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Rede do Património Cultural Imaterial já foi lançada. Associação dos Moradores da Ilha de Culatra é um dos membros

Mulher identificada no furto de cartão bancário num lar

Uma mulher de 50 anos foi constituída arguida por ter, alegadamente, furtado e utilizado indevidamente um cartão bancário de uma utente de um lar de idosos em Alcoutim, informou a GNR.

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Em comunicado, o Comando Territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Faro indicou que a mulher ter-se-á “aproveitado da vulnerabilidade da vítima, devido à sua idade, apoderando-se do cartão e do respetivo código” de utilização. Segundo a fonte, a mulher efetuou diversas compras e levantamentos em numerário, tendo movimentado mais de oito mil euros, com o cartão furtado.

A suspeita foi constituída arguida e os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Vila Real de Santo António.

Homem detido em Quarteira por posse de arma proibida e tráfico de droga

A GNR deteve um jovem de 16 anos por posse de arma proibida, tráfico de estupefacientes e condução sem habilitação legal, na sexta-feira, em Quarteira, informou a corporação policial.

O jovem foi abordado numa “ação de fiscalização rodoviária e de prevenção e combate à criminalidade juvenil”, quando conduzia um ciclomotor sem habilitação legal, tendo sido apreendidas uma arma proibida e haxixe, precisou a força de segurança num comunicado.

A GNR esclareceu que foi ainda realizada uma busca domiciliária à residência do detido e, no final, foram apreendidos “uma faca de abertura automática, 10 doses de haxixe, 50 euros, um cartão SIM, um telemóvel, uma balança de precisão e 20 sacos herméticos”.

A Rede Nacional do Património Cultural Imaterial foi “implementada esta segunda-feira pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC)” e “conta já com 17 membros”

“O grande objetivo desta rede é funcionar como uma plataforma informal de partilha de conhecimento, experiências e boas práticas, visando a salvaguarda do PCI [Património Cultural Imaterial]”, e é “uma oportunidade para o desenvolvimento de metodologias de trabalho e de outras formas de cooperação em torno de um objetivo comum: a qualidade de vida das pessoas pela via do PCI”, afirma a DGPC. Os “membros convidados e já efetivos da Rede” são "representantes de entidades proponentes de manifestações inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, das Direções Regionais de Cultura (DRC) e de entidades acreditadas pela UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura], que desenvolvem trabalho em torno deste património”, esclarece a DGPC.

Ilha da Culatra e Tavira são membros

Os 17 membros são: a Associação dos Moradores da Ilha de Culatra, no distrito de Faro, a Associação Grupo de Caretos de Podence, as câmaras municipais de Braga, Salvaterra de Magos, Tavira, e Vila do Conde, a Cátedra UNESCO em Património Imaterial e Saber fazer Tradicional da Universidade de Évora, o Centro em rede de Investigação em Antropologia (CRIA), a DGPC, as DRC da Madeira, Alentejo, Norte e Açores, a Junta de Freguesia de Vila Franca do concelho de Viana do Castelo, Memória Cultural CRL, a Fundação Inatel e o Museu Nacional de Etnologia.

O anúncio da rede coincide com o Encontro “Portugal Imaterial: Convenção UNESCO 2003-2023”, que decorreu esta segunda-feira em Évora.

A importância desta Rede “informal e aberta” foi destacada pela subdiretora da DGPC Rita

Jerónimo, citada pelo comunicado, por promover "a partilha de conhecimento, experiências e boas práticas, visando a salvaguarda do Património Cultural Imaterial", e por ter "o propósito de aumentar a qualidade da cooperação em rede e de reforçar o trabalho desenvolvido no terreno”.

Os interessados podem inscrever-se na Rede, quer sejam “organismos, associações e outras entidades que promovam a salvaguarda e valorização do Património Cultural Imaterial, representantes de comunidades, grupos e indivíduos detentores das manifestações de PCI ou especialistas desta área patrimonial”.

