PURE MAGAZINE #4

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pure/ Pure Magazine / Edição quatro / Outono 2009

Cláudia Efe em entrevista Gabinetes de imprensa e showrooms Zazous, moda e jazz Shopping Personal Work by Tatiana Macedo Cinema verdE


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EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

COLABORADORES

Esta edição marca o início da nova estação Outono/ Inverno, mas na realidade os criadores acabaram de apresentar as suas colecções de Verão. Na Moda trabalha-se em avanço e quase nunca em tempo real. Na realização de editoriais, nada poderia ser mais injusto: No Verão fotografa-se Inverno e no Inverno fotografa-se Verão. Se me perguntarem, não saberei dizer qual das situações a pior, porque ambos os extremos são difíceis. Já fotografei sedas e vestidos esvoaçantes na costa da Normandia com um frio cortante e temperatura a rondar os 2ºC assim como aconchegantes lãs e confortáveis peles no pico do Verão onde o calor queima e o sol é vertical. O trabalho de equipa é neste caso primordial. A coordenação de toda a história tem de ser trabalhada com antecipação para evitar atrasos e impasses que originam cansaço e situações de stress nos manequins que são os principais alvos. Mas a fronteira entre colecções está a tornar-se mais ténue. Tanto o Verão como o Inverno tendem a diluir-se. As grandes marcas de distribuição já não trabalham duas colecções mas muitas mais e os chamados “previews” funcionam como ponte entre os dois picos de calor e frio. Felizmente já há sedas no Inverno e lãs no Verão. Os Showrooms de imprensa são importantíssimos, porque acompanham e dão apoio aos Produtores de Moda em todo este processo de escolha e divulgação das colecções. Embora todos nós, profissionais, saibamos a importância que um showroom tem na nossa área, a grande parte do público desconhece o verdadeiro objectivo deste processo. Foi por isso que decidimos nesta edição, falar dos Showrooms e do seu funcionamento. Levantamos a ponta do véu para darmos a conhecer uma área discreta mas de importância primordial no funcionamento desta máquina que é a Moda.

DIRECÇÃO / EDIÇÃO Helga Carvalho

Sara Andrade Pensou em ir para artes, mas acabou em humanidades. Estava decidida em seguir Direito, mas licenciou-se em Comunicação Social. Ironia do destino, hoje alia as duas vertentes e faz jornalismo em moda. Integra o departamento de Moda da Vogue Portugal há cerca de 4 anos e confessa que é o seu lugar ideal, porque combina o melhor dos dois mundos que adora: “Continuo a escrever sobre o que mais gosto, estilo e tendências, mas também tenho a oportunidade de acompanhar em primeira fila a realização de editoriais de moda, bem como interagir com os profissionais que fazem da indústria o que ela é”. Neste número, assina adequadamente o artigo sobre os Showrooms e a sua importância para a moda e Imprensa. Ivo Fernandes Português de 32 anos. Licenciado em engenharia Electrotécnica e computadores no IST, trabalhou durante 2 anos nesta área, quando decidiu mudar... Deixou Portugal e foi à descoberta de Barcelona em 2003, onde tirou um master em Interfaces Interactivas na Elisava. Voltou a Portugal um ano e meio de depois para vir traballhar na Action 4, como coordenador de eventos, não deixando de trabalhar em multimedia como freelance. Trabalhou 1 ano numa agência como web designer. Em 2006 dedica-se em exclusivo a ser freelance. Colabora com váias agências em Portugal, não perdendo a esperança de poder voltar a Barcelona de novo... CG Watkins Nasceu em Londres, cresceu nos subúrbios de Perth, e tentou “amadurecer” em várias cidades do Reino Unido. Actualmente vive em Paris onde fotografa para revistas e publicidade, mas o que mais adora é a oportunidade de fotografar as suas experiências de roadtrips, viagens ao estrangeiro e divertir-se com as pessoas que encontra pelo caminho. Esta é provavelmente uma das razões pelas quais gostou tanto da viagem Paris-Lisboa que fez no seu Lada para fotografar para a Pure! Marco Godinho Nasceu em Espinho em 1983. Estudou design de moda no Centro profissional da indústria têxtil (CITEX) no Porto. Ainda durante o curso faz estágio curricular na marca de vestuário RED OAK como designer de moda. Após concluir o curso aceita o convite de entrar na equipa de design da RED OAK para deselvolver as colecções de Jeanswear. Paralelamente desenvolve e apresenta colecções próprias com o nome próprio como jovem criador e desenvolve ilustrações. Vive entre Espinho e Porto Miguel Ângelo Matos Nasceu em Lisboa em 1977, mas passa mais tempo na zona de Sintra onde gosta de praticar bodyboard. Depois de se licenciar em Ciências da Comunicação pela Universiade Autónoma de Lisboa, segue para Londres com o pretexto do PG Cert em Fashion and Lifestyle do London College of Fashion, University of the Arts of London. Colaborou com as revistas Lux e LuxDECO como editor de shopping, redactor e produtor de ambientes. Agora surge a versão web, com regulares presenças no site Rua de Baixo e na Pure Magazine. Gosta de cinema realista, francês, contemporâneo. Gosta de música pop e electrónica e de rock também. E roupas claro, muitas!

Helga Carvalho

www.helgacarvalho.com

DESIGN GRÁFICO Paulo Condez, Marta Branquinho, Neuza Campos e Lourenço Salgueiro www.designbynada.com

WEB DESIGN Ivo Fernandes disturb.not@gmail.com

RELAÇÕES PÚBLICAS: Hugo Tiburccio

COLABORADORES Edição / Texto Ana Rita Clara Carlos Natálio Chiara Vecchio Francisco Vaz Fernandes Michele Santos Miguel Ângelo Matos Milene Matos Soraia do Carmo Patrícia Boto Cruz Sara Andrade Soraia do Carmo Susana Lage Fotografia CG Watkins Pedro Pacheco Ricardo Cruz Tatiana Macedo Ilustração Marco Godinho Teresa Abrunhosa

pure/ PURE MAGAZINE / EDIÇÃO QUATRO / OUTONO 2009

CATARINA WALLENSTEIN em entrevista Moda em evolução Tendências FABIEN BARON Revolução Francesa MIKIO NARUSE O ilustre desconhecido Vestuário e tecnologia

capa : Vera Fonseca (L’Agence) fotografada por Ricardo Cruz / Styling: Helga Carvalho / Maquilhagem: Chung Joo para AR Atelier / Cabelos: Wallace Marques para Samuel Rocher - Atelier de Coiffure

www.puremagazine.pt


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EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

COLABORADORES

Esta edição marca o início da nova estação Outono/ Inverno, mas na realidade os criadores acabaram de apresentar as suas colecções de Verão. Na Moda trabalha-se em avanço e quase nunca em tempo real. Na realização de editoriais, nada poderia ser mais injusto: No Verão fotografa-se Inverno e no Inverno fotografa-se Verão. Se me perguntarem, não saberei dizer qual das situações a pior, porque ambos os extremos são difíceis. Já fotografei sedas e vestidos esvoaçantes na costa da Normandia com um frio cortante e temperatura a rondar os 2ºC assim como aconchegantes lãs e confortáveis peles no pico do Verão onde o calor queima e o sol é vertical. O trabalho de equipa é neste caso primordial. A coordenação de toda a história tem de ser trabalhada com antecipação para evitar atrasos e impasses que originam cansaço e situações de stress nos manequins que são os principais alvos. Mas a fronteira entre colecções está a tornar-se mais ténue. Tanto o Verão como o Inverno tendem a diluir-se. As grandes marcas de distribuição já não trabalham duas colecções mas muitas mais e os chamados “previews” funcionam como ponte entre os dois picos de calor e frio. Felizmente já há sedas no Inverno e lãs no Verão. Os Showrooms de imprensa são importantíssimos, porque acompanham e dão apoio aos Produtores de Moda em todo este processo de escolha e divulgação das colecções. Embora todos nós, profissionais, saibamos a importância que um showroom tem na nossa área, a grande parte do público desconhece o verdadeiro objectivo deste processo. Foi por isso que decidimos nesta edição, falar dos Showrooms e do seu funcionamento. Levantamos a ponta do véu para darmos a conhecer uma área discreta mas de importância primordial no funcionamento desta máquina que é a Moda.

DIRECÇÃO / EDIÇÃO Helga Carvalho

Sara Andrade Pensou em ir para artes, mas acabou em humanidades. Estava decidida em seguir Direito, mas licenciou-se em Comunicação Social. Ironia do destino, hoje alia as duas vertentes e faz jornalismo em moda. Integra o departamento de Moda da Vogue Portugal há cerca de 4 anos e confessa que é o seu lugar ideal, porque combina o melhor dos dois mundos que adora: “Continuo a escrever sobre o que mais gosto, estilo e tendências, mas também tenho a oportunidade de acompanhar em primeira fila a realização de editoriais de moda, bem como interagir com os profissionais que fazem da indústria o que ela é”. Neste número, assina adequadamente o artigo sobre os Showrooms e a sua importância para a moda e Imprensa. Ivo Fernandes Português de 32 anos. Licenciado em engenharia Electrotécnica e computadores no IST, trabalhou durante 2 anos nesta área, quando decidiu mudar... Deixou Portugal e foi à descoberta de Barcelona em 2003, onde tirou um master em Interfaces Interactivas na Elisava. Voltou a Portugal um ano e meio de depois para vir traballhar na Action 4, como coordenador de eventos, não deixando de trabalhar em multimedia como freelance. Trabalhou 1 ano numa agência como web designer. Em 2006 dedica-se em exclusivo a ser freelance. Colabora com váias agências em Portugal, não perdendo a esperança de poder voltar a Barcelona de novo... CG Watkins Nasceu em Londres, cresceu nos subúrbios de Perth, e tentou “amadurecer” em várias cidades do Reino Unido. Actualmente vive em Paris onde fotografa para revistas e publicidade, mas o que mais adora é a oportunidade de fotografar as suas experiências de roadtrips, viagens ao estrangeiro e divertir-se com as pessoas que encontra pelo caminho. Esta é provavelmente uma das razões pelas quais gostou tanto da viagem Paris-Lisboa que fez no seu Lada para fotografar para a Pure! Marco Godinho Nasceu em Espinho em 1983. Estudou design de moda no Centro profissional da indústria têxtil (CITEX) no Porto. Ainda durante o curso faz estágio curricular na marca de vestuário RED OAK como designer de moda. Após concluir o curso aceita o convite de entrar na equipa de design da RED OAK para deselvolver as colecções de Jeanswear. Paralelamente desenvolve e apresenta colecções próprias com o nome próprio como jovem criador e desenvolve ilustrações. Vive entre Espinho e Porto Miguel Ângelo Matos Nasceu em Lisboa em 1977, mas passa mais tempo na zona de Sintra onde gosta de praticar bodyboard. Depois de se licenciar em Ciências da Comunicação pela Universiade Autónoma de Lisboa, segue para Londres com o pretexto do PG Cert em Fashion and Lifestyle do London College of Fashion, University of the Arts of London. Colaborou com as revistas Lux e LuxDECO como editor de shopping, redactor e produtor de ambientes. Agora surge a versão web, com regulares presenças no site Rua de Baixo e na Pure Magazine. Gosta de cinema realista, francês, contemporâneo. Gosta de música pop e electrónica e de rock também. E roupas claro, muitas!

Helga Carvalho

www.helgacarvalho.com

DESIGN GRÁFICO Paulo Condez, Marta Branquinho, Neuza Campos e Lourenço Salgueiro www.designbynada.com

WEB DESIGN Ivo Fernandes disturb.not@gmail.com

RELAÇÕES PÚBLICAS: Hugo Tiburccio

COLABORADORES Edição / Texto Ana Rita Clara Carlos Natálio Chiara Vecchio Francisco Vaz Fernandes Michele Santos Miguel Ângelo Matos Milene Matos Soraia do Carmo Patrícia Boto Cruz Sara Andrade Soraia do Carmo Susana Lage Fotografia CG Watkins Pedro Pacheco Ricardo Cruz Tatiana Macedo Ilustração Marco Godinho Teresa Abrunhosa

pure/ PURE MAGAZINE / EDIÇÃO QUATRO / OUTONO 2009

CATARINA WALLENSTEIN em entrevista Moda em evolução Tendências FABIEN BARON Revolução Francesa MIKIO NARUSE O ilustre desconhecido Vestuário e tecnologia

capa : Vera Fonseca (L’Agence) fotografada por Ricardo Cruz / Styling: Helga Carvalho / Maquilhagem: Chung Joo para AR Atelier / Cabelos: Wallace Marques para Samuel Rocher - Atelier de Coiffure

www.puremagazine.pt


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cláudia efe Começou a cantar através da dança e hoje é um elemento chave dos Micro Audio Waves, uma das bandas mais internacionais portuguesas. Quando entra em palco tudo brilha. Projectos não lhe faltam, como a da participação o nos desfiles de moda do criador Ricarto Preto. Temos musa! por Milene Matos

Cláudia veste vestido em veludo e organza, psc. Blazer masculino, psc, ambos, RICARDO PRETO FOTOGRAFADO POR: CG WATKINS / ASSISTIDO POR: CRISTINA PEDRO / STYLING: HELGA CARVALHO / MAKE UP& HAIR: MIGUEL MOLENA


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cláudia efe Começou a cantar através da dança e hoje é um elemento chave dos Micro Audio Waves, uma das bandas mais internacionais portuguesas. Quando entra em palco tudo brilha. Projectos não lhe faltam, como a da participação o nos desfiles de moda do criador Ricarto Preto. Temos musa! por Milene Matos

Cláudia veste vestido em veludo e organza, psc. Blazer masculino, psc, ambos, RICARDO PRETO FOTOGRAFADO POR: CG WATKINS / ASSISTIDO POR: CRISTINA PEDRO / STYLING: HELGA CARVALHO / MAKE UP& HAIR: MIGUEL MOLENA


Cláudia veste Blazer sem mangas e leggings em chifon, psc, ambos, RICARDO PRETO

Cláudia veste vestido em lamé estampado, psc, RICARDO PRETO / Chapéu em feltro, €30, PEPE JEANS


Cláudia veste Blazer sem mangas e leggings em chifon, psc, ambos, RICARDO PRETO

Cláudia veste vestido em lamé estampado, psc, RICARDO PRETO / Chapéu em feltro, €30, PEPE JEANS


Cláudia veste Blazer, €120, PEPE JEANS / Meias, WOOLFORD

Cláudia veste t-shirt em algodão e seda estampada, €65, TWENTY 8 TWELVE / Colete em pele, €498, BCBG MAX AZRIA


Cláudia veste Blazer, €120, PEPE JEANS / Meias, WOOLFORD

Cláudia veste t-shirt em algodão e seda estampada, €65, TWENTY 8 TWELVE / Colete em pele, €498, BCBG MAX AZRIA


Cláudia veste Blazer, €120, PEPE JEANS / T-shirt em algodão estampado, €31, DIESEL / Meias WOOLFORD / Sandálias em pele, €55, MANGO


dizer-lhes. O culto da personalidade em relação aos artistas e às artes plásticas tem data de validade. É uma moda que espero seja passageira porque um bom trabalho é intemporal e não precisa de uma assinatura. Se tens alguma coisa a dizer diz, senão é melhor ficares calado. E aborrece-me a arte sobre arte, aquilo que me motiva é a vida. Mas isto são desabafos. Eu tenho apenas 28 anos mas acho que falta muita maturidade a muitos jovens artistas que acabam por usar as “bengalas” conceptuais e formais de artistas mais velhos para legitimarem e “camuflarem” o facto de não terem ainda “maturado” o seu trabalho e não terem nada de verdadeiramente original para mostrar. Voltando à minha experiência académica, há uma coisa na St. Martins da qual me orgulho muito - a nossa avaliação era resultado da seguinte equação: 30% para a tese final, e o resto dividido entre a originalidade e o domínio da técnica. Isto diz muito. Discurso, originalidade e técnica é o que, para mim, faz um bom artista. E isto é resultado de anos de trabalho. Voltando ao meu trabalho, estes foram os alicerces para a busca que continuo ainda hoje. Se olharmos para os meus últimos trabalhos, a ideia de “grupo” subsiste, semelhante à questão que comecei em “Jesus and the Idiots”. Na minha última exposição, “Boys Need Yoga Too”, as mulheres de Xangai foram retratadas por mim no seu dia-a-dia, estas não são imagens encenadas por mim, há quem lhes chame snapshots, ou registos documentais, pois o que é um snapshot senão o registo da coisa mais encenada de todas que é a nossa postura no dia-a-dia? E isto leva-me de novo ao encontro da linguagem da moda, que em última análise é o estudo do comportamento e da forma como ele é encenado por cada um de nós na chamada “performance of everyday life”, comunicar com o corpo. É um lugar comum a evitar a comparação disto com Fotojornalismo, uma área completamente diferente que tem todo o seu mérito mas com uma função muito específica que é a de “ilustrar” notícias.

anteriormente, o que me levou a estudar Design de Moda durante um ano foi precisamente a sua comunicação enquanto imagem e como trabalho de autor. Gosto muito do trabalho do Juergen Teller e do Hedi Slimane, por exemplo. O trabalho da Diane Arbus, que admiro profundamente, e que é considerada uma das maiores fotógrafas americanas e das mais bem cotadas no mercado da Arte, era quase todo feito em resposta a briefings para revistas. Também o Wolfgang Tillmans que acabou por ganhar o Turner Prize , o mais conceituado prémio de Artes Visuais, começou como fotógrafo de moda. Existem muitos mais, Philip Llorca-di-Corcia, etc... Não é fácil conseguir o que eles conseguiram. Eu acho que depende muito da pessoa e há algo de inato também. O que vejo como uma das maiores diferenças entre aqueles que são verdadeiramente autores e os que por seu lado são apenas executantes de tendências, é o tempo que dedicam à pesquisa de uma linguagem própria e a pensar a imagem dissociada de fins comerciais. Um artista dá prioridade ao tempo que despende nessa pesquisa enquanto a maior parte dos fotógrafos de moda e publicidade opta por responder a briefings de forma rápida, porque nestas área tempo é dinheiro, tendo que ir ao encontro das expectativas dos clientes e acaba por não ter tempo para “maturar”, um estudo, crítica, interrogação e pesquisa da sua expressão pessoal. Como disse é uma questão de opção, de estudo, de treino do olho, e algo de inato também. Eu prefiro abdicar de certos confortos materiais para me permitir ter tempo para continuar a minha exploração pessoal como autora. Mas no meu trabalho é óbvia uma certa influência da linguagem de moda não só porque trabalho a “pessoa” e o “grupo”, a performatividade das pessoas no seu dia-a-dia (há quem lhes chame discursos identitários), o que não me aflige desde que seja entendido como “identidade” um conceito fluido e plural. Um dos objectos de estudo da minha tese foi precisamente o livro “Go-Sees” do Juergen Teller, ao qual me referi anteriormente.

A fotografia de moda tem vindo a estabelecer barreiras cada vez mais ténues com a fotografia de autor. Houve uma enorme evolução no que diz respeito a registos e novas abordagens na maneira de interpretar a moda. A fotografia de moda deixou de ter exclusivamente o papel de mostrar roupa e para ir muito mais além. Sentes-te de alguma maneira atraída por esta área e achas que existe alguma influência de registos deste género no teu trabalho? Sim, claro. Como disse

Quais os fotógrafos que te influenciam ou que poderão ser uma referência para o teu trabalho? Robert Frank, Rineke Dijkstra, Paul Graham, Juergen Teller, Wolfgang TIllmans, Bertien Van Manen, Daido Moryiama, Helen Van Meene, Diane Arbus, Boris Mikhailov, Raymond Depardon, Larry Clark, Patrick Faigenbaum...são tantos, alguns já referi atrás... vejo uma certa identificação do meu trabalho com o trabalho de algumas fotógrafas holandesas. Existe no Norte da

Europa uma grande tradição de fotografia e de retrato. Será que nasci no país errado?...

Achas possível viver da fotografia de Arte sem ter de recorrer a estratégias mais comerciais? O meu objectivo último é esse, mas é muito difícil em Portugal. Nos EUA, por exemplo, investir em fotografia é tão ou mais rentável que investir na Bolsa. Mas há trabalhos que me são encomendados que me dão imenso gozo fazer e se tornam desafios para mim, como por exemplo o convite que me foi feito o ano passado para fazer um ensaio fotográfico sobre Lisboa para o Livro “Lisboa Mistura”. Ou o painel que fiz para o muro da Fundação Calouste Gulbenkian em que fotografei um grupo de jovens em Carcavelos, tocando na ferida do Arrastão e que teve enorme impacto mediático. E por que não

experimentar algo relacionado com a fotografia de moda no sentido autoral? Dou o melhor de mim em tudo o que faço. Conheço muitos artistas que paralelamente desenvolvem trabalhos comerciais, simplesmente uns assumem e outros não. E como sou viciada em música tenho como hobby o Dj’ing. Imaginas-te a futuramente a continuar a trabalhar no registo fotográfico, ou gostarias de explorar outras áreas? Também sou uma apaixonada por cinema que é fotografia 24 vezes por segundo e na St. Martins frequentei um seminário ministrado pela Clare Lofting intitulado “Visual Pleasure in Narrative Cinema”. O tempo e o som aliados à imagem é algo que futuramente gostaria de juntar à minha prática, mas de momento, muito se pode passar na superfície de uma única imagem...em projectos recentes comecei a usar novamente o vídeo,

num futuro próximo poderão ver trabalhos meus em que a still image vai estar lado a lado com o vídeo. Projectos para um futuro próximo... Lançar o meu artist book “Luso-Tropicália” algo em que estou a trabalhar há já dois anos, e que conta com uma introdução muito interessante do Miguel Vale de Almeida a respeito do meu trabalho; apresentar três trabalhos inéditos que estou neste momento a editar, um deles feito no Museu de Arte Contemporânea MOCA em Xangai, outro relacionado precisamente com o culto da personalidade e ainda um outro vazio de presença humana. E o resto é surpresa! Mas quero sobretudo continuar a fotografar e a mostrar tanto trabalho que já fiz e que ainda não tive oportunidade de mostrar devido aos elevados custos associados à produção de uma exposição. Outros projectos prestam-se mais ao formato livro,

que me agrada bastante. Pena termos um meio editoral pequeno nesta área, acabam por ser os próprios artistas a fazer edições de autor ou a criar as suas próprias editoras. Num futuro muito próximo terei os meus websites actualizados, um com o meu trabalho artístico: www.tatianamacedo.com e outro que é um projecto a nascer com commissioned work que tenho feito e que se vai chamar “Oh Captain My Captain”. Também não ponho de lado a ideia de voltar a sair para fazer um Mestrado. Let the future come e veremos, quando o futuro for presente.


dizer-lhes. O culto da personalidade em relação aos artistas e às artes plásticas tem data de validade. É uma moda que espero seja passageira porque um bom trabalho é intemporal e não precisa de uma assinatura. Se tens alguma coisa a dizer diz, senão é melhor ficares calado. E aborrece-me a arte sobre arte, aquilo que me motiva é a vida. Mas isto são desabafos. Eu tenho apenas 28 anos mas acho que falta muita maturidade a muitos jovens artistas que acabam por usar as “bengalas” conceptuais e formais de artistas mais velhos para legitimarem e “camuflarem” o facto de não terem ainda “maturado” o seu trabalho e não terem nada de verdadeiramente original para mostrar. Voltando à minha experiência académica, há uma coisa na St. Martins da qual me orgulho muito - a nossa avaliação era resultado da seguinte equação: 30% para a tese final, e o resto dividido entre a originalidade e o domínio da técnica. Isto diz muito. Discurso, originalidade e técnica é o que, para mim, faz um bom artista. E isto é resultado de anos de trabalho. Voltando ao meu trabalho, estes foram os alicerces para a busca que continuo ainda hoje. Se olharmos para os meus últimos trabalhos, a ideia de “grupo” subsiste, semelhante à questão que comecei em “Jesus and the Idiots”. Na minha última exposição, “Boys Need Yoga Too”, as mulheres de Xangai foram retratadas por mim no seu dia-a-dia, estas não são imagens encenadas por mim, há quem lhes chame snapshots, ou registos documentais, pois o que é um snapshot senão o registo da coisa mais encenada de todas que é a nossa postura no dia-a-dia? E isto leva-me de novo ao encontro da linguagem da moda, que em última análise é o estudo do comportamento e da forma como ele é encenado por cada um de nós na chamada “performance of everyday life”, comunicar com o corpo. É um lugar comum a evitar a comparação disto com Fotojornalismo, uma área completamente diferente que tem todo o seu mérito mas com uma função muito específica que é a de “ilustrar” notícias.

anteriormente, o que me levou a estudar Design de Moda durante um ano foi precisamente a sua comunicação enquanto imagem e como trabalho de autor. Gosto muito do trabalho do Juergen Teller e do Hedi Slimane, por exemplo. O trabalho da Diane Arbus, que admiro profundamente, e que é considerada uma das maiores fotógrafas americanas e das mais bem cotadas no mercado da Arte, era quase todo feito em resposta a briefings para revistas. Também o Wolfgang Tillmans que acabou por ganhar o Turner Prize , o mais conceituado prémio de Artes Visuais, começou como fotógrafo de moda. Existem muitos mais, Philip Llorca-di-Corcia, etc... Não é fácil conseguir o que eles conseguiram. Eu acho que depende muito da pessoa e há algo de inato também. O que vejo como uma das maiores diferenças entre aqueles que são verdadeiramente autores e os que por seu lado são apenas executantes de tendências, é o tempo que dedicam à pesquisa de uma linguagem própria e a pensar a imagem dissociada de fins comerciais. Um artista dá prioridade ao tempo que despende nessa pesquisa enquanto a maior parte dos fotógrafos de moda e publicidade opta por responder a briefings de forma rápida, porque nestas área tempo é dinheiro, tendo que ir ao encontro das expectativas dos clientes e acaba por não ter tempo para “maturar”, um estudo, crítica, interrogação e pesquisa da sua expressão pessoal. Como disse é uma questão de opção, de estudo, de treino do olho, e algo de inato também. Eu prefiro abdicar de certos confortos materiais para me permitir ter tempo para continuar a minha exploração pessoal como autora. Mas no meu trabalho é óbvia uma certa influência da linguagem de moda não só porque trabalho a “pessoa” e o “grupo”, a performatividade das pessoas no seu dia-a-dia (há quem lhes chame discursos identitários), o que não me aflige desde que seja entendido como “identidade” um conceito fluido e plural. Um dos objectos de estudo da minha tese foi precisamente o livro “Go-Sees” do Juergen Teller, ao qual me referi anteriormente.

A fotografia de moda tem vindo a estabelecer barreiras cada vez mais ténues com a fotografia de autor. Houve uma enorme evolução no que diz respeito a registos e novas abordagens na maneira de interpretar a moda. A fotografia de moda deixou de ter exclusivamente o papel de mostrar roupa e para ir muito mais além. Sentes-te de alguma maneira atraída por esta área e achas que existe alguma influência de registos deste género no teu trabalho? Sim, claro. Como disse

Quais os fotógrafos que te influenciam ou que poderão ser uma referência para o teu trabalho? Robert Frank, Rineke Dijkstra, Paul Graham, Juergen Teller, Wolfgang TIllmans, Bertien Van Manen, Daido Moryiama, Helen Van Meene, Diane Arbus, Boris Mikhailov, Raymond Depardon, Larry Clark, Patrick Faigenbaum...são tantos, alguns já referi atrás... vejo uma certa identificação do meu trabalho com o trabalho de algumas fotógrafas holandesas. Existe no Norte da

Europa uma grande tradição de fotografia e de retrato. Será que nasci no país errado?...

Achas possível viver da fotografia de Arte sem ter de recorrer a estratégias mais comerciais? O meu objectivo último é esse, mas é muito difícil em Portugal. Nos EUA, por exemplo, investir em fotografia é tão ou mais rentável que investir na Bolsa. Mas há trabalhos que me são encomendados que me dão imenso gozo fazer e se tornam desafios para mim, como por exemplo o convite que me foi feito o ano passado para fazer um ensaio fotográfico sobre Lisboa para o Livro “Lisboa Mistura”. Ou o painel que fiz para o muro da Fundação Calouste Gulbenkian em que fotografei um grupo de jovens em Carcavelos, tocando na ferida do Arrastão e que teve enorme impacto mediático. E por que não

experimentar algo relacionado com a fotografia de moda no sentido autoral? Dou o melhor de mim em tudo o que faço. Conheço muitos artistas que paralelamente desenvolvem trabalhos comerciais, simplesmente uns assumem e outros não. E como sou viciada em música tenho como hobby o Dj’ing. Imaginas-te a futuramente a continuar a trabalhar no registo fotográfico, ou gostarias de explorar outras áreas? Também sou uma apaixonada por cinema que é fotografia 24 vezes por segundo e na St. Martins frequentei um seminário ministrado pela Clare Lofting intitulado “Visual Pleasure in Narrative Cinema”. O tempo e o som aliados à imagem é algo que futuramente gostaria de juntar à minha prática, mas de momento, muito se pode passar na superfície de uma única imagem...em projectos recentes comecei a usar novamente o vídeo,

num futuro próximo poderão ver trabalhos meus em que a still image vai estar lado a lado com o vídeo. Projectos para um futuro próximo... Lançar o meu artist book “Luso-Tropicália” algo em que estou a trabalhar há já dois anos, e que conta com uma introdução muito interessante do Miguel Vale de Almeida a respeito do meu trabalho; apresentar três trabalhos inéditos que estou neste momento a editar, um deles feito no Museu de Arte Contemporânea MOCA em Xangai, outro relacionado precisamente com o culto da personalidade e ainda um outro vazio de presença humana. E o resto é surpresa! Mas quero sobretudo continuar a fotografar e a mostrar tanto trabalho que já fiz e que ainda não tive oportunidade de mostrar devido aos elevados custos associados à produção de uma exposição. Outros projectos prestam-se mais ao formato livro,

que me agrada bastante. Pena termos um meio editoral pequeno nesta área, acabam por ser os próprios artistas a fazer edições de autor ou a criar as suas próprias editoras. Num futuro muito próximo terei os meus websites actualizados, um com o meu trabalho artístico: www.tatianamacedo.com e outro que é um projecto a nascer com commissioned work que tenho feito e que se vai chamar “Oh Captain My Captain”. Também não ponho de lado a ideia de voltar a sair para fazer um Mestrado. Let the future come e veremos, quando o futuro for presente.


