Rock Meeting Nº 127

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words of editor

QUARENTENA

. PEI FON @peifon jornalista formada pela ufal, fotógrafa e direção geral da rock meeting

Em tempos sombrios, um meme diz muito sobre o que 2020 está sendo: “Já pode formatar 2020? Essa versão veio com vírus”. É engraçado, mas é uma verdade. Ainda em 2019, muitos fãs da música pesada faziam contas e iam decidindo em quais shows poderiam estar presentes. Uma enxurrada de bons shows estava sendo marcada para esse primeiro semestre de 2020. Tinha banda para tudo que é gosto e bolso. Dos medalhões às bandas novas. Mas o ano mal havia começado e já aparecia a notícia de um novo vírus. Medidas foram sendo tomadas para a contenção, mas ele já estava em alguns países. Na metade de fevereiro começou a explodir os casos de pessoas doentes em razão da COVID-19. Trazido por viajantes, aos poucos, os países se viram infectados e

o mal sendo espalhado sem reconhecer conta bancária, idade, cor da pele, nacionalidade. Nada. A ficha do fã da música pesada foi caindo quando começou a ‘festa’ dos cancelamentos pela Ásia e Europa. De repente, chegou na América, e, claro, ao Brasil. Março, que mês foi esse? A cada dia era noticiado o cancelamento/ adiamento das turnês que trariam de volta bandas tão aguardadas pelo público. Festivais enormes, shows menores, o vírus não escolheu nada, atingiu todo mundo. A sensação que tenho é que fomos tingidos por alguma tinta e que está sendo difícil de remover. Num piscar de olhos entramos em quarentena. Mudança completa de hábitos comuns, distância ‘segura’ entre pessoas, uma corrida desenfreada


words of editor

aos supermercados, brigas, discussões, um medo de algo que não se vê, não tem cheiro, não é palpável. De repente, as pessoas ficaram paranoicas, ficaram experts de limpeza, viraram infectologistas de redes sociais, mas quase ninguém cumprindo o que realmente deve ser feito. Sendo da comunicação, é difícil não estar a par dos noticiários. Todo dia é uma notícia pior do que a outra. Para onde vamos? A lugar nenhum, estamos em quarentena. Ao menos uma parte está. Não sabemos até quando isso vai durar, mas o que sabemos é que o mundo que conhecemos não será mais o mesmo daqui pra frente. É doloroso dizer isso, mas é a mais pura verdade. Muito se fala sobre a economia em meio ao momento pandêmico, então

vamos abrir um parêntese sobre essa questão: No nosso meio Rock/Metal muitas pessoas foram afetadas com os cancelamentos e adiamentos de turnê. Desde o produtor, aos que trabalham somente no dia do show. Há uma cadeia enorme do showbiz que fora atingida em cheio. Isso sem mencionar as demais áreas.

Você

que

comprou

o ingresso, não peça o reembolso. Aguarde mais um pouco. Isso vai ajudar esses profissionais a se manterem nesse momento difícil.

No mais, entre sair ou

não do isolamento social, cabe a reflexão individual: você que não respeita o isolamento esteja ciente de que é responsável por espalhar o vírus e adiar ainda mais o retorno à vida normal. Todos nós dependemos disso. Todos nós!

. PEI FON @peifon jornalista formada pela ufal, fotógrafa e direção geral da rock meeting


sumário 2020

08 60

50 08. estressadas CARTILHA DO SEXO CONTRA COVID-19 12. bELTANE Projetam novidades para 2020 20. new model army clássicos em barcelona 26. brave “Brutal Power Metal”

26

50. Jethro Tull Martin barre celebra os 50 anos 60. ignispace sem rótulos 66. sunroad mistura de estilos

20


DIREÇÃO GERAL PEI FON DIREÇÃO EXECUTIVA FELIPE DA MATTA CAPA Alcides Burn Canuto Jonathan projeto gráfico @_canuto

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COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bárbara Martins Bruno Sessa Edi Fortini fernando pires Luiz Ribeiro Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Renata Pen Samantha Feehily CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net

pandemia conversamos com músicos e profissionais sobre o COVID-19


estressadas

CARTILHA DO SEXO NA QUARENTENA É LANÇADA EM NY ‘vOCÊ É SEU PARCEIRO MAIS SEGURO’ por Samantha feehily

A

vida em quarentena causada pela epidemia de coronavírus ao redor do mundo mudou a maneira como a gente vive, em tempos de isolamento e distanciamento social, o sexo seguro é uma parte importantíssima para contenção da COVID-19. Por isso, a prefeitura de Nova York fez um manual de sexo seguro que viralizou por conter informações bastante específicas sobre como deve ser o comportamento

sexual durante os tempos de quarentena. As instituições de saúde da maior metrópole do mundo deixam claro que a masturbação é o tipo de sexo mais recomendado durante esse momento tão singular da história humana. “Você é o seu parceiro mais seguro”, diz o documento. A cartilha publicada pela administração do prefeito Bill DeBlasio foi uma resposta aos organizadores de orgias da cidade que decidiram manter os seus eventos mesmo com a contaminação por coronavírus. A recomendação é que beijos sejam evitados, pois o vírus é transmitido através da saliva e muco.



estressadas

Além disso, a prefeitura de Nova York é clara ao dizer que sêmen e fluidos vaginais não apresentaram o vírus ainda, mas que a COVID-19 já foi encontrada nas fezes. Por isso, é ressaltada a importância da camisinha e também é recomendado evitar o beijo grego. Confira alguns trechos da cartilha: >> Aqui vão algumas dicas de como aproveitar o sexo e evitar o espalhamento do coronavírus: Você pode pegar coronavírus de uma pessoa que já foi infectada. O vírus pode se espalhar entre pessoas que estão a 1,80 metro de você quando o infectado tem tosse ou espirra. O vírus pode ser transmitido diretamente através do contato com a saliva ou muco de um infectado.

COVID-19 foi encontrado nas fezes de pessoas infectadas com o vírus. O vírus não foi encontrado em sêmen ou em fluídos vaginais. Sabemos que outros coronavírus não eram transmitidos sexualmente.

