Rock Meeting N º 100

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Conquista O ano nem começou direito e já nos traz uma alegria sem tamanho. Tem 8 anos que a Rock Meeting assumiu o compromisso de informar, não o de se tornar grande. Ser grande não é ganhar centenas/milhares de curtidas ou compartilhamentos. Não é sair na frente para noticiar algo. Ou passar por cima de ninguém. Buscamos e prezamos pela boa informação, pela apuração correta, por trazer o que o leitor quer ler. Ampliamos o nosso horizonte e não só falamos de música. Temos cultura underground, temos opinião. Quando criamos a versão digital de uma revista voltada para o Rock/Heavy, não tínhamos nenhuma noção do que estava por vir. Foi um marco para a nossa cidade e para a nossa região. Somos de Maceió, Alagoas.

Inicialmente nos dedicamos a fortalecer as bandas da casa. Mas chegou o momento de crescer. Hoje somos reconhecidos no Brasil e fora dele. Estamos na nossa totalidade? Claro que não. Queremos sempre mais. E vamos inovar mais uma vez. Nessa edição comemorativa, trazemos o primeiro review, em vídeo, de CD/DVD. Isso mesmo. Você não vai ler aqueles textos técnicos. Agora terá a oportunidade de ver como foi a experiência sensitiva de nosso comentarista de música. E não vamos parar por aí. 2018 está só começando. Que este ano que inicia seja de sonhos, lutas, conquistas. Busquem a sabedoria.


06 - Lapada - Por que o headbanger perde tempo 12 - Live - 5 melhores shows em Barcelona 20 - Live - Lacrimosa 26 - Live - Napalm Death 34 - Especial - Retrospectiva 2017 46 - Live - Total Chaos 52 - Coluna - Review 54 - Capa - Moonspell 64 - Entrevista - Epica 76 - Entrevista - Necro 84 - Especial - Mario Linhares 92 - Foto - O melhor de 2017 102 - Especial - Warrel Dane 108 - Especial - Top 10 2017 114 - Skin - Você tem fome de quê? 128 - Entrevista - Await Rottenness 138 - Matéria - Skin Culture

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DIREÇÃO GERAL Pei Fon CAPA Alcides Burn Jonathan Canuto Rafael Machado COLABORADORES Bruno Sessa Charley Gima Iza Rodrigues Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo Raphael Arízio Renata Penteado CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


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internet é uma excelente fonte de temas para esta coluna. Nunca falha! Na semana anterior ao Natal de 2017, muitos amigos comentavam a questão da mais nova sensação da música do Brasil: Pabllo Vittar. Para início de conversa: não ouvi e nem pretendo ouvir. A música de Pabllo e semelhantes nunca foi algo que eu tivesse interesse. Reconheço a importância da representatividade do movimento LGBTQ+, tem meu respeito, mas não é minha praia. E justamente por este motivo, não tenho opinião formada, pois não preciso. Gostar ou não é um direito de cada um. Agora, nos últimos meses, desde que Pabllo apareceu no vídeo de Anitta (outra artista pela qual não nutro nenhum tipo de sentimento), fez shows no Rock in Rio, e agora virou garoto propaganda da Coca-Cola, toda semana a minha paz some. É uma avalanche de reclamações e ofensas ao trabalho musical (e mesmo de teor preconceituoso) de Pabllo -6-


Foto - Null Byte

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Vittar. Só estou citando isso para chegar ao centro da questão: Por que raios o headbanger precisa tanto falar de um artista que ele não gosta? Que tipo de masoquismo é esse de querer ouvir um cantor de que não gosta para justificar uma opinião? Torno a dizer: em termos de representatividade da comunidade LGBTQ+, é um avanço e tanto. Nunca um artista LGBTQ+ que não se ajusta em um padrão de normalização conservador fez tamanho sucesso. Óbvio que já vi nomes como Rob Halford, Renato Russo, Cazuza, e mesmo o de Freddie Mercury sendo citados como escudo. Mas nenhum deles fugiu do padrão conservador. Sobre Freddie, vou mais a fundo: no livro “Freddie Mercury - A Biografia Definitiva”, escrito por Lesley-Ann Jones, fica claro que quando o Queen lançou o vídeo de “I Want to Break Free”, quase que a banda acabou, pois a reação dos setores mais conservadores da indústria fonográfica norte americana, e dos fãs, foi a pior possível. O clipe foi banido da MTV americana, e o quarteto, dali por diante, resolveu não mais excursionar pelos EUA. A banda perdeu em vendagens por lá, mas ganhou o mundo. Estranho que a reação a “I Want to Break Free” é semelhante a de muitos que disseram que nunca mais vão tomar Coca-Cola por causa de Pabllo... Haja paciência! Ainda: nos anos 80, nenhum dos cantores e vocalistas acima se assumiu como gay publicamente, nem mesmo Cazuza o fez em início de carreira (e justamente o mais liber-8-


tário de todos). Rob Halford, um dos primeiros, o fez na segunda metade dos anos 90, e como já mencionei em outros artigos, após sofrer anos com abusos de droga e bebida por não poder ser quem ele queria ser, mas o que queriam que ele fosse. O headbanger continua, como muitos da sociedade brasileira, um prisioneiro. Prisioneiro do ódio ao que é diferente, ódio daquilo que poderia destruir um mundo conservador à lá Brasil-colônia. Um mundo que muitos por aí amam de paixão, por mais que seja uma contradição com os ideais do Metal e do Rock ‘n’ Roll, estilos que primam pela liberdade. Se Pabllo é um músico bom ou ruim, pouco me interessa. Como já deixei claro acima, não é meu estilo, e justamente por isso, não tenho opinião formada. Até poderia, como crítico musical, falar algo, mas prefiro meu silêncio. A única coisa que falo é: muita gente no Metal reclama do talento de Pabllo para cantar, ou de sua voz. Eu sou fã de vocalistas de Death, Black e outros onde a voz é feita com urros, gritos e berros. Onde alguém precisaria de talento para tanto? Aliás, existem tantos vocalistas de Metal que não possuem boas vozes por aí, mas sabem usá-las em suas limitações, que qualquer crítica nesse sentido me parece injusta, apenas para justificar o próprio preconceito. E mais uma coisa: se não gosta de Pabllo, por que essa insistência em falar? Por que não compartilhar nas redes sociais músicas de bandas que gosta?

Foto: Igor Mota

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Foto: Getty Image

Foto: Terco/Metal Injection

Aliás, Pabllo não é o primeiro caso. Já perdi as contas de quanto os headbangers perdem tempo com artistas que não gostam. E depois, ficam reclamando aos quatro ventos que o Metal perdeu espaço na grande mídia. Não, meu povo... Não é que Pabllo, Anitta, Wesley Safadão ou outros tenham roubado o espaço de um músico que você

gosta. São vocês que os divulgam, falando mal do trabalho de músicos assim. Boa ou má divulgação ainda é divulgação, ainda mais quando é gratuita e movida pelo ódio. Por isso, encerro a coluna com um desafio: toda vez que pensar em falar mal de um artista que não goste, fale bem e poste algo de algum músico que gosta. Vai ser melhor para ti, para o Metal e para todos.

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Há muito queria assistir a um show da banda. Sei que para muitos pode até ser corriqueiro, mas para mim foi uma questão de oportunidade, que por sinal, não tinha tido. Sei perfeitamente que a banda já não é o que foi, que a idade pesa, que isso e aquilo. Porém a intensidade e conexão entre banda e público é algo insuperável e posso afirmar: vivi ali, na linha de frente, um dos shows mais intensos da minha vida. Foi necessário ginga de pugilista para esquivar com câmera em punho, dos saltos (stage-dive) da galera.

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Sim, ao Suicidal já vi diversas vezes mas nesse ano de 2017 foi diferente. Tive a oportunidade de assisti-los por três vezes em 11 dias. Começando pelo Hellfest, passando pelo Download Madrid (com uma semana de diferença) e finalizando em Barcelona quatro dias depois. Dos três shows, o de Barcelona foi o mais completo e intenso. Era o fim da turnê, deram tudo que podiam no palco e mais, sem o compromisso de horários como acontece nos grandes festivais, foram os donos da festa.

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Assim como o Suicidal Tendencies, já assisti ao (agora) quarteto uma dúzia de vezes, mas há muito não os via como os donos da noite como foi desta vez. Sempre nos esbarrávamos em festivais ou em noite com três ou quatro grupos. E bem sabemos que os horários devem ser cumpridos. Estar no palco com toda a liberdade fez toda a diferença. Um setlist completo, um verdadeiro visitação na carreira

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Só pelo fato de assisti-los para mim, devido à distância, já é um grande feito. Agora, assisti-los no palco e ver lá de cima a vibração da galera foi sensacional. Um setlist que me fez voltar a 1988. Merece todo o respeito e admiração de ser a banda que é e tenho certeza que continuarão sendo.

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Não! Eu não sou fã dos Foos ainda que goste de algumas músicas. Porém, fui convidado a ir a um show secreto da banda, destes que só se descobre hora e local 24 horas antes do mesmo. Que o evento foi gravado para o MTV World Stage e que ainda assim você pensa: “Lançamento de disco novo, vão tocá-lo na íntegra e boa noite”... Nada disso! Se depara com um show de três horas, com a banda dando tudo, suando bicas e felizes por estar tocando para um público de mil pessoas, como há muito não fazem. E o melhor, após tanto tempo de palco, não me senti cansado de estar ali. Memorável!

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Texto e Foto Bruno Sessa

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pós 2 anos desde sua última apresentação no país, a banda Lacrimosa retornou ao Brasil para realizar único show em São Paulo, no Carioca Club. Formada no começo dos anos 90 com uma combinação de metal, clássico e gótico, a banda idealizada pelo vocalista, compositor e instrumentista Tilo Wolff, é acompanhado da bela tecladista e vocalista Anne Nurmi, Yenz Leonhardt no baixo, Henrik Flyman e Jay P. nas guitarras e Julien Schmidt na bateria. Eles subiram ao palco com a nova “Wenn unsere Helden Sterbel”, faixa de abertura do seu novo álbum intitulado “Testimonium”. Com um público que lotava somente metade da casa de shows, mas suficiente para agitar por uma multidão, os fãs do Lacrimosa representam e mostram-se emocionados a cada canção executada, fazendo Tilo Wolff interagir e entregar-se ao cantar, mostrando o porquê da banda, após mais de 25 anos de estrada, ainda é considerada uma das mais influentes no estilo. Após as músicas “Nach dem Sturm” e “Zwischen allen Stühlen”, faixas de seu novo álbum, e “Der Morgen Danach”, do reconhecido ‘Fassade’ de 2001, a finlandesa Anne - 22 -


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Nurmi assumiu o meio do palco, trocando de lugar com Tilo que se encarregou dos teclados, para cantar a belíssima “Not Every Pain Hurts”, música de 1997, levando os Lacrimaníacos (como se autodenominam os fãs do grupo) ao delírio pelas danças e apresentação sedutora de Anne. O ponto alto do show ficou por conta da música “Schakal”, com seu aspecto soturno e melancólico, sendo interpretada com perfeição por toda a banda, e também pela iluminação, fazendo um clima temático e sombrio, remetendo todo o cenário ao dark wave dos anos 80. Encerrando a primeira parte do show, foram tocadas “My Pain”, “Herz und Verstand” e a alegre “Feuer” que fez com que Tilo pedisse ao seu público agitação no refrão da dançante música, sendo atendido como esperado. Ao retornar para o bis, tocaram a primorosa “Stolzes Herz”, canção que passa por diversos momentos com sua sonoridade, misturando elementos pesados, suaves e também com a peculiar voz de Tilo ecoando em tom altíssimo, deixando grande parte das pessoas presentes emocionadas. A mais esperada da noite, “Alleine zu zweit”, foi cantada pelo público em uníssono com o seu refrão pegajoso, e também visualmente, fazendo uma belíssima apresentação do dueto entre Tilo e Anne. Dando sequência para a agitada “Ich Bin Der Brennende Komet”, terminando o primeiro encore. Com mais um pouco de suspense, sendo ovacionados por toda a casa de shows, o grupo retornou ao palco para executar “Testimonium” música do homônimo e mais recente álbum. Após 17 músicas, fecharam o seu show com “Alles Lüge” de 1998. O Lacrimosa fez uma incrível apresentação com músicas de quase toda a sua carreira, sendo considerado um show poético e intenso, com competentes músicos. Eles deixam um gostinho de quero mais em cada fã presente, já torcendo pelo retorno da banda no Brasil em uma próxima turnê. - 24 -