A Rede Nacional do Património Cultural Imaterial desenvolve-se em quatro eixos: “identificação e salvaguarda do PCI”, “reconhecimento e promoção”, “documentação, comunicação e mediação” e “redes e parcerias”.

O Encontro “Portugal Imaterial: Convenção UNESCO 2003-2023” foi “o primeiro de três momentos de celebração do 20.º aniversário da Con- venção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, que a DGPC vai promover ao longo do ano”.

O segundo momento, “O Território”, está previsto realizar-se em maio e “decorrerá até final do ano, com a disponibilização de uma plataforma digital no ‘website’ da DGPC, em que se pretende criar um local de divulgação e partilha dos diferentes acontecimentos que ocorrem nas várias zonas do país e que celebram o património cultural imaterial”.

O terceiro momento, “A Festa”, decorrerá de 17 a 22 de outubro, em Lisboa, “com várias iniciativas abertas ao público, como concertos, performances, ’workshops’, mostras, espaços de gastronomia, todas elas alusivas a manifestações de património cultural imaterial”.

O Fado, o Cante Alentejano, as Festas do Povo em Campo Maior, no distrito de Portalegre, o Carnaval de Podence, no distrito de Bragança, a Dieta Mediterrânica, a Falcoaria, e o figurado de Estremoz são algumas das expressões culturais nacionais inscritas no PCI da UNESCO.

O jovem foi constituído arguido e os factos remetidos ao Tribunal Judicial de Loulé.

Loulé: Galeria “In The Pink” apresenta Rhytm of Coulours

A galeria de arte fotográfica In The Pink apresenta a exposição “Rhytm of Colours”, que junta três artistas de origem africana, a partir desta sexta-feira, em Loulé, anunciou a organização.

Em exposição vão estar obras de Saïdou Dicko (Burkina Faso), Derrick Ofosu Boateng (Gana) e Muriu (Quénia), que mostram “tonalidades voluptuosas e intensas” e imagens que comportam “uma espécie de sonoridade” e “transformam as composições em algo mais do que apenas visual”, adiantou a galeria.

Em comunicado, a mesma fonte referiu que os artistas em exposição “investigam abundantes imagens que aproximam o público da agitação de ruas movimentadas, da sinfonia alegre de crianças a brincar, dos tambores a rugir à distância” e compõe peças “com cores vivas, personagens ocultas ou texturas contrastantes” que fazem delas “uma espécie de partitura visual que convida o público a examinar as imagens de forma imersiva”.

“Os artistas de Rhythm of Colours desafiam e abraçam elementos das suas próprias tradições com o objetivo de, em última análise, descobrir formas inovadoras, coletivas e individuais, de compreender o mundo”, referiu ainda a organização.

ANÁLISE e Perspectivas Turísticas (22)

Elidérico Viegas

OPINIÃO | Empresário e Gestor Hoteleiro

Uma primeira nota para reconhecer o trabalho notável que a generalidade das autarquias do Algarve vem realizando ao longo dos anos nos vários domínios do interesse público ao serviço do turista, das empresas e das populações residentes.

As autarquias têm desempenhado um papel estratégico decisivo para o futuro do turismo do Algarve, tendo sido determinantes na preparação e concretização de acções inerentes às exigências do crescimento e qualificação da produção concentrada de serviços de turismo, especialmente no litoral, mas também no desenvolvimento da actividade em novas áreas, bem como no apoio a prestar a outras formas diversificadas de turismo no interior e na serra.

O crescimento do turismo em Portugal não foi acompanhado por adequadas linhas orientadoras de uma política de turismo, nem por apoios de natureza fiscal e financeira que tivessem permitido um desenvolvimento mais harmonioso, homogéneo e, por conseguinte, mais atractivo, competitivo e de qualidade.