Você é o seu parceiro sexual mais seguro. Masturbação não vai transmitir coronavírus, especialmente se você lavar suas mãos (e brinquedos sexuais) com sabão e água por 20 segundos antes e depois de usá-los. O próximo parceiro sexual mais seguro é alguém >> Ainda temos que saber muitas coisas sobre >> Faça sexo com pessoas com quem você mora. Ter próximas. contato próximo, incluindo COVID-19 e sexo:


sexo – com um pequeno círculo de pessoas ajuda a prevenir a infecção Evite contato próximo – incluindo sexo – com pessoas de fora da sua casa. Se você faz sexo com vários parceiros, reduza o número ao máximo possível. Se você conhece parceiros sexuais através de apps ou é trabalhador do

sexo, considere parar encontros físicos. Encontros online, sexting e salas de chat são boas opções para você. >> Tome cuidado durante o sexo: Beijar é altamente transmissível. Evite beijar alguém que não é do seu círculo pessoal de contatos. Beijo grego também

passa a COVID-19. Vírus presentes nas fezes podem entrar em sua boca.

Camisinhas e proteto-

res dentais podem reduzir o contato com saliva ou fezes, especialmente durante sexo oral e anal.

Se lavar antes e depois

do sexo é mais importante do que nunca.


INTERVIEW

BELTANE Com uma discografia de peso , a banda paranaense Beltane projeta 2020 com muitas novidades

por Aline Pavan // foto Andreza Kruk

>>



interview . BELTANE

C

om uma discografia de peso e um novo álbum que tem recebido inúmeras críticas positivas da imprensa especializada, intitulado “The Tales Of Pantheon”, a banda paranaense Beltane projeta 2020 com muitas novidades. Confira a entrevista completa abaixo. Primeiramente gostaríamos de agradecer o tempo cedido e na primeira pergunta gostaríamos de saber como está sendo, para vocês, a recepção de “The Tales Of Pantheon”, tanto da mídia quanto do público? Guilherme Silva: Está sendo ótimo, a receptividade tanto da mídia quando do público têm sido positiva, uma vez que esse último álbum reúne os melhores elementos dos ál-

buns anteriores, o “The Ritual Has Begun” (2000) que foi um primeiro EP da banda, tinha uma pegada mais heavy metal tradicional. Já no segundo álbum, o “The Whell of Sabbaths” (2005) teve uma pegada mais hard rock, com alguns elementos do rock progressivo. Esse último, o “The Tales of Pantheon” (2019), é mais pesado, melódico e coeso, trazendo elementos do heavy metal tradicional, algumas pitadas do rock progressivo e hard rock. Conseguimos reunir o que deu certo nos álbuns anteriores, mas com uma pegada mais atual da banda. Como funcionou o processo de composição, gravação e produção deste trabalho? Inicialmente o processo de composição seu deu nos en-



interview . beltane

saios onde cada um trouxe parte das ideias. Cada um contribuiu para o processo de composição, letras, riffs e solos foram construídos sucessivamente. Após o esqueleto das músicas ficar pronto, foi realizada uma pré-produção utilizando VSTs (plugins) para a gravação do baixo, guitarras e vozes, e a bateria foi gravada no estúdio da banda. A gravação foi realizada por partes e em municípios diferentes: a bateria foi gravada em Irati (PR), no estúdio do Hugo, produzido pelo ex-guitarrista banda Arthur Porttker. As gravações das guitarras, baixo e vozes foram captadas no estúdio do Leandro, Do It, em Ponta Grossa (PR). E, por último, a produção, mixagem e a masterização foi realizada pelo Alysson Irala, no Funds House Studio, em Curitiba – PR. Como vocês viram o fato deste álbum estar entre os melhores de 2019 por


alguns sites, inclusive o gigante Headbangers Latinoamérica? Foi uma grande notícia para banda, uma vez que o site Headbangers Latinoamérica é uma referência e um medidor de produção artística das bandas. Estar entre os melhores do 2019 só demonstra que estamos no caminho certo e nos motiva a continuar sempre compondo, tocando e fazendo shows. Neste ano, o Beltane pretende pegar a estrada rumo ao velho continente para uma turnê? Fazer um tour pela Europa sempre foi uma meta da banda. Quem sabe nesse ano, se as condições do mercado financeiro melhorarem (risos). Com planejamento e parceria com outras bandas, é possível realizarmos essa turnê. Também estamos nos planejando para fazer uma turnê na América Latina.

co mais apreciou? Acredito que a música “The King Of The Seas”, por ter vinculado a imagem ao clip gravado. Também a música introdutória do CD, “Following The Got”, pelo trabalho de vozes e peso do baixo e das guitarras. Músicas como “Goddess of the Seed”, com elementos do rock progressivo também chamaram a atenção. Todas músicas têm sido bem aceitas pelo público em geral.

Este álbum é realmente fantástico, é notório que o grupo evoluiu muito desde o antecessor “The Wheel Of Sabbaths”. Vocês também concordam? Se sim, qual o principal fato para isso ter acontecido? São vários os fatores que ajudaram a banda evoluir. Além do tempo e experiência, a mudança de integrantes foi o principal fator para banda evoluir. Passamos muito tempo limitados pela voz do antiQuais as músicas de “The go vocalista, tanto em extenTales Of Pantheon” que são musical, em notas, como vocês acham que o públi- conhecimento musical em ge-


interview . beltane

ral. As músicas, mesmo as antigas da banda, soaram muito melhor com o novo vocalista João Pedro. Também a entrada recente do guitarrista, Daniel Gnoatto, trouxe algo a mais para banda que a sempre queria ter novamente dois guitarristas. Agora é possível tocar as músicas como foram gravadas no CD, bem como, fazer covers de músicas que exigem dois guitarristas.

principais influências do Beltane? As influências continuam sendo as bandas clássicas como Iron Maiden, Rush, Black Sabbath, Savatage, Judas Priest etc.

Muito obrigado por esta entrevista, deixamos este espaço para as considerações finais. Gostaríamos de agradecer a oportunidade da entrevista da Fale um pouco sobre as Rock Meeting, ao nosso par-

ceiro Patrick da Sangue Frio Produções e principalmente aos amigos e fãs Beltangers. Agradecemos o apoio ao metal nacional! Por fim, queremos convidá-los a ouvirem nosso último álbum “The Tales Of Pantheon”, que está disponível em mais de 60 plataformas digitais (Spotify, Deezer, Itunes etc.), além do clipe “The King Of The Seas”, disponível no YouTube no canal Beltane. Um abraço a todos.



live

NEW MODEL ARMY


duas horas de clรกssicos, assim foi a passagem do new model army em barcelona Texto e Foto Mauricio Melo

>>


live . new model army

A

data havia sido anunciada há meses, o que gerou certa expecta-

tiva local e não foi difícil ver em diferentes perfis de Facebook os fãs mais ávidos numa contagem regressiva.

