Revista Ragga #70

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REVISTA

BH DO CARNAVAL A ANTIGA CIDADEFANTASMA DO FERIADÃO ENCONTRA VIDA NOS BLOQUINHOS DE RUA

Alongamento de força Yoga é opção para quem quer malhar, mas não anima encarar a academia

TROVÃO URFE

#70

FEV 2013

leitura recomendada para maiores de 18 anos

NÃO TEM PREÇO

do

Preferido para o título de campeão mundial de 2013, Gabriel Medina fala da sua vida na água “Acredito que Deus me escolheu e falou: esse daí vai ser surfista”









Camisinha foi feita para usar. Se o clima do carnaval esquentar, tenha uma sempre a mão. Sem ela não dá pra ficar. Previna-se contra a AIDS, use camisinha.


C

CAIXA DE ENTRADA CARTAS

EXPEDIENTE

Edição Fotográfica

DIRETOR GERAL

Zero31 Comunicação, pelo Twitter Vale a pena conferir a edição fotográfica da @revistaragga 2013. pic.twitter.com/WXJa8TpI Carlos Moura, pelo Twitter Quem ainda não viu a edição fotográfica anual da #revistaRagga corre pra ver as fotos fantásticas da @elisam. instagr.am/p/ UqhKNNBByJ Breno Capêlo Padovani, pelo Facebook Tão demais, hein.... Eduardo Damasceno e Liper Gomba representando na última edição da Ragga!!! Mto orgulho desses dois. =)

lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING

bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO

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flávia denise de magalhães – mg14589jp [flaviadenise.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR

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ana slika bruno senna carlos hauck

ARTICULISTA

lucas machado COLUNISTAS

NOSSA CAPA Já que em Minas não tem mar, tivemos que improvisar e ir direto à fonte, em Maresias (SP), para conhecer de perto um dos atletas mais comentados do circuito de surfe mundial: Gabriel Medina. Para nossa sorte, nem o tempo fechado, típico de dias chuvosos, nem a timidez do surfista atrapalharam as fotos na praia de areia branca e ondas perfeitas, que já foi cenário de competições internacionais. Criado nessas águas desde cedo, o jovem Medina agora sonha em conquistar o tão esperado título de campeão mundial para o Brasil. Confira na página 38 nosso batepapo com ele, que rolou pouco depois de descolar um carona com o cara e ainda almoçar na casa da família dele. 10

alex capella . eduardo damasceno . joão paulo lucas buzatti . luís felipe garrocho RAGGA GIRL MODELO amanda prímola CAPA carlos hauck REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.ragga.com.br/digital] REDAÇÃO

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EDITORAL

Jogue a âncora! Percebemos claramente um excesso de possibilidades e uma falta de referência. E é exatamente nesse ponto que a âncora deve ser lançada. Temos que ser a referência. Não adianta querer ser a única fonte, isso não é mais possível. Mas o desafio agora é ser a fonte determinante. Aqui na Ragga, é com esse sentimento que abrimos os trabalhos em 2013, acreditando que buscar o equilíbrio entre a experimentação, o risco, o novo e o que já é intimo, verdadeiro e seguro possa funcionar como um farol neste mar bravio. Boa leitura.

bruno senna

Ozzy Osbourne, que chocou o mundo no início dos anos 1980 comendo cabeças de morcego ao vivo em seus shows, disse em entrevista recente que o maior desafio das bandas atuais é conseguir surpreender seu público no palco. Nada mais impressiona, nada é novidade. Tudo é possível! Essa geração pós-1980 nasceu cercada de mimos e foi bombardeada com rajadas de possibilidades. Acesso à informação então, nem se fala. A internet abriu um novo mundo, uma nova corrida do ouro. E, junto com toda a liberdade e deslumbramento, trouxe no mesmo pacote um punhado de insegurança, ansiedade e incerteza. Assim como as bandas citadas por Ozzy, os veículos de comunicação hoje compartilham de um sentimento parecido. Para se manterem atraentes, a solução até agora tem sido a experimentação, algumas vezes sem muitas regras. Afinal, ser livre e experimentar o novo são o que essa geração sabe fazer melhor. Mas o medo é que esse cavalo esteja correndo rápido demais e sem rédea alguma. O desafio para chamar a atenção, surpreender e se destacar existe, e ninguém tem a fórmula exata para essas perguntas, porém começamos a perceber sinais de uma busca por portos seguros em meio a essa tempestade. O excesso começa a incomodar e, aos poucos, um retrocesso saudável parece ser uma boa saída. Os filtros de fotos com estéticas antigas (como aqueles reais na casa da avó) ajudam a ilustrar a teoria.

Lucas Fonda — diretor geral lucasfonda.mg@diariosasassociados.com.br


Carlos Hauck

Futuro do surfe

ÍNDICE

Com 19 anos, Gabriel Medina chama atenção com manobras aéreas em campeonatos

Mente sã, corpo também

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Inês Brasil

Cansados de ralar na academia, jovens encontram no yoga opção para se exercitar

Mesmo sem entrar no BBB, candidata chama atenção do país com seu vídeo de inscrição

Marchinhas de BH

Vou de Bike

Iniciativa independente dos blocos de rua transforma o Carnaval da capital mineira

O triste fim de bicicletas abandonadas é documentado pelas lentes do fotógrafo Bruno Senna

32

28

34

JÁ É DE CASA

44

Scrap 14 Só no site 16 Destrinchando 18 Twitter 19 Estilo Luana Jardim 20 #Instaragga 21 Rapidinhas 22 Eu quero 24

Quem é Ragga 28 On the Road Nova York 48 Ragga Girl Amanda Prímola 50 Livrarada 56 Prata da casa 58 Crônico 60 Quadrinhos Rasos 62



S

SCRAP S/A

COLUNA POR ALEX CAPELLA // ALEXCAPELLA.MG@DIARIOSASSOCIADOS.COM.BR

fotos: divulgação

Sugestões e informações para a edição de fevereiro, entre em contato pelo e-mail acima.

Experimentação

A Global Bicicletas, empresa especializada na comercialização de bicicletas, peças e acessórios, investiu R$ 700 mil para comercializar a marca Specialized em Minas. O investimento engloba a compra dos produtos e o treinamento de funcionários. Referência em bicicletas inovadoras, a marca é a queridinha dos ciclistas de todo o mundo. Os amantes da magrela, que pode custar até R$ 15 mil, também encontrarão na rede mineira a linha completa, com capacetes, sapatilhas, luvas e outros componentes.

Termina no final do mês a exposição Inter (ativos) – III Mostra de Artefatos, que reúne obras, projetos e processos de criação elaborados pelos estudantes dos núcleos do Plug Minas - Centro de Formação e Experimentação Digital. Os visitantes poderão deixar suas impressões sobre os trabalhos e ideias lançadas. As obras expostas foram criadas pelos jovens utilizando técnicas variadas, e a mostra inclui desenhos, música, vídeo, jogos digitais, animação, fotografia, colagem, jogos de tabuleiro, entre outras linguagens.

Flávio Charchar

Bike de perfomance

Astro pop

A produção do britânico Elton John correu contra o tempo para encontrar “recantos bucólicos” para o músico se hospedar durante a turnê pelo Brasil. O astro do rock inglês não quis ficar nas grandes redes hoteleiras e pediu aos organizadores dos shows que conseguissem locais mais tranquilos e cercados de verde para ele descansar entre um show e outro. O músico se apresentará em São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte. Na capital mineira, a apresentação ocorrerá dia 9 do próximo mês, no reformado Mineirão, que agora ganha novo status de arena multiuso. 14

Sympla

A start-up dedicada a facilitar a venda de ingressos online de shows e eventos de pequeno e médio porte, Sympla, começa a chamar atenção de grandes investidores. Com um sistema similar ao crowdfunding, o site permite a venda antecipada de ingressos aliada a divulgação em redes sociais do evento. Recentemente, os sócios Rodrigo Cartacho, David Tomasella e Marcelo Cartacho se uniram ao produtor cultural Kuru Lima, proprietário da Cria! Cultura e receberam investimentos de Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora, para ampliar o negócio.

Vou de táxi

Virou uma espécie de “febre do bem” o uso do chamado Easy Táxi em Belo Horizonte. Diante das dificuldades para se encontrar um táxi disponível na capital, o usuário, a partir de um aplicativo em seu smartphone, pode visualizar um mapa da cidade com a localização dos taxistas cadastrados. Assim, é possível verificar onde está o carro mais próximo e saber quanto tempo ele gastará para chegar até o cliente. O serviço é cobrado do taxista, que paga uma taxa de R$ 2 por corrida. Além de Belo Horizonte, está disponível no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília.


A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

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CURTA

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fotos: reprodução da internet

EXTRAS

ana slika

História em 5 segundos Será que é possível mostrar a trajetória de vida do Michael Jackson e dos Beatles em tão curto espaço de tempo? Parece que sim. Acesse o link e comprove: bit.ly/historia5seg

EXTRAS

EXTRAS

Maravilhosas O artista Renato Cunha criou uma série de pôsteres inspirados nas músicas das cantoras mais famosas da atualidade, com direito a caricaturas das divas. bit.ly/maravilhosas

BLOG PARCEIRO

Zonafootball Confira a galeria de fotos que mostra a história das cheerleaders desde suas primeiras aparições nos jogos de futebol americano. bit.ly/cheerlindas

COLUNAS DA WEB

Octógono O lutador Lyoto Machida fala sobre do ritmo intenso de treinos, das amizades no MMA e da chance de disputar o cinturão dos meios pesados. bit.ly/lyoto_machida

EXTRAS

Folia em BH Confira a programação completa dos bloquinhos de rua que vão sair na capital mineira antes, durante e depois do carnaval: bit.ly/carnavalBH2013. SÓ NO SITE

Fotografia Voyeur Um dos trabalhos mais interessantes do alemão Michael Wolf foi capturar situações que podem ser observadas através das janelas dos prédios de Hong Kong. bit.ly/fotovoyeur 16

Elisa Mendes

cristiano quintino

Inês Brasil A cantora e aspirante a celebridade não economizou poses ousadas para as lentes da Ragga. Confira a galeria de fotos completa. bit.ly/inesnaragga.