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cinema verde CINEMA

Depois do cinema sonoro e da cor, eis senhores, o “cinema verde” Por Carlos Natálio Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Uma verdade incontestável. Mas quem estiver mais ou menos atento, sabe por certo, que, por agora, a mudança de ambos é tanto um ideal como um negócio. E, porque não dizê-lo, uma moda? Expressões como “less is the new more” ou “gay is the new black” carregam na sua ideia de transformação, a vontade de regresso ao básico: simples, felizes e eficientes parecem definir a saúde emocional da contemporaneidade. Recentemente, há mais um fetiche a ter em conta: “green is the new gold”. Impossível não reparar nas campanhas ecológicas que se instalaram em quase todos os sectores da actividade humana e com elas trouxeram discursos acesos, novas oportunidades de trabalho e novos rituais de afirmação. No seio de um movimento ainda pouco discernível, ainda demasiado coração e pouca cabeça, a ideia comum é simples: salvar o planeta é fácil e está nas mãos de cada um. O cinema enquanto arte popular, de enorme exposição mediática, desde cedo se afirmou como um medium por excelência poderoso para transmitir mensagens políticas. E claro, a cor política da moda é o verde. Desta feita, o cinema tem-se multiplicado em mensagens ecológicas, com as suas estrelas a dedicarem parte da sua agenda social à sensibilização dos seus públicos para a poluição do planeta e para o uso de energias e produtos renováveis. Claro que neste manifesto é tão importante o que se diz como o que se faz ou o que se veste. Por isso, sites como o ecorazzi alimentam-se já duma mistura de paparazzi que expõe a relação das estrelas da cultura pop com o dito green mouvement. Esta generação já tem nome, a “e-generation” - onde o “e” significa “environment”. Em redor dela, multiplicam-se os eventos onde as estrelas surgem trazidas por limusinas movidas a combustíveis não poluentes, desfilando em passereles ecológicas, com roupas feitas de materiais recicláveis. E esta geração expõe avidamente telemóveis, painéis solares, computadores e outros objectos agora transformados para acompanhar essa maré verde. Deste caos ecológico todas as grandes marcas querem fazer parte o mais rapidamente possível porque percebem que por trás de um verde, outro verde se esconde. Por exemplo, a campanha “GUESS is green” fez disparar as vendas da conhecida marca no passado recente. Além do lado expositivo e da parafernália, o cinema mainstream tem usado crescentemente o seu screen time para veicular essas mensagens

ecológicas. São cada vez mais os filmes que lidam com a questão da poluição do planeta. São cada vez mais as cenas em que as personagens agem de forma sustentável: separam o lixo, consomem produtos recicláveis ou até no simples acto de desligar a luz quando saiem de uma divisão na sua casa. São chamadas as formas subtis de tornar os argumentos de Hollywood mais “verdes”. Com toda esta revolução em curso poderia surgir, de alguma forma, como um paradoxo que o cinema se prontificasse a veicular este novo estilo de vida saudável e não se esforçasse, ele próprio, enquanto fábrica de objectos audiovisuais, por produzir essas imagens e esses sons de forma ecológica. Por isso, a sétima arte está em plena transformação, transformação essa cujo termo se prevê num sistema audiovisual que não utilize combustíveis fósseis. Um cinema que, no extremo, consiga mostrar imagens de extrema destruição do planeta, como a bomba atómica, por exemplo, e fazê-lo de forma sustentável. Tudo começou em 2006 quando a UCLA (Universidade da California em Los Angeles) publicou um estudo entitulado “Sustentabilidade na Indústria Cinematográfica”. Entre outras coisas, o estudo demonstrava que a indústria de Hollywood produzia um impacto no ecossistema californiano superior à indústria aeronáutica. Estudou-se sector a sector da produção de um filme, desde a concepção da ideia, à distribuição, passando pelas rodagens, avaliando o impacto de cada etapa no ambiente. Concluiu-se que era sobretudo no consumo de energia, que à indústria cinematográfica estava associado, que se podiam melhorar procedimentos e minimizar a pegada de carbono que o cinema deixa atrás de si. Na sequência deste estudos outros se seguiram, confirmando o cinema como uma indústria poluente, incitando a uma tomada de posição. O que se seguiu foi rápido e indistinto. Começaram a surgir grupos de cineastas, depois organizações, nos Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia que tinham como primeiro objectivo localizar e quantificar a pegada de carbono das suas produções de cinema. Depois, os primeiros esforços da sétima arte foram ainda no domínio do “ofsetting” (quantificar o prejuízo ambiental de determinada actividade e compensá-la monetariamente, suportando investigação e causas ambientais de organizações especializadas). O blockbuster “Syriana”de Stephen Gaghan, de 2005, já lá vão quatro anos, foi o primeiro filme a anunciar orgulhosamente

essa preocupação de compensar o seu lastro poluente. Mas cedo se chegou à conclusão que essa era uma estratégia de minimização e não resolução do problema. Movimentos como o “Green Code Project” no Canadá, ou o “Greening the Screen” na Nova Zelêndia, popularizaram-se, concebendo códigos detalhadíssimos, por sector, dos melhores procedimentos a adoptar numa produção cinematográfica. Estes contêm medidas tão variadas como a substituição das lâmpadas nos sets, construção de cenários recicláveis ou a minimização do uso de energias não renováveis. E rapidamente passaram a ter aplicação com invejáveis vantagens para o planeta e, surpresa ou não, poupança de dinheiro na ordem dos milhares. O gigante Warner Brothers, um dos estúdios mais empenhados nesta viragem na forma de fazer entertenimento, avança no seu site, por exemplo, que poupa cerca de um milhão de dólares por mês apenas com a substituição da iluminação dos seus estúdios por lâmpadas menos poluentes. Ou a Walt Disney, que quando anunciou a sua campanha de impressão de argumentos em dupla página (com as alterações a surgirem em attachments, de preferência electrónicos), espantou meio mundo com os ganhos orçamentais. E eis-nos chegados ao presente. Hoje todos os estúdios têm o seu código de procedimentos

ecológicos e não se passa uma semana sem que não seja anunciada a não dependêndia de energias fósseis num novo canal de televisão ou popular série. Entre muitos, contam-se os já ecológicos, “American Idols”, “24”, “Futurama”, “Lost”, etc. A fechar o círculo, surge uma quantidade enorme de pequenos negócios que populam em torno da indústria audiovisual, cada um com diferentes produtos e serviços que ajudam ao novo “cinema verde”. Há para todos os gostos: desde empresas de catering com produtos biológicos, rent a cars com veículos movidos a gás, empresas que se encarregam da reciclagem de lixo e outros produtos durante as rodagens, etc. Com a cimeira de Copenhaga, onde se irá discutir o sucessor do polémico Protocolo de Quioto, a poucos meses de distância, o cinema parece avançar a passos largos para se tornar uma indústria completamente sustentável. Por muito que neste movimento haja espaços para aspirantes a milionários, cínicos e outros green washers, o certo é que o movimento de ecologização da actividade humana é apenas uma manifestação da necessidade do Homem se aperfeiçoar. Se sabemos como fazer as coisas de forma mais eficiente e mais acéptica porque não fazê-lo? Afinal, mudam-se os tempos, mantém-se a inteligência...


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cinema verde CINEMA

Depois do cinema sonoro e da cor, eis senhores, o “cinema verde” Por Carlos Natálio Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Uma verdade incontestável. Mas quem estiver mais ou menos atento, sabe por certo, que, por agora, a mudança de ambos é tanto um ideal como um negócio. E, porque não dizê-lo, uma moda? Expressões como “less is the new more” ou “gay is the new black” carregam na sua ideia de transformação, a vontade de regresso ao básico: simples, felizes e eficientes parecem definir a saúde emocional da contemporaneidade. Recentemente, há mais um fetiche a ter em conta: “green is the new gold”. Impossível não reparar nas campanhas ecológicas que se instalaram em quase todos os sectores da actividade humana e com elas trouxeram discursos acesos, novas oportunidades de trabalho e novos rituais de afirmação. No seio de um movimento ainda pouco discernível, ainda demasiado coração e pouca cabeça, a ideia comum é simples: salvar o planeta é fácil e está nas mãos de cada um. O cinema enquanto arte popular, de enorme exposição mediática, desde cedo se afirmou como um medium por excelência poderoso para transmitir mensagens políticas. E claro, a cor política da moda é o verde. Desta feita, o cinema tem-se multiplicado em mensagens ecológicas, com as suas estrelas a dedicarem parte da sua agenda social à sensibilização dos seus públicos para a poluição do planeta e para o uso de energias e produtos renováveis. Claro que neste manifesto é tão importante o que se diz como o que se faz ou o que se veste. Por isso, sites como o ecorazzi alimentam-se já duma mistura de paparazzi que expõe a relação das estrelas da cultura pop com o dito green mouvement. Esta generação já tem nome, a “e-generation” - onde o “e” significa “environment”. Em redor dela, multiplicam-se os eventos onde as estrelas surgem trazidas por limusinas movidas a combustíveis não poluentes, desfilando em passereles ecológicas, com roupas feitas de materiais recicláveis. E esta geração expõe avidamente telemóveis, painéis solares, computadores e outros objectos agora transformados para acompanhar essa maré verde. Deste caos ecológico todas as grandes marcas querem fazer parte o mais rapidamente possível porque percebem que por trás de um verde, outro verde se esconde. Por exemplo, a campanha “GUESS is green” fez disparar as vendas da conhecida marca no passado recente. Além do lado expositivo e da parafernália, o cinema mainstream tem usado crescentemente o seu screen time para veicular essas mensagens

ecológicas. São cada vez mais os filmes que lidam com a questão da poluição do planeta. São cada vez mais as cenas em que as personagens agem de forma sustentável: separam o lixo, consomem produtos recicláveis ou até no simples acto de desligar a luz quando saiem de uma divisão na sua casa. São chamadas as formas subtis de tornar os argumentos de Hollywood mais “verdes”. Com toda esta revolução em curso poderia surgir, de alguma forma, como um paradoxo que o cinema se prontificasse a veicular este novo estilo de vida saudável e não se esforçasse, ele próprio, enquanto fábrica de objectos audiovisuais, por produzir essas imagens e esses sons de forma ecológica. Por isso, a sétima arte está em plena transformação, transformação essa cujo termo se prevê num sistema audiovisual que não utilize combustíveis fósseis. Um cinema que, no extremo, consiga mostrar imagens de extrema destruição do planeta, como a bomba atómica, por exemplo, e fazê-lo de forma sustentável. Tudo começou em 2006 quando a UCLA (Universidade da California em Los Angeles) publicou um estudo entitulado “Sustentabilidade na Indústria Cinematográfica”. Entre outras coisas, o estudo demonstrava que a indústria de Hollywood produzia um impacto no ecossistema californiano superior à indústria aeronáutica. Estudou-se sector a sector da produção de um filme, desde a concepção da ideia, à distribuição, passando pelas rodagens, avaliando o impacto de cada etapa no ambiente. Concluiu-se que era sobretudo no consumo de energia, que à indústria cinematográfica estava associado, que se podiam melhorar procedimentos e minimizar a pegada de carbono que o cinema deixa atrás de si. Na sequência deste estudos outros se seguiram, confirmando o cinema como uma indústria poluente, incitando a uma tomada de posição. O que se seguiu foi rápido e indistinto. Começaram a surgir grupos de cineastas, depois organizações, nos Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia que tinham como primeiro objectivo localizar e quantificar a pegada de carbono das suas produções de cinema. Depois, os primeiros esforços da sétima arte foram ainda no domínio do “ofsetting” (quantificar o prejuízo ambiental de determinada actividade e compensá-la monetariamente, suportando investigação e causas ambientais de organizações especializadas). O blockbuster “Syriana”de Stephen Gaghan, de 2005, já lá vão quatro anos, foi o primeiro filme a anunciar orgulhosamente

essa preocupação de compensar o seu lastro poluente. Mas cedo se chegou à conclusão que essa era uma estratégia de minimização e não resolução do problema. Movimentos como o “Green Code Project” no Canadá, ou o “Greening the Screen” na Nova Zelêndia, popularizaram-se, concebendo códigos detalhadíssimos, por sector, dos melhores procedimentos a adoptar numa produção cinematográfica. Estes contêm medidas tão variadas como a substituição das lâmpadas nos sets, construção de cenários recicláveis ou a minimização do uso de energias não renováveis. E rapidamente passaram a ter aplicação com invejáveis vantagens para o planeta e, surpresa ou não, poupança de dinheiro na ordem dos milhares. O gigante Warner Brothers, um dos estúdios mais empenhados nesta viragem na forma de fazer entertenimento, avança no seu site, por exemplo, que poupa cerca de um milhão de dólares por mês apenas com a substituição da iluminação dos seus estúdios por lâmpadas menos poluentes. Ou a Walt Disney, que quando anunciou a sua campanha de impressão de argumentos em dupla página (com as alterações a surgirem em attachments, de preferência electrónicos), espantou meio mundo com os ganhos orçamentais. E eis-nos chegados ao presente. Hoje todos os estúdios têm o seu código de procedimentos

ecológicos e não se passa uma semana sem que não seja anunciada a não dependêndia de energias fósseis num novo canal de televisão ou popular série. Entre muitos, contam-se os já ecológicos, “American Idols”, “24”, “Futurama”, “Lost”, etc. A fechar o círculo, surge uma quantidade enorme de pequenos negócios que populam em torno da indústria audiovisual, cada um com diferentes produtos e serviços que ajudam ao novo “cinema verde”. Há para todos os gostos: desde empresas de catering com produtos biológicos, rent a cars com veículos movidos a gás, empresas que se encarregam da reciclagem de lixo e outros produtos durante as rodagens, etc. Com a cimeira de Copenhaga, onde se irá discutir o sucessor do polémico Protocolo de Quioto, a poucos meses de distância, o cinema parece avançar a passos largos para se tornar uma indústria completamente sustentável. Por muito que neste movimento haja espaços para aspirantes a milionários, cínicos e outros green washers, o certo é que o movimento de ecologização da actividade humana é apenas uma manifestação da necessidade do Homem se aperfeiçoar. Se sabemos como fazer as coisas de forma mais eficiente e mais acéptica porque não fazê-lo? Afinal, mudam-se os tempos, mantém-se a inteligência...


nas fronteiras do rea /al Arte

Khalil Joreige e Joana Hadjithomas Cinema libanês contemporâneo por Francisco Vaz Fernandes

Num quadro de guerra, o registo e pesquisa documental que garanta elementos de prova, são algumas das formas que dirigem/traçam a filmografia dos libaneses Khalil Joreige e Joana Hadjithomas recentemente homenageados na 17ª edição das Curtas de Vila do Conde. 0s cineastas tornaram-se conhecidos por recorrerem a imagens de arquivos públicos ou pessoais para engendrarem destruições e desaparecimentos com evocações a um real próximo e vivido. Por isso, todo o seu cinema é uma permanente interrogação sobre o poder da representação das suas imagens, a sua capacidade de repor a verdade e o real vivido. Interrogam-se ainda sobre o que essas imagens representam em termos individuais e colectivos, sobre a forma como configuram a figura da vítima e do herói nesse cenário de guerra. Conduzindo um cinema de inspiração documental Khalil Joreige e Joana Hadjithomas procuram enfrentar o real de uma forma tão improvável que grande parte das suas cenas ganha uma aparente dimensão ficcional sendo a barreira com o real bastante diminuta. Isso é muito evidente na sua última longa-metragem “Je Veut Voir “ que tem Catherine de Deneuve como protagonista. Convocada como actriz e testemunha, empresta a sua figura icónica para enfatizar uma errância incrédula por um território estilhaçado pelas guerras. Deneuve deu um empurrão definitivo na carreira do casal, que chegou a Cannes com este filme tendo sido unanimemente aclamado. Desta forma, o cinema de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas pode chegar a um público muito mais vasto e merecer várias retrospectivas recentes, entre as quais, a de Vila do Conde. A retrospectiva nas Curtas de Vila do Conde A retrospectiva de Vila do Conde esteve dividida em dois momentos, um expositivo e outro projectivo. Em exposição estiveram presentes seis instalações vídeo enquanto que na sala de projecção (integrada no calendário de projecções das Curtas) encontraram-se os seus dois filmes mais recentes e as duas curtas mais antigas. Relativamente à exposição, é de destacar Lasting Images (2003) que, projecta três minutos de um filme Super-8 realizado por um tio de Joreige, que foi raptado durante a guerra civil, não deixando traços do seu destino, tal como aconteceria a mais de 17 mil outros libaneses.

1

O filme encontrado, estava bastante danificado, quase em branco tendo sido submetido a vários processos recuperação de cor. O que se pode ver agora são trechos muito deslavados onde se reconhece vagamente algumas formas mas que não ajudam no sentido geral. Por isso é um filme basicamente imperceptível, que no evidente desaparecimento do seu registo com o tempo, empresta um sentido de coisa ininteligível, um gesto que para os autores substancia o desaparecimento do tio. Numa outra obra, “Distracted Bullets” (2006) volta a evocar as marcas mais indizíveis da guerra do Líbano. Mostra cinco vistas nocturnas de Beirute captadas a partir de uma das suas colinas, em momentos diferentes que passam separadamente em cinco monitores vídeo. Ou seja, cada gravação vídeo mostra um plano aéreo marcado por uma festividade, dando conta da tipografia da cidade, dos bairros que celebram e dos que permanecem em silêncio. Sobressaiem neste trabalho as suas divisões profundas, as diferenças entre comunidades que coabitam e que marcam o território urbano. Na verdade, na primeira impressão não ficamos com sensação de estar a viver um momento de festividade, antes pelo contrário, um episódio afastado de guerra aberta no interior da cidade, dado o número de disparos e os gritos abafados que ouvimos. O rebentar do fogo de artifício vem apaziguar a dúvida, mas ao mesmo tempo, vem-nos relembrar que no rubro da felicidade, muitas dessas balas perdidas terminam em tragédia, com algumas pessoas mortas. É esse o retrato final de uma sociedade violenta, que os realizadores procuram revelar, enfatizando a pequena fronteira que existe entre a felicidade e o desespero na sua sociedade. Já mais conhecida e aplaudida, pode-se ainda ver nesta exposição, a dupla projecção vídeo de Khiam (2001-07). Neste trabalho temos o testemunho de seis prisioneiros junto dos destroços daquilo que foi um campo de concentração. Lamentam-se sobre a transformação do local e no fundo, sobre a falta de um suporte credível que guarde os vestígios da insuportável realidade que viveram e que não podem ser contidos num museu que se constrói para esse efeito. 2

1 Curta metragem, “Lasting Images” (2003) / 2 Curta metragem, “Distracted Bullets” (2006)


nas fronteiras do rea /al Arte

Khalil Joreige e Joana Hadjithomas Cinema libanês contemporâneo por Francisco Vaz Fernandes

Num quadro de guerra, o registo e pesquisa documental que garanta elementos de prova, são algumas das formas que dirigem/traçam a filmografia dos libaneses Khalil Joreige e Joana Hadjithomas recentemente homenageados na 17ª edição das Curtas de Vila do Conde. 0s cineastas tornaram-se conhecidos por recorrerem a imagens de arquivos públicos ou pessoais para engendrarem destruições e desaparecimentos com evocações a um real próximo e vivido. Por isso, todo o seu cinema é uma permanente interrogação sobre o poder da representação das suas imagens, a sua capacidade de repor a verdade e o real vivido. Interrogam-se ainda sobre o que essas imagens representam em termos individuais e colectivos, sobre a forma como configuram a figura da vítima e do herói nesse cenário de guerra. Conduzindo um cinema de inspiração documental Khalil Joreige e Joana Hadjithomas procuram enfrentar o real de uma forma tão improvável que grande parte das suas cenas ganha uma aparente dimensão ficcional sendo a barreira com o real bastante diminuta. Isso é muito evidente na sua última longa-metragem “Je Veut Voir “ que tem Catherine de Deneuve como protagonista. Convocada como actriz e testemunha, empresta a sua figura icónica para enfatizar uma errância incrédula por um território estilhaçado pelas guerras. Deneuve deu um empurrão definitivo na carreira do casal, que chegou a Cannes com este filme tendo sido unanimemente aclamado. Desta forma, o cinema de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas pode chegar a um público muito mais vasto e merecer várias retrospectivas recentes, entre as quais, a de Vila do Conde. A retrospectiva nas Curtas de Vila do Conde A retrospectiva de Vila do Conde esteve dividida em dois momentos, um expositivo e outro projectivo. Em exposição estiveram presentes seis instalações vídeo enquanto que na sala de projecção (integrada no calendário de projecções das Curtas) encontraram-se os seus dois filmes mais recentes e as duas curtas mais antigas. Relativamente à exposição, é de destacar Lasting Images (2003) que, projecta três minutos de um filme Super-8 realizado por um tio de Joreige, que foi raptado durante a guerra civil, não deixando traços do seu destino, tal como aconteceria a mais de 17 mil outros libaneses.

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O filme encontrado, estava bastante danificado, quase em branco tendo sido submetido a vários processos recuperação de cor. O que se pode ver agora são trechos muito deslavados onde se reconhece vagamente algumas formas mas que não ajudam no sentido geral. Por isso é um filme basicamente imperceptível, que no evidente desaparecimento do seu registo com o tempo, empresta um sentido de coisa ininteligível, um gesto que para os autores substancia o desaparecimento do tio. Numa outra obra, “Distracted Bullets” (2006) volta a evocar as marcas mais indizíveis da guerra do Líbano. Mostra cinco vistas nocturnas de Beirute captadas a partir de uma das suas colinas, em momentos diferentes que passam separadamente em cinco monitores vídeo. Ou seja, cada gravação vídeo mostra um plano aéreo marcado por uma festividade, dando conta da tipografia da cidade, dos bairros que celebram e dos que permanecem em silêncio. Sobressaiem neste trabalho as suas divisões profundas, as diferenças entre comunidades que coabitam e que marcam o território urbano. Na verdade, na primeira impressão não ficamos com sensação de estar a viver um momento de festividade, antes pelo contrário, um episódio afastado de guerra aberta no interior da cidade, dado o número de disparos e os gritos abafados que ouvimos. O rebentar do fogo de artifício vem apaziguar a dúvida, mas ao mesmo tempo, vem-nos relembrar que no rubro da felicidade, muitas dessas balas perdidas terminam em tragédia, com algumas pessoas mortas. É esse o retrato final de uma sociedade violenta, que os realizadores procuram revelar, enfatizando a pequena fronteira que existe entre a felicidade e o desespero na sua sociedade. Já mais conhecida e aplaudida, pode-se ainda ver nesta exposição, a dupla projecção vídeo de Khiam (2001-07). Neste trabalho temos o testemunho de seis prisioneiros junto dos destroços daquilo que foi um campo de concentração. Lamentam-se sobre a transformação do local e no fundo, sobre a falta de um suporte credível que guarde os vestígios da insuportável realidade que viveram e que não podem ser contidos num museu que se constrói para esse efeito. 2

1 Curta metragem, “Lasting Images” (2003) / 2 Curta metragem, “Distracted Bullets” (2006)


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Os autores voltam novamente à questão complexa da representação das imagens, sendo o cerne do problema, a questão da representação da política vexatória dos prisioneiros. Para os realizadores não importa só empolar os episódios de sobrevivência desses seis homens mas também a tentativa de esquecimento de toda uma sociedade que procura apagar a sua história recente. Para todos os efeitos, Khiam baseia-se na oportunidade de fazer com que os destroços possibilitem a emergência de palavras e no poder do cinema para mudar o curso dos acontecimentos. Ele cumpre assim o seu dever de memória. É um filme que ganha ainda um outro valor simbólico já que o seu o contexto de produção medeia seis anos, simbolicamente um período em que após o fim da retirada israelita do território libanês em 2000, nasce a preocupação de alguns intelectuais libaneses desenvolverem a promoção de uma cultura árabe contemporânea, experimental e crítica. Khiam de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas destacam-se por muitas razões e pela necessidade de discutir um projecto cultural a médio prazo, na sua própria cidade e no seu próprio contexto. As longas metragens

5

Relativamente aos filmes projectados, obviamente ganham destaque as suas duas únicas longas metragens, Perfect Day e Je Veut Voir. No primeiro, os realizadores entram no terreno ficcional tendo em conta as suas próprias experiências pessoais e colectivas explorando o tema da perda. Nesse filme, as duas personagens principais, mãe e filho, vivem a perda do amor. A mãe, a do marido desaparecido há mais quinze anos na guerra, e o filho, a da namorada que cortou com a relação. Perfect Day marca o dia em que a mãe aceita definitivamente a morte do marido começando todo o processo de luto e o filho reencontra a namorada. Perda e esperança jogam-se aqui como metáforas da vida. Já o último filme, Je Veut Voir, o lado documental, que caracterizou sempre a sua obra, volta a ser mais marcante. Este filme que passou recentemente no circuito comercial português, parece ser uma tentativa de percurso topográfico onde mais do que a representação dos factos, o que está em jogo é a sua apresentação. Todo o percurso demonstrativo e testemunhal

faz-se pela mão de Catherine Deneuve e do seu par, o actor libanês Rabih Mroué. O que vamos descobrindo é um território em estado de caos, devastado pelas bombas de Israel contra o Hezbollah em 2006. A actriz desloca-se como espectadora. Toda a extensão do cenário é-nos dado pelos olhos de Deneuve, pela sua curiosidade e testemunho de um país devastado. A esse propósito, podíamos falar de um ressurgimento de cinema directo e de intervenção. No entanto, o filme não se torna muito explicativo nem sequer especulativo. Os realizadores optam muitas vezes pelo silêncio e contenção, mais do que o comentário gratuito. Deneuve quase não fala. Ela olha. Ela quer ver tudo e a câmara como que hipnotizada pela sua figura, apenas a segue. Todo o trabalho sobre a credibilização de “Je Veux Voir” passa precisamente por essa aparente neutralidade evitando um voyeurismo macabro e a exposição desnecessária do sofrimento e da humilhação humana. Naturalmente neste cinema reportagem, em cada imagem sobressai todo o carinho de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas pela sua terra natal. Cada imagem surge-nos com a ternura com que se cuida de um familiar moribundo. O lado testemunhal e directo produz um jogo sempre interessante sobre o ficcional que tenta emergir. Quando Deneuve conhece pela primeira vez o actor Rabih Mroué com quem vai contracenar, é na verdade, a primeira vez que o conhece. Sentimos aquele desconforto e curiosidade entre dois profissionais que vão ter que viver um longo período juntos. Todo o diálogo entre eles parte de um improviso nas margens de um script imposto. Esta questão do real nas fronteiras do ficcional é de facto o que este casal de cineastas está mais interessado em interrogar. O espectador é sumariamente encostado contra a parede e obrigado a pensar no que podem transmitir estas imagens contra a opacidade do real e o que podem fazer face a um puzzle complexo da realidade de uma guerra. O cinema de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas enche-nos de esperança contra as interdições políticas ideológicas propagandistas que estratificam a realidade e ofuscam a visão.

3 Curta metragem, Khiam (2001-07) / 4 Longa metragem, “Perfect Day” / 5 Longa metragem, “Je Veux Voir”


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Os autores voltam novamente à questão complexa da representação das imagens, sendo o cerne do problema, a questão da representação da política vexatória dos prisioneiros. Para os realizadores não importa só empolar os episódios de sobrevivência desses seis homens mas também a tentativa de esquecimento de toda uma sociedade que procura apagar a sua história recente. Para todos os efeitos, Khiam baseia-se na oportunidade de fazer com que os destroços possibilitem a emergência de palavras e no poder do cinema para mudar o curso dos acontecimentos. Ele cumpre assim o seu dever de memória. É um filme que ganha ainda um outro valor simbólico já que o seu o contexto de produção medeia seis anos, simbolicamente um período em que após o fim da retirada israelita do território libanês em 2000, nasce a preocupação de alguns intelectuais libaneses desenvolverem a promoção de uma cultura árabe contemporânea, experimental e crítica. Khiam de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas destacam-se por muitas razões e pela necessidade de discutir um projecto cultural a médio prazo, na sua própria cidade e no seu próprio contexto. As longas metragens

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Relativamente aos filmes projectados, obviamente ganham destaque as suas duas únicas longas metragens, Perfect Day e Je Veut Voir. No primeiro, os realizadores entram no terreno ficcional tendo em conta as suas próprias experiências pessoais e colectivas explorando o tema da perda. Nesse filme, as duas personagens principais, mãe e filho, vivem a perda do amor. A mãe, a do marido desaparecido há mais quinze anos na guerra, e o filho, a da namorada que cortou com a relação. Perfect Day marca o dia em que a mãe aceita definitivamente a morte do marido começando todo o processo de luto e o filho reencontra a namorada. Perda e esperança jogam-se aqui como metáforas da vida. Já o último filme, Je Veut Voir, o lado documental, que caracterizou sempre a sua obra, volta a ser mais marcante. Este filme que passou recentemente no circuito comercial português, parece ser uma tentativa de percurso topográfico onde mais do que a representação dos factos, o que está em jogo é a sua apresentação. Todo o percurso demonstrativo e testemunhal

faz-se pela mão de Catherine Deneuve e do seu par, o actor libanês Rabih Mroué. O que vamos descobrindo é um território em estado de caos, devastado pelas bombas de Israel contra o Hezbollah em 2006. A actriz desloca-se como espectadora. Toda a extensão do cenário é-nos dado pelos olhos de Deneuve, pela sua curiosidade e testemunho de um país devastado. A esse propósito, podíamos falar de um ressurgimento de cinema directo e de intervenção. No entanto, o filme não se torna muito explicativo nem sequer especulativo. Os realizadores optam muitas vezes pelo silêncio e contenção, mais do que o comentário gratuito. Deneuve quase não fala. Ela olha. Ela quer ver tudo e a câmara como que hipnotizada pela sua figura, apenas a segue. Todo o trabalho sobre a credibilização de “Je Veux Voir” passa precisamente por essa aparente neutralidade evitando um voyeurismo macabro e a exposição desnecessária do sofrimento e da humilhação humana. Naturalmente neste cinema reportagem, em cada imagem sobressai todo o carinho de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas pela sua terra natal. Cada imagem surge-nos com a ternura com que se cuida de um familiar moribundo. O lado testemunhal e directo produz um jogo sempre interessante sobre o ficcional que tenta emergir. Quando Deneuve conhece pela primeira vez o actor Rabih Mroué com quem vai contracenar, é na verdade, a primeira vez que o conhece. Sentimos aquele desconforto e curiosidade entre dois profissionais que vão ter que viver um longo período juntos. Todo o diálogo entre eles parte de um improviso nas margens de um script imposto. Esta questão do real nas fronteiras do ficcional é de facto o que este casal de cineastas está mais interessado em interrogar. O espectador é sumariamente encostado contra a parede e obrigado a pensar no que podem transmitir estas imagens contra a opacidade do real e o que podem fazer face a um puzzle complexo da realidade de uma guerra. O cinema de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas enche-nos de esperança contra as interdições políticas ideológicas propagandistas que estratificam a realidade e ofuscam a visão.

3 Curta metragem, Khiam (2001-07) / 4 Longa metragem, “Perfect Day” / 5 Longa metragem, “Je Veux Voir”


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fábrica dos sonhos 1

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“Todos têm o direito de poder gozar o prazer de uma pequena obra de arte dentro da própria casa”. Alberto Alessi por Chiara Vecchio Fundada em 1921 em Crusinallo de Omegna, nos alpes italianos, Alessi é hoje uma das marcas italianas de objectos de design mais conceituada no mundo. A Casa Alessi, apesar de recorrer às tecnologias mais avançadas, tem uma alma artesanal. A brand, criada pelo artesão/empreendedor Giovanni Alessi, começou com uma produção artesanal de objectos em metal como o cobre, a alpaca e o latão, para passar mais tarde à utilização de aço inoxidável na produção de panelas e talheres. É com a entrada de Carlo Alessi na empresa, o filho de Giovanni, que a marca se torna nos anos 50 o estandarte do design made in Italy. Carlo, o criador da intemporal linha para chá e café “Bombé”, fez com que a casa de família passasse entre a década de 30 e a década de 50, de uma dimensão artesanal para uma dimensão industrial, com exportação para mais de sessenta países e com a inovação de começar a usar inox em vez da alpaca ou do cobre. Alberto Alessi, actual director geral da marca, entrou na empresa de família nos anos 70 e desenvolveu a ideia do design e da arte aliados, se tornarem o novo objectivo da empresa. A filosofia de Alberto sempre teve como principal finalidade divulgar o gosto pelo design de interiores, atingindo um público vasto: tanto os mais exigentes como uma faixa de população com menos poder de compra. No fundo um design democrático. “Todos têm o direito de poder gozar o prazer de uma pequena obra de arte dentro da própria casa”, e este ambicioso objectivo foi concretizado por Alberto através da aplicação do conceito da “Arte multiplicada”. Alberto interpreta a necessidade da sociedade contemporânea capitalista se rodear de objectos “de sonho”, e a fábrica nos Alpes italianos é, neste sentido, uma Fábrica de Sonhos: dos sonhos de grandeza de Giovanni Alessi nos anos 20, dos sonhos de Alberto, cinquenta anos mais tarde, e dos sonhos de todos os consumidores que se apaixonam pelos objectos que embelezam as suas casas. Para realizar este ambicioso projecto, Alberto Alessi abre as portas da empresa familiar às várias colaborações e a nomes importantes do design internacional, tais como Gió Pomodoro, Philippe Starck e Ettore Sottsass. O mundo das Artes também é convidado a contribuir nesta nova missão da marca. Entre vários nomes

destaca-se o de Salvador Dalí, que chegou a apresentar um protótipo para a Casa no norte de Itália. Estes designers e artistas que colaboram com a marca, trazem não só prestigio mas principalmente novas ideias e diferentes pontos de vista capazes de satisfazer qualquer tipo de consumidor. Desde os projectos funcionais de Ettore Sottsass ao design divertido e provocador de Alessandro Mendini, a Alessi tem uma variedade de produtos que leva Alberto, nos anos 90, a querer reformular, através uma reclassificação das colecções, a estrutura interna da marca. Alberto apercebe-se da grande variedade de produtos presentes no catálogo Alessi, e da grande diversidade que há entre alguns produtos em termos de preço. Decide assim de dividir a marca em três categorias, A di Alessi, Alessi, e Officina Alessi, deixando claro que “ As três colecções têm que ser interpretadas como vertentes de uma identidade empresarial única e íntegra; estes são elementos que expressam os diferentes aspectos do nome Alessi”. A Officina Alessi inclui os produtos mais sofisticados, edições limitadas e até peças únicas. É o catálogo que contém as criações mais inovadoras e até mais experimentais, que fogem aos limites impostos pela produção industrial. O público é exclusivo e tem maior poder de compra. A linha Alessi interpreta a tradição de alto nível de qualidade e de produção industrial, própria da empresa, de artigos para a casa, com qualidade a nível tecnológico e projectual, sendo dirigido a um público de um nível sócio-económico médio-alto. A colecção do catálogo A di Alessi é a interpretação da arte para todos, porque oferece uma vasta gama de propostas de diferentes designers a preços competitivos e acessíveis. A di Alessi é a realização do lema de Albertooferecer imagem e design a um público mais amplo, sem prejudicar qualidade e criatividade.