Foi nesse clima que

chegamos na sala Salamandra, no sábado 7 de março, com a mesma cheia desde a banda de abertura, o Las Novias. Banda de post-punk com por aqui com uma década de va cheia de gringos, britânicos pitadas de gótico que fez nome atraso. Fizeram um show à em sua maioria que habitam na década de noventa junto ao altura com músicas conside- na cidade Condal e o mais ingrupo mais famoso do territó- radas clássicas do público na- teressante, acompanhado de rio dentro do estilo, o Heroes cional como “Un León Enjau- seus filhos pré-adolescentes del Silencio, uma versão espa- lado” e “Rosa Cruel”. que cantavam com autorinhola de bandas como Legião Quando menciono aci- dade os grandes clássicos da Urbana e Echo and The Bun- ma que a banda de abertura banda principal. Sim, havia nymen. fez um bom show consideran- chegado o momento e o New Considerando o atraso do o público nacional, signi- Model Army já se encontrava espanhol devido ao Franquis- fica que era só uma parte da em ação. mo, esse movimento chegou sala, que por outro lado esta- Abriram o set com o


clássico “No Rest”, uma mensagem direta deles mesmo para o público, sem descanso, quarenta anos avisando o rumo que o mundo estava tomando e poucos deram ouvidos. Aproveitando a euforia da galera, incluíram “Never Arriving” e “The Weather” do recém lançado “From Here”. Com “The Charge” a conexão banda e público já estava for-


live . new model army

mada, não foi preciso muito dentre outras coisas reflete a esforço para tal e que foi re- união, força e equilíbrio, para forçada com “51st State” que cantar e demonstrar a Justin ganhou uma versão reggae no Sullivan que aqui estamos. meio da mesma. Variando um Vale destacar, Sullivan deipouco e incluindo músicas da xou claro o descontentamenmetade da carreira tivemos to com o Brexit, que é muito “Believe” e “Islands”. A gran- mais grave do que muita gente de surpresa no setlist foi “Over pensa e o fez mencionar uma the Wire” e a prova real de Dama de Ferro que tiveram que o New Model Army con- nos anos 80 e sabemos muito tinua em alta foi a execução bem quem foi. de “Where I Am”, uma músi-

Interessante

também

ca nova que foi cantada pelo foi ver os integrantes trocanpovo do início ao fim, houve do de instrumentos, o guiaté uma pirâmide humana, tarrista Marshall Gill toca de que aqui na Catalunha se co- tudo um pouco variando ennhece como Castellers que tre guitarra e baixo e algumas


vezes no teclado, Dean White dá um reforço nas guitarras quando não está no teclado e o baixista Ceri Monger mantém seu estilo headbanger.

Para completar a noi-

te ainda tivemos “Purity”, “Green and Grey”, “Stupid Questions”, “Here Comes de War” antes da banda tentar encerrar por duas vezes, porém, como o público não arredava pé, nos ofereceram “Vagabonds”, “Poison Street”, “I Love The World” para então finalizarem com “Betcha”, clássica das clássicas resgatada do disco “Vengeance”.


INTERVIEW

BRAVE seguindo a criativade e a paixão, a banda brave não se preocupa com rótulos, mas sim mostrar o seu som Texto E Foto Susi dos Santos

>>



interview . brave

The Oracle! O oráculo é uma arte divinatória! O que há para ser adivinhado nesse novo disco do Brave? Carlos Alexgrave - Olá! Buscamos, através das letras e músicas, expressar nosso conhecimento em conjunto, não especificamente em relação a algo para ser adivinhado e sim apreciado. É claro que cada ouvinte pode sim interpretar de sua maneira, estabelecendo uma relação mais íntima com o álbum. Vocês são considerados “Brutal Power Metal” nos foi dura de Metal. os criadores do brutal po- atribuído pela imprensa há wer metal. Isso ajuda ou alguns anos. Hoje seguimos O Brave é uma banda que limita o processo criati- apenas nossa criatividade e tem status de banda cult, vo? E como foi trabalhar nossa paixão na hora de com- porém, até aqui, projeessa alcunha em “The por. Não nos preocupamos em tou-se apenas no undersoarmos “brutal power me- ground. Com “The OraNão tivemos problemas em tal”, nos preocupamos apenas cle”, percebe-se a banda relação a isso. A alcunha em soar como uma banda ma- se projetando à linha de Oracle”?


projeção

no

underground,

estamos há mais de 20 anos nos apresentando no underground e isso para nós é muito gratificante, pois foi no underground que conhecemos vários amigos e parceiros que estão conosco até hoje! E sim também, como procuramos a cada disco fazer um trabalho mais profissional e verdadeiro, com certeza é sim a hora de buscar novos horizontes além do underground. Pretendemos em breve fazer um show oficial de lançamento do The Oracle e excursionar dentro e fora do Brasil. Como vocês estão avafrente do metal tradicio- liando esse período de nal nacional. Está apa- quarentena por conta da recendo bem mais, e de pandemia por coronavíforma melhor produzida. rus? Vocês narram históEsse é o momento de ir rias de batalhas e bravura além do underground?

nas letras. Aliás, a banda

Podemos ser considerados se chama Brave! Qual é o cult para alguns, mas não nos espírito nesse momento? consideramos

assim!

Sim, Estamos passando por um sempre tivemos uma ótima momento muito delicado


interview . brave

para a saúde de todos. A si- que, por gentileza, cada Hellish War. tuação está muito séria para integrante recomendasse Ricardo Carbonero recomentodo o mundo. Procuramos uma outra banda nacio- da o Queiron. levar, através de nossa músi- nal de rock/metal para os Carlos Bertolazi recomenda o ca, toda a esperança e força! leitores ouvirem na qua- Hibria. Assim como nossos fãs, so- rentena. mos todos guerreiros e esta- Claro. Mas, antes, gostaría- “The Oracle” nas plataformas mos enfrentando mais uma mos de agradecer a oportuni- de música: batalha juntos! O espirito, dade e desejar muito sucesso Spotify | Deezer | Claro Múneste momento, é se cuidar e para a Rock Meeting! Vamos sica | Amazon | Google Play | buscar todos os meios para se lá...