DESTRINCHANDO ARTIGO POR LUCAS MACHADO ILUSTRAÇÃO JONATHAN SOARES

O primeiro e um dos maiores empreendedores do Brasil “O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem.” Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá

Evangelista da Silva, depois Barão, depois Mauá. Ao pesquisar durante anos sobre brasileiros e pessoas comuns que deixaram suas marcas registradas enquanto passaram por esta terra, pergunto a vocês, nobres leitores: será que apenas reis, imperadores, presidentes e políticos merecem condecorações? O Barão de Mauá (1813-1889) pouco aparece em livros escolares de história, e ínfimas são as publicações que exaltam a trajetória do primeiro e grandioso empreendedor brasileiro. Órfão de pai desde os primeiros anos de idade — com certeza isso o ajudou a enfrentar a vida frente a frente —, esse brasileiro tinha um “algo mais”. Ele fez de seu lema: “Deus ajuda quem cedo madruga”. Nunca teve medo de trabalho e, na primeira oportunidade, já mostrava tino comercial. Foi descoberto por um escocês chamado Richard Carruthers, que o chamou para trabalhar em sua empresa de exportação. Por lá, o Barão de Mauá teve suas primeiras noções de teoria econômica e outros idiomas. A partir disso, ele se dividiu entre atividades industriais e de banqueiro. Foi pioneiro no campo dos serviços públicos: fundou a primeira estação de gás para a iluminação pública da cidade do Rio de Janeiro; organizou as companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e Amazonas; IRINEU

É interessante perceber seu avanço numa época em que o telefone estava apenas na prancheta de Alexander Graham Bell

MANIFESTAÇÕES

articulista.mg@diariosassociados.com.br | facebook.com/lucastmachado | destrinchando.com.br 18

implantou a primeira estrada de ferro, que ia da Raiz da Serra à cidade de Petrópolis (RJ); inaugurou, entre Petrópolis e Juiz de Fora, a primeira estrada pavimentada do país, entre outras muitas iniciativas. Contrário à Guerra do Paraguai, Mauá também se envolveu em polêmicas, como quando forneceu recursos ao Uruguai e apoiou que o país tivesse mais influência nas questões da região do Rio da Prata, desagradando o Império do Brasil (1822-1889) e tornando-se persona non grata por aqui. Ativista na luta contra a escravidão, ele tinha um modelo de administração descentralizada e flexível, aproximando-se a diversos banqueiros e empresários, tanto do Brasil quanto do exterior. Seus tentáculos não foram tão modestos, e o Barão levou seus empreendimentos a países como Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Inglaterra e França. No Brasil, já tinha oito entre as 10 maiores empresas, e o valor total de seus ativos era maior do que o orçamento de todo o império do Brasil de Dom Pedro II. Administrava tudo sozinho, com mãos de ferro. É interessante perceber seu avanço numa época em que o telefone estava apenas na prancheta de Alexander Graham Bell (1847-1922) e a internet ainda fazia parte do plano B de ficção científica. A vida de Mauá é uma aventura fascinante de perseverança, disciplina e disputa entre brasileiros e portugueses. J.C.


T

TWITTER

thiagomava

int_hatemachine

Não gosto dessa minha falta de dinheiro, acho ela ofensiva. mauriciomends

Uma barata vive um mês decapitada e eu não consigo sobreviver a um pé na bunda. fabrynks

Enquanto a cor do Camaro for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.

Aproveitando a deixa, fica aí o pensamento: Já pensou se toda escolha ruim que vc fizesse fosse acompanhada por uma crônica do Pedro Bial?

rubensc

EM 2013 VOCÊ PODE REUTILIZAR CALENDÁRIOS E AGENDAS DOS SEGUINTES ANOS: 2002, 1991, 1985, 1974, 1963, 1957, 1946, 1935, 1929 E 1918.

EikeBatiiista

PaulZanon

Facebook é filosofia, Twitter é cuspe na cara. rafinhabastos

Acabei de saber através da Justiça: As pessoas que me citaram no vestibular da UFRGS serão presas. Que pena, pessoal.

A empregada está brava com o Thor, ela acabou de passar o pano e ele está andando de Ferrari pela casa.

kadubocao

miaalien

MAIS TRISTE QUE LEVAR MARMITA PARA O TRABALHO, É ESQUECER A MARMITA EM CASA.

Acho bobagem fazer seis anos de faculdade de medicina sendo que o que todo mundo tem é virose.

bomsenhor

Um argumento que tento colocar numa discussão sempre que posso é: “mas e se fosse seu filho?” Porque ele desarma o interlocutor.

EuTomate

Enquanto houver pessoas escrevendo #partiu #facu #churras etc, haverá guerras e fome na África! Poleritoo

Brasileiro tem três sonhos básicos: 1º Comprar um carro; 2º Quitar o carro; 3º Trocar de carro.

mabrafman

Casal que faz perfil junto em rede social pelo menos fica parecendo um idiota só, e não dois.

_Lucasfly

Se a sua piscina está cheia de ratos, não venha querer nadar na minha.

marcusvisn

Graças à internet, demoro três horas para tomar um prato de sopa.

allineloureiro

Escrevi “namorado” no Google e cliquei em “estou com sorte”. Apareceu um vídeo com a risada do Mr. Catra.

Biofobico

hadoucken

Gente, vamos ser menas pobres.

Na infância, você sabia se a pessoa era confiável se ela cantasse que se fosse um peixinho e soubesse nadar, lhe tiraria do fundo do mar. 19


E

ESTILO Luana Jardim

COLUNA POR LUCAS MACHADO FOTOS CARLOS HAUCK LUANA JARDIM É MINEIRA, empresária e estilista formada em design de moda, com especialização no instituto Marangoni, em Milão. Passou também por Londres, onde fez um curso de como construir uma marca, na London College of Fashion. Chegamos à sua loja no Bairro Lourdes, em Belo Horizonte, com a serena opulência da fachada e a sobriedade de sua sala luminosa. Nas primeiras palavras descobrimos que Luana é uma pessoa alegre, gosta muito de seu trabalho e é feliz com ele. Ela adora os filmes do Wood Allen, gosta muito de viajar e conhecer lugares novos. Lê vários livros ao mesmo tempo — sobre a filosofia das religiões, biografias, como a de Channel; e sobre pintores, como Van Gogh e Modigliani. Quando o assunto é música, sua playlist é muito variada. “Gosto de tudo um pouco: pop, MPB, rock”, comenta. Sobre suas coleções e seu processo criativo, a estilista diz que “vão muito do momento, pois acessórios não dependem da sazonalidade. O que fazemos é uma produção mais atemporal”. Em 2013, Luana garante que haverá algumas mudanças: “Iremos focar mais no conceitual”. Agora é esperar as novidades.

Luana usa Blusa M. Guia

Camisa Mercado

Anel, cinto e sapato Luana Jardim

Saia Zara

Olha lá luanajardim.com

Perfume Prada Milano dal 1913 Sapato Luana Jardim

Estátua Relíquia presente da avó de 1985

Coleção revistas de moda J.C. 20


andersonluizes

edsonbrow

ialouro

belagrecco

eerikac

ju_ferdrige

bervalldc

carleeenha

g4bzz

guilherme_avila

Nesta edição, chamamos todo mundo para postar fotos com o tema "tatuagem" com a hashtag #instaragga. O resultado você vê por aqui.

lailasilfer

matheusspar

mauricio_sinner

leticia_orlandi

priloredo

renatazacaroni

rodrigomarchena

sarinhapalmieri

tiagogugz

Quer participar em fevereiro? Basta postar no Instagram uma foto com o tema Fantasia e a hashtag #instaragga.


RAPIDINHAS COLUNA POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES

Por títulos mais honestos

Para dar um toque de humor aos títulos seríssimos que concorrem este ano ao Oscar, o pessoal do College Humor reescreveu os pôsteres dos indicados. Assim, As aventuras de Pi vira As aventuras de CGI — fazendo referência à tecnologia usada para trazer as incríveis cenas com o tigre em um bote à realidade. O novo título Django livre, do Tarantino, traz uma citação do último filme do diretor: Bastardos Inglórios – edição escravidão. A brincadeira é boba, mas ajuda a encontrar um norte quem ainda está tentando compreender a enxurrada de novos filmes a tempo da premiação (sem ter que ver nada).

