Revista Rock Meeting #53

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Pela hora da morte

Editorial 2014 começou, o salário-mínimo aumentou, a cesta básica, a diversão, e até um mísero chiclete. Só o que não diminui é a quantidade de caras de pau que comandam o nosso país. Mas não vamos entrar nas questões políticas, pois cada um aqui tem a sua opinião sobre isso. Porém, todos nós, não aguentamos mais tanta corrupção. Além de sermos extorquidos, todos os dias, com altas taxas de impostos, já discutimos aqui os valores dos ingressos que continuam exorbitantes, agora, em plena Copa, já perceberam que as empresas aéreas estão cobrando valores pela hora da morte. Uma viagem que você quis tanto fazer já vai pensar duas vezes. Tudo por conta do valor que está sendo cobrado. Ok, aqui é uma revista que fala de música e não de política ou economia, mas gostaríamos de aproveitar o espaço para lembrar que 2014 é um ano político. Portanto, quando forem reclamar de algo, que está acontecendo na sua cidade, no estado e no país, lembre-se daquele título de eleitor e seu poder de voto. Enfim, fica aqui um breve desabafo de quem já não aguenta ver tanta desigualdade, tanta corrupção, tanta gente usufruindo de coisas que não deveriam, tudo isso porque você rala todos os dias para conquistar seus sonhos.


Table of Contents 07 - Coluna - Doomal 11 - News - World Metal 14 - Entrevista - Burn in Pain 18 - Entrevista - Hell Light 24 - Entrevista - Imperia 30 - Capa - Rage 36 - Entrevista - Distraught 44 - Review - Can’t Keep Us Down 52 - Entrevista - Bell Witch


Direção Geral

Pei Fon

Revisão

Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa

Alcides Burn

Colaboradores

Charley Gima Ellen Maris Jonathas Canuto Mauricio Melo (Espanha) Rodrigo Balan Rodrigo Bueno Rômel Santos Sandro Pessoa

CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting



My Dying Bride

Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press)

O Doom Metal Contemporâneo e o Gothic Metal

R

ecentemente fui convidado para participar de um programa de TV, com minha banda, onde o representante do veículo disse ter escutado e gostado de nosso trabalho e achou interessante nos incluir em um quadro que abordaria o universo gótico. Universo o quê? Não era para ser Doom ou Death, vertentes que sempre destacamos em entrevistas, rádios e sites? Porém, essa não foi a primeira e nem será a última vez que esse tipo de confusão com nosso estilo vai acontecer. Aliás, nos dias de hoje, o que realmente teria se tornado o Doom Metal? Apesar dos elementos que caracterizam o Doom Metal serem um dos mais antigos dentro da escola Heavy Metal, é visto que a importância do estilo não foi suficiente para que as bandas obtivessem a mesma popularidade de outras vertentes como: Thrash,

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Death e Power Metal. Quando o Black Sabbath surgiu, a música, de mesmo nome que abria seu álbum de estreia, trazia exatamente a raiz de todas as bandas de Doom que nasceriam nas décadas seguintes. Porém, na época, ninguém poderia imaginar isto. Mas e o Gothic Metal? Por que ele foi associado a bandas de Doom, até mesmo englobando muitas destas dentro de seu meio? De acordo com o artigo “Doom X Gothic” de Jorge Vitzac, a fusão do Doom e da música gótica foi algo natural devido as similaridades de ambos. Algo que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Mas, mesmo assim, o termo Gothic Metal tornou-se, de certa for-


Candlemass

Trouble

ma, mais popular entre a mídia especializada, consequentemente, fazendo com que o público também pensasse assim. De acordo com o mesmo texto “Doom x Gothic” a linha que sustentou os fundamentos do Doom Metal pelos anos foram bandas como Black Sabbath (Era Ozzy) nos anos 70, Trouble em primeiro lugar, seguida de bandas como Saint Vitus e Obssession na primeira metade dos anos 80, Candlemass como o grande “boom” do estilo na segunda metade dos anos 80, definindo pela primeira vez o termo Doom Metal, seguidos pela banda Cathedral no início dos anos 90 e hoje por diversas bandas de Stoner Metal. Para muitos, o verdadeiro Doom Metal enquanto outras

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bandas são apenas variações do gênero. Por outro lado, nos anos 80, a música gótica encontrava sua ascensão. Dentre as diversas bandas existentes, destaco duas que colaboraram bastante na aproximação do Metal com o Gótico: Sisters of Mercy e The Fields of Nephilim. Ambas possuíam uma postura bem semelhante às tradicionais bandas de Heavy Metal da época e a sonoridade de suas músicas traziam um peso incomum, acima do normal, dentro do meio em que pertenciam. Era de se esperar que esta atitude agradaria e influenciaria os fãs do outro lado. No início dos anos 90 houve uma grande ebulição de bandas que carregavam, em


suas músicas, toda a influência obtida no decorrer da década anterior. O Doom havia se fundido ao Death Metal, incorporou seu peso, escalas cromáticas, o vocal gutural, mas fundiu-se também a elementos básicos do Gothic Rock como por exemplo os riffs e solos de guitarra, bastante resumidos e melódicos, diferente do metal tradicional que tinha como característica milhares de notas por segundo. Todo este conjunto de características é perfeitamente visível nos primeiros álbuns da tríade britânica do Doom: My Dying Bride, Paradise Lost e Anathema, seguidos pelos suecos do Katatonia. Basicamente, foi este o início da confu-

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são sobre o que seria Doom e o que porventura viria a ser o Gothic Metal. Para quem conhece a discografia das bandas citadas, sabe muito bem que todas elas tiveram álbuns mais pesados, mas também tiveram outros relativamente góticos, com vocais idênticos aos utilizados em bandas como Joy Division e, a já citada, Sisters Of Mercy. Deste modo, o Gothic Metal ou “Goth Metal” é um gênero oriundo do Doom/Death Metal, ao menos é a forma que as próprias bandas desta época tratam ao citar o assunto. Vide que fontes afirmam que o termo “Goth Metal” foi cunhado pelo próprio Nick Holmes, vocalista do Paradise Lost, ao referir-se ao álbum “Icon” assim que foi lançado em 1993. Em 2006, em visita ao Brasil, Vincent Cavanagh, da banda Anathema, chamou os fãs para a tarde de autógrafos e utilizou-se das seguintes palavras – “Queremos mostrar para a nova geração qual a origem do Gothic Metal e convidamos a todos os fãs do Anathema e apreciadores do estilo a beber conosco esta noite...”. Outro exemplo é o documentário “Metal: A headbanger’s Journey” realizado pelo antropólogo e fã de Heavy Metal, Sam Dunn. Neste ele desenvolve a árvore genealógica do Metal e o galho que representa o Goth Metal estão as bandas Paradise Lost, Tiamat, Therion, Type O Negative, My Dying Bride, Anathema, Theatre of Tragedy, Katatonia e


Draconian

Fontes: spectrumgothic.com.br whiplash.net Documentário “Metal: A headbanger’s Journey”

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Paradise Lost

Opeth. Mas, e em relação a bandas como After Forever, Within Temptation, Nightwish? Infelizmente há um grande equívoco ao associar estas e outras bandas do tipo ao Gothic Metal. Este erro dá-se ao acreditar que, por conta de uma mulher a frente de uma banda, ainda mais cantando de forma lírica, seja necessariamente algo gótico. Bandas assim, em sua grande maioria pertencem ao Symphonic Metal. O próprio líder do Nightwish, Tuomas Holopainen, confirma isto no seguinte comentário – “Eu não considero o Nightwish uma banda de metal gótico. Esse estilo musical é característico do Paradise Lost, Type O Negative ou Lacrimosa no começo de suas carreiras. Talvez pudéssemos ser gothic metal pelo conteúdo de nossas letras, mas mesmo assim eu penso que não temos nada a ver com o estilo.” Portanto, podemos especificar um parâmetro entre os estilos citados e definir o que é o Doom Metal Tradicional, o Doom Death Metal e o Goth Metal. Outras variações existem como o híbrido Doom Gothic Metal, com temas mais dramáticos e poéticos, dentre inúmeros outros que existem e futuramente irão surgir. A música transforma-se a cada geração, resta saber o que ela nos promete desta vez!


