Revelação 356

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Ano XII ••• Nº 356 ••• Uberaba/MG ••• Janeiro de 2010

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba

Especial Cultura

Audiovisual

Cúpula promete movimentar 2010

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História

Museus mantêm viva a memória da cidade

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Música

Colecionador reúne mais de 50 mil obras

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Diversidade cultural enriquece vida universitária

Natureza Natureza ee arte arte no no roteiro roteiro alternativo alternativo de de Uberaba Uberaba


Praça da aventura ou do medo? Andréia Carvalho

6º período de Jornalismo

Tem dias que é difícil arrumar dinheiro para sair. E na cidade de Uberaba todo mundo que começa a namorar engorda, porque lugares para ir é só para comer. Sem dinheiro, sem carro, e com um pai bravo em casa, restam poucos, ou nenhum lugar para namorar. Demoramos muito para achar um lugar ideal e, nessas andanças, encontramos o nosso cantinho secreto. E foi difícil de achar; as mais escuras são perigosas e as mais claras, não

têm clima. Num dia desses apareceu um rapaz que descia a rua em direção à praça. Quando nos viu, mudou seu percurso e foi até nós. Ele se aproximou. Estava sujo, com aparência estranha, parecia estar chapado. Era negro e nos apresentou uma carta que ele havia saído da prisão. Meu namorado também é negro, mas a carta parecia de “alforria” e ele pretendia nos amedrontar. Até então não sabia ao certo se ele nos intimidava ou se era mesmo perigoso. Foi falando que queria era dinheiro, e o que era ob-

vio: não tínhamos ou então não estaríamos ali. Ele estava muito drogado e queria comprar mais. Dizia que tinha matado um cara e que estava armado. Mas o que mais parecia era que tinha apanhado, por causa de alguma dívida. Parecia estar desorientado atrás de dinheiro. Eu estava abraçada com meu namorado e sentia uma batida forte e acelerada no peito dele. Minha bolsa estava no colo e num movimento rápido meu bem se levantou e tirou a carteira do bolso, na qual haviam só dois reais. O cara queria cinco reais e não

O Antimarketing Paulo Borges

7º período de Jornalismo

Interessante como perdemos grandes oportunidade de estabelecer nossas qualidades, aquilo que nos beneficia dentro de um grupo, da sociedade. Em contraponto, algumas pessoas têm o “dom” de se autorebaixar. Um dia desses, numa mesinha de bar, assistindo ao inesquecível 3 a 1 do Brasil sobre a Argentina, conheci alguém que se encaixa quase perfeitamente no segundo exemplo. Uma moça bonita, inteligente e muito

bem apresentável. Estudante universitária e de família respeitável. Pois bem. Naturalmente me interessei por ela. Queria conhecê-la melhor e, quem sabe, outras coisas rolariam... Começamos a conversar. E não é que ela tinha um papo legal, interessante... No entanto, ela resolveu se “autopromover”. “Tenho a língua presa”, disse ela. Até então, eu não havia percebido isso, pois estava interessado em conhecê-la como pessoa e não suas deficiências de formação física. “Todo mundo me zoa por causa disso”, ela insistiu em continuar.

“Nossa! Eu nem havia percebido”, eu disse, sendo bem sincero. Honestamente, eu digo a você que não havia mesmo percebido que a moça tinha esse probleminha de dicção. “Você notou como sou gordinha”, questionou-me. “Não te acho gordinha, Você está ótima”, respondi. “Ah, mentira. Homem nenhum gosta de mulher gordinha”, insistiu. “Ao contrário do que vocês pensam, nem todos os homens dão prioridade a essas coisas”, disse e mudei de assunto: “Por que você resolveu fazer Agronomia?”. “Sou roceira! Sou bicho do

tínhamos. Daí ele diz: - Eu troco R$ 5 pelo meu revolver e colocou a mão para trás. Eu fiquei imóvel e só rezava para o anjo da guarda nos proteger. Afinal, não tinha mais o que fazer. Então, vi ao lado do nosso banco uma caixa de sapato com um tênis. ostramos para ele. Foi o que o distraiu. Enquanto revirava a caixa, esfregava a nota de dois reais na boca sangrando. Pedi que ele levasse. Depois de chutar a caixa e perceber que era mesmo um

tênis, aproveitamos a distração e colocamos o capacete. Ele olhou o que havia dentro e gostou. Despedimos dele e fomos embora. Até hoje me pergunto quem estava com mais medo: ele, ou nós ali naquela praça escura? Acho que não saberei nunca. Mas de uma coisa eu sei: mesmo depois daquela noite, no outro dia, estávamos lá novamente. Afinal, é nosso cantinho secreto e não saímos espalhando por aí. Nos dias atuais, achar a pracinha ideal é um desafio.

mato! Gosto dessas coisas”, afirmou a moça. Agora, pense comigo: então, se você quer ser agrônomo é porque é roceiro? E se eu quiser ser astrônomo, é porque sou lunático? Se resolver estudar moda, é porque sou gay? Esteriotipemos tudo, então... E mais, para que esta moça resolveu exaltar o que ela acha que são os seus defeitos? Onde está seu marketing pessoal? Podemos até pensar que ela já está dizendo tudo na lata, de uma vez, para que eu não tenha surpresas, mas acho que a tática adotada

não foi muito boa. Afinal, todos temos defeitos. Os mais sábios sabem que o melhor é trabalhar nossas deficiências a fim de melhorá-las e exaltar nossas qualidades, com o intuito de torná-las conhecidas por aqueles que nos cercam. Quando isso acontece, é bem provável que as pessoas ao nosso redor dêem mais atenção aos nossos pontos positivos do que para os negativos. Ela não pensou nisso. Despedimo-nos. Ao abraçála, que perfume gostoso eu senti. “Não me abraça muito. Meu perfume é muito doce”, encerrou ela com chave de ouro.

