Revista Rock Meeting nº 10

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Índice

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Por Almir Lopes Fotos: divulgação

Ícones do Hard Rock clássico britânico aterrissam em Recife e realizam um show histórico

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á exatamente um mês, estive em Recife e presenciei a passagem de uns dos ícones do Hard Rock mundial pela cidade, em uma exibição histórica, empolgante e emocionante. Mas não estou me referindo àquelas bandas que arrebatam multidões por onde passam, as chamadas “bandas de arena”, como é o caso do Megadeth; emoção mesmo, só pude sentir quando Phil Mogg (vocal), Paul Raymond (guitarra base e teclados), Andy Parker (bateria), Vinnie Moore (guitarra) e Rob De Luca (baixo) subiram ao palco do Ginásio do Sport Club do Recife, na noite de sábado, 29 de maio de 2010. Para mim, parecia surreal estar ali, com ícones legítimos do Rock and Roll dos anos 1970 na minha frente; figuras

legítimas, que testemunharam todo um movimento e figuraram no contexto “sexo, drogas e Rock and Roll”; que conviveram com lendas do calibre de Bon Scott, o primeiro vocalista do AC/DC, morto precocemente em 1980. Na minha ótica, estar presente nesses momentos é o ápice para o verdadeiro admirador do bom e velho Rock and Roll. O show Depois de passar uma tarde agradável ao lado do meu amigo Junior Lesma (que, quando preciso, gentilmente me cede hospedagem), e de uma figura conhecida no cenário do Rock de Maceió, o Arnoldo, cheguei ao local do show por volta das 19h.

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Parecia cedo demais, já que o movimento ainda permanecia calmo no local, mas o lugar logo foi ficando movimentado, com a chegada de alguns velhos fãs e de uma garotada que provavelmente foi lá para ver o guitar hero Vinnie Moore, que figura entre os melhores guitarristas dos anos 1980. O clima era de festa. Do outro lado, meu amigo João “Itau”, dono da loja de Rock Flowers e fã de carteirinha do UFO, estava em êxtase, faltando poucas horas para o início de um dos shows mais importantes de sua vida. A aglomeração foi aumentando, devido à aproximação da hora do show começar. Nada de excepcional neste sentido, exceto um público com um número considerável de pessoas para ver uma

Phil Mogg, quando comparada ao começo de sua carreira, está infinitamente melhor, com um timbre encorpado, que vez ou outra lembra o de David Coverdale, do Whitesnake. Paul Raymond consegue manter todo o clima setentista de canções como “Love to Love”, “Doctor Doctor”, “This Kid's” e “Lights Out”, clássicos absolutos. Complementando com a sonoridade perfeita de seus teclados, Vinnie Moore deixa claro na guitarra que escolheu o lugar certo para estar, ocupando a vaga deixada pelo eterno ex-guitarrista Michael Schenker, responsável por todos os álbuns clássicos da banda nos anos 1970. O baterista Andy Parker, co-fundador da banda junto a

banda que é vista como “cult” no mainstream. O número estimado de atendentes foi de 800. O UFO subiu ao palco do Ginásio por volta das 23h20, com um vigor musical surpreendente, já que vinham de uma série de três shows consecutivos. Antes de Recife, a banda já tinha passado por São Paulo, Goiânia e Belo Horizonte. Lembro de pensar comigo mesmo: “pela idade dos integrantes, a banda chegará cansada da maratona de shows”. Ledo engano. O grupo realizou um show impecável. Exceto pelo baixista convidado Rob De Luca e pelo guitarrista Vinnie Moore, que ainda são jovens, os demais membros já são sexagenários, mas isso não parece ser empecilho para a realização de um show com toda a energia puramente Rock and Roll. A voz de

Mogg e ao baixista Pete Way, em 1969, ainda mantém sua pegada e não deixa o clima esfriar. A única ausência sentida neste show talvez seja a do baixista Pete Way, que, por causa de sérios problemas de saúde, deixou a banda em 2004. Escalado para a turnê em território brasileiro, o baixista americano Rob De Luca - que meses antes acompanhou Sebastian Bach, quando o ex-vocalista do Skid Row abriu os shows do Guns N' Roses em sua turnê mundial - deu seu recado e desempenhou bem o papel de convidado, em uma banda que mantém seu legado vivo e permanece caindo na estrada, fazendo história como poucas dentro do legítimo Rock and Roll.

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Fotos cedidas pelo blog Boteko do Rock, que se fez presente no show do UFO em Recife.

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Notícias e Curiosidades The 69 Eyes confirma dois shows no Brasil em setembro

Mötley Crüe: Vince Neil é preso por dirigir embriagado

A banda finlandesa de Gothic Glam Rock The 69 Eyes está de volta ao Brasil. Eles se apresentam no dia 25 de setembro, no Carioca Club, em São Paulo, e no dia seguinte, no Teatro Odisséia, no Rio de Janeiro. A última vez que o quinteto esteve no Brasil foi em 2005, durante o festival Live 'N' Louder, ao lado de bandas como Scorpions, Nightwish e Destruction.

Metal Hammer: melhores músicas da história do Death Metal Em 2009 a revista Metal Hammer alemã compilou uma lista das 111 melhores músicas de Death Metal de todos os tempos, após uma seleção feita pelos visitantes do website MetalHammer.de. Mais de 15.000 votos foram contados e o ficou com "Hammer Smashed Face", do CANNIBAL CORPSE. Confia os 10 mais do Death Metal.