Youtube

prevenir contra este inimigo! A vitória é certa!

Carlos Alexgrave recomenda Mais Informações: o Vulture.

Facebook | Instagram | You-

Para finalizar, gostaria Sidney Milano recomenda o tube | Soundcloud



CAPA

EM TEMPOS DE PANDEMIA


mĂşsicos e profissionais do showbiz falam sobre como esse momento atingiu a rotina por renata pen // foto Marta ayora


capa . músicos

E

stamos no meio de uma pandemia que está afetando, além da saúde das pessoas (física e mental), o sistema econômico mundial. A área que iremos abordar aqui é a musical, claro, porque isso também está causando mudanças em nossas rotinas profissionais. A RM aborda o rock clássico até o metal mais extremo, e para isso precisamos de eventos, lançamentos e informações dos artistas. Mas todo mundo nesta área está buscando caminhos alternativos para não parar, já que inúmeras turnês foram adiadas ou canceladas e o isolamento foi a medida mais acertada para que esse vírus não se espalhe ainda mais. Para isso, entramos em contato com três artistas de três países diferentes da Europa para entendermos como estão lidando com essa fase. O primeiro a nos enviar informações foi Don Aires Pereira, baixista

da banda portuguesa Moonspell. Olá amigos, aqui que vos fala é Don Aires Pereira, baixista do Moonspell. Queria cumprimentar a todos, a toda a comunidade metaleira do Brasil, através da revista Rock Meeting, gostaria de passar uma mensagem. Este vírus não é brincadeira, aqui em Portugal vocês já sabem,

pelas notícias que acontecem na Itália, Espanha... Portanto vocês já têm uma vantagem, já sabem o que está a acontecer, não é brincadeira, mas também não quero entrar em alarmismos, não estou aqui para aconselhar nada porque não sou técnico da saúde, sou músico, gosto de tocar, e da mesma maneira quero deixar este papel para quem entende do assunto.


A melhor maneira de passar por isso é respeitando as leis do sistema de saúde, não deem muitos ouvidos aos boatos que andam por aí, mensagens que mandam pelas redes sociais porque querem ter o seu momento ou pensam que são os salvadores da pátria e vão com seus maus conselhos e alarmismos e isso não pode acontecer. Sigam apenas os conselhos dos médicos mesmo. Aqui em Portugal a coisa já está instalada, os governos tomam as medidas mais tardias ou não, mas quem é que está na pele deles é quem sabe. Desejo a vocês muita saúde e quem sabe possamos nos encontrar em um concerto. Acerca destas informações cuidado, muito cuidado. Deixo vos aqui com uma frase do vosso conterrâneo Tom Jobim. Aproveitem para aprender um instrumento diferente, vamos aqui praticando. Isto foi uma época


capa . músicos

de evolução, vamos fazer uma introspecção e encontrarmos conosco. Estou aqui em casa praticando e deixo esta frase: “Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada ou quase nada”. Agora muita atenção, vocês já têm a vantagem por saber o que já está acontecendo do outro lado, vamos seguir as regras do jogo, vamos remar pro mesmo lado, eu sei que vocês conseguem, muito obrigado. Stay heavy!

Você acha que isso trará algo novo em nossa rotina? Eu realmente espero que isso não se torne uma rotina, mas se sim, vamos aprender a fazer muito mais coisas em casa.

Você pode fazer qualquer coisa em casa e para ter dinheiro para pagar suas contas? Depende do seu trabalho. A maioria dos professores de música recorreu a aulas on-line, enquanto os artistas cesO segundo a nos ajudar saram completamente suas atividades e estão implorando foi Jacobi, baixista da banda italiana Elvenking. por dinheiro na internet. Bastante humilhante. Em relação Ele respondeu algumas a mim, tenho outro emprego perguntas. e poderei continuar saindo de casa por algum tempo, mas Como esse vírus está afeno momento o futuro não patando você como músico? rece nada brilhante. Totalmente. Tudo parou: todos os shows em um futuro próximo foram cancelados ou adiados, todas as atividades de reservas deixaram de existir, muitos lançamentos foram suspensos e basicamente todo o showbiz está passando por um dos períodos mais difíceis de todos os tempos.

Como a Itália está ajudando as pessoas que administram lojas e não podem abrir? Algumas lojas “essenciais” ainda estão abertas (supermercados, postos de gasolina etc.). Para as outras categorias, nosso governo prometeu


foto andrea falaschi


capa . músicos

que alguma ajuda financeira virá. Veremos nas próximas semanas. Você conhece alguém que pegou o vírus? Se sim, o que aconteceu? Sim, conheço algumas pessoas que foram infectadas. Pelo que ouvi, na maioria dos casos, depende da sua idade: se você é um menino ou um adulto saudável, é como uma gripe longa e grave com febre alta e problemas respiratórios. Mas se você infectar pessoas mais velhas ou mais fracas, elas provavelmente morrerão em alguns dias. O problema é que é extremamente contagioso e a taxa de hospitalização é muito alta. Como o sistema de saúde funciona na Itália? Os hospitais podem ajudar a todos? Na Itália muitas coisas não funcionam, mas felizmente esse não é o caso do nosso sistema de saúde, que é um dos melhores do mundo. Em certo sentido, a Europa teve sorte por esta doença ter atingido mais a Itália, porque nossos


foto andrea falaschi

hospitais e nossa equipe médica estão realmente fazendo milagres para ajudar a todos, salvando milhares de vidas. Eles trabalham incansavelmente dia e noite sob condições extremas. Além disso, a pandemia atingiu as regiões do Norte, que são as mais ricas e com o sistema de saúde mais sólido.

O terceiro convidado foi Tony Dolan, baixista da banda inglesa Venom Inc. Somente agora perÉ possível ser uma guerra cebi que todos são baixistas (risos). biológica? Não tenho conhecimento para dar uma resposta. Acho que não podemos descartar nenhuma opção, e há muitos segredos que nossos governos estão escondendo, mas eu não sou um cara de conspiração. Você quer adicionar alguma coisa? Isso é sério! Sei que nenhum de vocês gosta de ficar em casa dia e noite por semanas, e é difícil mudar nosso estilo de vida e rotina diária. Mas não subestime esse problema. Mantenha-se seguro e siga as regras, porque esta é a única maneira de sair dessa o mais rápido possível!