Revelação • Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba Expediente. Revelação: Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba (Uniube) ••• Reitor: Marcelo Palmério ••• Pró-reitora de Ensino Superior: Inara Barbosa ••• Coordenador do curso de Comunicação Social: André Azevedo da Fonseca (MG 9912 JP) ••• Professora orientadora: Indiara Ferreira (MG 6308 JP) ••• Projeto gráfico: Diogo Lapaiva (6º período/Jornalismo), Jr. Rodran (3º período/Publicidade e Propaganda), Bruno Nakamura (6º Período/Publicidade e Propaganda) ••• Estagiária: Daiane Leal Gomes (8º período/Jornalismo) ••• Capa: Lungas Ferreira Neto ••• Equipe: Júlia Magalhães (2º período/Jornalismo) ••• Revisão: Márcia Beatriz da Silva ••• Impressão: Gráfica Jornal da Manhã ••• Redação: Universidade de Uberaba – Curso de Comunicação Social – Sala L 18 – Av. Nenê Sabino, 1801 – Uberaba/MG ••• Telefone: (34) 3319 8953 ••• E-mail: revela@uniube.br


A nova cara Matheus Barros 5º período de Jornalismo As imagens reproduzidas simultaneamente são um atrativo para quem vê. Mas você já se perguntou quem está por trás de uma produção? Quem capta a imagem? Quem dirige os atores? Quem dita o ritmo das filmagens? Essas questões acabam esquecidas durante a exibição de um filme. O romance e a comédia aparecem com os personagens da trama, mas os 90% de transpiração na montagem povoam apenas a curiosidade de cinéfilos. Maria Catarina Árabe, conhecida como Kate, há quatro anos trabalha com audiovisual em Uberaba. Deixou os palcos depois que foi convidada para fazer a produção de um vídeo

Fotos: Matheus Barros

do audiovisual de Uberaba

de Cinema, explica que a principal dificuldade de se fazer uma produção local é a falta de incentivos à cultura. “É muito difícil conseguir bons patrocínios para pequenos projetos. As pessoas não acreditam ou apóiam produções independentes de baixo custo e pouca visibilidade. Esse é um retrato do Brasil! Mas essas produções pequenas são importantes para revelar Vivaldo e Júnior se dedicam à produção audiovisual voltada para o meio rural novos talentos”. A CAU pretende atuar não só para viabilizar os projetos, mas para para divulgar o trabalho de ção de recursos para que as formar platéias e ampliar um grupo de teatro. “Hoje, o obras se tornem reais. audiovisual é minha paixão. Pensando na divulgação a capacidade de crítica da Busco incentivos, na forma e organização de eventos, comunidade. Projetos que de projetos, para que todos será fundada, em fevereiro levam o cinema até praças sejam beneficiados, tanto a de 2010, a Cúpula de Au- e pontos fixos nos bairros comunidade quanto os pro- diovisual de Uberaba - CAU. estão previstos. A ideia é fissionais que atuam nessa Junto à Fundação Cultural, apresentar filmes de divera CAU irá viabilizar eventos sas vertentes, de clássicos área”. Esta paixão silenciosa pelo e promover o intercâmbio a modernos, longas, curtas, audiovisual cresce a cada de materiais e profissionais, documentários brasileiros dia pelas mãos de gente de- ampliando a visão da população acerca do audiovisual dicada como Kate. Segundo os especialistas da de Uberaba, com mostras área, diversos projetos apa- de produções locais e com envolvendo recem nas instituições res- premiações ponsáveis pela cultura em profissionais da área. Uberaba, mas ainda falta O publicitário e cineasta Feplanejamento e conheci- lipo Carotenuto, formado mento técnico de capta- na Academia Internacional Kate, durante as filmagens do domentário Cândido

ou estrangeiros e de grande ou pequeno destaque na mídia. O curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba também está desenvolvendo diversas iniciativas na área do audiovisual. Os projetos Comunica.Doc e CineClube Uberaba promovem mostras de filmes e estimulam debates sobre cinema entre os universitários. Além disso, os documentários produzidos pelos alunos estão sendo disponibilizados na Internet. “Não há dúvidas de que estamos em um momento muito promissor para o desenvolvimento do mercado de audiovisual no interior. Essa é a hora de investir em formação e na elaboração de bons projetos”, conclui o coordenador do curso de Comuncaçao Social, André Azevedo da Fonseca.


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especial cultura

Acima do peso e na moda Nem tudo está perdido para quem veste GG Fotos: Danilo Crunivel

Danilo Cruvinel Gullit Pacielle 5º período de Jornalismo Os paradigmas de beleza ultrapassam até mesmo a telinha da TV. Ao ligar o aparelho em programas sobre moda, deparamos com homens e mulheres com corpos perfeitos divulgando o que será usado na próxima estação. No entanto, esquecem que boa parcela da população está acima do peso. Pesquisa realizada entre os anos de 2005 e 2007, com 1.191 pessoas, pela endocrinologista e professora da Universidade de Uberaba (Uniube), Fernanda Magalhães, aponta pre-

para comprar roupas prontas. “As pessoas se preocupam muito com a aparência e querem sempre estar na moda. Roupas de malha, por exemplo, dificilmente são encontradas em tamanhos grandes”, conclui. A dificuldade para achar peças interessantes e na medida certa não é só das mulheres, reafirmando o posicionamento da estilista. Douglas Lima, de 21 anos e 143 quilos, também sofre para adquirir peças do seu tamanho. ”É muito desgastante sair para comprar roupas. Sempre tenho que ir a três ou quatro lojas diferentes e as peças nunca ficam do jeito que quero”, reclama.