K i s s : m o r re empresário que descobriu a banda A n t i g o cinegrafista de TV, Bill Aucoin, responsável pelo descobrimento da banda norteamericana de rock Kiss, morreu nesta segunda-feira (28), aos 66 anos, na Flórida, EUA. Aucoin deparou-se com o Kiss em Nova Iorque, em 1973, e ajudou a criar os recursos cênicos adotados pela banda ao longo da carreira, como a maquiagem, além de transformar o quarteto num poderoso instrumento de marketing.

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De acordo com o site TMZ.com o vocalista do Mötley Crüe, Vince Neil, foi preso em Las Vegas, 28 de junho, sob suspeita de dirigir alcoolizado. Ele ficou sob custódia na delegacia da comarca de County, e a fiança estipulada para sua soltura foi de US$ 2 mil.

01. Cannibal Corpse - "Hammer Smashed Face" 02. Arch Enemy - "We Will Rise" 03. Death - "Crystal Mountain" 04. Amon Amarth - "Pursuit Of Vikings" 05. Vader - "Carnal" 06. Sepultura - "Arise" 07. Carcass - "Heartwork" 08. In Flames - "Only For The Weak" 09. Kataklysm - "In Shadows And Dust" 10. Behemoth - "Christians To The Lions"

L y n y r d Skynyrd: exbacking perde batalha contra o câncer O LY N Y R D SKYNYRD perdeu mais um membro da família: a ex-vocalista Deborah Jo White, de 58 anos de idade perdeu sua batalha contra o câncer. Deborah, que se apresentava como Jo Jo Billingsley, faleceu na quinta-feira (24 de junho de 2010) em sua casa no Alabama. Ela excursionou com a banda como uma das backing vocals que se apresentavam como THE HONKETTES por três anos em meados da década de 70 antes de abandonar os hitmakers de "Sweet Home Alabama".

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World Metal

Notícias e Curiosidades Bruce Dickinson dedica música a Dio em show Dia 19 de junho, durante um show do Iron Maiden na Califórnia, o vocalista Bruce Dickinson dedicou a música "Blood Brothers" ao falecido vocalista Ronnie James Dio."Um cara que tristemente se foi. Em algum lugar, tomara, ele está olhando lá de cima e tirando sarro da minha cara - Sr. Ronnie James Dio. Esse é um cara para quem eu posso realmente falar 'Ronnie, eu realmente não sou melhor, mesmo sendo três polegadas mais alto que você". http://www.youtube.com/watch?v=bB_ASX67 OAs

Apocalyptica disponibiliza End of Me no MySpace Oficial

S h a m a n : imagens da versão japonesa de novo álbum Já circulam pela i n t e r n e t imagens do novo CD do Shaman, "Origins", que tem previsão de lançamento para esse mês. As imagens divulgadas são da versão japonesa. Veja também a capa do próximo cd da banda. 7th Symphony.

Pa ra t o d o s a q u e l e s q u e n ã o conseguiram ouvir a música nova, End of Me, o Apocalyptica disponibilizou no MySpace oficial da banda a faixa completa para que os fãs possam ouvir em boa qualidade. http://www.myspace.com/apocalyptica

Metal: confira os lançamentos do mês de Tarja Turunen: vídeo com julho músicas novas da vocalista O site Metal Storm compilou uma lista dos lançamentos programados para o mês de julho. Confira abaixo alguns do que vem por aí. Cavalera Conspiracy – Sem título ainda Venom – Sem título ainda Blind Guardian - At The Edge Of Time Jorn – Dio Impending Doom - There Will Be Violence Chimaira - Coming Alive [DVD]

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A cantora finlandesa Tarja Turunen apresentou no festival Graspop Metal Meeting na Bélgica duas novas músicas, entre elas "Falling Awake", que será o primeiro single do novo álbum "What Lies Beneath", previsto para ser lançado no dia 19 de julho. http://www.youtube.com/watch?v=GJe_p8p b0DA http://www.youtube.com/watch?v=TWCL11ZP6M

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A banda pernambucana arruma as malas para se apresentar num dos maiores eventos do heavy metal do mundo Texto: Pei Fang Fon Fotos: Divulgação

Em uma surpreendente vitória, a banda pernambucana de Heavy/Folk Metal, Cangaço, conquistou a todos no Wacken Metal Battle Brasil, e vai se apresentar no Wacken Open Air deste ano. Após uma disputa acirrada entre grandes bandas do Metal nacional, a Cangaço foi a nossa representante nordestina na seletiva final, que ocorreu em São Paulo, no Manifesto Bar, em maio. Foram seis bandas concorrendo ao prêmio máximo da competição, entre elas Khrophus (SC), Survive (AC), Tierramystica (RS), Warbiff (CE) e Warfx (RJ), além, claro, da Cangaço. O Wacken Open Air acontecerá entre os dias 5 e 7 de agosto. Confira agora, com exclusividade, uma entrevista cedida a Rock Meeting pela banda que representará o Brasil na Alemanha.

