Rock Meeting Nº 106

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09 - News - World Metal 10 - Lapada - Discos Ao vivo 16 - Live - Armored Saint 24 - Live - Slapshot 30 - Live - Alcest 36 - Live - Filarmônica de Alagoas 44 - Live Session - Nervosa 56 - Skin - Depressão e Suicídio 64 - Capa - Hellfest 2018 86 - Live - Havok 92 - Live - Vitamin X 98 - Entrevista - Torture Squad 108 - Review - Vídeo 118 - Live - Odin’s Krieger Fest 126 - Entrevista - Metalwings 134 - Live - New Model Army 140 - Matéria - Worst HC

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DIREÇÃO GERAL Pei Fon CAPA Alcides Burn Jonathan Canuto

COLABORADORES Bruno Sessa Edi Fortini Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo Renata Pen Samantha Feehily

CONTATO contato@rockmeeting.net www.rockmeeting.net


Dia Mundial do

Rock

Sempre quando lembro dessa data, faço-me a seguinte pergunta: Dia Mundial do Rock para quem? Se analisarmos bem o que mudou de um ano para cá, a resposta é nada. Falo isso apontando questões de estrutura, shows, público, atitudes... Nada mudou, só tem piorado. Muito dos nossos problemas passam por questões políticas e econômicas. Vai muito além da nossa alçada. Porém, o que está muito próximo de nós é tentar fazer uma limonada com um limão. Mas o mais fácil ainda é pegar o tal limão e jogar na cara de alguém. Nos últimos anos, a política mudou a cabeça do fã da música pesada, revelou de vez o que estava ‘escondido’. A galera das

extremas se degladia na internet e faz muito pouco na vida real. Muitos “justiceiros” da rede social estão aí criando caso e brigas desnecessárias, que não levam a lugar algum. Desde que iniciamos as atividades da Rock Meeting, em 2009, já se ouvia falar de que precisávamos de união. Já tem 10 anos, praticamente, e essa união nunca aconteceu. Sem contar que as coisas estão assim desde os anos 80. Mas não vamos apenas lamentar, temos que olhar para frente e tentar enxergar algo positivo que nos dê a esperança de continuar. O estilo não vai morrer nunca, é cíclico. Entre altos e baixos vamos lá comemorar, ou não, o Dia Mundial do Rock, ouvir nossas músicas preferidas, sem afetação.




plataformas digitais A banda Machado de Einstein acaba de liberar nas principais plataformas digitais, o mais recente álbum de inéditas, “Novo Rumo”. Novo Rumo é composto por 10 canções que abordam temas sociais, críticas e reflexões sobre a vida, e tudo isso sem perder a pegada Rock. O álbum também pode ser adquirido de forma física. Para ter uma cópia, basta entrar em contato direto com a banda. Em “Novo Rumo”, o Machado de Einstein apresenta guitarras distorcidas (típicas do Grunge da década de 90) e muito Hard/ Rock. A cozinha tem linhas de baixo graves e pulsantes e uma bateria firme e pesada. Os vocais transitam entre momentos suaves e drives rasgados. “Morbid Obsession” Os fãs de Death Metal acabam de receber uma grata novidade vinda de Salvador (BA). A banda Behavior acaba de disponibilizar em todas as plataformas digitais o segundo e mais recente álbum, “Morbid Obsession” (independente) lançado em fevereiro. Após o hiato de seis anos sem lançar material inédito, “Morbid Obsession” chega e recoloca os soteropolitanos da Behavior em um novo patamar no Metal Nacional. O disco foi gravado no Subsolo Studio, entre agosto e novembro do ano passado, o novo álbum recebe a produção com assinatura da banda. Para conferir “Morbid Obsesssion” da Behavior no Spotify. A banda prepara o lançamento de um vídeo exclusivo. ROCK PROGRESSIVO A Ophicina de Sonhos é uma banda de Rock Progressivo, formada em 2008, na capital das Alagoas (Maceió). Seu som é uma mistura de ritmos ancestrais, com muito Rock N´Roll e Metal. Em 10 anos de existência, a banda carrega com muita firmeza a bandeira da música autoral e nesse tempo a O.D.S vem se apresentando em importantes shows e festivais de Alagoas. Em janeiro de 2018 a banda lançou o single “Caos sem fim, parte-1” de forma independente nas principais plataformas digitais (Deezer, Spotify, Googleplay, Itunes, aplemusic, amazon music, band camp, Soundcloud). Acompanhe a banda: Facebook, Instagram e Twitter. -9-


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u até pretendia escrever sobre as reclamações extremistas no Facebook sobre a volta do As I Lay Dying, mas irei resolvi abordar outro assunto. Estou um pouco farto de extremistas de qualquer tipo que não enxergam as próprias contradições. Não pensam sozinhos, então me resta dizer: saiam da caverna, meus caros. Os cookies estão aqui fora, e somente à luz da razão conseguirão ver que as trevas das militâncias lhes nega. Dito isso, quero me ater a algo que chama a minha atenção os discos ao vivo. Sendo bem sincero: nesses mais de 30 anos de Metal, raramente gostei de um disco desse formato no passado. Uma série de motivos está por trás disso, mas o principal é que um ao vivo não nos dá a mesma sensação de um show. Perae, apressadinhos, o que quero dizer é: muitas bandas ou são reais metrônomos (ou seja, algo frio e chato), ou são aquelas que o número de pisadas na bola e diferenças das versões de estúdio são tamanhas que não têm como serem digeridas. Ainda há o fato de que, muitas vezes, um disco ao vivo vem para preencher o espaço da falta de apresentações locais da banda. Óbvio que discos como “Tokyo Tapes” e “World Wide Live” do Scorpions, “Live After Death” do Iron Maiden, “Mortal Way of Life” e “Marooned” do Sodom, “Live Meltdown” - 10 -


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Foto: Mauricio Melo


do Judas Priest (podem chorar, pois Ripper sempre fez um excelente trabalho no grupo), “Live Evil” do Black Sabbath, os “Alive” do Kiss, “Everything Louder Than Everyone Else” do Motörhead, e mais alguns formam um grupo seleto que vale a pena ter em casa. Mas a verdade é: para cada disco ao vivo de alta qualidade, existem tantos que não valem a pena nem a audição que acabamos tendo um saldo negativo. Mas muitos discos não vingam. O grande problema de alguns discos está no setlist. Invariavelmente, algumas vezes, a banda tem uma longa história, um grande número de discos de estúdio. Um bom exemplo disso é “Reunion”, disco ao vivo do Black Sabbath com sua formação original. Perae, apressadinhos [2]: eu tenho esse disco oficial e gosto muito dele. Mas o que eu reclamo é: por que cargas d’água qualquer música com Ronnie James Dio, Tony Martin, Ian Gillan ou Glenn Hughes? Tudo bem que Ozzy é o mais limitado dos vocalistas da banda em termos técnicos (e eu gosto dele dessa forma), mas por que não fazer como o próprio Dio, ou mesmo Tony Martin, que em seus discos ao vivo, cantaram músicas de Ozzy? Será que o Madman não acreditaria que daria conta? Seria interessante vê-lo cantando “Trashed” ou mesmo “Neon Knights”, e não estou sendo irônico. Aliás, a ausência de canções de “Sabbath Bloody Sabbath” é berrante. Ainda sobre setlist: nunca sentiram falta de algumas músicas naquele disco ao vivo que gosta de sua banda favorita? - 12 -


Eu sou cria do Iron Maiden no Metal, mas mesmo com “Live After Death” sendo meu disco ao vivo favorito de todos os tempos, em uma opinião bem pessoal, existem canções nele que eu trocaria por outras, pois queria ouvir versões para “The Duellists”, “Killers”, “Prowler”, “Sun and Steel”, e até mesmo “Back in the Village”. Óbvio que sei que do jeito que eu penso, teria que ter sido um triplo ao vivo, mas a banda estava fenomenal na época, e talvez devesse ter sido mesmo. Mas existem aqueles que são verdadeiras jogadas. Não sei se é sério, mas já cansei de ouvir que “Live Insurrection” do Halford é recheado de “overdubs” (as famosas correções que são feitas em estúdio em erros dos músicos), o que retira o clima “ao vivo” do disco. Novamente: não sei se é fato, pois nunca ouvi esse disco em especial, e não tenho pretensão de catar piolhos se o fizer, pois não sou técnico de estúdio. O próprio Metallica é alvo de minhas considerações. Não há um disco ao vivo deles que me contente. O mais próximo disso seria um dos DVDs do pacote “Live Shit: Binge & Purge”, justamente o do show de Seattle em 1989. No caso deles, não é apenas o setlist, mas acho que a gestão da banda nunca cogitou que um duplo ao vivo deles na época seria uma boa, pegando uma fase da banda que deixou saudades. Senti muito a falta de “Motorbreath”, “Escape”, “Trapped Under Ice”, “Damage Inc.”, “Leper Messiah”, “Disposable Heroes”, “The Eye of the Beholder”, “The Shortest Straw” e “Dyers Eve”. Até deveriam, se tivesse pensado, em lançar material em um

Foto: Marta Ayora

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ao vivo oficial com Cliff no baixo, se é que ele existe! Hoje em dia, a coisa tem melhorado em muitos aspectos, inclusive tenho visto com muito bons olhos os DVDs ao vivo. Acabo de ver o DVD “Kings Among Scotland” do Anthrax, e que show maravilhoso. Óbvio que algumas canções que eu gosto ficaram de fora, mas caramba, são duas horas de show, e só tem musicão (tocam o “Among the Living” inteiro, embora não na sequência). É mais uma vez o que eu disse: uma banda com uma discografia longa, e escolher um setlist não é tão simples. Um dos grandes DVDs ao vivo que eu gosto (não só pela banda, mas pelo formato inteligente) é “Festivals of the Wicked” do Iced Earth. Simplificando: temos shows com Matt Barlow e “Ripper” Owens, e um setlist fantástico, muito bem escolhido. Mais uma vez, faltam algumas que muitos gostam, mas é a mesma coisa: banda de muitos discos, sempre material demais para tocar (e gravar ao vivo). Além disso, os BDs e DVDs (que tomaram o lugar das antigas fitas VHS) sanam um pouco a questão de shows, pois vemos apresentações clássicas de gigantes. Óbvio que o Iron Maiden fez o DVD do Rock in Rio (que deu um trabalho enorme para Steve Harris, conforme narra a biografia “Run to the Hills”) aqui, mas é outra época (especial para alguns fãs, pois era a volta de Bruce). - 14 -


Foto: Mauricio Melo

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Texto Renata Pen | Foto Flavio Santiago

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isando em solo nacional pela primeira vez, o Armored Saint esteve em São Paulo para única apresentação no país, após 35 anos do lançamento de seu primeiro EP, e quase não era mais esperado por muitos fãs. Para a abertura, o Hellish War foi convidado pela Abgail Records, por fazer um som fiel ao heavy metal tradicional, servindo bem ao propósito. A banda mostrou canções de todos os álbuns, incluindo o último, “Defender Of Metal”, de 2001. Nele, o grupo deixa bem claro que a bandeira do metal está em um mastro bem alto e visível, pois suas músicas são verdadeiros hinos ao estilo, e seus refrões são grudentos, fazendo com a memorização que instantânea. Sua formação atual conta com: Bill Martins (vocal), Vulcano (guitarra), JR (baixo) e Daniel Person (bateria). Daniel Job (guitarra) também é membro, mas não tocou com o conjunto. A casa que os acolheu foi a Fabrique, mas ela não estava muito cheia durante a apresentação dos Hellish War. Mesmo assim, quem esteve presente ganhou uma grande aula de heavy metal para ninguém bo- 18 -