Dicas De acordo com Sílvia Carneiro, estilista há 32 anos e proprietária do Atelier Sílvia Carneiro, não é difícil botar os gordinhos na moda. Ela afirma que é aconselhável usar roupas firmes, que alonguem o corpo, e com cores mais escuras. “O vestido com corte embaixo do busto é uma boa pedida, pois não acentua a barriga. Outra opção é usar peças de cores parecidas, ensina a especialista. Carneiro adverte: “os gordinhos devem evitar roupas justas, com estampas grandes, listras horizontais, e cores muito claras.“

Vestido de cor uva em tecido firme é ideal para não marcar as formas

Vestido com decote destaca apenas os membros superiores

valência de obesidade em Uberaba. Do total de entrevistados, 18,5% são obesos, enquanto 36% apresentam sobrepeso, ou seja, juntos somam mais da metade - 54,5%. “A Organização Mundial de Saúde consideracom sobrepeso as pessoas que estão com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 25, e, obesas, as que têm IMC a partir de 30,” esclarece a médica. A obesidade é mais presente entre as mulheres - 20,1%, contra 16,9% dos

homens. Há 23 anos no mercado, a proprietária do Atelier Ângela’s, Ângela Pena, garante que a procura pelas roupas de festa de tamanho GG é grande. “Há dez anos, criávamos modelos só até o manequim 46. Porém, acompanhando as necessidades do mercado, tivemos que nos adaptar e, atualmente, fazemos roupas até o número 52,” afirma Ângela. A estilista comenta que os gordinhos encontram dificuldades

Ângela Pena investe na confecção de roupas personalizadas


especial cultura

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Material reciclado Fotos: Thiago Borges

ganha formas e cores Thiago Borges Samara Candido 5º período de Jornalismo

Enquanto estudantes se divertem fazendo bolinha de papel para atirarem no ventilador, nos colegas e até nos professores, gente grande ganha a vida reutilizando o material. O papel reciclado se une à técnica e à imaginação dos artesãos e derruba deficiências e preconceitos. O casal Maria Andréia Martins, 34 anos, e Adalton Januário Gomes, 38, se conheceu no Instituto dos Cegos e se casou em 2005. No mesmo ano, os dois começaram a trabalhar com arte em jornal. Andréia foi quem ensinou o trabalho para Adalton. O que parecia terapia, hoje, é a principal fonte de renda do casal. “As pessoas com deficiência muitas vezes são rotuladas de incapazes. Falamos isso por experiência própria, pois já vivemos situações em que fomos rotulados assim. Conviver com uma deficiência visual não nos impede de ser feliz. Os obstáculos estão nas pessoas que não aceitam as diferenças”,

José Eduardo e a esposa Sandra no ateliê onde trabalham

desabafa o casal. Andréia e Januário mostram com garra como superar as dificulldades. Em 2008, eles participaram da XIX Feira Nacional de Artesanato, realizada em Belo Horizonte. Durante uma semana, mostraram e venderam suas peças no estande Mãos que Podem Ver. “O estande estava sempre cheio, com pessoas comprando e elogiando o trabalho. Isso foi muito importante para o nosso futuro profissional”, explica o casal. A Casa do Artesão é o ponto de referência para guerreiros como esses. Reúne trabalho dos artistas da cidade, como miniaturas em papelão, cestas em ca-

nudo de jornal, origami e até esculturas. Conforme as coordenadoras da Casa, a procura pelas peças é grande. Os turistas, principalmente, não saem sem levar uma lembrança da cidade. Decidido a viver da arte, José Eduardo de Araújo, está há oito anos em Uberaba. Veio com a família em busca de tranquilidade e tempo para realizar seu trabalho. A princípio, produzia sozinho as peças de papelão, mas hoje conta com a ajuda da esposa, Sandra

Monteiro. A arte deles é inspirada pela construção civl. São miniaturas de casas, pequenas e grandes, como o grande casarão da época do apogeu do zebu, o boteco da esquina, até a barbearia. Não há discriminação. Vasos de flores, bonecas e esculturas integram o acervo. Este ano, o casal ganhou o prêmio Top 100, promovido pelo Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE . Eles foram selecionados entre mais de mil inscritos de todo o país. Outra conquista é ter uma de suas obras estampadas

num livro que conta a história de Uberaba. “No começo, era um pouco devagar, pois ainda não tínhamos conquistado o espaço e nossa arte era nova na cidade, mas com o passar do tempo as coisas foram se propagando e tudo melhorou. Hoje, temos clientes em várias partes do Brasil, que mantêm nosso sustento”, relata José Eduardo. Tome nota: Casa do Artesão Rua Senador Pena, 352 Centro - (34) 3312-6822 www.casadoartesaode uberaba.com Casarões de diferentes cores e tamanhos estão espalhados por todo o Brasil


Museus revivem a história de Uberaba

Acervo das instituições locais promove reflexão sobre o patrimônio artístico, histórico e cultural da cidade

Museu do Zebu Élcio Fonseca Ilídio Luciano

25 anos, no Parque de Exposições Fernando Costa. No mesmo endereço onde funciona a AssociaFotos: Élcio Fonseca

4º período de Jornalismo

O museu Edílson Lamartine Mendes, conhecido como Museu do Zebu, foi inaugurado há

O pecuarista Manoel Ubelhart Lengruber apresenta o primeiro zebuíno a desembarcar no Brasil em 1878

ção Brasileira dos Criadores do Zebu - ABCZ. O pecuarista Lamartine Mendes foi o primeiro a guardar, de modo mais sistemático, os documentos e fotos históricas do zebu no município. Segundo o presidente do Conselho Curador do Museu do Zebu, Hugo Prata, o acervo fotográfico possui atualmente cerca de 50 mil imagens de pecuaristas e seus animais. Uma é considerada a mais importante. Mostra o pecuarista Manoel Ubelhart Lengruber ao lado do touro Piron, o primeiro animal zebuíno trazido da Índia para o Brasil, desembarcado no Rio de Janeiro, em 1878. Outra preciosidade é a foto do ex-presidente

da república, Getúlio Vargas, clicado enquanto marcava um boi zebu, na abertura da exposição em Uberaba, em 1932. O museu ainda conta com aproximadamente 600 peças de uso dos fazendeiros, além de maquetes de casarões, cabeças empalhadas de touros consagrados, miniaturas de animais de várias raças e livros sobre os uberabenses que exploraram um país desconhecido em busca de zebuínos considerados perfeitos. Museu Edílson Lamartine Mendes - Museu do Zebu • Praça Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 Bairro São Benedito • (34) 3336-5214 • Horário de funcionamento: 13h às 17h50