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Primeiramente, gostaríamos de agradecer pela entrevista e parabenizá-los pela conquista mais recente de vocês. Antes de entrar em detalhes, como foi o surgimento da Cangaço? Por que esse nome? A banda seguia anteriormente com o nome Vectrus e contava com Laércio Silva na bateria. A opção pela mudança de nome foi pensada por um longo tempo, e apenas refletiu um caminho que estávamos buscando na música: juntar o Heavy Metal com o melhor da música regional do nordeste, possibilitando diversas combinações e riffs ainda pouco explorados no Metal nacional, além da temática ligada ao nome Cangaço - uma mistura de rebeldia, independência, códigos de conduta, e um passeio na linha que separa o mocinho do bandido na história. Por coincidência, na época em que estávamos na fase de transição, Laércio precisou se ausentar da banda, dando lugar ao nosso já conhecido Arthur Lira. Como se deu o processo de formação até a sustentação da banda? Enfrentamos diversos obstáculos na construção do nosso trabalho: a falta de patrocínio e produtores interessados é evidente. Ainda bem que temos pelo menos acesso à internet, possibilitando a atualização constante. A banda surgiu bem diferente da forma atual, mas sempre com Magno Lima e Rafael Cadena tocando juntos. Foram necessários, em média, cinco anos até os integrantes se sentirem maduros o suficiente para começar um trabalho e apresentá-lo na cena. Para isso, freqüentávamos praticamente todos os shows da cena local, visando aprender com as bandas o máximo possível. E seguimos aprendendo.

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O sonho de toda banda é tocar em grandes festivais de metal espalhados pelo mundo, como Wacken Open Air. Falando nele, como vocês ficaram sabendo da seletiva do Wacken Metal Battle Brasil? Como foi 'duelar' com as bandas em Recife? Soubemos do concurso através do site da Roadie Crew e mandamos o material requerido para inscrição. Entretanto, é o produtor local que escolhe as bandas concorrentes, e, junto com Project 666, Firetomb, Still Living e Inner Demons Rise, fomos selecionados por João Marinho, também da loja Blackout Discos, para a competição em Recife. O show em Recife teve diversos problemas técnicos, ainda mais porque fomos a banda de abertura, e todas os grupos fizeram um show excelente. Sinceramente, o clima instaurado por causa da competição não é muito confortável, até porque nossa felicidade dependia da tristeza das outras bandas, e isso é notável na hora dos cumprimentos. É uma boa oportunidade, mas sentimos por ser julgada a melhor banda, até porque nem acreditamos que exista uma melhor banda, ainda mais numa competição desse nível. Só podemos nos sentir muito honrados. Para a nossa felicidade, ganhamos a oportunidade de representar Pernambuco lá em São Paulo. Vocês disputaram a final contra as bandas Khrophus (SC), Survive (AC), Tierramystica (RS), Warbiff (CE) e Warfx (RJ). Contem-nos qual foi a sensação de ganhar a seletiva do Wacken no Brasil. Se em Recife a competição foi acirrada, lá em São Paulo foi bem mais complicado. Na verdade, nem sabíamos da existência de bandas tão competentes no Brasil, que levassem o trabalho com o Metal realmente a sério. Ficamos, literalmente, babando durante os shows das outras bandas, tanto que, na hora de anunciarem o grupo musical escolhido, ficamos em choque mesmo. Estávamos muito felizes só de ter participado daquele show e assistido a performances tão boas. A sensação é de e x t r e m a responsabilidade e necessidade de trabalho intenso e constante, a fim de representar nosso país e todas as excelentes bandas que competiram conosco, tanto em Recife, quanto na final nacional.

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Depois da vitória, expectativas para o futuro?

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Próxima parada: Alemanha. E aí? Vocês estão prontos?

Desenvolver o caminho musical escolhido e investir na busca de patrocinadores interessados, para que possamos levantar o máximo possível a bandeira do Metal de Pernambuco para o Brasil, e do Brasil para o mundo. Além disso, levar nosso trabalho para a maior quantidade possível de lugares no mundo, e, se possível, poder sobreviver apenas trabalhando com o Heavy Metal.

Estamos trabalhando na gravação de uma nova demo, para chegarmos à Alemanha com material inédito, e ensaiando bastante as músicas novas. Estamos, sim, bastante ansiosos em tocar fora do país, e também por poder assistir a diversos excelentes shows. Mas o foco principal é materializar uma performance destruidora lá no Wacken, representando as bandas e todos os headbangers brasileiros à altura que merecem.

O que vocês acreditam ter sido o diferencial para ganhar o WMB? Acreditamos que uma junção de fatores contribuiu para o fato. Sinceramente, não sabemos ao certo, mas a proposta musical diferenciada, aliada à verdade que a banda apresenta nos shows, certamente deve ter influenciado em alguns quesitos na hora da votação.

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Bem, mais uma vez agradecemos a participação do Cangaço! Desejamos sucesso. Continuem com o trabalho que estão desenvolvendo. Nós que agradecemos a oportunidade de divulgar nosso trabalho. Parabéns pelo apoio ao Metal nacional.


Palmeira dos Índios sediou a terceira edição do FMI e mostrou que o cenário no interior é forte Texto: Daniel Lima | Pei Fang Fon Fotos: Pei Fang Fon Observando o que acontece em Maceió, talvez você já tenha se perguntado: há rock and roll no interior? Você pode não saber disso, mas há, sim! Nos últimos dias de maio, a cidade de Palmeira dos Índios foi palco para a terceira edição do Festival de Música Independente (FMI) – Night of Metal, contando com a participação das bandas Forloxcia (Thrash Metal de União dos Palmares), Morcegos (Death/Thrash de Maceió) e One Way (Heavy Metal de Palmeira dos Índios). O evento ocorreu na casa de show Aquarius. Palmeira dos Índios fica a 133 km de Maceió, e mal se viu algum morador da capital por lá, mas caravanas de cidades vizinhas, como Arapiraca e União de Palmares, marcaram presença no FMI e mostraram que a distância não é problema para eles. O Show