1 Saca-rolhas “Sun Dream” Especial edição de Alessandro M. corkscrew para Alessi / 2 Chaleira, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa para OFFICINA ALESSI / 3 Linha de chá e café, Carlo Alessi para ALESSI, 1950 / 4 Espremedor de citrinos, Philippe Starck para ALESSI

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fábrica dos sonhos 1

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“Todos têm o direito de poder gozar o prazer de uma pequena obra de arte dentro da própria casa”. Alberto Alessi por Chiara Vecchio Fundada em 1921 em Crusinallo de Omegna, nos alpes italianos, Alessi é hoje uma das marcas italianas de objectos de design mais conceituada no mundo. A Casa Alessi, apesar de recorrer às tecnologias mais avançadas, tem uma alma artesanal. A brand, criada pelo artesão/empreendedor Giovanni Alessi, começou com uma produção artesanal de objectos em metal como o cobre, a alpaca e o latão, para passar mais tarde à utilização de aço inoxidável na produção de panelas e talheres. É com a entrada de Carlo Alessi na empresa, o filho de Giovanni, que a marca se torna nos anos 50 o estandarte do design made in Italy. Carlo, o criador da intemporal linha para chá e café “Bombé”, fez com que a casa de família passasse entre a década de 30 e a década de 50, de uma dimensão artesanal para uma dimensão industrial, com exportação para mais de sessenta países e com a inovação de começar a usar inox em vez da alpaca ou do cobre. Alberto Alessi, actual director geral da marca, entrou na empresa de família nos anos 70 e desenvolveu a ideia do design e da arte aliados, se tornarem o novo objectivo da empresa. A filosofia de Alberto sempre teve como principal finalidade divulgar o gosto pelo design de interiores, atingindo um público vasto: tanto os mais exigentes como uma faixa de população com menos poder de compra. No fundo um design democrático. “Todos têm o direito de poder gozar o prazer de uma pequena obra de arte dentro da própria casa”, e este ambicioso objectivo foi concretizado por Alberto através da aplicação do conceito da “Arte multiplicada”. Alberto interpreta a necessidade da sociedade contemporânea capitalista se rodear de objectos “de sonho”, e a fábrica nos Alpes italianos é, neste sentido, uma Fábrica de Sonhos: dos sonhos de grandeza de Giovanni Alessi nos anos 20, dos sonhos de Alberto, cinquenta anos mais tarde, e dos sonhos de todos os consumidores que se apaixonam pelos objectos que embelezam as suas casas. Para realizar este ambicioso projecto, Alberto Alessi abre as portas da empresa familiar às várias colaborações e a nomes importantes do design internacional, tais como Gió Pomodoro, Philippe Starck e Ettore Sottsass. O mundo das Artes também é convidado a contribuir nesta nova missão da marca. Entre vários nomes

destaca-se o de Salvador Dalí, que chegou a apresentar um protótipo para a Casa no norte de Itália. Estes designers e artistas que colaboram com a marca, trazem não só prestigio mas principalmente novas ideias e diferentes pontos de vista capazes de satisfazer qualquer tipo de consumidor. Desde os projectos funcionais de Ettore Sottsass ao design divertido e provocador de Alessandro Mendini, a Alessi tem uma variedade de produtos que leva Alberto, nos anos 90, a querer reformular, através uma reclassificação das colecções, a estrutura interna da marca. Alberto apercebe-se da grande variedade de produtos presentes no catálogo Alessi, e da grande diversidade que há entre alguns produtos em termos de preço. Decide assim de dividir a marca em três categorias, A di Alessi, Alessi, e Officina Alessi, deixando claro que “ As três colecções têm que ser interpretadas como vertentes de uma identidade empresarial única e íntegra; estes são elementos que expressam os diferentes aspectos do nome Alessi”. A Officina Alessi inclui os produtos mais sofisticados, edições limitadas e até peças únicas. É o catálogo que contém as criações mais inovadoras e até mais experimentais, que fogem aos limites impostos pela produção industrial. O público é exclusivo e tem maior poder de compra. A linha Alessi interpreta a tradição de alto nível de qualidade e de produção industrial, própria da empresa, de artigos para a casa, com qualidade a nível tecnológico e projectual, sendo dirigido a um público de um nível sócio-económico médio-alto. A colecção do catálogo A di Alessi é a interpretação da arte para todos, porque oferece uma vasta gama de propostas de diferentes designers a preços competitivos e acessíveis. A di Alessi é a realização do lema de Albertooferecer imagem e design a um público mais amplo, sem prejudicar qualidade e criatividade.

1 Saca-rolhas “Sun Dream” Especial edição de Alessandro M. corkscrew para Alessi / 2 Chaleira, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa para OFFICINA ALESSI / 3 Linha de chá e café, Carlo Alessi para ALESSI, 1950 / 4 Espremedor de citrinos, Philippe Starck para ALESSI

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Cláudia veste Blazer, €120, PEPE JEANS / T-shirt em algodão estampado, €31, DIESEL / Meias WOOLFORD / Sandálias em pele, €55, MANGO


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novas tecnologias Vestuário e tecnologia

A individualização dos produtos está a crescer em várias etapas da produção, pode ir da co-criação à customização de um produto final, as hipóteses são inúmeras, e as formas do potencial utilizador participar são cada vez maiores. Esta filosofia é defendida por alguns como uma forma de consumir produtos de forma sustenta e amiga do ambiente. Uma vez que se reduzem os desperdícios com os excessos de produção, porque só há produção quando há cliente. Contudo, a maior vantagem de todas é que, com maior frequência, podermos comprar o produto que melhor se adequa às nossas necessidades, sejam elas estéticas, funcionais ou religiosas. Alguns exemplos de empresas que pensam em nós, potenciais utilizadores e clientes:

por Michele Santos Tailor4less

Nike ID

A Tailor4less foi fundada com o intuito de levar fatos e camisas feitas à medida para todo o mundo. São uma espécie de intermediários entre o cliente, as suas necessidades e os alfaiates que executam cada um dos pedidos. Pensada para a era low-cost, onde a qualidade e a elegância são compatíveis com o preço, a sua mensagem sintetiza-se em Affordable elegance. As possibilidades de combinações são mais de 500.000. Os fatos ou as camisas criadas por si serão únicas, ao seu gosto e à sua medida. Algumas das vantagens são a grande variedade de tecidos, ingleses e iatalianos; os portes gratuitos para encomendas superiores a € 100; e 15 dias para receber as suas escolhas em casa. Os preços dos produtos vão dos €15 para botões de punho, gravatas desde €12, camisas desde €36 e fatos desde €165. Cada peça é feita uma a uma usando os tecidos seleccionados pelo cliente. A tailor4less acredita que cada fato ou camisa feita à medida tem uma identidade própria e nunca poderia ser produzida através de moldes já preparados.

A Nike tem um serviço de customização de alguns dos seus modelos de calçado, vestuário e equipamento. As hipóteses de customização podem ser estéticas ou técnicas. Dentro da customização estética podem-se escolher entre as várias opções apresentadas, as cores, os materiais e a colocação de uma identificação pessoal. Para a customização técnica, destinada ao aumento da performance desportiva, vocacionada sobretudo para o calçado, existe a possibilidade de escolha de tamanhos estreitos ou largos, grandes ou pequenos, de tamanhos diferentes para cada um dos pés ou de solas exteriores. As pessoas são incentivadas a demonstrarem a sua individualidade, a marcar diferença. Resumindo, o cliente redesenha modelos existentes e a Nike produz e fá-los chegar até à sua casa.

http://en.tailor4less.com

Zazzle

Ponoko

A zazzle é uma plataforma de venda para consumidores e marcas, oferece milhões de produtos de qualidade, produtos particulares, quase todos produzíveis em 24 horas. Dadas as suas características e multiplicidade de opções intitula-se uma empresa infinita e instantânea. Oferecendo uma vasta gama de produtos customizáveis no qual a tecnologia permite que os utilizadores criem instantaneamente objectos de acordo com o seu gosto pessoal. A sua missão centra-se na redefinição do comércio, fortalecido pela imaginação mundial e pela fabricação segundo a procura (onde os produtos só são fabricados se houver procura e na quantidade pretendida). Um mercado verdadeiramente democrático onde qualquer pessoa pode criar e/ou vender a sua peça sem nenhum custo à cabeça.

Ponoko é um espaço onde se podem comprar objectos originais e individualizáveis, desenhados e especialmente produzidos para os consumidores. No website existem 3 possibilidades de utilização: - de comprar os objectos que existem na loja; - de requisitar a um designer que desenhe um objecto especial, segundo uma ideia nossa; - de criar ou de fazer algo para nós. E ainda, se nos quisermos tornar em verdadeiros empreendedores, podemos vender produtos produzidos por nós, usando a página de web commerce. Aparentemente sem taxas de comissão de venda, de compra, de colocação de anúncios, ou seja, de forma simples e eficaz.

http://nikeid.nike.com http://www.zazzle.com

http://www.ponoko.com


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novas tecnologias Vestuário e tecnologia

A individualização dos produtos está a crescer em várias etapas da produção, pode ir da co-criação à customização de um produto final, as hipóteses são inúmeras, e as formas do potencial utilizador participar são cada vez maiores. Esta filosofia é defendida por alguns como uma forma de consumir produtos de forma sustenta e amiga do ambiente. Uma vez que se reduzem os desperdícios com os excessos de produção, porque só há produção quando há cliente. Contudo, a maior vantagem de todas é que, com maior frequência, podermos comprar o produto que melhor se adequa às nossas necessidades, sejam elas estéticas, funcionais ou religiosas. Alguns exemplos de empresas que pensam em nós, potenciais utilizadores e clientes:

por Michele Santos Tailor4less

Nike ID

A Tailor4less foi fundada com o intuito de levar fatos e camisas feitas à medida para todo o mundo. São uma espécie de intermediários entre o cliente, as suas necessidades e os alfaiates que executam cada um dos pedidos. Pensada para a era low-cost, onde a qualidade e a elegância são compatíveis com o preço, a sua mensagem sintetiza-se em Affordable elegance. As possibilidades de combinações são mais de 500.000. Os fatos ou as camisas criadas por si serão únicas, ao seu gosto e à sua medida. Algumas das vantagens são a grande variedade de tecidos, ingleses e iatalianos; os portes gratuitos para encomendas superiores a € 100; e 15 dias para receber as suas escolhas em casa. Os preços dos produtos vão dos €15 para botões de punho, gravatas desde €12, camisas desde €36 e fatos desde €165. Cada peça é feita uma a uma usando os tecidos seleccionados pelo cliente. A tailor4less acredita que cada fato ou camisa feita à medida tem uma identidade própria e nunca poderia ser produzida através de moldes já preparados.

A Nike tem um serviço de customização de alguns dos seus modelos de calçado, vestuário e equipamento. As hipóteses de customização podem ser estéticas ou técnicas. Dentro da customização estética podem-se escolher entre as várias opções apresentadas, as cores, os materiais e a colocação de uma identificação pessoal. Para a customização técnica, destinada ao aumento da performance desportiva, vocacionada sobretudo para o calçado, existe a possibilidade de escolha de tamanhos estreitos ou largos, grandes ou pequenos, de tamanhos diferentes para cada um dos pés ou de solas exteriores. As pessoas são incentivadas a demonstrarem a sua individualidade, a marcar diferença. Resumindo, o cliente redesenha modelos existentes e a Nike produz e fá-los chegar até à sua casa.

http://en.tailor4less.com

Zazzle

Ponoko

A zazzle é uma plataforma de venda para consumidores e marcas, oferece milhões de produtos de qualidade, produtos particulares, quase todos produzíveis em 24 horas. Dadas as suas características e multiplicidade de opções intitula-se uma empresa infinita e instantânea. Oferecendo uma vasta gama de produtos customizáveis no qual a tecnologia permite que os utilizadores criem instantaneamente objectos de acordo com o seu gosto pessoal. A sua missão centra-se na redefinição do comércio, fortalecido pela imaginação mundial e pela fabricação segundo a procura (onde os produtos só são fabricados se houver procura e na quantidade pretendida). Um mercado verdadeiramente democrático onde qualquer pessoa pode criar e/ou vender a sua peça sem nenhum custo à cabeça.

Ponoko é um espaço onde se podem comprar objectos originais e individualizáveis, desenhados e especialmente produzidos para os consumidores. No website existem 3 possibilidades de utilização: - de comprar os objectos que existem na loja; - de requisitar a um designer que desenhe um objecto especial, segundo uma ideia nossa; - de criar ou de fazer algo para nós. E ainda, se nos quisermos tornar em verdadeiros empreendedores, podemos vender produtos produzidos por nós, usando a página de web commerce. Aparentemente sem taxas de comissão de venda, de compra, de colocação de anúncios, ou seja, de forma simples e eficaz.

http://nikeid.nike.com http://www.zazzle.com

http://www.ponoko.com


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expos por Susana Lage Arte de rua: “Born in the Streets - Graffiti” Das carruagens do metro para as estações de comboios, o graffiti foi um movimento que rapidamente se tornou fenómeno mundial e hoje está presente um pouco por toda a parte, sendo reconhecido enquanto cultura popular. No entanto, a sua origem continua a ser desconhecida para muitos. A exposição “Born in the Streets - Graffiti” pretende contar a história desta arte ‘ilegal’ que começou em Nova Iorque, nas ruas de Manhattan, Bronx e Brooklyn nos anos 70 e mostrar as diversas técnicas, estilos e ideias que utiliza. Ao mesmo tempo que traça a origem do movimento do graffiti, a mostra oferece um panorama sobre a diversidade desta escrita contemporânea. Para ilustrar essa variedade, a Fundação Cartier convidou dez artistas, de diferentes países e épocas, para criarem obras especialmente para a exposição. As peças ocupam toda a galeria, bem como a fachada de vidro do edifício e o jardim circundante. No primeiro fim-de-semana de cada mês, os artistas estarão a ‘graffitar’ grandes posters ao vivo. Até o dia 29 de Novembro, em França, “Born in the Streets - Graffiti” recria um universo artístico a não perder. A exposição está aberta ao público todos os dias, excepto à segunda-feira, das 11h00 às 20h00.

Twiggy: ícone faz 60 anos Twiggy completou 60 anos no passado dia 18 de Setembro e recebeu uma homenagem à altura. No National Portrait Gallery, em Londres, foi inaugurada uma exposição e lançado um livro sobre a sua vida, ambos com o mesmo nome: “Twiggy: A Life in Photographs”. A famosa modelo nascida em Inglaterra em 1949 tornou-se mundialmente conhecida pelo seu estilo muito próprio: cabelo curto e olhos gigantes. Mas o talento de Twiggy estendia-se para além da moda até ao mundo do espectáculo, onde foi actriz de televisão, cinema e palco, mas também cantora, tendo editado mais de uma dúzia de álbuns. Com mais de quarenta anos de profissão, que ainda não terminou, Twiggy trabalhou com alguns dos melhores fotógrafos do mundo, como Cecil Beaton, Richard Avedon,Ronald Traeger, Norman Parkinson, Annie Leibovitz e Steven Meisel. As mais icónicas e importantes fotografias estão expostas na galeria e contam a história da carreira da modelo, bem como da sua vida pessoal. Para os amantes da moda, esta é uma excelente oportunidade para marcar uma viagem a Londres e visitar a exposição patente até dia 21 de Março de 2010.

Fondation Cartier 261, boulevard Raspail 75014 Paris, France

Twiggy, 1967 by Ronald Traeger, Cibachrome print from a transparency of a vintage print © Tessa Traeger-National Portrait Gallery

National Portrait Gallery Room 33 - St Martin’s Place London WC2H 0HE Entrada livre

Future Fashion Now Uma exposição sem data. Nos últimos 60 anos, a universidade Royal College of Art tem preparado designers de moda para carreiras em conceituadas casas de moda como Galliano, Vivienne Westwood, Chloé, Dior e Burberry. A mostra “Future Fashion Now: New Design from the Royal College of Art” exalta os melhores trabalhos dos alunos de mestrado e revela aspectos do processo de criação. Mais de 50 coordenados e acessórios de 27 designers distribuem-se por quatro secções: Conceito, Forma, Técnica e Detalhe. Cada uma explora diferentes fases, desde a fonte de inspiração até ao produto acabado. O Conceito revela a inspiração que deu origem a um trabalho. A Forma explora o modo como as ideias são transformadas em peças de vestuário. A Técnica mostra como são utilizados simultaneamente métodos tradicionais e métodos sofisticados para dar corpo à criação. E o Detalhe ilustra como uma costura decorativa, um enfeite ou uma estampagem delicada podem tornar a peça única. A exposição está patente em Londres, até 31 Janeiro de 2010.

Fashion & Politics A palavra “política” não se refere apenas a formas de governar, tem também implicadas mudanças culturais, códigos sexuais e progresso social. E a moda tem sido como que um canal transmissor de diversas ideologias políticas e valores sociais que daí surgem. Como tal, já representou temas tão importantes como o nacionalismo, o feminismo, identidades étnicas, acontecimentos simbólicos e movimentos subculturais. A exposição “Fashion & Politics” abre com o tema do nacionalismo americano, caracterizado por um traje feminino de 1889. Inclui ainda o “vestido bandeira” de Catherine Malandrino, usado por várias celebridades para expressar patriotismo depois do atentado de 11 de Setembro. O vestido “IKE” da campanha de Eisenhower em 1956, o vestido em papel “NIXON” e outras recordações das eleições históricas de 2008, são também elementos em destaque. Até 7 de Novembro, o Instituto de Moda e Tecnologia convida a uma exploração cronológica de cerca de 200 anos de política expressada através da moda.

Victoria & Albert Museum South Kensington Cromwell Road London SW7 2RL Fashion, Room 40 Entrada livre

Fashion Institute of Technology Seventh Avenue at 27 Street New York City 10001-5992

John Galliano Prêt-a-Porter Paris.

Vestidos de MARS STERLING.

British Style in the 1960´s A gabardina em PVC, as hot-pants, as mini-saias e o vestido-saco são algumas referências da moda britânica dos anos 60. Este estilo, na altura novo e revolucionário, foi como uma vaga de auto-confiança e de sentido da moda à juventude britânica do pós-guerra e lançou Inglaterra para a inovação no design. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir tornava-se cada vez mais ligada ao comportamento. Aliás, a moda era não seguir a moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo da juventude da época. A partir de Outubro, temos a oportunidade de ver em Inglaterra, no Museu da Moda, 40 fotografias a preto e branco que exaltam esses anos de inspiração da moda britânica. Escolhidas do arquivo Sunday Times Fashion, as fotografias representam criadores, modelos, fotógrafos e editores de moda da década de 60. A exposição coincide com a publicação de um livro do mesmo título, que estará disponível, a partir de Outubro, na loja do museu.

Acessórios e artefactos, testemunhas de vidas de mulheres. Paris 1940 1944 Os “anos negros” da Ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, impuseram em França limitações drásticas para o fabrico de roupas e acessórios. A década de 40 ficou então marcada por uma criativa resistência cultural dos franceses, para quem “improvisar” passou a ser a palavra de ordem. A descoberta de materiais alternativos como jornal, madeira, pneu, restos de tecido e de couro, permitiram à alta-costura francesa manter-se inovadora. Para inverter a falta de adornos, as mulheres usavam lenços na cabeça ou ao pescoço e acessórios de flores, laços e botões vistosos substituíam as jóias. Pela primeira vez, o Museu Jean Moulin apresenta, em colaboração com o Museu Galliera, uma exposição dedicada aos acessórios de moda desta década “negra”. Trata-se de um conjunto de 300 objectos, entre sapatos, malas ou chapéus, sobrepostos e justapostos para recriar o contexto histórico vivido. A não perder até 15 de Novembro, em Paris.

Fashion Museum Assembly Rooms Bennett Street Bath BA1 2QH

Musée Jean Moulin Jardin Atlantique (au-dessus de la gare Montparnasse) 23, allée de la 2ème DB – Paris,

Arquivo Sunday Times, Fashion Museum, Bath

au Mémorial du Mal Leclerc Musée Jean Moulin Dunand, sa ndálias en tafetá violetat com sola compensada em madeira, 1941. © E. Emo et S. Piera / Galliera / Roger-Viollet.

France


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expos por Susana Lage Arte de rua: “Born in the Streets - Graffiti” Das carruagens do metro para as estações de comboios, o graffiti foi um movimento que rapidamente se tornou fenómeno mundial e hoje está presente um pouco por toda a parte, sendo reconhecido enquanto cultura popular. No entanto, a sua origem continua a ser desconhecida para muitos. A exposição “Born in the Streets - Graffiti” pretende contar a história desta arte ‘ilegal’ que começou em Nova Iorque, nas ruas de Manhattan, Bronx e Brooklyn nos anos 70 e mostrar as diversas técnicas, estilos e ideias que utiliza. Ao mesmo tempo que traça a origem do movimento do graffiti, a mostra oferece um panorama sobre a diversidade desta escrita contemporânea. Para ilustrar essa variedade, a Fundação Cartier convidou dez artistas, de diferentes países e épocas, para criarem obras especialmente para a exposição. As peças ocupam toda a galeria, bem como a fachada de vidro do edifício e o jardim circundante. No primeiro fim-de-semana de cada mês, os artistas estarão a ‘graffitar’ grandes posters ao vivo. Até o dia 29 de Novembro, em França, “Born in the Streets - Graffiti” recria um universo artístico a não perder. A exposição está aberta ao público todos os dias, excepto à segunda-feira, das 11h00 às 20h00.

Twiggy: ícone faz 60 anos Twiggy completou 60 anos no passado dia 18 de Setembro e recebeu uma homenagem à altura. No National Portrait Gallery, em Londres, foi inaugurada uma exposição e lançado um livro sobre a sua vida, ambos com o mesmo nome: “Twiggy: A Life in Photographs”. A famosa modelo nascida em Inglaterra em 1949 tornou-se mundialmente conhecida pelo seu estilo muito próprio: cabelo curto e olhos gigantes. Mas o talento de Twiggy estendia-se para além da moda até ao mundo do espectáculo, onde foi actriz de televisão, cinema e palco, mas também cantora, tendo editado mais de uma dúzia de álbuns. Com mais de quarenta anos de profissão, que ainda não terminou, Twiggy trabalhou com alguns dos melhores fotógrafos do mundo, como Cecil Beaton, Richard Avedon,Ronald Traeger, Norman Parkinson, Annie Leibovitz e Steven Meisel. As mais icónicas e importantes fotografias estão expostas na galeria e contam a história da carreira da modelo, bem como da sua vida pessoal. Para os amantes da moda, esta é uma excelente oportunidade para marcar uma viagem a Londres e visitar a exposição patente até dia 21 de Março de 2010.

Fondation Cartier 261, boulevard Raspail 75014 Paris, France

Twiggy, 1967 by Ronald Traeger, Cibachrome print from a transparency of a vintage print © Tessa Traeger-National Portrait Gallery

National Portrait Gallery Room 33 - St Martin’s Place London WC2H 0HE Entrada livre

Future Fashion Now Uma exposição sem data. Nos últimos 60 anos, a universidade Royal College of Art tem preparado designers de moda para carreiras em conceituadas casas de moda como Galliano, Vivienne Westwood, Chloé, Dior e Burberry. A mostra “Future Fashion Now: New Design from the Royal College of Art” exalta os melhores trabalhos dos alunos de mestrado e revela aspectos do processo de criação. Mais de 50 coordenados e acessórios de 27 designers distribuem-se por quatro secções: Conceito, Forma, Técnica e Detalhe. Cada uma explora diferentes fases, desde a fonte de inspiração até ao produto acabado. O Conceito revela a inspiração que deu origem a um trabalho. A Forma explora o modo como as ideias são transformadas em peças de vestuário. A Técnica mostra como são utilizados simultaneamente métodos tradicionais e métodos sofisticados para dar corpo à criação. E o Detalhe ilustra como uma costura decorativa, um enfeite ou uma estampagem delicada podem tornar a peça única. A exposição está patente em Londres, até 31 Janeiro de 2010.

Fashion & Politics A palavra “política” não se refere apenas a formas de governar, tem também implicadas mudanças culturais, códigos sexuais e progresso social. E a moda tem sido como que um canal transmissor de diversas ideologias políticas e valores sociais que daí surgem. Como tal, já representou temas tão importantes como o nacionalismo, o feminismo, identidades étnicas, acontecimentos simbólicos e movimentos subculturais. A exposição “Fashion & Politics” abre com o tema do nacionalismo americano, caracterizado por um traje feminino de 1889. Inclui ainda o “vestido bandeira” de Catherine Malandrino, usado por várias celebridades para expressar patriotismo depois do atentado de 11 de Setembro. O vestido “IKE” da campanha de Eisenhower em 1956, o vestido em papel “NIXON” e outras recordações das eleições históricas de 2008, são também elementos em destaque. Até 7 de Novembro, o Instituto de Moda e Tecnologia convida a uma exploração cronológica de cerca de 200 anos de política expressada através da moda.

Victoria & Albert Museum South Kensington Cromwell Road London SW7 2RL Fashion, Room 40 Entrada livre

Fashion Institute of Technology Seventh Avenue at 27 Street New York City 10001-5992

John Galliano Prêt-a-Porter Paris.

Vestidos de MARS STERLING.

British Style in the 1960´s A gabardina em PVC, as hot-pants, as mini-saias e o vestido-saco são algumas referências da moda britânica dos anos 60. Este estilo, na altura novo e revolucionário, foi como uma vaga de auto-confiança e de sentido da moda à juventude britânica do pós-guerra e lançou Inglaterra para a inovação no design. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir tornava-se cada vez mais ligada ao comportamento. Aliás, a moda era não seguir a moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo da juventude da época. A partir de Outubro, temos a oportunidade de ver em Inglaterra, no Museu da Moda, 40 fotografias a preto e branco que exaltam esses anos de inspiração da moda britânica. Escolhidas do arquivo Sunday Times Fashion, as fotografias representam criadores, modelos, fotógrafos e editores de moda da década de 60. A exposição coincide com a publicação de um livro do mesmo título, que estará disponível, a partir de Outubro, na loja do museu.

Acessórios e artefactos, testemunhas de vidas de mulheres. Paris 1940 1944 Os “anos negros” da Ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, impuseram em França limitações drásticas para o fabrico de roupas e acessórios. A década de 40 ficou então marcada por uma criativa resistência cultural dos franceses, para quem “improvisar” passou a ser a palavra de ordem. A descoberta de materiais alternativos como jornal, madeira, pneu, restos de tecido e de couro, permitiram à alta-costura francesa manter-se inovadora. Para inverter a falta de adornos, as mulheres usavam lenços na cabeça ou ao pescoço e acessórios de flores, laços e botões vistosos substituíam as jóias. Pela primeira vez, o Museu Jean Moulin apresenta, em colaboração com o Museu Galliera, uma exposição dedicada aos acessórios de moda desta década “negra”. Trata-se de um conjunto de 300 objectos, entre sapatos, malas ou chapéus, sobrepostos e justapostos para recriar o contexto histórico vivido. A não perder até 15 de Novembro, em Paris.

Fashion Museum Assembly Rooms Bennett Street Bath BA1 2QH

Musée Jean Moulin Jardin Atlantique (au-dessus de la gare Montparnasse) 23, allée de la 2ème DB – Paris,

Arquivo Sunday Times, Fashion Museum, Bath

au Mémorial du Mal Leclerc Musée Jean Moulin Dunand, sa ndálias en tafetá violetat com sola compensada em madeira, 1941. © E. Emo et S. Piera / Galliera / Roger-Viollet.

France


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De que forma é que a música entrou na tua vida? Começaste cedo a cantar? Não me lembro de cantar. O desenho e a dança foram os primeiros a seduzirem-me. A música entrou porque sempre gostei de dançar. Lembro-me de aos cinco anos ter feito um bailado para o meu pai e para a minha irmã mais velha, depois de ter visto um filme com a Vanessa Redgrave a fazer de Isadora Duncan. O disco era o Tubullar Bells do Mike Oldfield e fez a fortuna do magnata extravagante da Virgin. Aos sete já me lembro de cantar as Doce e os sucessos todos dos festivais da canção. Depois, havia ainda as viagens. No carro da minha mãe ouvia-se a Barbara Streisand. Já no do meu pai ouvia-se os Supertramp. Quando viajávamos com os dois havia sempre uma cassete que tinha uma colectânea feita por eles com Otis Redding, Roberta Flak, Shirley Bassey entre outros. A caixa de música da minha avó Ofélia tinha uma bailarina com espelhos. O Casio portátil, um teclado de bolso, foi presente do meu pai num aniversário. Depois, a adolescência encarregou-se de tudo. Comecei a cantar entre amigos.

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O facto de teres crescido na Zona J, um bairro social pensado por Tomás Taveira, influenciou de alguma forma a tua maneira de ser? E teve alguma influência nos teus projectos musicais? Sim. Foi sempre para mim a perfeição da infância. A liberdade (no bairro) era total. As brincadeiras, os amigos, as horas... tudo. Entendo que nem toda a gente tenha ideia de que fosse perfeito, mas era. As casas ainda por construir. Os novos vizinhos que agora são velhos. Comidas exóticas. A música alta a sair pelas janelas. A minha avó a gritar o meu nome à janela para ir para casa. Os cães, os rebuçados e caramelos atirados por uma janela para uma multidão de crianças. Histórias de outros mundos. As minhas amigas de infância foram e são cinco lindas irmãs angolanas e que se vestiam como nos vídeos da Mel and Kim. Era perfeito. Acho que essa liberdade continua a fazer parte daquilo que acho obrigatório na vida e em qualquer actividade que tenha. Deu-me a habilidade de descobrir facilmente o lado especial de um sítio qualquer, mas também fora e dentro das pessoas. Vem de lá toda a minha amplitude social.

A violência a que se assististe, de alguma forma condicionou as tuas escolhas profissionais? A violência a que assisti no cinema? Na televisão? (risos) no bairro não era nada de anormal, ou pelo menos nunca a entendi dessa forma. Vizinhos aos berros. Será que isso conta?! Nunca vi ninguém esfaquear alguém, como já vi no Bairro Alto (no centro histórico de Lisboa). Nem ninguém espancar alguém, como já vi no Príncipe Real! Francamente, acho que é um bairro tranquilo e surpreendente. De vez em quando há uns filmes de acção mais de show off policial do que de violência, Os criminosos não usam colarinho branco mas também sabem ser discretos e têm família e amigos como toda a gente e todo o bom criminoso rico ou pobre, de famílias nobres ou mais ou menos. Quanto às escolhas profissionais serem condicionadas, para além da genética, karma, ambiente familiar, aspecto socio-cultural-económico e ainda morar na Zona J, acho que pode fazer parte de uma longa equação em conjunto com gatos e cães e uma quantidade de estranhos que se cruzaram comigo na vida e na rua. Tudo é importante, mas é só um elemento no meio de tantos. Nessa altura só queria ser pintora, o que me parece uma actividade bastante libertária e rebelde, desejo este, que nunca foi fruto de uma luta, mas sim de uma aventura.