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Sala Razzmatazz – Barcelona Texto e Foto Mauricio Melo

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prometida visita do Napalm Death à Barcelona, e dessa vez como banda principal, realmente aconteceu. As expectativas aumentaram quando no cartaz se somaram com o Looking For An Answer, Deathrite e Osserp. Esta última, uma banda local da qual já cobrimos algumas vezes e que desta vez não chegamos a tempo. Assim como o Deathrite que só pegamos o final do set, mas pelo que percebemos atraiu um público considerável. Já o Looking For An Answer não poderíamos deixar passar, chegamos em tempo de conferir o set completo e o que o quinteto espanhol tinha a oferecer de seu novo disco “Dios Carne”, após seis anos sem lançar nada. E já digo de cara, não decepcionaram. Tocaram “Deflagración”, “Demiurgo” e “La Carne del Leviatan” e a estas alturas o mosh-pit já estava fervendo. A banda praticamente não respirou até a quarta ou quinta música com “Utopia de Sangre” e “Tapas de Cementerio”. Finalizaram com “Campo de Exterminio” e deixou a galera com sede de mais, com sede de Napalm Death. Nunca será demais ir a um show do - 28 -


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Napalm Death. Ainda que a formação atual não seja a original, como muito já se debateu nas saídas dos shows, mas que com o passar do tempo, muita gente nem lembre que um dia houve um outro quarteto fundador e que, daqueles tempos do pioneirismo Grindcore, apenas o baixista Shane Embury circulou por algumas das faixas do disco “Scum”. Que Barney entrou em cena no terceiro disco Que Danny Herrera assumiu as baquetas sob desconfiança no quarto disco, afinal conseguiria ele desbancar Mick Harris, considerado por muitos um monstro da bateria e, claro, insubstituível. São muitas histórias, foram membros que passaram, deixaram saudades e muitos discos gravados. E aí está o grande detalhe, os discos. A formação atual, considerando que Mitch Harris ainda faz parte da banda, está de licença por tempo indeterminado e sendo muito bem substituído por John Cooke nas seis cordas, lançou mais discos do que a original. Deu cabeçada, experimentou, inovou e finalmente encontrou a fórmula exata. Já não há volta, o Napalm Death é isso aí e é definitivamente o maior expoente do estilo. Passaram por Barcelona mais uma vez, sendo a banda principal numa boa casa de show e não mais longe do grande público como se via anteriormente. Deu oportunidade para toda uma geração de jovens assistir a um de seus shows como se fosse o melhor que pudesse acontecer para eles. Sabe como são as coisas quando se tem dezesseis anos, aquele tal show que você considera o melhor de todos os tempos, como se tivesse vivido muito ou que sua vida acabará no dia seguinte a ele. O mesmo que abriu com “Apex Predator – Easy Meat”, a mesma que abre o disco mais recente da banda, “Silence is Deafening” the Long Live The Code (lançado - 30 -


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há uns treze anos atrás) e “Whel All Is Said and Done” de ‘Smear Campaign’. E a noite já tinha um brilho próprio. Os clássicos como “Skum”, “The Kill” e “Deceiver” não demoraram a aparecer e já que o repasso na carreira estava sendo levado a sério. “Unchallenged Hate”, “You Suffer” e até um “Suffer The Children” deram as caras no setlist. Ainda sobrou tempo para covers do Anti-Cimex e é claro, dos Dead Kennedys. Há muito não via a banda como headliner de um show e a diferença é latente quando isso acontece, o show é completo. Nunca será demais!

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Texto Marcos “Big Daddy” Garcia

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017, como tantos anos que vieram antes dele, trouxe coisas muito ruins, outras muito boas para o Metal. A opinião deste autor, exposta neste texto, não visa ser absoluta, apenas ser uma relembrança de alguns pontos do ano que passou. MORTES 2017 teve um sabor muito amargo para quase todos os fãs de música em geral. Chris Cornell, Chester Bennington, Warrel Dane, Malcolm Young, Chuck Mosley, John Wetton, Al Jarreau, Chuck Berry, Gregg Allman, Charles Bradley, Tom Petty, Martin Ain, George Young, Fats Domino, Wayne Conchran são alguns nomes ligados à música. Alguns ligados ao Metal, tantos outros a estilos de fora, mas todos representam perdas sofridas. No Brasil, sem ficar separando estilos, perdemos Jerry Adriani, Belchior, Cherry Tani, Mario Linhares, Kid Vinil, Luiz Melodia, Laudir de Oliveira, Bahiano Gore Grind, - 36 -


Foto: Jair Gomes Silva - 37 -


Foto: Marta Ayora

todos músicos de sucesso ou não, farão falta em 2018. Sempre que se toca no assunto, a dor retorna. Mas é preciso lembramos que a vida não dura para sempre. Todos somos chamados de volta ao centro do universo um dia. No fundo, as lições que ficam são a de aproveitar o trabalho dos músicos em questão enquanto ele está entre nós. E a segunda é valorizar e pagar por ele. Pode parecer estranho, mas há relatos de famílias com problemas para bancar despesas médicas e funerárias de músicos cujos nomes são muito conhecidos. Ninguém espera a própria passagem, não há prevenção, mas nós, que gostamos de música, podemos pagar por ela nos meios digitais. Não é caro nesse formato que tantos gostam. E ainda tem outra. No mesmo momento em que um grupo acaba pelo falecimento de um de seus membros, existem muitos no underground lutando, quase implorando para que você os ouça. Quantas vezes você não recebe um pedido inbox por uma votação na internet, por uma visualização em matéria ou vídeo? Sei que não é só comigo que isso acontece, e nem é apenas por ser eu (e outros amigos) membros da imprensa. Quem parte deixa saudades e heranças, mas quem fica merece nossa atenção. Como diria o Marquês de Pombal após o terremoto de Lisboa de 1755. “O que resta: alimentar os vivos, enterrar os mortos”. E mortos não lançam discos novos, logo, não podem ser a fonte de inspiração de um estilo musical como o Metal.

Foto: Pei Fon

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Foto: Bruno Sessa

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POLÊMICAS Como sempre, 2017 foi cheio de polêmicas. Na Lapada, comentei em pormenores lances como o Venom cortar um pedaço do set do Nervosa no Chile. O evento desmascarou não apenas o quão o trio de Newcastle é amador (falem sério: 20 minutos de atraso que a banda poderia descontar no pernoite), mas o machismo dos “haters” que queriam justificar o injustificável. E não é mimimi, mas uma questão de direitos. Outro que vi e continua sendo um saco é a choradeira de Max Cavaleira com o Sepultura. Ou é um tremendo complexo de inferioridade dele, ou tanto o Cavalera Conspiracy e o Soulfly (e outros projetos) não recebem a mesma atenção que o Sepultura.Ou Max é o famoso garotinho dono da bola que, se fica fora do jogo, quer ir para casa com a bola. Chato, e por isso, desejo que esta bendita reunião ocorra, para acabar com essa palhaçada. Já perdeu a graça, e é assunto de revista Contigo, não de quem se preocupa com música! Outra: Metallica e Lady Gaga tocando juntos. Já era para muitos terem acordado e descoberto que os anos 80 acabaram, o underground anda vazio. Metallica, o próprio Sepultura, e agora o Angra (que parece que vai ter participação de Sandy no próximo disco, não sei ao certo) mostram que a música pode ser bem aproveitada. Nunca esqueço que Zé Ramalho, um dos ícones da música brasileira, recebeu muitos aplausos por ter tocado com o Sepultura, em 2013, no Rock in Rio. Que as barreiras caiam, e que o Metal possa ser um estilo para todos. As polêmicas sempre ocorrem e, infelizmente, somos forçados a falar nela. Mas graças ao Lapada, não trato como notícias, mas como babaquices que são, ou mostro o que se esconde por trás delas.

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vs Foto: Bruno Sessa - 41 -


PONTOS FORTES A diminuição das panelinhas dentro do cenário tem aberto possibilidades. No show do Nervosa com Siriun e Vorgok no RJ, em dezembro de 2017, a casa estava com uma boa lotação. Isso significa que a Cidade Maravilhosa e seu cenário estão reagindo aos problemas e fofocas que permeiam o Metal nacional. Espero que este reflexo se repita em outros centros em 2018. É preciso entender uma coisa: o sentimento em se fazer música não pode mudar. Desde os anos 70 ele é o mesmo no cenário, mas é preciso evoluir, se adaptar e se renovar. E me perdoem: não é olhando para o passado e querendo enfiar na goela dos mais jovens, que em geral são fãs de nomes e estilos novos (como Bullet For My Valentine, Avenged Sevenfold, entre outros), a herança de nomes do passado. Eles precisam saber, mas acumulando o que é velho ao que gostam, e não as substituindo. Não há nada de errado em gostar de Bullet For My Valentine e Venom ao mesmo tempo. Essa ideia idiota nasce dos tios bangers que não se adaptaram ao momento, ainda vivem saudosos dos anos 80. Ou seja: parem de espantar a garotada, pois o Metal é para todos. Se não está satisfeito com os novos tempos, fique na sua casa, com o condicionador de ar no máximo, conferenciando com outros velhos. Eu sou velho, 47 anos e 33 de Metal, mas aceito que o tempo mudou e os jovens são a chama do futuro. Eu ajudo na transição, na informação, mas não sou um Jimmy Swagart do Metal: não nasci para doutrinar ninguém.

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Foto: Paul Harris

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Foto: Bruno Sessa

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ESPERANÇAS

Foto: Ester Segarra

2018 já tem se mostrado animador. Em termos de lançamentos, Orphaned Land chega com “Unsung Prophets & Dead Messiahs”, o Watain vem com “Trident Wolf Eclipse”, além de discos que chegaram no final de 2017 e cujos efeitos serão sentidos apenas em 2018, como a aula de história “Canudos”, do Dorsal Atlântica. Parece que o Iron Maiden ainda fará mais um álbum, e talvez nesse ano veremos o disco (por favor, Steve Harris: chame o Jens Bogren, o Fredrik Nordstrom ou o Andy Sneap, pois ninguém aguenta mais esse som choco nos discos), entre outros. Nomes antigos e velhos estão para pôr coisa boa nas lojas! Shows, o Brasil deve receber uma turnê do Moonspell ainda esse ano, bem como Pestilence virá em abril, festivais como o Open the Road Fest, Abril Pro Rock e o Roça ‘n’ Roll vem por aí. São boas promessas, e outros mais virão ou serão confirmados. Mas é preciso também que o público compareça mais, e só não está bom porque ainda vemos os fãs se identificando com vertentes, não com o Metal como um todo. Não existe “verdadeiro” e “falso” underground, não existem “verdadeiros” e “falsos” fãs, nada disso. Parem de perder tempo com essas coisas. Se você aprendeu dessa forma, aprendeu errado, e continuar no erro é burrice. Mude a si mesmo, antes de pensar em mudar o mundo. No mais, 2017 teve altos e baixos, tristezas e alegrias. 2018 também será assim. O que nos importa, como diz Buda, é “esquecer o passado, não pensar no futuro, mas manter o foco no presente”. Feliz 2018!