O palco do FMI, a casa de shows Aquarius, fica às margens de um rio meio antagônico: ao invés de gerar e ajudar a manter vidas, ele já a tirou de alguns moradores da cidade, entre eles o irmão de Cândida Caribé – uma das organizadoras do evento, junto a Apolônio Torres Neto. Segundo a organização, o FMI foi feito em homenagem a ele, que era muito fã da banda Morcegos. Com poucos minutos de atraso, a primeira banda da noite foi a Forloxcia, da cidade de Zumbi dos Palmares. Guerreiros, trouxeram para o público canções próprias do seu EP, “Time of My Agony”. No momento em que o seu setlist foi iniciado, a casa foi se enchendo de maneira surpreendente, como se o som estivesse chamando os apaixonados pelo metal. Com uma pegada mais Thrash, o público conferiu uma homenagem a Ronnie James Dio, feita pelos integrantes da banda. O grupo terminou a apresentação recebendo uma salva de palmas in memorian do ícone do Heavy Metal mundial. Canções de outras bandas, como o Metallica (“Seek and Destroy”) e o Sepultura (“Territory”), foram executadas para o delírio do público presente, esta última contando com a participação de Rodrigo Bento na bateria. A banda de União, composta por Tassio Monteiro (baixo/vocal), Thiago Alcântara (bateria), Fábio da Silva (guitarra/vocal) e Nando Pires (guitarra), deu um início brilhante à noite palmerina.

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Êxodo do Metal Não é muito comum ver pessoas saindo da sua cidade para ir a um evento em outro lugar. Na capital, já é complicado sair do bairro onde se mora e se deslocar para outro, no intuito de ver a apresentação de alguma banda. Algo que chamou a atenção foi o público presente no festival. O público do FMI foi maior do que em muitos shows que frequentamos aqui em Maceió. Eles realmente mostraram que valorizam os eventos, comparecendo para prestigiar e ouvir um bom som. Mostraram-nos que Maceió tem muito a aprender, e reforçaram o que já sabíamos: que valorizar os eventos locais é extremamente importante. O engraçado é que, como se fala tanto em Maceió, eles acabam pensando que aqui é o grande centro do Rock em Alagoas. O que vemos diariamente, entretanto, nos mostra uma realidade bem diferente. Pudemos conferir, com imensa satisfação e espanto, ao mesmo tempo, a maneira como os fãs do Metal saíram de suas cidades para conferir um evento fora do seu “domínio”. Arapiraca, Maceió, União dos Palmares e Murici estiveram por lá, além dos moradores da cidade, que surgiam dos mais variados lugares. Para Frankstone, a presença do público foi importante para confirmar que o sucesso da Morcegos não se concentra apenas em Maceió. Ele comentou sobre a presença massiva do público de outras cidades: “Houve caravanas de outras cidades para prestigiar o evento, além da presença em massa do público local, que, junto aos de outras cidades, lotou a casa de show. Isso é algo realmente fantástico, já que, em nossa cidade natal, muitas vezes as pessoas deixam de ir para determinado show por causa do local, do bairro”, desabafa.

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Em Viçosa também teve banda tocando. Ao som de muitos estilos, o público foi ao delírio Por Jonas Sutareli | Lucas Marques

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uando falamos de rock alagoano, na maioria das vezes, nos limitamos a relacioná-lo ao cenário existente em nossa bela capital, Maceió. Mas o que poucos sabem e muitos procuram não saber, é que temos uma cena emergente muito bonita também no interior do estado, com shows em bons lugares e público considerável. No interior de Alagoas também tem rock! No dia 29 de maio, ocorreu na cidade de Viçosa a 5ª edição do “Viçosa Pró Rock”, um evento que reuniu bandas da cidade e de Maceió para difundir ainda mais o som rebelde dentro do estado. O aconteceu no clube da AABB viçosense, um ótimo lugar para se fazer um show de rock underground. Melhor, inclusive, que a maioria dos locais onde geralmente são realizados os shows em Maceió. A energia Rock and roll Alguns amantes do rock and roll das cidades vizinhas foram para Viçosa em busca de um bom show. O evento contou com um bom número de pessoas. As bandas correspondiam à energia do pessoal presente e vice-versa. Foi um evento maravilhoso! Houve horas em que aquela energia rock and roll incomparável pairava no ambiente, e isso era perceptível pela reação da plateia. A fim de criar um acontecimento democrático, onde todos pudessem curtir o seu estilo favorito, a organização tratou de não fazer um espetáculo de bandas de um estilo padrão; o que aconteceu foi um evento eclético, para agradar a gregos e troianos. A fórmula deu certo: a agitação do público era constante, e se via claramente que a maioria estava ali para curtir o som, sem se preocupar em julgar as bandas. Foi interessante ver covers de Sepultura e Blink 182 num mesmo evento, sem que nenhuma das bandas sofresse algum tipo de reação negativa por parte dos que estavam presentes. A organização deu um apoio consistente às bandas. A Rock Meeting parabeniza Alex e sua equipe pela organização e pela preocupação com as bandas, cedendo transporte, alimentação e um amplo local para que os músicos pudessem ficar antes do show (uma espécie de camarim coletivo). Outra coisa legal de destacar foi o fato de o investimento razoável de tempo e dinheiro por parte da organização não ter refletido no valor dos ingressos, que custavam de cinco a oito reais. Pouca coisa a se cobrar por um evento tão completo.