De que forma é que a música entrou na tua vida? Começaste cedo a cantar? Não me lembro de cantar. O desenho e a dança foram os primeiros a seduzirem-me. A música entrou porque sempre gostei de dançar. Lembro-me de aos cinco anos ter feito um bailado para o meu pai e para a minha irmã mais velha, depois de ter visto um filme com a Vanessa Redgrave a fazer de Isadora Duncan. O disco era o Tubullar Bells do Mike Oldfield e fez a fortuna do magnata extravagante da Virgin. Aos sete já me lembro de cantar as Doce e os sucessos todos dos festivais da canção. Depois, havia ainda as viagens. No carro da minha mãe ouvia-se a Barbara Streisand. Já no do meu pai ouvia-se os Supertramp. Quando viajávamos com os dois havia sempre uma cassete que tinha uma colectânea feita por eles com Otis Redding, Roberta Flak, Shirley Bassey entre outros. A caixa de música da minha avó Ofélia tinha uma bailarina com espelhos. O Casio portátil, um teclado de bolso, foi presente do meu pai num aniversário. Depois, a adolescência encarregou-se de tudo. Comecei a cantar entre amigos.

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Quais as bandas que te influenciaram? Todas as que gosto. Que por razões óbvias são demasiadas para enumerar. Todos os reis, rainhas, príncipes, princesas, lordes, duques e cavaleiros do Pop, do Rock, do Punk, Krautrock Hard-speed-heavy-Psicho-Billy, do Glam-Rock, do Trash, do 2-Step, Cabaret, Bafon, Clássico, Minimal, Experimental, Jazz Progressivo, Étnico, Psicadélico, Trip, Hips e Hops, Soul, Funky, Spacies, Gótico, Metal ou nem tanto. Todos os géneros e subgéneros, toda a cadeia e rede de vivos e mortos. Todos eles são grandes. Todos eles têm o seu croissant com creme. Para quem aprecia croissant com creme, obviamente. Mas concretamente tudo começou com a Yoko Ono, a Laurie Anderson e a Mae West.

Como surge o projecto dos Micro Audio Waves? E como é que conseguem a internacionalização?

Como é que surgiu a “parceria” com Ricardo Preto? Preocupas-te em estar na Moda? Não é uma preocupação. É um prazer altamente supérfluo e alegre (não menosprezando toda a indústria e movimentação de capitais). Estou atenta às tendências, quanto mais frescas melhores! Em palco é diferente... Senão, não havia palhaços no mundo.

Qual o teu criador/criadora favorita? Criador nacional é o Ricardo Preto. Internacionais são: Stella McCartney, M.M. Margiela, Jeremy Scott, Gareth Pugh, Hussein Chalayan. Como diria a minha avó: “Muito gostas tu de traparia, rapariga!”. Sendo que ela foi costureira de alta-costura e chefe de atelier, o que é que ela queria?!

Foi muito espontânea. Há uns anos eu rebentava a cabeça cada vez que tinha de pensar o que iria vestir para um concerto e pedi ajuda à minha amiga Andrea Probosch. E ela disponibilizou-se de imediato. Tinha lá umas roupas de um “novo criador chamado Ricardo Preto”. Eu gostei e levei. Convidei-o para o concerto, mas não apareceu. E assim continuou durante um ano. Já o imaginava: baixo, magrinho, moreno. Um dia, a Andrea e eu, estávamos a passear e ela lembrou-se “vamos ver se o Ricardo está no atelier”. (risos) Quando o vi, foi a antítese da minha imaginação. Saudável, simpático, ultra-divertido e educado. Trocámos contactos e evoluímos para uma relação de dependência saudável. Inspiramo-nos no trabalho um do outro com grande prazer. Nesta altura, fazemos parte duma fórmula matemática cujo o resultado é cem por cento.

Alguma vez perdeste a cabeça por alguma peça de roupa ou acessório? Não perco a cabeça muitas vezes, lembro-me de uns sapatos da Stella McCartney. Comprei-os! Mas não me lembro assim mais nada...

Achas que a moda também é ditada pelos músicos? Hoje, já não muito... Há cabeças demasiado especializadas a pensar nisso (na Moda) o que deixa tempo aos músicos para fazerem aquilo que lhes interessa mais, que é música. Agora, somos também veículos da moda. Lembro-me dos MGMT que fundiram uma série de géneros num Hipie Chic Careless (lolly-)pop caseiro.

Veio de uma sugestão do Dinis Guarda que fazia a revista “Número” e organizava também o “Festival Número”. Começou com o Carlos (C.Morg) e o Flak numa electrónica muito minimal (só para os mais duros!). Nesse festival tocaram uns temas que mais tarde fizeram parte do primeiro álbum homónimo. Nesse disco há uma faixa que tem voz. É a minha. Veio de uma brincadeira que tinha feito com o Carlos no seu estúdio improvisado. Na altura, para experimentar o novo computador. Depois foram tocar ao Pavilhão do Futuro (Parque das Nações, Lisboa) numa festa da ETIC ( Escola Técnica de Imagem e Comunicação) e o Carlos telefonou-me para ir. Eu julgava que era para os ir ver, mas depois frisou que era para ir para cima do palco. Ingenuamente aceitei. Passados uns dias estava a telefonar-me para marcar mais datas. De uma performance em palco, passou para duas, e depois para três, e depois mais um disco e mais outro. Pelo meio aconteceram coisas interessantes. Desde o Carlos estar a falar com o John Peel sem saber quem ele era, que nos transformou na única banda portuguesa com uma Peel Session gravada em Barcelona na abertura do festival SONAR, ao convite para participarmos nos Qwartz Awards. De onde trouxemos dois prémios para Portugal, no meio de grandes nomes da electrónica mundial. E na terceira edição do Prémios Qwartz arrecadámos a melhor musica! É um boca-à-boca simpático que nos faz andar por aí a brincar aos artistas...

Em conjunto com o Rui Horta, os Micro Audio Waves, apresentaram o espectáculo transdisciplinar “Zoetrope”, que envolve a dança, a música, o teatro, etc. Como surgiu a ideia deste projecto? Foi uma ideia do Pedro Santos, o nosso manager, agente e co-produtor, que em conjunto com o João Aidos, director do Teatro Virgínia, pensaram neste espectáculo. Fizeram a proposta ao Rui Horta e ao Espaço do Tempo, que também co-produziram, em conjunto com o Teatro São João do Porto e a Culturgest. A ideia soou bem e embarcámos. Foi uma experiência fantástica e nova para todos. Acho que conseguimos apresentar um objecto interessante, mágico, invulgar e despretensioso, de grande rigor e profissionalismo. Que foram sempre os nossos objectivos! É bom concretizar ideias e conceitos. Foi bastante intenso para todos. Para o Rui, trabalhar com músicos indisciplinados e para nós, que de repente tínhamos de estar ao serviço de um grande rigor em palco! Hoje, morremos de saudades uns dos outros quando paramos por algum tempo. Acho que houve paixão!

Quais os novos projectos dos Micro Audio Waves? E os teus? Estamos a preparar um DVD do Zoetrope. E com o lançamento deste DVD vamos fazer um segundo espectáculo em Lisboa na Culturgest, dia 11 de Novembro. Percebemos que houve muitas pessoas que gostavam de ter ido ver, mas não foi possível porque esgotou. Desejamos, com o DVD, apresentar um objecto que esteja à altura do espectáculo a que tantas pessoas aderiram com prazer. Para nós é bom poder haver algo que as pessoas possam levar consigo para casa. Vamos incluir neste DVD um CD áudio com versões de estúdio do espectáculo, em que estamos a trabalhar agora. Queremos também lançar um novo disco no próximo ano. Eu sozinha, ou melhor, acompanhada por outras gentes, estarei em versão Special Guest ao lado do Legendary Tigerman no seu novo disco Femina. Com os Double Blind no projecto Woman in Panic. E outros convites que vão surgindo sempre... E nas bandas sonoras dos desfiles do Ricardo Preto que é o meu “must have” duas vezes por ano. E ser feliz para sempre como nos contos da Disney.


Quais as bandas que te influenciaram? Todas as que gosto. Que por razões óbvias são demasiadas para enumerar. Todos os reis, rainhas, príncipes, princesas, lordes, duques e cavaleiros do Pop, do Rock, do Punk, Krautrock Hard-speed-heavy-Psicho-Billy, do Glam-Rock, do Trash, do 2-Step, Cabaret, Bafon, Clássico, Minimal, Experimental, Jazz Progressivo, Étnico, Psicadélico, Trip, Hips e Hops, Soul, Funky, Spacies, Gótico, Metal ou nem tanto. Todos os géneros e subgéneros, toda a cadeia e rede de vivos e mortos. Todos eles são grandes. Todos eles têm o seu croissant com creme. Para quem aprecia croissant com creme, obviamente. Mas concretamente tudo começou com a Yoko Ono, a Laurie Anderson e a Mae West.

Como surge o projecto dos Micro Audio Waves? E como é que conseguem a internacionalização?

Como é que surgiu a “parceria” com Ricardo Preto? Preocupas-te em estar na Moda? Não é uma preocupação. É um prazer altamente supérfluo e alegre (não menosprezando toda a indústria e movimentação de capitais). Estou atenta às tendências, quanto mais frescas melhores! Em palco é diferente... Senão, não havia palhaços no mundo.

Qual o teu criador/criadora favorita? Criador nacional é o Ricardo Preto. Internacionais são: Stella McCartney, M.M. Margiela, Jeremy Scott, Gareth Pugh, Hussein Chalayan. Como diria a minha avó: “Muito gostas tu de traparia, rapariga!”. Sendo que ela foi costureira de alta-costura e chefe de atelier, o que é que ela queria?!

Foi muito espontânea. Há uns anos eu rebentava a cabeça cada vez que tinha de pensar o que iria vestir para um concerto e pedi ajuda à minha amiga Andrea Probosch. E ela disponibilizou-se de imediato. Tinha lá umas roupas de um “novo criador chamado Ricardo Preto”. Eu gostei e levei. Convidei-o para o concerto, mas não apareceu. E assim continuou durante um ano. Já o imaginava: baixo, magrinho, moreno. Um dia, a Andrea e eu, estávamos a passear e ela lembrou-se “vamos ver se o Ricardo está no atelier”. (risos) Quando o vi, foi a antítese da minha imaginação. Saudável, simpático, ultra-divertido e educado. Trocámos contactos e evoluímos para uma relação de dependência saudável. Inspiramo-nos no trabalho um do outro com grande prazer. Nesta altura, fazemos parte duma fórmula matemática cujo o resultado é cem por cento.

Alguma vez perdeste a cabeça por alguma peça de roupa ou acessório? Não perco a cabeça muitas vezes, lembro-me de uns sapatos da Stella McCartney. Comprei-os! Mas não me lembro assim mais nada...

Achas que a moda também é ditada pelos músicos? Hoje, já não muito... Há cabeças demasiado especializadas a pensar nisso (na Moda) o que deixa tempo aos músicos para fazerem aquilo que lhes interessa mais, que é música. Agora, somos também veículos da moda. Lembro-me dos MGMT que fundiram uma série de géneros num Hipie Chic Careless (lolly-)pop caseiro.

Veio de uma sugestão do Dinis Guarda que fazia a revista “Número” e organizava também o “Festival Número”. Começou com o Carlos (C.Morg) e o Flak numa electrónica muito minimal (só para os mais duros!). Nesse festival tocaram uns temas que mais tarde fizeram parte do primeiro álbum homónimo. Nesse disco há uma faixa que tem voz. É a minha. Veio de uma brincadeira que tinha feito com o Carlos no seu estúdio improvisado. Na altura, para experimentar o novo computador. Depois foram tocar ao Pavilhão do Futuro (Parque das Nações, Lisboa) numa festa da ETIC ( Escola Técnica de Imagem e Comunicação) e o Carlos telefonou-me para ir. Eu julgava que era para os ir ver, mas depois frisou que era para ir para cima do palco. Ingenuamente aceitei. Passados uns dias estava a telefonar-me para marcar mais datas. De uma performance em palco, passou para duas, e depois para três, e depois mais um disco e mais outro. Pelo meio aconteceram coisas interessantes. Desde o Carlos estar a falar com o John Peel sem saber quem ele era, que nos transformou na única banda portuguesa com uma Peel Session gravada em Barcelona na abertura do festival SONAR, ao convite para participarmos nos Qwartz Awards. De onde trouxemos dois prémios para Portugal, no meio de grandes nomes da electrónica mundial. E na terceira edição do Prémios Qwartz arrecadámos a melhor musica! É um boca-à-boca simpático que nos faz andar por aí a brincar aos artistas...

Em conjunto com o Rui Horta, os Micro Audio Waves, apresentaram o espectáculo transdisciplinar “Zoetrope”, que envolve a dança, a música, o teatro, etc. Como surgiu a ideia deste projecto? Foi uma ideia do Pedro Santos, o nosso manager, agente e co-produtor, que em conjunto com o João Aidos, director do Teatro Virgínia, pensaram neste espectáculo. Fizeram a proposta ao Rui Horta e ao Espaço do Tempo, que também co-produziram, em conjunto com o Teatro São João do Porto e a Culturgest. A ideia soou bem e embarcámos. Foi uma experiência fantástica e nova para todos. Acho que conseguimos apresentar um objecto interessante, mágico, invulgar e despretensioso, de grande rigor e profissionalismo. Que foram sempre os nossos objectivos! É bom concretizar ideias e conceitos. Foi bastante intenso para todos. Para o Rui, trabalhar com músicos indisciplinados e para nós, que de repente tínhamos de estar ao serviço de um grande rigor em palco! Hoje, morremos de saudades uns dos outros quando paramos por algum tempo. Acho que houve paixão!

Quais os novos projectos dos Micro Audio Waves? E os teus? Estamos a preparar um DVD do Zoetrope. E com o lançamento deste DVD vamos fazer um segundo espectáculo em Lisboa na Culturgest, dia 11 de Novembro. Percebemos que houve muitas pessoas que gostavam de ter ido ver, mas não foi possível porque esgotou. Desejamos, com o DVD, apresentar um objecto que esteja à altura do espectáculo a que tantas pessoas aderiram com prazer. Para nós é bom poder haver algo que as pessoas possam levar consigo para casa. Vamos incluir neste DVD um CD áudio com versões de estúdio do espectáculo, em que estamos a trabalhar agora. Queremos também lançar um novo disco no próximo ano. Eu sozinha, ou melhor, acompanhada por outras gentes, estarei em versão Special Guest ao lado do Legendary Tigerman no seu novo disco Femina. Com os Double Blind no projecto Woman in Panic. E outros convites que vão surgindo sempre... E nas bandas sonoras dos desfiles do Ricardo Preto que é o meu “must have” duas vezes por ano. E ser feliz para sempre como nos contos da Disney.


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news por Patrícia Boto Cruz Marc Jacobs Advertising Foi editado um livro que reúne imagens de algumas campanhas de publicidade realizadas por Juergen Teller desde 1998 das colecções de Marc Jacobs. A peculiaridade das fotografias captadas foi decisiva na afirmação da marca e contou com modelos como Sofia Coppola, Cindy Sherman, Winona Rider e o próprio Juergen Teller. Do livro de 256 páginas (30x38x6) publicado pela Steidl, resulta clara a importância que a parceria entre os dois artistas teve, não só no mundo da moda mas também no da cultura visual. www.steidlville.com Marc Jacobs Advertising 19982009 by Juergen Teller Publicado pela Steidl

Phunk e Thomas Lélu Thomas Lélu, escritor e designer gráfico teve oportunidade de voltar à sua primeira paixão, as colagens. O artista fez 6 pósters com as imagens das capas dos CDs, vinil, flyers, etc, relativos a uma compilação discográfica. Fotos de homens, e também mulheres, viris mas que aceitam a sua feminilidade. Como exemplo, há a imagem de um corpo de mulher em biquini, com a foto da cara de um homem de bigode sobreposta à sua. O convite para Thomas Lélu fazer essas colagens veio de Phunk, importante produtora musical em Paris e responsável pela divulgação de grandes nomes da música. Digigraphie Epson 9880 em papel rag Formato: 59,4 x 84,1 cm Edição Limitada de 30 exemplares numerados, à venda na Colette.

Selo Bulgari Para comemorar os seus 125 anos, a Bulgari associou-se aos CORREIOS ITALIANOS e fez uma edição limitada de selos. Têm a imagem do colar Bulgari criado em 1965 em ouro e pedras ametistas, esmeraldas e turquesas. Serão emitidos 3,5 milhões de selos, cada um acompanhado da história da casa de joalharia, assinada por Paolo Bulgari, chairman do grupo. Desde Maio que estão disponíveis, mas apenas nos serviços postais de algumas cidades italianas (0,60 € cada).

Filme de animação Louis Vuitton “Superflat First Love” assinala a colaboração de seis anos de Takashi Murakami com a Louis Vuitton. É o segundo filme do criador japonês para a marca e através do qual somos levados numa máquina do tempo. Uma menina viaja da porta de uma loja LV nos dias de hoje até ao atelier onde Gaston Louis Vuitton com 14 anos fazia o baú de porão com o monograma. Na ida e volta dessa viagem o universo é colorido, romântico, infantil e psicadélico. Partidas em: www.louisvuitton.com

Livro “Pictures for Photographs” - Miles Aldridge Com fotos de estilo decadente e cores saturadas, o fotógrafo apresenta uma compilação dos seus trabalhos publicados na Vogue Itália e na Numéro. Dividido em duas partes, o livro transporta-nos para a imaginação do autor. Na primeira parte surgem os esboços, desenhados por Miles a preto e branco, do que ele pretende que venham a ser as fotos. Vemos a concepção da ideia e o cenário onde a mesma evoluí. Na segunda parte, o fotógrafo explica a evolução do processo até à imagem final. São fotos entre a inocência e o erotismo que retratam a visão do artista sobre as mulheres. O que começa com o desenho de um corpo rodeado de notas escritas à volta, acaba numa fotografia de uma loura voluptuosa a comer lagosta. Steidl, 176 págs, 39x27 cm, € 85. Pictures for Photographs - Miles Aldridge Publicado pela Steidl / www.steidlville.com

Boucheron à medida Em www.boucheron.com é possível costumizar jóias. A marca permite-nos ser artesãos de um anel, de um relógio ou de botões de punho. Na opção “personalize a sua jóia”, estão disponíveis os materiais e as peças dos joalheiros da marca. Se pretende um solitário de noivado, depois de escolher o diâmetro do anel, pode seleccionar ouro branco ou rosa e o tamanho do diamante. Para fazer um relógio, pode optar por um de três mostradores e a cor das correias. Já ao icónico anel do camaleão pode ser aplicado rubi, safira ou esmeralda (ou todas), nas diferentes partes do réptil. À medida que se vão combinando os elementos vê-se o aspecto da jóia de acordo com as opções seleccionadas.

Fred Farrugia O antigo director artístico da Lancôme lança a sua própria colecção de cosméticos. À venda em exclusivo na Sephora desde Setembro, é uma maquilhagem muito fácil de usar. Todas as texturas, mesmo o fond de teint, se podem aplicar com os dedos ou com pincel, com a vantagem de se venderem em doses individuais. É ainda possível misturar as cores disponíveis para criar uma paleta personalizada. O aspecto final das plaquetas onde se faz as misturas é o de um canivete suíço com várias lâminas abertas.


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news por Patrícia Boto Cruz Marc Jacobs Advertising Foi editado um livro que reúne imagens de algumas campanhas de publicidade realizadas por Juergen Teller desde 1998 das colecções de Marc Jacobs. A peculiaridade das fotografias captadas foi decisiva na afirmação da marca e contou com modelos como Sofia Coppola, Cindy Sherman, Winona Rider e o próprio Juergen Teller. Do livro de 256 páginas (30x38x6) publicado pela Steidl, resulta clara a importância que a parceria entre os dois artistas teve, não só no mundo da moda mas também no da cultura visual. www.steidlville.com Marc Jacobs Advertising 19982009 by Juergen Teller Publicado pela Steidl

Phunk e Thomas Lélu Thomas Lélu, escritor e designer gráfico teve oportunidade de voltar à sua primeira paixão, as colagens. O artista fez 6 pósters com as imagens das capas dos CDs, vinil, flyers, etc, relativos a uma compilação discográfica. Fotos de homens, e também mulheres, viris mas que aceitam a sua feminilidade. Como exemplo, há a imagem de um corpo de mulher em biquini, com a foto da cara de um homem de bigode sobreposta à sua. O convite para Thomas Lélu fazer essas colagens veio de Phunk, importante produtora musical em Paris e responsável pela divulgação de grandes nomes da música. Digigraphie Epson 9880 em papel rag Formato: 59,4 x 84,1 cm Edição Limitada de 30 exemplares numerados, à venda na Colette.

Selo Bulgari Para comemorar os seus 125 anos, a Bulgari associou-se aos CORREIOS ITALIANOS e fez uma edição limitada de selos. Têm a imagem do colar Bulgari criado em 1965 em ouro e pedras ametistas, esmeraldas e turquesas. Serão emitidos 3,5 milhões de selos, cada um acompanhado da história da casa de joalharia, assinada por Paolo Bulgari, chairman do grupo. Desde Maio que estão disponíveis, mas apenas nos serviços postais de algumas cidades italianas (0,60 € cada).

Filme de animação Louis Vuitton “Superflat First Love” assinala a colaboração de seis anos de Takashi Murakami com a Louis Vuitton. É o segundo filme do criador japonês para a marca e através do qual somos levados numa máquina do tempo. Uma menina viaja da porta de uma loja LV nos dias de hoje até ao atelier onde Gaston Louis Vuitton com 14 anos fazia o baú de porão com o monograma. Na ida e volta dessa viagem o universo é colorido, romântico, infantil e psicadélico. Partidas em: www.louisvuitton.com

Livro “Pictures for Photographs” - Miles Aldridge Com fotos de estilo decadente e cores saturadas, o fotógrafo apresenta uma compilação dos seus trabalhos publicados na Vogue Itália e na Numéro. Dividido em duas partes, o livro transporta-nos para a imaginação do autor. Na primeira parte surgem os esboços, desenhados por Miles a preto e branco, do que ele pretende que venham a ser as fotos. Vemos a concepção da ideia e o cenário onde a mesma evoluí. Na segunda parte, o fotógrafo explica a evolução do processo até à imagem final. São fotos entre a inocência e o erotismo que retratam a visão do artista sobre as mulheres. O que começa com o desenho de um corpo rodeado de notas escritas à volta, acaba numa fotografia de uma loura voluptuosa a comer lagosta. Steidl, 176 págs, 39x27 cm, € 85. Pictures for Photographs - Miles Aldridge Publicado pela Steidl / www.steidlville.com

Boucheron à medida Em www.boucheron.com é possível costumizar jóias. A marca permite-nos ser artesãos de um anel, de um relógio ou de botões de punho. Na opção “personalize a sua jóia”, estão disponíveis os materiais e as peças dos joalheiros da marca. Se pretende um solitário de noivado, depois de escolher o diâmetro do anel, pode seleccionar ouro branco ou rosa e o tamanho do diamante. Para fazer um relógio, pode optar por um de três mostradores e a cor das correias. Já ao icónico anel do camaleão pode ser aplicado rubi, safira ou esmeralda (ou todas), nas diferentes partes do réptil. À medida que se vão combinando os elementos vê-se o aspecto da jóia de acordo com as opções seleccionadas.

Fred Farrugia O antigo director artístico da Lancôme lança a sua própria colecção de cosméticos. À venda em exclusivo na Sephora desde Setembro, é uma maquilhagem muito fácil de usar. Todas as texturas, mesmo o fond de teint, se podem aplicar com os dedos ou com pincel, com a vantagem de se venderem em doses individuais. É ainda possível misturar as cores disponíveis para criar uma paleta personalizada. O aspecto final das plaquetas onde se faz as misturas é o de um canivete suíço com várias lâminas abertas.


gabinetes de impren /nsa e showrooms Como surgiram na área da moda, o que são, o que fazem e como se tornaram vitais para a imprensa... e para as marcas. por Sara Andrade No curso de Comunicação Social (o meu), é instintivo pensarmos na vertente de assessoria de imprensa associada a altos cargos do governo e política em geral. Não é costume pensarmos em Moda como uma área necessitada de intermediários na sua divulgação e é muito menos usual considerarmos a hipótese de que a roupa precisa de Relações Públicas. Mas o facto de não ser falado ou assumido, não invalida a extrema necessidade e importância de esta situação existir: numa indústria que move milhões e que parece estar sempre em franco crescimento, é notória a cada vez maior importância de existirem estes “diplomatas” do vestuário, que ajudam a mensagem de uma marca a ser melhor e mais selectivamente divulgada junto do público. “Um Relações Públicas (RP) é um interlocutor e faz a ponte entre as marcas e a sociedade”. Luís Pereira estava do outro lado da barricada quando decidiu abrir um gabinete de imprensa e showroom, o ShowPress. Foi durante muitos anos produtor de moda freelancer no nosso país e sentia que o mercado português funcionava de forma muito dispersa e que a oferta para os editores e produtores era reduzida, centrava-se nas lojas e as informações sobre a marca e os seus produtos

BIRdSONG e GLOBAL PRESSE, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

perdiam impacto ou eram inacessíveis. A oportunidade de preencher este nicho de mercado era apelativa e, por isso, hoje sabe do que fala quando acrescenta que “o trabalho primário de um relações públicas consiste em saber interpretar eficazmente o perfil de cada marca e eleger os melhores canais de comunicação para promover a personalidade adjacente a cada uma delas. No caso da Showpress”, continua, “porque é direccionada ao âmbito de moda e lifestyle, o seu trabalho é materializado em produtos, implicando a existência de um espaço físico de exposição - o showroom.” Em género de episódio do Lost, a definição de Luís Pereira esclarece tantas questões como as que levanta. Erro da autora: talvez tivesse sido sábio começar por distinguir um gabinete de imprensa do papel de um relações públicas e estes de um showroom... e daqui explicar porque, nesta área, os três andam de mãos dadas. Inês Fontoura, gerente do showroom da H&M, sabe distingui-los: “Um RP não é mais do que um funcionário administrativo que ajuda a manter linhas de comunicação entre a organização e os seus públicos. Envolve a gestão de problemas ou temas importantes e ajuda a organização a manter-se informada sobre a opinião pública e pronta a responder perante ela”, define. “Já um assessor

de imprensa trabalha a instituição enquanto fonte de informação organizada, permanente e credível. No gabinete de imprensa, divulgamos informações de interesse público aos media e analisamos tudo o que é publicado sobre a nossa empresa”, continua. “E num showroom, a fonte de informação é a própria roupa, as tendências e por isso, apresentamos a nossa colecção aos especialistas da área da moda a fim destes comunicarem o nosso produto nos meios onde trabalham”. Ou seja, trocando por miúdos, e de uma forma muito simplista, um RP mantém a boa comunicação entre Imprensa e marca, e está sempre preparado para resolver falhas no entendimento, recorrendo a diplomacia e, vá, admita-se, algum charme; o gabinete de imprensa é mais técnico e prende-se com a gestão da informação e a sua divulgação e promoção; o showroom é um género de closet, um guarda-roupa ou “armário” onde se pode ver em primeira mão e requisitar os produtos que o gabinete de imprensa divulga. Em assessoria de Imprensa de Moda, os três não se podem dissociar - estas agências de comunicação incluem as três vertentes, que podem ser acumuladas por uma pessoa ou desempenhadas por várias: um assessor tem que ter a informação bem organizada dentro da instituição ou casa que

H&M e OLINDO MOURA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

representa para ser de fácil acesso e fornecê-la rapidamente aos órgãos de comunicação social quando lhes é exigido; tem que ter algum charme e simpatia porque, sejamos francos, é atributo obrigatório quando se lida com o público e, além disso, é de interesse mútuo a publicação dos seus produtos; e o showroom é o apêndice que é absolutamente necessário - as revistas de moda trabalham não só com informação, mas também imagem. Imagens que não são meras representações do produtos, mas veiculam mais que isso e, muitas vezes, é necessário ter a peça em si para fotografá-la de acordo com a linha editorial desse meio (leia-se, em editoriais e instalações ou still lifes). Para além disso, esta é uma indústria que vive de acordo com a aparência e as texturas: o ver, tocar e sentir é fulcral para um editor de moda poder fotografar determinado item de vestuário ou aconselhar a leitora a investir nesta ou naquela peça. Inês Quartín, assessora de Imprensa no gabinete de comunicação GCI, suporta esta ideia: “sempre fez sentido ter um showroom, um espaço de exposição e comunicação específica, para editores de moda, beleza e jornalistas, que testam os produtos antes de escrever sobre eles”.


gabinetes de impren /nsa e showrooms Como surgiram na área da moda, o que são, o que fazem e como se tornaram vitais para a imprensa... e para as marcas. por Sara Andrade No curso de Comunicação Social (o meu), é instintivo pensarmos na vertente de assessoria de imprensa associada a altos cargos do governo e política em geral. Não é costume pensarmos em Moda como uma área necessitada de intermediários na sua divulgação e é muito menos usual considerarmos a hipótese de que a roupa precisa de Relações Públicas. Mas o facto de não ser falado ou assumido, não invalida a extrema necessidade e importância de esta situação existir: numa indústria que move milhões e que parece estar sempre em franco crescimento, é notória a cada vez maior importância de existirem estes “diplomatas” do vestuário, que ajudam a mensagem de uma marca a ser melhor e mais selectivamente divulgada junto do público. “Um Relações Públicas (RP) é um interlocutor e faz a ponte entre as marcas e a sociedade”. Luís Pereira estava do outro lado da barricada quando decidiu abrir um gabinete de imprensa e showroom, o ShowPress. Foi durante muitos anos produtor de moda freelancer no nosso país e sentia que o mercado português funcionava de forma muito dispersa e que a oferta para os editores e produtores era reduzida, centrava-se nas lojas e as informações sobre a marca e os seus produtos

BIRdSONG e GLOBAL PRESSE, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

perdiam impacto ou eram inacessíveis. A oportunidade de preencher este nicho de mercado era apelativa e, por isso, hoje sabe do que fala quando acrescenta que “o trabalho primário de um relações públicas consiste em saber interpretar eficazmente o perfil de cada marca e eleger os melhores canais de comunicação para promover a personalidade adjacente a cada uma delas. No caso da Showpress”, continua, “porque é direccionada ao âmbito de moda e lifestyle, o seu trabalho é materializado em produtos, implicando a existência de um espaço físico de exposição - o showroom.” Em género de episódio do Lost, a definição de Luís Pereira esclarece tantas questões como as que levanta. Erro da autora: talvez tivesse sido sábio começar por distinguir um gabinete de imprensa do papel de um relações públicas e estes de um showroom... e daqui explicar porque, nesta área, os três andam de mãos dadas. Inês Fontoura, gerente do showroom da H&M, sabe distingui-los: “Um RP não é mais do que um funcionário administrativo que ajuda a manter linhas de comunicação entre a organização e os seus públicos. Envolve a gestão de problemas ou temas importantes e ajuda a organização a manter-se informada sobre a opinião pública e pronta a responder perante ela”, define. “Já um assessor

de imprensa trabalha a instituição enquanto fonte de informação organizada, permanente e credível. No gabinete de imprensa, divulgamos informações de interesse público aos media e analisamos tudo o que é publicado sobre a nossa empresa”, continua. “E num showroom, a fonte de informação é a própria roupa, as tendências e por isso, apresentamos a nossa colecção aos especialistas da área da moda a fim destes comunicarem o nosso produto nos meios onde trabalham”. Ou seja, trocando por miúdos, e de uma forma muito simplista, um RP mantém a boa comunicação entre Imprensa e marca, e está sempre preparado para resolver falhas no entendimento, recorrendo a diplomacia e, vá, admita-se, algum charme; o gabinete de imprensa é mais técnico e prende-se com a gestão da informação e a sua divulgação e promoção; o showroom é um género de closet, um guarda-roupa ou “armário” onde se pode ver em primeira mão e requisitar os produtos que o gabinete de imprensa divulga. Em assessoria de Imprensa de Moda, os três não se podem dissociar - estas agências de comunicação incluem as três vertentes, que podem ser acumuladas por uma pessoa ou desempenhadas por várias: um assessor tem que ter a informação bem organizada dentro da instituição ou casa que

H&M e OLINDO MOURA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

representa para ser de fácil acesso e fornecê-la rapidamente aos órgãos de comunicação social quando lhes é exigido; tem que ter algum charme e simpatia porque, sejamos francos, é atributo obrigatório quando se lida com o público e, além disso, é de interesse mútuo a publicação dos seus produtos; e o showroom é o apêndice que é absolutamente necessário - as revistas de moda trabalham não só com informação, mas também imagem. Imagens que não são meras representações do produtos, mas veiculam mais que isso e, muitas vezes, é necessário ter a peça em si para fotografá-la de acordo com a linha editorial desse meio (leia-se, em editoriais e instalações ou still lifes). Para além disso, esta é uma indústria que vive de acordo com a aparência e as texturas: o ver, tocar e sentir é fulcral para um editor de moda poder fotografar determinado item de vestuário ou aconselhar a leitora a investir nesta ou naquela peça. Inês Quartín, assessora de Imprensa no gabinete de comunicação GCI, suporta esta ideia: “sempre fez sentido ter um showroom, um espaço de exposição e comunicação específica, para editores de moda, beleza e jornalistas, que testam os produtos antes de escrever sobre eles”.