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tar defeito. Na plateia pudemos contar com a presença do simpático Steve Grimmett, vocalista do Grim Reaper. O volume estava alto, mas mesmo assim a Rock Meeting conseguiu dar uma palavrinha com ele para saber o que havia acontecido no show de Osasco, no dia anterior: “Nós estávamos para entrar no palco quando nos falaram que o show não iria acontecer. Havia quinhentos fãs do lado de dentro da casa e mais duzentos do lado de fora. A Polícia nos proibiu de tocar e queriam nos cobrar três mil reais para liberar. Dissemos que não e decidimos tocar no dia seguinte, em um horário mais cedo”. Voltando aos shows da noite, houve o Meet and Greet para os fãs do Armored Saint que compraram o pacote, podendo interagir e conhecer melhor seus ídolos em um clima de harmonia, e, pouco além das 20h, o quinteto californiano subiu ao palco. Seus integrantes são: John Bush (vocal), Phil Sandoval e Jeff Duncan (guitarras), Joey Vera (baixo) e Gonzo Sandoval (bateria). Executando músicas de todas as fases, a banda agradou aos fãs antigos e com certeza cativou novos. O público pediu músicas durante todo o show, chamou bastante a atenção da banda, pois quem estava ali sabia exatamente o que queria. O mais impressionante foi ver John Bush cantando em um nível tão alto, mesmo depois de tantos anos na estrada e, ainda assim, com uma voz bela e potente. Da até pra entender o porquê de muitos fãs do Anthrax ainda preferi-lo a Joey Belladonna, pois Bush domina o palco mostrando que o passar do tempo só fez bem a ele. Vale dizer que o mesmo serve para os outros integrantes, que se mostraram em boa forma, sabendo fazer um show de qualidade, com um som maduro e cativante. Levando em conta toda a cumplicidade - 20 -


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entre os músicos e a plateia, não podemos deixar de destacar o ponto alto da noite: quando, em “Aftermath”, John Bush deixou os companheiros fazendo a apresentação no palco e ele saiu. Quando nos demos conta, ele estava cantando em cima do balcão do bar. Depois desceu para a pista e a galera abriu uma roda e ficou curtindo o som com ele ali no meio, sem empurra-empurra ou selfie. Foi simplesmente perfeito! E o som foi rolando, a galera querendo mais e mais, até que “Mad House” encerrou o show. Foi pouco! Tomara que eles voltem logo, porque aí, com certeza a casa encherá! Setlists Hellish War 01) Keep It Hellish 02) The Challenge 03) Defender Of Metal 04) Destroyer 05) Metal Forever 06) We Are Living For The Metal Armored Saint Intro 01) Win Hands Down 02) March Of The Saint 03) Tribal Dance 04) After Me, The Flood 05) Nervous Man 06) Last Train Home 07) Raising Fear 08) Symbol Of Salvation 09) Book Of Blood 10) Mess 11) Aftermath 12) Left Hook From Right Field 13) Reign Of Fire 14) Can U Deliver 15) Mad House - 22 -



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Texto e Foto Mauricio Melo e Snap Live Shots

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e nossas coberturas recentes, podemos afirmar que a noite do dia 10 de junho tenha sido a das mais previsíveis do ano. Ter o Slapshot tocando no Rocksound Barcelona foi um luxo que poucos puderam presenciar. Digo poucos, não porque a sala ficou vazia, mas porque não coube quem queria estar lá, aforo limitado e felizes dos que ali estiveram. A abertura ficou à cargo do trio On The Edge (Bandcamp), proveniente de Girona (Espanha), com seu Hardcore/Oi e um punhado de composições. O vocalista Dimitri é um antigo conhecido e frequentador dos shows que rolam por aqui, assim o prestígio falou mais alto e muita gente chegou cedo para dar uma força. Músicas do EP (auto-intitulado) estiveram presentes além de algumas novidades. O previsível no início do texto se justifica na cara de felicidade que o público recebeu Jack “Chocke” Kelly e seus comparsas para apresentar o recém lançado “Make America Hate Again”. Foi exatamente com “Edge Break Your Face” abriu a noite e fez o verão, que insiste em se esconder, aparecer dentro da Ro- 26 -


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cksound e o suor já escorria pelos cotovelos. Deram sequência com “No Friend Of Mine” e “I’ve Had Enough”, dois grandes clássicos da banda. O público também fez sua parte, agitou sem parar, saltou, empurrou e cantou. O que fez Chocke, Craig, Ryan e Corey se sentirem à vontade, declarando entre uma música e outra, a felicidade por reencontrar esse público, ao que já consideram velhos amigos. Dentre as mais celebradas tivemos “Hang Up Your Boots”, “Old Time Hardcore” e “Firewalker” e entre as novas “Remedy” além da já mencionada “Edge Break Your Face”. Chegando ao final do set, tivemos a sensação de que a banda esperava por um pedido de bis, mas devido ao calor, intensidade e energia dedicada durante a apresentação, o público se deu por satisfeito, assim como o quarteto de Boston. This is Boston not LA.

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Texto e Foto Edi Fortini

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o final do mês de junho, os franceses do Alcest retornaram ao Brasil com a turnê de divulgação de seu mais recente trabalho, “Kodama”. Essa foi sua terceira passagem pelo país, porém foi a primeira vez que vieram em turnê solo (nas duas outras vezes - 2014 e 2016, respectivamente - a banda se apresentou em edições do Overload Music Fest) e as cidades de Florianópolis e Rio de Janeiro entraram na agenda, trazendo um bom público em todas as casas. Formada em 2000 por Neige (vocais e guitarras) e pelo Winterhalter (bateria), a banda continua com a mesma formação que vimos antes por aqui anteriormente, contando com Indria Saray (baixo) e Zero (guitarra). O show se baseou no repertório de seu último trabalho, “Kodama”, de 2016, na íntegra e em algumas músicas dos outros trabalhos da banda, como as famosas “Autre Temps” e “Là où naissent les couleurs nouvelles” (do queridinho dos fãs, Les Voyages de l’Âme), onde grande parte da galera acompanhou pelo menos partes dos refrões, contou com duas músicas do clássico “Écailles de Lune” (que foram a lindíssima Percées de lumière e a Sur l’océan couleur de fer), e também teve “Souvenirs d’un autre monde”, de seu álbum homô- 32 -


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nimo. O bis, como de costume, foi com “Délivrance”, do álbum “Shelter”, talvez o menos querido pelos fãs, mas ainda assim um baita trabalho da banda. O público brasileiro teve muita sorte em ver shows do Alcest com dois álbuns na íntegra. Em 2016, a banda apresentou aqui o álbum “Écailles de lune” com um show exclusivo na América do Sul. Ainda falando sobre o grandioso “Kodama”, o álbum foi lançado pela Prophecy Productions e teve influência pela cultura japonesa e pela obra “Princesa Mononoke” de Hayao Miyazaki (de quem Niege é fã, como já dito em algumas entrevistas), que trouxe o retorno de elementos de sua sonoridade blackgaze dos primeiros álbuns, um contraste às músicas de seu antecessor, “Shelter”. O álbum foi considerado por muitos especialistas como um dos melhores do ano. A banda vem ganhando grandes proporções ao longo dos anos e atualmente está com uma agenda repleta com grandes festivais europeus agendados. Antes de vir ao Brasil, o Alcest estava numa agenda de apresentações como banda de abertura para o Anathema. Depois do Brasil a banda segue para um festival na Índia e para mais algumas apresentações na Europa. Setlist: 1. Kodama 2. Eclosion 3. Je suis d’ailleurs 4. Untouched 5. Oiseaux de proie 6. Souvenirs d’un autre monde 7. Percées de lumière 8. Autre Temps 9. Sur l’océan couleur de fer 10. Là où naissent les couleurs nouvelles Bis: 11. Délivrance - 34 -


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Texto e Foto Pei Fon

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ue a música clássica e o rock andam em paralelo ninguém discute. Ambos os estilos estão fora da grande mídia e, principalmente, da preferência popular. Por isso, escutar o erudito e as vertentes mais agressivas do rock são para poucos. Em uma iniciativa inédita em Alagoas, quiçá do Brasil, a Filarmônica de Alagoas, um grupo independente, tenta mudar essa mentalidade e trouxe para os palcos do Teatro Deodoro, o mais emblemático de Maceió, uma apresentação única com os Clássicos do Rock, uma alusão ao Dia Mundial do Rock, celebrado dia 13 de julho. O Teatro Deodoro, palco de tantas apresentações importantes do teatro, da música e da dança, estava lotado. O mais legal é que o público, em sua maioria, não segue a música de massa e compreendeu que apoiar essa iniciativa é fundamental para espalhar o projeto da Filarmônica. Um detalhe interessante aconteceu na entrada do teatro com o bloco dos camisas pretas. Com as mais variadas estampas, na sua maioria do Iron Maiden, uma das bandas mais representativas do cenário, eles dominaram - 38 -


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o ambiente. Impressiona como a Donzela de Ferro tem uma legião de fãs devotos por sua música. Não dá para mensurar isso, só estando num show deles para entender quão importante são. Pelo volume de expectadores, o teatro ficou lotado, e acomodar as pessoas foi um trabalho e tanto para os organizadores do evento. Houve uma pequena demora no início, porém contornado por Irina Vegar (organizadora) que pedia a compreensão e a ajuda do público para encontrar lugares vagos. Lá fora a fila era imensa e algumas dezenas tentavam comprar sua entrada de última hora. A expectativa era grande, mas a hora chegou. A orquestra tomava o seu lugar, o maestro observou atentamente o derradeiro detalhe e todos se calaram. A Filarmônica iniciara sua apresentação com um clássico de Richard Strauss, composição de 1896, “Also Sprach Zarathustra”, mais conhecida no filme “Uma Odisseia no Espaço” de 1967. Emblemático, não poderia ter início melhor. Logo fizeram um passeio com os precursores do Rock: Elvis Presley e Beatles. Um medley foi tocado, com destaque para “Eleanor Rigby”, dos besouros. Tão logo veio a já impressionante “A Don’t Want to Miss a Thing”, do Aerosmith. Não teve como não se emocionar com essa canção. É de arrepiar. Finalizando o primeiro ato foi a vez de contemplar o lado brazuca no concerto. O maestro Luiz Martins fez questão de lembrar de uma passagem de sua vida tocando “Pais e Filhos” do Legião Urbana. O público cantou timidamente acompanhando a orquestra. A parte que mais interessava no concerto era o segundo ato que viria com o peso do Heavy Metal, como frisou o maestro no retorno ao palco. E o peso veio junto com a guitarra de Tiago Godoi, o baixo de cinco cordas de - 40 -


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Renato Marrêta e a bateria com pedal duplo de Maglione Santos. Para abrir os trabalhos, a icônica “Brick in the Wall” do Pink Floyd. Clássico é clássico, não poderia faltar. Em seguida, veio Freddy Mercury e o seu legado com o Queen. A lindíssima “Who Wants To Live Forever” e “Bohemian Rhapsody” foram apresentadas. Foi muito lindo ver a junção da parte orquestral com a guitarra, baixo e bateria. Só faltou descer o próprio Fred e cantar.

E mais peso veio com o medley do Metallica. Escolher as músicas é muito difícil, ainda mais quando se tem vários clássicos. E claro que “Nothing Else Matter” não iria ficar de fora. Destaque para “Master of Puppets” e um belo destaque para os riffs de guitarra. No meio da apresentação se ouvia urros e mais urros vindo da plateia. Ao final, a satisfação era imensa e o público aplaudia de pé, outros fazendo o famoso símbolo representativo do Heavy Metal, com os dedos, eternizado pelo - 42 -


mítico Ronnie James Dio. Logo após veio outro medley, só que do Iron Maiden. Aí se ouvia a palavras célebres: “Up the Irons”. Não tinha dúvida que “Fear of the Dark” seria tocada, e foi maravilhosamente executada pela orquestra. “Number of the Beast” e “Run to the Hill” também foram tocadas. Se via muitas cabeças balançando, involuntariamente, para acompanhar o ritmo que vinha do palco. Não preciso dizer que a orquestra foi ovacionada.