Como esse vírus está afetando você como músico? Bem, não há shows ao vivo ou turnês possíveis agora e encontrar cara a cara também não é possível, mas felizmente temos tecnologia. Então, enquanto estamos trabalhando em nosso novo álbum, continuamos. Eu mesmo moro em Londres, Reino Unido, Mantas em Portugal e nosso baterista The Warmachine mora na Flórida, EUA. Todos nós temos nossos próprios estúdios, por assim dizer, em graus variados, ainda podemos gravar e usar a internet para compar-


capa . músicos

tilhar ideias, visuais, arquivos de som etc. Podemos ter discussões e reuniões tanto em áudio quanto visualmente e, assim, prosseguimos com o álbum. As bandas transmitem música ao vivo e podemos ensaiar usando o vídeo em três locais diferentes, se necessário. Por isso, apesar de pausados e em três partes do mundo, continuamos juntos como

uma banda.

Como o governo da Inglaterra está ajudando as pessoas que não podem sair ou abrir as lojas para trabalhar?

guir comida e as coisas de que precisam. É o mais humano que podemos ser. Indo a lojas locais ao invés de grandes supermercados. Também podemos apoiar nossa pequena empresa local, o que é importante. Eles são nossa linha de vida!

Algumas pessoas (inclusive eu) estão tentando juntas, em vez de tomar apenas para si mesmas, e ajudando as pesso- Você conhece alguém que as mais velhas e vulneráveis pegou o vírus? Se sim, o nas comunidades a conse- que aconteceu?


foto leandro Almeida

Sim. Uma jovem amiga de 32 anos morreu. Ela era saudável, uma boa alimentação, mas seu sistema imunológico prendeu o vírus com tanta força. Ela pegou a doença, atacou seus órgãos e ela faleceu. Um amigo de 57 anos, em muito bom estado físico, pegou o vírus, mas lutou para conseguir o melhor atendimento, pois muitas pessoas também sobrecarregaram o

hospital e ele não chegou a todo mundo começar a ficar tempo de ser salvo. doente? O sistema entrará em colapso e muitos morrerão. Como o sistema de saúde funciona aí? Os hospitais Você pode fazer algo em podem ajudar a todos? casa para ter dinheiro e Até agora, eles estão tentando para pagar suas contas? desacelerar o vírus e ajudar os Bem, alguns já trabalham em hospitais e nosso serviço de casa ou no mundo digital, saúde a lidar com isso, mas para que estejam bem. Traestão se movendo tão rápido balhadores físicos não são tão que até trouxeram milhares fáceis quanto, precisariam rede ex-funcionários do hos- avaliar e talvez aprender nopital de volta para ajudar. Se vas habilidades. Como banda,


capa . músicos fotos leandro Almeida

ESPERO QUE TODOS OS MEUS AMIGOS E AMADO BRASIL FIQUEM FORTES!

biológica? É curioso! Eles disseram que veio de uma cobra no mercado chinês, então é de morcegos novamente no mercado chinês. Mas os cientistas desde janeiro tentam descobrir a origem e dizem que não podem confirmar que era de um morcego, nem uma cobra. Existem dois laboratórios de virologia em Wuhan e um tinha conexões americanas e o outro eu não sei. Foi de propósito? Por acidente? Coincidência? NaÉ possível ser uma guerra tural ou combinado biologicapodemos fazer música e usar o Web, conectar-se com outras pessoas para imprimir mercadorias e enviar diretamente para os fãs. E, é claro, a indústria está produzindo música há muito tempo, então vender música também é possível, pois isso é uma norma agora. O dinheiro é feito principalmente digitalmente com serviços bancários on-line e plataformas como o PayPal. Sim, tudo é possível!


mente? Eu não sei, são muitas teorias. Eu acho que nunca saberemos realmente a verdade, mas como acontece com grande parte do nosso mundo agora, a verdade parece ser apenas o que você pensa ou acredita e não se baseia no fato mais nada. Muito triste! Você acha que isso trará algo novo em nossa rotina? Sem dúvida. As economias mundiais estão falhando e um novo mundo virá apenas disso. O distanciamento social passará, mas ver as pessoas

entrarem em pânico e suas atitudes umas com as outras expôs a nossa verdadeira natureza. Pode citar uma necessidade primitiva de sobreviver como a razão, mas sinto que está mais exposto à maneira de como nos afastamos em grande parte dos valores da nossa comunidade, colocando-nos na posição. Preciso ter papel higiênico, por exemplo, para levar tudo e não se importar com o que as outras pessoas precisam. Na hora que isso passar, de fato, se isso passar, acho que todos teremos uma

visão muito diferente um do outro, mas também perceberemos o quão frágil somos de fato. Você gostaria de adicionar alguma coisa? O que eu quero é que todos sobrevivam a isso e estejam seguros. Estar aqui por um tempo, use a internet para se manter conectado com as pessoas e não escute as teorias falsas do lixo, apenas fique o mais seguro e o melhor que puder, corpo e mente. Espero todos os meus amigos e amado Brasil fiquem fortes!


capa . profissionais

por renato sanson foto arquivo pessoal

O

COVID-19 ou o novo Coronavírus como é conhecido, veio como um cataclismo, causando um prejuízo imenso em nossa população. O impacto no mundo da música, e os que trabalham com esta arte, fica em uma situação mais que delicada, pois são eventos cancelados, lojas fechadas, aulas que não podem ser ministradas e por aí vai... Tornando uma crise sem tamanho para o bolso desses profissionais. “O mercado de loja de CD’s hoje sobrevive por aparelhos, quase ninguém mais consome CD, DVD ou simplesmente compra uma camiseta. A loja sobrevive de colecionadores, acontece que eles também começaram a sumir. Nossa receita é de microempresa, cada dia fica mais difícil se manter no mercado. Agora com o Coronavírus a coisa piorou, pouquíssimos clientes apareceram na loja para com-

prar seu cdzinho, e a ordem é não abrir”, comenta o comerciante Alexandre Nascimento, dono da loja de discos Zeppelin Rock Wear. Devido a pandemia, o impacto na rotina dos profissionais da música gerou mudanças inesperadas, situações onde tanto imprensa quanto

músicos tiveram que se reorganizar e cessar certas atividades. “Para mim os impactos foram grandes, mas também me ajudaram a colocar algumas coisas em dia (editar algumas fotos que ainda não havia feito). Eu estava me planejando para os futuros eventos, porém, quando tudo


