenvolvidos e se encontram na fila. Queremos muito poder lançar um álbum no ano que vem (2021), que são os 25 anos do Hibria, e fazermos muitos shows dentro e fora do Brasil. Posso adiantar que o novo trabalho vai deixar os fãs de todas as fases muito orgulhosos da nova formação. Cada 132 // rock meeting // JUlhO . 2020

um de nós está contribuindo ao máximo para que cada som seja inovador, mas sem perder a essência da banda. Estamos usando o melhor de cada um de nós à serviço do que virá, e estamos muito felizes com o resultado. Vai ser um álbum virtuoso não só no sentido técnico da coisa, mas também nas melodias, peso, velocidade, e com novas influências sendo adicionadas.

Falar do passado da banda é chover no molhado. Diversos shows fora do país, abertura para grandes nomes como Metallica e Black Sabbath, show no Rock in Rio e por aí vai. Existe alguma pressão para que a nova formação alcance o mesmo sucesso? Obrigado por citar momentos tão importantes na história


do Hibria. Gostaria de incluir nessa lista a gravação do DVD “Blinded by Tokyo”, que também foi um marco na nossa trajetória. Se essa pressão existe, não vem da banda. A gente já conversou bastante sobre essa questão, e trabalhamos em cada um de nós serenidade e confiança, de forma que o nosso caminho seja leve, divertido e bem-sucedido. Estamos fazendo tudo com muito planejamento e dedicação. O novo time é excelente, e tenho certeza de que os fãs ficarão muito orgulhosos do que vem pela frente. “Moving Ground” foi lançado em 2018 e marcou este “novo” momento de reconstrução do Hibria. Porém devido as notícias das saídas dos demais membros, o álbum em si acabou ficando ofuscado, que é um trabalho bem sólido e cheio de momentos marcantes. O que po-


interview . hibria

deria nos contar sobre este belo trabalho? Muito obrigado pelas palavras. Apesar do anúncio da saída dos demais membros ter ocorrido em conjunto no final de 2017, foi no início desse mesmo ano que o Iuri anunciou para a banda que ele se desligaria do grupo no final do segundo semestre para focar em outros sonhos, e já há quase um ano mora em Portugal. Na metade de 2017, o Eduardo nos falou que iria estudar no Musicians Institute (USA), e o Ivan que iria fazer o seu mestrado em música em Portugal. Quando o final do ano se aproximou, e a necessidade da divulgação da nota de saída tomou forma, o Renato também comunicou a sua saída para se dedicar a sua carreira de produtor musical. Foi um ano difícil para todos. Para quem fica, e para quem sai. O mais importante é que cada um de nós cinco se dedicou para que o “Moving Ground” fosse um trabalho o qual a gente pudesse se orgulhar sempre, e que a amizade, admiração e respeito fossem 134 // rock meeting // JUlhO . 2020

mantidos A gente manteve a notícia só entre nós cinco, e pessoas muito próximas, enquanto o “MG” ia tomando forma. O Hibria sempre foi uma banda muito reservada, e recomendo as outras bandas que façam o mesmo. Resolvam as suas questões entre si, e só passem para o público

o que for realmente relevante. Todos só ganham com isso. Confiança e respeito são duas coisas indispensáveis nas relações, e eu sugiro que as bandas conversem sobre isso. São dois dos principais pilares para o crescimento e felicidade de todos. Esse álbum foi um belo


encarte foram obras do Tiago Masseti. A poderosa mix e master ficaram nas mãos do Adair Daufembach, e eu e o Iuri assinamos a produção executiva desse trabalho. Estou trabalhando para que todos os álbuns do Hibria estejam disponíveis em todas as plataformas digitais, para que os fãs tenham acesso a toda a nossa discografia.

desafio sonoro. Além de mantermos o “DNA” do Hibria, nos sentimos mais livres do que nunca para colocarmos outras influências, e nos sentimos realizados com isso. A produção musical ficou a cargo do Renato Osorio, que mais uma vez fez um belíssimo trabalho, e a linda capa e

Victor Emeka foi o escolhido para ser a nova voz do Hibria, uma tarefa nada fácil, porém Victor tem se mostrado a pessoa certa para o posto e ganhou de cara a empatia dos fãs. Como chegaram até ele? O Emeka é um excelente vocalista, e um cara muito gente boa. Fico muito feliz com a receptividade do público, e também pela tua opinião. Com certeza não é uma tarefa nada fácil, mas ele está se saindo muito bem. É apenas o início. Tenho certeza de ele vai alcançar o devido reconhecimento com o tempo, assim como todos os demais membros. Já o conhecia de nome. Pesquisei bastante sobre ele, assim como todos os que fizeram audição para a banda. Não tinha como eu saber


interview . hibria

quem iria pleitear o posto de frontman do Hibria, mas, fiquei muito feliz quando recebi o material dele se candidatando a vaga. Ele tem uma escola de canto que envolve muito groove, swing, e essas coisas são mais do que bem-vindas no som do Hibria. Além disso, ele é um cara que canta com emoção ímpar, e sabe se comunicar muito bem com o público. Mesmo sendo o show do Opinião apenas o primeiro, e único até então, ele demonstrou 136 // rock meeting // JUlhO . 2020