Museu de Arte Sacra mandou construir a pequena capelinha em louvor à santa. Em 1877, a singela construção teve reparos providenciados pelo negociante Major Joaquim Rodrigues de Barcelos, também atendido por Santa Rita em seu pedido de se tornar pai. Agora, como Museu de Arte Sacra (MAS), a antiga capela é A igreja Santa Rita, hoje Museu, foi construída em cumprimento a uma promessa um dos poucos monumentos hisEm 1854, o advogado ta Rita, em cumprimento tóricos do TriânCândido Justiniano da a uma promessa para se gulo Mineiro tombados Lira Gama, devoto de San- livrar do vício da bebida, pelo Instituto de Patrimô-

nio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Segundo Adriana Cristina Silva, auxiliar de Ação Cultural do MAS, o acervo reúne em torno de 800 peças, envolvendo objetos litúrgicos, indumentária e pintura sacra. De todas as peças, a mais especial do museu é a imagem de Santa Rita de Cássia, feita em meados de 1850. A imagem é a única que restou da capelinha original erguida por Cândido Justiniano. A escultura foi feita em madeira policromada. Pintada de marrom escuro, com pala branca, apresenta véu também marrom. Os

olhos são de vidro. Santa Rita é representada com uma chaga na testa e segura na mão direita um crucifixo. Na mão esquerda tem uma palma entalhada e, na cabeça, um resplendor de prata. A base da imagem foi refeita após a criação do Museu de Arte Sacra, seguindo o modelo original apodrecido. A Santa Rita foi devidamente restaurada em novembro de 2003. MAS • Praça Manoel Terra, s/n • (34) 3316-9886 • Horário de funciona-mento: 13h às 18h

Museu de Arte Decorativa Em 14 de abril de 2002 foi fundado o Museu de Arte Decorativa (MADA). A antiga mansão tem uma área de 3186 metros quadrados e antes era conhecida como “Vila Eucaliptos”, propriedade do engenheiro agrônomo José Maria Reis. A Vila foi criada em 1916 por ele e sua esposa, Artemira de Souza Reis. Ali, nasceram os 15 filhos do casal. Há sete anos, a sede foi doada por Niobe e Evaldo Batista dos Santos à prefeitura de Uberaba. O MADA está completa-

mente restaurado e conta com um acervo luxuoso. São aproximadamente 200 peças expostas, envolvendo porcelanas, pinturas e retratos desenhados à mão, móveis de madeira trabalhados à mão. Entre tantas preciosidades, uma se destaca: a réplica do quadro ‘’A Santa Ceia’’, de Leonardo Da Vinci. Uma pintura foi feita em 1921, por um dos filhos de José Maria Reis, diretamente na parede principal da antiga sala de jantar da família. Lucimeire Caetano, auxiliar de Ação Cultural do MADA,

conta que antigos moradores já pintaram a casa, tamparam a imagem e, mesmo depois de 88 anos, a obra de quatro metros de largura e três de altura, tem os traços perfeitos. José Maria Reis Júnior investiu em profundos estudos sobre a pintura brasileira e tornouse um grande artista. MADA • Rua Maria de Lourdes Melo Colli s/n Bairro Estados Unidos • (34) 3338-9409 • Horário de funcionamento: 12h às 18h

Santa Ceia, de José Maria Reis Júnior, tem lugar de destaque no MADA


Maravilhas

a céu aberto

Kelle Oliveira Marcondes José

5º período de Jornalismo

de descida leve e 900 metros de expectativa sobre o que poderia causar barulho tão forte. Depois de caminhar entre árvores e pedras, bastou levantar o olhar para assistir a um dos espetáculos mais bonitos da natureza. A Cachoeira da Fumaça fica a 80 quilômetros de Uberaba, com entrada pela BR-269, sentido Uberaba-Uberlândia. Com 60 metros de altura e mais de 50 de largura, a Fumaça é rodeada por paredões úmidos de pedras balsáticas, que são mais resistentes aos processos de erosão. Ao contemplar, a sensação é de que voltamos à pré-história, quando existiam espaços intocados, de beleza bruta e recente. Uma estreita faixa de

Fotos: Arquivo Pessoal

De longe, é possível avistar o rio Claro e o cenário já é deslumbrante. A água é quase transparente e as pe-

dras compõem o bucolismo de um lugar onde parece não haver espaço para qualquer vestígio de concreto. Descarregamos as mochilas, barracas e máquinas digitais e entremeamos em uma trilha fácil e gramada,

A água transparente batizou o rio

mata densa e fechada dificulta a descida ao vale, único local do qual se pode avistar a paisagem completa. “Infelizmente, a Fumaça pode acabar. O lugar está condenado pelas lavouras de cana da região”, conta o turismólogo e especialista em educação ambiental Thérbio Felipe Cezar. Em entrevista ao Revelação, Cezar conta que as previsões para o futuro da Fumaça são desanimadoras. “Um estudo realizado por alunos da Universidade de Uberaba constatou que as margens do Rio Claro, no trecho anterior à cachoeira, estão ficando maiores e a vazão está diminuindo. Se a política de desenvolvimento do município não considerar o meio-ambiente, não haverá o que fazer”, explica. Segundo ele, o local,