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Todos os membros da organização foram bastante atenciosos e prestativos com as bandas, até o último minuto. Ocorreram alguns percalços que, com a ajuda dos amigos, foram superados. Alguns princípios de tumulto também foram detectados, mas a segurança foi eficiente e colocou os baderneiros para fora, sem gerar maiores aborrecimentos à plateia. As bandas O lineup do evento contou com as bandas Blues de Cotovelo, Autopse, Goneblack, Dia 5, ScreamFlame, Papel de Parede, Arcania e Wishes, nessa mesma ordem de apresentação, que foi decidida na hora, por sorteio. A banda Blues de Cotovelo mandou um blues de qualidade pra galera. Uma pegada autêntica, um som bem ensaiado e bem executado, uma apresentação do jeito que a plateia merecia. Acredite, caro leitor, vimos até inícios de mosh pit. Isso foi inédito! Ainda contou com a participação de um amigo da banda que tocava gaita, o que deixou o som bem mais interessante, e, digamos, “viajado”! Muito bom de ouvir. Tocando Cazuza em ritmo de blues e também algumas músicas próprias, a banda abriu o festival magistralmente. Autopse mandou muito no som pesado! Imaginem uma banda tocando covers de Soulfy e Sepultura com uma mulher nos vocais. Isso mesmo! As mulheres do Metal também representaram a cena no Viçosa Pró Rock. A principal banda representando um som mais pesado, a Autopse subiu no palco e mostrou a que veio, enlouquecendo o público, que fazia um bom circlepit. GoneBlack representou vários estilos do rock. Com covers de Creed, Slipknot e Avenged Sevenfold, a banda agitou a galera, que ficou insana ao som da música “Psychosocial”, do Slipknot. Provavelmente o ponto alto da apresentação da banda.

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Outra banda que veio com uma garota nos vocais, sendo relativamente conhecida em Maceió, foi a Dia 5, tocando um Hardcore para ninguém botar defeito. Com uma apresentação enérgica, a banda mostrou estar bem ensaiada, e a ligação entre os integrantes era bastante evidente, o que deixou o show muito mais interessante. Raimundos e Blink 182. Não saem tanto assim da mesma linha. Além de executar músicas próprias, a ScreamFlame tirou a galera do chão e fez coro com “Eu Quero Ver o Oco”, dos Raimundos, e “All the Small Things”, do Blink 182. Músicas bastante conhecidas que foram os grandes destaques do show da banda. Trazendo a velha linha do Punk/Hardcore à tona, a banda Papel de Parede subiu no palco cheia de energia. Já conhecida da maioria do público presente por ser uma banda local, o público se deixou levar fácil. A Papel de Parede tem como um de seus integrantes o já citado Alex, o grande organizador da festa. Sobe no palco a penúltima banda a se apresentar no evento. A Arcânia tinha tudo para fazer um show muito bom para a galera presente, porém um fato lamentável ocorreu. O baterista passou mal e caiu desmaiado no palco. Felizmente, sem maiores problemas depois. Arcânia deixou o palco em meio a lágrimas de preocupação da vocalista. Quando pensávamos que o evento havia terminado após o imprevisto, eis que surge uma banda bem conhecida do público maceioense. A Wishes veio detonando com o seu som matador, que variava entre covers de Slipknot, Coal Chamber, e as músicas de autoria própria. Apesar de não haver quase mais público, a banda tocou com todo o gás e energia. Os poucos presentes com certeza acordaram com um belo torcicolo, no dia seguinte. A RM agradece o apoio que nos foi dado pelo Viçosa Pró Rock! Esperamos que aconteçam mais eventos desse nível no interior do estado.

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Texto: Costábile Salzano Jr. (The Ultimate Press) Fotos: Vivianne Drummond

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raticamente uma semana após o show do Deathstars, outra banda sueca resolveu mostrar as caras aos headbangers brasileiros. Desta vez, quem passou pelo palco do Carioca Club, foi o Dark Tranquillity. A noite do Dia dos Namorados celebrou a exuberante estreia de um dos criadores do Death Metal melódico no País. O Dark Tranquillity é um grupo que ficou mundialmente conhecido devido a sua excelência musical. Com temas rápidos, excêntricos e letras inteligentes, a sua sonoridade arrebatou em cheio os fãs tanto das músicas pesadas, como os que gostam de partes mais melódicas. Após realizar longas turnês pela Europa e pela América do Norte, Mikael Stanne (vocais), Martin Henriksson (guitarra), Niklas Sundin (guitarra), Daniel Antonsson (baixo), Martin Brandstrom (teclados) e Anders Jivarp (bateria) finalmente vieram desbravar a América do Sul por completo, e o Brasil foi um dos países agraciados por esta ilustre e tão esperada visita. Exatamente às 20h25, o Dark Tranquillity estreava no Brasil, e, logo de cara, recebia o tão famoso calor do público brasileiro. O sexteto entrou em cena com “At the Point of Ignition” e “The Fatalist”, duas “pauladas” de seu mais recente álbum, o “We are the Void”. Assim como aconteceu na estreia do Amon Amarth, outro excelente grupo sueco, logo nas duas primeiras músicas, o público já estava extasiado, nos braços do sexteto. Afinal, foram 20 anos de espera, que deveriam ser recompensados em pouco mais de 1h40 do mais puro Gothenburg sound. Mantendo o ritmo acelerado, executaram uma trinca enlouquecedora: “Focus Shift”, e para o delírio da galera, as clássicas “The Wonders at Your Feet” e “Final Resistance”. O repertório, conforme fora prometido pelos músicos, seguiu com composições de praticamente todos os trabalhos. Uma das canções que mais impressionaram ao vivo foi a nova “Shadow in Our Blood”, que teve o seu clipe sincronizado no backdrop. No entanto, o clímax da apresentação veio justamente na primeira do bis, com “Therein”. Se no disco ela é fantástica, ao vivo, é fora de série. A partir dali, o que veio foi lucro.