Por fim, “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin arrebatou todo o clima que já estava instaurado. Emocionante como já é, orquestrada então... Sem palavras! Quando já nem esperávamos mais, veio um bis com a famosíssima “The Final Countdown” do grupo sueco Europe. Fechou com chave de ouro! A organização garante um bis e nós aguardamos anciosamente por mais um concerto. E já temos a nossa lista de pedidos. Quem sabe não seremos ouvidos. - 43 -


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Texto Renata Pen | Foto Edi Fortini

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convite da Nervosa, a imprensa especializada foi chamada para a audição de seu mais recente lançamento e, com muito carinho, as meninas iniciaram os trabalhos cumprimentando os que elas já conheciam e dizendo que era muito importante o apoio da imprensa para a divulgação do álbum. Extrovertida, Fernanda Lira (vocal e baixo) agradeceu a presença de todos e garantiu que gostariam de ter organizado o evento antes, mas seria impossível por causa da agenda do trio, completado por Luana Dametto (bateria) e Prika Amaral (guitarra). Super tranquilas, as meninas permitiram filmagens e gravações, deixando todos muito à vontade com a simpatia e carisma que somente elas conseguem ter. Vamos às faixas de Downfall Of Mankind: 1) e 2) Intro e Horrodome – Intro tem uma sinistra mensagem e se encaixa muito bem a Horrordome. Certeza que irão usá-las para abrir os shows! A letra de Horrordome fala sobre paralisia do sono e, para escrevê-la, Fernanda se inspirou em um documentário - 46 -


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chamado Nightmare. Os barulhos ouvidos em Intro foram colhidos de pessoas que sofrem com a tal paralisia. 3) Never Forget, Never Repeat – Saiu com lyric vídeo e foi escolhida como o primeiro single por ser a música mais rápida do disco e também por ser uma síntese do álbum. Fernanda explicou que foi ela mesma quem deu o grito bem longo da música, que também foi inspirada em documentários. A vocalista ressaltou que governantes pelo mundo já cometeram tantos erros contra o próximo que a música serve de lembrete para não se repetirem. 4) Enslave – Apresentada com muito carinho, foi legal ver as meninas curtirem o próprio som, cantando, fazendo de conta que estavam tocando os instrumentos, fazendo caretas e brincando, felizes e trabalhando como gente grande, pois fazer um som deste nível, com coerência e maturidade, não é fácil. A letra fala de escravidão, da forma mais ampla possível, já que todos exploramos, de maneiras distintas, nosso planeta, animais e semelhantes. Por isso o questionamento: “Why do we enslave?”. 5) Bleeding – Com letra de Prika (as três outras são de Fernanda), a guitarrista se baseou em preocupações corriqueiras, citando o excesso de e a velocidade de informação atual, que levam à insônia, ansiedade e alto nível de estress. O verso “Bleeding inside of me” é sobre não saber como lidar com as questões humanas internas. Sincera, Prika disse que o refrão é o melhor já escrito pelo trio, algo que surpreendeu suas companheiras. Fernanda ainda lembrou o quanto a guitarrista estava “encanada” (no melhor sentido do termo) com o riff do refrão, criado pela baixista, sobre o qual Prika falava há algum tempo. 6) ...And Justice For Whom – Título-trocadilho com o que é dito no congresso americano, e não apenas com ...And Justice For All, do Metallica. “A mais thrash metal do álbum”, - 48 -


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8) Kill The Silence – Primeiro clipe, foi lançado em maio. A letra é da guitarrista e fala sobre abuso, não apenas físico, mas também psicológico. Carinhosamente, Prika disse que ela foi escolhida como clipe por ser uma música completa, “com refrão legal, solo legal e riffs”. 9) No Mercy – Prika explicou que a letra fala sobre um assassino frio e calculista sem sentimento. Foi a música menos comentada da sessão. 10) Raise Your Fist! – Seu início contém trechos de discursos de Martin Luther King, Malcolm X, Satyarthi Malala, Chimamanda Ngozi Adichie, Nelson Mandela e Mahatma

de acordo com Fernanda, que foi além ao dizer que algumas pessoas apenas buscam justiça em benefício próprio. A vocalista ainda relacionou a faixa com justiça em conflitos religiosos, diferenças no âmbito social e privilégios para homens (negados às mulheres). 7) Vultures – Luana tomou a frente e explicou suas linhas de bateria dizendo que são as mais variadas do álbum, por serem as mais quebradas e bem diferentes do que é usado no thrash, com influência de ritmos mais brasileiros. Fernanda discorreu sobre a letra: “Sabe gente que gosta de desgraça? Porque tem muita gente que gosta de ver fotos ou vídeos de acidentes”. São os abutres humanos. - 50 -


Gandhi. Candidata a clássico, não é difícil vislumbrar os fãs de punhos cerrados em algum show gritando: “Raise your fist! Don’t fear!”. A letra de Fernanda é sobre ativismo e luta por justiça, pelo que é certo e igualitário. 11) Fear, Violence And Massacre – Também não muito comentada, foi brevemente descrita por Prika como um símbolo do apocalipse, embora a guitarrista não conseguisse se lembrar da palavra e tenha precisado da ajuda das colegas, caracterizando um momento bem descontraído da tarde. 12) Conflict – A menor do álbum em duração, com menos de três minutos. Prika surpreendeu a todos dizendo ser sobre “guardar di-

nheiro a vida inteira e nunca curtir”, “ficar na tensão de se esperar por um futuro que pode nunca chegar”. Fernanda também pediu a palavra, destacando os backing vocals da amiga. 13) Cultura Do Estupro – Cantada em português e com letra de João Gordo, que faz participação especial na música. Sua letra começa com um engraçadíssimo: “Não tem mulher em casa, não, filho da puta?” de Gordo. Fernanda ressaltou uma curiosidade: é a única letra com conteúdo exclusivamente feminista, porém escrita por um homem. 14) Selfish Battle – Bônus track, traz Rodrigo, baterista do Korzus, e Michael Gilbert, do Flotsam And Jetsam (no primeiro solo), como - 51 -


convidados. Tem vocais limpos de Fernanda, com direcionamento mais heavy metal tradicional. Seu grito final (“Metaaaal)” provocou gargalhadas e ela garantiu não ser o Detonator. Foi composta na mesma vibe de Wayfarer (faixa mais blues, de Agony), para fazer algo diferente. Prika foi só elogios à voz de Fernanda e disse que a banda precisa explorar mais este outro lado artístico, algo que apenas não ocorre pela dedicação exclusiva das componentes da Nervosa à banda. A letra da guitarrista é uma crítica a ações egoístas mascaradas por boas intenções. Com o término da audição, abriu-se a entrevista cotetiva. Perguntadas sobre tocar ou não Cultura Do Estupro ao vivo, Prika garantiu que ela será tocada em algum evento festivo em São Paulo, mas disse que seria difícil incluí-la em um show comum sem João Gordo, por conta de sua performance única. Fernanda salientou que, de toda forma, o feminismo estaria em pauta nas turnês em Kill The Silence, por exemplo. Em seguida, o assunto foi a gravadora austríaca da Nervosa, a Napalm Records. Perguntadas sobre o que era esperado das meninas, Prika garantiu terem total liberdade criativa durante todo o processo. Fernanda discorreu sobre a via de duas mãos no quesito confiança. O próximo tópico foi a evolução no som do conjunto. A guitarrista respondeu com questões práticas como a melhora em suas palhetadas por tocarem mais vezes e citou até ter mais resistência. A vocalista lembrou cantoras que a influenciaram: Angela Gossow (ex-Arch Enemy) e Els Prins (Sisters Of Suffocation). Então foi a vez de Luana dar seu parecer no quesito ‘estreia em estúdio’ e se ela se sentiu pressionada, e a gaúcha citou gravações não-profissionais feitas para outras duas bandas antes de ingressar na Nervosa e destacou as diferenças de estilo entre ela e sua anteces- 52 -


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sora, Pitchu Ferraz, dona de um estilo mais “thrash e hardcore”, segundo Luana. Por fim, ela disse saber o que dela era esperado: “blast beat, pedal duplo e virada rápida”, e concluiu o relato com a certeza de ter colocado sua personalidade nas músicas. Também houve perguntas sobre as letras, mas focadas em quais eram as mais pessoais. Prika citou Selfish Battle: “Ela cutuca, inclusive, a minha ferida, ao falar que todo mundo é egoísta”. E Fernanda fez um contraste lembrando que suas letras foram mais sociais, diferentemente do que fez em Agony, com relatos mais pessoais. Perto do final da entrevista, a próxima pergunta foi sobre a parte gráfica da capa de Downfall Of Mankind. Luana deu mais detalhes: “As minhas capas preferidas no Brasil, quem fez foi o Hugo Silva”. Então a baterista foi bem detalhista sobre a escolha, associando o som mais dark do álbum ao trabalho do artista. Fernanda ressaltou a combinação de ideias do trio para o desenho, revelando um desejo por algo mais “sóbrio” desta vez, em oposição a Agony, que “tem um vermelhão lá”, e a Victim Of Yourself, “um arco-íris”, em tom de brincadeira sobre as cores presentes na capa. O tema derradeiro foi a apresentação que as meninas fariam com o Havok, em junho, e com o Destruction, em setembro. Fernanda salientou o quão felizes estavam por tocar com o trio alemão, algo que vem de outras tours (duas turnês europeias em 2016 e 2017), com Schmier se surpreendendo com a quantidade de fãs que a Nervosa trazia para os shows, mesmo como banda de abertura. E quanto às apresentações com o Havok, Prika esbanjou sinceridade: “Não temos um plano concreto porque ainda vamos começar a ensaiar. Só agora vamos tocar as músicas do Downfall Of Mankind juntas, pela primeira vez, porque a gente compôs à distância e gravou separada-

mente”. Fernanda, por sua vez, forneceu mais informações com a promessa de tocarem bastante coisa do álbum novo, além de clássicos. Encerrando a coletiva, Fernanda agradeceu pelo comparecimento e apoio na divulgação. Então teve início uma informal festa que, segundo a vocalista, nada mais era do que uma reunião de amigos (com João Gordo, entre eles) para celebrar o novo lançamento, que ficou rolando nos alto-falantes. Curiosamente, nossas duas rápidas perguntas foram feitas após o bate-papo coletivo e fora da sala, a fim de não causar constrangi- 54 -


mento ou qualquer outro tipo de sentimento ruim, algo descabido para o momento, evitando mais polêmicas sobre o problema entre a Nervosa e o Venom no Chile, em novembro do ano passado.

Daí veio a confusão, e assim tivemos de deixar o palco sem terminar o set. Rock Meeting: E como foi tocar com a outra parte do Venom, o Venom Inc, com quem vocês acabaram de excursionar pela Europa (a Blood Stained World Tour 2018 passou por 12 países, com 22 shows em 23 dias, entre 09 e 31/03, contando também com o Suffocation e o Aeternam)? Fernanda: Nossa... o Tony Dolan é um querido! Foi maravilhoso estar com eles.

Rock Meeting: Fernanda, o que aconteceu, na real, no show que vocês abriram para o Venom? É verdade que o Cronos queria vocês fora do palco porque ele se incomodou com o sucesso de vocês? Fernanda: Não, a organização do evento havia mudado o cronograma e não nos avisou. - 55 -


Por Samantha Feehily (Wonder Girls )

U

m estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou uma realidade chocante no Brasil: 32,3 casos de suicídio são registrados por dia no país, isto representa uma média de mais de uma morte por hora. A ideia de que o ato tem relação com doenças mentais, como depressão, por exemplo, é consolidada. Entretanto outros fatores que podem contribuir para que uma pessoa recorra ao ato. O suicídio pode e deve ser considerado um grave problema de saúde pública. O que se estima é que cerca de seis a dez pessoas, no mínimo, são afetadas de maneira direta quando ocorre o suicídio de uma pessoa próxima. Este é um comportamento determinado por uma diversidade de fatores – psicológicos, biológicos, genéticos, culturais, sociais – e por isso não pode ser tratado como um acontecimento isolado na vida de uma pes- 56 -


Foto:Yago Matheus

Thaina

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soa. Sempre vai existir uma grave fragilidade que precisa ser compreendida, pois, em geral, a decisão de terminar com a vida, independente do ponto de vista ao qual é analisado, é a consequência final de um processo de grande sofrimento. Algumas vezes a pessoa pode não desejar de fato morrer, mas sim eliminar a dor insuportável que vem sentindo. Aqueles que já tentaram suicídio em algum momento de sua vida têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente, sendo esse o fator de risco mais significativo. Também não é possível ignorar que a maior parte dos que tiraram a própria vida tinham um transtorno mental que frequentemente não foi identificado ou mesmo tratado adequadamente. As psicopatologias mais comuns que apontam um fator de risco para o suicídio incluem depressão, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade, alcoolismo, abuso de drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Por conta disso o diagnóstico correto é também uma forma de prevenir a mortalidade nessas situações. Pesquisas apontam ainda um aumento da necessidade de atenção entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativas. Falta de esperança no futuro, desespero, desamparo e impulsividade, são as emoções mais comuns que podem se associar ao comportamento suicida. O impulso para cometer suicídio pode ser transitório e desencadeado por eventos do dia a dia – recriminação, fracasso, falência. Quando uma pessoa decide terminar com a sua vida ela é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema. Existem inúmeros mitos sobre o comportamento suicida. O primeiro é de que quem ameaça, quer apenas chamar a aten- 58 -