como muitos outros pontos de beleza natural do município, estão localizados em propriedades particulares e, a maioria delas, rapidamente, vem tornando-se áreas de extensas plantações de cana. “A prática causa assoreação da margem e gradual extinção da mata ciliar. Sem contar a água, é claro, que vai ficar mais suja a cada dia”, sentencia o turismólogo. La Dolce Vita. Há 60 quilômetros de Uberaba, no município de Conquista, a propriedade de Cecília Lenza, parece cenário de filme italianos da década 60. A grama verde ladeada por cercas de madeira ou a vinícola localizada no interior da fazenda já valem a visita, mas a cachoeira, ainda sem nome, é a atração mais generosa, considerada a mais


bonita do cerrado mineiro. “São uns 40 metros de queda, dentro de uma furna. É uma das coisas mais lindas que há. O lugar parece um santuário com pedras e, inclusive, um lago subterrâneo”, descreve o turismólogo Thérbio. A Fazenda é considerada “espaço para turismo de vivência”. “Na Fazenda da dona Cecília, como em todas as outras da região, a gente entra, toma um cafezinho, ouve as histórias da vida e, aí, a dona convida a gente para conhecer o lugar, simplório e natural. Contudo, do ponto de vista econômico, não representa desenvolvimento”, explica o especialista. A estudante Paola Matias Pieruccini, no entanto, não compartilha da mesma opinião. Segundo ela, a consolidação desses espaços como atrações turísticas significariam o fim de sua condição de “lugares especiais”. “Eu adoro procurar esse tipo de local para relaxar e me sintonizar com a natureza. Não há o que seja ruim ou aflitivo quando estamos lá, por isso, acredito que, se virar ponto para visitantes, perderá a característica mais

marcante, que é a de paz total”, garante. Além da Cachoeira da Fumaça e do vale na fazenda de Cecília, Paola já esteve em lugares, na região, de beleza impressionante e que, por outro lado, são praticamente desconhecidos para os uberabenses. As aventuras recomendadas incluem passeios à Reserva Particular do Pa-

A girafa é atração principal da Zebu Ecológica

trimônio Natural Vale Encantado e a Jaguara, na região dos Lagos. Perguntamos qual o passeio mais recomendado? “Todos os lugares são lindos, mas nada me apaixonou tanto quanto a Fazenda Zebu. O local é de difícil acesso, mas, quando se consegue entrar, chega a ser mágico. O fato de estar abandonada contribui para criar o clima”, fala

a estudante, descontraída. Poluição Visual. Foi assim que Luiz Antônio Costa, o Luiz Botina, referiu-se, recentemente, a locação de sua propriedade de 200 alqueires para a criação de gado. Empresário polêmico, condenado a sete anos de prisão por apenas um de seus 37 processos na Justiça - que incluem acusações que vão desde sonegação de impostos a envolvimento com drogas –, Luiz Botina fugiu por dez anos antes de ser preso em 2007, em uma operação especial que envolveu as Polícias Militar, Civil e Federal. Nesse intervalo de tempo, Botina construiu em torno de si uma fortaleza natural e um dos maiores parques ecológicos de Minas Gerais, localizado na BR262, sentido Campo Florido, há 30 km de Uberaba. “É inexplicável entrar naquele lugar. Tem edificações lindas e grandiosas, como casas em meio a lagos e anfiteatros, bicas e lagoas artificiais. No entanto, o mais

bonito são as construções naturais: cachoeiras, árvores e os bichos, é claro”, conta a estudante Dalila Kênia Oliveira. Encantada pelo lugar onde esteve por duas vezes, a estudante conta que a maior parte da estrutura estava, de fato, abandonada. “A maioria das pontes que ficava sobre os lagos estavam partidas e as trilhas para a passagem de carros já não existiam mais. Mesmo assim, a Zebu é impressionante. Armamos nossa barraca na varanda da sede e, quando acordei no outro dia, tinha uma girafa. O nome dela é Loura”, conta. O Santuário Ecológico Zebu, nos áureos tempos, além de duas girafas, tinha ainda araras azuis, lhamas, grows coroados, zebras, capivaras e, inclusive, cangurus australianos. Alguns bichos fugiram. Há cerca de um ano e seis meses, Luís Botina saiu da prisão e está residindo no Santuário. As visitas à propriedade ainda não são abertas ao público.


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especial cultura

Arte inspirada no campo Fotos: Iara Rodrigues

A dedicação cria o inusitado, revelado na delicadeza dos detalhes

Vivaldo e Júnior se dedicam à arte voltada para o meio rural

Iara Rodrigues Leandro Araújo 5º período de Jornalismo Ao contrário do que se pensa, com a industrialização, o artesanato se firmou. Peças únicas e criativas feitas à mão são valorizadas. O meio rural é um dos nichos de mercado. “Vou resumir em uma palavra: perfeito”, afirma Romano Tiveron, fazendeiro, em relação ao trabalho desenvolvido por Jesus Geraldo Almeida Júnior. É no pequeno cômodo situado no bairro São Be-

nedito que Júnior produz selas e arreios. Há uma simples diferença entre um e outro. A sela é usada mais para passear a cavalo, por ser mais confortável. O arreio já é mais utilizado para trabalhar. Entre chicotes, laços, fotos de cavalos, folhetos de cavalgadas, arreios, selas e ferramentas de trabalho (martelo, prego, cola, linhas, agulhas e máquina de costura), Júnior conta que é conhecido por muitos fazendeiros por estar na profissão há 25 anos. A selaria está sempre movimentada. Os assun-

tos giram em torno de cavalgadas, bois e mulas. “Quando venho para a cidade, passo na selaria para bater papo e tomar um café”, afirma Romano Tiveron. Outro fazendeiro, José de Oliveira, fala sobre o marketing pessoal de Júnior. “Ele atende da melhor maneira possível, sempre alegre e falador”. O artesão divide o mesmo espaço com Vivaldo José Pereira, seleiro e trançador. Ele começou ainda menino, parou por 40 anos e há 10 retomou a produção. Ele faz as tranças dos chicotes, produz laço, rédea, cabresto, cabeçada, peitoral, enfim as peças necessárias para cavalgada. Quanto à procura pelo serviço, Júnior faz uma revelação. “Antes da chegada das plantações de cana, a procura era maior. Isso se deve ao fato de ter diminuído a quantidade de fazendas de gado”.