Acima, Hibria no backstage antes do show no bar Opinião (RS). Abaixo, Abel e Victor durante o show.


segurança no palco e respeito a toda trajetória da banda, e o mesmo vale para todos os demais membros. Humildade e empatia são duas características essenciais para fazer parte do Hibria, e duas das qualidades que eu mais admiro nas pessoas.

business deu uma parada geral, e não sabemos ao certo, assim como ninguém, como as coisas se comportarão assim que começarem a voltar. Achamos prudente esperar 2020 marca uma época um pouco mais para fazer em tanto para a história qualquer anúncio desse tipo. mundial. Uma pandemia que assola o mundo O Hibria sempre teve uma e certamente atrapalhou proximidade muito granos planos do Hibria para de com o Japão, além de esse retorno. O novo ál- diversos fãs na Terra do bum já tem alguma previ- Sol Nascente. Como está são de lançamento? sendo a recepção dos fãs Essa pandemia pegou a todos orientais para este novo de surpresa, e com o Hibria momento em que vocês não foi diferente. Felizmen- estão passando? te, estamos todos bem, as- Estamos felizes com a receptisim como as nossas famílias e vidade positiva dos fãs japoneamigos. ses. O Japão contém a maior Estamos trabalhando base de fãs do Hibria no munpara que esse novo álbum, o do. Já são seis passagens pela sétimo de estúdio, seja lança- Terra do Sol Nascente, sendo do ano que vem, 2021, que é a segunda banda brasileira de quando o Hibria faz 25 anos Metal que mais tocou lá. São de carreira. quatro tours solo, e numa deTeremos mais algum single desse futuro trabalho para matar a ansiedade do público? Isso vai depender de como as coisas se organizarão nos próximos meses. O music

las a gravação do “Blinded by Tokyo”, e dois Loud Park, festival de Metal que é uma referência no Japão e no mundo, em edições que contaram, nos dois palcos principais, além do Hibria, com Judas Priest, Slayer, Megadeth, Hellowe-


interview . hibria

en, Anthrax, e muitos outros grandes nomes do cenário Metal mundial. Eu acredito que a partir do lançamento de um novo grande álbum a receptividade só tende a aumentar, e a nova formação começar a escrever a sua história por lá também. O Hibria é uma banda respeitadíssima no Japão. Estamos dando o nosso melhor não “apenas” para honrar o legado do grupo, mas também para fazer com que o caminho do novo time seja muito bem-sucedido em todos os sentidos. Sabemos que precisamos de 138 // rock meeting // JUlhO . 2020

paciência, e, muito trabalho, é claro, para colocar todo o nosso planejamento em prática, e com isso alçar novos voos, no momento oportuno.

O

Hibria

vem

com

FORÇA TOTAL! Além da possibilidade de um novo álbum para o ano que vem, mal podemos esperar para começarmos a tocar ao vivo novamen-

Por fim, o que podemos te! Enquanto isso ainda não esperar desse novo Hi- é possível, sigam em contato

bria? Muito obrigado e com a gente pelas nossas mísucesso! dias oficiais, e nos ajudem a Eu que agradeço em nome de divulgar o Hibria no Brasil e todos no Hibria pela opor- mundo afora! tunidade de responder essa Um forte

abraço

a

Facebook

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ótima entrevista, e entrar em todos! contato com os leitores da Abel Camargo Rock Meeting, e a base de fãs Instagram do Hibria! Youtube

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interview . revoltons

REVOLTONS nascidos em 1991, os italianos do revoltons fala de seu atual momento por uillian vargas foto Alex Corona, Andro & Simone Zimon Sut

140 // rock meeting // JUlhO . 2020

R

evoltons surgiu em 1991 na linda Pordenone, ao norte da Itália. Nascida entre o vale Vojant foi forjada pelos ventos que sopram através da fronteira austríaca. Como já é característico e tradicional, a Itália tem um ótimo histórico de nos entregar bandas com excelente qualidade sonora. Bandas como Fleshgod Apocalypse, Rhapsody of Fire, Lacuna Coil e muitos outros nomes de expressividade para o gênero. Revoltons bebeu nessa mesma fonte de essências ao construir sua história musical. Passou por transformações sonoras, mudou a formação e atualmente deu vida ao Underwater

Bells Pt. 2: October 9th 1963 Act. 1, que narra o desastre causado pela transposição de uma represa, no vale Vojant em 1963. Alguns destes detalhes sobre a trajetória do grupo vieram à tona durante nossa conversa com Alex Corona, guitarrista da banda. Alex, metal italiano nos chega como um sinal de material de qualidade. Desde o princípio Revoltons passou por mudanças sonoras, durante sua existência. Esse ajuste sonoro ocorreu por razões de busca de perfeição ou para escapar da zona de conforto?