Thaisa Carvalho

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ção. Esse é um pensamento inadequado, pois a maioria dos suicidas falam ou dão sinais sobre suas ideias de morte. Também existe um certo tabu em relação ao tema, como se verbalizar o desconforto da vida causasse um aumento do risco, porém falar com alguém pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem. A prevenção ao suicídio passa pela mesma proposta de qualquer intervenção em saúde mental. É preciso que, não só os profissionais da área da saúde, mas familiares, professores e toda a sociedade, sejam capazes de reconhecer quando um fator de risco está presente. É possível que facilitando o apoio emocional necessário para reforçar o desejo de viver, a intenção e o risco de suicídio venha a diminuir. Em geral, sentir que existe ligação afetiva com um grupo ou uma comunidade auxiliam a pessoa a lidar com a ideação suicida. Quanto maiores e mais sólidos os vínculos sociais, menor a mortalidade por suicídio.

balho, os estudos e a relação com amigos e família. Podemos dizer que a pessoa deprimida olha com uma lupa todos os problemas e dificuldades e por outro lado quase não enxerga ou minimiza as coisas boas de sua vida. “Inicie processos terapêuticos muito nova, com uns 5 anos, na época quem me levava às terapias era minha mãe, devido a agressões que eu sofria e coisas que passamos na época também relacionadas a agressão, lembro que nessa época, nós ficamos algum tempo fugindo, de um ente de nossa família, por medo, então nessa época eu comecei a desenvolver traumas os quais carrego comigo até hoje. Os anos passaram e eu parei de ir às terapias, mas as agressão e palavras que me machucavam continuavam doendo, então resolvi procurar ajuda novamente, para que eu soubesse lidar com o medo com a dor se, sentia , e até um sentimento de culpa, mesmo sabendo que eu não tinha culpa, pois eu era apenas uma criança, mas queria entender o porquê de tanto sofrimento, então iniciei as terapias, porém nunca conseguia terminar porque me doía muito, e em várias terapias eu passava mal. Uns anos após minha irmã mais velha, que também sofria de depressão, infelizmente tentou suicídio. Hoje faço terapia, a pouco tempo, porém amo minha terapeuta, consigo falar sobre todos os meus sentimentos, com ela, e tenho conseguido sair dessa maré de dor e tristeza guardada, porém nunca é fácil, mas como minha terapeuta diz: é preciso doer, para que nunca mais doa!”, diz Thaisa Carvalho, 24 anos, modelo Wonder Girls e técnica em segurança do trabalho. Pessoas com depressão têm mais chance de pensar na possibilidade de suicídio, tentarem se suicidar ou se suicidarem. Por isso é importante que familiares e/ou amigos ficarem atentos a qualquer sinal de que a pessoa

Depressão e prevenção de suicídio Esta doença causa um sofrimento intenso no indivíduo, que de repente se vê sem forças e sem energia para as atividades que realizava habitualmente. É comum o indivíduo deprimido se culpar pelo que está sentindo, achando que é preguiça ou má vontade de melhorar. Entretanto, é importante salientar que a depressão é uma doença que requer tratamento e não depende apenas da força vontade da pessoa para se recuperar. É essencial também apontar a diferença entre tristeza e depressão. Todos nós ficamos tristes de vez em quando e isso é normal. Na depressão, essa tristeza não passa e começa a prejudicar várias áreas da vida como o tra- 60 -


Thaisa Carvalho

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Debora

esteja fazendo planos nesse sentido. Muitas vezes a pessoa deprimida comenta que quer se matar e as pessoas à sua volta acham que ela está só querendo chamar a atenção. É importante entender isso como um pedido de socorro e imediatamente comunicar ao psiquiatra e psicoterapeuta para obter a orientação necessária. O suicídio é um tema tabu do qual se fala pouquíssimo. As pessoas têm, inclusive receio de perguntar a um amigo ou familiar se ele tem ideias suicidas, mesmo que suspeitem que ele esteja cogitando se matar. Em ambientes de trabalho ou universidades em que uma pessoa cometeu suicídio,

apesar do sofrimento, também se percebe um bloqueio em se falar do assunto. É como se as pessoas achassem que falar de suicídio fosse incentivá-lo e é justamente o contrário. A melhor forma de prevenir é ter abertura para falar do assunto. Quando se aborda o assunto é possível ajudar, pensar em outras possibilidades e buscar ajuda profissional. É importante frisar que em torno de 90% das pessoas que cometem suicídio apresentavam transtornos mentais e uma boa parte destes suicídios poderiam ser evitados com tratamento psiquiátrico e psicológico.

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Texto Ana Paula Soares & Mauricio Melo Fotos Mauricio Melo (Snap Live Shots)

MELHORIAS

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omeçamos nossa cobertura destacando as melhoras que o evento apresentou este ano. Sempre destacamos aqui que o Hellfest não é um festival que coloca o lucro financeiro em primeiro lugar, isso definitivamente é consequência de um evento organizado e mais, colocando em primeiro lugar o bem-estar do público e seus trabalhadores e colaboradores. Foram anos e anos comendo e respirando poeira. Quem procurar por nossas coberturas de outras edições vai saber do que estamos falando e ano passado parece ter sido o auge desse caos. O Hellfest está localizado ao norte da França, lugar onde o verão demorava a chegar e que muitas vezes, além da chuva, ainda fazia frio, algo que não acontece desde 2014, desde então o sol vem massacrando. Ano passado o poeira foi tanta que teve banda confundindo a poeira com a tradicional fumaça de gelo seco no palco. Os seguranças da barricada, que tanto se esforçam para receber o público que vem surfando por cabeças alheias, passavam horas respirando tal poeira. A solução foi simples, colocaram uma calçada justamente onde o grande público se agita, deixando o gramado circulando a pista, até mesmo para drenar a água em caso de chuva. - 66 -


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Outro ponto positivo foi o Cashless na pulseira do evento e não mais com cartões magnéticos avulsos que, no meio de tanta agitação era objeto perdido e destruído, muitos deles com créditos para comida e bebida. Sim, dentro do Hellfest pouco se utiliza dinheiro, tudo é carregado numa pulseira, a mesma que te dá acesso ao evento, e com esta se paga a bebida e comida nas praças de alimentação. Algo que sempre chama atenção é a limpeza, apesar de estar num evento de tal porte, com muitos bêbados, o chão está sempre limpo, demonstrando para o mundo que sim, é possível ser civilizado. FAMÍLIA Vale à pena destacar e até mesmo tirar a dúvida de muita gente no Brasil. Se você está pensando em participar do festival num futuro, está com mulher e filhos, dê asas a seus sonhos. Primeiro a destacar e esfregar na cara dos empresários gananciosos do mundo afora, crianças com menos de 12 anos não pagam, dos 12 aos 17 pagam meia entrada. Estas entradas não podem ser compradas antecipadas, devem ser adquiridas no dia do evento e a organização deixa bem claro que, MESMO SOLD OUT, estas entradas podem ser adquiridas o que favorece aos pais que tem seu ingresso e temem por não conseguir para filhos, sobrinhos e netos. Sim, netos! Este pode ter sido o Hellfest da terceira idade, vimos hordas de senhores (alguns com bengalas) indo ao festival. Alguns verdadeiramente rockers e outros tantos apenas curiosos querendo participar da festa que tanto mexe com sua pequena cidade de 6 mil habitantes. Por estas e outras tantas, sabemos que um festival assim não cabe em qualquer país, porque antes do investimento, antes da infraestrutura, vem a cultura, educação e respeito. - 69 -


DIA 1 – 22/06/2018 Apesar da experiência que temos no evento, e lá se vão 7 edições em nove anos (pausa para saúde em 2012 e 2013), da transformação que vimos e participamos, nosso Hellfest (You Can’t Control It) começou com o carburador sujo, pouca explosão e algo perdido no tempo. Começamos a nos encontrar por volta das quatro da tarde com o Converge que, desta vez, tocou no palco principal apresentando músicas do recém lançado “The Dusk In Us” e músicas como “Repitilian” e “A Single Tear”. É claro que não faltaram clássicos de “Jane Doe”, “Axe To Fall” com “Dark Horse” e “No Heroes”. Do palco principal fomos ao War Zone fazer nossa primeira (de muitas) visita. Burning Heads, grupo de punk rock melódico com muito êxito nos anos 90 e considerado uma lenda na França (país de origem), encontrou um vibrante público que cantou e vibrou muito com o quarteto. Destaque absoluto e habitual para o baixista JYB, com seus saltos irados. Devido ao momento e local onde nos encontrávamos, não pestanejamos diante da possibilidade de fotografar o Europe que tem um público fiel. Na sequência partimos para o palco Valley e ver os japoneses do Church Of Misery destruindo tudo. Para os que não conhecem, tenham fé nesta igreja. Abriram o set com “El Padrino (Adolpho Constanzo)”, “Make Them Die Slowly” e “Megalomania (Herbert Mullin)” e mais adiante com “Brother Bishop (Gary Heidnik). Se você gosta de Black Sabbath aí está uma boa opção só que suas músicas falam sobre assassinos em série, por isso os nomes entre parênteses. Não só quando tocou no Brasil, mas por aqui também, quando se fala de Hollywood Vampires se fala na banda de Johnny Depp - 70 -


e outras estrelas tocando um rock legal, mas sinceramente, gostamos muito do que vimos. Um “bando” de roqueiros consagrados e um ator que não tem que provar nada a ninguém, se divertindo, tocando boas músicas e dando um rolê pelo mundo. Nada mal. O setlist contou com clássicos dos Doors, Cash, Motörhead, Bowie e é claro que Aerosmith e Alice Cooper. Ou vocês acham que o titio Alice não iria cantar “Schools Out”? Com toda a qualidade que o Stone Sour tem, com todo respeito a Corey Taylor e aos excelente músicos que formam parte da formação, apesar de um show de alto nível, escutar a voz do Slipknot sem que esta saia de uma máscara é o mesmo que um balde de água fria. Mesmo assim, para os fãs, abriram com “Whiplash Pants” seguiram com “Absolute Zero” e fez o refrão ecoar aos quatro cantos do festival. Não ficamos por muito tempo junto ao Sour, o compromisso batia à nossa porta com algo mais de história e se chama Bad Religion. Não há desperdício quando se trata dos californianos. Num setlist com mais de duas dezenas de clássicos, tivemos os destaques de sempre com “Do What You Want”, “Part 2 (The Numbers Game), “Give You Nothing” e “Delirium of Disorder”, possivelmente celebrando os vinte anos do álbum “Suffer” e mais “We’re Only Gonna Die” e um repasso nos discos mais recentes além de outros clássicos como “American Jesus” e “21st Century Digital Boy”, impossível ser mais atual. Enquanto o Judas Priest marcava presença no palco principal, numa encruzilhada lateral estavam Napalm Death e Corrosion of Conformity. Foi um verdadeiro “fritar peixe com olho no gato”, mas o C.O.C. foi o gato, só ficamos de olho e o Napalm Death foi o suculento peixe, um set demolidor desde o princípio com “Multinational Corporations”, que também abre o primeiro disco da banda, “Scum”. - 71 -


Além dos clássicos como “Life” e “Suffer The Children”, tivemos covers de Anti-Cimex e Dead Kennedys e as inesperadas como foi dito anteriormente “Breed to Breath” e “Inside The Thorn Apart”. Do disco lançado recentemente (com sobras de estúdio) “Oh So Pseudo” foi a escolhida.