VIDA X VIDEOGAME Finalmente chegamos ao ponto em que é difícil diferenciar fotografias reais de imagens renderizadas em superprogramas. A maior prova é a foto de Manhattan que você vê aqui. Do fotógrafo Sergey Semonov, ela é o resultado de uma montagem de várias pequenas fotos da ilha. As originais foram feitas de um helicóptero e o resultado final é uma perspectiva comum em videogames, em que sempre vemos o mundo de cima. Ganhadora do prêmio Epson International Photographic Pano Awards na categoria Amador, a imagem tem uma versão 3D no site airpano.com. 22


Sugar, spice e Radiohead

Jason Reed_Reuters

Aos 12 anos, a filha mais nova de Will Smith e Jada Pinkett Smith mostra que seu sucesso prematuro não se explica somente pela ascendência famosa. Usando como sample a música Codex, do álbum The king of limbs, do Radiohead, Willow Smith mostra com uma voz melodiosa que tem pouco de garotinha e muito de artista dentro de si. Ao contrário do pop energético de Whip my hair, ela mostra um trabalho cheio de tristeza e melancolia, chegando a preocupar os fãs. Sem grandes explicações, dias após o lançamento, a música foi retirada do site oficial da cantora. bit.ly/willowsugar

Google em 2012

fotos: divulgação

Imagine um dicionário que, em vez das palavras, mostrasse o primeiro resultado do Google Imagens sobre a palavra que deveria estar ali. É essa a proposta do artista inglês Ben West. Com a ajuda do irmão — que criou um programa para buscar as mais de 21 mil imagens do livro — ele trocou cada um dos verbetes do Oxford Pocket Dictionary pelo seu primeiro resultado no mecanismo de pesquisa. O produto final é um livro de capa dura com mais de mil páginas que não ajuda muito a entender significados, mas faz um retrato verdadeiro de qual era o espírito do ano de 2012. bewe.me/#google

NAMORADA de aluguel

Não falta quem diga que não é possível julgar a verdadeira felicidade de um casal pelas fotos e mensagens trocadas no Facebook. A máxima ficou ainda mais verdadeira agora, com a criação do site brasileiro Namoro Fake. Há pouco mais de um mês no ar, o site oferece perfis de namoradas para aluguel. Por R$ 39, o contratante recebe, ao longo de sete dias, dez mensagens da “namorada” em seu perfil, além da mudança de status. Com todos os perfis alugados, o criador Flávio Estevam conta que o grande propósito do site é causar ciúmes em ex-namoradas e garante que já pensa em criar perfis masculinos para mulheres. namorofake.com.br

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$

EU QUERO

CONSUMO

Famous faces A coleção de cadernos do tipo Moleskine tem capas ilustradas com animais fantasiados de personalidades como Che Guevara, Charles Chaplin e outros. R$ 54,90 (grande) e R$ 46,90 (pequeno) na Inbox (Estação BH)

Calendário de plástico bolha Há poucas coisas mais satisfatórias e terapêuticas que essas bolhinhas. Neste calendário só não vale estourar todas de uma só vez. R$ 44 no bubblecalendar.com

Barriletes Küd Os chopps artesanais produzidos pela cervejaria Küd são inspirados em clássicos de grandes bandas do rock ´n roll, como Led Zeppelin e Beatles. R$ 97 (barril 5l) na Drik (Av. Álvares Cabral, 1315 - Lourdes) ou no drik.com.br 24


Fantasia também no dia a dia Uma boa ideia para o carnaval são os kits com blusas que podem ser usadas também quando a folia acabar. As opções de estampas são zebra, tigre e onça. R$ 99 na Maria Filó (Pátio Savassi e Diamond Mall)

Chinelo Ludici

fotos: divulgação

São várias estampas, cada uma criada por um designer diferente. Disponíveis em modelos femininos e masculinos. R$ 39 na Blackboots (Rua Fernandes Tourinho, 182 - Savassi)

Baralho iPhone Para quem não consegue se desgrudar da tecnologia nem mesmo quando está jogando cartas com os amigos. R$ 29,90 no tshit.com.br 25


QUEM É RAGGA FOTOS ANA SLIKA

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Veja todas as coberturas do mĂŞs no bit.ly/quemeragga

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Yoga ESPORTE

PARA

suar 28


Sem preconceitos, essa é a variação do exercício que vai fazer você suar a camisa em uma hora de extrema concentração, força e equilíbrio

POR LARA DIAS FOTOS ANA SLIKA

PRÓXIMO A UMA DAS AVENIDAS mais movimentadas da Região Sul de Belo Horizonte, em um prédio comercial de 11 andares e 38 salas, às 10h de uma sexta-feira, estão oito alunos dedicados a fazer dos próximos minutos um momento de concentração total em nada além de corpo e mente. Se não fosse pela música indiana que ecoa, em volume baixo, e os quatro novatos que se preparam para ouvir a explicação dos professores Roberto El Check Júnior e Shanti Felicíssimo, o silêncio estaria reinando na sala 705. O cheiro suave e contínuo de lavanda vem do incenso acesso no canto, e a luz natural que chega através do filtro das cortinas alaranjadas deixa o ambiente aconchegante e tranquilo. Seria o cenário perfeito para uma soneca matinal. Mas as pessoas que ali se encontram estão determinadas a fazer justamente o contrário. Todos de pés descalços, posicionados em seus tapetes de borracha individuais e virados para o altar, de frente para Roberto, começam unindo as palmas das mãos, na altura do peito, apontando a ponta dos dedos para cima. Foi quando meus ouvidos foram surpreendidos por um canto coletivo, cuja letra eu não fazia a menor ideia do que significava. O canto é o mantra inicial. “É uma forma de pedir licença aos mestres que nos ensinaram o Ashtanga, e finalmente começar a prática. Uma maneira de trazer corpo e mente a se conectarem na aula que se inicia”, explica Roberto, praticante de yoga há 25 anos e professor há 7. Muito diferente de uma ficha de musculação na academMuito diferente de uma ficha de musculação na academia e longe do pancadão das músicas mais recentes das rádios jovens de pop e rock, seguimos uma bateria de exercícios que

me fizeram sentir dores nos dias seguintes. É uma dor satisfatória, contudo - reflexo do esforço que havia feito principalmente nos braços e nas pernas. A técnica envolve a execução de uma série fixa de asanas (posturas psicofísicas) e movimentos vigorosos, associados à respiração consciente. São repetidas flexões de braço, com alongamento, agachamento e equilíbrio, usando somente o peso de seu próprio corpo. Nada de halteres, caneleiras ou barras de ferro. Cada exercício pode parecer difícil de ser executado e, acredite, a primeira impressão é verdadeira. Apesar disso, a dificuldade não impossibilita a prática. Caso contrário, a aula pode e deve ser adaptada. “Todos precisam se informar sobre algum problema como hérnia de disco ou dores no joelho, para que a gente adapte a aula e trabalhe a postura adequada. Mas quase sempre é possível para qualquer pessoa praticar o Ashtanga”, explica Shanti. A procura por essa modalidade do yoga geralmente acontece por um perfil descrito pelos orientadores como “pessoas que cansaram da academia e procuram algo tão ou

São repetidas flexões de braço, com alongamento, agachamento e equilíbrio, usando somente o peso de seu próprio corpo


até que todas as séries de movimentos estejam completas. O YOGA DA MADONN­A

mais forte, pessoas que não têm paciência para as linhas mais tradicionais do yoga e, principalmente, as que querem ter mais qualidade de vida começando com o próprio corpo e mente equilibrados”, observa Roberto. A diferença do Ashtanga Vinyasa Yoga para as outras modalidades é que ele começa a trabalhar a mente, a partir do corpo. Por isso, a aula exige que você mantenha-se focado o tempo todo e não deixa espaço, entre uma série e outra, para pensar na vida e viajar sozinho para algum lugar distante, enquanto a aula acontece. E não tem descanso

30

O Ashtanga Vinyasa Yoga tem uma história interessante. Quem nos conta é Roberto ElCheck, autointitulado “o professor de yoga mais cético que existe”. Segundo ele, a lenda diz que a sequência de movimentos foi criada pelo mestre Vamana Rish, que sistematizou a prática. Como uma tradição passada de pai para filho, de discípulo a mestre. Vamana escreveu o livro Korunta – O Livro do Yoga. Anos mais tarde, Rama Mohan Brahmachari teria ensinado para o segundo mestre, Krishnamacharya. E o último, para três alunos. Pattabhi Jois, Ixenga e Indra Davi seriam os responsáveis por difundir o Ashtanga no Ocidente. Pattabhi teria sido, antes de sua morte em 2009, o mestre da cantora Madonna, do músico e ator inglês Sting e até de Paul McCartney. Mas Roberto não acredita na versão oficial. Segundo ele, o próprio Pattabhi Jois teria dito que inventara os manuscritos para criar uma aula que não fosse chata e odiável por seus alunos pré-adolescentes inquietos. Para Roberto, que largou a carreira de jornalista policial e de empresário dono de três franquias de uma loja de doces em Belo Horizonte para calçar chinelos de dedo e dar aulas de yoga, o Ashtanga se resume em poucas palavras: “Desde que comecei a dar aulas e praticar diariamente, posso dizer que estou feliz e que vou para o trabalho cantando. É, além de uma prática rigorosa e disciplinar, minha maior satisfação pessoal e profissional”.