Uillian Vargas e Paloma Silveira dois profissionais da fotografia de shows

isso se acalmar, terei que me reorganizar para a ReLo Music voltar com tudo”, explica a fotógrafa Paloma Silveira, dona do veículo ReLo Music. Com essa pausa inesperada acabamos indo de um extremo a outro e entendemos a necessidade de isolamento social parcial, mas com esse

certo descontrole nos auto prejudicamos financeiramente e muitas pessoas, sem a informação necessária, estão sentindo esta parada brusca. Mas os boletos não param de chegar. “Os boletos de fornecedores, imobiliária, IPTU, etc... Continuam aparecendo, e não temos para onde correr,


capa . profissionais

aLEXANDRE PONTES - As Dramatic Homage

Se não há shows, não há o que fotografar

a situação está bem difícil e o futuro é incerto nesse 2020, realmente assustador. Que consigam logo a cura para o bem da humanidade e de trabalhadores autônomos e pequenos, pois a situação já estava ruim, agora ficou horrível”, pontua Alexandre Nascimento. “O impacto que essa doença trouxe para o mundo é algo bem assustador, onde acabou atingindo todos os trabalhadores, deixando as pessoas em pânico e gerando um impacto financeiro absur-

do. E para o mundo da música foi a mesma coisa, porque vários shows foram cancelados e alguns adiados”, completa Paloma Silveira. Não só o autônomo ou os trabalhadores assalariados, mas tanto produtores e músicos se viram em uma situação difícil causado por esse novo vírus. “No cenário musical, a pandemia veio como uma bomba. O cancelamento de eventos (apesar de inevitável) é, a meu ver, a pior das facetas desta pandemia, pois afeta diretamente a to-


dos, tanto ao público quanto aos artistas que vivem muito mais disto do que qualquer outra atividade. A solução das lives e dos depósitos espontâneos pode até ajudar, mas é um paliativo em meio a um mar de outros problemas que o isolamento acarreta”, diz o vocalista Thiago Rabuske da banda Dust Commando. A atividade dos músicos está sofrendo impactos irreversíveis, assim como qualquer manifestação artística como um todo, pois tudo atrasará e os futuros lançamentos ficam sem previsão,

onde economicamente se torna algo desesperador. “Assim como em todas outras áreas, a arte vai sofrer muito com essa ação. Na música o obstáculo já é sentido, no primeiro momento, com o enorme número de shows cancelados. E isso afeta uma cadeia gigantesca de profissionais (e famílias) que serão impactados diretamente. Desde o “manager” da tour, passando pelos montadores/logística e que se estende até aos profissionais responsáveis pela higienização. Só nesse universo da música ao vivo, desde a mais alta

escala dos profissionais até os que estão na ponta da lança, já é todo um ecossistema econômico que será freado bruscamente sem a menor chance de poder brigar por uma posição”, desabafa o fotógrafo Uillian Vargas, que complementa com pequena que traduz o impacto em sua vida: “Se não há shows, não há o que fotografar”. Mas ainda não paramos para pensar: Quando tudo isso vai terminar? A arte será mais valorizada? Teremos um compromisso maior com o que está sempre disponível e

aLEXANDRE NASCIMETNO - ZEPPELIN rOCK wEAR


capa . profissionais

aLEXANDRE NASCIMETNO - ZEPPELIN rOCK wEAR

que não damos o devido valor? “Espero que tudo isso também sirva de conscientização e valores sobre o quanto é importante manter o circuito de shows, bandas atuando, produzindo e que o público sinta que, de alguma forma, apoiar é uma das maiores formas de incentivo para que todo o cenário continue se mantendo, é uma engrenagem que gira porque todos nós somos parte”, salienta Alexandre Pontes, guitarrista/vocalista da

banda As Dramatic Homage. Muito disso se deve a nossa própria falta de compromisso com a causa. Pois desde o anúncio que seria necessário o isolamento parcial, muitos levaram como férias adiantas, e o resultado foi justamente o contrário, pois quantos bares, festas e locais públicos você viu com aglomerações de pessoas? Quantas praias ficaram lotadas? A ideia era só parcial, mas devido à falta de racionalidade do

ser humano, foi decretado isolamento total. Funcionando apenas o necessário, limitando e prejudicando vários trabalhadores por nossa própria conduta irresponsável. Criticar o isolamento, fazer panelaço, buzinaço ou sei lá mais o que é fácil, mas a sua parte como cidadão você fez? O ideal é que todos façam o que é preciso para que tenhamos a nossa vida de volta, apesar de que o mundo já não será o mesmo daqui pra frente.



live

JETHRO TULL


Uma digna celebração aos 50 anos de Jethro Tull Texto e Foto marta ayora

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live . jethro tull 50 anos

A

os 15 anos de idade ouvi pela primeira vez o riff inconfundível de Martin Barre em “Aqualung”, faixa principal de um dos melhores álbuns da história do rock da lendária banda Jethro Tull. Com um estilo único que transita entre o hard rock, blues, folk e progressivo, a Jethro Tull chegou ao fim em 2011, quando Ian Anderson passou a se dedicar exclusivamente ao seu projeto solo. Barre por sua vez, decide criar a “Turnê de todas as turnês” e excursionar pelo mundo revisitando os clássicos em celebração aos 50 anos de história da Jethro Tull, banda da qual foi membro por mais de 40 anos. Para a alegria dos fãs e dessa que vos escreve, Barre aterrissou no Brasil para

nos presentear com uma bela apresentação no dia 05 de março em São Paulo. A casa de shows Espaço das Américas, estava com a sua capacidade lotada por um público de faixa etária diversificada, mostrando que o bom e velho rock resiste a passagem do tempo, cativando novos admiradores e se mantendo imortal através de seus devotos fãs.