decepcionam. Típico show que nunca será memorável, mas passa distante de ser ruim porque é sempre bom revê-las, principalmente para os rockers dos anos 90. “Andres”, “Fast and Frightening” e “Everglade” deram o tom de nostalgia e “I Came Back to Bitch” o tom da novidade sem perder identidade. Em nossa primeira visita do dia ao Valley, finalmente tivemos a oportunidade de assistir ao 1000Mods. Com o crescimento e reconhecimento do estilo Stoner no mundo da música, excelentes bandas vão surgindo ou mesmo aparecendo após tantos anos escondidas no deserto. 1000 Mods é uma delas e fizeram um dos melhores shows do dia e do festi-

DIA 2 – 23/06/2018 Apesar de termos selecionado algumas bandas no Warzone para a manhã do sábado, somente conseguimos chegar para o show do quarteto L7. Desde seu retorno aos palcos é a segunda vez que passam pelo festival e não - 72 -


val apresentando músicas de seus três álbuns, “Super Van Vacation”, “Vultures” e “Repeated Exposure To”. Minutos mais tarde conferimos de perto a nova geração do Hardcore americano bem representado por Turnstile que chegou ao festival com um disco recém lançado, Time & Space. Assistir ao show dessa molecada é ter a certeza de que o Hardcore está em boas mãos e o futuro do estilo garantido. De volta ao palco principal e conferimos mais do que de perto o Powerflo, banda formada por integrantes do Biohazard (Billy Graziadei), Cypress Hill (Sean Dog), Fear Factory (Christian Olde Wolbers), Downset (Roy Lo-

zano) e o grande ausente da turnê, Fernando Schaefer (Wrost). Apresentaram músicas de seu único e auto intitulado álbum, uma música nova “Bring That Shit Back” e um cover do Biohazard, “How It Is” que é justamente a música que uniu por primeira vez a banda de Nova Iorque com o Cypress Hill nos anos 90. Quinteto bastante experiente e acostumado aos grandes públicos e eventos, o que os faz conduzir o set com maestria. Num encontro com a banda após o show, Billy revelou que em breve apresentará seu novo projeto, que o Biohazard não acabou, mas está numa pausa por tempo indeterminado. Já o Cypress Hill continua a todo vapor e soltando fumaça. - 73 -


Se havia dois grupos dos quais eu gostaria muito de assistir no War Zone, estes eram Terror e Madball mesmo tendo visto ambas as bandas em diversas ocasiões mas a cada visita que fazem ao Hellfest, somos obrigados a deixá-los de lado por coincidências nos horários. O que se repetiu este ano, mas não teve jeito, a visita já estava mentalizada e lá fomos nós. Scott Vogel entrou decidido a esmagar o que encontrasse por diante com um setlist de deixar a qualquer um louco. À aquela altura a nata do Hardcore estava em massa no palco. De um lado integrantes do Madball, Biohazard e Born From Pain. Do outro a molecada do Turnstile, Incendiary e Modern Life is War e até Martjin,

vocalista do No Turning Back dividiu o microfone em “Keep Your Mouth Shut” mais ou menos na metade do show. Para o início tivemos “One With Underdogs”, “Stick Tight” e “Overcome” além de “Lowest of the Low”, “No Time For Fools” e “Keepers of the Faith”. Porém, entre o Terror e o Madball fomos levados ao Body Count que, conquistando território pisou no Main Stage 2. Sim foi uma conquista baseada no caos de 2015 no War Zone, após o então pequeno palco hardcore e, possivelmente a falta de fé no público por parte dos organizadores, tenha colapsado de gente durante a apresentação dos californianos. Ninguém saía e muito menos entrava (na- 74 -


quela ocasião) e exatamente por causa disso, o War Zone ganhou nova posição, espaço, praça de alimentação e nos dias atuais é o terceiro maior palco do evento. Este ano e, como já foi mencionado, no palco principal o Body Count teve todo o merecido espaço disponível e não decepcionou. De maneira inteligente, mostrou a que veio abrindo com “Raining Blood/Postmortem” do Slayer e que faz parte do último lançamento, a rápida “Manslaughter” na sequência e a clássica “Bowels to The Devil”. Do disco anterior “Talk Shit Get Shot” foi a única presença antes de fecharem com “Cop Killer” contando com a participação especial de Sen Dog e Billy Graziadei nos vocais. Poderia ter

sido épico se tivessem tocado “Institutionalized 2014”, o semi-cover do Suicidal Tendencies. Chegamos em cima da hora, mas com tempo suficiente para confirmar as expectativas, o Madball iria colocar o War Zone de cabeça pra baixo e sacudir. Não foi um show, foi uma demolição sonora dentro do que o Hardcore e o estilo da banda oferece. Como dissemos anteriormente, já vimos os nova iorquinos incontáveis vezes, mas nada comparado a isso, pelo menos estando no local e não assistindo por internet já que o vídeo se encontra no Youtube. Lançaram o álbum “For The Cause” dias antes do festival e o público já sabia cantar - 75 -


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“Rev Up”, responsável por abrir o set. A pesadíssima “For The People” também vem aparecendo com frequência e “Heaven and Hell” foi uma das mais celebradas. Scott Vogel do Terror fez participação em “Can’t Stop Won’t Stop”. Músicas como “Set It Off” e “Smell The Bacon” se misturaram com a novíssima “The Fog” e a galera queria mais. Finalizaram em clima de festa com “Doc Martens Stomp” e a curtíssima “Hardcore Still Lives”, that’s all folks! Nota 10 de sábado no War Zone. A loucura foi tanta que temos que admitir, esquecemos do Deftones e como o caldo já estava derramado, mudamos de direção e fomos ver o que Mike Patton e Dave Lombardo tinham a oferecer com o Dead Cross já que, no Primavera Sound, fomos obrigados a abrir mão. Patton tocando hardcore é brutal e engraçado ao mesmo tempo, um experimento musical sério, mas que o próprio parece não se importar, porém no final é fodasso, muito louca como esta frase. O auto intitulado disco foi praticamente tocado na íntegra sendo interrompido somente para alguns covers, “Dirt” (Stooges), “Bela Lugosi’s Dead” (Bauhaus), uma fusão de “Raining Blood” e “Epic” (Slayer / Faith No More) e ainda “Nazi Punks Fuck Off” (Dead Kennedys). Na última hora do dia, as opções eram muitas e já não podíamos avaliar sobre se a banda era boa ou não e sim de como se locomover dentro do festival de maneira que pudéssemos, pelo menos assistir algo por completo, ao invés de dez minutos de cada apresentação como muitos optam. Gostaríamos de ter visto Avenged Sevenfold, mas o espaço físico já não nos permitia uma aproximação do palco e da área de fotógrafos, assim que decidimos por assistir ao Cro-Mags, mais uma banda lendária a visitar o festival e dando início a sua apresentação com “We Gotta Know”, um dos maiores clássicos da história do Hardcore. O - 77 -


setlist foi praticamente calcado nos dois primeiros discos da banda que, é claro, não conta com Harley Flanagan.

perto e no Main Stage 2, tudo bem que num horário complicado (meio dia), mas que contou com bom público. Pelo perfil da banda, acreditamos que encaixaria melhor no sábado junto ao Body Count, Powerflo e Limp Bizkit, mas apesar de tudo o saldo foi positivo. Uma das coisas que chamam atenção no evento é a seleção de estilos por dia. Sabemos que o War Zone, no sábado, é dominado por bandas Hardcore e algo que se estendia em menos quantidade no domingo. Porém, a domingueira agora pertence ao Rock and Roll, puro e duro. E em nossa primeira visita ao palco vimos o bom show do The Lords Of Alta-

DIA 3 – 24/06/2018 Iniciamos nossa terceira e última jornada com grande curiosidade. Voltando no tempo, mais precisamente em 2015, tivemos a oportunidade de assistir ao Comeback Kid em Montreal e, para nosso espanto, os headliners daquela noite era o Stray From The Path que destruíram tudo a sua volta. Três anos mais tarde e lá estávamos conferindo o quarteto de

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mont. Rockão com direito a teclado, topetes, caras e bocas e um punhado de boas canções. Não conhece? Pois a internet está aí para isso. Não foi nem necessário se afastar do palco, o The Bronx, banda que não víamos há anos brotou no palco e nos divertimos pacas com essa rapaziada e seus petardos sonoros como “The Unholy Hand” e “Heart Attack American”. Um set tão curto quanto intenso trazendo Joey Castillo, baterista com boas passagens em Queens of the Stone Age, Nine Inch Nails, Wasted Youth e Eagles of Death Metal, entre outras. Muito me chamava atenção aquele animal com as baquetas na mão, sensacional.

Backyard Babies foi mais uma atração que passou pelo mesmo palco e o público agradeceu. Foi a primeira das duas aparições do guitarrista Dregen que também anda quebrando um galho no The Hellacopters. “Made Me Madman” e “Dysfunctional Proffesional” deram o tom da tarde junto a “Th1rt3en Or Nothing”. O Baroness fez um show acústico devido a um problema com o baterista, mas naquele momento já estávamos posicionados para o Megadeth diante do Main Stage 1. A intenção foi boa e “Rattlehead” escolhida para abrir o fim de tarde no Hellfest, mas só escutávamos a banda, a voz só estava nas caixas de

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retorno, muita gente reclamou, mas Mustaine pareceu não perceber, continuou com o pé no acelerador e somente mais adiante, ao final de “Hangar 18” que a voz chegou ao grande público. Pelo menos a tempo de escutar Dave Mustaine dedicar algumas palavras à Vinnie Paul e tocar “My Last Words” a sua memória. O bicho foi buscar lá no arquivo de 1986, confessou que ensaiaram rapidamente porque há mais de vinte anos que não tocavam a música, puta banda! Para alegria geral do público foi a música título do álbum em questão “Peace Sells...” e “Holy Wars...The Punishment Due” que fecharam o set. Ver o nome Alice in Chains no telão sendo anunciado como próxima atração foi uma mistura de emoção e tristeza, levando para o lado pessoal, é claro. Emoção por voltar a assistir à banda 25 anos depois, ter a oportunidade de fotografar Jerry, porém triste porque Staley é insubstituível. Sua presença, sua voz melancólica e única faz muita falta no mundo da música assim como praticamente toda aquela geração de ouro que foi praticamente dizimada pelo vício. Ainda assim, William DuVall não decepciona e é claro, não tenta ser Layne. O show é bom, clássicos como “Bleed The Freak”, “Them Bones”, “Man In The Box” e “Would” são prontamente tocados além de “Check My Brain” e o fantástico riff de Cantrell. “Nurtshell” foi dedicada a Vinnie Paul antes de fecharem com “Rooster”. Enfim tinha chegado o tão esperado momento pelo grande público. Assim como em 2014, o dia em que o Iron Maiden toca no Hellfest é o dia mais lotado da história do festival. Só para chegarmos na entrado do fosso de fotógrafos demoramos 40 minutos e mais alguns insultos de pessoas que não querem arredar o pé com receio de perder centímetros de proximidade com o palco e o artista, é impressionante o tamanho da devoção. An- 80 -


tes da banda entrar em cena, uma reunião entre fotógrafos e a responsável de imprensa da banda, acontece para que a mesma explique detalhes do que vai passar antes, durante e depois da sessão. Com a casa em ordem, as lonas foram devidamente retiradas, “Doctor Doctor” soando nas caixolas, dois figurantes com roupas militares posicionados nas laterais do palco até que no telão começa uma projeção de uma das guerras mundiais e um avião Spitfire (réplica de tamanho real) surge por trás da bateria e ocupa a parte alta do palco. Com “Aces High”, Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers tomam posição liderados por um empolgado Steve Harris e contando com a força de Nicko McBrian na retaguarda abrem caminho para Bruce Dickinson surgir como uma flecha (apesar da idade), saltando sobre as caixas de retorno enquanto o avião muda de posição, literalmente sobrevoando a banda. Na sequência, com o avião já fora de cena, o pano de fundo se transforma numa montanha nevada, Bruce então troca sua jaqueta e capacete de piloto de avião por um gorro e uma jaqueta de inverno. Com “2 Minutes To Midnight” o cenário já não é protagonista e sim o sexteto. Dickinson se comunica num bom e aceitável francês, deixa seu recado contra governos e política internacional, expressa seu descontentamento. Em “The Trooper”, um gigante Eddie duela com Bruce empunhando uma espada e mais adiante uma bandeira francesa e não demora muito para o palco mudar o cenário. Em telão de alta definição aparecem uns cristais de catedral que, em lugar de pinturas sacras, são as capas do disco com o Eddie como protagonista mais uma vez. O show é único como deve ser, complicado de ficar enumerando e colocando em ordem todos os detalhes oferecidos. Agora entendemos perfeitamente a última frase dita pela responsável de imprensa antes do show, “aproveitem - 81 -