Foto: John Mcmurtrie

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Foto: Zoh Ron

Foto: Fliipe Silva

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Rocksound – Barcelona Texto e Foto Mauricio Melo

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oisas estranhas que acontecem no mundo da música e em especial no mundo da música Punk. Dentre estas coisas está o tempo e espaço “desperdiçado” para organizar um bom show. Desperdiçado entre aspas porque poderia ter sido uma noite memorável, mas que não sabemos bem o porquê, foi apenas uma noite de bom Punk Rock. Tudo isso graças ao excelente nível que o Total Chaos apresentou no pequeno palco de nosso bar favorito, Rocksound. Ter nas mãos um show do quarteto, e praticamente não divulgar o evento, é algo grave e foi exatamente o que aconteceu. Ainda assim, tivemos público presente. Durante as semanas que antecederam o evento, nenhum panfleto foi distribuído como habitualmente acontece na cidade. Nenhum compartilhamento fácil de rede social e nem mesmo um boca a boca. Só tomamos conhecimento do que estava por vir graças à pagina do próprio bar Rocksound que divulgou sua agenda do mês e achamos ali, em letras pequenas, o nome do Total Chaos. Outra estranheza é ter um vasto repertório e abrir a noite com “Ace of Spades”, - 48 -


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tudo bem que estamos diante de um hino, mas, do nada? Logo as peças foram se encaixando e “World of Insanity” colocou os acordes na linha aonde deveriam estar. Na sequência, e para a alegria do reduzido público, “Babylon” e “Pledge of Defiance”, com o baixo de Geordy Justify bastante distorcido. Também vale destacar os bons riffs de Shawn Smash. Finalizaram a noite com “Lost Boy”, porém sempre vamos nos perguntar como seria a mesma (noite) e tivesse havido uma divulgação à altura do grupo. For The Punx!

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Primordium - Old Gods

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Rage - Seasons of the Black

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Por Pei Fon | Foto Filipe Silva

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muito importante que, numa edição comemorativa, traga um bom material para o leitor. Então fomos atrás de uma banda que é bastante representativa para o Brasil, seja pela aproximação linguística, seja pela ligação histórica. Atravessamos o Atlântico e conversamos com Fernando Ribeiro, frontman da banda portuguesa Moonspell. Do cd novo ao problema da turnê sulamericana. Muita coisa tá aqui. Aproveite! Tem cd novo na praça. 1755 é um resgate histórico português, do grande terromoto em Lisboa. Como tiveram a ideia de falar desse evento e como seria a história de Portugal antes e depois do ocorrido? Fernando Ribeiro - Tudo começa pelo fascínio que a História de Portugal exerce sobre nós. Desde os tempos da escola que ouvíamos falar desse fenômeno e de todas as convencias para Portugal e para o mundo civilizado. Esse assunto ficou sempre guardado. Como cursei Filosofia, voltamos ao tema, mas mais nas suas implicações sociais e religiosas, e - 56 -


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aí, fiquei absolutamente fascinado com essa história de destruição e mudança. A história de Portugal mudou muito desde 1755, esse foi também o começo do fim do Império. O Brasil seria independente um século depois e Portugal um país mais moderno, mais virado para a frente, com crítica social e religiosa o que não acontecia antes. Falar desse evento veio naturalmente, começamos a trabalhar só num EP, mas gostamos tanto que evoluiu para um disco mais completo. A pergunta básica, por que cantar um álbum todo em português? Acreditam que, por estarem cantando em português, terão uma penetração maior entre os fãs do que cantado em inglês? Ou, comercialmente falando, acham que terão uma recepção menor? O cantar em português foi uma opção artística, por questões de ficar muito mais genuíno e adequado ao conceito. É assim que se decide no Moonspell, nunca equacionamos outras coisas que não do foro musical ou lírico enquanto escrevemos música. A recepção aos temas é algo diferente, e só posso dizer que damos sempre o nosso melhor para evoluir, fazer algo criativo e narrar bem a história que estamos contando. Até agora temo-nos surpreendido com a aceitação “gringa”, sabemos que é um disco que vai bater forte em Portugal e quem sabe no Brasil, essas são coisas não controlamos. Esperamos sempre que a música chegue aos fãs e que eles depois a tornem num sucesso. O álbum inicia com a releitura sombria de “Em nome do medo”. Qual o motivo de começar com ela? De fato, é uma ótima música de abertura. Para mim, o original do disco Alpha Noir é - 58 -


como uma primeira pedra para o que viria a ser o 1755. Pedi ao Jon Phipps (orquestrador) para fazer essa versão mais sinfônica e experimental e ele acertou em cheio e também nos deu muitas pistas para o resto dos arranjos das canções. Esse introdução é meio como que, para colocar o ouvinte no seu lugar, em Lisboa 1755, e daí partir para a experiência. As faixas têm uma ligação muito forte sobre os acontecimentos de 1755. Porém o que “Lanterna dos Afogados” está fazendo no meio? Conta pra nós como decidiram fazer uma versão mais dark da música dos brasileiros dos Paralamas do Sucesso. Vocês receberam um feedback deles? Não recebemos. Penso que não quiseram comentar. Por isso, não sei. Mas falando da canção ela tem uma letra que poderia ser daqui de Portugal. Das mulheres que aguardam os seus homens que voltam (ou não) do mar. Há algo sombrio, mas esperançoso nesse tema que achei que era o final perfeito para um disco assim. Cena portuguesa. Conhecemos pouquíssimo da cena rock/metal de Portugal. Recentemente conversamos com o Destroyers of All, mas não temos noção sobre o que acontece. Como são as coisas por aí? Vocês participam do underground português? Há uma cena de Metal em Portugal desde o princípio dos anos 80, mas que foi sempre mais local até ao aparecimento de bandas como nós, Heavenwood, Decayed que causaram algum furor na Europa. Dessas bandas só nós conseguimos assegurar uma carreira mais sólida, porém isso não significa que não - 59 -


ças ainda? no hope = no fear

houvesse talento aqui. Houve sempre pouca divulgação e muita desunião. As bandas portuguesas tentaram muito mais imitar os grandes como Pantera, Machine Head ou Metallica em vez de algo original. Eu participo do underground claro, apesar de os fãs pensarem que não. Tenho um selo que agora editou a reedição do disco Infinity (1996) da banda Doom Desire e vamos continuar editando bandas portuguesas.

Acompanho o trabalho do Moonspell desde que conheci “Night Eternal”. Os fãs mais antigos falam da mudança sonora. Estão mais dark/gothic agora. Foi natural essa variação do som? E o qual o reflexo disso no que tange aos ouvintes? Mais pessoas têm escutado vocês? É complicado dizer. Porque é confuso. Moonspell não é uma banda tão consensual assim e o estilo evoluiu para outras coisas

Sobre o Daemonarch, podemos esperar algo dele ou está estacionado, por enquanto? Os fãs podem ter esperan- 60 -


mas. É essa a relação entre música e apresentação? Obrigado ;) Comecei a ouvir Metal por causa da sua relação muito estreita com a poesia. Escrevo poesia também, aliás estava editando o meu livro na época, e é uma influência para mim. Na performance tento ser um pouco mais teatral, o vocalista conta a história e por isso tem de passar bem a mensagem, creio eu.

que não tem muito a ver com o nosso som. Nos anos 90, quando começamos, haviam mais bandas assim, mas que foram desaparecendo, engolidas pela vida ou pela carreira. Na verdade, nós queremos é escrever coisas com significado e não alimentar uma agenda de tours. Por isso é bom ter fãs, mas não damos nada por garantido. Em 2015, vi o show da turnê do álbum “Extinct”, em São Paulo, e a apresentação foi algo diferente do que já vi. Fernando você não canta, declama, é como se todas as músicas fossem poe-

Difícil não falar o que aconteceu em 2017. Na turnê de aniversário da banda, muitas datas e lugares foram marcados, de última, cance- 61 -


lado. O que vocês têm a falar sobre esse fatídico episódio? Qual o sentimento que ficou? O sentimento é de aprendizagem e focar no futuro. Muito em breve anunciaremos a nossa tour Latino Americana com passagens pelo Brasil que farão esquecer essa história triste e malvada. Na página da banda, avisa que irão vir ao Brasil entre abril e maio de 2018. Já há algo certo, vocês vão vir mesmo? Está certo, mas depois da última experiência estamos tomando todas as precauções para evitar mal entendidos. Ainda sobre o Brasil. Em 2014 foi lançado o “Em nome do Medo – A Brazilian Tribute to Moonspell”. O que vocês acharam das versões e do tributo? Alguma chamou mais atenção? Primeiro foi uma honra esse tributo. É o único da nossa história e foi algo inesperado vir do Brasil, por isso é sempre com gratidão e carinho que vemos esse tributo. É uma grande ajuda para nós. Acho que o disco ficou bem equilibrado e foi ótima ideia convocar bandas de diferentes estilos já que Moonspell experimentou muita coisa. Sem desmerecer ninguém, gostei bastante da versão do Raveland, muito pessoal; do Burn in Pain, que thrashou bem na ‘Em nome do medo’; Alex Vorheees estupendo vocal, muito massa tudo. Fernando, houve um tempo em que dizia que o Moonspell ia dar uma parada e você ia se dedicar à literatura. A banda continua firme e você com a escrita? Chegará esse tempo. Em 2018, também vou começar a editar livros e como tal, o meu in- 62 -


teresse na literatura cresce, mas sem comprometer Moonspell. Aliás vamos passar 2018 em tour. Top 5. Final do ano chegando, quais seriam os cinco melhores álbuns de 2017. Fale um pouco sobre cada um deles. Ulver - Assassination Of Julius Cesar. Um disco dark pop, sem compromisso, com canções magníficas, inteligentes e letras profundas; Sorcerer - The Crowning Of The Fire King. Escuto Sorcerer desde os anos 90 e fiquei muito entusiasmado por este comeback. É doom melódico sem paranoia indie, clássico e muito qualitativo; Septic Flesh - Codex Omega. Os meus amigos da Grécia fizeram uma bomba nuclear de death e black, épico pra cacete e muito imaginativo, música de verdade por maestros do metal. Anathema - The Optimist. É fabuloso e intenso à sua maneira. Penso que o Anathema tem tido um percurso fantástico, o baterista é português, somos muito amigos e é bom ver os amigos brilharem; The Obsessed - Sacred. Sempre adorei o estilo do Obsessed e havia muito que não gravavam por isso celebro este disco como um dos melhores de 2017, groove, dark e intenso. Por fim, fica aqui o espaço para deixar uma mensagem para os nossos leitores. Muito obrigada e esperamos por vocês! Sucesso! Quero agradecer pela entrevista e enviar um abraço a todos os fãs! Vemo-nos e breve, Under the spell!