INTERNET

CENSURADA DO POR FELIPE BUENO E LARA DIAS FOTOS ANA SLIKA

Inês Brasil: de carne, osso e silicone

INÊS BRASIL, DE 43 ANOS, É SUCESSO

Ela é dessas pessoas que podem ser facilmente confundida com uma personagem. Fato é que a sua história de vida contribuiu para isso. Mesmo antes da fama — fruto de um vídeo de inscrição para o reality show Big Brother Brasil, o BBB, que se tornou viral na internet — ela já sonhava em ser conhecida. Queria ser bailarina, porém, seu pai a desencorajou, por ela ser “baixinha e negra”. Nascida na Vila Kennedy, uma comunidade carente do Rio de Janeiro, ela começou na labuta muito cedo. Aos 22 anos era professora de samba na casa de espetáculos Oba-Oba, de Osvaldo Sargentelli, no Bairro Botafogo. Foi lá que conheceu seu ex-marido, que a ajudou na carreira de cantora, iniciada aos 27, e a levou para a Europa. Ele, diretor de fotografia em uma rede de televisão da Alemanha, produziu os vídeos de Inês

NA WEB.

32

e foi quem apresentou a ela a bossa-nova. Desde então, Tom Jobim é uma influência constante em sua carreira. Ela também diz ser admiradora de Elis Regina, Madonna e Michael Jackson. Inês Brasil sempre foi espirituosa, como mostra seus vídeos na internet. Por conta disso, uma amiga sua sugeriu que ela fizesse inscrição para o BBB. “Por eu ser animada o tempo todo, me disseram que eu deveria provar o BBB. Mas eu pensava: ‘Sou uma cantora, canto há tanto tempo na Alemanha e ainda não fui para a televisão’. Decidi fazer o vídeo para entrar na casa porque queria mostrar meu talento”, explica o fato de ter feito cinco inscrições para o programa. Questionada se ela toparia participar de outro reality show, Inês Brasil responde: “Todos! Na hora. Ai que delícia”. Monique, sua filha e assessora, responsável pela agenda da mãe, comenta que alguns programas de auditório têm convidado Inês para fazer participações. Com 900 ml de prótese de silicone nos seios e muita disposição para novos projetos, ela diz ter desistido de tentar entrar no BBB. “Na Alemanha, eu trabalhei como cantora e dançarina. Eu já não queria mais ir para as discotecas. E fo-


Com 900 ml de prótese de silicone nos seios e muita disposição para novos projetos, ela diz ter desistido de tentar entrar no BBB

ram cinco anos tentando entrar para o Big Brother, até que eu entreguei para a decisão de Deus”, lamenta. “Caso minha carreira não dê certo, vou tentar ser estrela pornô. Sei que essa não é a vontade de Deus e que ele preferiria que eu fosse outra coisa”, completa. Inês Brasil ficou famosa pelos bordões que repete. Ao fim de cada frase, ela diz “graças a Deus” e “em nome de Jesus”, apesar de não ter nenhuma religião. Segundo ela, Deus é a natureza, é vida. Sobre as comparações com uma travesti, o que lhe rendeu um título de diva gay, a diva que já nasceu mulher não se incomoda. “Já provei de tudo nessa vida. Mas eu só faço o que eu gosto. Eu tenho loucura pelos homens. Na hora de ‘make make love’, eu amo os homens.”


A rua é nossa CULTURA

Nos últimos anos o Carnaval de Belo Horizonte ganhou força e se tornou boa opção para quem fica na capital mineira POR GUILHERME ÁVILA

BH NUNCA TEVE VOCAÇÃO para oferecer grandes eventos carnavalescos, mas isso não significa que nós não sabemos como aproveitar essa emblemática festa nacional. Apesar dos tímidos desfiles de escolas de samba cinquentenárias, blocos caricatos e dos trios elétricos da Banda Mole, ativa desde 1975, a verdade é que, há poucos anos, durante o Carnaval, muitas partes da cidade se pareciam mais com um cemitério. Mas, desde 2009, a folia belo-horizontina ganhou novo fôlego. O surgimento de blocos de bairro, marcados pela irreverência do Carnaval de rua, revitalizou a comemoração e uma parcela considerável da população está de volta às 34

folias, que ficam mais cheias a cada ano. “Essa carnavalização de BH só acontece porque pessoas apaixonadas pela festa decidiram ir às ruas e brincar. É bom ter em mente que o Carnaval daqui é um dos carnavais mais políticos do Brasil. Se ainda não ouviu as marchinhas desse ano, ouça”, aconselha a foliã Juliana Flores, de 27 anos. O sambista Dudu Nicácio, membro do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Cidade Jardim, aponta dois motivos responsáveis pelo surgimento desse cenário de renascimento. O primeiro deles é o envolvimento da atual juventude da cidade em questões relacionadas à cultura, utilização dos espaços públicos e contestação de modelos po-


Elisa Mendes

líticos arbitrários, tema recorrente nas letras das marchinhas que buscam minimizar a aridez da cidade. O segundo motivo está ligado ao amadurecimento da cena de samba na cidade. Hoje temos concursos para reconhecimento dos melhores compositores e os músicos transitam entre blocos de rua, escolas de samba e tocam em casas de shows no resto do ano. Esse acúmulo de uma tradição de sambistas locais é uma peça-chave para inspirar novas manifestações artísticas e, futuramente, até mesmo consolidar uma velha-guarda carnavalesca. “Tudo isso acaba criando um contexto bem favorável para nossa folia desaguar em um Carnaval cada vez mais acessível e alegre”, garante. OS NOVOS FOLIÕES

Caseiro, familiar e informal, o Carnaval de rua de BH vem conquistando cada vez mais moradores da capital mineira. Priscila Santos, de 23, por exemplo, só conheceu e começou a participar dos bloquinhos de rua no ano passado. “Como muita gente da minha idade, costumava passar o feriado em Ouro Preto. Mas o clima de tumulto e pegação dessas micaretas malucas das cidades históricas já não me atrai mais”, conta.

Alexandre Guzanshe

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Veja a programação completa dos blocos de rua de BH no bit.ly/carnavalBH2013


fotos: Paulo Henrique Oliveira

“Acompanho os movimentos culturais aqui da cidade e nos últimos meses participei de um monte de manifestações bacanas, como os três anos da Praia da Estação, o Duelo de MCs, o escorrega na Praça do Papa e o Primeiro Mundialito de Rolimã do Abacate. Gosto da ideia de ocupar esses espaços e acho extremamente importante que isso aconteça para o povo desfrutar dos prazeres de se viver aqui”, explica. Para reafirmar que os belo-horizontinos estão cada vez mais apaixonados pelo Carnaval de rua, a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) assegura que a procura pelos blocos de rua locais tem aumentado a cada ano. Em 2011, eram cerca de 20 grupos cadastrados. No ano passado, esse número duplicou e, agora, a expectativa é que mais de 70 blocos desfilem pelas ruas e avenidas da cidade antes, durante e depois do Carnaval de 2013. MAIS APOIO PARA O FUTURO

Para o presidente da Belotur, Mauro Werkema, a prefeitura tem missão de ofere36

cer segurança e promover conforto tanto para a população que não quer se envolver com a folia, quanto para aqueles que querem se divertir pulando de bloco em bloco. “Ainda não temos condições de ter uma festa como o Rio ou São Paulo, mas essa novidade dos blocos de rua pode ser o verdadeiro futuro do Carnaval em BH, já que eles brotam da espontaneidade do povo e cobrem toda malha urbana”, revela. “Desde o ano passado estamos atendendo a solicitação dos blocos com apoio logístico, liberação de banheiros químicos e limpeza. É importante esclarecer que não é a Belotur quem faz as liberações. Atuamos como intermediários entre as manifestações culturais e os órgãos competentes, as Regionais, Polícia Militar e BHTrans”, completa Gelton Pinto Coelho, diretor de desenvolvimento e novos negócios. “Os bloquinhos de rua representam o maior diferencial carnavalesco de Belo Horizonte em relação a outras cidades. Queremos que eles continuem crescendo de forma sustentável nos próximos anos, mas, para isso, precisamos realizar uma caminhada conjunta. Visando uma festa cada vez mais segura e tranquila”, avalia Gelton. Do ponto de vista de quem anima os foliões, o músico do Bloco Alcova Libertina, Marcos Sarieddine concorda que o crescimento dos blocos é um desafio tanto para os próprios blocos quanto para a prefeitura, mas ele defende que administração pública tem se mobilizar mais para incentivar


e potencializar a folia na rua, não só minimizar seu impacto na vizinhança. “BH é uma cidade estreita, de poucos espaços abertos que realmente facilitem o ir e vir das pessoas. Acredito que temos um público que está mais a fim de brincar do que desrespeitar a cidade. Já estive nos carnavais de Olinda e é uma festa muito popular e cheia. Ela é maravilhosa graças a ingredientes que não podem ser copiados, mas que poderiam indicar caminhos para o nosso Carnaval. Lá o poder público está muito atento a essa questão e participa ativamente para que os blocos se mantenham independentes”, sugere Marcos. APROVEITANDO A FESTA

Para garantir a diversão do início ao fim, é bom estar preparado para vários tipos de situações. O folião Fidélis Alcântara, de 37, aconselha: “Se for beber, é bom planejar antes. Em muitos pontos ainda falta cerveja e água. Também é bom preparar fantasias a prova de chuva e levar algum protetor solar”. Membro do Toca Raul Agremiação Psicodélica, Fidélis conta que seu bloco surgiu em 2011, quando ele e um grupo de amigos que já acompanhavam o Carnaval de rua em BH sentiram falta das bebidas. “Pelos trajetos havia poucos bares abertos, que não davam conta do movimento, e a fiscalização até hoje impede ambulantes

