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Bibliotecas Camões, Feiras do Livro, Redes de Bibliotecas e Bookstagrammers:

elementos desta nova comunidade, principalmente de Bookstagrammers. As editoras não ficam indiferentes a esta comunidade que nos últimos três anos ganhou reputação e respeito pelos seus seguidores e pelo meio editorial.

Redes de Bibliotecas rou neste edifício, sendo casado com uma Menezes.

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Segundo dados oficiais da organização, esta edição da Feira do Livro de Lisboa contou com 981 marcas editoriais representadas por 139 participantes – incluindo seis novos – distribuídos por 340 pavilhões. Esteve também presente a Rede de Bibliotecas de Lisboa, com um pavilhão onde decorreram actividades todos os dias. Uma Rede de Bibliotecas na prática é um sistema de partilha de actividades, recursos e que procura criar, articular, agilizar, disponibilizar serviços e mais-valias.

A Rede de Bibliotecas Públicas arrancou em 1987, com cinco concelhos pioneiros e hoje existe na grande maioria dos concelhos. Seria bom que nas outras Feiras do Livro, que decorrem nos diversos municípios do país, também estivessem representadas as Redes de Bibliotecas desses mesmos municípios.

Este Palácio passou a chamar-se Biblioteca Municipal Camões em 1981, mas ainda hoje é conhecido como Palácio Valada e Azambuja e está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1982.

Eça de Queiroz refere, na sua obra O Mandarim, as afamadas festas deste local, quando o referido Palácio se chamava “Palacete Amarello ao Loreto”.

Luís Vaz de Camões é patrono de várias bibliotecas. Para além desta existe a Rede de Bibliotecas Camões que agrupa as Bibliotecas do Instituto Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e que inclui a Biblioteca Digital Camões.

Há também uma Biblioteca Municipal Camões em Alvito. Na Amadora também se pode encontrar a Biblioteca Luís de Camões, precisamente na Rua Luís Vaz de Camões. Na toponímia portuguesa existem muitas ruas dedicadas a este lusitano poeta. Aqui fica a indicação das bibliotecas que, não tendo Camões como seu patrono, se situam na Rua Luís Vaz de Camões: Biblioteca Municipal de Beja Biblioteca Municipal de Castro

Daire

Biblioteca Municipal de Celorico da Beira

Biblioteca Municipal do Sabugal Biblioteca Municipal do Sardoal Biblioteca Municipal de Peniche

A Biblioteca Municipal de Bragança, tal como a de São Pedro do Sul, situa-se na Praça Camões. Assim, o Livro, a Leitura e os Leitores são um triângulo que nos cabe a todos defender e promover, daí ser tão importante o papel das Bibliotecas, das suas Redes e das Feiras do Livro.

Termino com uma estrofe d’Os Lusíadas, obra impressa pela primeira vez há 451 anos. Escolho a estrofe 66 do Canto I, pela referência que faz aos livros:

“Deste Deus-Homem, alto e infinito/ Os livros, que tu pedes não trazia/ Que bem posso escusar trazer escrito/ Em papel o que na alma andar devia. (…)”.

Poderá seguir o Instagram @bibliotecofilia para ler os anteriores artigos desta rubrica e ver imagens de várias bibliotecas

*A autora escreve de acordo com a antiga ortografia

Maria Lu Sa Francisco

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Programadora Cultural luisa.algarve@gmail.com

Este mês de Junho tem sido um mês completamente dedicado aos livros, não só pelas habituais idas às bibliotecas, mas também pela ida à Feira do Livro de Lisboa. Entre o dia 25 de Maio e o dia 13 de Junho realizou-se a 93ª edição da Feira do Livro de Lisboa, que este ano teve a duração de 20 dias. Um certame que se realiza anualmente desde Maio de 1930 na cidade de Lisboa e que é um dos mais importantes acontecimentos do Livro e da Leitura realizados em Portugal.

O Livro é um importante motor de desenvolvimento de todas as sociedades e de desenvolvimento pessoal. Apesar dos suportes digitais assumirem hoje um papel inquestionável na difusão da leitura e do conhecimento, a relação do autor com o leitor constitui uma relação intemporal e sempre renovada.

A Feira do Livro é um grande momento de encontro com escritores e a ocasião perfeita para nos deixarmos surpreender por novos livros e novas ideias literárias.

Este ano a Feira do Livro teve uma maior afluência de pessoas que promovem o livro e a leitura através das Redes Sociais, principalmente através do Instagram, TikTok e YouTube, daí a designação: Bookstagrammers, Booktokers e Booktubers.