Polêmicos Com 20 anos de carreira, Marcus D´Angelo (vocal/ guitarra), Alexandre de Orio (guitarra), Daniel Bonfogo (baixo) e Caio D´Angelo (bateria), o Claustrofobia sempre tiveram a proposta de conscientizar o público com músicas agressivas, letras fortes e uma atitude de palco impactante. Sempre antenado aos problemas social, político e econômico, o grupo acaba de lançar no YouTube, o polêmico videoclipe para “Bastardos do Brasil”, uma das principais composições do álbum “Peste”. Com direção de Léo Alves e Thiago Pinheiro, o clipe é mais produção cinematográfica do Studio Kaiowas. Assista ao vídeo AQUI.

Participação especial

Data de lançamento

Para os fãs da banda holandesa Delain, liderada por Charlotte Wessels, anunciou em sua fanpage no Facebook que o novo álbum, “The Human Contradiction”, que será lançado em abril, terá a participação do baixista do Nightwish, Marco Hietala. “The Human Contradiction” é o quarto álbum da banda, que também conta com a participação de Alissa White-Gluz do The Agonist.

As meninas do Nervosa estão prestes a lançar seu mais novo álbum, “Victim of Yourself”, o primeiro full-lenght do trio. Com 12 faixas inéditas, a banda lançará pelo selo da Napalm Records e no Brasil ficará a cargo da Die Hard Records. Para tanto, 28 de fevereiro será na Europa; 11 de março nos EUA e Canadá. Por fim, 30 de março no Brasil. Agora é só aguardar este lançamento.

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Príncipe Thrash Metal

Versão ator

Nunca se imaginou que uma realeza pudesse gostar de Heavy Metal, mas o terceiro na linha de sucessão da coroa britânica mostra que é possível. Segundo o ator Dominic West, em entrevista ao Daily Star, disse que o príncipe Harry é fã de Hardcore e Thrash Metal. “Harry tem uma seleção incrível em seu Ipod, bandas como Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax estão na sua lista”, disse o ator. Muito bem príncipe!

Sobre a a atuação de Johan Hegg, frontman do Amon Amarth, nos palcos ninguém tem a menor dúvida, mas como ator é uma novidade. O vocalista está atuando no filme “Northem - A Viking Saga”, ele é um guerreiro viking chamado Valli. Hegg viajou até a África do Sul para gravar as cenas do filme. Por hora não tem nada de lançamento. Ainda assim, Johan estará no Brasil em maio.

De volta ao Brasil Com datas confirmadas em abril pela América do Sul e Brasil, a banda Paradise Lost volta com seu estilo único para 5 apresentações da sua “Tragic Illusion Tour 2014”. A banda se apresenta no dia 8 de abril no México, dia 10 no Chile, dia 11 em Curitiba, dia 12 em São Paulo e dia 13 na Argentina. Na cidade paranaense, o show vai acontecer Music Hall; já em São Paulo, será no Clash Club. Os valores variam entre R$ 80 a R$ 200. E podem ser comprados pela internet nos sites da Ticket Brasil e Ingressos para Shows.

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De volta ao Brasil 2 O grupo sueco Therion, considerado o pioneiro do metal sinfônico mundial, anunciou oficialmente nova turnê pela América Latina “Evil flowers and Opera – Latin America 2014”. No programa uma mistura da última tour “Les Fleurs Du Mal” e da sua nova Opera Rock “Adulruna Redivia And Beyond”. Será um show nunca visto fora da Europa. A única apresentação no Brasil acontece, no próximo dia 18 de maio, na Via Marquês, em São Paulo. Além do Brasil, a “Evil flowers and Opera – Latin America 2014” também passará por Santiago (CHI) e Buenos Aires (ARG). A venda de ingressos terá inicio na semana seguinte (12/02) através da Ticket Brasil.

Cd novo Scott Ian, guitarrista do Anthrax, em entrevista pra uma site grego, disse que o novo álbum da banda já têm doze músicas prontas. Ainda não há data para o lançamento, mas Scott adiantou: “Vamos tocar na Europa no verão e o álbum pode sair ainda este ano, só não tem nada agendado ainda”, diz e completa: “Estamos felizes com o que temos até agora, já temos 12 músicas escritas”, anima. É só esperar este novo cd que promete.

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Homenagem

Em entrevista ao Classic Rock Revisited, o guitarrista da banda alemã Scorpions, Matthias Jabs, disse que vão gravar uma versão da música do Rainbow, “Temple of the King”, uma homenagem a Ronnie James Dio. O álbum tem a iniciativa de Wendy Dio e contará com a participação do Metallica, Anthrax, Rob Halford, Lemmy Kilminster, Ian Gillan, Alice Cooper, Glenn Hughes, Halestorm, Sebastian Bach, Dave Grohl e Chris Jericho (Fozzy).


Um projeto que nasceu da vontade de dois amigos Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

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iante de tantas transformações na música, eis que músicos já conhecidos resolvem unir-se para um projeto, criam músicas e as lançam. O Burn in Pain não traz nada do que já não conheçamos, mas é um revival, por assim dizer, das velhas escolas do Death Metal. Técnicas e melodias estão alinhadas com letras e vocais agressivos, nada mal. Danilo Coimbra (Malefactor) e Alcides Burn (Inner Demons Rise) uniram suas habilidades para mostrar que duas pessoas podem fazer música. O que esperar? Ainda não se sabe, porém o projeto não vai ficar apenas no EP que acabaram de lançar. Confira esta entrevista e conheça um pouco mais sobre eles. Olá pessoal! Assim como todos, estamos curiosos em saber qual é a boa nova que o Burn in Pain está trazendo.

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Mas antes de responderem, apresentem-se para os nossos leitores. Danilo Coimbra: Meu nome é Danilo Coimbra. Sou guitarrista há mais de 25 anos e toco na Malefactor e no Divine Pain (meu projeto solo). Convidei o Alcides Burn para fazer parte desse novo projeto, pois eu o conheço há muitos anos e sei da capacidade que ele tem nos vocais, como também, no excelente trabalho que ele vem desenvolvendo com arte gráfica. Com isso, tentei juntar a minha parte de criação musical com a outra parte que seria toda a criação nas linhas vocais, letras e etc... como nas belas artes. Acho que essa união deu muito certo, pois tenho recebido vários elogios em relação a esse projeto, que ao meu ver, vem me surpreendendo em todos os aspectos. Com isso, já estamos planejando gravar um CD completo para 2015.


Pois bem, a banda genuinamente nordestina tem a participação de dois caras super influentes na cena underground. Conta para nós como nasceu o Burn in Pain? Danilo: Como falei anteriormente, eu tentei fazer uma união de forças que eu saberia que iria dar certo. As músicas desse EP eu compus em meu home estúdio, deixei tudo pronto e fiquei esperando uma oportunidade de ver alguma pessoa que pudesse me ajudar a desenvolver esse projeto. Quando eu chamei Alcides ele nem pensou 2 vezes. Fiquei até surpreso, pois ele não tinha nem escutado as músicas (risos). Apesar disso, eu sabia que ele tinha uma confiança em meus trabalhos como eu nos dele. Foi assim que surgiu o Burn in Pain (União de Alcides Burn e Divine Pain) Alcides Burn: Me senti muito honrado em ter sido convidado para criar esse projeto. Danilo é um cara muito talentoso e, quando escutei as musicas, pirei! Comecei a trabalhar logo em seguida nas letras e arte. Diante de uma onda de mesmice na música, de um modo geral, o “algo novo” impera no desejo das pessoas. O que o Burn in Pain traz para somar à música? Danilo: Quando eu compus as músicas eu queria fazer alguma coisa realmente diferente dos meus trabalhos tanto no Malefactor como no Divine Pain. Queria fazer um Death metal mais direto, simples, e mórbido. E acho que consegui fazer nessas músicas. Quem ouvir esse projeto vai identificar logo o que eu estou falando. Acho que na música o universo é muito grande, e temos que tentar explorá-lo o máximo possível. Eu particularmente adoro tocar e viver o underground, e acho que eu sei um pouco o que as pessoas que vivem nesse mundo estão buscando. Alcides: O legal das músicas é isso. São 15