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Por Charley Gima | Foto Clovis Roman

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uando a Rock Meeting completou oito anos de existência, fizemos uma entrevista muito legal com a Simone Simons. E agora, na nossa edição especial nº 100, ela aparece novamente. Desta vez fala sobre o lançamento do Ep, da vinda da banda para o Brasil e de algumas curiosidades. Sabia que ela já esqueceu a letra da música? Não? Confira agora! Passado alguns meses desde o lançamento de “Solace System”, como você se sente? Simone Simons: Me sinto ótima! Fomos para o estúdio para gravarmos 18 músicas para o “Holographic Principle” e as músicas do “Solace System” são aquelas que não entraram no álbum. Ouvimos a opinião de alguns fãs depois deles ouvirem nossas músicas bônus e algumas que fazem parte do “Solace System” e assim decidimos lançar este EP. Esta seria minha segunda pergunta, se as músicas do “Solace System” seriam “sobras” da época da gravação de - 66 -


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“Holographic Principle” ou se seriam músicas compostas depois. Podemos então dizer que “Solace System” é uma continuação de “Holographic Principle”? Sim, gravamos tudo na mesma época, no mesmo estúdio e com o mesmo produtor, deveriam entrar no “Holographic Principle”, mas não dava mais! Por outro lado, com tantas músicas escritas, gravadas e disponíveis, você acha que hoje em dia seria mais difícil lançar um álbum duplo? Acho que seria uma pena lançar um álbum duplo com tantas músicas boas de uma só vez. As músicas do Epica são cheias de informações, nunca havíamos lançado um EP antes e resolvemos fazer isto agora, após os shows do “Holographic Principle”. Os fãs adoraram! O Epica já lançou sete álbuns, como vocês sabem o momento certo de lançar? É um feeling natural ou vocês têm um cronograma a ser seguido? Sim, temos um cronograma a ser seguido, mas um diferencial do Epica é que temos cinco grandes compositores, todo mundo escreve na banda! Quando lançamos “The Quantum Enigma” tínhamos 25 músicas demo. Trabalhamos todas as músicas entre nós e o produtor, e escolhemos 18 músicas para gravar! Como você disse, praticamente a cada dois anos estamos gravando e lançando um novo trabalho. Neste meio tempo ainda fazemos nossas turnês, tem sido bem louco e trabalhoso para o Epica! rs E com tantas músicas boas gravadas, como vocês fazem para escolher as - 68 -


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músicas que entrarão nos álbuns? Parece ser uma tarefa bem difícil... Todos da banda, mais o produtor, fazemos uma lista das músicas que mais gostamos, tendo em mente como o álbum irá soar, as ordens das músicas. O álbum tem que fluir naturalmente para manter nossos fãs, que estão escutando, satisfeitos. Trabalhamos algumas ordens diferentes das músicas pra ver como fica até chegarmos no resultado final. Fazemos audições com jornalistas e perguntamos quais músicas mais gostaram, isso nos ajuda a chegar no produto final. Precisamos ouvir opiniões de pessoas diferentes porque

chega um momento que já ouvimos tanto as músicas que ficamos com uma relação de amor e ódio com elas, isso pode dificultar o processo de escolha das ordens das músicas. Você ainda acha tempo para trabalhar com outros artistas, como você fez recentemente com Exit Eden e a banda holandesa Amanda Somerville. Como surgiram estes convites? Foi através do meu empresário. As bandas entraram em contato com ele e eu decidi aceitar, aliás gostei muito do resultado final. - 70 -


E foi difícil cantar uma música de Adele? Não é o tipo de música para a minha voz, mas eu gosto da forma como ela canta, a música é linda e soa até um pouco mais clássico.

um produtor ou uma gravadora para estourar uma música e ficar super famoso, com uma carreira meteórica. Eles devem ficar famosos muito rápido, mas também são esquecidos muito rápido. É muito trabalhoso conseguir montar uma base de fãs leais a você, o sucesso raramente vem da noite para o dia, é claro que às vezes isso funciona, mas o sucesso depende de uma longa estrada!

Temos um artista aqui no Brasil chamado Pablo Vittar, é uma Drag Queen, que já tocou no Rock in Rio com a Fergie, e ganhou o prêmio de melhor música do ano em um dos principais programas populares aqui do Brasil. Eu gostaria de saber a sua opinião sobre este tipo de artista, que é moldado por

Podemos dizer que o sucesso às vezes não tem a ver com o talento? É uma combinação de sorte, talento, traba- 71 -


lho duro, estar no local certo e na hora certa, ser dedicado, trabalhador e ser forte para aguentar a pressão. O Epica já tocou a música tema de “Guerra Nas Estrelas” em um show aqui no Brasil, você pessoalmente tem vontade de tocar algum tema de filme ao vivo? Já toquei algumas músicas de Natal, que eu gosto muito, acompanhada do teclado, foi bem legal! Tenho o sonho de poder gravar a trilha sonora de algum filme, espero que possa fazer um trabalho destes um dia. Falando sobre a turnê, os fãs da América do Sul podem esperar por músicas do novo EP? Sim, fizemos uma parte da turnê na Europa e tocamos “Fight Your Demons” e “Wheel Of Destiny”. Tocamos também “The Holographic Principle” que deu trabalho nos ensaios por ser uma música longa e complexa, mas é uma música ótima para se tocar ao vivo, muitos fãs nos pediam para tocá-la! Tenho certeza que tocaremos estas músicas aí no Brasil! E pra você, é mais difícil tocar músicas novas ou as mais antigas? Cada uma tem suas particularidades e dificuldades de serem tocadas ao vivo. As músicas novas precisam ser bem ensaiadas para você incorporá-las, então, às vezes, você precisa pensar um pouco mais sobre as estruturas, ou tipo, entrar atrasada e até mesmo esquecer as letras. Quanto as músicas antigas, a pegadinha está em você ficar muito confiante em saber tudo da música que às vezes pode acontecer de esquecer uma parte da letra. Já houve shows que tive que ir até o fundo do palco pra pedir para me “soprarem” a letra - 72 -


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da música! rs

mais quentes e calorosos que já fizemos! Até as paredes suavam! Nosso baterista quase desmaiou devido ao calor. Aprendi que não interessa o quão quente esteja lá fora, no show os fãs deixam tudo ainda mais quente! Tenho certeza de que teremos mais shows quentes, suados e com muitas carinhas felizes!

Já aconteceu isso de esquecer a letra mais de uma vez? Sim, várias vezes! (rs) Converso sobre isso com as outras vocalistas e também acontece com elas, quando isso rola cantamos o verso da música que lembramos, cantamos o refrão ou até mesmo improvisamos apenas melodias vocais para não passar batido! (rs)

Uma última mensagem para os fãs do EPICA? Bom dia (em português)! Estamos chegando no Brasil para oito shows em março, estamos super ansiosos para ver vocês, muito obrigada pelo seu apoio e nos vemos em março!

Você vai tocar em cidades que nunca estiveram antes como Fortaleza, Recife e Manaus. O que você espera dos seus fãs nestas cidades? Conheço São Paulo e Rio, foram os shows - 74 -



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Por Erick Tedesco | Foto Pei Fon

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no agitado para a Necro, banda de Maceió (Alagoas) que tem motivos para comemorar 2017 e muito devido à excelente repercussão do terceiro álbum da carreira, “Adiante”, lançado ainda no final de 2016. Em formato virtual, nas principais plataformas de streaming como o primeiro lançamento do selo da Abraxas, o disco jogou músicas em playlists diversas, despertou o interesse de diversas mídias por entrevistas e resenhas, além da invejável agenda de shows ao longo do ano, que contemplou diversos estados do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. O rock psicodélico cantado em português em canções viciantes, contagiantes e de um impecável instrumental, com muito feeling, fez da Necro uma referência da música viajada progressiva no Brasil. Especial como a edição 100 da Rock Meeting, esta entrevista com o guitarrista Pedro Salvador faz um esperto balanço de 2017, comenta sobre a parceria com a produtora Abraxas, lança luz sobre novidades e já adianta: a banda já compõe o novo álbum e nem tudo é sobre o rock... confira! - 78 -


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O ano de 2017 foi bem intenso para a Necro, não? Qual é o balanço da banda sobre todos os acontecimentos e conquistadas? Pedro Salvador - Lançamos o disco “Adiante” em dezembro de 2016, então 2017 foi um ano em que focamos na divulgação do álbum. Pudemos tocar em cidades que nunca tínhamos estado antes, assim como grandes e históricos festivais, como o Aldeia Rock e o Goiânia Noise. Também pudemos retornar a lugares que adoramos tocar, como Aracaju, Rio de Janeiro e São Paulo, cidades que sempre nos recebem com muito carinho. O saldo do ano foi muito positivo! Recentemente o álbum ‘Adiante’ saiu em CD físico, assim como a distribuição virtual, pela Abraxas Records. A Necro tem alguma relação afetiva com o disco, o formato físico, e acreditam que é ainda um essencial cartão de visitas para conquistar espaços e público aqui no Brasil? Nós somos entusiastas de LPs, então esse aspecto físico da música sempre nos encantou e foi importante para nós. Tivemos a oportunidade de lançar através do extinto selo Hydro-Phonic (EUA) nossos primeiros discos, e assim vimos o quanto a paixão pelo material ainda é muito viva entre as pessoas que curtem música. As estatísticas obviamente não são as mesmas da época do auge da indústria fonográfica, mas mesmo assim não podemos dizer que não existe mais procura por mídias físicas. A Abraxas lançou o “Adiante” nas plataformas de streaming, e desde então temos recebido várias mensagens perguntando sobre o CD e o LP, algumas até meio agressivas, exigindo! Haha. Ainda hoje é indispensável ter material físico, apesar da internet. A - 80 -


edição em CD que a Abraxas preparou ficou muito linda, e em breve também sairá a versão em LP. Falando sobre ‘Adiante’, o álbum só recebeu elogios e, quando lançado no final de 2016, foi até nome em listas de melhores do ano. O potencial é inegável, o registro fala por si. O que de legal e inusitado leram ou escutaram sobre o álbum durante o ano? O disco teve uma recepção maravilhosa! Em geral o que se falou foi que a banda deu um passo à frente em relação ao disco anterior, e isso nos fez muito feliz, com aquela sensação de “deu certo!”. As palavras mais inusitadas vieram de textos gringos, que conseguiam identificar elementos de tropicália e africanidade nas músicas. Porém, o comentário mais estranho veio do Brasil mesmo, dizendo que nos faltam refrões e letras que grudem! E como é gravar com o Gabriel Zander? O Gabriel é um baita músico e produtor, com uma experiência enorme de estúdio e estrada, além de manjar tudo sobre o rock. Assim, ficou fácil pra gente gravar com ele. Foi nossa primeira vez gravando em estúdio profissional com a Necro, estávamos um pouco nervosos e receosos pelo curto tempo que tínhamos (apenas 3 dias para gravar tudo), mas o Gabriel nos deixou logo à vontade, ouvindo nossas ideias e fazendo tudo fluir bonito. Além de gravar, ele também mixou e masterizou. “Adiante” não seria o que é sem a presença do Gabriel Zander. No começo de ano a Necro fez uma mini-turnê com o Augustine Azul no Sudeste. Como foi esse giro em termos de - 81 -


experiência na estrada e formação de público? Foi a primeira tour de divulgação do disco e estávamos empolgados para apresentar o som a um público novo e também às pessoas que já nos acompanhavam. Nesta tour, contamos com a participação muito especial do Rodrigo Toscano (Psilocibina). Viajar com outra banda é sempre uma experiência especial, e assim criamos um laço de amizade bem massa com a Augustine Azul. Os pontos altos foram nossa primeira vez em Brasília e Formosa, a participação no clássico festival Aldeia Rock e o retorno a São Paulo depois de dois anos. O que mais emperra armar shows pelo Brasil, sentem alguma dificuldade? As dificuldades de rodar o Brasil em geral são financeiras. Não é toda produção que pode custear as despesas de deslocamentos de uma região a outra. Mas, mesmo assim, não ficamos parados e até que rodamos bastante em 2017, passando por Sergipe, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Brasília e Mato Grosso, além dos shows em Maceió que fazemos ao longo de todo o ano. Como é a relação da Necro com a Abraxas? Vocês foram a primeira banda da Abraxas Records e ainda um dos principais nomes do selo. Nosso laço com a Abraxas é de parceria e amizade. Através dela fizemos importantes tours e shows em boa parte do país. Como selo, a Abraxas colabora ainda mais com a divulgação do nosso trabalho, espalhando a Necro via streaming e CD. Vê a Abraxas como uma precursora na - 82 -


formação de uma cena contemporânea do rock psicodélico no Brasil? O grande mérito da Abraxas é aglutinar bandas de todo o país ao redor de algo concreto. Bandas que existiam “soltas”, sem se encaixar em nenhuma cena pré-existente e isoladas por questões geográficas ou estilísticas, mas que agora tem um canal para se conectar e tocar. Falar em “cena” é sempre delicado, mas é fato que a Abraxas tem sido fundamental para a construção de um momento histórico para o rock no Brasil. E sobre o próximo álbum, o que pode adiantar em relação à sonoridade, haverá os mesmos experimentos de ‘Adiante’, novos elementos? Estamos no processo de composição das novas músicas. Ainda é cedo para falar como soará o álbum, mas com certeza trará coisas novas, frutos de nossos aprendizados e audições nos últimos anos. Uma pista do que está por vir é: o rock não tem predominado em nossas playlists. As novas fotos são de autoria da editora do Rock Meeting, Pei Fon. Como foi o ensaio e o que acharam do resultado? E qual a previsão de lançamento deste álbum? Sairá novamente pela Abraxas Records? Fizemos um ensaio maravilhoso com a Pei, que é uma das melhores fotógrafas no Brasil atualmente. Foi nosso primeiro ensaio profissional, e ainda estamos encantados com o resultado! Queremos lançar dois singles ainda nos primeiros meses de 2018 pela Abraxas, preparando terreno para uma campanha de financiamento coletivo para gravação do próximo álbum. - 83 -