Arte em couro

Nas mãos de Edson Leite Gonçalves, o couro se transforma. A matéria-prima aparentemente simples vira bolsas femininas e masculinas,

Gente que vem de fora Nas mãos ásperas e calejadas, a madeira ganha forma. Aos poucos, o artesão transforma a matéria bruta em delicados objetos de decoração. Os detalhes minuciosamente trabalhados por Marcelo César Soares tornam

cada peça especial. Pilão, barril, “boizinho” para colocar pinga e cuia de tomar chimarrão são os produtos feitos pelo artesão que há 12 anos espalha seus trabalhos para todo Brasil. Sob o comando de

Marcelo usa as ruas de Uberaba para expor

Com mãos habilidosas, Edson trabalha o couro

malas para viagem, cintos e botinas. Atrás do balcão, Edson também atende os fregueses da loja. Em estilo rural, o estabelecimento tem couro por toda parte: desde o banco para experimentar as botinas, passando pelo tapete , até a vitrine. Com 25 anos de profissão, ele afirma: 65% são atraídos pela loja, os outros 35% são fixos. Edson conta que nos últimos 15 anos as vendas diminuíram. “Eu acredito que seja por conta da crise mundial e das exportações vindas Marcelo, na direção de um ônibus, 12 artesãos saíram de Irati, no Paraná, e percorreram o país. Antes de chegar a Uberaba, o grupo passou por São Paulo. “Aqui é bom para vender. Já vim outras quatro vezes”, diz Soares.

da China”. Volta e meia entra um cliente na loja. Dona Maria Rosalia de Oliveira chega com uma mala de couro antiga e pergunta se tem como arrumar a alça que descosturou. Cliente de Edson há um ano e meio, a advogada comenta que a mala está feia e velha e confia nos serviços do artesão. “Ele conserta e deixa perfeito”. Dona Maria diz que não procura o comerciante só para os consertos e afirma que já comprou botinas feitas por ele para um tio que mora no sítio. Ele conta que a viagem dura o tempo que for necessário para vender todas as mercadorias. Quando isso ocorre, é hora de voltar para casa, onde permanece apenas 15 dias para rever a família e confeccionar novas peças. Feito isso, pé na estrada novamente.


especial cultura

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Peças originais Na manhã de um chuvoso sábado fomos ao Mercado Municipal, inaugurado há 85 anos. A arquitetura imponente revela as poucas alterações que a infra-estrutura sofrera com o passar dos anos. Como outros mercados, o estabelecimento oferece hortifrutigranjeiros misturados com aparelhos eletrônicos, artigos religiosos e decorativos, roupas e outros milhares de objetos. Uma infinidade de cores e cheiros. Fica até difícil achar o que se deseja e fácil comprar o que não se precisa. Andamos e conversamos muito. - Moço, essas panelas de cobre são daqui? - Não, não, vieram do Espírito Santo. - Senhor, esses chapéus e peças de barro foram produzidos aqui? - Não, meu filho, vieram do Norte. - E essas peças de madeira? Também não. Vieram de São Paulo. Fica mais barato comprar de lá do que daqui.

Duas horas se passaram e não encontramos nenhuma peça de artesanato produzida em Ubearaba. Desanimados, resolvemos ir embora. Próximo a uma das portas de saída, olhamos para trás na esperança de encontrar algo. E encontramos. Não sabíamos, mas o mercado possui um segundo andar inteiro dedicado ao artesanato. Aliás, o letreiro grita ARTESANATO. Apressados, subimos. Ao chegar, vimos Debiliane Beatriz Pereira, artesã, professora de tecelagem e coordenadora do Centro de Tecelagem de Uberaba. Ao mesmo tempo em que atendia aos clientes, dava os últimos retoques a uma peça. Vários trabalhos estão expostos, mas os tapetes e outros produtos feitos pelos nove tecelões chamam mais a atenção. “Somos bem visitados, temos uma clientela fixa, mas os turistas também colaboram para o aumento

Os turistas são os principais clientes do Mercadão

Fotos: Leandro Luiz

basta “olhar bem” para encontrar

das vendas”, explica a coordenadora. Debiliane contou ainda que o centro também oferece cursos. “De dois em dois meses, criamos novas turmas, com quatro alunos cada”. Mercadão • Praça Manoel Terra, s/n°- Centro • Horário de funcionamento: segunda a sábado, 6h às 18h • Aos domingos, acontece o Domingo Cultural, com apresentação de artistas locais, das 10h às 14h

Feirarte

Exatamente às 20h do mesmo sábado, fomos à Praça Jorge Frange. Lá, há 12 anos, acontece, todos os sábados, a Feira de Arte e Artesanato de Uberaba (Feirarte). A feira reúne 130 expositores que, de braços abertos, recebem seus visitantes. Objetos decorativos de madeira, gesso, EVA, pulseiras, colares, chinelos com abrólio, toalhas, bordados, jogos de banho, potes decorados com biscuit, dentre outros, estão expostos nas barraquinhas. A artesà Regina Célia Alves Silva trabalha com a arte do biscuit há 16 anos e participa da feira há sete. “Este evento é uma forma de complementar a renda familiar”, diz. Neusa Batista é aposentada, mas mostra seus bordados na Feirarte.