E isso pode confirmar-se pelas fotografias e vídeos produzidos a partir da Feira do Livro. Existem vídeos de divulgação de livros que passaram a ser chamados Booktrailers, porque transportam uma narração escrita para pequenos filmes e animações. É todo um mundo que arrasta milhares de seguidores.

A Feira do Livro foi uma forma dos produtores de conteúdos nas Redes Sociais se conhecerem pessoalmente e encontrarem os seus seguidores. Inclusive, durante a Feira, realizaram-se encontros com

O acesso cada vez mais livre e democrático de todos ao Livro passa pela existência de uma boa rede de bibliotecas. Em Portugal existem 303 bibliotecas municipais e a maioria integra a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Apenas cinco municípios portugueses não dispõem de biblioteca.

Biblioteca Camões

Por Junho ser o mês em que se celebra Camões, resolvi visitar a Biblioteca Camões, situada no Largo do Calhariz, em Lisboa, mesmo ao lado do Elevador da Bica.

A Biblioteca está instalada num edifício palaciano da segunda metade do séc. XVIII construído sobre as ruínas de um palácio quinhentista, destruído pelo terramoto de 1755.

Com o terramoto, o palácio ruiu e aí morreu o Embaixador de Espanha que nele habitava. Mais tarde, o palácio foi reconstruído e aí morou D. José de Menezes, que organizava faustosas recepções que tornaram o palácio célebre. Em 1791 o Marquês de Pombal mo-

Cobramor

Aleitura não serve para nada. Felizmente. Não cumpre um propósito concreto, como treinar para as olimpíadas, estudar ou trabalhar. É difícil ostentar os livros que se leu, como se faz com um carro desportivo ou com uma peça de roupa. Mesmo que os tenhamos, não os conseguimos verdadeiramente ter. Num mundo em que a única razão para fazer algo é esse algo ser um meio para um fim, o livro é a maior das inutilidades. E há que louvar o inútil pois são poucos os que conseguem sobreviver assim, sem ceder à religiosidade do objectivo. Ler não é apenas inútil, é também para imbecis. Numa sociedade telegráfica onde todo o conhecimento chega com um clique e em que cada vez estamos mais próximos de estar mais distantes uns dos outros, para quê dedicar horas da vida a olhar para uma folha cheia de caracteres. Quanto mais conhecimento disponível, menos o sabemos valorizar e aproveitar.

Quando tudo tem um valor, nada tem valor. Por isso (mas não só por isso) sou estúpido. Com tamanha facilidade e rapidez, apenas alguém estúpido abdicaria de tal em prol duma actividade tortuosa e sinistra como ler um livro.

Porque, ao contrário do que querem fazer acreditar, ler dá trabalho. Dói, mói e corrói. É um exercício duro e solitário. Não se consegue ler enquanto se faz o jantar, como se ouve música ou se vê televisão. A leitura é totalmente consumidora da nossa presença. Exige-nos integralmente. Para usar o termo em voga que mais não é do que uma apropriação descontextualizada de uma técnica budista, ler é mindfulness

Ler é um compromisso que assumimos. Particularmente agora em que são infinitas as distracções e quase todas compostas de sons irritantes e luzes intermitentes.

É um compromisso assim como fazer dieta. Neste caso, uma dieta mental em que abdicamos de fast food sensorial em prol de um alimento slow como o é um livro. O sonho que tantos alimentam de

CRÓNICAS

FOTO DR casar as novas tecnologias com a literatura nasce da mesma ilusão em que tantos acreditaram, a de que o automatismo nas fábricas levaria a uma melhor qualidade de vida. O livro é o que sempre foi e é assim que deve ser. Como a calçada portuguesa precisa de um calceteiro, o livro precisa de um leitor. E de um autor. Por mais inteligência artificial que exista, o livro existirá sempre. Também o disco de vinil teve o seu óbito declarado muitas vezes e, no entanto, ele anda aí. Quando os professores se queixam de que os alunos não lêem, eu pergunto se os professores o fazem. E quando os escritores se queixam de que não são lidos, eu pergunto se eles próprios lêem outros escritores. Tenho visto frequentemente que isso não acontece. Muitas vezes me lembro da vez em que uma livreira amiga me contou que os escritores de renome que frequentam a sua loja entram sem demonstrar o mínimo de curiosidade pelos livros expostos. Demorei a acreditar no mesmo até eu próprio ter uma banca de livros. Não significa isto que, os leitores vorazes sejam de alguma forma mais inteligentes e quem não pega num livro, seja uma anémona. Conheço muitos casos em que é precisamente ao contrário. Ler, só por si, não é sinónimo de uma melhor compreensão do mundo ou de capacidade de raciocínio. É por isso que existem livros e livros. Mas é mais fácil quem lê literatura de cordel passar a ler outro tipo de livros, do que quem