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Por Marcos “Big Daddy” Garcia Foto Jair Gomes Silva

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nfelizmente, todos já sabemos que Mario Linhares, vocalista do Dark Avenger, de Brasília, fez sua passagem aos 45 anos, no dia 22/12/2017. Esta foi uma perda muito sofrida e comoveu a muitos, pois ele ainda era jovem. Para quem não sabe, ele nasceu em 01/07/1972 em Fortaleza (CE), e veio a ser reconhecido dentro do Metal nacional ainda na década de 90, com o lançamento de “Dark Avenger”, em 1995. O traço mais marcante do Heavy/Power Metal era o trabalho dos vocais, fugindo dos padrões vigentes da época pela diversidade de timbres. Com “Tales of Avalon: The Terror” (2001), a banda deu passos para consolidar seu nome ainda mais e deslanchar o nome de Mario como uma das grandes vozes do Metal brasileiro. Em 2003, a banda lança o EP “X Dark Years”, e entra em um hiato de quase 10 anos. Então Mario foca em seu outro projeto, chamado Harllequin, que chegou a lançar dois discos: “Archangel Asylum” (2008) e o maravilhoso “Hellakin Riders” (2012), que foi muito bem recebido pelo público e crítica. Mas era hora do Vingador Negro se er- 86 -


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guer de seu túmulo. Em 2013, o Dark Avenger volta totalmente reformulado, e lança “Tales of Avalon: The Lament”, mostrando uma maior diversidade musical que antes, e Mario incorporou mais e mais timbres em sua interpretação, mesmo timbres guturais (que já apareciam no Harllequin). Celebrando o bom momento, em 2015 surge “Alive in the Dark”, primeiro duplo ao vivo do grupo, lançado pela Shinigami Records. Em 2017, após um tempo de silêncio, eis que vem a obra-prima do grupo, “The Beloved Bones: Hell”. Um disco com enfoque mais sombrio e agressivo, com um conceito baseado nos tormentos do dia-a-dia, nas experiências frustrantes de cada um de nós. O inferno de Linhares nos levou pelos caminhos da “Inconsciência - Negação - Fuga - Vitimização - Desespero - Súplica - Reflexão - Equilíbrio - Coragem - Decisão – Liberdade” refletidas nas letras de cada faixa de “The Beloved Bones”. E para sacramentar a boa fase, o grupo recebeu ótimas resenhas, uma recepção calorosa dos fãs, e a banda começou a planejar uma série de shows, sendo que o ponto alto foi a apresentação do quinteto no Metal Maniacs Meeting deste sofrido 2017. Mas o que prometia ser um marco no Metal, infelizmente, foi silenciado por um aneurisma pulmonar. Talvez “The Beloved Bones: Divine” nunca venha à luz do dia, pois não sabemos se já estava gravado. Resta a torcida para que sim. Particularmente, sou amigo (sou, porque em minha visão, a passagem não nos separa) de Mario desde a época em que “Hellakin Riders” foi lançado. Ainda lembro-me

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do convite de amizade, das horas falando de música, Física, ciência, metafísica e espiritualidade. Ele sempre me chamou de “irmão”, e me senti marcado como se uma parte importante de mim houvesse sido arrancada, pois perdi um membro daquela família tão especial, aquela que escolhemos em vida para nós: perdi um amigo especial. Óbvio que vi/soube das polêmicas, mas sempre me pergunto ao ver esse tipo de situação: existe algum de nós que nunca tenha errado pela falta ou excesso? Prefiro acreditar que todos se entenderam, pois no fundo, somos todos humanos. No mais, este autor pede que não choremos mais. Ele deixou um imenso legado musical, e pediria que fizéssemos tudo para que esta herança de luta, amor e suor não fosse esquecida. Não é o Dark Avenger, nem o Harllequin, mas o Metal como um todo, com seus problemas que demandam resolução. Problemas que em entrevistas ele não só comentou, mas sugeriu soluções, sempre com um jeito incisivo, mas acolhedor. OM SHANTI! Parta em paz, meu amigo, meu irmão, e que você alcance a luz. E nas encarnações futuras, espero reencontrá-lo e poder chamá-lo de amigo e irmão mais e mais vezes. Obrigado por tudo, Mario!

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“I must say goodbye, it’s time to leave The curtains fall for you and me I bid you farewell... this got to be! We’ll meet again? It’s hard to foresee. But until then... remember me! Remember me… remember me!” (DARK AVENGER – “Dead Yet Alive”)


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Flavio Hopp Quando recebi o convite para escolher a minha melhor foto de 2017, fui revisar todos meus arquivos e vi que tinha uma difícil tarefa pela frente. Apesar de não ter fotografado muitos shows em 2017, eu tinha um material de ótima qualidade, o que tornou ainda mais complicada a minha missão. Acabei escolhendo a foto do Wolf Holffmman (Accept), show realizado no Free Pass Metal Fest, no Tom Brasil, em São Paulo. A experiência de fotografar um show deles, e principalmente o Wolf, é algo muito prazeroso. Foi o quarto show da banda que fotografei e um melhor que o outro. Uma das melhores bandas que já fotografei em ação. Eu que sempre sonhei em trabalhar com uma banda em turnê, com certeza gostaria de trabalhar com o Accept, pois não sei se pelo fato de Wolf ser um fotógrafo também, de se preocuparem com a imagem, eles praticamente posam para as nossas lentes. As caras e bocas do Wolf são demais, se você descuidar acaba esquecendo de fotografar os outros. - 93 -


RENATO jACOB Muito provavelmente, 2017 foi um dos anos que eu mais realizei coberturas fotográficas de shows. Quando a editora-chefe da Rock Meeting me solicitou uma imagem produzida neste ano que eu julgasse especial, confesso que tive um branco momentâneo, pois tive a felicidade de produzir diversas imagens interessantes nesses últimos meses. Mas se eu tivesse que escolher somente uma única foto para ilustrar a edição comemorativa de número 100 da Rock Meeting, qual foto seria? Além dos aspectos técnicos, julguei ser relevante escolher uma foto que tivesse uma história pra contar. Sendo assim, escolhi a foto da guitarrista norte-americana Malina Moye, feita no Samsung Blues Festival. Malina tem 33 anos de idade, é canhota e endorser da Fender e tem bastante desenvoltura e habilidade para cantar e tocar músicas que mesclam os gêneros rock, blues e soul. A imagem em questão registra um dos momentos de ápice do show, onde a guitarrista ajoelha-se no palco e desfere um longo solo carregado de “feeling” e, ao término da execução magistral, praticamente toda a plateia presente no Teatro Opus, em São Paulo, a aplaudiu em pé. A foto foi publicada em página dupla na edição de número 253 da revista Guitar Player Brasil e a própria artista a compartilhou orgulhosamente nas redes sociais, obtendo uma excelente receptividade de seus fãs. Portanto, uma imagem que o fotógrafo, o artista e os fãs gostaram me parece uma escolha bastante apropriada para preencher um espacinho nessa edição comemorativa da Rock Meeting. - 94 -


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Carlos pupo Os italianos do Fleshgod Apocalypse realizaram uma performance memorável no dia 12 de outubro, no Hangar 110, em São Paulo. Escolhi a foto desta banda, de Symphonic Death Metal, como minha preferida do ano. Apesar de ter feito a cobertura de dezenas de shows em 2017, fiquei extremamente satisfeito com o resultado desta imagem, que captou a essência da apresentação. O contraluz deu um efeito dramático e destacou a expressão de Francesco Paoli, baterista que assumiu o vocal e a guitarra com a saída de Tommaso Riccardi. A nova formação demonstrou um grande fôlego e soube cativar a audiência paulistana. A nota triste fica por conta do fechamento da casa de shows, que foi por muitos anos o ‘quartel-general’ da cena do punk e hardcore da capital paulista

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marta ayora Quando eu comecei a fotografar odiava fumaça, por puro medo de não conseguir entregar boas fotos. Com o passar do tempo, fui me acalmando, entendendo que a fumaça é um processo inerente aos shows e aos poucos aprendendo a usá-la a meu favor. Em meio a pouca luz e muita fumaça, fotografei uma das bandas mais relevantes do cenário do thrash metal de todos os tempos: O poderoso Testament! Eu nunca tinha visto a banda ao vivo e posso dizer que é um show muito incrível, um dos melhores de 2017, muito agitado e que contagia quem o fotografa. E em meio à luz verde e a fumaça, aparece um dos caras mais fotogênicos e expressivos da banda: o baixista Steve DiGiorgio. Uma espécie de viking pós-moderno, muito carismático, que em meio a muita presença de palco, arrebenta no baixo e interage com a plateia fazendo ‘sem perceber’ algumas poses incríveis. Time is over! Acabaram as 03 músicas, foi tudo muito rápido e agora nos resta conferir o que foi feito. E a melhor parte? Foi ver que o próprio Steve Giorgio curtiu e repostou esta foto. O reconhecimento do artista pelo nosso trabalho nos traz uma alegria indescritível!

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Bruno Sessa Lembro-me de como eu estava surpreso pela a apresentação do Fleshgod Apocalypse. O equilíbrio entre técnica, carisma e interação com o público cada vez me deixava mais incrédulo. O show não possuía PIT (aquela área de segurança entre público e palco que costumam ser utilizada pelos fotógrafos nas primeiras três músicas). Dada essa circunstância, a gente tinha que se virar no meio da galera para conseguir registar o show. Com isso a dificuldade aumenta... Cotoveladas, empurrões, pancadas no equipamento e no rosto são inevitáveis.... Mas além disso também gera oportunidade para a criatividade

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Por Iza Rodrigues (Menina Headbanger) Foto Bruno Sessa

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ra início dos anos 80 quando um cantor loiro e de vocais agudos começava a chamar atenção na cena musical de Seattle, Estados Unidos. Numa cidade conhecida como o berço do Grunge, o Serpent’s Knight, e pouco tempo depois, o Sanctuary, mostravam a sua resistência ao estilo musical do Nirvana e afins. Após assinar com a Epic Records, o Sanctuary estava sendo forçado a mudar sua sonoridade, saindo do Heavy Metal e indo em direção ao Grunge. Proposta recusada. Eis que o mundo da música pesada viu surgir uma das bandas mais intrigantes até então: o Nevermore. No Nevermore, Warrel Dane abandonou os agudos e apostou em explorar mais sua voz, e alcançou o ápice da sua carreira. A banda trouxe ao mundo da música pesada uma sonoridade nova, uma mistura de gêneros difícil de decifrar. O Nevermore não foi uma banda qualquer. Não conseguiu mover multidões, mas as pessoas que o moveram. Moveram de uma forma profunda, bonita e libertadora, assim como foi cada canção cantada de forma desesperada por Wally, como - 104 -


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era chamado pelos amigos próximos. O Nevermore entrou num hiato em 2011, mas antes disso lançou álbuns que se tornaram clássicos, como “Dreaming Neon Black” (1999) e “Dead Heart In a Dead World” (2000), onde o guitarrista Jeff Loomis começava a se tornar referência no uso da guitarra de sete cordas. O Nevermore passou pelo Brasil apenas duas vezes, em 2001 e 2006, mas anos mais tarde, Warrel começou a construir uma verdadeira família por aqui. Com Thiago Oliveira e Johnny Moraes (guitarra), Fabio Carito (baixo) e Marcus Dotta (bateria), Warrel começou uma série de shows, tocando músicas de toda sua carreira e tornando esses músicos brasileiros, a sua banda. Os seus amigos. A sua família. Foram diversas apresentações, inclusive na Europa. Nesses shows no Brasil, aos quais eu tive a oportunidade de ir a vários, era fácil ver rostos molhados por lágrimas. A emoção estava sempre presente. Sempre! As letras profundas, o vocal melancólico e muitas vezes desesperado e as melodias pesadas sempre foram muito tocantes. Tive a oportunidade e privilégio de ter Warrel por perto. Um homem muito educado e respeitador. Bem humorado, culto e de um humor muitas vezes paspalhão. “Para nunca mais sentir dor, o colecionador de corações cantou”.