simples, mas tem um clima meio old school e melódico, você percebe que não existe blast beats nelas, mas muita técnica aliada a peso e melodia, até os vocais apesar de guturais tentei encaixar em cima das melodias criadas. O EP “Extreme visions of the World” foi lançado. Calcados no bom e velho Death Metal, a proposta é clara: não sair das raízes e falar dos conflitos do mundo. Como está sendo a resposta do público? Danilo: Realmente, está me surpreendendo cada vez mais. Não pensei que poderíamos atingir várias pessoas do Brasil com esse projeto que acabou de nascer. Acho que isso é uma resposta da consideração que todos tem pelo meu trabalho como o de Alcides. Isso ajudou muito a aumentar a curiosidade das pessoas em querer ouvir esse projeto. E eu só tenho que agradecer a todos os amigos e fãs do meu trabalho quanto o de Alcides. Alcides: Iremos lançar uma versão física desse trabalho em breve pela Gallery Productions de Fortaleza. Emydio, quando escutou, curtiu tanto que deu a ideia. Acho massa que, em plena era dos Downloads, ainda existe muita gente afim do CD. Ok, é muito cedo para falar, mas o Burn in Pain vai crescer e a tendência é lançar um CD, está nos planos de vocês? Danilo: Sim, está sim. Já tenho conversado com Alcides e vamos nos concentrar em tentar lançar um CD em 2015. Já existe até proposta de gravadora querendo lançar o nosso material. Logo que tivermos mais algumas novidades vamos divulgar na mídia. Alcides: E iremos explorar coisas novas, com certeza. A música do Burn in Pain não se limita a um estilo. 16

De onde veio a inspiração musical? Sei que é uma junção dos estilos que vocês gostam, mas diferente do que vocês tocam. É isso memo? Danilo: Bom, como falei anteriormente, eu já toco há mais de 25 anos e sempre toquei Metal. Tenho muitas influências musicais, mas o meu carro-chefe sempre foi o Death Metal. Dentro do Death Metal existem vários estilos, e eu escuto todos, desde o mais brutal ao mais cadenciado e melódico. Quando eu compus, eu realmente tentei fazer alguma coisa diferente como já falei. A música vai saindo quando eu sento para compor, mas quando eu busco um ideia eu realmente me fixo nela e tento fazer o máximo possível chegar aonde eu quero. E foi isso que fez surgir as músicas do Burn in Pain. Alcides: Eu acho que tenho um gosto um pouco parecido com o de Danilo. Eu amo Death Metal, muito! Mas, gosto muito de bandas com melodias e orquestrações, tipo, sou


fã do Therion, escuto muito Dream Theater, Stratovarius, Angra, Iron Maiden etc. Acho que isso tudo influencia quando você escreve uma música.

Hangin On” ficou perfeita, infelizmente por problemas com as datas, ele não pôde participar. Mas com certeza ele vai cantar no full quando lançarmos.

O projeto ainda contou com a participação de Rogério Mendez, ex vocalista do Sanctifier. Como surgiu o nome do Rogério? Danilo: Eu conheço Rogério há muitos anos. Acho que no mesmo tempo que eu comecei a tocar com a Malefactor (22 anos atrás). Quem teve essa ideia foi o Alcides e eu aprovei na hora. Conheço toda a história do Rogério no underground brasileiro e sabia que poderia confiar em seu trabalho, que se tornou uma honra para mim. Alcides: Rogério é um grande amigo de longas datas. Eu comecei a cantar death metal por causa dele, sou muito fã dele, na verdade ele iria cantar uma música comigo então propus que ele também escrevesse a letra. “Just

Para finalizar, como faz para a galera ter acesso ao EP? Sucesso e estamos aqui apoiando as bandas do Nordeste brasileiro. Danilo: O EP está disponível gratuitamente clicando AQUI. Espero que todos gostem e que apoiem o Metal nacional. Gostaria de agradecer também a oportunidade da entrevista, precisamos desse apoio para que possamos crescer mais ainda o Metal nordestino e nacional. Stay Evil! Alcides: Também gostaria de agradecer o apoio, não esperava uma recepção tão boa deste trabalho, agora assim que tivermos tempo iremos nos concentrar em um novo trabalho para lançar em 2015. Fiquem atentos às novidades. Valeu Rock Metting pela força!

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Por Emerson Mördien (Les Memoires Fall) Edição: Ellen Maris (Sunset Metal Press) Fotos: Assessoria/Divulgação

Músicas densas, longas e melancólicas. Com muito feeling, peso e belas vocalizações de um de seus mentores, Fábio de Paula. Formada em 1996, a banda chega ao seu quarto álbum em grande estilo. “No God Above, No Devil Below” tem todos os elementos que se podem esperar de trabalhos da banda, e é sobre ele e outros assuntos relacionados a banda, que iremos abordar. Olá pessoal. É uma enorme satisfação poder entrevistá-los. Para começar, comente como foi o processo de composição do novo álbum e quais as temáticas nele envolvidas? Olá a todos. O processo de gravação desse álbum foi relativamente rápido, pois eu já havia 18

composto a maioria das músicas anteriormente. Nós demoramos algo em torno de 2 meses para gravar tudo e mixar. Na maioria das vezes, eu gravo os riffs de guitarra principais da música com o metrônomo, depois passo tudo para o Alexandre para que ele componha as linhas de baixo em cima. Depois disso feito, nós passamos a compor os teclados juntos, que no caso desse álbum, não tivemos a participação do nosso tecladista Rafael, pois ele retornou à banda um pouco depois do álbum ter sido lançado. Eu geralmente escrevo as letras depois que a música já está gravada, pois prefiro fazer desta forma, uma vez que preciso colocar as nuances entre vocais limpos e sujos de formas separadas. Os temas envolvidos são, em maioria, a espiritualidade e desprendimento


Foto: Gal Gasparotto

que vem do paganismo. Esse tema é recorrente em nossas composições. O álbum apresenta canções muito fortes e características da banda. Peso, melodias, densidade e o contraste dos vocais limpos e guturais. Mas uma música se destaca dentre todas como uma das melhores do disco: “Shades of Black”. Conte-nos como foi compor e gravar esta grande música. Essa foi a primeira música que eu compus para esse disco. Ela já tem um tempo e por isso pôde ser muito bem arranjada e gravada. Ela é uma das minhas músicas preferidas também e, felizmente, ela teve uma repercussão muito boa. É uma música com uma melodia muito bonita e triste, foi uma inspiração muito interessante para escrever a letra depois de ouvi-la. “No God Above, No Devil Below” foi lançada pelo selo russo Solitude Productions e está tendo grande receptividade por parte da crítica e dos fãs, sendo até indicado como um dos lançamentos do ano de 2013 em diversos sites e blogs. Como tem sido a recepção do álbum no exterior? Muito boa! Nós recebemos muitas mensagens de pessoas que compraram o álbum em algum lugar da Europa e gostaram muito. A recepção, por parte dos fãs europeus, é sempre muito interessante e, devo dizer, diferente da dos fãs brasileiros. É muito interessante perceber as diferenças dos comentários de povos diferentes, por exemplo: no Brasil, os fãs são muito mais interessados no conteúdo das letras do que os europeus, por outro lado, eles são muito ligados nas emoções que as melodias transferem. Isso é muito interessante.