Para perceber a importância dos showrooms para a Imprensa, é necessário primeiro estabelecer a conjuntura que permitiu a emergência destes embaixadores de guarda-roupa e perceber porque uma vertente tão importante da moda é também tão jovem neste negócio (nomeadamente, em Portugal). “O Press Club foi o primeiro showroom de Imprensa em Portugal”, orgulha-se Ricardo Figueiredo, o seu fundador e actual Director de RP. “Com o aumento de revistas de moda, senti logo necessidade de oferecer este serviço, porque cada vez tinha mais solicitações de produtores da área. No fundo, segui a tendência internacional das agências de comunicação especializadas em Moda”, continua, explicando a origem do negócio cá dentro. E mantém-se na linearidade histórica: “Nos anos noventa houve um grande crescimento dos meios de comunicação, nomeadamente na área da imprensa feminina. Paralelamente, uma maior consciencialização do mundo da moda e um aumento das marcas importadas. Foi o contexto perfeito para a criação dos elos de ligação entre os meios de comunicação e as marcas.” É a lei da oferta e da procura - o aparecimento de revistas cuja linha editorial ia além

do estatuto de revista feminina, entrando num campo de moda com franca visibilidade, despoletou também a necessidade de se criarem mecanismos que pudessem responder a este tipo de demanda de roupa, com um tempo de reacção muito mais veloz do que aquele que se fazia até aqui, no nosso país. O aparecimento da Marie Claire, nos anos 90, foi quase como um rastilho para esta tendência e as suas sucessoras vieram confirmar o sucesso deste tipo de organizações. Aliás, na verdade, a realidade portuguesa veio seguir o cenário internacional, mas com algum atraso, simplesmente porque a indústria da moda e sua consequente divulgação periódica ainda não estava no estado ideal de maturidade para esta emergência. Manuela Furtado, proprietária e RP da BirdSong tem noção da importância de se ter vindo a preencher esta lacuna no mercado: “[Os gabinetes de imprensa/showroom] surgiram pela necessidade que as marcas de moda tiveram em ter melhor visibilidade nos meios de comunicação social. Em vez de o fazerem internamente, preferiram procurar fornecedores externos para este serviço”, diz a RP. “O facto da maioria das marcas estar sedeada fora de Portugal também faz com que essas procurem representação externa dentro do nosso país” continua. Descrições técnicas e gramaticalmente correctas, mas que não passam a dimensão da coisa. Antes de mais, é preciso perceber que a Moda tem necessidades que as outras indústrias não têm: e não é capricho ou elitismo, é pura realidade. A começar pela dimensão imagética com que tem que lidar e os parâmetros de qualidade a que tem que obedecer: uma qualquer fotografia de paparazzi pode satisfazer a imprensa do social, mas jamais entraria nas páginas de um periódico de moda - não por ser

algo de sociedade (afinal, a moda também tem festas), mas pela resolução, enquadramento, pixelização da imagem; e a ilustração de um cenário tem que ter um enquadramento fantástico, boa definição e fantástico jogo de cor, exigências que não acontecem em semanários ou diários noticiosos. Das imagens em still life (naturezas mortas ou recortes de acessórios e peças de roupas que são usadas em páginas de compras) aos editoriais de moda, que exigem as próprias peças de vestuário para figurar em modelos, tudo seria impossível (bom, ou lá muito perto do reino da impossibilidade) de obter, sem que houvesse intermediários com conhecimentos para fazer a coisa acontecer. É mais ou menos como ter uma cunha junto de designers, criadores e marcas... ajuda sempre ter alguém que conhece alguém. E é graças a estes contactos que se conquistam vestidos de valor incalculável e calças que parecem banhadas a ouro (ou que custam o equivalente a), bem como as mais mundanas t-shirts de high street, para fazer as imagens que os leitores exigem quando compram uma revista. Este género de urgências requerem infraestruturas diferentes das agências de comunicação que apoiam outras áreas comerciais - nomeadamente, a existência do showroom, exactamente para se poder obter a roupa para fotografar nos supra-citados editoriais, componente indispensável deste género de imprensa. Há outro aspecto que torna imperativo a existência de um showroom. É um lado que uma minoria conhece, poucos se lembram e a maioria não concebe: a fotografia de peças em modelos está sujeita a acidentes de percurso, porque um modelo salta, corre, mexe-se dentro dos looks, e surge muitas vezes a necessidade de apertar

PRESS CLUB e SHOWPRESS, FOTOGRAFIA (SHOWPRESS): BÁRBARA CLAUSTRE

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

silhuetas com alfinetes ou molas... ossos do ofício, a roupa é que sofre e é quase impensável usar-se uma peça de loja para sujeitar-se a estes ajustes. Os protótipos existentes em showroom são, por isso, os items todo-o-terreno da moda: não se entenda que são feitos para serem maltratados, mas são tolerantes a abusos menores, porque são looks que rodam de revista para revista (no caso internacional, de país para país) e é inevitável os materiais e o design sofrer algum desgaste. “Com os showrooms”, confirma Isabel Jorge de Carvalho, co-fundadora e directora da Global Press, “a Imprensa dispõe de parceiros fundamentais na concretização do seu trabalho ao terem disponíveis as colecções permanentemente, e poderem usufruir das mesmas para fazer um trabalho cada vez melhor.” Inês Quartín vai mais longe nesta ideia: “Ao comunicar na Moda e na Beleza, as necessidades dos editores e imprensa destas áreas incluem a utilização de peças reais para produções de moda ou para testar e fotografar; estarem reunidos num espaço várias marcas de Moda e, para cada uma, existir uma selecção da colecção, é um serviço que se tornou vital para conseguir maior visibilidade das marcas que representamos”. Xana Nunes, fundadora e directora da agência XN, corrobora: “Deixou de


Para perceber a importância dos showrooms para a Imprensa, é necessário primeiro estabelecer a conjuntura que permitiu a emergência destes embaixadores de guarda-roupa e perceber porque uma vertente tão importante da moda é também tão jovem neste negócio (nomeadamente, em Portugal). “O Press Club foi o primeiro showroom de Imprensa em Portugal”, orgulha-se Ricardo Figueiredo, o seu fundador e actual Director de RP. “Com o aumento de revistas de moda, senti logo necessidade de oferecer este serviço, porque cada vez tinha mais solicitações de produtores da área. No fundo, segui a tendência internacional das agências de comunicação especializadas em Moda”, continua, explicando a origem do negócio cá dentro. E mantém-se na linearidade histórica: “Nos anos noventa houve um grande crescimento dos meios de comunicação, nomeadamente na área da imprensa feminina. Paralelamente, uma maior consciencialização do mundo da moda e um aumento das marcas importadas. Foi o contexto perfeito para a criação dos elos de ligação entre os meios de comunicação e as marcas.” É a lei da oferta e da procura - o aparecimento de revistas cuja linha editorial ia além

do estatuto de revista feminina, entrando num campo de moda com franca visibilidade, despoletou também a necessidade de se criarem mecanismos que pudessem responder a este tipo de demanda de roupa, com um tempo de reacção muito mais veloz do que aquele que se fazia até aqui, no nosso país. O aparecimento da Marie Claire, nos anos 90, foi quase como um rastilho para esta tendência e as suas sucessoras vieram confirmar o sucesso deste tipo de organizações. Aliás, na verdade, a realidade portuguesa veio seguir o cenário internacional, mas com algum atraso, simplesmente porque a indústria da moda e sua consequente divulgação periódica ainda não estava no estado ideal de maturidade para esta emergência. Manuela Furtado, proprietária e RP da BirdSong tem noção da importância de se ter vindo a preencher esta lacuna no mercado: “[Os gabinetes de imprensa/showroom] surgiram pela necessidade que as marcas de moda tiveram em ter melhor visibilidade nos meios de comunicação social. Em vez de o fazerem internamente, preferiram procurar fornecedores externos para este serviço”, diz a RP. “O facto da maioria das marcas estar sedeada fora de Portugal também faz com que essas procurem representação externa dentro do nosso país” continua. Descrições técnicas e gramaticalmente correctas, mas que não passam a dimensão da coisa. Antes de mais, é preciso perceber que a Moda tem necessidades que as outras indústrias não têm: e não é capricho ou elitismo, é pura realidade. A começar pela dimensão imagética com que tem que lidar e os parâmetros de qualidade a que tem que obedecer: uma qualquer fotografia de paparazzi pode satisfazer a imprensa do social, mas jamais entraria nas páginas de um periódico de moda - não por ser

algo de sociedade (afinal, a moda também tem festas), mas pela resolução, enquadramento, pixelização da imagem; e a ilustração de um cenário tem que ter um enquadramento fantástico, boa definição e fantástico jogo de cor, exigências que não acontecem em semanários ou diários noticiosos. Das imagens em still life (naturezas mortas ou recortes de acessórios e peças de roupas que são usadas em páginas de compras) aos editoriais de moda, que exigem as próprias peças de vestuário para figurar em modelos, tudo seria impossível (bom, ou lá muito perto do reino da impossibilidade) de obter, sem que houvesse intermediários com conhecimentos para fazer a coisa acontecer. É mais ou menos como ter uma cunha junto de designers, criadores e marcas... ajuda sempre ter alguém que conhece alguém. E é graças a estes contactos que se conquistam vestidos de valor incalculável e calças que parecem banhadas a ouro (ou que custam o equivalente a), bem como as mais mundanas t-shirts de high street, para fazer as imagens que os leitores exigem quando compram uma revista. Este género de urgências requerem infraestruturas diferentes das agências de comunicação que apoiam outras áreas comerciais - nomeadamente, a existência do showroom, exactamente para se poder obter a roupa para fotografar nos supra-citados editoriais, componente indispensável deste género de imprensa. Há outro aspecto que torna imperativo a existência de um showroom. É um lado que uma minoria conhece, poucos se lembram e a maioria não concebe: a fotografia de peças em modelos está sujeita a acidentes de percurso, porque um modelo salta, corre, mexe-se dentro dos looks, e surge muitas vezes a necessidade de apertar

PRESS CLUB e SHOWPRESS, FOTOGRAFIA (SHOWPRESS): BÁRBARA CLAUSTRE

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

silhuetas com alfinetes ou molas... ossos do ofício, a roupa é que sofre e é quase impensável usar-se uma peça de loja para sujeitar-se a estes ajustes. Os protótipos existentes em showroom são, por isso, os items todo-o-terreno da moda: não se entenda que são feitos para serem maltratados, mas são tolerantes a abusos menores, porque são looks que rodam de revista para revista (no caso internacional, de país para país) e é inevitável os materiais e o design sofrer algum desgaste. “Com os showrooms”, confirma Isabel Jorge de Carvalho, co-fundadora e directora da Global Press, “a Imprensa dispõe de parceiros fundamentais na concretização do seu trabalho ao terem disponíveis as colecções permanentemente, e poderem usufruir das mesmas para fazer um trabalho cada vez melhor.” Inês Quartín vai mais longe nesta ideia: “Ao comunicar na Moda e na Beleza, as necessidades dos editores e imprensa destas áreas incluem a utilização de peças reais para produções de moda ou para testar e fotografar; estarem reunidos num espaço várias marcas de Moda e, para cada uma, existir uma selecção da colecção, é um serviço que se tornou vital para conseguir maior visibilidade das marcas que representamos”. Xana Nunes, fundadora e directora da agência XN, corrobora: “Deixou de


ser viável que os produtores de moda vão às lojas buscar roupa para as produções, e as marcas, ao se profissionalizarem, ou têm gabinetes de comunicação internos, ou têm que encontrar externos”. A afirmação acaba por responder também à questão do porquê da criação de showrooms/ gabinetes de imprensa e da conjuntura em que surgiram. “No caso da H&M”, segue Inês Fontoura, “é fundamental ter um showroom onde possamos mostrar as novas tendências aos jornalistas e produtores de moda, pois com a quantidade e variedade de produto que temos, a atenção dispersa-se. No showroom, conseguimos centralizar essa informação”. Fontoura toca num ponto fulcral que Luís Pereira, inclusive, já tinha abordado, que passa pela vasta oferta de informação versus linha editorial de uma revista. Eu trabalho numa revista de moda há alguns anos... acredito que estou preparada para reconhecer determinados nomes e palavras que instintivamente despertam o meu interesse quase de uma maneira subliminar, e talvez até me sinta programada para gostar de determinado tipo de imagem especial, influenciada pela linha editorial que me habituei a seguir. Os gabinetes de imprensa sabem disso e têm o seu papel de influência ao editarem e adequarem a mensagem da marca ao meio em que se destinam: “O principal desafio consiste em conseguir fazer chegar a nossa mensagem, adaptando-a a cada meio e a cada receptor”, afirma Fernanda Lamelas, directora e RP da agência Olindo Moura. Carla Soveral e Célia Fernandes, assessoras no gabinete de imprensa Triângulo das Bermudas, completam: “É de extrema importância para qualquer marca (seja em que área for), que não tenha na sua estrutura a componente de comunicação, recorrer aos serviços de uma agência porque, actualmente, com o excesso de informação que nos rodeia, há que saber transmitir emoções e estilos de vida ao público-alvo.” De facto, hoje em dia, cada profissional dos media centra em si uma série

GCI

de funções e tudo o que precisa é para ontem. O facto da mensagem chegar já editada e de acordo com os parâmetros que persegue é meio caminho andado para ganhar um spot em espaço editorial - pontos extra se chegar atempadamente. E esta noção é relevante: as revistas de moda trabalham com uma agenda que difere do calendário solar, o que significa que tudo o que são colecções cápsula para datas especiais ou novidades sazonais têm que chegar com meses de antecedência às redacções. Para responder a esta necessidade, é obrigatória a existência de uma máquina bem oleada a tratar da informação que a Imprensa pretende: “um gabinete de imprensa/showroom facilita a obtenção de produtos e informação, bem como as novidades são direccionadas de uma forma sistematizada, facilitando o trabalho do jornalista ou editor”, explica Manuela Furtado, da Birdsong. “Reunir num mesmo espaço várias colecções, marcas e clientes, fornecer a informação filtrada e apresentada da forma mais efectiva são algumas das mais valias destas agências para a imprensa”, sumariza Inês Quartín. Luís Pereira também passa de forma clara a ideia: “Em termos práticos, a acessibilidade é essencial. Somos um showroom multi-marcas, logo, proporcionamos à imprensa um conjunto de alternativas e informações que estão disponíveis num mesmo espaço”, defende. E continua: “Enquanto intermediários, interessa-nos que toda a imprensa que nos procura encontre uma resposta rápida e prática, e que os nossos clientes fiquem satisfeitos com as estratégias de divulgação que ajudamos a construir”.

de sofás, e a palavra showroom não constava do meu vocabulário. Hoje, repito-a diariamente e manter-me em contacto com press offices (o termo para gabinetes de imprensa em inglês) é tarefa regular. Porque, realmente, é deles que advém a matéria bruta para transformar em conteúdo editorial e, admito, por experiência própria, que quando uma marca não tem um departamento de comunicação por trás, é muito difícil conseguir material de qualidade e adequado para figurar nas páginas de uma revista - e não se trata de uma falta de vontade de quem está a responder na ausência de um órgão destacado para o efeito, é por pura falta de preparação ou conhecimento dos meandros e necessidades de uma revista de moda: fotos em alta resolução, preços, roupa... E será cada vez mais difícil sobreviver nesta indústria sem o apoio de um gabinete de imprensa, tanto da parte dos media como da parte das marcas, porque os próprios showrooms e departamentos de comunicação têm evoluído cada vez mais, têm vindo a multiplicar as suas tarefas e obrigações e a desdobrarem-se em divulgadores, intermediários, representantes, promotores, enfim, tudo para garantir a chegada personalizada de informação sobre uma casa à imprensa e garantir a sua visibilidade nos meios certos. “Todos os dias estamos a aprender”, confessa Ricardo Figueiredo. “Gosto muito de saber o que as outras agências estrangeiras andam a fazer. Em qualquer PR

Confesso: quando comecei a trabalhar nesta vertente do jornalismo, era completamente leiga no que diz respeito à origem das roupas em editoriais... não tinha nenhuma ideia oposta ao que na realidade acontece, mas nunca me tinha dedicado a pensar nisso. Não sabia o que eram amostras têxteis, além das que há em estofadores

XN

meeting internacional, sou um aluno atento. Estou sempre a guardar convites elegantes e originais ou Press Releases de qualidade. Tudo isto faz-nos crescer. Internamente, estamos sempre a tentar encontrar as melhores formas para sermos o mais eficiente possível para os meios de comunicação”. O facto do mercado estar a crescer, também anula monopólios e permite que estas agências sintam necessidade de inovar devido aos ambientes competitivos, consagrando-as como camaleónicas e conferindo-lhes, assim, mais uma mais-valia que as categoriza de indispensáveis. Luís Pereira é mais certeiro a explicá-lo: ”Ao longo dos anos, as agências de comunicação tornaram-se mais elásticas e adaptaram o seu modus operandi de acordo com a emergente criação de nichos de mercado, quer das marcas, quer da imprensa”. E é devido a esta elasticidade e capacidade de se adaptarem aos novos tempos que os gabinetes de imprensa vieram para ficar e para se multiplicar.


ser viável que os produtores de moda vão às lojas buscar roupa para as produções, e as marcas, ao se profissionalizarem, ou têm gabinetes de comunicação internos, ou têm que encontrar externos”. A afirmação acaba por responder também à questão do porquê da criação de showrooms/ gabinetes de imprensa e da conjuntura em que surgiram. “No caso da H&M”, segue Inês Fontoura, “é fundamental ter um showroom onde possamos mostrar as novas tendências aos jornalistas e produtores de moda, pois com a quantidade e variedade de produto que temos, a atenção dispersa-se. No showroom, conseguimos centralizar essa informação”. Fontoura toca num ponto fulcral que Luís Pereira, inclusive, já tinha abordado, que passa pela vasta oferta de informação versus linha editorial de uma revista. Eu trabalho numa revista de moda há alguns anos... acredito que estou preparada para reconhecer determinados nomes e palavras que instintivamente despertam o meu interesse quase de uma maneira subliminar, e talvez até me sinta programada para gostar de determinado tipo de imagem especial, influenciada pela linha editorial que me habituei a seguir. Os gabinetes de imprensa sabem disso e têm o seu papel de influência ao editarem e adequarem a mensagem da marca ao meio em que se destinam: “O principal desafio consiste em conseguir fazer chegar a nossa mensagem, adaptando-a a cada meio e a cada receptor”, afirma Fernanda Lamelas, directora e RP da agência Olindo Moura. Carla Soveral e Célia Fernandes, assessoras no gabinete de imprensa Triângulo das Bermudas, completam: “É de extrema importância para qualquer marca (seja em que área for), que não tenha na sua estrutura a componente de comunicação, recorrer aos serviços de uma agência porque, actualmente, com o excesso de informação que nos rodeia, há que saber transmitir emoções e estilos de vida ao público-alvo.” De facto, hoje em dia, cada profissional dos media centra em si uma série

GCI

de funções e tudo o que precisa é para ontem. O facto da mensagem chegar já editada e de acordo com os parâmetros que persegue é meio caminho andado para ganhar um spot em espaço editorial - pontos extra se chegar atempadamente. E esta noção é relevante: as revistas de moda trabalham com uma agenda que difere do calendário solar, o que significa que tudo o que são colecções cápsula para datas especiais ou novidades sazonais têm que chegar com meses de antecedência às redacções. Para responder a esta necessidade, é obrigatória a existência de uma máquina bem oleada a tratar da informação que a Imprensa pretende: “um gabinete de imprensa/showroom facilita a obtenção de produtos e informação, bem como as novidades são direccionadas de uma forma sistematizada, facilitando o trabalho do jornalista ou editor”, explica Manuela Furtado, da Birdsong. “Reunir num mesmo espaço várias colecções, marcas e clientes, fornecer a informação filtrada e apresentada da forma mais efectiva são algumas das mais valias destas agências para a imprensa”, sumariza Inês Quartín. Luís Pereira também passa de forma clara a ideia: “Em termos práticos, a acessibilidade é essencial. Somos um showroom multi-marcas, logo, proporcionamos à imprensa um conjunto de alternativas e informações que estão disponíveis num mesmo espaço”, defende. E continua: “Enquanto intermediários, interessa-nos que toda a imprensa que nos procura encontre uma resposta rápida e prática, e que os nossos clientes fiquem satisfeitos com as estratégias de divulgação que ajudamos a construir”.

de sofás, e a palavra showroom não constava do meu vocabulário. Hoje, repito-a diariamente e manter-me em contacto com press offices (o termo para gabinetes de imprensa em inglês) é tarefa regular. Porque, realmente, é deles que advém a matéria bruta para transformar em conteúdo editorial e, admito, por experiência própria, que quando uma marca não tem um departamento de comunicação por trás, é muito difícil conseguir material de qualidade e adequado para figurar nas páginas de uma revista - e não se trata de uma falta de vontade de quem está a responder na ausência de um órgão destacado para o efeito, é por pura falta de preparação ou conhecimento dos meandros e necessidades de uma revista de moda: fotos em alta resolução, preços, roupa... E será cada vez mais difícil sobreviver nesta indústria sem o apoio de um gabinete de imprensa, tanto da parte dos media como da parte das marcas, porque os próprios showrooms e departamentos de comunicação têm evoluído cada vez mais, têm vindo a multiplicar as suas tarefas e obrigações e a desdobrarem-se em divulgadores, intermediários, representantes, promotores, enfim, tudo para garantir a chegada personalizada de informação sobre uma casa à imprensa e garantir a sua visibilidade nos meios certos. “Todos os dias estamos a aprender”, confessa Ricardo Figueiredo. “Gosto muito de saber o que as outras agências estrangeiras andam a fazer. Em qualquer PR

Confesso: quando comecei a trabalhar nesta vertente do jornalismo, era completamente leiga no que diz respeito à origem das roupas em editoriais... não tinha nenhuma ideia oposta ao que na realidade acontece, mas nunca me tinha dedicado a pensar nisso. Não sabia o que eram amostras têxteis, além das que há em estofadores

XN

meeting internacional, sou um aluno atento. Estou sempre a guardar convites elegantes e originais ou Press Releases de qualidade. Tudo isto faz-nos crescer. Internamente, estamos sempre a tentar encontrar as melhores formas para sermos o mais eficiente possível para os meios de comunicação”. O facto do mercado estar a crescer, também anula monopólios e permite que estas agências sintam necessidade de inovar devido aos ambientes competitivos, consagrando-as como camaleónicas e conferindo-lhes, assim, mais uma mais-valia que as categoriza de indispensáveis. Luís Pereira é mais certeiro a explicá-lo: ”Ao longo dos anos, as agências de comunicação tornaram-se mais elásticas e adaptaram o seu modus operandi de acordo com a emergente criação de nichos de mercado, quer das marcas, quer da imprensa”. E é devido a esta elasticidade e capacidade de se adaptarem aos novos tempos que os gabinetes de imprensa vieram para ficar e para se multiplicar.


press /club

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birdsong

RICARDO FIGUEIREDO PRESS CLUB

MANUELA FURTADO – BIRDSONG

Data em que foi criado:1997

Data em que foi criado: 1998, com o nome Arranca Corações e alterou, em 2006, para BirdSong

Membros da equipa: 5 Marcas que representam: Grupo Sáfilo ( Óculos YsL, Gucci, Valentino, Marc Jacobs, Carrera, Giorgio Armani, Bottega Veneta, Dior, MaxMara...), Atelier Graça Viterbo, Massimo Dutti, Hackett London, Gérard Darel, Tara Jarmon, New Balance, Weill, Hoss Intropia, Patrizia Pepe, Malene Birger, Casa do Passadiço, TOUS. Mas são também nossos clientes outras marcas, sobretudo para eventos, como Bulgari, Chopard, Jaeger LeCoultre, Raymond Weill entre outras. Para breve uma grande parceria Quais são os principais desafios de gerir um showroom/gabinete de imprensa? Num showroom são sobretudo os timings, gerir a imagem e controlar a rotação dos Looks. No resto da agência, os desafios são outros. Em termos de assessoria de imprensa, o desafio é chegar e ultrapassar os nossos objectivos em função da estratégia dos clientes. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Conhecer bem as revistas do mercado, targets e também os produtores e editores de moda. É muito importante saber quais as futuras produções de moda e quais os temas das revistas para antecipar as necessidades dos jornalistas.

RICARDO FIGUEIREDO, FOTOGRAFIA: PEDRO FERREIRA

Membros da equipa: 3 accounts, 1 responsável de clipping Marcas que representa: Louis Vuitton, Mango, Pepe Jeans, Nike Sportswear, Nikewomen, Havaianas, Twenty8Twelve by S.miller, Andy Warhol by Pepe Jeans, Cia Marítima, Água Doce, Zero2, Miguel Viana. Porquê a abertura de um showroom/gabinete de imprensa? Aconteceu um pouco por acaso... foi em 1998 quando a Marie Claire, revista onde trabalhava encerrou. O nosso primeiro cliente foi a Mango que na altura sabíamos que procurava um gabinete de imprensa. Lá fora era comum a existência de gabinetes de imprensa especializadas nesta área... Cá, nessa altura havia 1 ou 2. Então eu a Isabel Carmona, minha amiga e colega na Marie Claire resolvemos abrir uma agência de RRPP e a Mango aceitou ser o nosso 1º cliente. Nessa altura a agência chamava Arranca Corações. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Perspicácia, organização, consolidação da relação agência/ cliente e agência/imprensa.

MANUELA FURTADo, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


press /club

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birdsong

RICARDO FIGUEIREDO PRESS CLUB

MANUELA FURTADO – BIRDSONG

Data em que foi criado:1997

Data em que foi criado: 1998, com o nome Arranca Corações e alterou, em 2006, para BirdSong

Membros da equipa: 5 Marcas que representam: Grupo Sáfilo ( Óculos YsL, Gucci, Valentino, Marc Jacobs, Carrera, Giorgio Armani, Bottega Veneta, Dior, MaxMara...), Atelier Graça Viterbo, Massimo Dutti, Hackett London, Gérard Darel, Tara Jarmon, New Balance, Weill, Hoss Intropia, Patrizia Pepe, Malene Birger, Casa do Passadiço, TOUS. Mas são também nossos clientes outras marcas, sobretudo para eventos, como Bulgari, Chopard, Jaeger LeCoultre, Raymond Weill entre outras. Para breve uma grande parceria Quais são os principais desafios de gerir um showroom/gabinete de imprensa? Num showroom são sobretudo os timings, gerir a imagem e controlar a rotação dos Looks. No resto da agência, os desafios são outros. Em termos de assessoria de imprensa, o desafio é chegar e ultrapassar os nossos objectivos em função da estratégia dos clientes. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Conhecer bem as revistas do mercado, targets e também os produtores e editores de moda. É muito importante saber quais as futuras produções de moda e quais os temas das revistas para antecipar as necessidades dos jornalistas.

RICARDO FIGUEIREDO, FOTOGRAFIA: PEDRO FERREIRA

Membros da equipa: 3 accounts, 1 responsável de clipping Marcas que representa: Louis Vuitton, Mango, Pepe Jeans, Nike Sportswear, Nikewomen, Havaianas, Twenty8Twelve by S.miller, Andy Warhol by Pepe Jeans, Cia Marítima, Água Doce, Zero2, Miguel Viana. Porquê a abertura de um showroom/gabinete de imprensa? Aconteceu um pouco por acaso... foi em 1998 quando a Marie Claire, revista onde trabalhava encerrou. O nosso primeiro cliente foi a Mango que na altura sabíamos que procurava um gabinete de imprensa. Lá fora era comum a existência de gabinetes de imprensa especializadas nesta área... Cá, nessa altura havia 1 ou 2. Então eu a Isabel Carmona, minha amiga e colega na Marie Claire resolvemos abrir uma agência de RRPP e a Mango aceitou ser o nosso 1º cliente. Nessa altura a agência chamava Arranca Corações. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Perspicácia, organização, consolidação da relação agência/ cliente e agência/imprensa.

MANUELA FURTADo, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


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global ISABEL JORGE DE CARVALHO – GLOBAL PRESS Data em que foi criado: 2000 Membros da equipa: 11 Marcas que representam: Na Global Fashion: Levi´s, Carolina Herrera, Purificacion Garcia, Zilian, Segue, Puma, Marlboro Classics, Tommy Hilfiger, Ermenegildo Zegna, Piaget, YSL, YSL Parfums, Elite Model Look, Stella MacCartney Perfumes, Boucheron perfumes, Zegna Perfumes, Roger et Gallet. Porquê a abertura de um showroom/gabinete de imprensa? A Global Press nasceu no ano 2000, fruto da necessidade minha e do meu sócio de criar um projecto empresarial e de trabalho que reflectisse os nossos valores, enquanto profissionais da área da comunicação - era um segmento que, na altura, não estava ainda muito profissionalizado. A Global Fashion, parte da Global juntamente com a parte de Press Com é especializada nos segmentos de Moda, Alta Relojoaria e Joalharia e beleza. Disponibiliza também serviço de showroom aos seus clientes na área da Moda, uma mais-valia de comunicação que reforça e complementa os resultados dos planos de Relações Públicas e Comunicação. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Profissionalismo, profissionalismo e profissionalismo.

ISABEL JORGE DE CARVALHO, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

olindo /moura FERNANDA LAMELAS – OLINDO MOURA Data em que foi criado: Há cerca de 10 anos Membros da equipa: Fernanda Lamelas e Catarina Marrecas Ferreira Marcas que representam: Chaumet, H.Stern, Dior, Mikimoto, Mimi Porquê a abertura de um showroom/gabinete de imprensa? Porque hoje em dia comunicar para além das campanhas publicitárias, é fundamental. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Ter bons produtos e uma boa estratégia RP, saber comunicar com os jornalistas e saber inovar com acções que interessem ao público.

FERNANDA LAMELAS, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


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global ISABEL JORGE DE CARVALHO – GLOBAL PRESS Data em que foi criado: 2000 Membros da equipa: 11 Marcas que representam: Na Global Fashion: Levi´s, Carolina Herrera, Purificacion Garcia, Zilian, Segue, Puma, Marlboro Classics, Tommy Hilfiger, Ermenegildo Zegna, Piaget, YSL, YSL Parfums, Elite Model Look, Stella MacCartney Perfumes, Boucheron perfumes, Zegna Perfumes, Roger et Gallet. Porquê a abertura de um showroom/gabinete de imprensa? A Global Press nasceu no ano 2000, fruto da necessidade minha e do meu sócio de criar um projecto empresarial e de trabalho que reflectisse os nossos valores, enquanto profissionais da área da comunicação - era um segmento que, na altura, não estava ainda muito profissionalizado. A Global Fashion, parte da Global juntamente com a parte de Press Com é especializada nos segmentos de Moda, Alta Relojoaria e Joalharia e beleza. Disponibiliza também serviço de showroom aos seus clientes na área da Moda, uma mais-valia de comunicação que reforça e complementa os resultados dos planos de Relações Públicas e Comunicação. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Profissionalismo, profissionalismo e profissionalismo.