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Luciano Piantonni – Lanciare Comunicação

Obituary - Obituary Sepultura - Machine Messiah Dorsal Atlântica - Canudos Destruction - Thrash Anthems II Project 46 - Três

Moonspell - 1755 Body count - Bloodlust The Evil - The Evil Alice Cooper - Paranormal Chakal - Man Is A Jackal 2 Man

Pedro Humangous – Hell Divine

Aeternam - Ruins of Empires Archspire – Relentless Mutation Cradle of Filth – Cryptoriana – The Seductiviness of Decay Dark Avenger – The Beloved Bones: Hell Igorrr – Savage Sinusoid

Kreator – Gods of Violence The Faceless - In Becoming A Ghost Trivium – The Sin And The Sentence Sikth – The Future In Those Eyes Wael Daou – Sand Crusader

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Erick Tedesco – Tedesco Comunicação & Mídia

Anathema - The Optimist Samsara Blues Experiment - One With the Universe The Night Flight Orchestra - Amber Galactic Galactic Gulag - To The Stars by Hard Ways Gods & Punks - Into the Dunes of Doom

Bagual - Nulla Saturndust - RLC Arraigo - Nosotrosacayahora Kadavar - Rough Times Tigers Jaw - Spin

Marcos “Big Daddy” Garcia – Metal Samsara

Cradle of Filth - Cryptoriana - The Seductiveness of Decay Moonspell - 1755 Miasthenia - Antípodas Wael Daou - Sand Crusader Prong - Zero Days

Kreator - Gods of Violence Le Chant Noir - Ars Arcanvm Vodvm Bob Kulick – Skeletons in the Closet Ruins of Elysium - Seeds of Chaos and Serenity Battle Beast - Bringer of Pain

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Alexandre Afonso – Rádio Rock Freeday

Pain Of Salvation - In The Passing Light Of Day Deep Purple – “Infinite” Sepultura - Machine Messiah Sons Of Apollo - Psychotic Symphony Ayreon - The Source

Black Sabbath - The End: Live In Birmingham David Gilmour - Live At Pompeii Cavalera Conspiracy - “Psychosis” Drearylands - No Poestry Lasts Obituary – Obituary

Costábile Salzano JR – The Ultimate Music

Kreator - Gods of Violence Mastodon - Emperor of Sand Tankard - One Foot in the Grave Anathema - The Optimist Iced Earth - Incorruptible

Paradise Lost - Medusa Belphegor - Totenritual Cradle of Filth – Cryptoriana – The Seductiviness of Decay Cannibal Corpse - Red Before Black Moonspell – 1755

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Paula Alecio – Imprensa do Rock

Trivium – The Sin and the Sentence Acid Tree – Arkan Enslaved – E Kreator – Gods of Violence Mastodon – Emperor of Sand

Cradle of Filth – Cryptoriana – The Seductiviness of Decay Arch Enemy – Will To Power Iced Earth – Incorruptible Accept – The Rise of Caos Obituary – Obituary

Mauricio Melo – Rock Meeting

Converge – The Dusk in Us Cavalera Conspiracy – Psychosis Kreator – Gods of Violence Integrity – Howling, For the Nightmare Shall Consume No Turning Back – No Time To Waste

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Iron Reagan – Crossover Ministry Obituary – Obituary Powerflo – Powerflo Comeback Kid – Consumer All Out War – Give Us Extinction


Alcides Burn – Rock Meeting

Septic Flesh - Codex Omega Paradise Lost - Medusa Moonspell - 1755 A-Ha - Mtv Unplugged. Summer Solstice Cavalera Conspiracy - Psychosis

Rabujos - Desconforto Lock Up - Demonization Malefactor - Sixth Legion Hatefulmuder - Red Eyes Project 46 – Tres

Pei Fon – Rock Meeting

Cradle of Filth – Cryptoriana – The Seductiviness of Decay Septic Flesh - Codex Omega Battle Beast - Bringer of Pain Sepultura - Machine Messiah Moonspell – 1755

Kreator - Gods of Violence Dark Avenger – The Beloved Bones: Hell Project 46 – Tres Indiscipline - Sanguinea Wael Daou - Sand Crusader

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Por Samantha Feehily (Wornder Girls)

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ara a edição 100 da revista pensei em temas especiais... foi um tal de 100 maneiras de tal... 100 tipos de sei lá o que... Mas no final, acabei percebendo que temas atuais e que fazem, de fato, a diferença na vida das pessoas, são os mais especiais, afinal, enquanto jornalista eu tenho uma responsabilidade grande quando pego um papel e uma caneta na mão. Por isso, para celebrar a centésima edição da revista, optei por falar sobre transtorno alimentar, um tema tão atual e mais presente na vida das pessoas do que você imagina. Vivemos em um mundo em que cada vez mais os padrões de beleza se tornam uma exigência da sociedade, nos últimos trinta anos os padrões expostos pela mídia chegaram ao da extrema magreza e a disseminação de uma necessidade do corpo perfeito muitas vezes se torna o pior pesadelo de muitas pessoas. Os mais atingidos pelos transtornos alimentares são jovens, adolescentes, que em uma luta contra o próprio corpo chegam a adquirir formas esqueléticas, consideradas pela sociedade atual, o padrão de perfeição física. Muitas vezes para atingir estes objeti- 114 -


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vos, jovens e crianças recorrem a dietas pesadas, excesso de exercícios físicos, vômito provocado e até mesmo isenção total de alimentos. Apesar dos esforços de conscientização, atitudes preconceituosas explícitas contra gordos aumentaram consideravelmente. Ainda é mais comum, no entanto, que o preconceito apareça travestido de elogio ou preocupação. Frases como “você tem o rosto tão bonito, por que não emagrece?” são bem mais comuns e ditas, inclusive por pessoas próximas. “Eu nunca fui magra, magrinhaaa, sempre tive umas ‘carninhas a mais’ e sempre fui meio preguiçosa com exercícios rs, apesar de ter feito muitos anos de dança, ginástica olímpica e muay thai. Sempre fui a mais “cheinha” entre minhas amigas, e realmente já tive vergonha de usar biquíni, usar top, roupas mais apertadas, até os 18 anos. Depois, simplesmente desencanei, acho que começou a surgir tantos outros problemas, responsabilidades e distrações na vida, que eu não me importava com meu peso. Então, “do nada” (rs), de 2013 para 2014, em menos de um ano, eu engordei mais de 30 quilos, ainda sim, eu me olhava no espelho e não me via gorda, muito pelo contrário! Me achava foda, me achava demais!(risos) Mas aí, entra aquelas da saúde, papo clichê, ou papo de quem não se aceita, mas eu realmente me toquei que estava muito sedentária, o colesterol começou a ficar no vermelho, e eu tratei de fazer dieta. Eliminei quase 20 quilos nessa onda saudável, e foi quando percebi que rola sim preconceito e gordofobia, pois ouvia muita gente dizer que eu estava mais bonita, mais radiante e isso, e aquilo. Só porque estava mais magra (ou menos gorda kkk). Mas isso é real, as pessoas só acham que você está bem, quando está magra”, conta Magê Ma-

riotto, analista de Rh e modelo Wonder Girls. A vida é muito curta, não podemos nos prender a preconceitos. Mas se soltar não é algo tão fácil: os efeitos da gordofobia também podem ser sentidos na vida emocional e são capazes de abalar o psicológico. Pessoas estigmatizadas pelo seu peso muitas vezes passam a acreditar que não merecem ser amadas. Elas adotaram essas ideias sobre quem merece atenção com base em ideais de beleza atuais, mas basta olhar uma pintura renascentista para ver como esses ideais mudam. A implicância com a obesidade diz mais sobre as pessoas que fazem comentários desnecessários a respeito do corpo alheio do que sobre os próprios obesos. De fato, não são só as pessoas obesas ou com sobrepeso que sofrem gordofobia. Qualquer um que não se encaixe nos padrões de beleza pode se sentir estigmatizado e, como resultado, desenvolver doenças como bulimia e anorexia, problemas comuns entre adolescentes. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma a cada cinco meninas brasileiras com idade entre 13 e 15 anos se acha gorda ou muito gorda. Entre as entrevistadas, apesar de 21,8% se considerarem gordas ou muito gordas, o desejo de perder peso atinge 30,3% delas. É uma ansiedade generalizada, que pode vitimar jovens que levam padrões de beleza a sério demais. Não é gente demais? Considera-se uma disfunção ou um transtorno alimentar qualquer alteração relacionada à alimentação de alguém. Comer demais ou de menos, ter uma autoimagem corporal diferente da realidade, medo exagerado de ganhar peso podem ser características de transtornos alimentares. Na verdade, trata-se de um termo amplo, utilizado para - 116 -


Samantha Feehily

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designar qualquer padrão de comportamentos alimentares que provocam severos prejuízos à saúde. Os mais frequentes são anorexia nervosa, bulimia nervosa, vigorexia e transtorno da compulsão alimentar periódica. Por mais diferentes que sejam uns dos outros, partilham de algumas semelhanças, como preocupação exagerada com o corpo e uma visão distorcida da realidade diante do espelho e todas podem levar a morte. Para o psiquiatra Leonard Verea, pessoas que apresentam alguma vulnerabilidade biológica, associada à vulnerabilidade psicológica, num meio propício, no qual a magreza é vista como símbolo de sucesso e de beleza, tenham, diante de uma dieta com restrição de nutrientes, chance aumentada de desenvolver esses transtornos. Embora a prevenção seja extremamente desejável, segundo o psiquiatra, principalmente em função de suas causas, é muito difícil estabelecer um protocolo realmente aplicável. “O melhor que temos hoje, em minha opinião, é a diagnose precoce e implementação de tratamento igualmente precoce”, resume o profissional. “São classificados como quadros psiquiátricos, mas isso inclui alterações no funcionamento somático (incluindo cerebral), que podem ser consequências do quadro ou, eventualmente, causa. Não temos ainda compreensão completa da etiofisiopatologia de grande parte dos transtornos mentais. Assim, a dicotomia entre transtornos “puramente” psiquiátricos e/ou com componente orgânico tende a se esvair com o tempo”, diz Leonard. São quadros que, nos extremos, são distintos entre si, apesar de haver uma “migração” possível de um quadro para outro em uma pequena parcela das vezes e uma zona cinzenta em quadros menos típicos. “Pacien-

tes com AN (anorexia nervosa) tendem a ser mais perfeccionista e a apresentarem maior comorbidez com quadros como TOC. Pacientes com BN (bulimia nervosa) têm maior prevalência de transtornos de personalidade do cluster B do DSM, maior prevalência de padrão multi-impulsivo e de TUS (transtorno do uso de substâncias). Pacientes com TCAP (transtorno da compulsão alimentar periódica) têm maior prevalência de excesso de peso e de associações com quadros ansiosos e de humor. Apesar disso, não é possível se falar em padrão de funcionamento mental de cada um desses quadros: há grande variedade de apresentações”, explica o psiquiatra. POR TRÁS DE CADA UMA: - 118 -