Martin Barre trouxe ao Brasil um show emblemático, com músicos renomados como Dee Palmer, tecladista que atuou no Jethro Tull desde a gravação do primeiro álbum, sendo a escolha certeira para substituir o baterista Barriemore Barlow, membro da formação original que não pôde comparecer, devido a um problema de saúde. Palmer, além de tecla-


dista é maestro, compositor, toca instrumentos de sopro e é um ser determinado e inspirador, pois em 2003 mudou seu primeiro nome para Dee e com 67 anos de idade surpreendeu o mundo, ao fazer uma cirurgia de redesignação sexual, um sonho antigo que foi realizado após a morte de sua esposa. No segundo teclado, o virtuoso Adam Wakeman, fi-


live . jethro Tull 50 anos

lho de Rick Wakeman do Yes, que já tocou com Black Sabbath, e para completar o sexteto de peso, Dan Crisp no vocal, Alan Thompson no baixo e Darby Todd, nas baquetas. Com uma pontualidade britânica os músicos pisaram ao palco às 21h30 e para a surpresa geral dos fãs executaram “A Song for Jeffrey” seguida de “My Sunday Feeling”, do álbum “This Was” (único álbum que Martin não participa). A apresentação seguiu com as canções “Back to the Family”, “For a Thousand Mothers”, “Nothing is Easy”

do álbum Stand Up, onde Dan Crisp além de dominar a segunda guitarra, também apresentou timbres muito parecidos com o do vocalista original, isso ficou bem evidenciado em “To Cry You A Song”, faixa de “Benefit”. “Hymn 43” foi o primeiro clássico do “Aqualung” no show e foi notável como os dois teclados realmente fizeram a diferença neste som, complementando um ao outro em perfeita sintonia em conjunto com as guitarras. Um dos pontos mais altos do show foi a execução da clássica “Aqualung” com



live . jethro tull 50 anos

seus riffs de guitarra poderosos e com Todd demonstrando muita técnica e vigor na bateria, trazendo mais peso e destaque ao som, que contou com a participação do público cantando em coro junto com a banda. Com a intro de “War

Child” no piano, Dee hipnotiza a todos, que em silêncio assistem admirados a execução de cada nota, seguida de “Sealion”, do mesmo álbum. Confesso que em “Cross Eyed Mary” e “Thick As a Brick” eu senti falta da flauta de Ian Anderson, embora os dois tecla-

dos as representaram muito bem. A presença de palco do carismático Martin Barre aliado aos dedilhados de sua guitarra empolgou os fãs em “Heavy Horses” e “Ministrel In the Gallery”. Dee e Wakeman exi-


bem suas técnicas e arranjos impecáveis em “Hunting Girl”, enquanto em “Teacher” quem arrasa é o baixo de Alan Thomson. Fato é que Thomson e Todd trabalham muito bem em dupla, executando todas as faixas em perfeita sintonia. O fim da apresentação se aproximava com “New Day Yesterday” e “Jump Start, revelando um setlist recheado de hard rock e blues, que revisitou desde o primeiro álbum “This Was” de 1968 até o “Crest Of A Knave” lançado em 1987, dando espaço ao


live . jethro tull 50 anos

rock progressivo, que consagrou o Jethro Tull em sua carreira. Para fechar o set, a banda se despede com “Locomotive Breath”, que teve uma intro lindíssima de tirar o fôlego no piano e posteriormente cantada a plenos pulmões por todos, que finalmente puderam

matar a saudade dos clássicos do Jethro Tull. Com uma grande produção multimídia que envolveu temas clássicos e imagens raras em projeções no telão, a banda pareceu se divertir no palco durante as duas horas de show, tamanho o entrosamento entre os membros.

Este foi com certeza um daqueles shows memoráveis do início ao fim, que torcemos para que se repitam nos próximos anos. Agradecimentos especiais à Talento Comunicação e Vega Concerts pelo credenciamento e atenção investida na equipe da Rock Meeting.



INTERVIEW

IGNISPACE Testando influências e deixando tudo fluir, o Ignispace não busca rótulos para o som que fazem TEXTO E FOTO sUSI DOS sANTOS

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interview . iGNISPACE

The Inner Source! A música, para vocês, é o melhor caminho para a fonte interna? E há uma fonte em comum entre os quatro integrantes do grupo? Renato Benato - A música é um dos muitos caminhos dentro de vários disponíveis. Usamos ela como forma de canalizar, exteriorizar e interiorizar. O que está acima é como o que está abaixo. A própria música é uma fonte comum entre nós. Sendo a música uma plataforma de compartilhamento, encontro, como se dá essa troca com os fãs? Quero dizer, como propor uma fonte, que é própria da banda e seus integrantes, sem, neces-

sariamente, ser o que os fãs esperam, ou gostariam de esperar? A música é a nossa plataforma para passar nossa mensagem e se conectar com os fãs. Esperamos que seja também o suficiente para que eles entendam e por aí só busquem outras fontes para buscar mais conhecimento sobre si mesmo, uma vez que achamos que isso é algo muito individual. Para vocês, qual a importância da relação música e letra? Seriam as letras um argumento da música popular, sob uma ótica erudita? Ou seria a erudição uma falta de argumento? A música é a trilha sonora de um fato narrado assim como num filme. Ficaria estranho, ou no mínimo irônico e sarcástico, fazer uma letra triste numa harmonia “shiny happy people”. Então sim, a música é a tela de fundo onde os per-



interview . IGNISPACE

sonagens, entenda-se aqui a letra, fazem seus papéis. Sobre erudição, ou falta de argumento, apenas escrevemos o que gostamos e pensamos. Quem gostar, ótimo. Quem não gostar, ótimo também. Não mudaríamos uma vírgula de nada para agradar ninguém. Em todo caso, acredito que música pode funcionar sem letra. Em tempos como esses onde as pessoas estão se tornando cada vez mais preguiçosas para pensar, a gente acha as letras necessárias. Não que a erudição seja uma falta de argumento, mas que cada vez menos pessoas estão se aprimorando a ponto de poder descartar a letra e ainda passar uma mensagem. A musicalidade da Ignispace é bastante plural. Há influências e referências diversas, especialmente da música eletrônica, po-


rém, o som pesado ainda é a base fundamental. Vocês acham possível que, nesse caminho evolutivo da musicalidade da banda, vocês possam, um dia, lançar um álbum que seja mais eletrônico do que metal, como, por exemplo, o que fez o Paradise Lost em seu disco “Host” de 1999? Apenas diria que tudo é possível e nada impossível. Porém, jamais seria algo premeditado. Temos o hábito de deixar tudo fluir com naturalidade para nos surpreendermos com o resultado final. A vocalista Larissa Zambon aparece na capa do disco. Ela teria um papel de protagonismo na Ignispace? Todos temos papéis iguais, porém ela, como nossa frontwoman, está ali dando a cara a tapa na linha de frente. Todos têm seu momento de protagonismo na banda. Somos todos iguais. Afinal, somos humanos.