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Porém, tudo o que é bom dura pouco. O show passou muito rápido... Sinal de que os integrantes do Dark Tranquillity foram eficientes. Até mesmo quando executaram músicas mais calmas, a exibição não se tornou maçante, e a interatividade com os fãs foi a mesma, do início ao fim. O vocalista Mikael Stanne foi um poço de simpatia e carisma. Com o sorriso sempre largo no rosto, deu um show à parte. Seu vocal é impar. Perfeito tanto nas partes melódicas, quanto nos vocais rasgados, sem

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sombra de dúvidas ditou a vibração para que aquela noite fosse inesquecível, para a banda e para os fãs. A dupla de guitarristas Niklas Sundin e Martin Henriksson se completam como unha e carne. Donos de riffs poderosos, são verdadeiros maestros, e conseguiram evidenciar por que são músicos tão aclamados dentro do Death Metal. A cozinha formada por Daniel Antonsson (baixo) e Anders Jivarp (bateria) “joga” fácil até mesmo nas partes mais complicadas. Eles nunca deixaram o ritmo da apresentação, muitas vezes frenético, cair. No entanto, é o teclado de Martin Brandstrom que determina a excentricidade das músicas. Mesmo que posicionado ao fundo do palco, sua presença é mais do que notória. Suas linhas melódicas dão aquele toque intimista a cada composição, o que muitas vezes determina a identidade de uma música; fato que também acontece em outras bandas, como o Dimmu Borgir, o Cradle of Fith e o Children of Bodom. O Dark Tranquillity provou, ao vivo, diante dos aficionados fãs brasileiros, por que é considerado um dos melhores grupos do atual cenário do Heavy Metal mundial. Se seus compatriotas In Flames e At the Gates tomaram um rumo um tanto diferente quando comparamos a atual sonoridade dos dois grupos com a do inicio de carreira, o Dark Tranquillity mantém, até hoje, a sua identidade musical. É claro que a banda passou por momentos experimentais, mas a sua peculiaridade característica se mantém intacta.


Os suecos não precisaram de muitos elementos para fazer uma boa apresentação. Os caras se garantiram “na raça” mesmo, no palco, executando seu som rápido, pesado e devastador, sob a base de uma iluminação simples. A única coisa de extravagante foi as imagens sobrepostas no backdrop, que, de certa forma, deram um toque mais intimista ao show. De resto, foi “porrada na orelha”, executada por uma banda segura e com uma performance perfeita. O único porém foi ter deixado “Monochromatic Stains”, que há um bom tempo não tem figurado no repertório, mais uma vez de fora. Mesmo assim, fizeram uma das melhores apresentações do ano! Set list Dark Tranquillity – São Paulo – 12/06/2010 1.At the Point of Ignition 2.The Fatalist 3.Focus Shift 4.The Wonders At Your Feet 5.Final Resistance 6.Misery's Crown 7.Punish My Heaven 8.Iridium 9.Shadow in Our Blood 10.The Lesser Faith 11.Dream Oblivion 12.Lethe 13.Lost To Apathy 14.ThereIn 15.The Grandest Accusation 16.Terminus (Where Death Is Most Alive)

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Por Daniel Lima Fotos: Pei Fang Fon

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m 2010, a Donzela de Ferro completa 30 anos do lançamento do seu primeiro disco, o “Iron Maiden”, e o aniversário deste clássico está sendo comemorado no mundo inteiro. Maceió não poderia ficar de fora, e por isso algumas bandas se reuniram para fazer uma homenagem a este álbum importantíssimo, que marcou época para os fãs de Heavy Metal, e principalmente para os fãs da banda. Gravado ainda com Paul Di'Anno no vocal, o disco contém alguns dos hinos do Maiden, que até hoje são cantados pelos fãs com fervor. As bandas Anesthesia (cover Metallica), Postmortem (cover de Slayer), Powerslave (cover de Iron Maiden), IMDY Project (cover de Iron Maiden) e Ripper participaram desse momento fabuloso, que foi realizado no Kfofo Music Show, no dia 13 de junho, dia do santo casamenteiro - não poderia haver data melhor para casar o amor pelo Heavy Metal com a festa de comemoração dos 30 anos do lançamento do primeiro álbum de uma das maiores bandas de Metal do mundo. Um detalhe que chamou bastante a atenção foi que esse evento teve um caráter solidário: cada pessoa que fosse ao evento, além de comprar o ingresso, deveria levar um kg de alimento não perecível, para ajudar as pessoas carentes. Coincidentemente ou ironicamente, tragédia nos municípios do interior de Alagoas e Pernambuco ainda não havia ocorrido.