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Existe alguma chance do álbum sair aqui no Brasil por algum selo? Se sim, haveria alguma previsão? Honestamente, não sei dizer. O desinteresse das gravadoras brasileiras em investir no Doom que nos fez partir para a Europa há 18 anos atrás. Infelizmente, não sei se isso mudou por aqui. Na minha opinião, é um grande erro das gravadoras não investirem no Doom nacional, pois é um estilo que tem, certamente, os fãs mais fiéis no meio do metal. Nós sempre esgotamos as vendas dos nossos álbuns por aqui, mas por enquanto, nenhuma gravadora demonstrou interesse suficiente. Nós temos um contrato muito bom com nossa gravadora e ainda vamos lançar muitos álbum por conta deles. Como anda a agenda de shows da banda para 2014? Há alguma tour para fora do país em vista? Quais são os planos da Hell Light para 2014? Nós estamos “devendo” uma turnê para os fãs europeus, já deveríamos tê-la feito há algum tempo, mas por conta de instabilidades ainda não a fizemos. Acredito que, entre 2014 e 2015, devamos, finalmente, fazer a tour pela Europa. Enquanto isso, no Brasil, nós temos alguns planos para esse ano. Queremos gravar o nosso DVD e devemos lançar uma música comemorativa dos nossos 18 anos completados em 2014. A banda em 2011 lançou um excelente EP contendo a faixa “The Light That Brougth Darkness” do álbum “...and Then, the Light of Consciousness Became Hell...” e várias versões de bandas como Pink Floyd, Bathory, Black Sabbath e um interessantíssima versão de “The Show Must Go On” do Queen. Vocês pensam em lançar um segundo EP

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com novas versões? Aquela foi uma tentativa de aproximar o público do Metal e Rock para o Doom, fazendo versões de músicas consagradas trazidas para o nosso estilo e funcionou muito bem. Nós conseguimos muitos fãs novos que nunca haviam ouvido falar de Doom, e com isso, na minha opinião, é missão cumprida. Não sei se faremos um volume 2 do EP, mas foi uma experiência muito interessante e, com certeza, há uma chance disso acontecer. Como vocês analisam o cenário Doom Metal nacional no momento? O que vocês acham que tem mudado e o que pensam que deveria ser mudado para que o estilo fosse difundido aqui no Brasil? Fabio - Na minha opinião, está muito aquém do que poderia ser, mas de qualquer forma melhorou muito. Hoje em dia, o Doom tem uma visibilidade que não acontecia há alguns anos. Eu tenho a impressão que junto de algumas outras bandas que começaram na mesma época que nós, nós tivemos que “abrir” o caminho diante o matagal de preconceito e intolerância dentro do metal. Todos nós cansamos de ouvir que fazemos músicas muito lentas, longas e desanimadas. Felizmente, esse tempo passou e hoje em dia o Doom é reconhecido como um estilo próprio e independente de todo e qualquer modismo que possa aparecer no meio do metal. Eu acho que estamos no caminho certo e, nós doomsters, teremos um futuro muito interessante. Rafael Sade - O cenário nacional sempre foi forte, com bandas clássicas e álbuns memoráveis, e como sempre têm crescido muito a quantidade de bandas e a qualidade que cada uma mostra. Hoje em dia a divulgação têm ajudado muito para as bandas saírem do anonimato, mas elas precisam de mais oportunidades: mais shows, distribuição mais efetiva

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de CD’s, valorização dos produtores. Todas precisam de uma chance e isso vai fazer a diferença pro Doom Nacional. Em 2013, houve o “Doomsday Fest”, que foi organizado por 2 membros da banda (Fabio de Paula e Rafael Sade), onde vocês e outras grandes bandas do cenário Doom Metal nacional tocaram. Quais lembranças vocês tem desse fest e conte-nos como foi toda essa experiência de organizar o evento e ainda por cima fecharem a noite em grande estilo? Rafael - O Doomsday Fest foi um marco pro Doom nacional, pois teve um público muito acima da média, mesmo com shows internacionais marcados. Nós, da Last Time Produções, organizamos de uma forma sensata, já que tudo saiu de nosso bolso e do bolso das bandas, então tinha que valer a pena. Tudo ocorreu muito bem, com todas as bandas mandando um ótimo Doom e no final ainda sorteamos uma linda guitarra. Foi realmente uma noite memorável. Há uma possibilidade de um segundo “Doomsday Fest”? Se sim, já tem ideia de como e quando será o evento? O sucesso do Doomsday foi tão grande que com certeza nós continuaremos com o projeto. Inicialmente, a ideia é fazermos um por ano e, com bandas diferentes do ano anterior, quem sabe até com participações de bandas internacionais. O Rafael está desde já começando a organização do próximo, será cada vez melhor. Para finalizar, uma pergunta ao Fabio de Paula. Recentemente, você anunciou que estará lançando um projeto solo. O que poderia nos adiantar sobre

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esse projeto? Esse é um projeto que tenho vontade de fazer há muito tempo pois, desde sempre venho compondo músicas de outros estilos de metal, mas nunca havia parado para gravá-las, agora aconteceu, já estou com o álbum pronto e em breve devo lançá-lo. O álbum ficou muito interessante e, apesar de não ser Doom, é perfeitamente possível perceber minhas influências no Doom. Em breve farei o lançamento e espero que vocês curtam. Deixem suas considerações finais e algum recado a quem acompanha a banda. Fabio - O melhor recado que poderia dar, é pedir ao público do Doom Metal brasileiro que continue sendo tão apaixonado por esse estilo quanto nós. Não deixaremos de fazer isso nunca pois é um estilo de música quem meche diretamente com sentimentos e é feito com muita honestidade e paixão. Espero que consigamos continuar a transferir nossos sentimentos mais profundos e continuemos a longa história do Doom Metal no Brasil, pois estamos somente começando. Rafael- Obrigado a todos pela força, apoio, e por acreditarem no metal nacional. Para que o Doom Metal cresça em nosso país, primeiramente, precisamos ajudar as bandas daqui. E cada vez mais isso está se realizando.



Entrevista

Por Pei Fon com R么mel Santos Foto: Carol Santini

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Para que nossos leitores conheçam melhor a banda Impéria, conte-nos como foi o início das atividades, façam um resumo sobre como tudo começou, troca integrantes. Felippe Deliberalli: Zona: essa é a palavra que define nosso início. Éramos adolescentes apaixonados por música e queríamos nos divertir fazendo um som entre amigos e nos festivais das nossas escolas. Com o passar do tempo, foi ficando mais sério e ai a saída de quem não estava nessa sintonia foi natural. Apesar dos mais de 10 anos de atividades, apenas em 2011 o IMPÉRIA lançou o primeiro álbum de estúdio, “Em Dias Assim”. Quais tipos de dificuldades encontraram para lançar o debut? Nós começamos a banda muito novos, com 13, 14 e 15 anos e apesar de naquela já nos interessarmos pela composição de músicas nossas, não tínhamos uma visão do que era ser músico no Brasil e de todos os problemas implícitos nisso. A partir de 2005, com a estabilização da formação atual, nós começamos a nos dedicar com mais afinco ao trabalho autoral e foi aí que nosso aprendizado de carreira realmente começou. Acho que enfrentamos as mesmas dificuldades que todas as bandas independentes enfrentam, falta de grana, falta de conhecimento do mercado fonográfico, empresas fornecedoras com más intenções, mas principalmente, a nossa falta de experiência no que diz respeito a lançar e comercializar um álbum. Nós não tínhamos a verdadeira noção de tudo que era necessário ser feito e nem braços suficientes para fazer num prazo menor. “Em Dias Assim” foi produzido no Studio Latitude, em São Paulo (SP), por Fernando Magalhães, guitarrista do 26