bastante, vocês são privilegiados de estar tão próximo do palco da maior banda de Heavy Metal do mundo” e assim foi. Mas não acabou por aí, havia cinco candidatos para três horas restantes de evento. The Hellacopters, Marilyn Manson, Exodus, Nightwish e Turbonegro. Uma vez mais tivemos que escolher e jogar com horários exatos, distância entre palcos e facilidades para fotografar, já que não basta apenas ter um passe de fotos pendurado no corpo, temos que contar com que alguns artistas limitam a entrada e/ou limitam a quantidade de músicas para registrar as imagens. Dentre as opções, escolhemos o The Hellacopters para tirar o peso das costas. Há alguns anos, quando os suecos anunciaram seu fim, a turnê passou por Barcelona e numa distração acabamos ficando de fora. No esperado retorno e dentro do Hellfest, era um show a ser visto. Porém, ao coincidir com Iron Maiden, ou melhor, os últimos minutos do Maiden, o público não foi o esperado considerando a badalação da banda. Mesmo assim, o War Zone possuía um número aceitável de fãs que vibraram com “Hopeless Case of a Kid in Denial” do aclamado “High Visibility” e pegando firme com “You are Nothing” com Dregen em sua segunda aparição do dia, largando uns riffs pra lá de irados. Lembrando que Nicke Andersson foi guitarrista da melhor fase do Entombed antes de embarcar em definitivo com o Hellacopters. Também notamos uma ponta de estrelismo no cidadão. Tudo bem, um grande músico, uma banda muito legal, um retorno “por todo lo alto” como dizemos aqui na Espanha, mas nas mesmas condições ou até melhor posicionados se encontram muitos outros dentro do mesmo festival e com menos estrelismo. É isso, um músico está ali para tocar música e não para ser simpático e nesse quesito o cidadão mostrou a que veio. Fecharam o set com dois clássicos, “By - 82 -


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The Grace of God” e “(Gotta Get Some Action) Now!”. Em nossa última visita ao Main Stage conferimos de perto o grande personagem Marilyn Manson e sua legião de fãs. Nós conferimos de perto, mas algumas de suas fãs conferiram ainda mais, totalmente no palco. Primeiro umas meninas com cartazes com números durante a música “Kill 4 Me” e mais adiante um outro grupo que mostravam os

seios também fez parte do cenário, as individuas foram escolhidas a dedo pelo lorde Manson para dançarem para ele enquanto interpretava “The Dope Show”, elas adoraram. Por distância e tempo o Exodus já estava descartado, restava o show de encerramento que, buscando na memória, lembramos do excelente show que o Turbonegro ofereceu em 2014. Foi tão bom que em 2016 pisaram no Main Stage 2, assim como o Body Count este ano, mas a quí- 84 -


negro quando encerram o Hellfest e com músicas como “Part 2: Well Hello” e assim como no atual lançamento “Part 3: Rock N Roll Machine”, mas o bicho pega mesmo com “All My Friends are Dead” e “Wasted Again”. Em qualquer festival que você participar, se o Turbonegro estiver não pense duas vezes, se for encerrar o evento então, prepare-se. Hellfest 2019... HERE WE GO MOTHERFUCKERS!

mica não funcionou tão bem naquela ocasião, o que os devolveu ao reformulado War Zone para esta edição e tudo voltou à normalidade. Quando falamos em normalidade falamos em loucura, aquela energia que o público guardou para o apagar das luzes, que talvez esteja sobrando em uns e faltando em outros, tudo é esquecido, cervejas são lançadas ao ar, pessoas ficam nuas, cantam e dançam como não se tivesse amanhã. Tudo isso faz parte do Turbo- 85 -


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Texto e Foto Bruno Sessa

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noite paulistana recebeu no, último dia 15 de junho, no Espaço 555, duas bandas da nova safra do Thrash Metal em turnê conjunta: de um lado o power trio brasileiro Nervosa, e de outro, a banda americana que vem se destacando cada vez mais no gênero, o Havok. A produção ficou por conta da LineUp Shows, que prometeu três horas de brutalidade e caos, começando com a banda Nervosa, formada por Fernanda Lira, Prika Amaral e Luana Dametto. Divulgando seu recém lançamento, o pesado “Downfall of Mankind”, gravado pela Napalm Records, a banda iniciou seu show com a faixa de abertura do álbum: “Horrordome”, na sequência “...And Justice From Whom” e “Death”, do debut “Victim of Yourself”. A presença de palco agressiva mostra o poder feminino da banda paulista que quebra vários estereótipos em seu show, apresentando um setlist pesado do início ao fim, com músicas que percorrem por seus três álbuns lançados. A Nervosa passou toda a energia para o público, que correspondeu com diversos stage - 88 -


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diving e rodas de bate-cabeça, freneticamente por todo o show. Os americanos do Havok retornaram ao Brasil para apresentar a turnê de divulgação do seu novo álbum “Conformicide”. Formada por David Sanchéz (vocal/guitarra), Reece Scruggs (guitarra), Pete Webber (bateria) e Nick Schendzielos (baixo), escolheram a faixa “Fatal Intervation” para abrir o show, regado a pancadaria do inquieto público que recepcionou muito bem a banda, que demonstrou também o mesmo entusiasmo, dando sequência com “Hang´Em High” e “Prepare for Attack”. A faixa que abre o novo álbum “F.P.C.” aborda o tema de dominação e controle da mente, sendo executada de forma conceitual, mostrando o domínio técnico dos integrantes com seus instrumentos. Não perdendo o ritmo por nem um minuto, o público caótico formava mais rodas pela casa de shows, e a banda deu continuidade com o momento propício de destruição, tocando as pesadas: “Out of my Way”, “Covering Fire”, “Point of Return” e “Ingsoc”. O Havok fez um show rápido, cru e intenso, assim como é representado um show desse estilo, e com as músicas “From the Cradle to the Grave” e “Intention to Deceive”, completando 11 faixas no setlist, finalizaram a apresentação, que durou pouco mais de uma hora. Ambas as bandas são responsáveis pela renovação da cena Thrash no mundo, e fazem seu papel em apresentar um show conciso, com todos os elementos necessários para uma noite carregada de peso e metal, cumprindo com a promessa proposta pela produção de apresentar mais de três horas de música de qualidade.

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Texto e Foto Mauricio Melo e Snap Live Shots

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ntão, já entramos nas badalações dos festivais de verão europeu mas... Não só deles vivemos e documentamos nesse momento. Uma semana antes do Hellfest, o Vitamin X passou por Barcelona e por Montornés del Vallés. Melhor, colocando em ordem os acontecimentos. A banda holandesa de Hardcore Vitamin X foi convidada para tocar num festival gratuito do estilo e já que estavam nas redondezas esticaram até Barcelona um dia antes e tocaram no Ceferino, um local pequenino que muitas vezes recebe a cena local ou alguma banda underground que passa pela cidade mas que para o Vitamin X foi pequeno até demais. Como tudo foi um pouco no improviso, com direito a instrumentos emprestados para o set, o Ceferino foi único local disponível para o show, assim que vamos lá. A abertura da noite ficou por conta de Zombi Pujol, que apesar das letras em espanhol e catalão, faz um perfil do bom e velho Dead Kennedys. Não me espanta devido à idade dos integrantes. O destaque fica por con-

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também mas há algo diferente, algo mais trabalhado talvez, mas nada que interfira no estilo da banda. Músicas como “No One” e “Modern Man” funcionaram muito bem. Mas a galera perde a linha mesmo com “You Suck”, “About The Crack” e outras mais antigas como “Bad Trip”. O quarteto colocou o Ceferino a prova de fogo, tinha gente se pendurando nas (poucas e humildes) luzes que iluminam o palco, perderam a linha, perderam camisas, chaves e carteiras mas pelo menos as luzes ficaram por lá. No dia seguinte, pegamos estrada e vi-

ta de Jordi Amatller, velho conhecido da cena Punk/Hardcore de Barcelona, DJ e um dos proprietários do conhecido Estraperlo Club del Ritme, lugar de tantas alegrias e coberturas fotográficas feitas por nós nos últimos dez anos. E com os holandeses a coisa flui com força total. A banda chega com um bom lançamento, “Age of Paranoia”, com quase tudo o que o Vitamin X apresentou nos últimos dois discos. O disco novo leva como único compositor Marc Emmerik e talvez aí esteja a diferença. Os riffs de guitarra estão lá, a rapidez - 96 -


sitamos Montornés del Vallés, uma cidade pequena muito próximo a Montmeló, município mundialmente conhecido por causa do circuito de Formula 1. Em Montornés, a juventude envolvida com a cultura e contando com o apoio da prefeitura local, organizou pelo terceiro ano consecutivo El Vallés Escrema Fest, um festival gratuito. A grande bola fora foi que um outro festival foi organizado no mesmo dia com uma série de bandas de Death e Thrash Metal o que, possivelmente, foi o responsável pelo reduzido público que prestigiou as bandas que por ali passaram. Nem mesmo mú-

sicas como “Full Scale Assault” e a sugestiva “Get in the Pit” foram suficientes para animar a galera que parecia deslocado com o Vitamin X. Somente em reta final com “Better Get Away” e “Pressure Release”, ambas de “Full Scale Assault” que houve uma rápida conexão e uma postura bastante diferente daquele do início do set e até mesmo um cão passou por duas vezes correndo pelo palco. Como me comentou o baixista antes da apresentação, “hoje será uma daquelas noites meu amigo, uma daquelas...” E foi! - 97 -


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Texto Pei Fon | Foto Raphael Castejon

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unca é demais exaltar o Metal Nacional e desta vez as salvas vão para o Torture Squad. Vimos uma brecha na agenda e agarramos com unhas e dentes. Batemos um papo com o Castor e a Mayara Puertas sobre muitas coisas. Política, cena underground, canto, lançamentos e o futuro. Acompanhe! “Far Beyond Existence” tem quase um ano de lançado. O que vocês têm colhido dele? Como tem sido a resposta da galera? Castor: O “Far Beyond Existence” tem repercutido muito bem! Fizemos turnês no Brasil e América do Sul e tivemos uma ótima aceitação! A reação do público em relação as músicas dele ao vivo estão sendo bem aceitas! Assim que FBE foi lançado vocês caíram na estrada. Um mês rodando pelo país, enxergando algumas realidades. Diante de tudo o que viram, qual é o paralelo que fazem das mais diversas realidades do Brasil? Castor: A cena underground brasileira está - 100 -


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mais forte do que nunca! Os organizadores e os headbangers tem provado que é possível fazer turnês nos moldes em que são feitas no exterior, tocando de segunda a segunda, levando todo o equipamento e equipe técnica. Já fizemos dois no Brasil e dois somente no interior de SP nesses moldes e todas foram espetaculares!

no nosso país, pois sempre acreditamos na nossa cena! Prestes a completar 30 anos de carreira, vocês já viram de tudo. O tempo é um bom medidor para mensurar o que deu certo e o que não. Então, o que deu certo e o que não nessas três décadas de TS? Castor: Na minha opinião, o TS sempre procura solução para os objetivos. Não ficamos reclamando da cena ou disso ou daquilo. Sempre caminharmos com as nossas próprias pernas, fazendo de tudo para alcançar os nossos

Essa ‘roadtrip’ do Torture Squad seria um formato que a banda pode adotar toda vez que lançar um novo álbum? Castor: Com certeza! Isso sempre foi uma meta pra gente, poder fazer uma turnê assim - 102 -


apenas a existência não supre, é preciso começar a viver? Castor: Sempre tive em mente que o universo é muito além da nossa existência, nunca achei certa essa teoria de que somos os únicos seres inteligentes dentro desse universo vasto. Existem muitas provas que contradiz essa teoria. “Far Beyond Existence” fala de um lado da soberba do ser humano, de se achar o mais poderoso do que tudo e todos, degradando a natureza e não respeitando nada , nem a própria raça! Somos pequenos demais perante a natureza e ao cosmos! E muitos infelizmente não enxergam isso!