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O show As apresentações começaram por volta das 17h com a banda Anesthesia, que faz covers dos grandes do Thrash Metal do Metallica. Luis Henrique (guitarra e vocal), Daniel Espanhol (bateria), Fabinho (guitarra) e Edilson Lyma (Baixo) tocaram clássicos que variavam entre músicas dos álbuns dos anos de 1980 e 1990. A banda começou com “The Four Horsemen”, segunda faixa do primeiro álbum do Metallica, “Kill'em All”. Essa foi para começar a bater cabeça logo de cara, e ver realmente quem conhece e curte Metal. Em seguida, “Disposable Heroes”. “Holier Than Thou” foi a música que veio logo depois, em uma sequência destruidora para marcar o início dos anos de 1990, e assim seguiu o repertório de clássicos. Em seguida veio a Postmortem, tocando músicas de uma banda cujo som se tornou difícil de ouvir nos shows aqui em

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Maceió, o Slayer. Começaram com “Hell Awaits”, fazendo a galera animar o circlepit. Porém, o caos só foi instaurado no Kfofo quando a galera começou a ouvir “The Antichrist”. Os headbangers presentes ou se matavam na “roda”, ou batiam cabeça incessantemente. O repertório seguiu forte até que veio outro grande clássico do Slayer, “Angel of Death”, que fez a galera ir à loucura e se preparar para os grupos musicais que viriam a seguir. Para encerrar a apresentação, Postmortem tocou a música mais clássica do Slayer: “Raining Blood”. A primeira banda que tocaria músicas do Maiden nessa noite de festa subiu ao palco em seguida, executando músicas da era Bruce Dickinson. Um repertório pequeno, de apenas cinco músicas, mas bastante empolgante, com clássicos para fazer os bangers baterem cabeça e cantarem junto com a banda. A Powerslave tocou com três guitarristas, de acordo com a formação atual do Iron Maiden. A Powerslave começou com “Be Quick or Be Dead”, música do álbum “Fear of the Dark”. Em seguida, outro clássico do Maiden, “The Trooper”, que invadiu o Kfofo e fez com que todos cantassem principalmente o refrão da música, que não é nada difícil. Logo depois, “Flight of Icarus” colocou a galera para pular. Continuando a apresentação, a banda

tocou ”Wasted Years”, do álbum “Somewhere in Time” - um disco muito influente no mundo do Heavy Metal, citado por muitos músicos consagrados. Para encerrar, a música que dá nome a banda cover, “Powerslave”. Quem achava não ouviria mais Iron Maiden na noite estava completamente enganado, pois a IMDY Project subiu ao palco e iniciou a apresentação com “Transylvania”, uma música instrumental do álbum que estava sendo festejado naquela noite. Daí em diante, não é preciso dizer o que aconteceu: basta ouvir o primeiro álbum do Iron Maiden. Clássicos como “Prowler”, “Remember Tomorrow”, “Sanctuary” e “Iron Maiden” estavam no repertório. Para encerrar a noite, a banda Ripper fez um tributo a um cara que foi bastante influente, e que inseriu o “Mallocchio” no mundo do Rock. Para quem não sabe o que é, lembre-se do gesto típico no Rock and Roll, com os dedos mínimo e indicador levantados. Clássicos como “Don't Talk to Strangers” estavam no repertório da banda, que se apresentou para poucas pessoas, já que uma boa parte do público já havia saído. Apesar desse detalhe, a banda se apresentou muito bem, e poder ouvir a voz de Ronnie James Dio é sempre uma felicidade. Os bons nunca realmente morrem.

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Por Jonas Sutareli e Lucas Marques Fotos: Pei Fang Fon

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ês de junho, festas juninas, coisa tipicamente nordestina. Mas na nossa capital, aconteceu um evento que adicionou um diferencial aos festejos da data: o São João Rock, que aconteceu no KFofo. Festejando as passagens juninas, ouvimos muito Rock and Roll para comemorar! Uma festa bastante eclética, com som para todos os gostos: desde covers de As I Lay Dying e System of a Down até Pantera e Sepultura. O evento começou com uma banda cover de System of a Down. Agitou legal, para uma banda de abertura, e deixou seu rastro no evento. Tocando grandes clássicos da SOAD, a Suey fez a galera cantar quase todos os refrões. Destaque para a interpretação do guitarrista da Suey, que realmente entrou no clima. Entretanto, o que mais marcou foi a espontaneidade da banda, coisa que não é em todo canto que se vê, mesmo num cenário underground. Logo em seguida, subiu ao palco a Zé Caveira, uma banda formada por pessoas bem conhecidas da cena local, que fizeram parte de grandes representantes da nossa música. A banda é composta por Jonas (ex-Mutação, The Gordones) na guitarra, Pedro (Atrito) no baixo, Léo (ex-Not My Problem) na bateria e Serginho no vocal. Fazendo covers de Zumbis do Espaço, Ramones e Misfits, foi uma banda que o público curtiu muito. 25