O Centro de Tecelagem oferece oficinas para interessados em tear

“Tem a questão financeira, mas sinto prazer em fazer e comercializar meus produtos”, afirma orgulhosa. A cada dia, a feira agrega novos expositores. É o caso de Luciana Borges Resende. A artesã trabalha com madeira, gesso e EVA. Faz bandejas, caixas, porta-jóias, quadros e outros produtos. Há três meses na feira, ela se diz satisfeita com o retorno do público. Essa é a mesma opinião de Adriana de Alcântara, que fabrica colares, pulseiras e decora chinelos com abrólios. Na Feirarte também há espaço para a gastronomia. Encontramos delícias de milho e até as riquezas da culinária baiana. O cheiro se espalha e enche a boca d’água. Selma Gomes Zarife expõe chocolates artesanais há seis anos. São pirulitos deco-

rados, trufas recheadas, chocotones, tortas e muito mais. “Eu participo de outras feiras da cidade,. mas o diferente da Feirarte é a receptividade”, diz ela. Quem pensa que decorar chocolate é trabalho fácil, engana-se. É necessário tempo e paciência. Segundo Selma, são necessárias muitas horas de vai e vem do chocolate na geladeira. A ação é para o produto ganhar forma e cor.

O resultado compensa. Anote • sábados: 17h às 22h • Praça Dr. Jorge Frange - Bairro São Benedito Outra opção de feira de artesanato e gastronomia que apresenta shows musicais abertos ao público é a Feira de Arte e Cultura • sexta-feira: 17h às 21h - Praça Dom Eduardo Bairro Mercês.


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especial cultura

Rebolation

A dança que invadiu as pistas e a Internet Helenaldo Tristão 6º período de Jornalismo

Ryan treina a dança com amigo

Depois do rebolado de Elvis Presley, que causava histeria nas meninas da época, da dança de John Travolta em seus embalos de sábado à noite, passando pelo rei do pop, Michael Jackson, com sua dança inigualável, surge com toda potência e sem um “inventor classificado”, o Rebolation. O Rebolation é uma nova forma de dança e está “bombando” nas danceterias, principalmente entre o público mais jovem. A dança surgiu nas festas raves, das batidas da música eletrônica. A febre do Rebolation também está na Internet. Existem mais de 17 mil vídeos sobre o assunto. “Comece a arrastar os pés, quebre a cintura e gesticule o máximo possível com os movimentos soltos dos braços, conduzidos pelo som. Mexa-se e misture tudo porque isso é o Rebolation”. Essa é a frase mais repetida em blogs e sites de relacionamentos dos jovens adeptos. De boné com aba dobrada dos lados, com 1 metro e 80 centímetros de altura, sorriso jovial, rosto de causar suspiros nas meninas, e com apenas 15 anos, o estudante Leonardo Anésio gosta do Rebolation e explica como treina a dança. “Primeiro você liga o som, fecha os olhos, sente a música entrar em seu corpo, depois é só se soltar, começando pelos pés.” Éder Rodrigues, de 19

Primeiro você liga o som, fecha os olhos, sente a música entrar em seu corpo, depois é só se soltar, começando pelos pés

anos, já é um veterano das pistas. Dançarino de hip hop, teve facilidade de aprender o Rebolation e diz que quem gosta de dançar tem mais facilidade, mas garante que é sempre um desafio. O estudante Ryan Borges, de 14 anos, conta que ele e os amigos treinam a dança, durante o intervalo de aula, na quadra da escola, já que não têm idade para frequentar as raves. “O pessoal fica olhando, acha legal. Alguns pedem para ensinar”, conta Ryan. Ele ainda dá algumas dicas para quem quer aprender. “Você chuta um pé para frente e desliza o outro para trás,ou com o calcanhar no chão, gira o pé para fora, enquanto chuta com o outro”. Se você não conhecia, agora conhece! Se você não dançava, agora é só dançar!


especial cultura

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O colecionador de música Isabella Lima 5º período de Jornalismo

A primeira lembrança que Gilberto Resende tem da música em sua vida foi aos quatro anos de idade, quando flagrou sua mãe chorando ao ouvir uma canção e não entendeu o que acontecia. Em casa, uma fazenda na zona rural de Uberaba, ele sempre ouvia muita música com seus pais, fascinados com as harmonias. A paixão pela ópera começou aos 7 anos, porque seu irmão mais velho gostava do estilo e sempre levava amigos para ouvir os vinis. Atualmente, a coleção de Gilberto, tem mais de 50 mil músicas. Ele começou ainda na juventude, quando aos 20 anos, adquiriu os primeiros vinis. Desde então, não parou mais de comprar discos. Em contato com alguns amigos que tinha no exterior, Gilberto começou a im-

Compositores com maior renome são gravados, os outros são ignorados

portar as obras e aumentar a coleção. Há 40 anos, ele é assíduo comprador da Europa. Nesse tempo todo, poucas vezes usou a Internet. Mesmo hoje em dia, com toda a facilidade e economia proporcionada pelo computador, Gilberto ainda usa o telefone e as cartas para fazer contato com os vendedores. Além de apreciar ouvir óperas, Gilberto é também um leitor assíduo de tudo que diz respeito ao assunto. Lê sobre os autores, sobre os intérpretes, sobre as épocas do Barroco, do Classicismo e Romântica. Sobre Giacomo Puccini, Giuseppe Verdi. Utiliza vários termos específicos da ópera. Mas não é só o estilo do teatro cantado que encanta Gilberto. Música clássica, folia de reis, música raiz e catira também fazem parte de sua coleção. Ele se considera o maior colecionador de folia de reis e catira. Inclusive, escreveu e publicou um livro chamado: “Catira, a poesia do sertão”. Gilberto tem todas as obras de Beethoven e Hendel. Da música raiz, tem coleções de Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Liu e Léo, Jacó e Jacozinho, Zico e Zeca, Caim e Abel, e muitas outras duplas que fizeram parte da criação da moda de viola e dos pagodes sertanejos.