“BH é uma cidade estreita, de poucos espaços abertos que realmente facilitem o ir e vir das pessoas. Acredito que temos um público que está mais a fim de brincar do que desrespeitar a cidade”, diz Marcos Sarieddine, músico do Bloco Alcova Libertina

de vender qualquer coisa. Então, compramos um carrinho de supermercado para levar nossas bebidas, fizemos camisetas e um estandarte, estava pronto o bloco! Criamos paródias das marchinhas, como: Ei, você aí, toca Raul, toca Raul! Chegou a turma do Raul, todo mundo bebe, mas ninguém toca Raul, toca Raul! Olha a cabeleira do Raul! Toca Raul! Toca Raul”, lembra. “Ano passado apresentamos nossa primeira alegoria, uma mosca que vai sobrevoando e pousando na sopa dos outros blocos. Esse ano terá mais algumas surpresas. Novas alegorias e a estreia da ‘Bateria que não bate bem’, com instrumentos convencionais e alternativos”, comemora. 37


PERFIL

Tempestade bra ileira POR GUILHERME ÁVILA FOTOS CARLOS HAUCK

Maior promessa do surfe nacional, Gabriel Medina quer se consagrar como o primeiro atleta brasileiro a conseguir o título mundial

ELE COMEÇOU A SURFAR CEDO e venceu seu primeiro campeonato nacional aos 11 anos. A partir daí, conquistou diversas competições amadoras, foi tricampeão do Paulista Profissional e, aos 15, chamou atenção por ser o atleta mais novo a vencer um WQS (uma etapa de acesso ao circuito mundial) promovido pela Associação de Surfistas Profissionais (ASP). Dois anos depois, Gabriel Medina também se consagrou como o brasileiro mais jovem a ingressar no time de elite. Habilidoso e determinado, ele terminou 2012 em sétimo lugar do ranking mundial, sendo comparado com o mito Kelly Slater, considerado por muitos o maior surfista de todos os tempos.

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Famoso por suas manobras aéreas, o surfista de 19 anos tem motivos de sobra para ser considerado o mais talentoso atleta da história do surfe no Brasil. Ao lado de outros nomes promissores, ele é protagonista de uma verdadeira revolução verde-e-amarela no circuito mundial profissional atual, apelidada pelos gringos de Brazilian Storm. Pouco antes de recomeçar seus treinos para encarar a primeira temporada deste ano na Austrália, ele conversou com a Ragga sobre sua trajetória promissora e a briga pelo título, ainda inédito para nosso país.


Você é considerado o melhor competidor de sua geração e possivelmente é aquele que hoje tem mais chances de conseguir o tão sonhado título mundial para o Brasil. Como você lida com isso? As expectativas dos outros atrapalham VOCÊ? É UMA RESPONSABILIDADE GRANDE, NÉ?

Mas não acho que isso chega a ser uma pressão, só me motiva. Quero dar esse orgulho para o Brasil e para mim mesmo. Sempre tento levar isso para um lado positivo, que ajude e me dê força para chegar lá. Isso é bom. Gosto das críticas também, porque dá vontade de mostrar para as pessoas do que sou capaz. É assim que venho evoluindo, ouvindo as opiniões e sentindo a força da galera. Essa responsabilidade grande vem de tudo disso. 39


Você acredita que esse bom desempenho no mar é uma vocação natural ou foi uma aptidão que desenvolveu com o tempo? ACHO QUE É UM TALENTO SIM. Acredito que Deus me escolheu e falou: esse daí vai ser surfista! Penso muito nisso e sempre rezo antes de entrar no mar. Gostava muito de futebol quando era moleque, porque sempre jogava com meus amigos. Um deles que me apresentou ao surfe, mas foi mais por diversão, daí eu voltava para o futebol. Esse cara não acredita até hoje que foi ele quem me introduziu. Sinto-me muito grato por isso e ele me disse que fica orgulhoso de me ver na TV ou na internet. A gente ainda mantém contato. Só depois, quando tinha de 8 para 9 anos, minha mãe conheceu o Charles, meu padrasto, que surfava e aí comecei a frequentar mais a praia. Foi ele quem me deu a minha primeira prancha e desde então me apaixonei pelo surfe. No início não tinha nenhum ídolo. Só depois que peguei o gosto, comecei a procurar em revistas, na internet e na TV. Desde então, admiro o trabalho do Kelly Slater, porque ele sempre foi o grande destaque. Assistia muito o Fábio Gouveia e o Neco Padaratz, que eram grandes surfistas dessa época. Quando era pequenininho, também assisti campeonatos do Mineirinho (Adriano de Souza) aqui em Maresias. Acho isso muito engraçado, porque hoje a gente tá convivendo direto no World Tour.

Você ainda consegue pegar onda com a mesma galera que surfava com você antes? ALÉM DO CAUÊ, que me apresentou para o surfe, tem o Jonathan, o Jefferson Paiva e mais uma da galera daqui de São Sebastião e Maresias. Também tem o Miguel Pupo, que mora aqui perto, a gente vive junto. E o Thiago Camarão, que é de Juqueí. São poucos os amigos com quem convivo. O assédio é maior quando estou fora. A galera não está acostumada comigo.

manobras, campeonatos, do Kelly, de todo mundo. É legal e também é um dever muito grande. Tenho que passar uma imagem boa, porque eles estão ligados em tudo hoje em dia. Tá tudo no Facebook, Twitter e Instagram. Então sempre estou postando coisas que a galera gosta e com isso ensino o que é bom para eles. Tomo cuidado para ser uma referência legal.

Neymar participou do seu último aniversário, no Guarujá. Ele também é seu amigo?

Com quantos anos você sentiu que dava para viver só de surfe profissional e o que você acha que fez de diferente para se destacar?

Ele parece ser uma pessoa legal, mas foi só uma tarde que conversei com ele. Quando nos comparam, só tenho a agradecer. O Neymar chegou destruindo, tem representado o Brasil superbem e não está aí para brincadeira.

ACHO QUE COM UNS 15 ANOS, quando comecei a ganhar campeonatos e comecei a gostar de vencer. Meu primeiro grande campeonato foi em Búzios (RJ), um Rip Curl Grom Search que rolou lá. Fiquei superfeliz de ganhar, lembro bem da sensação. Comecei a ganhar mais e a me destacar mais quando conheci essas manobras aéreas iradas que eu faço. Foi daí que comecei a praticar e arriscar mais no surfe. Hoje todo mundo me vê como o melhor aerolista do surfe. É difícil eu cair das manobras, mas é porque treinei bastante e a cada ano que passa vai ficando mais fácil. O aéreo é o que leva a pontuação mais alta. Gosto de arriscar, de fazer manobras novas. Gosto de impressionar a galera que assiste.

AH, ACABEI DE CONHECER.

Como é virar um ídolo para essa nova geração do surfe nacional?

Sempre que vou a algum restaurante tem uma molecada que vem falar comigo, para saber de

É OUTRA RESPONSABILIDADE.

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Já teve problemas com as condições do mar alguma vez? ANO PASSADO CAÍ EM FIJI, num mar gigante, que foi maior

susto que tomei até hoje. Entrei no mar, e vi uma galera na água, todo mundo com uma prancha enorme. E a única prancha que eu tinha era uma seis e quatro, que era uma prancha média para aquele dia. Não ia dar, né? Pulei na água e fique esperando uma onda mais baixa. Quando vi todo mundo surfando para o outside, veio a bomba. Não estava esperando. A onda era muito grande e estourou na minha cabeça. Tive que mergulhar. Estourou meu leash (aquela cordinha que prende o surfista a sua prancha) e fiquei um tempo debaixo d’água. Dava algumas braçadas, mas não chegava. São coisas de segundos, mas pareceram horas ali em baixo. Cheguei ao limite do meu fôlego e já estava vindo outra onda. Mal dava tempo de respirar e, de novo, para baixo d’água. Assim, às vezes o surfista pode bater no coral e se machuca

“Gosto de críticas, porque dão vontade de mostrar para as pessoas do que sou capaz”

mais. Mas dessa vez era muito fundo e foi o maior susto. A onda mesmo parece uma máquina de levar roupa, fica ali rodando. Graças a Deus, estou vivo e foi só um susto. Nos últimos anos você ganhou mais campeonatos lá fora. Rola um reconhecimento muito maior no exterior do que aqui, no Brasil. Como consegue explicar isso? É COMPLICADO. Minha carreira foi muito parecida com a do skatista Bob Burnquist, que teve que ganhar lá fora para ser reconhecido aqui. Acho isso normal do brasileiro. Não acreditamos tanto no nosso potencial, sabe? Espero que esse ponto de vista melhore com o tempo e que a gente possa acreditar que eles não são tão melhores que nós. Para mim, todo mundo é igual, mas acho o Brasil melhor e gostaria que o brasileiro pensasse assim e não se colocasse mais em segunda opção. A maioria dos brasileiros ainda acha que os Estados Unidos estão sempre em primeiro e a gente em segundo.

Os gringos se incomodam muito com essa nova geração de surfistas brasileiros que estão chegando e conquistando todos os prêmios, fazendo-os perder em casa?

Ainda mais nos Estados Unidos, que tem o Kelly.

SIM, COM CERTEZA.


divulgação

Pois é, ele já foi 11 vezes campeão do mundo e também chegou ao circuito mundial bem jovem. Slater levou seu primeiro mundial para casa com 20 anos. Hoje ele tem 40 e você ainda busca o seu primeiro título, mas já o derrotou mais de uma vez em disputas homem a homem. O que você tem a dizer sobre ele agora? KELLY SLATER É UMA LENDA PARA O

Acho que vai ser difícil bater esse cara, acho difícil ser tantas vezes campeão mundial. Ele já está na história. É uma inspiração para todo mundo do surfe, é um ídolo. Até quem não entende muito desse esporte sabe quem ele é e o que ele fez. Então ele ainda é um cara para olhar e se inspirar.