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A próxima banda a se apresentar foi a Before I Die, que veio com seu Metalcore já conhecido pela galera. Repertório tradicional, com covers de As I Lay Dying e algumas músicas próprias. Destaque para os vocais. A performance da banda em cima de um palco é algo que dispensa qualquer comentários. Os integrantes nunca deixam a desejar. Na sequência, a Autopse veio matadora, tocando Sepultura, Soulfy e algumas músicas próprias, uma delas com o nome de “Sertão”, que até se encaixa bem na temática das festas juninas. Esta é outra banda que dispensa comentários! Animou o público do começo ao fim. Trajados com chapéus de vaqueiros, o caras da Penitência colocaram todo mundo pra bater cabeça com seu som de qualidade indiscutível! Depois da Autopse, a Penitência continuou mandando tudo para o alto, executando covers de Sepultura, Pantera e Motörhead, esta última com uma pegada bem mais animal, o que chamou bastante a atenção de quem curtia. A Penitência realmente é uma banda de pegada. Algo que precisamos sempre! Para encerrar, a Morcegos, outra velha conhecida do público headbanger alagoano, mostrou seu som brutal, mantendo a linha das duas bandas anteriores, mas com aquele velho feeling mais extremo. A Morcegos se mostra cada vez melhor, mesmo estando por aí há mais de duas décadas. Isso prova que quanto mais tempo de estrada se tem, mais dotado de qualidades o som se torna. No fim de tudo, a banda do organizador do evento, a já conhecida e aclamada Cheiro de Calcinha. Seu som irreverente agora tem fama de proporção nacional. Após aparecerem em grandes veículos televisivos brasileiros, Lobão e sua trupe continuam lutando pelo crescimento do cenário alagoano de rock, com a mesma humildade de sempre.

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O nosso perfilado do mês, está longe de Maceió há alguns anos. Conheçam um pouco mais sobre Alan Huston, exvocalista da banda Mutação.

Apresente-se. Alan Huston Cardoso Jacintho: um "filho-devó". Nascido e criado no Rio; vivido em Maceió. Hoje vive fora e pensa em Espanhol. Imigrante ilegal. Basicamente, só isso. Você era o vocalista da banda Mutação, referência do hardcore em Maceió. Como foi esse período a frente da banda? Foi uma das coisas mais importantes da minha vida! Foi uma pena ter que deixar a banda na época em que mais acreditávamos em nossos sonhos. Fui egoísta, mas me entendo, e meus amigos também. Não me arrependo, embora sinta saudade e vontade de voltar a tocar, algum dia. Hoje você mora na Espanha. O que poderia nos dizer em relação ao meio underground espanhol? Você participa ativamente dele? Não poderia dizer muita coisa. Gosto de alguns grupos espanhóis e fui a alguns shows do meio underground, embora as bandas principais fossem de fora. Você ainda compõe para a Mutação, mesmo estando longe? Quando pretende mostrar suas composições? De que falam as letras? Ainda componho, sim, mas só para mim (ou prefiro pensar assim), pois me frustra não ter a Mutação por perto para me ajudar com algum... "tempero adicional". E tenho preguiça de recomeçar com um projeto que

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não seja do meu agrado. Ultimamente, componho de uma maneira estranha e falo sobre outros temas. Imigração é um deles. Já não sou tão otimista como antes. No tempo em que passou com a Mutação, quais as situações mais engraçadas que presenciou? Engraçadas? Já aconteceu tanta coisa desse tipo que não consigo lembrar de uma preferida. A clássica: em um dia em que fomos tocar num lugar meio distante do centro de Maceió (lá pros lados de Ipioca, creio), levamos instrumentos (incluindo a bateria) e equipamentos em várias viagens, super estressante; e quando já está quase tudo preparado para que possamos tocar, cai um "toró" e o show é cancelado. Outra boa? O dia em que um idiota nos apresenta assim: "...e com vocês, Mutasamba!" Outra? Tocaríamos depois do grupo de reggae Vibrações Rasta, e vimos que todos (com exceção das nossas namoradas, claro) iam embora, uma vez acabado o show... do Vibrações. Não sei se são fatos "engraçados", mas sempre ríamos.


Num vídeo disponível no YouTube, você deixa uma mensagem para os fãs e amigos da banda e menciona uma futura vinda a Maceió. E aí, quando é que isso vai acontecer? O que pretende fazer ao voltar à 'terrinha'? Hoje em dia prefiro dizer que não sei quando volto. Quanto mais velho fico, mais incerto é o meu futuro. Quando voltar, passarei bastante tempo com a família e com os amigos. Se for rolar algum show ou turnê tranquila, beleza, tô dentro. Mas não me concentrarei só nisso. Destaque para nós os 5 álbuns que mais gosta, e, em poucas palavras, defina o que cada um deles significa para você. É a pergunta mais difícil da entrevista! Responderei da única maneira que posso. Como só são cinco, prefiro mencionar cinco lançados nos últimos anos: “Death to Tyrants” (Sick of It All), “Relax” (Lax'n'Busto), “Machine 15” (Millencolin), “Mandala” (RX Bandits), “Agents of the

Underground” (Strung Out). Não sei por que gosto de cada um em si. Acho que gostar já é um motivo... Você já mora há algum tempo fora do Brasil. De que sente mais falta? Da banda, dos amigos, da família e de algumas marcas de cerveja... Ser vocalista não é uma tarefa fácil. Qual é o sentimento de subir ao palco e ouvir o público cantando as músicas da banda? Senti isso pela primeira vez em 2004, quando lançamos nosso primeiro e único filho (o álbum “Por quê?”). O Orákulo lotado... Perfeito. Gostaríamos de agradecer pela disponibilidade para responder nossas perguntas. Sucesso. De nada! Até mais! Obrigado! E perdoem os possíveis erros do meu não praticado português.



A coluna Eu Estava Lá desta edição será um pouco diferente. Ao invés de expormos fotos de eventos locais, vamos dar uma pausa no Rock para mostrarmos um pouco do desastre provocado pelos alagamentos no interior de Alagoas. Confira as fotos da enchente que atingiu várias cidades. Fotos: Tudo na Hora, Secom-AL.

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