ISABEL JORGE DE CARVALHO, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

olindo /moura FERNANDA LAMELAS – OLINDO MOURA Data em que foi criado: Há cerca de 10 anos Membros da equipa: Fernanda Lamelas e Catarina Marrecas Ferreira Marcas que representam: Chaumet, H.Stern, Dior, Mikimoto, Mimi Porquê a abertura de um showroom/gabinete de imprensa? Porque hoje em dia comunicar para além das campanhas publicitárias, é fundamental. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Ter bons produtos e uma boa estratégia RP, saber comunicar com os jornalistas e saber inovar com acções que interessem ao público.

FERNANDA LAMELAS, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


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gci INÊS QUARTÍN - GCI Data em que foi criado: 1994 Membros da equipa: Beatriz Almeida (supervisora), Rita Silva, Inês Quartin (showroom Manager), Andreia Gomes e Rita Feio (Lifestyle) Marcas que representa: Converse, Luxottica (D&G, Versace, Versus, Ray Ban, Vogue, Prada Miu Miu, Dolce Gabbana, Tiffany , Persol, Bvlgari, Arnette, Burberry), Chicco, Rip Curl, Pedro Garcia, Agatha Ruiz de la Prada, Sportzone Deeply e Berg, Modalfa, Zippy e Loop. Quais são os principais desafios de gerir um showroom/gabinete de imprensa? Passa por encontrar os profissionais competentes e indicados para a área. Depois, com eles construir a melhor estratégia para casa marca / cliente e implementá-la. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? O mesmo que qualquer empresa: responder a uma necessidade de mercado, com um serviço de qualidade e a um preço apelativo. Nesta área, primeiro conquistar marcas / clientes que são apelativos para a imprensa e tornar os que são menos, mais interessantes. Depois, junto da imprensa, prestar um serviço eficiente, rápido, que responda à necessidades que esta têm, que seja inovador e original, e que forneça conteúdos pertinentes, de preferência concebidos para cada meio em particular. Esta é a nossa forma de trabalhar: não massificado (e, o mesmo para todos) mas direccionado.

INÊS QUARTÍN, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

showpre/-ss LUÍS PEREIRA – SHOWPRESS Data em que foi criado: Outubro de 2002 Membros da equipa: 5 Marcas que representam: Chilli Beans, Decénio, Diesel, Dkode, Fly London, Gant, Henry Cotton´S, Lacoste, Lee, Victoria Couture Criadores- Aforest-Design, Ana Salazar, Isilda Pelicano, Luís Buchinho, Miguel Vieira, Nuno Baltazar, Pedro Pedro, Ricardo Preto, Valentim Quaresma, White Tent Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Elasticidade e criatividade. Elasticidade pela adaptação às necessidades de cada momento sem que interfira com o desempenho global da equipa. A criatividade é fundamental em cada nova exposição de conteúdos, onde a inovação e originalidade são os principais motores do fascínio. Como em todos os negócios, temos de ser competentes, versáteis e atentos a quem nos procura. Nós somos intermediários na divulgação de uma mensagem, logo temos de perceber ambas as sensibilidades com que lidamos. Se por um lado temos uma marca que pretende transmitir uma mensagem, temos no outro lado a imprensa que tem agendas e interesses próprios que devemos tentar aliciar.

LUÍS PEREIRA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


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gci INÊS QUARTÍN - GCI Data em que foi criado: 1994 Membros da equipa: Beatriz Almeida (supervisora), Rita Silva, Inês Quartin (showroom Manager), Andreia Gomes e Rita Feio (Lifestyle) Marcas que representa: Converse, Luxottica (D&G, Versace, Versus, Ray Ban, Vogue, Prada Miu Miu, Dolce Gabbana, Tiffany , Persol, Bvlgari, Arnette, Burberry), Chicco, Rip Curl, Pedro Garcia, Agatha Ruiz de la Prada, Sportzone Deeply e Berg, Modalfa, Zippy e Loop. Quais são os principais desafios de gerir um showroom/gabinete de imprensa? Passa por encontrar os profissionais competentes e indicados para a área. Depois, com eles construir a melhor estratégia para casa marca / cliente e implementá-la. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? O mesmo que qualquer empresa: responder a uma necessidade de mercado, com um serviço de qualidade e a um preço apelativo. Nesta área, primeiro conquistar marcas / clientes que são apelativos para a imprensa e tornar os que são menos, mais interessantes. Depois, junto da imprensa, prestar um serviço eficiente, rápido, que responda à necessidades que esta têm, que seja inovador e original, e que forneça conteúdos pertinentes, de preferência concebidos para cada meio em particular. Esta é a nossa forma de trabalhar: não massificado (e, o mesmo para todos) mas direccionado.

INÊS QUARTÍN, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE

showpre/-ss LUÍS PEREIRA – SHOWPRESS Data em que foi criado: Outubro de 2002 Membros da equipa: 5 Marcas que representam: Chilli Beans, Decénio, Diesel, Dkode, Fly London, Gant, Henry Cotton´S, Lacoste, Lee, Victoria Couture Criadores- Aforest-Design, Ana Salazar, Isilda Pelicano, Luís Buchinho, Miguel Vieira, Nuno Baltazar, Pedro Pedro, Ricardo Preto, Valentim Quaresma, White Tent Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Elasticidade e criatividade. Elasticidade pela adaptação às necessidades de cada momento sem que interfira com o desempenho global da equipa. A criatividade é fundamental em cada nova exposição de conteúdos, onde a inovação e originalidade são os principais motores do fascínio. Como em todos os negócios, temos de ser competentes, versáteis e atentos a quem nos procura. Nós somos intermediários na divulgação de uma mensagem, logo temos de perceber ambas as sensibilidades com que lidamos. Se por um lado temos uma marca que pretende transmitir uma mensagem, temos no outro lado a imprensa que tem agendas e interesses próprios que devemos tentar aliciar.

LUÍS PEREIRA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


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h&m

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xn

INÊS FONTOURA – H&M Data em que foi criado: 27/03/2003

XANA NUNES – XN

Membros da equipa: Inês Fontoura.

Data em que foi criado: 1999

Marcas que representam: H&M

Membros da equipa: 11

Quais são as mais valias de um showroom/gabinete de imprensa para a Imprensa? Ter a informação centralizada num só local e numa só fonte. Poder prestar um serviço personalizado a qualquer momento e com informação credível e completa. Podermos mostrar a colecção de uma forma mais cuidada e personalizada.

Marcas que representam: Cartier, Hermès, Custo, ElCaballo, Hotel Vila Joya, Art Allgarve, entre muitos outros. Quais são os principais desafios de gerir um showroom/gabinete de imprensa? Um dos obstáculos, é ter algumas vezes peças no showroom que depois não se encontram à venda no mercado nacional, pois nem sempre as lojas conseguem num mercado pequeno, encomendar algumas das peças mais emblemáticas. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Variedade de marcas, competência e simpatia.

Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Eu não sei se existe alguma poção mágica ou segredo e conheço pouco o funcionamento dos outros showrooms, mas penso que um showroom/gabinete de imprensa é um prestador de serviços e fonte de informação e como tal, deve procurar responder às necessidades do mercado de uma forma clara, eficaz e rápida. No caso do showroom, esse espaço deve ser o mais atractivo e agradável de se estar. Um jornalista/ produtor de moda deve sentir-se bem quando entra no nosso showroom e acima de tudo, gostar do que vê. Recebemos mercadoria três vezes por semana e por isso, é fundamental que o showroom esteja arrumado e actualizado. Há sempre algo novo no showroom e por isso, é sempre uma surpresa entrar no showroom da H&M. Relativamente ao gabinete de imprensa, penso que o serviço prestado tem de ser rápido, credível e transparente. Acessibilidade, organização e simpatia também imperam nas características de um gabinete de imprensa.

INÊS FONTOURA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


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h&m

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xn

INÊS FONTOURA – H&M Data em que foi criado: 27/03/2003

XANA NUNES – XN

Membros da equipa: Inês Fontoura.

Data em que foi criado: 1999

Marcas que representam: H&M

Membros da equipa: 11

Quais são as mais valias de um showroom/gabinete de imprensa para a Imprensa? Ter a informação centralizada num só local e numa só fonte. Poder prestar um serviço personalizado a qualquer momento e com informação credível e completa. Podermos mostrar a colecção de uma forma mais cuidada e personalizada.

Marcas que representam: Cartier, Hermès, Custo, ElCaballo, Hotel Vila Joya, Art Allgarve, entre muitos outros. Quais são os principais desafios de gerir um showroom/gabinete de imprensa? Um dos obstáculos, é ter algumas vezes peças no showroom que depois não se encontram à venda no mercado nacional, pois nem sempre as lojas conseguem num mercado pequeno, encomendar algumas das peças mais emblemáticas. Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Variedade de marcas, competência e simpatia.

Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Eu não sei se existe alguma poção mágica ou segredo e conheço pouco o funcionamento dos outros showrooms, mas penso que um showroom/gabinete de imprensa é um prestador de serviços e fonte de informação e como tal, deve procurar responder às necessidades do mercado de uma forma clara, eficaz e rápida. No caso do showroom, esse espaço deve ser o mais atractivo e agradável de se estar. Um jornalista/ produtor de moda deve sentir-se bem quando entra no nosso showroom e acima de tudo, gostar do que vê. Recebemos mercadoria três vezes por semana e por isso, é fundamental que o showroom esteja arrumado e actualizado. Há sempre algo novo no showroom e por isso, é sempre uma surpresa entrar no showroom da H&M. Relativamente ao gabinete de imprensa, penso que o serviço prestado tem de ser rápido, credível e transparente. Acessibilidade, organização e simpatia também imperam nas características de um gabinete de imprensa.

INÊS FONTOURA, FOTOGRAFIA: BÁRBARA CLAUSTRE


triângulo /das bermudas CARLA SOVERAL E CÉLIA FERNANDES – TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

Data em que foi criado: Janeiro 2008 Membros da equipa: Carla Soveral e Célia Fernandes Marcas que representam: Vans, Poufmamma, Griffe Hairstyle, Companhia das Soluções; Marcas em Showroom: 2Me; Atikin; Camel; Citizen; Cohibas; Fred Perry; Jee Vice; Jersey Company; Lacoste Relógios; Levi’s Relógios; Lightning Bolt; Lilica Ripilica; Miss Xip; Missanga; Nikita; Striipe; Surkana; Sweet Years; Tommy Hilfiger Relógios; Vaho; Wedoble; Wesc Quais são as mais valias de um showroom/gabinete de imprensa para a Imprensa? O facto das agências abrirem as portas às marcas, aos seus criadores e história, o acesso às colecções quer em showroom, quer em assistir aos desfiles Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Não se fechar no seu próprio país, ir além fronteiras, ser criativo, atento, paciente e acima de tudo, ser neutro e profissional.

CARLA SOVERAL E CÉLIA FERNANDES, TIME OUT LISBOA / FOTOGRAFIA: GONÇALO F. SANTOS


triângulo /das bermudas CARLA SOVERAL E CÉLIA FERNANDES – TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

Data em que foi criado: Janeiro 2008 Membros da equipa: Carla Soveral e Célia Fernandes Marcas que representam: Vans, Poufmamma, Griffe Hairstyle, Companhia das Soluções; Marcas em Showroom: 2Me; Atikin; Camel; Citizen; Cohibas; Fred Perry; Jee Vice; Jersey Company; Lacoste Relógios; Levi’s Relógios; Lightning Bolt; Lilica Ripilica; Miss Xip; Missanga; Nikita; Striipe; Surkana; Sweet Years; Tommy Hilfiger Relógios; Vaho; Wedoble; Wesc Quais são as mais valias de um showroom/gabinete de imprensa para a Imprensa? O facto das agências abrirem as portas às marcas, aos seus criadores e história, o acesso às colecções quer em showroom, quer em assistir aos desfiles Qual é o segredo para um showroom/gabinete de imprensa singrar no mercado português? Não se fechar no seu próprio país, ir além fronteiras, ser criativo, atento, paciente e acima de tudo, ser neutro e profissional.

CARLA SOVERAL E CÉLIA FERNANDES, TIME OUT LISBOA / FOTOGRAFIA: GONÇALO F. SANTOS


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zazous, moda e jazz estilos de vida

por Patrícia Boto Cruz “Za Zou, Za Zou Ze” era o refrão da música “Je suis swing”, a mais vendida em França durante a II Guerra Mundial. Terá sido daí que nasceu o nome de um grupo cujos pilares eram a forma de vestir, o Jazz e a resistência à ocupação alemã. Os zazous copiaram dos afro-americanos do Harlem, a música e a sua imagem de marca: o “zoot suit”. Um blazer muito largo, pelos joelhos e de enormes chumaços. Este era o fato com que nos anos 40 os jovens de Paris se vestiam e que embora na época ter sido considerado extravagante, foi um símbolo da reacção sócio-económica e política dos Zazous. Estava-se no seguinte: o governo francês aceitara a submissão à autoridade germânica. Hitler queria “educar” os povos da Europa impondo uma moral violenta que eliminava a liberdade de cada um. De acordo com o governo instalado, as pessoas deviam vestir-se de modo formal, de preferência uniforme e cores escuras em sinal de respeito pelas vidas que a guerra levava. Foi imposto o racionamento obrigatório dos tecidos, pela necessidade de os usar nas fardas militares e pára-quedas. Mas, este grupo auto-determinado não aceitava viver em função de uma guerra com que não concordava, pelo que recusava, desde logo, o modo engomado e sombrio de vestir. Usavam sim, roupa “pingona”, que exigia quantidades avantajadas de tecidos, boicotando a proibição de comprar materiais supostamente só à disposição de alfaiates. O corte daqueles blazers, de fazenda, geralmente aos quadrados, lembrava o fato da máfia. Eram vestidos com calças de pinças abauladas a terminar numa dobra pequena e justa pouco acima do tornozelo. Calçavam elegantes sapatos de uma ou duas cores, com atacadores e pespontos na biqueira. Os acessórios obrigatórios eram os relógio pendurados numa corrente comprida que saía do bolso, chapéus e gravatas de lã. Cabelo com brilhantina, popa na franja e bigode fininho completavam o género, fortemente propagado pelos média. Sempre sempre, um guarda-chuva fechado, mesmo em dias de sol. Contra o cinzento da guerra usavam meias às riscas de cores fortes e lenços de cores garridas. Os abastados compravam tudo isto no mercado paralelo, os outros, alteravam as roupas que tinham para ficarem idênticas. Quanto a elas, usavam conjuntos de saia plissada e casaco (lisos ou de xadrez) por cima de camisolas de riscas berrantes ou vestidos pouco abaixo do joelho para se ver as cores alegres das meias. Esforçavam-se também pela popa no cabelo descolorado, por vezes parcialmente coberto por boina ao lado. Não usavam maquilhagem ou só um forte batom vermelho. Andavam de botins ou sapatos de presilha com costuras na biqueira. Homens e mulheres traziam nos casacos a insígnia do Hot Club de França, o primeiro a oferecer um concerto de Jazz. Os zazous juntavam-se em cinemas, bares e nas universidades. Havia a geração de zazous classe média, mais clássicos e trabalhadores,

que se concentravam no café Pam Pam nos Champs Élysées e no Boulevard Saint Michele e os zazous mais novos e boémios no Quartier Latin. Ao mesmo tempo, chegavam a Paris afro-americanos para aí estudar arte, escapar ao racismo da América e tocar Jazz. Do contacto com estes povos, os zazous tiravam inspiração e a criatividade para afirmar a sua independência. E faziam-no tocando músicas que serviam de propaganda política contra a austeridade existente. Adoravam a dança frenética daquelas minorias e contagiavam-se pela evidente alegria que as mesmas sentiam enquanto compunham. Era vê-los num balançar, chamado Swing e Bebop. Felizes momentos da liberdade possível. As festas onde tudo isto se passava só eram conhecidas em cima da hora, para não serem proibidas. Não raro era, por isso, os zazous passearem com discos debaixo do braço. Hits americanos traduzidos para francês e com uns títulos mais “dignos” para enganar a censura. Isto porque Hitler odiava o Jazz! Considerava-o ofensivo e decadente por questionar a ideologia nazi, pregar o amor livre e ser feito por negros. Para os apoiantes do conflito mundial, os comportamentos dos zazous eram de gente egoísta, libertina e anti-nacionalista que queria escapar ao dever da guerra. Por isso os políticos quiseram impedir que os zazous se divertissem, tomando como medida o fecho dos clubes de dança. Já os cursos de dança escaparam à Gestapo e mantiveram-se, ainda que com restrições: cada escola apenas podia ter um número limitado de alunos, a duração dos cursos era breve, só podia entrar na escola quem lá estivesse inscrito, não podiam aprender a dançar ao som de trombone ou trompete, mas de piano e gramofone. Alcóol e fumo nem pensar. Logo, não sendo os cursos de dança proibidos, proliferavam as falsas escolas com falsos professores, que camuflavam salões de baile, ainda que em caves. Acontecia que quanto mais os governantes impunham disciplina e chamavam os franceses ao trabalho forçado de que dependia a guerra, mais os zazous extravasavam. Com o tempo, a maneira excêntrica de se vestirem e o hedonismo em clima de perseguições despoletaram as “zoot suit riots”: rixas entre os marinheiros e militares e os dos zoot-suits. O crachá dos clubes de jazz deu lugar à estrela de David e alguns zazous pintavam a cara de preto, em sinal de solidariedade com judeus e negros. Preocupados com o “espaço” que estes jovens conquistaram, a “Jeunesse Populaire Française”, simpatizante do fascismo, começou a ser mais explícita. Iniciou espancamentos e o rapar de cabelos dos zazous com que se cruzavam na rua (auto chamavam-se “cabeleireiros voluntários”) Restava-lhes tocar e dançar em caves transformadas em salas de baile clandestinas. Continuar confinados a uma existência ilegítima e aguardar o fim da guerra.

ILUSTrAÇÃO: Marco Godinho - www.myspace.com/marcogodinho


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zazous, moda e jazz estilos de vida

por Patrícia Boto Cruz “Za Zou, Za Zou Ze” era o refrão da música “Je suis swing”, a mais vendida em França durante a II Guerra Mundial. Terá sido daí que nasceu o nome de um grupo cujos pilares eram a forma de vestir, o Jazz e a resistência à ocupação alemã. Os zazous copiaram dos afro-americanos do Harlem, a música e a sua imagem de marca: o “zoot suit”. Um blazer muito largo, pelos joelhos e de enormes chumaços. Este era o fato com que nos anos 40 os jovens de Paris se vestiam e que embora na época ter sido considerado extravagante, foi um símbolo da reacção sócio-económica e política dos Zazous. Estava-se no seguinte: o governo francês aceitara a submissão à autoridade germânica. Hitler queria “educar” os povos da Europa impondo uma moral violenta que eliminava a liberdade de cada um. De acordo com o governo instalado, as pessoas deviam vestir-se de modo formal, de preferência uniforme e cores escuras em sinal de respeito pelas vidas que a guerra levava. Foi imposto o racionamento obrigatório dos tecidos, pela necessidade de os usar nas fardas militares e pára-quedas. Mas, este grupo auto-determinado não aceitava viver em função de uma guerra com que não concordava, pelo que recusava, desde logo, o modo engomado e sombrio de vestir. Usavam sim, roupa “pingona”, que exigia quantidades avantajadas de tecidos, boicotando a proibição de comprar materiais supostamente só à disposição de alfaiates. O corte daqueles blazers, de fazenda, geralmente aos quadrados, lembrava o fato da máfia. Eram vestidos com calças de pinças abauladas a terminar numa dobra pequena e justa pouco acima do tornozelo. Calçavam elegantes sapatos de uma ou duas cores, com atacadores e pespontos na biqueira. Os acessórios obrigatórios eram os relógio pendurados numa corrente comprida que saía do bolso, chapéus e gravatas de lã. Cabelo com brilhantina, popa na franja e bigode fininho completavam o género, fortemente propagado pelos média. Sempre sempre, um guarda-chuva fechado, mesmo em dias de sol. Contra o cinzento da guerra usavam meias às riscas de cores fortes e lenços de cores garridas. Os abastados compravam tudo isto no mercado paralelo, os outros, alteravam as roupas que tinham para ficarem idênticas. Quanto a elas, usavam conjuntos de saia plissada e casaco (lisos ou de xadrez) por cima de camisolas de riscas berrantes ou vestidos pouco abaixo do joelho para se ver as cores alegres das meias. Esforçavam-se também pela popa no cabelo descolorado, por vezes parcialmente coberto por boina ao lado. Não usavam maquilhagem ou só um forte batom vermelho. Andavam de botins ou sapatos de presilha com costuras na biqueira. Homens e mulheres traziam nos casacos a insígnia do Hot Club de França, o primeiro a oferecer um concerto de Jazz. Os zazous juntavam-se em cinemas, bares e nas universidades. Havia a geração de zazous classe média, mais clássicos e trabalhadores,

que se concentravam no café Pam Pam nos Champs Élysées e no Boulevard Saint Michele e os zazous mais novos e boémios no Quartier Latin. Ao mesmo tempo, chegavam a Paris afro-americanos para aí estudar arte, escapar ao racismo da América e tocar Jazz. Do contacto com estes povos, os zazous tiravam inspiração e a criatividade para afirmar a sua independência. E faziam-no tocando músicas que serviam de propaganda política contra a austeridade existente. Adoravam a dança frenética daquelas minorias e contagiavam-se pela evidente alegria que as mesmas sentiam enquanto compunham. Era vê-los num balançar, chamado Swing e Bebop. Felizes momentos da liberdade possível. As festas onde tudo isto se passava só eram conhecidas em cima da hora, para não serem proibidas. Não raro era, por isso, os zazous passearem com discos debaixo do braço. Hits americanos traduzidos para francês e com uns títulos mais “dignos” para enganar a censura. Isto porque Hitler odiava o Jazz! Considerava-o ofensivo e decadente por questionar a ideologia nazi, pregar o amor livre e ser feito por negros. Para os apoiantes do conflito mundial, os comportamentos dos zazous eram de gente egoísta, libertina e anti-nacionalista que queria escapar ao dever da guerra. Por isso os políticos quiseram impedir que os zazous se divertissem, tomando como medida o fecho dos clubes de dança. Já os cursos de dança escaparam à Gestapo e mantiveram-se, ainda que com restrições: cada escola apenas podia ter um número limitado de alunos, a duração dos cursos era breve, só podia entrar na escola quem lá estivesse inscrito, não podiam aprender a dançar ao som de trombone ou trompete, mas de piano e gramofone. Alcóol e fumo nem pensar. Logo, não sendo os cursos de dança proibidos, proliferavam as falsas escolas com falsos professores, que camuflavam salões de baile, ainda que em caves. Acontecia que quanto mais os governantes impunham disciplina e chamavam os franceses ao trabalho forçado de que dependia a guerra, mais os zazous extravasavam. Com o tempo, a maneira excêntrica de se vestirem e o hedonismo em clima de perseguições despoletaram as “zoot suit riots”: rixas entre os marinheiros e militares e os dos zoot-suits. O crachá dos clubes de jazz deu lugar à estrela de David e alguns zazous pintavam a cara de preto, em sinal de solidariedade com judeus e negros. Preocupados com o “espaço” que estes jovens conquistaram, a “Jeunesse Populaire Française”, simpatizante do fascismo, começou a ser mais explícita. Iniciou espancamentos e o rapar de cabelos dos zazous com que se cruzavam na rua (auto chamavam-se “cabeleireiros voluntários”) Restava-lhes tocar e dançar em caves transformadas em salas de baile clandestinas. Continuar confinados a uma existência ilegítima e aguardar o fim da guerra.

ILUSTrAÇÃO: Marco Godinho - www.myspace.com/marcogodinho


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simon foxton

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“Um stylist é um artesão, um editor de moda, um político” por Miguel Ângelo Matos Em Londres terminou recentemente uma exposição pioneira, histórica, na Photographers Gallery, no Soho da capital inglesa. Já vários fotógrafos de moda conseguiram elevar a sua obra fotográfica ao estatuto de arte ao passarem das revistas de moda para galerias. O americano David LaChapelle e o peruano mais global, Mario Testino são alguns exemplos disso. O primeiro, entre outros momentos, teve uma grande retrospectiva em 2002 na Barbican Gallery, e o segundo a famosa ‘Portraits’ na National Portrait Gallery no mesmo ano. Mas, por detrás de imagens marcantes, de sonho, que fazem parte da paisagem mais refinada da imprensa mundial, estão 1 os agentes que as produzem. Começando a ser cada vez mais reconhecidos, objecto de admiração e atenção nestes contextos, são eles que inventam as histórias, preparam o casting, desenham tudo no seu cérebro para que os fotógrafos possam fazer o clique e darem vida a essas imagens, muitas vezes inesquecíveis, super sensuais, provocadoras, perturbadoras e que podem, como neste caso, ter conotações políticas incluindo a identidade nacional britânica, chamando a atenção para temas como género, raça, guerra, causas sociais, numa mistura explosiva que tem como motor, o nem sempre devidamente reconhecido e legitimado em Portugal, poder da indústria da moda. Simon Foxton, de 43 anos, é esse artista, ou antes o agente, que contribui para que a arte das imagens de moda possa existir e que é o objecto de “When you’re a boy: Men’s fashion styled by Simon Foxton”. Simon começou por estudar design de moda na Central St Martins College of Art da University of the Arts of London, mas depois, acaba por ser convidado por amigos da ultra aclamada e ainda muito pertinente revista i-D para uma colaboração que o orientou noutro sentido e que o levou a estar presente também na mítica e extinta The Face e ainda na relevante Arena Homme +, passando

na década seguinte, os anos 90, para colaborações mais esporádicas, encetando relações mais fortes com marcas como a Levi’s e a Caterpillar, e agora estando mais focado na sua empresa multifacetada &Son, onde, conjuntamente com Nick Griffiths, operam styling e consultadoria para a indústria da moda e para o mundo da publicidade. “Foi uma opção mais fácil do que desenhar, coisa que fiz durante algum tempo. Nunca tinha pensado nisto antes mas quando fui convidado para fazer styling pelos amigos da i-D, depressa percebi que seria um caminho mais fácil para colocar as minhas ideias em prática. O design é um processo muito laborioso, enquanto que o styling é comparativamente mais rápido”. Durante várias insistências, sobretudo nos anos 80, Foxton mostrou modelos que não eram modelos, apostou fortemente em modelos africanos e vestiu-os com os mais elegantes fatos ingleses, usou temas como a cultura de rua, a iconografia gay, forçou a entrada do vintage misturado com as mais caras designer labels e usou pessoas comuns com estilos punk mas próprios. Revelou, que, sobretudo no domínio da fotografia de moda masculina, havia muitas regras para quebrar e que hoje continuam a ser violadas graças à sua imaginação, força de inovar e vontade de criar imagens fortes e memoráveis. Se nos focarmos na utilização de modelos africanos, descobrimos que apenas “pareceu uma coisa muito natural para fazer, não tentei ser deliberadamente provocador. Via todos estes tipos fantásticos, mas raramente os via em revistas de moda, o que é uma vergonha. Mas é só uma questão de escolher caras que eu gosto e que quero ver nas fotografias”. Penny Martin, curadora da exposição acrescenta que “o que é extraordinariamente inteligente em Simon Foxton é que, embora as suas imagens lidem com temas tão relevantes e politizados, são extremamente belas e iluminadas”. Por vezes relação entre stylist - entre nós, o produtor de moda - e fotógrafo nem sempre é a

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mais simples. Mas no caso de Foxton, “a minha relação com aqueles que colaboro regularmente é de uma grande amizade, claro que o tipo de amizade também difere conforme o fotógrafo”. Sugere-se o equilíbrio total e, segundo o artista, as suas sessões preferidas são as que são “um diálogo”. Quando prepara uma sessão, o processo habitual para si é o de trazer inspiração e o seu nível de gosto para o projecto. Essencial - o mais importante mesmo - é o casting, boas roupas e aquele factor que vai atirar o editorial para fora da norma. Entre os fotógrafos que colaboraram com Foxton e que entram na carruagem desta homenagem estão Nick Knight, Jason Evans e Alasdair Maclellan. Em relação a ser alvo deste show que teve um número alargado de visitantes, Foxton sentiu-se “excitado, ultra-delighted e nervoso”, ele que, ainda por cima não vai muito em adorações nem idolatrias. Mas é isso que já aconteceu entre os seus pares e que esta exposição reforçou. A curadora diz que, mesmo assim “há muita gente que ainda não tem claro qual o papel do stylist e aquilo que diferencia um bom stylist de um que é meramente profissional”. Martin acrescenta que “apesar de se poder ver nas peças da exposição o trabalho de designers, moda não será o que vem primeiro à cabeça”. Mas no fundo será isso que lá está. Concretamente, o que esta exposição apresentou, foi uma mistura de impressões fotográficas e tearsheets em conjunto com um grupo de notas e apontamentos visuais que Foxton tem vindo a recolar desde 1981. Não haverá muitas roupas no sentido em que Anna Wintour disse, quando foi nomeada para editora da Vogue americana, que a função da fotografia de moda era “mostrar a roupa, obviamente...” Está muito para além disso o que “When you’re a boy: Men’s fashion styled by Simon Foxton” mostrou.