Barão Vermelho. Como foi trabalhar com ele? Gostaram do resultado final da sonoridade do disco? Nossa opção pelo Studio Latitude foi uma coisa natural, pois conhecemos o Elias Aftim há muitos anos e ensaiamos lá desde 2006. Além da qualidade do estúdio, foi uma escolha baseada na confiança que temos no Elias. Quanto ao Fernando Magalhães, certamente foi uma das experiências mais enriquecedoras que tivemos, pois ele tem muita experiência e conhecimento do mercado da música em geral, e mais especificamente do rock brasileiro. O trabalho de produção foi também muito natural. Não houve nenhum tipo de julgamento ou cobrança. O Fernando soube nos estimu-


lar para que ficassem registradas no “Em Dias Assim” nossas características como músicos e principalmente a personalidade da banda. Com tudo isso acho o resultado final nos encheu de orgulho. O álbum tem uma temática conceitual sobre o comportamento humano e mudanças. O que levou a banda a tratar sobre esse tema? Tem a ver com a própria vida dos integrantes? É difícil dizer o que nos levou até esse tema, pois não foi nada planejado. Tenho certeza que tem a ver com a maneira como tentamos levar nossas vidas e nossa carreira. Entre nós sempre existiu a idéia de que a música deve 27

servir um propósito de evolução e acho que foi isso que ficou registrado no “Em Dias Assim”. O estilo praticado pela banda é um Rock ‘N’ Roll acessível, com um instrumental bem trabalhado, apresentando pesados riffs de guitarras e solos bem construídos. Como funciona o processo de composição das músicas? Todos tem espaço para trazer ideias ou músicas prontas? Na verdade não temos nenhuma regra no nosso processo criativo. Tudo depende do sentimento que a banda tem em relação ao que está sendo construído. Algumas músicas apareceram praticamente prontas, mas mesmo


nesses casos, o trabalho em conjunto é que nos fez chegar ao resultado final. Nós quatro temos voz ativa em tudo que a banda faz. Recentemente a banda lançou o segundo videoclipe da carreira para “Eu sou o que Eu Sou”, contando com excelente produção. Conte-nos como foi o processo de produção do novo videoclipe. Esse foi um trabalho do qual nos orgulhamos muito, pois desde o planejamento da produção nós já sentíamos que estávamos fazendo as melhores escolhas. Tanto para a equipe de produção, que aumentou em relação ao clipe anterior, quanto com o roteiro, que apesar de simples, nos possibilitou mostrar um pouco mais da cara da banda. Nossa ideia era de que tudo que estivesse em cena, desde a iluminação natural até o figurino, deveria servir para mostrar quem somos e se enquadrar na letra da música de alguma forma. A música é a mais longa do álbum, porque escolheram esta faixa para videoclipe e single? Foi uma escolha natural, pois é a faixa que em seu processo de criação, mais contou com a colaboração de todos. Isso fez com que nossa ligação emocional com essa música fosse muito grande. Não tivemos nenhuma preocupação com a duração da música, somente queríamos que o vídeo fosse algo que mantivesse o interesse das pessoas. E agora estamos felizes porque esse objetivo está sendo atingido segundo as estatísticas de acesso do clipe. É um trabalho 100% independente, mas feito realmente com muita dedicação de toda a equipe. Foi divertido de fazer e a energia que rolava durante a gravação está sendo passada para as pessoas. Isso é o rock and roll! 28

Passados dois anos do lançamento de “Em Dias Assim”, a banda já está compondo novas músicas? Também será um trabalho conceitual? Irão produzir com o mesmo produtor ou irão buscar novos desafios com outro profissional? Sim, estamos trabalhando em algumas ideias de novas músicas e queremos começar as gravações de um novo álbum em 2014. Talvez exista um conceito guiando as composições, mas não sei dizer se isso implicará em um novo álbum conceitual, onde todas as músicas terão relação ou se esse conceito será trabalhado em diferentes visões em cada música. E ainda temos a opção de trabalhar com conceitos diferentes em cada composição, abordando assuntos diversos também. É uma descoberta que faremos com o passar do tempo. É muito cedo para dizer se trabalharemos com o Fernando Magalhães novamente. Certamente isso é um desejo nosso, pois a primeira experiência foi sensacional artisticamente, além de muito divertida. De qualquer maneira, ainda é muito cedo para definirmos isso... É mais uma descoberta que faremos no decorrer da


criação das músicas. E sobre shows, há planos para apresentações ao vivo em 2014? Vocês acham que o cenário é propício para shows de bandas autorais? Comentem um pouco sobre esse polêmico tema. Sim, nós queremos muito tocar ao vivo. O que está nos impedindo por enquanto é que infelizmente ainda não conseguimos ter uma pessoa que cuide disso. Estamos buscando profissionais dessa área e logo teremos novidades boas. O cenário de bandas autorais é bastante complicado, mas entendemos que temos que continuar trabalhando para ajudar a melhorar esse ponto. Só digo sempre que os músicos precisam ser mais respeitados e isso começa com o respeito próprio. Quem aceita trabalhar por cerveja é tão culpado pela precariedade da cena quanto quem se aproveita dessa ingenuidade. Apesar de lançado em 2011, até hoje permanece o trabalho para divulgação do “Em Dias Assim”. A banda acha importante o contínuo trabalho de divulgação para crescimento de um artista? Como vocês avaliam o trabalho de divulgação da banda? Sim, a divulgação sempre é importante. Sempre existe alguém que ainda não conhece o trabalho, então todos os mecanismos de divulgação tem que ser permanentes. Nós estamos fazendo um trabalho focado em redes sociais que tem nos ajudado a aumentar a base de fãs, mas temos ciência de que ainda é pouco. Tudo é pouco. Nós queremos levar o Rock And Roll brasileiro mais longe. Agora vem a pergunta que é tradição da Rock Meeting. Façam o seu top 5 das bandas e consequentemente dos CDs 29

que você tem escutado recentemente. Fale um pouco sobre elas. Dream Theater – Dream Theater: Tenho escutado muito o trabalho mais recente deles e estou fascinado por esse disco. Acho que é uma banda única no mundo. Tem uma capacidade impressionante de unir o progressivo com o peso. Airbourne – No guts, no glory: É um disco direto, uma porrada. Diversão e rock sem frescura! Jimmy Page & The Black Crowes – Live at the Greek: Uma das minhas bandas preferidas fazendo uma tour histórica com o cara que me fez tocar guitarra. Vou morrer escutando esse disco. Mindflow – 365: Sou fã dessa banda e esse disco para mim está entre os melhores do metal nacional. Fica no repeat direto. Chickenfoot – Chickenfoot III: Uma banda fantástica dando uma aula de rock and roll. Nunca vou cansar de elogiar o trabalho do Joe Satriani nesse disco. Obrigado pela entrevista, a Rock Meeting deseja sucesso nos projetos para 2014. Deixem uma mensagem para nossos leitores. Nós agradecemos imensamente por esse espaço e por todo apoio que a Rock Meeting dá ao rock brasileiro. Nossa mensagem é que o público continue buscando por sons novos, pois muitas bandas estão produzindo excelentes trabalhos no Brasil. É possível renovar a cena rock brazuca com muita qualidade.


Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding) Tradução: Marcelo Bauducco Fotos: Pia Kintrup 30

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oucos dias antes do Natal, entrei em contato com esse simpático vocalista/ baixista de uma das maiores bandas de Heavy Metal da Alemanha. Contou-nos o que está por vir nesse aniversário de 30 anos da banda, de sua paixão por artefatos pré-históricos, e nos fala sobre ser um chefe exigente. Vamos conferir esse descontraído bate-papo. Como vai Peter? É um prazer poder entrevistá-lo. O álbum 21 foi lançado há mais de um ano, como tem sido o seu feedback? E já começaram as composições para o sucessor de 21? Peavy - Nós tivemos um feedback muito positivo com o álbum e no momento estamos ensaiando algumas ideias novas para um disco especial que queremos lançar ano que vem, para o nosso aniversário de 30 anos. Vai ser tipo um negócio de Raridades. Algo para refletir sobre a longa carreira da banda. O próximo álbum “normal” não deve sair antes de 2015. Como é ter que se dividir entre a tour da banda e outras em parceria com a Lingua Mortis. Quais são os prós e os contras de ambas? Não é um problema, nós conseguimos fazer apenas um de cada vez. No momento, nós tocamos alguns shows no LMO no Natal. No ano que vem, o Rage vai ser o foco. O Rage, em toda sua existência, passou por algumas mudanças em sua line up um tanto significativas. Você se considera um chefe muito exigente? Sim! Eu aterrorizo meus músicos e torturo-os até sangrarem. Depois de alguns anos na banda, eles me imploram pra eu libertá-los de novo. Eu sou um verdadeiro monstro. E olha 32

que isso é só como eu trato meus músicos! Você não quer saber como eu trato jornalistas ;-) Qual canção do Rage que você escolheria para mostrar para alguém que não os conhece? A música “Soundchaser” seria um bom exemplo. A letra de Enough is Enough foi um tanto visionária para a época em que foi


escrita. Como você a vê hoje, 20 anos depois? A música ainda soa atual, eu acho. É um tema universal... Já que entramos nesse assunto sobre tecnologia. Como você vê essa onda de downloads ilegais, até onde atrapalha o Rage e a sua música? O download, de uma maneira geral (não apenas os ilegais), matou o negócio da música. Os músicos perderam o que era sua fonte de 33