SURFE.

“A gente chegou como se fosse uma tempestade brasileira mesmo, ganhando os campeonatos e esse nome [Brazilian Storm] ficou”

Sua lista de conquistas já é grande, atualmente soma mais de 20 títulos. Qual foi seu melhor momento desde que se profissionalizou? ACHO QUE 2011 FOI O ANO em que tudo mudou na minha vida. Consegui a classificação para o Tour mundial. Realmente não esperava. Quando ganhei a etapa de Imbituba (SC), que foi o melhor campeonato da minha vida, minha família toda estava lá. Todo mundo chorando. Fiquei feliz quando vi que estava indo para o Tour e, ao mesmo tempo, em choque. Não estava esperando mesmo. Não tenho medo, mas sou muito ansioso. O começo do ano passado, meu primeiro ano inteiro no World Championship Tour (WCT), foi difícil porque cheguei a ganhar muitas coisas em 2011. Ganhei duas etapas, campeão Prime em Lower Trestles (EUA) e vice-campeão do ASP One World Ranking em Fiji, na Oceania. Mas tem gente que tem 36 anos e nunca ganhou uma etapa do Tour, são batalhas muito difíceis de ganhar e quanto mais você ganha, mais as pessoas vão odiando você. Mas é normal. O próprio Kelly, acho que é o mais odiado. Faz parte do esporte e do mundo competitivo que a gente vive.

Ser tão novo atrapalha ou ajuda? Que tipo de conflitos você enfrenta? TODA ESSA NOVA GERAÇÃO vem com mais vontade de ir lá e mostrar que você pode vencer também. Os mais velhos acabam caindo porque eles já estão acostumados com competições, viagens e acabam não dando tanta moral para quem é mais novo. 42

Quando entrei no Tour era assim: cumprimentava a galera e eles passavam por mim, marrentos. Ninguém me conhecia ainda, era só mais um ali. Mas depois que comecei a ganhar as etapas, comecei a ganhar respeito. Agora todo mundo me cumprimenta. Falando em nova geração, como você definiria essa “tempestade brasileira” nos campeonatos internacionais atualmente? Você gosta do apelido Brazilian Storm? A GENTE CHEGOU como se fosse uma tem-

pestade brasileira mesmo, ganhando os campeonatos e esse nome ficou. Gosto do apelido Brazilian Storm, é legal. É um time formado por mim, Adriano de Souza, Miguel Pupo, Thiago Camarão, Alejo Muniz, Filipe Toledo e Jadson André. Sou o mais novo, o resto da galera tem entre 20 e 22 anos. Os gringos nos batizaram, acho que no ano retrasado, por termos ganhado várias etapas do circuito mundial. Ganhei duas etapas do WCT, o Adriano ganhou duas também. O Miguel ganhou alguns WQS... Eles até fizeram um vídeo superlegal que tem todo mundo ganhando os campeonatos, dá até arrepio.


E agora, quais são seus planos para 2013? Alguns comentaristas apontam uma tendência de desempenho crescente para os esportistas que terminaram o ano bem. O que você irá fazer para manter o ritmo? ESPERO QUE MANTENHA ESSE GRÁFICO,

subindo até atingir o topo. Realmente é bom terminar o ano bem. Poderia ter ido melhor nas três primeiras etapas de 2012 e terminado mais na frente, mas deu tudo certo depois. Concentrei de novo, peguei vários resultados bons. Espero que esse seja o ano! Quero lutar pelo título mundial, o tão sonhado título mundial. Vou treinar bastante para dar orgulho para todos nós. O apoio e o envolvimento de toda sua família sempre foi sua marca. Eles irão acompanhar você nos treinos e durante as várias viagens do WCT 2013. Como a presença deles serve como incentivo para ganhar?

Se não fosse eles não estaria onde estou. Para mim, Deus está em primeiro, eles em segundo e o resto em terceiro. Eles me seguram um pouco, ainda mais nessa primeira etapa que rola agora na Austrália. São cidades legais, com muitas minas bonitas e preciso estar focado no campeonato. Acho que eles vão me ajudar muito e vou conseguir me concentrar mais na competição. Isso é bom.

MINHA FAMÍLIA É TUDO.

Como é ter seu pai como técnico [o padrasto de Gabriel é também seu treinador]? NO COMEÇO FOI BEM DIFÍCIL separar o téc-

nico do pai. Como pai, a gente discute e fala sobre tudo, mas, como treinador, tinha que aprender a obedecer. Eu misturava as coisas e não queria treinar tanto, por preguiça. Mas aprendi a conviver com isso e hoje o respeito. Quando a gente entra para treinar na academia, ele é meu técnico, daí tenho que obedecer e fazer as coisas. Saiu dali, é meu pai. A gente pode discutir por causa de qualquer coisa, de viagem, de meninas, de balada... Ele ainda me dá conselhos e dicas do que fazer. Mas antes era complicado para conciliar. Hoje o Charles é meu melhor amigo. Todo lugar que estou ele tá junto, e qualquer perrengue que estiver ele vai estar também!

Você nasceu em São Paulo capital, mas vive desde pequeno aqui, em Maresias. O que esse lugar representa de especial para você?

tenho tudo aqui: minha casa, meus amigos, minha onda favorita, a nossa loja. Já pensei em mudar, mas não consigo largar daqui. Minha família também estava pensando em morar fora do país, tentar uma vida lá. Mas a gente ainda está pensando. Mesmo se algum dia acontecer de me

SEMPRE MOREI AQUI,

mudar, com certeza vou voltar. Aqui vai ser sempre meu lar. É um lugar com o qual sempre vou estar conectado. Como você se imagina daqui a alguns anos?

mundial logo. Espero ser cinco vezes campeão mundial nos próximos cinco anos. Quero dar uma casa para minha mãe, quero que a vida da minha família fique mais tranquila. Quero ter minha casa. Filhos ainda não.

AH, TEM QUE ROLAR O TÍTULO DE CAMPEÃO

E quando você chegar à idade do Kelly Slater? SE TIVESSE A IDADE DO KELLY? Se fosse ele iria me aposentar! Se estiver ainda no Circuito daqui a alguns anos, ainda vou estar viajando e competindo, serei mais experiente e acho que serei um cara mais sério. Normalmente a galera fica séria quando fica mais velha. Quero ser muitas vezes campeão mundial, mas agora estou pensando só no primeiro.

Mas você teria medo de algum novato chegar aí e tomar seu lugar? SEMPRE VAI APARECER ALGUÉM ASSIM.

O esporte tá evoluindo bastante, não só no surfe, como no skate, MBX, motocross, futebol... Sempre vai aparecer algum atleta novo para incomodar. Isso é normal do esporte.

“Sempre vai apareceR algum atleta novo para incomodar. Isso é normal do esporte” Orgulho da família: Gabriel entre os irmãos mais novos, Felipe e Sophia, a mãe Simone Medina e seu padrasto Charles Saldanha


ENSAIO

Quando os dias de velocidade, aventuras e vento no guidom acabam para a magrela FOTOS BRUNO SENNA



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O

ON THE ROAD Meia noite em Manhattan Sonhos exóticos de uma madrugada de outono

Do outro lado da ponte, o que importa. Brooklyn

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PRIMEIRA NOITE EM NOVA YORK, outono do ano em que o mundo acaba. O que está acontecendo? Doze estações do metrô para baixo e o barulho da maquinaria, das portas, das conversas arrastadas entre as luzes frias que piscam em plataformas abarrotadas de gente estranha – sacolas de compras coloridas, celulares esticados na ponta dos dedos, compromissos e esperas, atrasos e despedidas, encontros apaixonados, calorosos, às duas horas da madrugada, na cidade que não sente preguiça, não boceja, não lamenta, não aguarda, não para. Descemos no Soho — porque a Samantha, esta americana de Michigan que nos encara no fundo dos olhos em qualquer oportunidade, nos convidou para uma sessão de cinema. O cinema, uma livraria de sete prateleiras, já está toda ocupada com uma gama de hipsters diversos, que se dividem entre barbas longas e cabelos curtos, para assis-

TEXTO E FOTOS BERNARDO BIAGIONI

tir a este documentário sobre a ocupação política-cultural de Detroit — uma cidade arrasada pela indústria de automóveis dos anos 1950, e que hoje vê seus antigos galpões e campos sendo reaproveitados por jovens proativos, que plantam, que fazem música, produzem cultura e dão novo significado às coisas. Não demora uma hora e estamos de volta ao escuro e frio do Soho, caminhando sentido Uptown, até dar em alguma ruela estreita, e aí em outra ruela estreita, que nos leva até a Broadway cheia e encantada. Samantha indica que chegamos — de novo — e começamos a subir uma escada calçada em assoalho antigo. É o lançamento da