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When you’re a boy: Men’s fashion styled by Simon Foxton’ na Photographers Gallery patente até 4 de Outubro de 2009 16 - 18 Ramillies Street London W1F 7LW +44 (0)845 262 1618 www.photonet.org.uk Simon Foxton www.ampersandson.co.uk

4 1 Simon Foxton / 2 Tooling Around, Fotografia: Dunbar-Brunton, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Fevereiro 2009 / 3 Galliano’s Warriors, Fotografia: Nick Knight, Styling: Simon Foxton. Publicado na Arena Homme Plus, Verão/Outono 2007 / 4 Atlas, Fotografia: Alasdair McLellan, Styling: Simon Foxton. Publicado na Arena Homme Plus, Outono/Inverno 2003 / 5 Armando, Fotografia: Giles Price, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Fevereiro 2008 / 6 I Wish I Had Invented Blue Jeans, Fotografia: Simon Thiselton, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Agosto 2008

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“Um stylist é um artesão, um editor de moda, um político” por Miguel Ângelo Matos Em Londres terminou recentemente uma exposição pioneira, histórica, na Photographers Gallery, no Soho da capital inglesa. Já vários fotógrafos de moda conseguiram elevar a sua obra fotográfica ao estatuto de arte ao passarem das revistas de moda para galerias. O americano David LaChapelle e o peruano mais global, Mario Testino são alguns exemplos disso. O primeiro, entre outros momentos, teve uma grande retrospectiva em 2002 na Barbican Gallery, e o segundo a famosa ‘Portraits’ na National Portrait Gallery no mesmo ano. Mas, por detrás de imagens marcantes, de sonho, que fazem parte da paisagem mais refinada da imprensa mundial, estão 1 os agentes que as produzem. Começando a ser cada vez mais reconhecidos, objecto de admiração e atenção nestes contextos, são eles que inventam as histórias, preparam o casting, desenham tudo no seu cérebro para que os fotógrafos possam fazer o clique e darem vida a essas imagens, muitas vezes inesquecíveis, super sensuais, provocadoras, perturbadoras e que podem, como neste caso, ter conotações políticas incluindo a identidade nacional britânica, chamando a atenção para temas como género, raça, guerra, causas sociais, numa mistura explosiva que tem como motor, o nem sempre devidamente reconhecido e legitimado em Portugal, poder da indústria da moda. Simon Foxton, de 43 anos, é esse artista, ou antes o agente, que contribui para que a arte das imagens de moda possa existir e que é o objecto de “When you’re a boy: Men’s fashion styled by Simon Foxton”. Simon começou por estudar design de moda na Central St Martins College of Art da University of the Arts of London, mas depois, acaba por ser convidado por amigos da ultra aclamada e ainda muito pertinente revista i-D para uma colaboração que o orientou noutro sentido e que o levou a estar presente também na mítica e extinta The Face e ainda na relevante Arena Homme +, passando

na década seguinte, os anos 90, para colaborações mais esporádicas, encetando relações mais fortes com marcas como a Levi’s e a Caterpillar, e agora estando mais focado na sua empresa multifacetada &Son, onde, conjuntamente com Nick Griffiths, operam styling e consultadoria para a indústria da moda e para o mundo da publicidade. “Foi uma opção mais fácil do que desenhar, coisa que fiz durante algum tempo. Nunca tinha pensado nisto antes mas quando fui convidado para fazer styling pelos amigos da i-D, depressa percebi que seria um caminho mais fácil para colocar as minhas ideias em prática. O design é um processo muito laborioso, enquanto que o styling é comparativamente mais rápido”. Durante várias insistências, sobretudo nos anos 80, Foxton mostrou modelos que não eram modelos, apostou fortemente em modelos africanos e vestiu-os com os mais elegantes fatos ingleses, usou temas como a cultura de rua, a iconografia gay, forçou a entrada do vintage misturado com as mais caras designer labels e usou pessoas comuns com estilos punk mas próprios. Revelou, que, sobretudo no domínio da fotografia de moda masculina, havia muitas regras para quebrar e que hoje continuam a ser violadas graças à sua imaginação, força de inovar e vontade de criar imagens fortes e memoráveis. Se nos focarmos na utilização de modelos africanos, descobrimos que apenas “pareceu uma coisa muito natural para fazer, não tentei ser deliberadamente provocador. Via todos estes tipos fantásticos, mas raramente os via em revistas de moda, o que é uma vergonha. Mas é só uma questão de escolher caras que eu gosto e que quero ver nas fotografias”. Penny Martin, curadora da exposição acrescenta que “o que é extraordinariamente inteligente em Simon Foxton é que, embora as suas imagens lidem com temas tão relevantes e politizados, são extremamente belas e iluminadas”. Por vezes relação entre stylist - entre nós, o produtor de moda - e fotógrafo nem sempre é a

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mais simples. Mas no caso de Foxton, “a minha relação com aqueles que colaboro regularmente é de uma grande amizade, claro que o tipo de amizade também difere conforme o fotógrafo”. Sugere-se o equilíbrio total e, segundo o artista, as suas sessões preferidas são as que são “um diálogo”. Quando prepara uma sessão, o processo habitual para si é o de trazer inspiração e o seu nível de gosto para o projecto. Essencial - o mais importante mesmo - é o casting, boas roupas e aquele factor que vai atirar o editorial para fora da norma. Entre os fotógrafos que colaboraram com Foxton e que entram na carruagem desta homenagem estão Nick Knight, Jason Evans e Alasdair Maclellan. Em relação a ser alvo deste show que teve um número alargado de visitantes, Foxton sentiu-se “excitado, ultra-delighted e nervoso”, ele que, ainda por cima não vai muito em adorações nem idolatrias. Mas é isso que já aconteceu entre os seus pares e que esta exposição reforçou. A curadora diz que, mesmo assim “há muita gente que ainda não tem claro qual o papel do stylist e aquilo que diferencia um bom stylist de um que é meramente profissional”. Martin acrescenta que “apesar de se poder ver nas peças da exposição o trabalho de designers, moda não será o que vem primeiro à cabeça”. Mas no fundo será isso que lá está. Concretamente, o que esta exposição apresentou, foi uma mistura de impressões fotográficas e tearsheets em conjunto com um grupo de notas e apontamentos visuais que Foxton tem vindo a recolar desde 1981. Não haverá muitas roupas no sentido em que Anna Wintour disse, quando foi nomeada para editora da Vogue americana, que a função da fotografia de moda era “mostrar a roupa, obviamente...” Está muito para além disso o que “When you’re a boy: Men’s fashion styled by Simon Foxton” mostrou.

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When you’re a boy: Men’s fashion styled by Simon Foxton’ na Photographers Gallery patente até 4 de Outubro de 2009 16 - 18 Ramillies Street London W1F 7LW +44 (0)845 262 1618 www.photonet.org.uk Simon Foxton www.ampersandson.co.uk

4 1 Simon Foxton / 2 Tooling Around, Fotografia: Dunbar-Brunton, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Fevereiro 2009 / 3 Galliano’s Warriors, Fotografia: Nick Knight, Styling: Simon Foxton. Publicado na Arena Homme Plus, Verão/Outono 2007 / 4 Atlas, Fotografia: Alasdair McLellan, Styling: Simon Foxton. Publicado na Arena Homme Plus, Outono/Inverno 2003 / 5 Armando, Fotografia: Giles Price, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Fevereiro 2008 / 6 I Wish I Had Invented Blue Jeans, Fotografia: Simon Thiselton, Styling: Simon Foxton. Publicado na i-D, Agosto 2008

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pamela des barres I’m with the groupie... por Ana Rita Clara Nas palavras de Pamela Des Barres, numa entrevista a Karen Campbell, num programa de televisão americano, uma groupie é uma mulher quente, dependente e totalmente aficcionada por música. Revelou num dos livros que denuncia o seu percurso e biografia “I’m With the Band”, que os melhores momentos de tantos anos de ligações e interacções com músicos, com as apelidadas “Rock Stars” da década de 60/70, se diluíam entre o acompanhar das digressões, o estar perto dessas “figuras inalcansáveis”, o observar e presenciar momentos de real inspiração e criação musical, partilhar o palco ou ver as actuações e performances do lado mais privilegiado. Do lado da linha que ultrapassa o cenário de construção para algo mais real. O lado do homem, pessoal e particular, que vai para além do que projecta em cima do palco. Talvez resida nessa dicotomia agitada, o fascínio desta groupie por homens que direccionaram as suas vidas à música, aos palcos, a um estilo de vida que não comporta regras definidas nem hábitos comuns. Nascida em Kentucky, foi na California que cresceu, a idolatrar os “The Beatles” e “Elvis Presley”. Mas o sonho por um encontro com Paul MacCartney mudaria para Mick Magger quando descobriu e dirigiu as suas atenções para uma banda emergente e intensa na década da sua adolescência, os “Rolling Stones”. Nessa mesma altura conhece Don Van Vliet, também conhecido por Captain Beefheart, músico e pintor dos “The Magic Band”, próximo de Frank Zappa. Começa a desenhar nessa altura o caminho de seguidora de bandas, seguidora de costumes de grupos e seus próprios rituais, de “groupie”. Torna-se próxima de nomes como Charlie Watts and Bill Wyman dos “Rolling Stones”, o que a conduziu à cena musical rock que florescia na altura na “Sunset Strip” em Los Angeles. A avenida que comportava os night clubs do momento, numa época de transição cultural em que se declaravam novos valores, liberdades sexuais, visões e posicionamentos sociais alternativos. Pamela procurou sempre alimentar essa proximidade com músicos e logo após terminar a escolaridade continuou com vários empregos que lhe permitiam manter esse estilo de vida e alicerçar relações estreitas com as “estrelas”... de referir um desenho seu, apresentado como trabalho ainda no liceu e com resultado elevado na avaliação que ilustrava figurativamente o orgão genital do carismático vocalista dos Stones, Mick Jagger. Atitudes de devoção que haviam sido também cristalizadas por Cyntia Plaster Caster, também groupie, que chegou mesmo a produzir moldes em gesso de partes do corpo de músicos que seguia. Foram todos os desejos e vontades de Pamela que foram consumados, para além de outros nomes da cena musical com os quais a jovem de longos cabelos loiros e olhar meloso se envolveu. Uma verdadeira rainha

das groupies, que adquiriu essa denominação pela criação e demonstração da libertação feminina, sexual, na subcultura da geração hippie dos anos sessenta. Dona de um espírito rebelde, tinha no Rock and Roll o seu próprio motor e evolução. Frequentadora assídua de espaços como “The Whiskey” ou “The Galaxy”, na Califórnia, circulava pelo ambiente com Jim Morrison, Bob Dylan, Alan Cooper ou Keith Moon. Um dos momentos mais tristes referido por Pamela ao longo de todos estes anos terá sido quando Jimmy Paige a deixou à espera, em frente a um dos muitos clubs que frequentavam e saiu acompanhado... Uma aura musical e criativa terá sido o que influenciou Frank Zappa, que neste momento considerava Pamela como família e lhe oferecia a função de baby-sitter dos seus filhos, a convidar a jovem groupie a tornar-se um dos elementos femininos do colectivo “The GTO’s”. Uma banda no feminino, sem capacidade musical de referência, meramente uma junção afectiva entre várias groupies e uma performance arty e que originou um álbum de

Ilustração: Teresa Abrunhosa

culto, “Permanent Damage”, em 1969. A groupie actuava agora antes das suas bandas de referência, como a de Frank Zappa, “The Mother of Invention”, mas o projecto logo terminou quando elementos do colectivo foram apreendidos por posse de drogas. Tal como Pamela descreveu no seu diário esta passagem pelos palcos, este grupo ficará na memória como um enigma... Para além de presença assumida neste contexto musical, persistiu com os conselhos de Zappa, que a influenciou a seguir uma carreira de actriz, percurso concretizado na série “Search for Tomorrow”, em 1974. Ainda hoje considera Frank Zappa como o seu grande mentor. O casamento em 1977 com “Lord” Michael Des Barres, actor, músico e vocalista da primeira banda de Led Zeppelin, “Detective” e ainda de outros projectos como “Silverhead” ou “Power station” durou até ao ano de 1981, por alegadas traições de Michael. Nicholas Dean Des Barres, o filho de ambos, também se tornou autor de uma variedade de artigos usando o pseudónimo “Nick Rox” e ainda criando designs especias, como o poster promocional para o filme “Resident Evil”. Foi apenas com a sua aclamada autobiografia “I’m With the Band” que Pamela Des Barres recebeu um reconhecimento de grandes proporções, que se seguiram com outros livros como “Take Another Litle Peace of My Heart” ou “Rock Bottoms”. O diário que havia acompanhado Pamela desde o início do caminho revelava-se para o Mundo e denunciava as vivências desta mulher de afectos, dependências e amores musicados. Um espírito livre que a acompanha até aos dias de hoje, onde reproduz comportamentos de liberdade e opiniões de culto nos muitos artigos que escreve, em revistas como “Rolling Stones”, “Cosmopolitan” ou “The New York Times”. Criou um espaço sobre música, com múltiplas entrevistas a “Rock Stars” e personalidades na “E! On-Line” durante cinco anos, para além de inúmeras colaborações com artistas, como por exemplo com “Dick & Dee Dee” (Ramones). Aos 40 anos de idade posou em toda a sua glória para a revista “Playboy” e continua a coleccionar fãs e amigos por toda a parte. Jack White ou Mike Stinson são algumas das amizades que se inventam e reinventam. Pamela continua a ser muito solicitada pelos workshops que lecciona, por tudo aquilo que comunica e representa. Uma procura por todos aqueles que querem respirar, conhecer, “beber” dessa aventura real de uma diva sem tempo e alimentar o universo de “Sex, Drogs e Rock and Roll” que, felizmente, persiste em não terminar...


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pamela des barres I’m with the groupie... por Ana Rita Clara Nas palavras de Pamela Des Barres, numa entrevista a Karen Campbell, num programa de televisão americano, uma groupie é uma mulher quente, dependente e totalmente aficcionada por música. Revelou num dos livros que denuncia o seu percurso e biografia “I’m With the Band”, que os melhores momentos de tantos anos de ligações e interacções com músicos, com as apelidadas “Rock Stars” da década de 60/70, se diluíam entre o acompanhar das digressões, o estar perto dessas “figuras inalcansáveis”, o observar e presenciar momentos de real inspiração e criação musical, partilhar o palco ou ver as actuações e performances do lado mais privilegiado. Do lado da linha que ultrapassa o cenário de construção para algo mais real. O lado do homem, pessoal e particular, que vai para além do que projecta em cima do palco. Talvez resida nessa dicotomia agitada, o fascínio desta groupie por homens que direccionaram as suas vidas à música, aos palcos, a um estilo de vida que não comporta regras definidas nem hábitos comuns. Nascida em Kentucky, foi na California que cresceu, a idolatrar os “The Beatles” e “Elvis Presley”. Mas o sonho por um encontro com Paul MacCartney mudaria para Mick Magger quando descobriu e dirigiu as suas atenções para uma banda emergente e intensa na década da sua adolescência, os “Rolling Stones”. Nessa mesma altura conhece Don Van Vliet, também conhecido por Captain Beefheart, músico e pintor dos “The Magic Band”, próximo de Frank Zappa. Começa a desenhar nessa altura o caminho de seguidora de bandas, seguidora de costumes de grupos e seus próprios rituais, de “groupie”. Torna-se próxima de nomes como Charlie Watts and Bill Wyman dos “Rolling Stones”, o que a conduziu à cena musical rock que florescia na altura na “Sunset Strip” em Los Angeles. A avenida que comportava os night clubs do momento, numa época de transição cultural em que se declaravam novos valores, liberdades sexuais, visões e posicionamentos sociais alternativos. Pamela procurou sempre alimentar essa proximidade com músicos e logo após terminar a escolaridade continuou com vários empregos que lhe permitiam manter esse estilo de vida e alicerçar relações estreitas com as “estrelas”... de referir um desenho seu, apresentado como trabalho ainda no liceu e com resultado elevado na avaliação que ilustrava figurativamente o orgão genital do carismático vocalista dos Stones, Mick Jagger. Atitudes de devoção que haviam sido também cristalizadas por Cyntia Plaster Caster, também groupie, que chegou mesmo a produzir moldes em gesso de partes do corpo de músicos que seguia. Foram todos os desejos e vontades de Pamela que foram consumados, para além de outros nomes da cena musical com os quais a jovem de longos cabelos loiros e olhar meloso se envolveu. Uma verdadeira rainha

das groupies, que adquiriu essa denominação pela criação e demonstração da libertação feminina, sexual, na subcultura da geração hippie dos anos sessenta. Dona de um espírito rebelde, tinha no Rock and Roll o seu próprio motor e evolução. Frequentadora assídua de espaços como “The Whiskey” ou “The Galaxy”, na Califórnia, circulava pelo ambiente com Jim Morrison, Bob Dylan, Alan Cooper ou Keith Moon. Um dos momentos mais tristes referido por Pamela ao longo de todos estes anos terá sido quando Jimmy Paige a deixou à espera, em frente a um dos muitos clubs que frequentavam e saiu acompanhado... Uma aura musical e criativa terá sido o que influenciou Frank Zappa, que neste momento considerava Pamela como família e lhe oferecia a função de baby-sitter dos seus filhos, a convidar a jovem groupie a tornar-se um dos elementos femininos do colectivo “The GTO’s”. Uma banda no feminino, sem capacidade musical de referência, meramente uma junção afectiva entre várias groupies e uma performance arty e que originou um álbum de

Ilustração: Teresa Abrunhosa

culto, “Permanent Damage”, em 1969. A groupie actuava agora antes das suas bandas de referência, como a de Frank Zappa, “The Mother of Invention”, mas o projecto logo terminou quando elementos do colectivo foram apreendidos por posse de drogas. Tal como Pamela descreveu no seu diário esta passagem pelos palcos, este grupo ficará na memória como um enigma... Para além de presença assumida neste contexto musical, persistiu com os conselhos de Zappa, que a influenciou a seguir uma carreira de actriz, percurso concretizado na série “Search for Tomorrow”, em 1974. Ainda hoje considera Frank Zappa como o seu grande mentor. O casamento em 1977 com “Lord” Michael Des Barres, actor, músico e vocalista da primeira banda de Led Zeppelin, “Detective” e ainda de outros projectos como “Silverhead” ou “Power station” durou até ao ano de 1981, por alegadas traições de Michael. Nicholas Dean Des Barres, o filho de ambos, também se tornou autor de uma variedade de artigos usando o pseudónimo “Nick Rox” e ainda criando designs especias, como o poster promocional para o filme “Resident Evil”. Foi apenas com a sua aclamada autobiografia “I’m With the Band” que Pamela Des Barres recebeu um reconhecimento de grandes proporções, que se seguiram com outros livros como “Take Another Litle Peace of My Heart” ou “Rock Bottoms”. O diário que havia acompanhado Pamela desde o início do caminho revelava-se para o Mundo e denunciava as vivências desta mulher de afectos, dependências e amores musicados. Um espírito livre que a acompanha até aos dias de hoje, onde reproduz comportamentos de liberdade e opiniões de culto nos muitos artigos que escreve, em revistas como “Rolling Stones”, “Cosmopolitan” ou “The New York Times”. Criou um espaço sobre música, com múltiplas entrevistas a “Rock Stars” e personalidades na “E! On-Line” durante cinco anos, para além de inúmeras colaborações com artistas, como por exemplo com “Dick & Dee Dee” (Ramones). Aos 40 anos de idade posou em toda a sua glória para a revista “Playboy” e continua a coleccionar fãs e amigos por toda a parte. Jack White ou Mike Stinson são algumas das amizades que se inventam e reinventam. Pamela continua a ser muito solicitada pelos workshops que lecciona, por tudo aquilo que comunica e representa. Uma procura por todos aqueles que querem respirar, conhecer, “beber” dessa aventura real de uma diva sem tempo e alimentar o universo de “Sex, Drogs e Rock and Roll” que, felizmente, persiste em não terminar...


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plus por Soraia do Carmo Lady Dior Noire Affair Foi lançada a nova campanha comercial da carteira Lady Dior de cor preta sob a forma de curta metragem. Realizada por Oliver Dahan, realizador do filme óscarizado Piaf, é também protagonizada pela mesma actriz principal do filme, Marion Cotillard. O título da curta metragem é Lady Dior Noire affair e evoca o ambiente de suspense dos clássicos thrillers onde Marion incorpora a persona de femme fatale. Depois desta curta metragem seguem-se outras dedicadas a novas cores de uma das carteiras de culto da casa Dior.

Tsumori Chisato para Shu Uemura No mundo da maquilhagem deu-se uma nova parceria entre a designer de moda Tsumori Chisato e a marca Shu Uemura. Da colaboração nascerá uma linha de maquilhagem exclusiva e que inclui sombras, lip glosses, bases, batons, máscara de pestanas e pestanas falsas. Para além de alguns acessórios como estojos de maquilhagem. A inspiração para esta linha de maquilhagem é a cidade de Tóquio, símbolo supremo da modernidade e elegância nipónica. Esta linha de maquilhagem estará disponível em lojas Shu Uemura seleccionadas na Ásia, Europa, Austrália e EUA a partir do mês de Dezembro.

Site D&G Foi lançado o primeiro site de venda online da marca Dolce & Gabana, www.dandgstore.com. No site é possível comprar lingerie, acessórios e as colecções de roupa feminina e masculina. A elaboração desde site advém da associação da marca italiana ao grupo Yoox, especializado no comércio online. Na apresentação do site está já disponível a colecção Outono-Inverno 2009-2010.

Novo Livro de Manolo Blahnik Manolo Blahnik drawings é o título do novo livro de um dos criadores sapatos mais ilustres do universo da moda. O livro é dedicado à génese do processo criativo do designer, os esboços. No total são 120 ilustrações organizadas por décadas começando pelos anos 70. O livro conta também com textos escritos por vários nomes de peso como Anna Wintour e Anna Piaggi, amigas pessoais de Manolo Blahnik. Editora Thames & Hudson.

Jimmy Choo para H&M A H&M soma e segue no campo das colaborações com designers de moda. Depois do sucesso da última associação a Mathew Williamson foi anunciada a próxima parceria, desta vez com Jimmy Choo. Para além de acessórios e sapatos, que são a imagem de marca da Jimmy Choo, irá ser criada uma linha de roupa masculina e feminina para a gigante sueca. Segundo Tamara Mellon, presidente da Jimmy Choo, a colecção terá o glamour e a sofisticação da marca adaptadas ao estilo high street da H&M. A tão aguardada chegada às lojas desta colecção está marcada para o dia 14 de Novembro.

Curta metragem da YSL O filme que antecedeu o desfile da colecção de Homem Primavera/Verão 2010 da YSL foi protagonizado por um menino de 11 anos. Jules é filho do realizador da curta metragem, Samuel Benchetrit. Durante a história contada ao longo e oito minutos, Jules entra à socapa num quarto de Hotel, experimenta roupa YSL, lê uma carta de amor e acaba por ajudar a reunir um casal separado.


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plus por Soraia do Carmo Lady Dior Noire Affair Foi lançada a nova campanha comercial da carteira Lady Dior de cor preta sob a forma de curta metragem. Realizada por Oliver Dahan, realizador do filme óscarizado Piaf, é também protagonizada pela mesma actriz principal do filme, Marion Cotillard. O título da curta metragem é Lady Dior Noire affair e evoca o ambiente de suspense dos clássicos thrillers onde Marion incorpora a persona de femme fatale. Depois desta curta metragem seguem-se outras dedicadas a novas cores de uma das carteiras de culto da casa Dior.

Tsumori Chisato para Shu Uemura No mundo da maquilhagem deu-se uma nova parceria entre a designer de moda Tsumori Chisato e a marca Shu Uemura. Da colaboração nascerá uma linha de maquilhagem exclusiva e que inclui sombras, lip glosses, bases, batons, máscara de pestanas e pestanas falsas. Para além de alguns acessórios como estojos de maquilhagem. A inspiração para esta linha de maquilhagem é a cidade de Tóquio, símbolo supremo da modernidade e elegância nipónica. Esta linha de maquilhagem estará disponível em lojas Shu Uemura seleccionadas na Ásia, Europa, Austrália e EUA a partir do mês de Dezembro.

Site D&G Foi lançado o primeiro site de venda online da marca Dolce & Gabana, www.dandgstore.com. No site é possível comprar lingerie, acessórios e as colecções de roupa feminina e masculina. A elaboração desde site advém da associação da marca italiana ao grupo Yoox, especializado no comércio online. Na apresentação do site está já disponível a colecção Outono-Inverno 2009-2010.

Novo Livro de Manolo Blahnik Manolo Blahnik drawings é o título do novo livro de um dos criadores sapatos mais ilustres do universo da moda. O livro é dedicado à génese do processo criativo do designer, os esboços. No total são 120 ilustrações organizadas por décadas começando pelos anos 70. O livro conta também com textos escritos por vários nomes de peso como Anna Wintour e Anna Piaggi, amigas pessoais de Manolo Blahnik. Editora Thames & Hudson.

Jimmy Choo para H&M A H&M soma e segue no campo das colaborações com designers de moda. Depois do sucesso da última associação a Mathew Williamson foi anunciada a próxima parceria, desta vez com Jimmy Choo. Para além de acessórios e sapatos, que são a imagem de marca da Jimmy Choo, irá ser criada uma linha de roupa masculina e feminina para a gigante sueca. Segundo Tamara Mellon, presidente da Jimmy Choo, a colecção terá o glamour e a sofisticação da marca adaptadas ao estilo high street da H&M. A tão aguardada chegada às lojas desta colecção está marcada para o dia 14 de Novembro.

Curta metragem da YSL O filme que antecedeu o desfile da colecção de Homem Primavera/Verão 2010 da YSL foi protagonizado por um menino de 11 anos. Jules é filho do realizador da curta metragem, Samuel Benchetrit. Durante a história contada ao longo e oito minutos, Jules entra à socapa num quarto de Hotel, experimenta roupa YSL, lê uma carta de amor e acaba por ajudar a reunir um casal separado.


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FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / MAQUILHAGEM: ANTON BEILL / CABELOS: NOLGA STELLA / MODELO: YANA / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com

1 Iluminador para olhos e rosto, Mister Bright Sun. GIVENCHY, €26,12 / 2 Terracotta Poudre des Sables, Edição Limitada. GUERLIN, €56,20 / 3 Lip Gloss, New York Nude, KIEHL’S, €16,50 / 4 Caneta gloss repulpante com colagénio, Dior Bronze Collagen-Activ SPF 10. CHRISTIAN DIOR, €24,70 / 5 Baton, Rouge Pure Shine, nº32 Mangue Givrée. YVES SAINT LAURENT, €26,11 / 6 Gel corporal hidratante perfumado e com reflexos. Glow to wear, Body Gold gel, GIVENCHY, €33,70 / 7 Eau de Toilette, Omnia Green Jade, 65ml. BVLGARY, €63,89 / 8 Lápis de olhos cremoso, Cream Eye Liner Artist Pencil. SMASHBOX / 9 Pó bronzeador à base de minerais puros e pigmentos de pérolas, Pure Bronzer. TOO FACED, €27,50 / 10 Sombra de olhos em creme resistente à água, Fard Lumière Aquarésistant, nº4 Cooper Radiance. YVES SAINT LAURENT, €26,62.


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FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / MAQUILHAGEM: ANTON BEILL / CABELOS: NOLGA STELLA / MODELO: YANA / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com

1 Iluminador para olhos e rosto, Mister Bright Sun. GIVENCHY, €26,12 / 2 Terracotta Poudre des Sables, Edição Limitada. GUERLIN, €56,20 / 3 Lip Gloss, New York Nude, KIEHL’S, €16,50 / 4 Caneta gloss repulpante com colagénio, Dior Bronze Collagen-Activ SPF 10. CHRISTIAN DIOR, €24,70 / 5 Baton, Rouge Pure Shine, nº32 Mangue Givrée. YVES SAINT LAURENT, €26,11 / 6 Gel corporal hidratante perfumado e com reflexos. Glow to wear, Body Gold gel, GIVENCHY, €33,70 / 7 Eau de Toilette, Omnia Green Jade, 65ml. BVLGARY, €63,89 / 8 Lápis de olhos cremoso, Cream Eye Liner Artist Pencil. SMASHBOX / 9 Pó bronzeador à base de minerais puros e pigmentos de pérolas, Pure Bronzer. TOO FACED, €27,50 / 10 Sombra de olhos em creme resistente à água, Fard Lumière Aquarésistant, nº4 Cooper Radiance. YVES SAINT LAURENT, €26,62.


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1 Carteita em camurça com aplicações de tachas, ROBERTO CAVALLI / 2 olhos, ARMANI COSMETICS / 4 Vestido em crepe, MASSIMO DUTTI, €89,90 CHRISTIAN LOUBOUTIN / 7 Pulseiras “Dancing Circles”, HERMÈS, preços preço sob consulta. Fotografia de Ricardo Moutinho / 9 Sandálias em Clutch em pele, MIU MIU no NET-A-PORTER.COM, £400

Óculos com armações em plexiglas, GIORGIO ARMANI, €265 / 3 Sombra de / 5 Colar em ouro lacado, LARA BOHINC, £369 / 6 Botim em camurça, variantes entre €320, €390 e €495 / 8 Contador “Wolf”, NUNO BALTAZAR, pele com sola compensada, GIUSEPPE ZANOTTI no NET-A-PORTER.COM, £790 / 10

1 Blusão sem mangas em denim, MANGO, €39 / 2 Lip Balm menta, KIEHL’S, €9,90 / 3 Fio com pendente “caixa de relógio” banhado a prata, MARTIN MARGIELA à venda na COLETTE, €180 / 4 T-shirt em algodão estampado, H&M, €29,95 / 5 Spray perfumado para corpo, CK Be All Over Body Spray, 250ml, CALVIN KLEIN, €31,06 / 6 Anel Diorette Papillon em ouro branco lacado com diamante, CHRISTIAN DIOR, €900 / 7 Óculos com armações em plexiglas e metal, Clubmaster, RAY BAN, €124 / 8 Lingerie e malha de algodão, AMERICAN VINTAGE na COOL DE SAC, €25 / 9 Ténis em pele, CONVERSE, €84,05 / 10 Saia em pele com zip, LOVER no NET-A-PORTER.COM, £375 / 11 Saco em lona e pele, RAF SIMONS para EASTPAK, €240


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Óculos com armações em plexiglas, GIORGIO ARMANI, €265 / 3 Sombra de / 5 Colar em ouro lacado, LARA BOHINC, £369 / 6 Botim em camurça, variantes entre €320, €390 e €495 / 8 Contador “Wolf”, NUNO BALTAZAR, pele com sola compensada, GIUSEPPE ZANOTTI no NET-A-PORTER.COM, £790 / 10

1 Blusão sem mangas em denim, MANGO, €39 / 2 Lip Balm menta, KIEHL’S, €9,90 / 3 Fio com pendente “caixa de relógio” banhado a prata, MARTIN MARGIELA à venda na COLETTE, €180 / 4 T-shirt em algodão estampado, H&M, €29,95 / 5 Spray perfumado para corpo, CK Be All Over Body Spray, 250ml, CALVIN KLEIN, €31,06 / 6 Anel Diorette Papillon em ouro branco lacado com diamante, CHRISTIAN DIOR, €900 / 7 Óculos com armações em plexiglas e metal, Clubmaster, RAY BAN, €124 / 8 Lingerie e malha de algodão, AMERICAN VINTAGE na COOL DE SAC, €25 / 9 Ténis em pele, CONVERSE, €84,05 / 10 Saia em pele com zip, LOVER no NET-A-PORTER.COM, £375 / 11 Saco em lona e pele, RAF SIMONS para EASTPAK, €240


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1 Cadeira Amoebe by VERNER PANTON para VITRA / 2 Conjunto de lingerie, soutien e string, £60 e £30 respectivamente, ELLE MACPHERSON INTIMATES BOUDOIR no NET-A-PORTER.COM / 3 Anel em ouro branco com diamantes, safiras e ametistas, €9800, MARIA JULIETA JÓIAS / 4 Pump em pele envernizada, “Feticha”, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 5 Pochette em pele, GUCCI / 6 Batom “Dark Side”, M.A.C. / 7 Vestido assimétrico em seda, NUNO BALTAZAR / 8 Esmalte de unhas, CHRISTIAN DIOR / 9 Sapato em pele envernizada, JIL SANDER / 10 Frasco de perfume em vidro colorido, KATE HUME

1 Pincel duplo, tez perfeita, €17, SEPHORA / 2 Mitaine com aplicações em lurex, LOUIS VUITTON / 3 Sapato em pele com aplicações de tachas “very prive studs”, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 4 Colar em metal dourado, £250, BURBERRY PRORSUM / 5 Bracelete em metal lacado, ALEXANDER MCQUEEN/ 6 Botas em pele com fivela com aplicações de tachas, BARBARA BUI / 7 Clutch em pele com aolicações em metal, CARTIER / 8 Botins em pele com sola compensada, ALBERTA FERRETI / 9 Blusão em pele com botões metálicos, SPORTMAX / 10 Anel em metal dourado, BOTTEGA VENETA


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1 Cadeira Amoebe by VERNER PANTON para VITRA / 2 Conjunto de lingerie, soutien e string, £60 e £30 respectivamente, ELLE MACPHERSON INTIMATES BOUDOIR no NET-A-PORTER.COM / 3 Anel em ouro branco com diamantes, safiras e ametistas, €9800, MARIA JULIETA JÓIAS / 4 Pump em pele envernizada, “Feticha”, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 5 Pochette em pele, GUCCI / 6 Batom “Dark Side”, M.A.C. / 7 Vestido assimétrico em seda, NUNO BALTAZAR / 8 Esmalte de unhas, CHRISTIAN DIOR / 9 Sapato em pele envernizada, JIL SANDER / 10 Frasco de perfume em vidro colorido, KATE HUME

1 Pincel duplo, tez perfeita, €17, SEPHORA / 2 Mitaine com aplicações em lurex, LOUIS VUITTON / 3 Sapato em pele com aplicações de tachas “very prive studs”, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 4 Colar em metal dourado, £250, BURBERRY PRORSUM / 5 Bracelete em metal lacado, ALEXANDER MCQUEEN/ 6 Botas em pele com fivela com aplicações de tachas, BARBARA BUI / 7 Clutch em pele com aolicações em metal, CARTIER / 8 Botins em pele com sola compensada, ALBERTA FERRETI / 9 Blusão em pele com botões metálicos, SPORTMAX / 10 Anel em metal dourado, BOTTEGA VENETA


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born in 1987

FOTOGRAFADO POR RICARDO CRUZ / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM CHUNG JOO PARA AR ATELIER / CABELOS WALLACE MARQUES PARA SAMUEL ROCHER- ATELIER DE COIFFURE / MODELO VERA FONSECA, L’AGENCE

Blusa PedroPedro / Cinto ALVES/GONÇALVES, psc / Leggings, MANGO, €30 / Fio e brincos com pendente “laço” em prata, TOUS, €410 e €119 respectivamente


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born in 1987

FOTOGRAFADO POR RICARDO CRUZ / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM CHUNG JOO PARA AR ATELIER / CABELOS WALLACE MARQUES PARA SAMUEL ROCHER- ATELIER DE COIFFURE / MODELO VERA FONSECA, L’AGENCE

Blusa PedroPedro / Cinto ALVES/GONÇALVES, psc / Leggings, MANGO, €30 / Fio e brincos com pendente “laço” em prata, TOUS, €410 e €119 respectivamente


Blusa em seda, TWENTY 8 TEWLVE, €190 / Saia NUNO BALTAZAR, psc / Óculos MARC JACOBS, €400. Fio e brincos com pendente “laço” em prata, €410 e €119 respectivamente, TOUS

Vestido em seda, TARA JARMON, €240 / Cinto em piton, TOMMY HILFIGUER, psc / Fio e brincos com pendente “laço” em prata, €410 e €119 respectivamente, TOUS / Casaco em lantejoulas, €55, MANGO / Sapatos em camuça PEDRO GARCIA, €285.