Magê Mariotto

Anorexia nervosa - Pode começar de forma quase imperceptível, com a necessidade exagerada de perder peso, dietas rigorosas e uma autoimagem muito distorcida podem evidenciar o princípio desta doença que vem vitimando muitos jovens nos últimos anos. Esse transtorno alimentar é caracterizado principalmente por uma grande perda deliberada de peso e um grande medo de engordar mesmo que estejam já abaixo do peso. Aqueles que sofrem desse grave distúrbio apresentam uma visão alterada da realidade e do próprio corpo, sempre se vendo como se estivessem obesas. Caracterizada por emagrecimento, busca persistente da magreza corporal, visão distorcida de si, um medo intenso de ganhar peso e compor-

tamento alimentar anormal. As pessoas com anorexia pensam que estão acima do peso, embora estejam abaixo da faixa normal. Tornam-se obcecadas por alimentos e controle de peso. Bulimia nervosa - Caracterizada por episódios regulares de ingestão anormal de grandes quantidades de alimentos (compulsão alimentar). Aqueles que sofrem de bulimia muitas vezes se sentem impotentes diante da comida. Esta compulsão é então compensada por um tipo de comportamento, que aqueles que sofrem do distúrbio, acreditam que irá compensar - ou seja, tentam “purgar” o excesso através da provocação do vômito, exercícios excessivos, jejum ou a utilização de laxantes e/ou diuréticos. - 119 -


Ao contrário daqueles que sofrem de anorexia nervosa, pessoas que sofrem de bulimia podem estar dentro de uma faixa normal de peso. Bulímicos são profundamente insatisfeitos com seus corpos e formas, têm medo de ganhar peso e buscam todos os meios para emagrecer. É causada por uma crise de baixa autoestima, a bulimia aparece quando o indivíduo não aceita a forma física que tem e enxerga-se, muitas vezes, maior do que realmente é. Os períodos de crise são oscilados pela ingestão exagerada de alimentos e a privação deles. Nesses intervalos, a pessoa se sente culpada por comer e força o vômito. “Essa pessoa come normalmente, mas como método punitivo, vomita ou faz o uso de laxantes para emagrecer. Normalmente ela possui descontrole emocional e almeja um corpo mais magro”, explica a nutricionista Paula Castilho. Quem sofre de bulimia deve procurar orientação médica com urgência. O vômito forçado e frequente pode levar à desnutrição, anemia e outras doenças. “O excesso de perda de sais minerais prejudica o corpo. O ideal é fazer a reposição desses sais através de soro de hidratação via oral ou venosa e, em seguida, iniciar uma terapia nutricional de acordo com o caso”, afirma a nutricionista. Transtornos Alimentares Não Especificados (TANE) - É um diagnóstico primário para aqueles que sofrem transtornos alimentares desordenados, sentimentos e comportamentos típicos, mas que não atendem a todos os critérios específicos para a anorexia nervosa ou bulimia. Transtornos de compulsão alimentar são categorizados de acordo com a sigla TANE. Compulsão Alimentar - É caracterizada por episódios regulares de comer sem controle. Como na bulimia, as pessoas com

transtorno de compulsão alimentar sentem-se incapazes de conter o impulso de comer. Mas ao contrário da bulimia, o compulsivo não sente a necessidade de se livrar do alimento (purgar). Consequentemente, aqueles que sofrem o transtorno de compulsão alimentar muitas vezes estão acima do peso ou obesos. São pessoas que sofrem com culpa, vergonha e/ou angústia sobre sua compulsão, esses sentimentos muitas vezes podem desencadear mais episódios de compulsão. Obesidade - Sabe-se atualmente que algumas pessoas possuem mais facilidade para acumular gordura do que outras. Esta informação envolve aspectos metabólicos, genéticos, culturais e comportamentais, descartando-se assim a antiga ideia de que o obeso era uma pessoa gulosa, desprovida de controle e de vontade de cuidar de si próprio. Em relação ao componente emocional da obesidade, estudos revelam que entre os pacientes obesos há uma alta incidência (cerca de 75%) de comportamentos de compulsão alimentar. Pacientes obesos com compulsão alimentar apresentam uma propensão maior a desenvolver co-morbidades, como Transtornos de Humor, Transtornos de Ansiedade e Bulimia Nervosa, e não apresentam resultados positivos em programas de perda de peso, quando comparados a pacientes obesos sem compulsão alimentar. Tal fato mostra que é necessário desenvolver programas diferentes para pacientes compulsivos e não-compulsivos. (8) Vigorexia - Apesar de não estar caracterizado estritamente como um quadro de Transtorno Alimentar, mas como uma patologia obsessivo-compulsiva, a Vigorexia se caracteriza pela obsessão por músculos, pela compulsão aos exercícios e pelo consumo de substâncias que prometem o aumen- 120 -


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to da massa muscular (como anabolizantes). Assim como as pessoas que têm Anorexia ou Bulimia, os portadores da Vigorexia apresentam uma percepção distorcida da imagem corporal. (6) É um fato conhecido que, por vezes, esses transtornos alimentares podem ser fatais se não forem percebidos e tratados em tempo. No entanto, com a detecção do problema, seguido de cuidados e tratamento completo por profissionais, aqueles que sofrem de transtornos alimentares podem se recuperar. Existem sinais de alerta, embora alguns sejam sutis e difíceis de detectar, que se observados podem ajudá-lo a determinar se alguém que você conhece sofre ou não de um distúrbio alimentar. Alguns sinais incluem o seguinte: • Mudanças dramáticas de peso, tanto para mais quanto para menos. • Distorção da imagem corporal. • Desculpas para evitar as refeições ou para sair da mesa logo após uma refeição, muitas vezes para usar o banheiro. • Preocupação com a comida, com a contagem de calorias, nutrição, ou preparo. • Estranhos comportamentos alimentares muita exigência com o que vai comer, deixar alimentos na borda do prato, esconder comida, cortar os alimentos em pedaços muito pequenos. • Comportamentos estranhos no banheiro ouvir música no banheiro ou água correndo ininterruptamente são muitas vezes meios utilizados para encobrir o som de vômito. • Para as mulheres, pausas na menstruação ou períodos irregulares. • Depressão, comportamento antissocial e irritação. • Exercitar compulsivamente. • Acumular ou ocultar certos alimentos. Uso

de roupas largas para esconder a magreza. • Fadiga incomum. Aqueles que têm distúrbios alimentares estão sofrendo tanto física como emocionalmente. Se você suspeitar que alguém que você conhece tem um transtorno alimentar, o melhor a fazer é abordar a pessoa com tato e preocupação, proporcionando-lhe o apoio de que necessita. Quando se fala em tratamento, cada indivíduo irá requerer intervenções específicas, devido à heterogeneidade de sinais, sin- 122 -


Thaisa Carvalho

tomas e impactos clínicos. Porém, a terapia cognitivo-comportamental e a abordagem multidisciplinar são comuns a todos eles. Contudo, devido a questões de custo, nem sempre isso é aplicável na prática clínica fora de centros de referência. Muito se fala na busca pelo corpo perfeito. Mas o que é corpo perfeito? Há mesmo esse padrão, uma vez que para mim pode ser um e para você, outro? A regra é clara, não há esse conceito, conquanto haja um padrão imposto que na maioria das vezes é inatingí-

vel. A etnia e a cultura, apenas para citar dois aspectos, modulam e muito esse conceito. Muito mais importante do que isso é o conceito de estar saudável e contente. Pessoas com transtornos alimentares tendem a ter vergonha do quadro ou tendem a não querer tratar do quadro. No caso da obesidade, as pessoas costumam buscar ajuda mais rapidamente, mas podem desanimar, pois os tratamentos sérios de obesidade trazem resultados bons, porém podem ser muito aquém daqueles idealizados. - 123 -


E A ANSIEDADE?

ma de aliviar a tensão, pois ela traz consigo a manifestação de sintomas físicos ruins que provocam mal estar (taquicardia, suor, tremores, etc.). Além de provocar problemas de saúde se for mantida elevada em longo prazo: hipertensão, gastrites, alergias, etc. “Meu transtorno alimentar começou na adolescência, devido a separação dos meus pais, seguido de um relacionamento abusivo. Tudo o que sentia eu descontava na comida, comecei a ganhar a peso, e meu namorado na época, dizia que eu estava gorda e me comparava com outras meninas, isso fez com que na época eu começasse, a foçar vômitos, após cada refeição. Após um período de transtornos psicológicos, de um relacionamento abusivo que me diminuía, eu decidi acabar com todo esse sofrimento. Hoje ainda sofro com transtorno alimentar devido a ansiedade, então, desconto tudo na comida, como o dia todo e principalmente quando estou nervosa ou com crises fortes de ansiedade, é como se eu estivesse o dia todo sem comer nada, e sinto uma vontade enorme principalmente por coisas doces. Fui em vários médicos, para tomar remédios para controlar a ansiedade, já tomei remédios para emagrecer, mas não via muita melhora, em relação a compulsão por comida. Hoje infelizmente ou felizmente larguei mão dos remédios, parei de forçar vômitos para seguir padrões, mas infelizmente, ainda como descontroladamente. Hoje eu entendo melhor minha doença (ansiedade) entendo minha compulsão por comida e consigo até me aceitar melhor com relação ao peso. Comida pra mim é meu refúgio, as vezes até falo que ela é minha melhor amiga para os momentos mais difíceis”, confessa Thaisa Carvalho, 24 anos, modelo Wonder Girls. “O ato de comer tem características fi-

A ansiedade faz parte das emoções humanas que estão presentes na interação dos indivíduos com seu ambiente, e a maneira como ela se manifesta pode ser ‘natural’ ou seja, como um estimulo natural que impulsiona as pessoas agirem em seu cotidiano diante dos eventos e demandas diárias. Porém pode também se manifestar como uma emoção forte que causa doenças, sob a forma de estresse ou como um distúrbio psiquiátrico. Questões clínicas, a epidemiológicas, psicológicas e biológicas da ansiedade podem torná-la uma doença, uma patologia. Muito comum na modernidade a ansiedade tem estado presente como uma patologia do século justamente pelo estilo de vida e questões fisiológicas. É um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho. Em crianças durante o seu desenvolvimento emocional vai influenciar os medos e as preocupações tanto as normais como as patológicas. Comer de forma excessiva, motivado pelos sentimentos, faz mal à saúde. Quando os sentimentos afetam nosso estômago na hora de comer, fazendo com que a ansiedade, a raiva, a tristeza, aumentem nosso apetite, é preciso tomar cuidado. Isso porque, comer levado pelos sentimentos pode trazer sérios riscos para a saúde. Momentos conturbados são momentos de muita tensão, o que gera a elevação dos níveis da ansiedade muito acima daqueles considerados normais e aceitáveis, sem que causem algum prejuízo para o organismo. Quando uma pessoa fica ansiosa, automaticamente, ela procura alguma for- 124 -


Thaisa Carvalho

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Magê Mariotto

siológicas e comportamentais. Como organismos comemos porque temos que sustentar a vida, somos compelidos a comer por instintos bem desenvolvidos ao longo de milhões de anos de evolução. No entanto, também comemos porque é “gostoso” saciar a fome, comemos para agradar a alguém, comemos para aguentar o chefe, comemos até mesmo para lembrar algo bom que aconteceu, ou para anteceder algo bom que irá acontecer (um jantar romântico, por exemplo)”, explica Dr. Leonard Verea, psiquiatra. Quando compensamos sistematicamente qualquer desconforto ou alteração em nosso dia-a-dia com uma quantidade de comida (mesmo que pequena), estamos indo para um caminho perigoso. Primeiro porque isso inevitavelmente afetará o bom funcionamento do organismo, uma vez que estamos

ingerindo mais alimento do que precisamos e segundo porque estamos bagunçando nossa vida. Sim, quando começamos a evitar enfrentamentos com comida, compensar frustrações com comida, adiar problemas para depois do brigadeiro, estamos pensando em função das sensações que a comida nos trás e não em função do que está realmente acontecendo a nossa volta. Escrevi tudo isso com conhecimento de causa, perdi 90 quilos desde a minha adolescência, vivi, e vivo, porque ainda me dói ver o quanto de gente que sofre calado com isso, sei o quanto as pessoas nos olham torto, quanto murmurinho ouvimos, cochichos e risadinhas... Quem sabe com um pouco mais de informação e tratando temas abertamente, conseguimos mudar algo, não é mesmo? - 126 -