Lindsay Lohan, pintura milionária de Richard Phillips, no Chelsea

coleção de joias de um casal excêntrico — ou algo do tipo — e estão aqui americanos aparentemente ricos e bem-vestidos, bebericando copos de champanhe e discutindo o rumo do design, da arquitetura, do consumo e da relação das artes plásticas com a moda contemporânea. Uma mulher se destaca entre o grupo de convidados desta cerimônia — andando entre joias e caixas de fósforos customizadas que chegam a custar R$ 10 mil. Loira, de olhos claros e batom vermelho, consegue ser furtiva e amigável ao mesmo tempo. De alguma maneira, tudo gira em torno de seu semblante jovial e despreocupado. Resolvo sentar para descansar da caminhada — e no criado ao lado do sofá, em uma revista de design respeitável, encontro o rosto da mesma mulher. Nova York não faz sentido — e, quem procura encontrar alguma coisa, acaba dormindo em algum lugar estranho, com pessoas que nunca viu e que, possivelmente, nunca verá novamente. Tenho a sensação de que não vou conhecer a cidade direito nas próximas duas semanas. Samantha me conforta: “Estou aqui há dois anos, e ainda não conheci nada”. Brooklyn, sim, faz algum sentido. Esta reunião inconsciente de nacionalidades, crenças e costumes mundiais em uma mesma região, para viver e interagir. É compreensível que nasça do outro lado da ponte de Manhattan a maior parte das bandas estranhas que já dominaram o universo de baladas coloridas. Tipo MGMT, The Drums e Yeasayer. Fugiram-me outros nomes. Mas quase tudo que importa, na costa leste dos Estados Unidos, vem do Brooklyn. Ou do Chelsea. Chelsea é o último bairro da moda de Nova York. Isso por conta de uma revitalização intensa e constante que vem acontecendo na região nos últimos anos. O bairro, que antes era ocupado por imensos galpões-frigoríficos, gangues, tráfico e prostituição, hoje é ocupado por imensos galpões-galerias-de-arte, baladas extremamente alternativas (que abrem uma vez por ano), lojas de estilistas famosos, hotéis de luxo e construções suntuosas de arquitetura contemporânea. Uma noite andando por essas ruas e você já pode queimar sua passagem para a Disney. O dia vai nascendo e, não fosse pelos raios do astro Sol, ninguém perceberia. Tão logo a cidade acorda, começamos a caminhar sem pressa pela High Line, uma antiga linha férrea, hoje parque, que corta todo o Chelsea em uma elevação de quinze metros. No caminho encontramos Frank Gehry, Richard Phillips e uma pintu-

São centenas os caminhos, os destinos, os possíveis desatinos e as desventuras afortunadas que serpenteiam ruas sempre lotadas, sempre iluminadas ra de Lindsay Lohan. No caminho, encontramos cadeiras de praia, mesas para piquenique, cafés sem fila e salas de reunião ao ar livre. Nova York não sufoca, não machuca, não mata — desde que você vá embora antes. São centenas os caminhos, os destinos, os possíveis desatinos e as desventuras afortunadas que serpenteiam ruas sempre lotadas, sempre iluminadas. É uma máquina indolente que acaricia seus anseios, alimenta seus desejos e acalenta seus instintos. Inspira mudanças, inspira transformações mundanas. Viver aqui parece um sonho. O difícil é acordar — e ter que pagar a conta. 49


G

RAGGA GIRL MODELO Amanda Prímola FOTOS Carlos Hauck

Summer Baby AMANDA PRÍMOLA É MODELO, tem 18 anos e divide com a gente um pouco dos seus sonho e desejos para o futuro. A nossa Ragga Girl dessa edição, apesar da idade, sabe muito bem o quer: “Cursar Gestão Pública, alguém tem que dar um jeito nessa política”. Com gostos tanto exóticos, Amanda tem como passatempo preferido os jogos de lógica. “Adoro jogos que tenham números, com alto grau de dificuldade. Gosto muito de matemática.” No ensaio, ela mostra um pouco do seu lado travesso, tornando o verão muito mais divertido.





MAKE JÚLIA ASTIGARRAGA STYLIST LÚ GONÇALVES E THAIS BRAIT MAKING OF LEO LIMA (TAPEME.NET) MARCAS PARCEIRAS CILA, ROXY/QUIKSILVER E RIP CURL

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Ac A d e m i A A b e r tA 363 diAs por Ano ciaathletica.com.br


L

LIVRARADA #ditadura

COLUNA POR BRUNO MATEUS FOTO bruno senna

Seu amigo esteve aqui

imagens: divulgação

Cristina Chacel (Editora Zahar)

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EM SEU PRIMEIRO DISCURSO como candidata à presidência da República, em fevereiro de 2010, Dilma Rousseff fez questão de lembrar seus companheiros de luta pela instauração da democracia durante o regime militar: “Não posso deixar de ter uma lembrança especial para aqueles que não mais estão conosco. Para aqueles que caíram pelos nossos ideais. Carlos Alberto Soares de Freitas, Beto, você ia adorar estar aqui”. Dois anos depois, e com Dilma eleita presidente, Beto, ou Breno, codinome assumido como militante, ganha um registro que o resgata as páginas nubladas e malcontadas da história. Seu amigo esteve aqui é uma reportagem cuidadosa, no tom certo, extremamente bem escrita, que emociona e dá contorno a um importante personagem da esquerda brasileira. O livro é a história de Beto e Breno, contada a partir das memórias de amigos e com-

panheiros. Assim, ao falar da trajetória do belo-horizontino Beto, a autora, com a ajuda de três parceiros no livro, acaba por traçar um desenho da capital mineira nas décadas de 1950 e 1960, da atmosfera política e cultural daqueles dias turbulentos. Os depoimentos, entre eles o de Dilma, a quem Beto influenciou fortemente, reconstituem a infância do filho mais moço de Jayme e Alice, a adolescência e a atuação na política estudantil. As lembranças revelam um jovem de espírito revolucionário, que dava aulas de marxismo para marceneiros e liderava estudantes na UFMG, mas também mostram um homem charmoso, de boa prosa, naturalmente elegante, apaixonado por música, cinema e literatura, que acabou preso em fevereiro de 1971 e executado, aos 31 anos, com um tiro na nuca na Casa da Morte, aparelho repressivo em Petrópolis usado pelos militares para torturar e matar. Seu amigo esteve aqui é mais do que uma homenagem a Beto, é um tributo a todos que tiveram vidas e sonhos interrompidos pelas barbáries da Ditadura e aos que sobreviveram para ajudar a contar a história.

Olho por olho: os arquivos secretos da ditadura Lucas Figueiredo (Editora Record)

Mata!: o major Curió e as guerrilhas no Araguaia Leonencio Nossa (Companhia das Letras)

A guerra entre os defensores e os opositores da Ditadura não terminou em 1985, quando se abriu o processo de redemocratização no Brasil. Nas duas décadas seguintes, a batalha continuou de forma silenciosa. Em 2007, o premiado jornalista Lucas Figueiredo conseguiu uma das 15 cópias secretas do nunca publicado Orvil, livro no qual o Exército dá sua versão dos fatos e apresenta uma resposta ao Brasil: nunca mais, livro-denúncia publicado em 1985 sobre as violações aos direitos humanos cometidas pelas Forças Armadas no período ditatorial. Relato revelador, Olho por olho revela um embate entre dois grupos atraídos pelas diferenças.

Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, foi uma das principais figuras da repressão aos opositores do regime militar. Mata! é o resultado de mais 10 anos de pesquisa em arquivos públicos e particulares, além de acesso exclusivo ao acervo pessoal de Curió. O livro, que ao mesmo tempo é uma preciosa reportagem e um importante documento sobre o passado recente do Brasil, também apresenta entrevistas e depoimentos de quem presenciou aquele momento histórico. Ao traçar um perfil biográfico de Curió, o autor revela detalhes de torturas e assassinatos cometidos pelos militares no desbaratamento às guerrilhas na região do Araguaia.


Expedição Cultural Estado de Minas Uma viagem pelas artes cênicas do Brasil

Os internautas escolheram os 10 grupos para receberem a visita da expedição, que revelou os bastidores do universo teatral no país. Eles também enviaram suas frases para concorrer ao Passaporte Cultural Personalizado. Você vai conferir o resultado desta edição do concurso na revista Expedição Cultural que será lançada em breve. Acompanhe os detalhes desta grande viagem pelo site www.expedicaocultural.com.br.

PATROCÍNIO:


PRATA DA CASA Frito Na Hora Formada por 14 músicos, banda mineira trabalha o som improvisado na percussão