objetivos, pode ser que o resultado seja imediato, a longo prazo ou mesmo ainda esteja distante, nós continuamos sempre na busca. Se algo errado acontece a gente aprende com o próprio erro. Não desistimos quando algo não deu certo ou da maneira que planejamos, apenas procuramos outro caminho e continuamos na batalha! O TS está vivo até hoje é pelas próprias pernas e atitudes, isso pra mim já é uma grande vitória! “Far Beyond Existence” é carregada de significados. Para vocês o que vai além da existência? O que seria existir? Ou - 103 -


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Como há um ‘recado’ para os políticos no FBE, como vocês enxergam o atual momento vivido no Brasil? Costumam se posicionar? O Metal tem que escolher algum lado da discussão política? O que vocês pensam a respeito? Castor: A última faixa do álbum “ You must proclaim” (Você deve proclamar), fala sobre essa corrupção desenfreada que nosso país sofre. Minha posição sempre é ver o lado do cidadão do bem, daquele que trabalha, rala, se fode pra não ter segurança, transporte decente, saúde e educação... E sempre acaba sendo vítima dessa situação toda! O Metal sempre teve essa atitude, digo de ficar sempre ao lado do povo, acho que quem realmente vive e entende a filosofia do Metal será a favor do cidadão do bem! Esse é o meu ponto de vista. May, hoje está muito difundido o canto mais grave, gutural entre as meninas. Quais são os cuidados que você tem com a voz? E o que você diria para elas sobre esse formato de canto? May Puertas - Bom dentro desse aspecto tenho duas visões: a de headbanger e profissional da voz. Como headbanger a curiosidade de aprender um estilo novo de voz foi o que me motivou a aprender tentando imitar vocalistas que eu admirava, como George Fisher, Nergal, Peter Tägtgren... Nós fazemos ruídos guturais no nosso dia a dia, só não nos damos conta disso. O segundo passo pra mim, que me ajudou muito, foi me espelhar em sons de animais... Pense em um grunido de um cachorro muito bravo por exemplo! Haha... Tente imitar o ruído. Depois adicione palavras curtas... Depois frases, assim por diante, deixe seu lado extremo falar por você! Sem medo de se machucar, vai ser estranho no começo, mas você precisa deixar seu lado extremo falar! Nosso corpo está apto a reproduzir diversos tipos de sons - 105 -


através da voz, e você deve sempre se lembrar que há um conjunto de músculos trabalhando para isso. Agora estou falando como profissional da voz: Os vocais extremos exigem uma musculatura forte e flexível, e assim como qualquer outra prática física o preparo deve ser gradual, aos poucos. É preciso buscar conhecimento da musculatura na região da laringe, praticar exercícios para tonificar o músculos e também treinar sua respiração, é extremamente importante ter controle do ar. Ter tantas mulheres cantando este estilo vocal serve de segurança para quem quer começar nessa prática, pois a ideia de que só homens conseguem produzir sons graves e vozes agressivas foi derrubada há muito tempo. Você precisa treinar seus músculos, conhecer seu corpo e se espelhar em quem já faz bem feito! Se inspire nos melhores! E sempre que puder, registre seu progresso e divulgue! Eu gravava covers de Deicide com um microfone de “skype” e colocava num soundcloud sem pretenção nenhuma, e dessa maneira recebi convites para participar de várias bandas. Canto este estilo a mais ou menos sete anos. No Torture Squad fazemos muitos shows, então para mim é essencial exercícios que também relaxem a musculatura pós show para que não fique sobrecarregada. Em turnês evito álcool, me mantenho agasalhada e converso o mínimo possível. Você pode trocar cordas de guitarra caso elas estejam gastas, mas não vai poder fazer o mesmo pela sua vóz, então preserve-a!

Recentemente vocês fizeram uma tour pela Colômbia, Equador, Chile, Bolívia e Peru. No entanto, foram impedidos de sair da Colômbia, com isso cancelando três datas no Equador. Qual foi o pensamento que tiveram? Fale um pouco para nós sobre esse momento tenso que vivenciaram. Castor: O presidente acéfalo de lá tomou essa decisão sem pé e sem cabeça de fechar as fronteiras do país por quatro dias antes das

Não sei se é cedo, mas já estão pensando em algum material novo? Ou a continuidade do FBE é o pensamento de hoje? Castor: Já temos uma música pronta para o próximo álbum , mas os planos para lançar outro álbum ainda está cedo na nossa opinião. - 106 -


do Torture para 2018? Muito obrigada, sucesso sempre! Castor: Estamos para iniciar uma turnê europeia no mês de agosto, assim que possível vamos divulgar as datas e cidades. E para finalizar o ano, vamos celebrar os 10 anos do álbum “Hellbound” com uma turnê brasileira que está sendo planejada pra começar em outubro e finalizar em dezembro, tocando o álbum na íntegra!

eleições e comunicou isso a todos praticamente um dia antes! Isso infelizmente acarretou no cancelamento de quatro datas no Equador. Ficamos num hotel em Ypiales cidade que faz fronteira com o Equador, sem poder fazer nada, isso foi um absurdo, decretar algo assim de uma hora pra outra! Somos estrangeiros lá, não temos nada a ver com as eleições do país! Lastimável! Para finalizar, o que podemos esperar - 107 -


Amorphis - Queen of Time

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Anthrax - Kings Among Scotland

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Riot V - Armor of Light

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Orphaned Land - Sahara & El Norra Alila

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Foto: Urbhan Fotografia

Sacrificed - Enraged

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Sepulcro - tHE uNDERWORLD sYMPHONY oRCHESTRA

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Uganga - Manifesto Cerrado

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Tributo ao Harppia - Flight Without Back

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Dimmu Borgir - Eonian

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Texto Edi Fortini | Foto Bruno Sessa

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oda diversidade importa! O domingo de 3 de junho foi muito importante para a cidade de São Paulo, pois foi realizada a 20ª Parada do orgulho LGBT. Em tempos de repressão como os atuais, devemos de todas as formas possíveis celebrar a diversidade, seja ela na música, no estilo de vida, no gênero e em todas as formas de manifestação. Junto a tantas cores, a cidade de São Paulo também deu espaço a um evento de grande diversidade sonora e cultural, o Odin’s Krieger Fest, no Tropical Butantã. E nos metrôs era possível ver uma enorme diversidade de cores, bandeiras, bem como também de faunos, anões, piratas, diversas criaturas da natureza e homens e mulheres vestidos em estilo medieval, cheios de cores, histórias, alegria e orgulho, como sempre deveria ser em todos os dias. Esta edição do Fest teve como headliner o retorno do Faun (Alemanha), e também pela primeira vez no Brasil, o Metsatöll (Estônia). Para abrir os shows, os brasileiros do Terra Celta de Londrina e a Confraria da Costa fize- 120 -


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ram as honras da casa. Além de São Paulo, o festival também aconteceu em Curitiba e Porto Alegre. O espaço do Tropical Butantã se mostrou perfeito para o evento, pois além da pista para os shows, também conta com um mezanino onde acontece o tradicional “mercado viking” com exposição e vendas de produtos medievais. O evento também contou com um espaço open bar. Iniciando a tarde, os curitibanos da Confraria da Costa trouxe sua música nômade, numa performance muito divertida que mesmo com o pouco público que ainda estava chegando, fez muitas pessoas dançarem. Em seguida, o Terra Celta trouxe todos à pista tocando o já famoso tema do seriado La Casa de Papel, “Bella Ciao”, deixando o público enlouquecido, cantando e brindando. O carisma do grupo e a bela qualidade musical fez com o que o show ficasse marcado. Na sequência, com a casa já bem cheia, foi a vez dos estonianos do Metsatöll mostrarem seu folk metal e vimos ali um show muito forte, cheio de energia e boa música. Algumas pessoas até arriscaram a cantar em estoniano. A banda é formada por Markus “Rabapagan” Teeäär (vocais, guitarra), Lauri “Varulven” Õunapuu (vocais, guitarra, flauta, torupill gaita-de-fole estoniana -, kannel e outros instrumentos tradicionais), KuriRaivo — baixo e vocais e Atso (bateria e vocais). A performance do grupo é muito boa, mas Lauri rouba a cena com seu vocal versátil e forte e seus instrumentos folclóricos. Fechando a noite em grande estilo, os super aguardados alemães do Faun trouxeram sua magia germânica para o local, deixando todos em transe, ora cantando as músicas, ora dançando (cada um a sua maneira), ora ambos. Com quase 30 anos de carreira, a banda hoje conta com Fiona Rüggeberg (vocais, flautas, - 122 -


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gaita de foles), Oliver “Sa Tyr” Pade (vocais, harpa), Stephan Groth (vocais, flauta), Rüdiger Maul (bateria), Niel Mitra (sintetizador) e Laura Fella (vocais, tambor) e trouxe músicas já conhecidas como “Wind & Geige”, “Rhiannon”, bem como músicas de seu mais recente trabalho, “Midgard” e “Luna”, como “Odin”, “Hymne der Nacht” e “Walpurgisnacht”. Foi uma noite deliciosa, divertida, cheia de magia e boa energia, como o festival já é conhecido por celebrar! E viva a diversidade!

Setlist Faun 1. Andro 2. Wind & Geige 3. Alba 4. Walpurgisnacht 5. Hymne der Nacht 6. Drehleier Intro 7. Blaue Stunde 8. Odin 9. Pearl 10. Zeitgeist 11. Feuer 12. Iduna 13. Rhiannon Bis: 14. Wenn wir uns wiedersehen 15. Diese kalte Nacht

Setlist Metsatöll 1. Külmking 2. Metslase Veri 3. Must hunt 4. Küü 5. Kivine maa 6. Vaid vaprust 7. Saaremaa vägimees 8. Tõrrede kõhtudes 9. Roju 10. Merehunt 11. Veelind 12. Kuni pole kodus, olen kaugel teel 13. Tuletalgud 14. Vimm 15. Metsaviha 2 16. Lööme mesti 17. Minu kodu

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Texto Pei Fon | Foto Minko Minkov Tradução Renata Pen

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ssa entrevista vem do Leste Europeu, mais precisamente da Bulgária, país que sabemos pouco o que acontece por lá no que tange o Heavy/Rock. No entanto, achamos uma banda bem interessante, vocal feminino, Heavy Metal, para quem curte o estilo é uma boa pedida. Conversamos com a vocalista Stela Atanasova sobre muitas coisas. Sugiro que acompanhe! Como esse é o nosso primeiro contato, por favor, apresentem-se para os nossos leitores. Olá! É um grande prazer para nós darmos uma entrevista para os leitores da revista Rock Meeting. Nós somos a banda Metalwings da Búlgaria. Nosso estilo é considerado como symphonic/gothic/power metal feminino. A banda foi fundada em 2010 e nesse tempo conseguimos lançar um EP “Fallen Angel in Hell” e um álbum completo chamado “For All Beyond”. Dentro da nossa música, apesar dos elementos clássicos, nós usamos bastante instrumentos como a viola elétrica e flauta irlandesa, medidas desiguais e pitadas folk. - 128 -


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MetalWings acaba de lançar seu primeiro álbum. Apresente para nós “For All Beyond”. Este album é muito especial para nós, não apenas porque é o primeiro álbum completo, mas também porque nós fomos capazes de gravar 10 músicas incríveis. Cada música é diferente e bonita, e você dificilmente pode escolher uma favorita porque cada uma combina uma mensagem, energia e beleza de um modo diferente. Uma das músicas mais bonitas do álbum para mim é a música “For all Beyond”, na qual, apesar de ouvir um dueto inspirador entre eu e Max Morton, você ouvirá o verdadeiro poder

e beleza da Sofia Session Orchestra. No álbum nós incluímos uma música em bulgaro, e esperamos que agrade aos fãs, tanto da Bulgária e quanto de fora, porque esta é nossa primeira música em nossa língua nativa. Este albúm é diferente por muitos motivos, mas deixo nossos fãs decidirem e sentirem as emoções do jeito deles. Vocês são da Bulgária. Nós brasileiros sabemos pouco da cena local. Fala para nós como é a cena búlgara de Heavy/ Rock. O que eu posso dizer sobre a cena metal na - 130 -