renda mais importante. É muito difícil, hoje em dia, sobreviver fazendo música profissionalmente. Após tantos anos na estrada, você já deve ter algumas histórias engraçadas que devem ter acontecido, gostaria que compartilhasse uma de suas favoritas com seus leitores brasileiros. A maior parte da turnê é bem chata. Você gasta 90% do dia esperando. Você bebe demais e às vezes faz coisas idiotas, apenas porque você


está entediado. No dia seguinte você não consegue lembrar o que fez. E em meio a tudo isso, qual foi o melhor show e o pior show em que vocês já tocaram? Humm...deve ter sido algum show do Rage, eu acho. O Dynamo Festival 97 foi bom. O pior, foi algum cancelado. Quais são as suas lembranças das vezes que estiveram no Brasil? Eu tenho boas lembranças de gente legal, ótima comida e shows matadores com fãs loucos, principalmente. Eu também lembro de ter sido preso pela polícia porque fiz fotos de lápides. Dei uma olhada no site do Rage, e tem uma sessão onde mostra você como um apaixonado por ossos e artefatos pré-históricos. Coincidentemente eu tenho um amigo pessoal que é paleontólogo e organiza alguns grupos de pesquisa e escavações atrás de fósseis. Você já pensou em vir para a América do Sul e participar de alguma dessas escavações? Isso soa muito interessante. Eu não me importaria de me juntar a eles. Assim como os dinossauros se foram, um dia nossa hora irá chegar, certo? Qual é a sua relação com a morte? Uma boa amiga minha. Sem ela eu não poderia colecionar ossos. Obrigado Peter por essa entrevista, deixo o espaço para suas últimas considerações. Meus cumprimentos a todos os fãs! Tudo de bom! 34


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O primeiro trabalho oficial do grupo foi o split ‘Ultimate Encore’, que contava ainda com as bandas Zero Vision e Scars. Como foi realizado este trabalho? André Meyer (Vocal): Fomos convidados, nessa época, pelo Marcos Cardoso a participar desse Split, o que foi um grande passo na época. Nós tínhamos 9 sons gravados com o propósito de lançar um LP todo nosso e independente, então pintou essa oportunidade com a Encore Rec. e achamos mais favorável pra banda. Comecemos falando um pouco do primeiro álbum “Nervous System” lançado em 1998. Por que a demora para o lançamento do álbum, que só saiu oito anos depois da formação da banda (1990)? André: Eram muitas coisas que faziam com que os lançamentos ficassem distantes: troca de formação, dinheiro (naquela época a dificuldade de lançar álbuns era grande aqui no Brasil) e talvez por não termos um entrosamento muito profissional de organizar melhor os projetos futuros da Distraught. O segundo trabalho, ‘Infinite Abissal’, saiu três anos depois, em 2001. Quais as principais diferenças para o debut? Ricardo Silveira (Guitarra): Já fazia 3 anos que eu e o Marcos (Guitarra) estávamos na banda, entramos antes do lançamento do Nervous System. O disco já estava gravado, mas não lançado. Estávamos com muitos Riffs e ideias para colocar em prática. Esse álbum foi gravado em uma das épocas mais difíceis em termos de formação, era um entra e sai de baixista e baterista que nem lembro quantos passaram pela banda, antes de entrar no estúdio(risos). Isso deu um trabalho danado, 38

pois ainda era usado o gravador de rolo de 24 pistas, se não me engano. Para fazer edições levava muito tempo, o que hoje é feito em segundos. Já ‘Behind The Veil’, de 2004, mostra uma banda mais técnica. Essa adição de uma dose maior de técnica no trabalho foi intencional? Ricardo: Nesse disco, acho que a gente começou a ser mais influenciado por nós mesmos. A técnica foi um intencional de forma


natural. Esse disco foi lançado em uma época que estava começando a internet no Brasil, mas não existia o You Tube ainda. Foi quando decidimos incluir uma faixa MultiMidia com nosso 1º Video Clip que foi com a musica The Order , fotos, Making Off das filmagens do Clipe etc. André: Acho que já estávamos mais maduros e evitando os erros do passado. Quem produziu a banda no estúdio foi o nosso amigão Fabiano Penna (Rebellion / The Ordher), foi nossa estreia no Pró Tools. Nesse disco, 39

entrou o sexto elemento da banda, o metrônomo. Costumo dizer que nesse álbum, o Distraught, começou a achar o caminho para criar sua própria identidade. Em 2009 saiu o ‘Unnatural Display Of Art’, sem dúvida outro marco na carreira da banda. Novamente mostrava uma banda mais técnica e pesada. O que vocês podem falar sobre esse álbum? André: Realmente, um ótimo trabalho! Para muitos, um álbum clássico. A forma com que


começamos a compor passou a facilitar as coisas. Não fazendo as músicas apenas em estúdio, o que se perde muito tempo, foi o inicio das pré produções feitas em casa para depois executa-las no estúdio. Gravamos em Porto Alegre e mixamos e masterizamos em SP no Estudio do Korzus, com o Heros e Pompeu. Este mesmo álbum foi lançado no Japão, como foi esta experiência? Ricardo: Lançamos pela Spiritual Beast lá e com esse lançamento conseguimos muitos contatos na Ásia, para quem sabe um dia rolar uma tour por lá. O mais recente álbum, ‘The Human Negligence is Repugnant’ saiu com força total e entrou em várias das famosas listas de melhores do ano. O quanto vocês ficaram satisfeitos com esse trabalho? André: Sem duvida o trabalho mais forte que temos, das letras ao som. Tivemos uma ótima resposta por parte da mídia e ficamos satisfeitos com o resultado. ‘The Human Negligence is Repugnant’ é um título curioso. Qual a ideia por trás deste título? André: Achamos que esse titulo era perfeito para esse álbum, a forma expressiva de por pra fora tudo que não concordamos, vomitando palavras como forma de revolta. E como foi o processo de gravação do material? Ricardo: Cada disco a gente procura evitar e corrigir os erros que surgiram nos anteriores. O planejamento nesse foi 100%. Já tínhamos as pessoas certas para capa, mix/masterização, selo de distribuição no Brasil etc. Fizemos 40


uma boa pré-produção na minha casa e fomos para o estúdio com as músicas bem afiadas. Com a sonoridade ficamos bem satisfeitos. Claro, sempre fica aquela ideia “podia ter ficado melhor”, mas isso é nóia de todo músico. Gravação não se termina, se desiste(risos); a busca pelo timbre perfeito e pela mix perfeita nunca acaba. Um dos pontos altos do disco são as letras, bem acima da média. Como surgiu essa preocupação? André: As letras falam sobre as deficiências e a revolta das pessoas que são lesadas de varias formas. Corrupção por parte de nossos políticos etc.. Acho que é uma preocupação de todos. Há muitas leis que devem mudar urgentemente, isso é preocupante, as coisas estão fugindo do controle e certamente vão piorar ainda mais. Como tem sido a repercussão do mais recente disco? Ricardo: Tem sido ótima! Somos muito agradecidos à imprensa especializada, aos nossos fãs desde os mais antigos aos mais novos que vem elogiando a banda. Quem está nesse meio sabe o quanto é trabalhoso criar um álbum e trabalhar em cima dele e que dinheiro sai mais do que entra; a gente faz isso por amor à musica e ao Metal! Neste exato momento em que estou respondendo a entrevista estamos trabalhando em cinco sons novos. O que posso adiantar é que está uma paulada nos tímpanos, só não sabemos ainda quando vamos lançar, mas já está no forno. Em todos estes anos de carreira, quais foram as principais dificuldades que vocês encontraram na cena metálica nacional? E quais foram os momentos mais gratificantes? 41


Ricardo: A grande dificuldade no Brasil é não ter um circuito de shows e festivais onde as bandas possam lançar seus álbuns e fazer Tour pelo pais para divulgar. Momento gratificante é conhecer pessoas e culturas diferentes, terminar um show e ver que conseguimos satisfazer a galera que estava na nossa frente e ter conquistado mais fãs. Qual a principal diferença entre a cena da época que vocês começaram para agora? André: Os anos 80 foram mágicos, de uma carência muito grande para adquirir qualquer material, discos, camisetas das bandas favoritas, instrumentos musicais...Principalmente para nós brasileiros, a galera era mais unida e a diversão talvez por parte disso era garantida. Nos dias de hoje, com internet, redes sociais, tudo facilitou muito, mas aquela “magia” que eu havia citado eu não vejo muito. As pessoas vivem um momento rápido daquilo que estão curtindo, é tudo passageiro demais para grande parte das pessoas que entram nessa.