COLUNA POR LUCAS BUZATTI

dvulgação

Espetáculo do projeto Monte seu prato, em 2012

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“A LÍNGUA DO TAMBOR engordurado toca portunhol”. O verso de Babulina’s Trip, do Graveola e O Lixo Polifônico, faz referência direta ao Frito Na Hora (FNH), grupo que tem no improviso a matéria-prima de seu processo criativo. A orquestra percussiva é formada por 13 instrumentistas, orientados e instigados pela argentina Milagros Vazquez, regente que utiliza um curioso sistema de sinais, misturado com recursos cênicos, para comandar o som. “É como uma língua mesmo. Para se comunicar lá na hora, quando a música vai surgindo”, explica. Natural de Buenos Aires, Milagros saiu de casa “para se descobrir” e veio parar em Belo Horizonte, em 2001. “Quando cheguei, me falaram de um ‘trem de maracatu’ e conheci o [Espaço Cultural] Gonguê”, conta a regente, que estudou Cinema em sua terra natal. Na antiga sede do grupo Trampolim e do Trovão das Minas, ela se envolveu com o batuque e o trabalho de clown. A partir daí, os caminhos se cruzaram naturalmente, e Milagros estudou com grandes nomes da percussão, como Mestre Walter, Naná Vasconcellos, Uakti e Daniela Ramos. “Uai, quando seu lugar está aí, ele vai aparecendo”, filosofa em mineirês. Tudo mudou, porém, quando a argentina assistiu ao show dos conterrâneos da

banda La Bomba de Tiempo. A improvisação e o sistema de sinais que marcam o grupo a conquistaram no ato — e inspiraram a criação do FNH, em 2009. “O improviso mata de tesão! Você sobe lá, na hora, junto com todo mundo. Tem aquele pavor do erro, mas aí você descobre que é o mais delicioso de tudo. Humaniza o trabalho, o público torce, vibra, acompanha junto. O erro, na verdade, é quando você foge da expectativa. E isso não precisa ser ruim”, se empolga. Além da numerosa formação, o Frito Na Hora coleciona participações de músicos e artistas da efervescente cena independente mineira. Essa tendência deu cria ao Monte Seu Prato, projeto que resultou em três shows, em 2012, com três participações em cada. O “cardápio” - dividido em “entrada”, “prato principal” e “sobremesa” - foi definido por votação popular, na internet. Sobre a colaboração mútua, que hoje marca a produção cultural da cidade, Milagros sintetiza, mais uma vez com Graveola: “‘Amabilidade pelo mundo. Pra todo mundo reouvir. Pra todo mundo refazer’. Essa música resolve a questão”. Atualmente, o FNH passeia pelo audiovisual, com o primeiro DVD e o projeto TransPassante — para a nova empreitada, cinco videomakers foram convidados a registrar a construção criativa do grupo, em cinco diferentes espetáculos que acontecerão em 2013. E as novidades não param. “Vamos abrir um espaço cultural, que vai misturar as artes interpretativas. Um lugar para estudar e ensinar o improviso. Teremos várias oficinas, de sinais, de rimas, de brincadeiras”, finaliza Milagros, às gargalhadas, com um sonoro: “Você entendeu tudo, velho?”.


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CRÔNICO Livre como um escravo

CRÔNICA

POR JOÃO PAULO ILUSTRAÇÃO FELIPE ÁVILA

João Paulo trabalha muito, mas não vende a alma.

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Parece que está de volta alguns dos piores pesadelos humanos, entre eles a sensação de que o trabalho não dignifica, que os empregos são voláteis e que as pessoas são descartáveis

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PODE PARECER COINCIDÊNCIA, mas dois dos filmes mais

falados no momento tratam da escravidão: Django livre, de Tarantino, e Lincoln, de Spielberg. Geralmente Hollywood envia para o mundo, ainda que muitas vezes sem perceber, sinais de uma psicanálise selvagem, uma tentativa de compreender o que anda nos atormentando. Nessa hora, os filmes cumprem uma dupla função, nos obrigam a pensar e nos anestesiam com espetáculos de alegria, ação ou tristeza. É entre a consciência e a alienação que o cinema se realiza. Tarantino, como sempre, pega pesado. Para ele, a escravidão é uma espécie de Holocausto antes da hora, uma exibição do pior do que o homem é capaz em favor de uma visão de mundo elitista e desigual. Para mostrar sua raiva, ele inunda a tela de sangue e violência, mas como quem diz: ao vivo era muito pior. Django livre mistura as referências do faroeste com a política, a revolta individual com a necessidade de juntar forças para mudar o mundo. No filme anterior, Bastardos inglórios, o diretor chega a propor que o cinema é capaz de mudar o fim da história. Com seu filme sobre a escravidão, a crença permanece. Em meio a um humor cruel e uma história de vingança pessoal, o espectador sai com raiva do cinema. Nada mais funcional do que a raiva em contextos de opressão. Já Spielberg, com seu Lincoln, vai na outra ponta da humanidade: o equilíbrio. Tudo que é disfunção, exagero, barroquismo e dionisíaco em Django se torna ordem, elegância, contenção e apolíneo em uma narrativa sobre o presidente. Aqui, a escravidão é fruto de relações políticas, sociais e econômicas. Há um ordenamento no mundo que exige que pessoas sejam massacradas para afirmar valores que não são delas. Acabar com a escravidão, por isso mesmo, precisa ser obra de civilização, arte da política, vitória dos argumentos. O filme não é uma biografia de Lincoln, mas uma espécie de momento decisivo, aquele instante em que toda uma vida se define. Em meio à guerra que dividia o país, o presidente decide enfrentar uma batalha

no Congresso para aprovar a emenda que extingue a escravidão. Tem contra ele muitos inimigos, desde os que acreditam que a economia sucumbirá sem a mão de obra escrava, até os que defendem que primeiro é preciso acabar com a guerra. O que Lincoln, o filme, faz é mostrar como um homem, com a força de sua estrutura moral, pode vencer adversários poderosos, tendo como instrumento apenas a palavra. Lincoln, o presidente, era homem habilidoso, inteligente, dono de uma retórica viva, capaz de convencer por histórias singelas. Com essas armas e uma vida pessoal em frangalhos, realiza um destino que é ao mesmo tempo heroico e trágico. O filme de Spielberg tem muitas palavras e conversas, geralmente em ambientes domésticos e sombrios, tem ainda um realismo político no limite da ética, mas é, sobretudo, uma narrativa de elipses, silêncios, sombras. Por que o cinema americano está preocupado com a escravidão é a pergunta que junta as duas produções. O mundo, hoje, vive uma encruzilhada entre crescimento econômico e pobreza, desenvolvimento e desemprego, financeirização alucinante e miséria real, concentração de renda e exclusão, direitos humanos e revoltas fratricidas. Esse abismo parece que trouxe de volta alguns dos piores pesadelos humanos, entre eles a sensação de que o trabalho não dignifica, que os empregos são voláteis e que as pessoas são descartáveis. A escravidão ronda o planeta e o medo já tomou conta do orgulhoso coração do sistema. A Europa e os EUA estão tristes. Escravo é o homem que perdeu tudo, menos a capacidade de servir ao outro. O que Django e Lincoln mostram é que os homens não aceitam essa definição e são capazes de morrer para mudar o mundo que a torna possível. Aquela escravidão já foi abolida. Agora parece que desejam instituir nova forma de servidão, tirando das pessoas o senso de revolta, como quem diz: comporte-se bem e siga as regras, mesmo que seu irmão seja considerado um rebotalho, você vai se safar. Quem pensa assim vai se dar mal. Pode começar como uma grande articulação política, como fez Lincoln, mas vai terminar num banho de sangue, como alerta Tarantino.


Quem disse que as grávidas não podem se divertir durante a gestação? Aquela história de ficar em casa o tempo todo é coisa do passado. A não ser que haja alguma recomendação médica expressa para o repouso, claro! Caso contrário, não há nada de mal sair um pouco para se distrair. Até o oitavo mês de gestação, é menor a chance de imprevistos como romper a bolsa e entrar em trabalho de parto, mas isso pode acontecer. Se a sua gravidez corre bem e não tem problemas associados (hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes), faça os programas que desejar. Podem ser os tranquilos – restaurantes, bares, parques, teatro e cinema – ou mais

Para ficar bem na festa • Evite bebidas alcoólicas e cigarros. Nestes ambientes, pode ser mais complicado resistir à tentação, mas não é aconselhado fumar ou ingerir bebidas alcoólicas durante a gravidez. O álcool e o fumo prejudicam o bebê. • Não coma alimentos expostos há muito tempo ou que sejam preparados em condições de higiene suspeitas (feiras ou barraquinhas). Melhor não correr o risco de ingerir alimentos estragados ou contaminados. • Tome bastante líquido, principalmente água. Esse é um dos principais cuidados na sua alimentação. Ainda mais em ambientes onde você vai transpirar e perder mais água do que o normal.

agitados, como festas e shows. É bom aproveitar enquanto ainda não tem um bebê pequeno para cuidar! Foi o que fez a dentista Gláucia de Ávila, 32 anos, mãe de Gabriel, 7 meses. “Saí a gravidez inteira, fui para cinema, churrascos, barzinhos, bailes. Era vida normal”, comenta. “Para você ter ideia, entrei em trabalho de parto num restaurante. Tinha saído pra lanchar com umas amigas e a bolsa rompeu”, lembra Gláucia, com muito bom humor. De acordo com a pediatra Flávia Cabral, é possível sim aproveitar momentos de diversão sem riscos para mãe e bebê. Basta seguir o bom senso e ter alguns cuidados. • Não fique muito tempo de pé. Sentese de vez em quando para descansar. • Evite locais abafados, sob sol quente ou com muita aglomeração de pessoas. Você pode ter uma queda de pressão e se sentir tonta. • Fique de olho na facilidade de locomoção. As grávidas costumam ir bastante ao banheiro, portanto fique perto de um. • Se a barriga já estiver pesando, prefira calçados baixos e confortáveis. De salto alto, fica fácil perder o equilíbrio. Evite-o!

Conheça a nossa rede social! A Rede Mães de Minas é uma rede social para gestantes e mães de bebês de até 1 ano de idade. Lá, você encontra notícias e ainda pode curtir e comentar publicações, imagens de ecografias, fotos do bebê, além de participar de fóruns de discussão com grupos temáticos. A rede é parceira do programa Mães de Minas, do Governo de Minas. O programa oferece um canal de atendimento telefônico 24 horas por dia, durante todo o ano. Basta ligar 155.

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Tainá Frota/Chá das Duas

Gravidez e balada: combinação proibida?


QUADRINHOS RASOS

COLUNA

POR Eduardo Damasceno E LuĂ­s Felipe Garrocho // quadrinhosrasos.com

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