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Por Raphael Arizio | Foto Banda/Divulgação

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wait Rottenness é uma banda veterana do Espírito Santo. Com mais de duas décadas de atividade, a banda vem obtendo grande destaque no underground. Os cds “Pagan Soul” e “The Chaos Eternal” são considerados grandes clássicos do metal extremo capixaba. Ultimamente a banda vem trabalhando em um novo play e também prepara o lançamento de seu terceiro cd. Conversei com Monsigneur Furlani (baixo e vocal) sobre os preparativos desses materiais e também algumas curiosidades sobre as duas décadas dedicadas ao metal extremo. A banda anunciou que estaria compondo e gravando seu próximo disco. O que pode nos adiantar sobre esse lançamento? Tem alguma previsão de quando vai estar disponível? O trabalho continua com pausa apenas no fim do ano. Composições, ideias e projetos estão em andamento. A banda planejava lançar seu primeiro vídeo em 2017. O que pode nos dizer sobre esse possível clipe? A música já foi escolhida? - 130 -


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A música escolhida foi Aktion T4 (Gasmask Holocaust), mas os acontecimentos entre a gravação desta e outras músicas nos fizeram mudar os planos. O que ficou foi a dúvida de qual música escolher. No show “Hellish Attack 6”, a banda lançou a música “Aktion T4 (Gasmask Holocaust)”. Como foi a recepção para esse novo som? E a música sofreu alguma mudança após ser tocada ao vivo? Foi uma nova experiência! Apresentar material novo é uma grande responsabilidade, pois passar alguns anos explorando o antigo (clássico) material acaba nos deixando na zona de conforto. Dá uma certa apreensão tocar músicas novas sem uma exposição em rádio, sites e afins. Quanto à recepção, me parece que o público meio que esperava o tipo de som apresentado, porém vamos explorar mais a imagem destes lançamentos. Ainda não deu para prever a aceitação. Vocês possuem uma trilogia de músicas intitulada “War, Plagues and Fear Trilogy”, segundo a banda são três odes ao caos/declínio da humanidade. O que podem nos dizer sobre o significado dessa tríade? Pretendem fazer mais algumas músicas com esse sentido? Quando fluiu a primeira ideia do tema de “Aktion T4 (Gasmask Holocaust)” não pensávamos em trilogia e tema do gênero. O interesse comum fluiu e casou exatamente com uma música que estava pronta. Como uma linha de raciocínio segue atraindo diversas outras, resolvemos dar essa característica “trilogia” ao que estava em mente e, novamente, ‘aconteceu’ naturalmente com músicas que estavam ficando prontas. Mas não pense que - 132 -


este título de trilogia não possa mudar algumas expressões. Recentemente tivemos a terrível perda da guitarrista e vocalista Cherry Sickbeat, que ultimamente tocava com o Nervochaos, que inclusive tocou com vocês a poucos meses. O que a banda pode falar sobre essa perda em nosso cenário, e como foi dividir o palco com o Nervochaos? Primeiramente vou falar da Cherry. Particularmente, eu já a conhecia dos tempos de Okoto, já lia a respeito e sei que ela fazia parte do underground há anos. Nem sabia que ela tinha essa veia pro metal extremo, em 2015 eu soube que ela estava no Nervochaos e, de lá pra cá, só vi e li notícias boas de turnês e grandes shows. Pessoalmente uma pessoa agradável que tivemos o prazer de conhecer. Na hora do nosso show vi a Cherry e outros membros da banda na plateia, demonstrando respeito às bandas de abertura, mesmo em sua terceira passagem pelo meu estado. Quanto ao seu falecimento, realmente, grande perda pra cena nacional de uma musicista ativa. É quando damos maior atenção ao abordar certas pragas e doenças nas músicas. Males que, aos poucos, estão devastando a humanidade. “The Chaos Eternal” foi lançado em 2005 e obteve uma boa repercussão na época. Quais as melhores lembranças que a banda tem desse full? E quais os principais problemas enfrentados para pode lançar um novo disco? Apesar de um passado recente (à época) ter sido desastroso, marcado pela perda de nosso baixista, vítima da violência urbana, o que também resultou na saída de nosso baterista - 133 -


– além desta tragédia ainda se viu obrigado a deixar a banda por conta de trabalho e família –, tentamos remontar o que sobrou e continuar. Recrutamos um baterista, assumi o baixo e voz e terminamos a pré-produção do que seria resultado destes anos malditos. As músicas de “The Chaos Eternal” foram concebidas em meio a este caos de fatos negativos e remontadas para a concepção deste álbum, que transformou para sempre a identidade da banda. Além destes obscuros acontecimentos, esbarramos na grande falta de profissionalismo de nossos estúdios locais que não viam com bons olhos (e ouvidos) o

som praticado e na falta de interesse ou de um melhor cuidado no processo de gravação. Hoje podemos dizer que temos bons profissionais cuidando melhor das bandas e com a mente um pouco mais aberta para todas as vertentes. O que “Pagan Soul” representa para a banda? Pode ser considerado, até o momento o grande clássico? Com a boa aceitação das demos “Cursed to Die” e “Perishness”, percebemos que era o momento certo de lançar um “full”. E surgiu “Pagan Soul”. Esse disco demonstra bem o - 134 -


que estava acontecendo à época. Mesmo não participando deste disco, tenho certeza que já o executei o bastante para apreciá-lo. É um ótimo disco e, sim, foi um clássico em sua época. Lembro de, nos primeiros shows de lançamento do “The Chaos Eternal”, o público pedindo as músicas dele. Porém, apesar de todos os problemas que tivemos “Chaos”, é o disco que mais gosto por ter a essência do que busco. Tivemos uma época boa de proximidade e unidade quando o concebemos. Apesar de esta formação não ser a atual, foi uma

época de grande criatividade também. No começo da sua carreira o Await tinha um estilo diferente do que é feito hoje, com o som mais puxado para o Black Metal. O que fez a banda mudar de Black para um som com mais influências de Death Metal? Quais as bandas que influenciaram essa mudança de sonora? Tenho pesquisado muitas vertentes ao longo destas últimas duas décadas e vejo poucas bandas se mantendo fiel ao Death Metal que você cita. Sou do tempo do splatter e hoje se - 135 -


encontra diversas subdivisões dentro deste estilo (slamming, porngrind, goregrind, brutal death metal, etc). Hoje, posso dizer que a banda pratica um Unholy Death Metal, trabalhando as músicas antigas e as deixando mais obscuras e, claro, isso influencia diretamente nas novas composições. Podemos dizer que hoje a banda é um pouco destes dois estilos que você cita na pergunta. Morbid Angel, Deicide e Celtic Frost dos tempos áureos são ótimas influências a serem citadas. Ao longo dos anos, cada mem-

bro trouxe sua influência e moldou este som que você chamou de “mudança”. A banda é do Espírito Santo, onde já saíram ótimas bandas de Metal, por exemplo o grande Siecrist. O que a banda pode falar sobre o cenário de seu estado? Quais as bandas que vocês destacariam? Somos o estado das parcerias. Já tivemos pessoas daqui integrando bandas paulistas, mineiras, cariocas e afins. Talento individual - 136 -


Espaço para agradecimentos e palavras finais. Apoiem o metal nacional adquirindo o material, participando dos shows, seguindo suas bandas em seus sites oficiais e nas redes sociais. Às vezes, uma visita no site ou até um simples “like” já é um grande estímulo para continuar. Espero encontrá-los em alguma oportunidade. Acesse - Site | Facebook | Soundcloud

e talento coletivo. Sem dúvida a banda citada é um grande expoente do metal capixaba até os dias atuais e, na mesma época vou citar aqui o Porrada!!!, Phossatery, Thor (85) e diversas outras de diversos estilos fora do metal extremo que os ouvintes sempre apoiaram. Tivemos uma grande safra de bandas no fim dos 80’s e início dos 90’s. Parecia a promessa do metal no Brasil. Mas não ocorreu como esperado. Hoje a cena local se divide entre os “copiadores” de um lado e o “autoral” de outro. - 137 -


Após um hiato de um ano e meio eles voltam mais pesados e m Por Samantha Feehily e Daniel Alcoforado | Foto Banda/Divulgação

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iderado pelo vocalista Shucky Miranda, o projeto teve início em 2004 na cidade de Mogi das cruzes, São Paulo. Na bagagem carregam nada mais nada menos do que inúmeras turnês ao lado de feras do Metal mundial como Korn, Hatebreed, Sepultura, P.O.D., Napalm Death, Chimaira, Ill Nino, Soulfly, Misfits, Texas Hippie Coalition, Born Of Osiris, Nashville Pussy entre outros grandes nomes, além da participação em grandes festivais como o Monsters Of Metal 2007 ao lado do Sepultura em Buenos Aires, e os brasileiros Loading Music Fest, em Goiânia, em 2010, e Ribeirão In Rock na

cidade de Ribeirão Preto. Com cinco álbuns lançados, - Humangedom (2005) - The Earth Spits (2009) Rapture (Ep / Dvd - 2010) - The Flame Still Burns Strong (2013) - Murdernation (2015)e um DVD Documentário sobre a carreira da banda- o Skin Culture, além de voltarem aos palcos, estão com nova formação e prometem que 2018, ano em que a banda completa 15 anos de estrada, será um ano recheado de novidades. Shucky diz que o novo single ‘Selfie Kill’, bem como o novo álbum que vai levar o título de ‘Lazarus Eclipse’, irão explorar - 138 -


muito legal contar com a participação de outros músicos que veem para agregar na musicalidade do Skin Culture. No ‘Flames’ tivemos uma experiência muito legal com o Desi Hyson (Vocal do Original Waylers, ex banda do Bob Marley). No ‘Murdernation’ teve o Jair, vocal da banda argentina No Guerra e o Ricardo Brigas do Worst onde pudemos incorporar o inglês, português e espanhol num único álbum. No novo álbum terá sim grandes surpresas. Estávamos na dúvida entre gravar um novo álbum completo ou fazer singles e gravar vídeo clipe etc... E eu não quis repetir os mesmos erros que rolou com o Murdernation, pois de que adianta lançar um puta álbum e não trabalhar nele como se deve? Hoje temos a sorte de ter o baixista Gabriel Morata e o guitarrista Vinicius Corvo me assessorando e ajudando a tomar as melhores decisões sobre o que precisa ser feito, passa a passo. Então, chamamos novamente o produtor Michel Oliveira para dar continuidade no excelente trabalho que ele havia feito no ‘Murdernation’ com a banda. Já temos algumas músicas em andamento, e acabamos escolhendo a ‘Selfie Kill’ para abrir esse novo capítulo na história do Skin Culture, além da ‘Between Lions & Snakes’ que será lançada em breve com a participação do Cristian Machado do Ill Nino. Acho que as músicas estão mais diretas e pesadas. Esperamos lançar um novo álbum inteiro o mais breve possível”, explica Shucky. “Quero muito agradecer a todos pelo apoio de sempre a mim e ao Skin Culture, em 2018 teremos grandes surpresas. A banda está firme e forte, com um time maduro e cheio de vontade de apresentar um show extremamente pesado e furioso pra vocês. Esperamos todos nos shows”, finaliza o fundador, vocalista, e responsável pela banda.

mais furiosos do que nunca bastante o lado experimental, arriscar novas sonoridades e arranjos ao qual não estão acostumados a lidar. “Será um novo desafio para o Skin Culture, gosto disso. Com o ‘The Flame Still Burns Strong’ (2013) quisemos resgatar nossas maiores influências dos anos 90, bandas como Fear Factory, Meshuggah, Machine Head e o próprio Sepultura. Já com o Murdernation (2015) buscamos fazer um álbum mais Metal, mais intenso”, conta o frontman. No novo trabalho, a banda que já contou com diversas participações especiais de outros músicos, não será diferente: “acho - 139 -



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