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São muitos anos de história e com certeza esse tempo de estrada com certeza trouxe várias histórias curiosas. Há algo interessante/curioso, posivitamente ou negativamente, que poderiam nos contar? André: Particularmente, posso afirmar uma coisa: de todos esses anos que passei me dedicando pro Distraught aprendi muito e ainda estou aprendendo. Um fato positivo disso tudo acho que é a grande numero de pessoas que acabamos conhecendo de varias partes do Brasil e fora. Isso é muito gratificante pra nós. Um exemplo recente foi de um fã que se tornou amigo depois que ele conseguiu com que tocássemos em um festival. O problema é que os produtores deste fest não tinham todo o valor que precisávamos então ele com seus amigos arrecadou o valor restante para que rolasse o show. Ele queria muito assistir a um show nosso, e foi legal ver o cara feliz por realizar seu sonho.



Can't Keep u Por Mauricio Melo - Espanha

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oite hardcore em Barcelona. Não foi, porém, uma noite qualquer e sim a primeira do festival “Can’t Keep Us Down”, organizado uma vez mais pela galera local que, como já foi dito em outras de nossas coberturas, possui uma força invejável dentro deste movimento underground. Os dias escolhidos para este ano foram 17 e 18 de Janeiro e em dois lugares distintos. A primeira noite no “Casal Jove de Roquetes”, espaço menor e somente com bandas nacionais, de diferentes cidades estilos é claro e quando digo diferentes estilos cito skinheads, punks, straight edges e o que mais consigam definir ao que tudo se canaliza como punk. Os organizadores pensaram em tudo, entradas para os dois dias mais baratas do que entradas individuais, espaço para fumantes, cardápio vegetariano/vegano para os adeptos, barraquinha de “merchandise” com camisas e discos, isso mesmo, todas as bandas presentes possuíam seus discos e de diferentes formatos. Inclusive, o vinil.

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Dia 1 - 17/01/2014 Já no palco, o que não faltou foi vontade. Mesmo a noite tendo começado morna nas primeiras duas ou três músicas do grupo “Deserción “,ao melhor estilo skin, sabemos como é sempre difícil abrir a noite, mesmo sendo um pequeno festival. Mas, não demorou para o público se animar e berrar ao microfone junto à banda. Na seqüência, tivemos o primeiro grupo “straight edge” da noite e mais uma de Barcelona, o “Whipback.” E lá se foram mais meia hora do mais puro hardcore, mesmo com um público tímido em algumas músicas, fizeram um bom show. Nem podemos dizer que suaram a camisa porque isso foi inevitável, a pequena sala começou a “derreter” antes do esperado. No meio da primeira jornada, se apresentou o grupo “The Gundown”, com seu terceiro registro fonográfico debaixo do braço ao melhor estilo punk rock melódico, e “By the Sea”. Não é nenhuma surpresa dizer que, tecnicamente, o trio se destaca entre as demais


bandas da noite, até porque, com um som limpo e mais quilômetros de estrada, facilita a percepção. É claro que, após dois grupos mais rudes, onde o bom público já havia feito sua parte como aquecedor natural da sala, a banda da cidade vizinha, “Tarragona”, custou um pouco a recuperar os pogos e para isso o vocalista / baixista desistiu do palco e se posicionou com instrumento em punho junto ao público, estratégia certa e não demoramos a ver braços ao alto e bocas abertas para cantar o refrão. A noite também teve algumas participações especiais, o público já havia provocado o “caos” com uma (participação) no show do “Whipback” mas, sem dúvidas, uma das mais marcantes foi a de Joan vocalista do extinto grupo “Cinder” em uma das músicas. Joan mal parecia o rapaz de aparência tímida que estava ao lado do palco segundo antes da invasão. Pouco depois, o mesmo empunhara sua guitarra para a apresentação de seu atual grupo, “Appraise”, que em breve lançará seu 47

primeiro álbum. Foi um bom show com o setlist curto, intenso e com algumas músicas já registrandas anteriormente como “No Foundations” e “Approach” e outras como “Can’t Bring me Down” que ao vivo funciona perfeitamente por seu refrão. Destaque para o baterista Eric Altimis que tocou com um dos dedos fraturados, o pequeno acidente aconteceu durante uma partida de handball, nada que tirasse a vontade do batera de estar no festival. Ainda faltavam duas bandas para fechar a noite. A primeira delas da cidade de Valencia, “Poder Absoluto”. Nada de comparações, mas o vocalista muito me lembrou Raybeez em cena. O público brutalizou, já, desde a introdução e só parou no final do set com a música “Poder Absoluto”. Já não podíamos distinguir quem era banda e quem era público, ao melhor estilo CBGBs, e que por outro lado dificultou o trabalho do guitarrista devido a vários pisões nos cabos e pedais levando o mesmo a passar parte do show tentando fazer seu intrumento funcionar.


Fechamos nossa participação na primeira noite junto ao quarteto “Las Ostras”. Uma banda femenina de Barcelona que,tem como vocalista, a brasiliense Leri. Tipo da vocalista que desce do palco e canta cara à cara com o público músicas como “Paredes” “Rutinas”, “Esclavas” ou “Rivales”. Pena que o acordo com o espaço cedido nos obrigou a encerrar as atividades às doze badaladas “notúrnicas” porque, com certeza, ficaríamos um pouco mais. Dia 2 - 18/01/2014 Para a segunda noite, o local reservado foi o “Ateneu 9 Barris”, uma sala maior e melhor estruturada. E não era para menos, já que bandas mais fortes na cena e a única presença internacional estiveram presentes. Além de ser um Sábado. Responsáveis por abrir a noite, os jovens do “Constrict” fizeram bonito em seu setlist que incluiu, entre outras, as quatro músicas do recém lançado EP “Carved in Stone”. O vocalista, Jarque, demonstrou mais desenvoltura na linha de frente. Em seguida, tivemos o grupo “Dictadura”, provenientes do País Vasco. Apesar do vocalista reconhecer, em público, que praticamente estava sem voz, o quinteto, que vem de uma boa turnê com o Vitamin X por várias cidades espanholas, colocou vontade acima de tudo e, mesmo encontrando um público tímido ao princípio da apresentação, consegiu dar a volta por cima após várias “viagens” do vocalista ao público, empurrando o mesmo numa tentativa de chacoalhar a galera. Com um disco fresquinho no mercado, chamado “Enfosat”, e letras exclusivamente em catalão o quarteto “Col.lapse”, que é formado por alguns membros do extinto Cinder e atual Appraise, subiu ao palco com o prestígio de uma das apresentações mais aguardadas do festival. Principalmente por apre48