Blusa em seda, TWENTY 8 TEWLVE, €190 / Saia NUNO BALTAZAR, psc / Óculos MARC JACOBS, €400. Fio e brincos com pendente “laço” em prata, €410 e €119 respectivamente, TOUS

Vestido em seda, TARA JARMON, €240 / Cinto em piton, TOMMY HILFIGUER, psc / Fio e brincos com pendente “laço” em prata, €410 e €119 respectivamente, TOUS / Casaco em lantejoulas, €55, MANGO / Sapatos em camuça PEDRO GARCIA, €285.


Vestido em cetim de seda KAREN MILLEN, €175 / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS / Óculos, €138, DIESEL

Blusa em seda, BY MALENE BIRGER, €246 / Blazer em crepe de seda, JIL SANDER na LOJA DAS MEIAS, €999 / Saia em pele, LUÍS BUCHINHO, €295 / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS / Sandálias em camurça, CHRISTIAN DIOR, na LOJA DAS MEIAS, €546


Vestido em cetim de seda KAREN MILLEN, €175 / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS / Óculos, €138, DIESEL

Blusa em seda, BY MALENE BIRGER, €246 / Blazer em crepe de seda, JIL SANDER na LOJA DAS MEIAS, €999 / Saia em pele, LUÍS BUCHINHO, €295 / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS / Sandálias em camurça, CHRISTIAN DIOR, na LOJA DAS MEIAS, €546


Vestido em seda, psc, NUNO BALTAZAR / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS


Vestido em seda, psc, NUNO BALTAZAR / Fio e anel em ouro com pedra, €200 e €232 respectivamente, TOUS


Blusa em seda, CHRISTIAN DIOR, na LOJA DAS MEIAS, €1126,50 / Blusão em ganga, DIESEL, €195 / Saia em malha, BCBG MAX AZRIA, €118 / Pulseiras, CEINTURI, €51 e €27 na LOJA DAS MEIAS / Fio em ouro com pedra, TOUS, €200


Blusa em seda, CHRISTIAN DIOR, na LOJA DAS MEIAS, €1126,50 / Blusão em ganga, DIESEL, €195 / Saia em malha, BCBG MAX AZRIA, €118 / Pulseiras, CEINTURI, €51 e €27 na LOJA DAS MEIAS / Fio em ouro com pedra, TOUS, €200


Casaco com aplicações de lantejoulas e calças bordadas a pedras, ALVES/GONÇALVES, psc / Lingerie, LA PERLA, psc / Sapatos em pele, ALVES/GONÇALVES, psc


Casaco com aplicações de lantejoulas e calças bordadas a pedras, ALVES/GONÇALVES, psc / Lingerie, LA PERLA, psc / Sapatos em pele, ALVES/GONÇALVES, psc


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true blue

Holly veste camisa, 7 FOR ALL MANKIND / Jeans, PAUL SMITH / Calções, KSUBI / Sapatos, SERGIO ROSSI para PUMA / Jeans, TOMMY HILFIGER / FOTOGRAFADO POR: BABETTE PAUTHIER / STYLIST: LILIA TONCHEVA-O’ROURKE / CABELOS: BIANCA TUOVI USING KIELH’S / MAQUILHAGEM: ABI JOHNSON USING MAC / MODELO: HOLLY HALLAM @ SELECT


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true blue

Holly veste camisa, 7 FOR ALL MANKIND / Jeans, PAUL SMITH / Calções, KSUBI / Sapatos, SERGIO ROSSI para PUMA / Jeans, TOMMY HILFIGER / FOTOGRAFADO POR: BABETTE PAUTHIER / STYLIST: LILIA TONCHEVA-O’ROURKE / CABELOS: BIANCA TUOVI USING KIELH’S / MAQUILHAGEM: ABI JOHNSON USING MAC / MODELO: HOLLY HALLAM @ SELECT


Holly veste camisa LEVI’S / Saia, PAUL SMITH / Cinto em pele, BORBA MARGO / Corrente dourada, AMERICAN APPAREL


Holly veste camisa LEVI’S / Saia, PAUL SMITH / Cinto em pele, BORBA MARGO / Corrente dourada, AMERICAN APPAREL


Holly veste camisa, DIESEL / Calções, LEVI’S / Macacão: NOBODY

Holly veste camisa, CK CALVIN KLEIN / Jeans, AMERICAN APPAREL / Vestido, NODODY / Blusão, LEE JEANS / Sapatos, MARIA FRANCESCA PEPE


Holly veste camisa, DIESEL / Calções, LEVI’S / Macacão: NOBODY

Holly veste camisa, CK CALVIN KLEIN / Jeans, AMERICAN APPAREL / Vestido, NODODY / Blusão, LEE JEANS / Sapatos, MARIA FRANCESCA PEPE


Holly veste camisa MCQ BY ALEXANDER MCQUEEN / Blusão costumisado, LEVI’S


Holly veste camisa MCQ BY ALEXANDER MCQUEEN / Blusão costumisado, LEVI’S


Holly veste blusão, DIESEL / Blusão branco,

KSUBI / Calções, KSUBI / Corrente dourada, AMERICAN APPAREL

Holly veste camisa, ACNE / Chapéu, H&M


Holly veste blusão, DIESEL / Blusão branco,

KSUBI / Calções, KSUBI / Corrente dourada, AMERICAN APPAREL

Holly veste camisa, ACNE / Chapéu, H&M


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personal work Tatiana Macedo, artista formada pela Fine Arts na Central Saint Martins College of Art and Design, Londres, tem desenvolvido trabalho na área da fotografia. A sua última exposição teve como título “BOYS NEED YOGA TOO” e foi resultado de um registo fotográfico feito numa viagem a Xangai após ter ganho uma bolsa da Fundação Oriente. Neste espaço, “Personal Work”, fazemos um rewind e apresentamos uma selecção de imagens que fizeram parte dos anos de formação da artista.

Por Helga Carvalho “MY (PER)FORMATIVE YEARS”

Pergunta-me o que estou aqui a fazer/ Ask me what am I doing here, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, FCG, Lisboa, 2007


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personal work Tatiana Macedo, artista formada pela Fine Arts na Central Saint Martins College of Art and Design, Londres, tem desenvolvido trabalho na área da fotografia. A sua última exposição teve como título “BOYS NEED YOGA TOO” e foi resultado de um registo fotográfico feito numa viagem a Xangai após ter ganho uma bolsa da Fundação Oriente. Neste espaço, “Personal Work”, fazemos um rewind e apresentamos uma selecção de imagens que fizeram parte dos anos de formação da artista.

Por Helga Carvalho “MY (PER)FORMATIVE YEARS”

Pergunta-me o que estou aqui a fazer/ Ask me what am I doing here, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, FCG, Lisboa, 2007


Mental disorders for the camera, Londres, 2001

Mental disorders for the camera, Londres, 2001


Mental disorders for the camera, Londres, 2001

Mental disorders for the camera, Londres, 2001


Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004

Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004


Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004

Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004


Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004

Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004


Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004

Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004


Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004

Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004


Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004

Jesus and the Idiots, Central St. Martins Window Gallery, Londres, 2004


The Place, London Contemporary Dance School, Londres 2003


The Place, London Contemporary Dance School, Londres 2003


The Place, London Contemporary Dance School, Londres 2003


The Place, London Contemporary Dance School, Londres 2003


Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005

Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005


Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005

Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005


Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005

Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005


Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005

Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005


Polaroid Studies, Londres, 2004

Polaroid Studies, Londres, 2004


Polaroid Studies, Londres, 2004

Polaroid Studies, Londres, 2004


Polaroid Studies, Londres, 2004

Polaroid Studies, Londres, 2004


Polaroid Studies, Londres, 2004

Polaroid Studies, Londres, 2004


Polaroid Studies, Londres, 2004

Polaroid Studies, Londres, 2004


Polaroid Studies, Londres, 2004

Polaroid Studies, Londres, 2004


Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005

Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005


Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005

Circuit, Londres 2004 e Lisboa 2005


O que te levou a optares pela escolha do teu curso, porquê Londres? Terminei o 12ªano com média de 18,75 valores e não tinha dúvidas que queria estudar Design de Moda sendo que as Belas Artes estavam em segundo lugar. Conhecia o ambiente da Faculdade de Belas Artes em Lisboa e sempre achei que o estudo da anatomia, geometria, e um certo tipo de ensino daquela escola, naquela altura, estavam desfasados da minha ideia de Arte Contemporânea. Por outro lado, a Fotografia e o Design de Moda sempre me interessaram no seu sentido mais autoral, interessava-me o trabalho de Hussein Chalayan, Alexander McQueen, mas também a mestria de uma Madeleine Vionnet, e na fotografia as imagens da Vogue Italiana, do Helmut Newton, do Wolfgang Tillmans para a Face ou i-D, entre outros. Assim sendo ingressei no curso de Arquitectura de Design de Moda da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Tive como professor da cadeira de Design de Moda o José Manuel Gonçalves da dupla Alves/ Gonçalves e a peça que apresentei no final do ano, estávamos em 1999/2000 foi uma saia preta semi-transparente com uma faixa preta de algodão e que se podia transformar num vestido ou em calças. Inspirei-me na burka muçulmana e mal sabia eu, que um ano mais tarde, se daria o 11 de Setembro e não se falaria noutra coisa senão no Islão... Nesta altura já tinha ouvido falar da Central St. Martins (tanto o H. Chalayan como o A. McQueen) estudaram lá. Sabia que ali a Moda era encarada como uma arte, os alunos exprimiam-se sem o constrangimento de estarem presos à criação de roupa “pret-a-porter”, encarando cada peça quase como uma obra de arte. Acabei o primeiro ano da Licenciatura em Arquitectura de Design de Moda e ainda nesse ano concorri e fui aceite no Foundation Course in Art & Design na Central St. Martins. No ano seguinte lá estava eu, em Londres, sozinha, com 19 anos, numa das cidades mais multi-culturais do mundo... escolhi Londres exactamente por isso. Queria ter a experiência de viver

naquela metrópole, onde pudesse visitar alguns dos melhores Museus e Colecções do Mundo, conviver com pessoas das mais variadas origens, e claro, pela sua história de movimentos de cultura urbana que nasceram lá como os punks e os new romantics. A música sempre foi uma grande influência para mim. Porquê a escolha da fotografia como abordagem artística no teu percurso profissional? Durante os meus Foundation Studies em Arte & Design, onde pude experimentar várias áreas da Arte e do Design, a opinião dos meus tutores era unânime no sentido em que viam no meu trabalho uma procura de expressão que não se poderia reduzir à esfera da Moda mas que precisava de mais espaço, uma liberdade que só poderia usufruir no universo das Fine Arts. E aí tomei a decisão de concorrer à Lienciatura em Fine Arts, onde fui aceite. É importante referir que no meu tempo, e durante muitos anos, os cursos de Fashion e de Fine Arts na Central St. Martins dividiam o mesmo espaço, aquele mítico edifício na Charring Corss Road, entre o Soho e Covent Garden, e onde acabei por passar os três anos seguintes. Não é por acaso que a St. Martins põe lado a lado estudantes de artes e de moda. Influenciávamo-nos uns aos outros e eu sempre achei isso muito estimulante (apesar das rivalidades), mas a competição gera qualidade. Um dos pontos fortes da Faculdade eram as bibliotecas, riquíssimas em obras do Cinema à Moda passando pela Arte, Música, Filosofia, Antropologia e claro, Fotografia. Acabei a trabalhar em part-time na Biblioteca da Faculdade em Charring Cross e sempre que podia “arrumava” as estantes da Fotografia que mais ninguém queria arrumar por estarem sempre desorganizadas e com livros pesadíssimos. Mas eu estava sempre pronta, para mim era um prazer percorrer uma a uma as monografias do Hiroshi Sugimoto ao David Bailey, do Araki ao Larry Clark, passando pela Diane Arbus, o Tillmans, o Helmut Newton, o pesado “People of the 20th century” do August Sander, a Nan Goldin cujo sobrinho era meu colega, o Richard

Billingham, a Cindy Sherman, e os livros icónicos como “The Americans” do Robert Frank, tantos e tão bons, da História da Fotografia à Moda estava tudo lá, sem discriminação, simplesmente Fotografia. É por isso que ainda hoje me faz alguma confusão quando se “discrimina” (em ambos os sentidos da palavra) a Fotografia tentando dividi-la ou organizá-la em categorias que para uns serão mais nobres que outras. Fotografia é fotografia, ponto. Existem sim boas e más imagens. Sou da opinião que a História da Fotografia e a História da Arte devem estar unidas numa só. Mas voltando à pergunta do porquê da escolha da Fotografia entre as outras artes, ela surgiu como consequência a tudo o que eu estava a viver naquele momento. É engraçado que não tive o impulso de documentar aquele mundo novo que se apresentava à minha volta, mas sim de me descobrir a mim mesma. O meu corpo foi uma das minhas primeiras ferramentas e a fotografia surgiu como forma de registar pequenas performances que eu própria encenava. Depois comecei a olhar para o retrato na fotografia e as relações de poder que se exercem entre fotógrafo, modelo (ou subject) e espectador. E foi por fim esta relação triangular que deu origem à minha tese de final de curso que intitulei “ The Disquieting Encounters with the bodies that look back”. Nesta tese relacionei três obras problemáticas deste tipo de relação: o trabalho de Juergen Teller no seu livro “GoSees”, a obra de Sally Mann no livro “Immediate Family” e o famoso “Black Book” do Robert Maplethorpe. Jovens manequins expectantes à porta do estúdio do fotógrafo, a sexualidade das crianças e a masculinidade do homem negro/ homossexualidade: três tabus repensados e/ou trabalhados por estes três artistas. Por fim, e para quem não conhece Londres, posso dizer que a Charring Cross Road fica a 5 minutos da antiga Photographer’s Gallery para onde me escapava à hora de almoço, e acaba na Trafalgar Square, onde se ergue imponente a National Gallery e a National Portrait Gallery (os meus museus preferidos, juntamente com

a Tate)...não terá sido por acaso que o retrato na fotografia é, ainda hoje, um dos principais temas do meu trabalho. A selecção de imagens que apresentamos é uma retrospectiva dos teus trabalhos académicos. Achámos que esta abordagem poderia de alguma maneira ilustrar o início do teu processo criativo como artista. Explica em traços gerais cada uma das experiências , o pretendido, as opções tomadas e porquê. Esta não é uma retrospectiva exaustiva do meu trabalho académico, mas achei que seria interessante dar a conhecer o trabalho com carácter performativo que fiz nesses anos, e que a maior parte das pessoas não conhece. “MY (PER)FORMATIVE YEARS” é justamente um jogo com a palavra “Performativo” por um lado e “Formação” por outro. No entanto, a primeira imagem que aparece foi feita em 2007, na Residência Sítio das Artes no CAMJAP-FCG, mas que embora esteja fora do meu contexto académico, também considero como fazendo parte de uma experiência de formação. E é justamente por aqui que vou começar. “Pergunta-me o que estou aqui a fazer/ Ask me what am I doing here” é uma instalação/ performance que constitui a minha reacção à experiência de ser uma artista residente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian durante dois meses, num contexto interdisciplinar em que nos foi pedido para pensarmos “O Estado do Mundo” e trabalharmos naquele espaço aberto aos visitantes. Resta-me acrescentar que o megafone que se vê na imagem foi-me emprestado pela Associação Solidariedade Imigrante, e é um dos megafones usados por esta associação nas suas manifestações de rua. O trabalho seguinte intitula-se “ Mental Disorders for the Camera”, foi um dos primeiros que fiz em Londres, ainda no Foundation Course, em 2001, e aqui visto uma camisa de hospital e como o próprio nome diz, enceno para a câmara poses de doentes de hospitais psiquiátricos. “Jesus and The Idiots” foi o meu primeiro trabalho com recurso ao vídeo, ainda que apropriado. Trata-se portanto de um trabalho

conceptual que usa a apropriação de duas obras de cinema que, juntamente com o a frase e título da obra pretendem suscitar um diálogo entre ambas num novo conceito, ou interpretação. As peças apropriadas são, respectivamente, os filmes “ The Gospel According to St. Mathew” de Pier Paolo Pasolini e “Os Idiotas” de Lars Von Trier. Em ambos os filmes há uma ideia de “grupo” que é explorada, com ideais marcados de onde sobressai um líder. De um lado Jesus, visto por Pasolini como um líder político e protagonizado por uma pessoa comum (não actor), do outro lado os Idiotas e a provocação da questão da diferença em termos de comportamento em sociedade. Isto tudo num contexto de arte pública pois os filmes são mostrados nas vitrinas da Window Gallery da Central St. Martins, precisamente na Charring Cross Road, dia e noite, non-stop durante uma semana. O que eu aqui fiz é altamente ilegal, pois a lei de exibição de filmes não só proíbe a sua exibição pública sem autorização dos autores como tive que literalmente cortar todas as cenas de sexo explícito no filme “Os Idiotas” tendo que o re-editar de uma ponta a outra! Por fim temos o transeunte, que ao subir ou descer a rua é acompanhado pelo texto da vitrina e a provocação “Jesus e os Idiotas”. No interior do edifício exibi os dois filmes para quem os quisesse ver na íntegra. Ainda em 2004 e ao encontro do meu questionamento das relações de poder na fotografia, fiz a peça “The Place”. Estas são imagens feitas num dos estúdios de dança da London Contemporary Dance School, que também tem o nome de “The Place”. A situação montada por mim é a seguinte: eu estou sentada no background, tenho um par de sapatos altos semelhantes aos usados pelas modelos do Helmut Newton que depois descalço, a câmara está montada num tripé e o dançarino tem um longo cabo disparador ligado à máquina e, enquanto dança, fotografa-se a ele próprio. A peça seguinte é a minha resposta à questão do “momento verdadeiro” num registo fotográfico. Para tal criei este circuito que dá o título à peça: “Circuit”. O circuito começa

no walkman que toca músicas de que gosto, estes estímulos musicais percorrem depois o meu corpo que em reacção pressiona o disparador da máquina que por sua vez congela o momento numa imagem. Depois de impressas em tamanho real, estas imagens deram origem às seguintes em que o registo anterior se cruza num novo registo. Conclusão: a verdade de uma imagem é uma impossibilidade que depende da crença de uns e do ponto de vista de outros. Seguem-se as polaroids do meu sketcbook que realizei como estudos de postura para as imagens a preto e branco que aparecem no fim e que fizeram parte do meu trabalho final de licenciatura. As imagens falam por si. Após cinco anos e revendo todas essas experiências passadas, como caracterizas o teu percurso? Sentes que houve uma evolução no sentido em que já não te revês nestes registos, ou pelo contrário, achas que eles são o suporte de um trabalho que continua vivo? São sem dúvida o suporte de tudo o que fiz a seguir. A obra de um artista faz parte de um processo de evolução e maturação. Na minha opinião, os anos de formação de um artista são essenciais para experimentar coisas, sem medo de errar, é essencial falhar até. As preocupações continuam lá mas ao mesmo tempo que nos transformamos como pessoas assim se transforma também o nosso trabalho. O meu trabalho é a minha vida, e vice-versa. Sou incapaz de ceder a modas. E afirmo veemente, como apreciadora de arte, que gosto dos artistas cujo trabalho reflecte maturidade, que vai ao fundo das questões, que não é um exercício de vanidade, de moda, ou de rebeldia gratuita. Desiludo-me muitas vezes quando vejo exposições em que parece que foi agora, no ano 2009, que se descobriu a arte conceptual, como se ela não existisse há mais de 50 anos, espanta-me ver artistas a mostrarem o que outros já fizeram há 40 anos atrás e acharem que estão a mostrar algo de novo. A questão agora não é a da liberdade mas o que fazer com ela. “Get over it, react to it”, é o que me apetece


O que te levou a optares pela escolha do teu curso, porquê Londres? Terminei o 12ªano com média de 18,75 valores e não tinha dúvidas que queria estudar Design de Moda sendo que as Belas Artes estavam em segundo lugar. Conhecia o ambiente da Faculdade de Belas Artes em Lisboa e sempre achei que o estudo da anatomia, geometria, e um certo tipo de ensino daquela escola, naquela altura, estavam desfasados da minha ideia de Arte Contemporânea. Por outro lado, a Fotografia e o Design de Moda sempre me interessaram no seu sentido mais autoral, interessava-me o trabalho de Hussein Chalayan, Alexander McQueen, mas também a mestria de uma Madeleine Vionnet, e na fotografia as imagens da Vogue Italiana, do Helmut Newton, do Wolfgang Tillmans para a Face ou i-D, entre outros. Assim sendo ingressei no curso de Arquitectura de Design de Moda da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Tive como professor da cadeira de Design de Moda o José Manuel Gonçalves da dupla Alves/ Gonçalves e a peça que apresentei no final do ano, estávamos em 1999/2000 foi uma saia preta semi-transparente com uma faixa preta de algodão e que se podia transformar num vestido ou em calças. Inspirei-me na burka muçulmana e mal sabia eu, que um ano mais tarde, se daria o 11 de Setembro e não se falaria noutra coisa senão no Islão... Nesta altura já tinha ouvido falar da Central St. Martins (tanto o H. Chalayan como o A. McQueen) estudaram lá. Sabia que ali a Moda era encarada como uma arte, os alunos exprimiam-se sem o constrangimento de estarem presos à criação de roupa “pret-a-porter”, encarando cada peça quase como uma obra de arte. Acabei o primeiro ano da Licenciatura em Arquitectura de Design de Moda e ainda nesse ano concorri e fui aceite no Foundation Course in Art & Design na Central St. Martins. No ano seguinte lá estava eu, em Londres, sozinha, com 19 anos, numa das cidades mais multi-culturais do mundo... escolhi Londres exactamente por isso. Queria ter a experiência de viver

naquela metrópole, onde pudesse visitar alguns dos melhores Museus e Colecções do Mundo, conviver com pessoas das mais variadas origens, e claro, pela sua história de movimentos de cultura urbana que nasceram lá como os punks e os new romantics. A música sempre foi uma grande influência para mim. Porquê a escolha da fotografia como abordagem artística no teu percurso profissional? Durante os meus Foundation Studies em Arte & Design, onde pude experimentar várias áreas da Arte e do Design, a opinião dos meus tutores era unânime no sentido em que viam no meu trabalho uma procura de expressão que não se poderia reduzir à esfera da Moda mas que precisava de mais espaço, uma liberdade que só poderia usufruir no universo das Fine Arts. E aí tomei a decisão de concorrer à Lienciatura em Fine Arts, onde fui aceite. É importante referir que no meu tempo, e durante muitos anos, os cursos de Fashion e de Fine Arts na Central St. Martins dividiam o mesmo espaço, aquele mítico edifício na Charring Corss Road, entre o Soho e Covent Garden, e onde acabei por passar os três anos seguintes. Não é por acaso que a St. Martins põe lado a lado estudantes de artes e de moda. Influenciávamo-nos uns aos outros e eu sempre achei isso muito estimulante (apesar das rivalidades), mas a competição gera qualidade. Um dos pontos fortes da Faculdade eram as bibliotecas, riquíssimas em obras do Cinema à Moda passando pela Arte, Música, Filosofia, Antropologia e claro, Fotografia. Acabei a trabalhar em part-time na Biblioteca da Faculdade em Charring Cross e sempre que podia “arrumava” as estantes da Fotografia que mais ninguém queria arrumar por estarem sempre desorganizadas e com livros pesadíssimos. Mas eu estava sempre pronta, para mim era um prazer percorrer uma a uma as monografias do Hiroshi Sugimoto ao David Bailey, do Araki ao Larry Clark, passando pela Diane Arbus, o Tillmans, o Helmut Newton, o pesado “People of the 20th century” do August Sander, a Nan Goldin cujo sobrinho era meu colega, o Richard

Billingham, a Cindy Sherman, e os livros icónicos como “The Americans” do Robert Frank, tantos e tão bons, da História da Fotografia à Moda estava tudo lá, sem discriminação, simplesmente Fotografia. É por isso que ainda hoje me faz alguma confusão quando se “discrimina” (em ambos os sentidos da palavra) a Fotografia tentando dividi-la ou organizá-la em categorias que para uns serão mais nobres que outras. Fotografia é fotografia, ponto. Existem sim boas e más imagens. Sou da opinião que a História da Fotografia e a História da Arte devem estar unidas numa só. Mas voltando à pergunta do porquê da escolha da Fotografia entre as outras artes, ela surgiu como consequência a tudo o que eu estava a viver naquele momento. É engraçado que não tive o impulso de documentar aquele mundo novo que se apresentava à minha volta, mas sim de me descobrir a mim mesma. O meu corpo foi uma das minhas primeiras ferramentas e a fotografia surgiu como forma de registar pequenas performances que eu própria encenava. Depois comecei a olhar para o retrato na fotografia e as relações de poder que se exercem entre fotógrafo, modelo (ou subject) e espectador. E foi por fim esta relação triangular que deu origem à minha tese de final de curso que intitulei “ The Disquieting Encounters with the bodies that look back”. Nesta tese relacionei três obras problemáticas deste tipo de relação: o trabalho de Juergen Teller no seu livro “GoSees”, a obra de Sally Mann no livro “Immediate Family” e o famoso “Black Book” do Robert Maplethorpe. Jovens manequins expectantes à porta do estúdio do fotógrafo, a sexualidade das crianças e a masculinidade do homem negro/ homossexualidade: três tabus repensados e/ou trabalhados por estes três artistas. Por fim, e para quem não conhece Londres, posso dizer que a Charring Cross Road fica a 5 minutos da antiga Photographer’s Gallery para onde me escapava à hora de almoço, e acaba na Trafalgar Square, onde se ergue imponente a National Gallery e a National Portrait Gallery (os meus museus preferidos, juntamente com

a Tate)...não terá sido por acaso que o retrato na fotografia é, ainda hoje, um dos principais temas do meu trabalho. A selecção de imagens que apresentamos é uma retrospectiva dos teus trabalhos académicos. Achámos que esta abordagem poderia de alguma maneira ilustrar o início do teu processo criativo como artista. Explica em traços gerais cada uma das experiências , o pretendido, as opções tomadas e porquê. Esta não é uma retrospectiva exaustiva do meu trabalho académico, mas achei que seria interessante dar a conhecer o trabalho com carácter performativo que fiz nesses anos, e que a maior parte das pessoas não conhece. “MY (PER)FORMATIVE YEARS” é justamente um jogo com a palavra “Performativo” por um lado e “Formação” por outro. No entanto, a primeira imagem que aparece foi feita em 2007, na Residência Sítio das Artes no CAMJAP-FCG, mas que embora esteja fora do meu contexto académico, também considero como fazendo parte de uma experiência de formação. E é justamente por aqui que vou começar. “Pergunta-me o que estou aqui a fazer/ Ask me what am I doing here” é uma instalação/ performance que constitui a minha reacção à experiência de ser uma artista residente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian durante dois meses, num contexto interdisciplinar em que nos foi pedido para pensarmos “O Estado do Mundo” e trabalharmos naquele espaço aberto aos visitantes. Resta-me acrescentar que o megafone que se vê na imagem foi-me emprestado pela Associação Solidariedade Imigrante, e é um dos megafones usados por esta associação nas suas manifestações de rua. O trabalho seguinte intitula-se “ Mental Disorders for the Camera”, foi um dos primeiros que fiz em Londres, ainda no Foundation Course, em 2001, e aqui visto uma camisa de hospital e como o próprio nome diz, enceno para a câmara poses de doentes de hospitais psiquiátricos. “Jesus and The Idiots” foi o meu primeiro trabalho com recurso ao vídeo, ainda que apropriado. Trata-se portanto de um trabalho

conceptual que usa a apropriação de duas obras de cinema que, juntamente com o a frase e título da obra pretendem suscitar um diálogo entre ambas num novo conceito, ou interpretação. As peças apropriadas são, respectivamente, os filmes “ The Gospel According to St. Mathew” de Pier Paolo Pasolini e “Os Idiotas” de Lars Von Trier. Em ambos os filmes há uma ideia de “grupo” que é explorada, com ideais marcados de onde sobressai um líder. De um lado Jesus, visto por Pasolini como um líder político e protagonizado por uma pessoa comum (não actor), do outro lado os Idiotas e a provocação da questão da diferença em termos de comportamento em sociedade. Isto tudo num contexto de arte pública pois os filmes são mostrados nas vitrinas da Window Gallery da Central St. Martins, precisamente na Charring Cross Road, dia e noite, non-stop durante uma semana. O que eu aqui fiz é altamente ilegal, pois a lei de exibição de filmes não só proíbe a sua exibição pública sem autorização dos autores como tive que literalmente cortar todas as cenas de sexo explícito no filme “Os Idiotas” tendo que o re-editar de uma ponta a outra! Por fim temos o transeunte, que ao subir ou descer a rua é acompanhado pelo texto da vitrina e a provocação “Jesus e os Idiotas”. No interior do edifício exibi os dois filmes para quem os quisesse ver na íntegra. Ainda em 2004 e ao encontro do meu questionamento das relações de poder na fotografia, fiz a peça “The Place”. Estas são imagens feitas num dos estúdios de dança da London Contemporary Dance School, que também tem o nome de “The Place”. A situação montada por mim é a seguinte: eu estou sentada no background, tenho um par de sapatos altos semelhantes aos usados pelas modelos do Helmut Newton que depois descalço, a câmara está montada num tripé e o dançarino tem um longo cabo disparador ligado à máquina e, enquanto dança, fotografa-se a ele próprio. A peça seguinte é a minha resposta à questão do “momento verdadeiro” num registo fotográfico. Para tal criei este circuito que dá o título à peça: “Circuit”. O circuito começa

no walkman que toca músicas de que gosto, estes estímulos musicais percorrem depois o meu corpo que em reacção pressiona o disparador da máquina que por sua vez congela o momento numa imagem. Depois de impressas em tamanho real, estas imagens deram origem às seguintes em que o registo anterior se cruza num novo registo. Conclusão: a verdade de uma imagem é uma impossibilidade que depende da crença de uns e do ponto de vista de outros. Seguem-se as polaroids do meu sketcbook que realizei como estudos de postura para as imagens a preto e branco que aparecem no fim e que fizeram parte do meu trabalho final de licenciatura. As imagens falam por si. Após cinco anos e revendo todas essas experiências passadas, como caracterizas o teu percurso? Sentes que houve uma evolução no sentido em que já não te revês nestes registos, ou pelo contrário, achas que eles são o suporte de um trabalho que continua vivo? São sem dúvida o suporte de tudo o que fiz a seguir. A obra de um artista faz parte de um processo de evolução e maturação. Na minha opinião, os anos de formação de um artista são essenciais para experimentar coisas, sem medo de errar, é essencial falhar até. As preocupações continuam lá mas ao mesmo tempo que nos transformamos como pessoas assim se transforma também o nosso trabalho. O meu trabalho é a minha vida, e vice-versa. Sou incapaz de ceder a modas. E afirmo veemente, como apreciadora de arte, que gosto dos artistas cujo trabalho reflecte maturidade, que vai ao fundo das questões, que não é um exercício de vanidade, de moda, ou de rebeldia gratuita. Desiludo-me muitas vezes quando vejo exposições em que parece que foi agora, no ano 2009, que se descobriu a arte conceptual, como se ela não existisse há mais de 50 anos, espanta-me ver artistas a mostrarem o que outros já fizeram há 40 anos atrás e acharem que estão a mostrar algo de novo. A questão agora não é a da liberdade mas o que fazer com ela. “Get over it, react to it”, é o que me apetece


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