Foto: Nymphaea M. photography

Bulgária é que muitas bandas boas estão lutando por seus lugares ao sol. O mercado para este estilo de música na Bulgaria não é muito grande, então é difícil conseguir fãs e público, mas como pode ter ouvido, o público aqui é muito devoto e sincero, e uma vez que tem a atenção deles, isso permanece em seus corações. Eu não diria que a mídia ajuda as bandas de metal, mesmo assim as bandas estão indo bem e sobrevivendo a sua maneira, mas agradecemos realmente a internet, muitas portas se abriram no nosso caminho. Há uma fome por metal e rock na Bulgária, mas esta fome é direcionada mais as bandas de fora do que as

nativas, mas eu não acho que a situação aqui seja diferente a dos outros países. Sempre tem uma resistência aos novos estilos e bandas, e o começo é sempre difícil, mas se você é teimoso o bastante, e quer mesmo a coisa, ela acontece cedo ou tarde. A banda foi fundada em 2010 por Stela. Oito anos depois lançam seu primeiro full. Ao que atribui a levar esse tempo para lançar um play de inéditas? O tempo como você sabe é uma magnitude relativa. Por muito tempo, algumas bandas lançam três álbuns, outras não fazem nada. O - 131 -


coisa boa. Eu sou musicista clássica. Tenho estudado viola, cantando opera e piano. Sempre amei música clássica, assim como rock e metal também. Acho que pegar o melhor dos estilos você pode adquirir algo incrível. Sempre quis compor e isso fez com que ficasse feliz e satisfeita. Não há nada melhor do que ouvir e ver como as pessoas experimentam sua música e como consegue tocar o coração delas.

lançamento de um álbum não deveria ser um fim. Eu acho que um álbum deveria ser lançado quando há muitas músicas boas e a banda está em forma – pronta para dar tudo de si. Separado do novo álbum, claro, nós não paramos de criar músicas novas e eu espero que nosso próximo álbum venha assim que possível. Stela como surgiu a ideia de formar uma banda? E como foi a sua introdução na música, uma vez que você toca violino? Quem te inspira? Criar uma banda é bem fácil. O difícil é mantê-la e todas as dificuldades para continuar. A ideia da banda foi espontânea e foi só uma outra maneira de colocar sua energia em uma

Brasil. Estamos distantes por quilômetros, porém não existe distância com a internet. O que vocês conhecem do nosso país, música, cultura? O que eu sei com certeza sobre o Brasil é que nós temos que visitá-lo assim que possível, porque o que lemos sobre o seu país é de im- 132 -


Então, preparem-se pra gente! Na faixa “A Wish” pergunta ‘Como você pode viver sem ter um sonho para a sua vida’? Você viveu essa situação, conheceu alguém assim? Existe um personagem? Uma pessoa sem sonhos se torna o quê? Minha questão nesta música “How can we live without any dreams of your life” é mais focada nas pessoas que perderam sua fé e seus sonhos. Vejo tanta gente todo dia. Eu ando com elas nas ruas, vejo o vazio em seus olhos e isso me deixa triste. Por isso eu peço este heroi lírico – Como é possível viver se não há sonhos? Um homem sem sonhos é como um pássaro sem asas. Você pode andar, trabalhar, um dias vão passando, mas sua alma está presa no esquecimento e na tristeza. Sem sonhos, nosso mundo é vazio e cinza. É por isso que a música é um desejo de mudança e para fazer as pessoas lembrarem seus sonhos. Top 5. Quais seriam as cinco bandas que inspiram o som do MetalWings? Fale um pouco sobre elas. Posso dizer as cinco bandas que nós adoramos ouvir, mas não posso dizer que ouvir uma banda em especial influenciou nossa música. Gosto de ouvir Nightwish, os caras do Dream Theater, Slayer, Dimmu Borgir e Wasp.

pressionar. Os estilos, nós sabemos sobre o samba e a Bossa Nova, e a primeira banda que vem na cabeça é Sepultura. Não consigo ler todas as mensaqens que chegam do Brasil e nós prefirimos checar tudo como nossos próprios olhos quando tivermos a chance de tocarmos por aí.

Para finalizar, quais os planos da banda para 2018. Muito obrigada e sucesso! Em um future próximo, pretendemos lancer nosso terceiro clip official – Vai acontecer no outono. Nós também começamos a trabalhar em novas canções. Também estamos planejamos uma viagem curta a países próximos a Búlgaria. Obrigado por esta entrevista. Desejamos a vocês sucesso e saudações para o Brasil!

Como está sendo a repecursão do “For All Beyond”? As resenhas para este álbum estão ótimas. Elas continuam a vir e eu adoro. Ter tantas resenhas positivas sobre o seu álbum, escritas por jornalistas e críticos de todo o mundo é incrivel. Sentimos satisfeitas e muito felizes com isso. Mesmo este sendo o primeiro play e ainda lançaremos álbuns melhores e mais fortes. - 133 -


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Texto e Foto Edi Fortini

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os dias 9 e 10 de junho, os ingleses do New Model Army estiveram no Brasil para dois shows no Fabrique Club, em São Paulo. Formada na década de 80, os ingleses passaram 8 anos sem vir pelo Brasil, mas dessa vez foi diferente: eles vieram não somente para um, mas para dois shows com setlists diferentes apresentados para deleite dos fãs que compareceram em peso nessas duas noites. Com uma carreira extensa que conta com 14 álbuns de estúdio lançados, essas duas noites com repertório diferentes foram mais do que especiais aos fãs sedentos dos ingleses que cultivam uma importante trajetória no rock alternativo inglês. Atualmente a formação da banda é: Justin Sullivan (guitarra e voz), Michael Dean (bateria), Dean White (teclado), Marshall Gill (guitarra) e Ceri Monger (baixo). Os clássicos do grupo, como “51st State”, “Vagabonds”, “No Rest”, “The Hunt” (regravada pelo Sepultura), “Purity” e “Here Comes The War” estiveram presentes, assim - 136 -


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como músicas de seus últimos álbuns, “Between Dog and Wolf ” (2013), “Between Wine and Blood” (2014) e “Winter” (2016). Sempre pontuais, a performance ao vivo da banda continua digna de ser apreciada com olhos famintos. Justin Sullivan é um frontman excelente, sua sede por música e arte se mostra aos poucos minutos no palco e hipnotiza os fãs. Nas duas noites, a banda de “surf punk” Os Brutus se encarregou de abrir os shows da noite, trazendo uma deliciosa mistura de surf music e punk rock que fez muito bem seu papel de esquenta para os shows. Foi uma ótima escolha Setlists das duas noites:

5. Believe It 6. Burn the Castle 7. Pull the Sun 8. Red Earth 9. Better Than Them 10. Stupid Questions 11. Between Dog and Wolf 12. High 13. Ballad of Bodmin Pill 14. Poison Street 15. Fate 16. The Hunt Bis: 17. 51st State 18. I Love the World

9 de junho 1. Stormclouds 2. Orange Tree Roads 3. Winter 4. Here Comes the War 5. Devil’s Bargain 6. Guessing 7. Angry Planet 8. Born Feral 9. No Rest 10. 51st State 11. The Hunt 12. Purity 13. Wonderful Way to Go 14. Green and Grey 15. I Love the World Bis: 16. Vagabonds 17. Get Me Out 10 de junho 1. 225 2. Lights Go Out 3. March in September 4. The Charge - 138 -


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Texto Samantha Feehily | Foto Divulgação

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epois do sucesso do último Cd “Instinto Ruim”, Worst passa por mudanças na formação, mas o peso e a agressividade continuam, Aliás, em conversamos, com o Thiago Monstrinho, vocalista da banda que assegura, “esse novo play está animal!”. Em meio do caos da cena pesada no Brasil que não é valorizada, a banda se destaca e grava novo full no estúdio dos consagrados do metal nacional, Eros e o Rodrigo do Korzus. “Foi uma experiência única! Simplesmente animal! Eles agregaram demais na produção,

na energia, na experiência que eles têm. O clima foi muito foda durante todo o processo da gravação do disco. Sem contar que são dois grandes amigos e músicos que eu admiro demais”, diz Thiago. O novo CD marca a estreia dos novos integrantes, Renato Romano na guitarra e Bruno Nicolozzi no baixo, e uma fase mais madura da banda. “Eu diria que a palavra é maturidade. O diferencial é que vai contar com faixas em inglês, três em português e uma instrumental. É um disco ao mesmo tempo técnico para - 140 -


Foram dois meses de composições e três ensaios por semana. O Renato tinha acabado de entrar na banda, nós três nos internamos, eu ele e o Fernandão. O Fernandão e eu sempre fizemos a maioria dos riffs de guitarra, a gente inventa os riffs e canta na boca e os guitarristas tocam, nesse disco não foi diferente, mas o Renato veio com muitos riffs brutais, o que somou e agregou demais nas composições. Depois o Bruno entrou na banda semanas antes de entrarmos em estúdio, então eles fizeram uma mini clínica de cordas e deixaram tudo no esquema para arrebentarem no estúdio. As músicas do álbum Deserto estão muito mais maduras, as letras também. Gravamos tudo com muita calma, e tudo foi feito com muita cautela, com muito carinho nos detalhes, leads, linhas de voz, timbres, tudo! Estamos muito felizes com o resultado desse álbum” afirma. Em outubro a banda se prepara para mais uma tour fora do país, “vamos no final de setembro e voltamos final de outubro, vai ser a maior tour que já fizemos. Estamos agora na agência Hermano Booking, o que nos resultou um salto muito significante na estrutura da banda e temos agora um respaldo muito maior do que tínhamos antes. A primeira vez que fomos eu fiquei em choque de ver o número de fãs na Alemanha, França, República Tcheca, Bélgica, todos cantando todas as músicas (tudo errado rsrs) em português. E o mais impressionante é que eles falam que preferem em português do que inglês, dizem que a nossa língua é agressiva. Portugal e Espanha me senti em casa, todo mundo conhece todas e se emocionam com as mensagens que passo nas letras. Mas a verdade é que eu estou bem ansioso para ver como vai ser a reação do público quando ver as letras em inglês do novo álbum. No Brasil faremos a tour de lançamento, pro-

caramba e maloqueiro demais. A saída dos ex integrantes se deu por conta de momentos mesmo, eles estavam em outra fase, mas continuam sendo nossos irmãos. O Renato e o Bruno entraram com sede de sangue, chegaram com os dois pés na porta, sem contar que são músicos extremamente técnicos, velozes e conseguem aplicar tudo que a gente sempre quis fazer musicalmente no Worst” comenta Monstrinho. Sobre o novo Cd, Thiago é categórico, “foi o disco que fizemos em tempo mais curto. - 141 -


Foto: Jozn Head

vavelmente, fim de agosto e começo de setembro. Vamos viajar bastante o brasil esse ano”, confessa Monstrinho. Em seis anos de banda é notória a evolução, e o vocalista sabe das diferenças e fala com amor sobre essa transição. “A palavra de ordem é maturidade. Eu sempre fui baterista, mas sempre quis ser frontman, no começo escrevia as letras com o puro ódio e revolta que vivia no momento, tudo amadurece com o tempo, toda banda. A galera gosta muito daquela fase. Viver de música no Brasil é difícil, nosso país tem pouco incentivo à musica pesada, qualquer imbecil faz uma letra ridícula de música popular e vende muito, rebolando rabo na tv e fica milionário. Porém, só conseguimos

viver porque nunca desistimos, aqui tiramos leite de pedra, e nosso som atingiu um público imenso fora do Brasil, então isso para gente é extremamente importante, porque hoje tocamos mais fora do que aqui. Eu estudei muito uma mestra do vocal que se chama Melissa Cross, e agora estou fazendo aula com uma professora incrível chamada Magali Mussi, ela tem me ajudado muito, tenho estudado muito respiração, nossa garganta é um músculo que precisa ser treinado diariamente, faço muito aquecimento antes de gravar e em shows” destaca. E finaliza prometendo “preparem-se para o melhor disco de todos que vai vir, espero que se espanquem muito!”. - 142 -




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