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sentar algumas músicas do mencionado álbum como por exemplo “Altre Cop”, “No T’Ha Servit de Res” e a música título, um bom hardcore, algo melódico, mais trabalhado e menos intenso que os projetos anteriores, com expressivas letras e demonstrando, acima de tudo, que o bom punk é “lindo” em todos os idiomas. Na seqüência, conferimos outro grupo catalão, “Crim”, e seu punk rock explícito com um vocal mais gutural. Apesar de uma certa frieza parte do público, o quarteto de Tarragona deu a volta por cima e, em poucos minutos, já contava com a massa cantando palavra a palavra e vibrando muito com a apresentação. O Vitamin X subiu ao palco como único representante gringo do evento. A apresentação, avassaladora, teve um setlist de 25 músicas tocado em meia hora de show, média de tempo por grupo. Destaque absoluto para o vocalista Marko Korac e seus incríveis saltos tendo como apoio o bumbo da bateria. Nada que ofusque a performance do guitarrista Marc, do baixista Alex e do baterista Danny. A banda aterrizará no Brasil, em Março, para fazer 10 shows. Preparemse! Mas não fechamos por aqui, para consolidar a noite e o êxito do festival, ainda faltava o show do “Truth Through Fight”, banda de Andaluzia, mais precisamente de Xerez (Jerez). Show que soou como o canto do cisne, já que o grupo se separa para dedicarse exclusivamente a outro projeto, “Minority of One”. Talvez, por este motivo, o público tenha sido mais insano do que nunca. É, definitivamente, admirável ver o movimento local de perto, bandas que lançam seus próprios discos, vendem fitas, vinil, cds e camisas. Um público que agitou mais do que em muitos shows internacionais que passaram pela cidade nos últimos meses, onde os refrões foram extremamente berrados, os stage dives não pararam e que só distinguimos banda de público por aqueles que empunham instrumento. Todos os shows foram de nível, alguns bons outros muito melhores mas o do “Truth Through Fight” foi memorável. Hardcore brutal, hardcore rápido, melodias e distorção, suor para todos os lados... Hardcore! 50


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J“ á começamos a escrever nosso segundo álbum” Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding) Fotos: Divulgação

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onversamos recentemente com o baterista dessa banda, que nos deu maiores informações sobre esse duo, que nos brinda com um Doom Metal arrastado e sombrio. Falamos também sobre a cena Doom em Seattle, morte e os polêmicos downloads ilegais. Vamos conferir. A Bell Witch é um banda relativamente nova. Fale-nos um pouco sobre o conceito da banda, os primeiros ensaios, até a gravação da primeira demo. Adrian Guerra - Nós começamos este projeto pensando em fazer apenas um show. Um amigo próximo pediu pra nossa antiga banda, Lethe, tocar, mas nós não pudemos. Nosso guitarrista tinha saído da banda. Então nos perguntaram se só os outros dois que sobraram podiam tocar. Nós aceitamos o desafio e começamos a ensaiar uma semana antes do nosso primeiro show. Repito, era pra ser apenas um único show. A gente não ia levar o projeto adiante, mas pareceu certo, depois de tocar, que precisávamos continuar. Ou escolhemos continuar, aliás. Dylan e eu queríamos fazer uma música mais pesada e dark, já que o Lethe era uma banda sludge/stoner rock/psicodélica instrumental. Nós dois sempre estivemos inseridos na cena doom aqui nos Estados Unidos com nossas bandas mais antigas e amamos o gênero. Então, depois daquele primeiro show, 52


nós começamos a ensaiar freneticamente e começamos a escrever nossa demo e outras músicas que acabaram entrando no álbum. Nós fizemos shows locais aqui no Noroeste Pacífico (Seattle/Portland) recebendo um bom feedback. O “Demo 2011” foi gravado em Julho de 2011 em 3 dias com nosso parceiro Brandon Fitzsimons. O Brandon também trabalhou com todas as nossas bandas anteriores e gravou quase tudo que eu fiz no passado com outros grandes artistas. Assim que recebemos nossa “Demo 2011” pelo correio, corremos pra van para nossa primeira Tour na Costa Oeste em 2011. Depois do lançamento da demo e de algumas reviews positivas, como foi o processo de composição para o álbum “Longing”? Antes de gravarmos a demo, nós tínhamos ideias de como queríamos que o álbum fosse. Quer dizer, nós já tínhamos escrito “Rows (Of 53

Endless Waves)” antes de gravarmos a demo e foi uma das nossas primeiras músicas, só que sem letra. Nosso processo de composição pro “Losing” foi praticar e não ter medo de escrever a música que escrevemos. O Dylan vem com uma linha de baixo, a gente conversa sobre ela. Eu toco todos os tipos de batidas na bateria, mas você precisa ter aquela “certa”. Particularmente, eu gosto de ser minimalista quando necessário. Nunca tire nada do riff que precisa ser ouvido para a música fluir. O “Longing” foi lançado há apenas um ano. Como foi o feedback? O feedback tem sido ótimo. Como surgiu a ideia de fazer uma banda apenas como um duo, sem guitarra, apenas com baixo e bateria? Depois que a gente escreveu as músicas pra demo, nós tentamos achar outros membros. Um vocalista e um guitarrista. Nós tínhamos


algumas ideias sobre o que queríamos. Ambos os vocalistas e o guitarrista furaram. Depois que nós dois começamos a cantar, decidimos fazer nós mesmos. Membros a mais provavelmente trariam apenas mais dificuldades. O Dylan e eu sabemos exatamente o que nós queremos dessa banda. E nós sempre seremos uma banda de doom de dois integrantes. Eu sei que é cedo pra isso, mas existe previsão para um novo álbum em breve? O que você pode adiantar? Nós já começamos a escrever nosso segundo álbum. Vai soar como Bell Witch. Como fazer um som tão niilista num lugar conhecido como a terra do grunge? Eu gosto de alguma coisa de grunge, já que cresci aqui em Washington. Mas era tudo grunge mesmo? Quero dizer, a gente tinha Melvins, Burning Witch e Thorr’s Hammer. Vocês conseguem criar uma massa sonora bem interessante. Misturar sludge, drone, funeral doom e ainda soar harmonicamente melódico graças às linhas de baixo do Dylan Desmond. Explique-nos como funciona essa fusão. O Dylan Desmond é um mago da porra. Nós dois passamos por dificuldades na vida e queremos retratar as emoções mais tristes que as pessoas geralmente escondem. Algumas linhas vocais são “Organum”, dando um belo tom funeral a algumas passagens. Como surgiu a ideia de adicioná-las ao som do Bell Witch? Ter mais dinâmicas é melhor para as músicas que escrevemos. Os cânticos harmônicos trazem uma vibe mais funeral, assim como os

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gritos e grunhidos têm uma vibe mais suicida. Como a ideia de usar o samper de “The Masque of the Read Death” na faixa “Beneath the Mask” surgiu? Eu sou um fã de filmes de terror e “The Masque of the Red Death” é um dos meus filmes preferidos. Além disso, o filme conta com o magnífico Vincent Price! Eu estava assistindo o filme e a ideia simplesmente surgiu. Como uma lâmpada de ideia acendendo. “Beneath the Mask” é a introdução para “I Wait”, que tem uma mensagem parecida. Qual a sua playlist atual? Estes são alguns discos que eu tenho ouvido ultimamente. É bem difícil pra mim encontrar novos artistas pra fazer uma jam. Lycus – Tempest Chelsea Wolf – Pain Is Beauty Worship – Doom Hell – III Profetus – …To Open The Passages In Tusk Shadow Of The Torturer – Dronestown Megadeth – Rust In Peace Ataraxie – L’Etre La Nausee Procession – To Reap Heavens Apart Como é a cena doom em Seattle? E que nova banda você recomenda? No momento, quase não existem bandas de doom. Atualmente, temos apenas Anhedonist, Samothrace, Shadow of the Torturer e a gente. Outros provavelmente vão se considerar bandas de doom, mas eu penso diferente. E a cena doom não é tão grande quanto algumas pessoas podem dizer. É uma cena pequena. Todos nós nos vemos nos mesmos shows e é isso que torna nossa cena especial.


Para alguns, a morte é o fim; para outros, é o começo. Qual a sua relação com a morte? Adrian Guerra - Eu abraçarei a morte quando a hora chegar. Para finalizar, gostaria de saber sua opinião sobre os “downloads ilegais”. Em sua opinião, o download grátis ajuda ou atrapalha? Eu acredito que você deveria poder fazer o download se precisasse ou pra fazer uma review. Eu gosto de espalhar nossa música para as massas. E os verdadeiros fãs de música e os colecionadores vão sempre achar um jeito de comprar o disco e apoiar a banda se eles realmente se importam. Adrian, obrigado pela entrevista. Deixo este espaço aberto para sua última mensagem. Obrigado, Rodrigo, pela entrevista. E obrigado a todos que tiraram um tempo para ouvir a Bell Witch. Nós estabelecemos metas para os próximos meses, então fiquem ligados e “stay Doomed”. Saudações, Adrian Guerra

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