Como vocês estão avaliando esse período de quarentena por conta da pandemia de coronavírus? Essa experiência serve, de alguma forma, como material para criação artística? Período esse que pode causar um crash que não viveremos para ver solucionado, na minha opinião. Particularmente, temos muita coisa boa para escrever, filosoficamente falando, mas não tenho a menor vontade ou necessidade de escrever sobre um vírus. O pior de todos já está disseminado entre nós há séculos: a ignorância. Para finalizar gostaria que recomendassem outras bandas nacionais de rock/metal para os leitores ouvirem na quarentena. Dark Inquisition, Hammathaz e Pervencer. “The Inner Source” nas plataformas digitais Spotify | Deezer | iTunes | Napster | Youtube



INTERVIEW

SUNROAD AOR, Pop, Melódico, refrão chiclete, hEAVy Metal, a banda Sunroad mistura estilos sem perder o peso TEXTO Susi dos Santos fOTO bANDA/dIVULGAÇÃO


interview . SUNROAD

O Sunroad tem uma boa quantidade de discos lançados. “Heatstrokes” seria a consolidação dessa discografia? Fred Mika - Têm dois pontos a serem ponderados. O primeiro é que, acredito, que há algum tempo já encontramos nossa sonoridade, mais especificamente a partir do álbum “Carved In Time” (2013), e desde então estamos agora aperfeiçoando com os álbuns posteriores, “Wing Seven” (2017) e mais recentemente em “Heatroskes” (2019). Daí podemos dizer que “Heatstrokes” é, até então, o mais polido nessa direção. O segundo ponto é que, por outro lado, sentimos a necessidade de ousar mais nessa ideia: uma mistura de hard rock/AOR sofisticado com uma pitada de neoclássico!

Em “Heatstrokes” o Sunroad soa mais AOR/Melodic Rock, porém, sem o acento pop que algumas bandas desse estilo têm, como é o caso de Toto, Reo Speedwagon, Boston ou mesmo do Journey. Você mesmo, Fred, declarou que a característi-

ca AOR de “Heatstrokes” aponta para uma direção futura. Você vê a possibilidade do Sunroad soar um pouco mais pop, ou mesmo menos rock, em seu próximo disco? Não creio que seja mais pop, mas a ideia é sim ter refrãos fortes, bem trabalhados, li-


e dinamismo musical. Quero dizer que num próximo álbum teremos refrãos ricos, permeados de vários links melódicos de guitarras ou teclados em contraponto, e várias camadas de vocais de apoio (backing vocals). Temos algumas músicas bem AOR como “Spellbound Age”, mas que se assemelham mais a bandas de hard rock como Def Leppard antigo ou Scorpions, não na linha AOR pop tipo Toto. O peso é uma das partes importantes do Sunroad. Aliás, podem até esperar uma ou outra faixa heavy metal no futuro, nunca descartamos nossas raízes!

nhas melódicas mais dinâmicas e ricas. Essa direção musical trabalha muito com refrãos “ganchudos”, mas é bem diferente dos refrãos “chicletes”, onde se vê uma intenção para atingir um público maior, mas que não soa autêntico. O Sunroad já foi elogiado por sua organicidade

Em termos de letras, “Heatstrokes” trata de diversos temas. Mas qual a mensagem central, se você precisasse sintetizar? A ideia central que, aliás, até dá nome a banda (Sunroad Estrada do Sol), sempre foi uma reflexão acerca de várias coisas, um aprofundamento interno atemporal, mas sempre sob uma ótica positivista. A ideia é validar os diferentes discursos, sobre vários assuntos, seja subjetivamente ou mesmo objetivamente, mas


interview . SUNROAD

sempre expondo o que penso sobre a solução do mesmo, sob uma perspectiva positiva. Nunca a crítica pela crítica e nem a crítica circunstancial. Então “Heastrokes” não vem a ser diferente dos outros e os temas são variados, mas sempre reflexivos-otimistas. A turnê que vocês fariam com Mark Boals (ex-Yngwie Malmsteen) agora em maio foi adiada por conta da pandemia por coronavírus. Quais são as expectativas para o reagendamento dessas datas e o que esperam desses shows e turnê? Sim, é uma pandemia na qual temos que respeitar a recomendação científica do isolamento social. Maio, provavelmente, estaríamos no começo do fim da pandemia e ainda estaríamos muito cedo para essa tour, daí nosso booker, Eliton Tomasi, tomou a decisão prudente, em comum acordo com a banda e o vocalista Mark Boals, para o adiamento para o segundo semes-


tre. O lado bom disso é que com todos os promoters locais que já tinham, previamente, fechados os shows, estarão também comprometidos para esse adiamento (por enquanto, planejado para agosto, mas ainda pode mudar). E outro fato bom é que teremos tempo para adicionar mais shows ainda do que os previamente fechados. Talvez a tour se estenda por toda a América do Sul.

te a um maior relaxamento, sobra mais tempo para ver um filme descompromissadamente, dormir mais cedo e se alimentar melhor. Quando aos outros componentes, só converso via Whatsapp e creio que estão fazendo a mesma coisa. Não perguntei o dia a dia deles (risos), mas a conversa gira sempre em torno de música. Só sinto falta da academia... É fácil engordar nessa época (risos).

Como vocês estão avaliando esse período de quarentena por conta da pandemia por coronavírus? O Sunroad é uma banda de música e letras positivas! Como ser positivo nesse momento? Minha ideia é sempre manter-se ativo, mantendo o pique, a inspiração e a criatividade. Na falta de shows e ensaios (os três shows nossos aqui em Goiânia para esse final de março foram cancelados) estou mais estudando e deixando fluir novas ideias de composição, ouvindo mais músicas, lendo mais, etc. Por outro lado, a gente se permi-

Para finalizar gostaria que recomendasse outras bandas nacionais de rock/metal para os leitores ouvirem na quarentena. Fico grato pela entrevista. Bom, vamos soltar um comboio de gente que já dividiu o palco conosco, ou participou de alguma coisa, ou ainda temos certa afinidade musical e pessoal: Adellaide, Dr. Sin, Marenna e Kiko Shred. “Heatstrokes” nas plataformas digitais Spotify | Deezer | iTunes | Google Play | Amazon | Youtube



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