Alex - Oi, obrigado pela entrevista! Nós amamos fazer o que fazemos, então é tipo uma busca pela perfeição, e a todo momento é o tempo perfeito para você fazer o que ama, isso é constante evolução. Mas você também pode enxergar como uma forma de escapar da zona de conforto, se você quer se envolver. Então por razões diferentes, tem sido por ambos. Os sons mais antigos tinham uma sonoridade mais prog-power, enquanto os discos mais atuais soam mais pesados. Essa transição foi prevista pela banda? Foi uma evolução natural, como disse antes nós sempre fazemos o que sentimos, não nos importamos com expectativas da moda ou do mercado da música.

of Magellano” foi escrita pelo meu primo Andrea Corona, que deixou a banda no segundo disco. Ele foi o tecladista da banda e era o cara com a pegada mais metal progressivo no grupo. Esse som é incrível, e pra mim é a melhor música da Revoltons até hoje, mas eu queria criar coisas muito mais pesadas e menos progressivas. Isso levou ele a deixar o grupo. Esse é o motivo principal pelo qual Revoltons mudou tanto nos anos que passaram, mas também mudou porque tivemos muitas mudanças no line-up e os novos integrantes chegaram com uma pegada mais thrash metal e metal clássico. E por isso agora soamos uma mistura de power, clássico e thrash metal! E a “Danger Silence Control” é o exemplo perfeito.

Durante o processo de criaMuitas coisas aconteceram ção das músicas, como desde “Hands os Magellano” acontece o cruzamento entre até “Danger Silence Conletra e melodia? Existe altrol”. Pode nos contar qual gum padrão de um vir antes foi a mudança mais impordo outro? tante nesse intervalo? Eu escrevo as músicas com Você mencionou duas músicas violão e na maioria do tempo muito importantes para resestou cantando enquanto troco ponder sua pergunta. “Hands acordes, então algumas letras

surgem durante esse momento e elas representam o sentimento daquela melodia, só que eu as ajusto num segundo momento. Isso é o que costuma acontecer, mas não é uma “lei”. Às vezes eu escrevo só a melodia e então penso sobre a letra e vice-versa Um grupo musical não vive de sucessos o tempo todo. Às vezes acontecem algumas falhas que nos trazem lições para seguir em frente. Você tem um “erro favorito” que possa nos contar? Uau, super pergunta! Nós tivemos falhas demais. A principal é não poder contar com uma formação sólida. E isso é, principalmente, minha culpa. Eu confio demais em muitas pessoas, mas se você não confia nos outros, você não tem a “sensação especial” de ter uma banda. Enfim, eu amo todos meus erros porque eles me trouxeram até onde estou agora e tenho muito orgulho de tudo que fiz. Revoltons recentemente lançou a continuação do álbum “Underwater Bells” (2009). Ambos trabalhos narram o


interview . revoltons

desastre ocorrido em 1963? O que não foi contado em 2009 que está presente em 2020? O primeiro “Underwater Bells” não narra o desastre do Vale Vojant, mesmo que muitos pensem isso. Nem mesmo é um disco conceitual. Quando foi lançado um jornalista me perguntou: “Considerando de onde você vem, Underwater Bells narra a tragédia do Vale Vojant?” A resposta foi “negativo”, mas me deu a ideia de usar o nome para o novo conceito. Considerando que em 2020 nós temos esse “ato: 1”, Vojant ainda tem muitas histórias para contar. Você já tem mais ideias para próximos atos? 142 // rock meeting // JUlhO . 2020

Haverá apenas o “Ato 2” para finalizar a história e eu estou trabalhando nisso nesse exato momento! Levará 2 anos até finalizar. A participação do Blaze ficou incrível em “Grandmaster of Death”, a voz dele soou naturalmente perfeita nesse som. Como foi a experiência de trabalhar com Blaze Bayley? A ideia da participação especial partiu da banda? Foi minha ideia. Eu escrevi esse som para a voz dele! Abrimos para o Blaze em 2005 com a Revoltons e pude encontrar com ele. Então, falei com ele outras duas vezes nesse ano em shows que estivemos juntos. E na última vez que falamos perguntei se ele faria


participação em um álbum nosso, ele ficou muito contente com o convite. E o resultado ficou incrível mesmo. Eu tenho muito orgulho dessa música. Amo Blaze! Bem, era isso, a equipe Rock Meeting queria te agradecer, muito obrigado por ter nos respondido! Esperamos poder vê-los em turnê pelo Brasil após a quarentena. Gostaria de deixar alguma mensagem para nossos leitores? Muito obrigado pelas super perguntas! Obrigado a todos que irão ler a entrevista, obrigado Sleaszy Rider Rec e um obrigado especial ao Markus Eck da Metalmessage pelo incrível trabalho que me levou até a página da Rock Meeting! obviamente, obrigado a todos fãs de metal ao redor do mundo!


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