Fotos: Isabella lIma

Uberabense se considera o maior colecionador de ópera do Brasil. Ele também é fã de folia de reis, catira e música sertaneja raiz

A coleção de Gilberto vai além dos vinis. Fitas de vídeo, livros e CD’s também integram o acervo

A coleção é guardada em lugares separados. A parte folclórica fica no escritório. As óperas, com maior valor afetivo, ele guarda em casa. Gilberto tem uma funcionária só para transferir os

arquivos da coleção para o computador. No acervo digital, tudo é separado por pastas. Ao todo , são dez mil horas de música. Ouvindo seis horas por dia, como faz o colecionador, dá para ou-

O colecionador tem todas as obras de Beethoven e Haendel

A coleção de Gilberto tem hoje mais de 50 mil músicas

vir durante dois anos, sem repetir uma música sequer. As músicas que carrega no seu Ipod ficam todas misturadas. O colecionador gosta de ouvir uma moda de viola, em seguida uma ópera, depois folia, tudo junto. Quando está no trabalho, o som fica ligado o tempo todo. Apesar do grande acervo e de já ter ouvido algumas músicas mais de 250 vezes, ainda falta muita coisa para completar a coleção. Gilberto conta que existem no mundo 25 mil óperas feitas, mas somente umas 4 mil gravadas. Dessas, ele possui mil. “Naquele período não tinha gravador, não tinha nada. Muita coisa se perdeu. Os compositores com maior renome são gravados, os outros são ignorados. Ás vezes, nem a partitura existe mais”, explica Resende. Não existe contagem oficial, mas certa vez um vendedor disse a Resende que ele era o maior comprador de discos de ópera do Brasil. Desde então, ele assim se considera.


Maria Helena Ciriane a poetisa da forma

Bruno Augusto Danilo Lima 5º período de Jornalismo

As mãos se aprofundam no barro. Às vezes com delicadeza, outras, com força. Aos poucos, as proporções aparecem e, como mágica, revelam a forma humana. A artesã Maria Helena Ciriane, como uma sacerdotisa das artes, profetiza que a vida não é diferente desse processo. “Atitudes firmes, outras mais leves, em certos momentos. Movimentos bruscos, e outros, bastante cuidado. A vida nos exige ser assim. É como um caos que devemos organizar. É como a argila tornando-se obra de arte”, declama a poetisa da forma. Pelo olhar, Maria Helena parece estar entre dois mundos. A parturiente das próprias mãos faz nascer o sagrado e o profano e, da mesma fornalha, mais tarde, traz santos e anjos. Tem espaço para o nu feminino e o beijo das estátuas enamoradas fundidas numa só. A cabeça do índio, a duquesa européia e a face de uma louca tomam lugar em um mesmo mundo. Do mundo inteiro também é sua arte. Ela já expôs na Itália, França, Portugal e em quase toda América Latina. A uberabense não aceita os rótulos da arte acadê-

mica. “Barroca, clássica, romântica, contemporânea, não importa. Minha arte não tem coleira, aliás, nenhuma tem. Tem dias que acordo com uma tendência barroca, em outros estou mais contemporânea”, esbraveja. Segundo Oscar Wilde, a finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma. Já para Picasso, a arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade. Ciriane diz que a arte é tudo. Desconhece sua vida sem ela, e só conhece a vida por meio dela. A autodidata não teve contato com os avós, que também foram escultores. Apesar das poucas aulas com uma “Dona Esmeralda”, desenvolveu-se nesse caminho sozinha. “Quando criança, meu brinquedo era o barro e nunca deixou de ser. Talvez esteja no sangue”, complementa, nostálgica. Ateliê de Maria Helena Ciriane: Rua Capitão Batista Machado, 349 Bairro Boa Vista


Charge

crítica por meio de formas e cores Bárbara Caretta Thiago Ferreira 5º período de Jornalismo

Foto: Arquivo Pessoal

Uma folha em branco, lápis e borracha. Uma ideia, um olhar atento, mãos ágeis, uma pitada de experiência, algumas doses de humor e os primeiros traços vão surgindo. Assim são construídas as charges. Arte em forma de crítica, tem boa receptividade com público de todas as idades. Antônio de Paula Silva e Neto, Toninho Cartoon, como é conhecido em Uberaba, há 10 anos trabalha com charges e já teve sua obra publicada pela revista de circulação nacional Veja. Ele define seu trabalho como “um hobby que me traz até uns trocadinhos”. Toninho, desde criança ,sempre teve intimidade

Toninho já desenhou mais de 500 charges

com ilustrações. Começou a fazer charges e tê-las publicadas nos jornais locais. “Infelizmente, o desenho não é suficiente para me manter. Só faço como free-lancer. Atualmente, trabalho com artes na área de Publicidade”, diz o cartunista. Na bagagem, carrega mais de 500 charges e alguns apuros, como as duas vezes em que seus desenhos foram parar nos tribunais. “Uma vez foi com um candidato a prefeito de Uberaba e fui absolvido. Na segunda, foi com um delegado. A multa chegou a 15 mil reais, mas quem arcou foi o jornal em que a charge foi publicada”, conta.

Nem sempre os retratados ficam contentes. Toninho lembra que alguns políticos já reclamaram. Algumas vezes pelo seu próprio retrato, outras pela crítica. Mas há também aqueles que procuram o trabalho do cartunista para fazer sua caricatura. “Convites de casamentos, turma de formandos e mascotes são os mais procurados”, revela. Para ser cartunista não é necessário uma licença; é um trabalho livre. Para os interessados, há a Associação dos Cartunistas do Brasil, onde é possível buscar orientação e trocar experiências com profissionais. O endereço eletrônico é www.acharge.com.br.


CALOURO: AGENDE-SE!

Cursos do Multiperiódico – a partir de 7h30 • ADMINISTRAÇÃO - Anfiteatro Biblioteca

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Cursos do Noturno – a partir das 18h30 • ADMINISTRAÇÃO - Anfiteatro Biblioteca

• FARMÁCIA - Laboratório D14

• ARQUITETURA E URBANISMO - Sala V01 • BIOMEDICINA - Sala H119

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