Esta realidade, conjugada com vários factores de natureza estrutural, contribuíram para uma descaracterização do produto, embora haja zonas e empreendimentos que apresentam uma oferta de excelente qualidade que importa realçar. As autarquias locais não conseguiram opor-se a este crescimento desordenado, quer por não estarem dotadas dos meios técnicos, humanos e materiais necessários para responder eficazmente às pressões resultantes do dinamismo empresarial, quer por não existir legislação adequada que as orientasse numa verdadeira estratégia integrada de desenvolvimento turístico.

É às autarquias que, em grande medida, compete a salvaguarda de um correcto desenvolvimento, nomeadamente através das suas políticas de gestão, conjugando os interesses sectoriais do turismo com o ordenamento do território e a harmonização urbanística das diferentes zonas do Algarve, única forma de potenciar um crescimento económico e social equilibrado, garantir o bem estar das populações residentes e atenuar os desequilíbrios que ainda permanecem, quer em termos qualitativos, quer em termos de distribuição geográfica.

O que está em causa, e o que se exige às câmaras municipais, é todo um empenhamento e uma outra visão do turismo, traduzidos num novo posicionamento político relativamente à sua região em geral e à actividade turística em particular.

A imagem dos presidentes de câmaras é a de pessoas acomodadas, que percebem mal ou não querem perceber o turismo, mais preocupadas em gerir os equilíbrios e questiúnculas internas, com pouco sentido de Estado e demasiado pacíficos no que respeita à defesa dos interesses da sua região. Digamos que o direito à indignação ainda não chegou aos autarcas algarvios.

É verdade que os instrumentos de planeamento retiraram o poder discricionário às autarquias, como os PROT´s, os PDM´s e os POOC´s, por exemplo, limitando o poder absoluto que as caracterizava no passado em matéria de aprovação e licenciamento de projectos urbanísticos.

Os instrumentos de Planeamento e Ordenamento menorizaram e menosprezaram as autarquias, provocando, com esta atitude, um desequilíbrio que não se traduziu nem num melhor ambiente, nem num melhor ordena-

PERCEPÇÕES… E REALIDADES (17)

Mendes Bota | OPINIÃO

Antigo parlamentar e diplomata da União Europeia

Capacidade De Carga

Aquilo que deveria ter sido um abalo telúrico na consciência de agentes económicos e políticos que se preocupassem verdadeiramente com o futuro do Algarve, passou à margem dos sismógrafos da opinião pública da Região. Nem com o epicentro noticioso na primeira página do jornal Público, ocorrido no passado dia 19 de Fevereiro, alguém despertou desta letargia colectiva que há muito tomou conta das chamadas forças vivas, em estado de sonolência ante-mortem. Idálio Revez, jornalista algarvio, teve a coragem de colocar o dedo na ferida em artigo-denúncia ao qual não se viu qualquer contestação. Em nome de pretensos e muito discutíveis “direitos adquiridos”, a passadeira está estendida para a construção de mais 11.000 camas na faixa que vai do mar até 500 metros da costa, dentro do Processo de Betonização em Curso, com particular incidência no litoral que vai de Albufeira até à Costa Vicentina. Lagoa, Portimão, Lagos, que pena! Com a passividade de autarcas, quando não conivência, com a cumplicidade de responsáveis técnicos manhosos de dois, pede-se que coloque a coragem ao nível da sua isenção técnica. É triste que não haja um punho que bata nesta mesa, uma voz que se erga, um grito que diga: JÁ CHEGA!

A Mata Do Liceu

mento do território, tendo causado, em última análise, um desenvolvimento económico de menor qualidade.

Muitas das fraquezas da região e do seu turismo resultam, precisamente, da falta de investimento público que não tem acompanhado o ritmo do investimento privado.

As autarquias têm, pois, esta responsabilidade acrescida de terem de ser o instrumento mobilizador e dinamizador de investimento público na região, ou seja, as acções e os programas definidos e a definir passam, obrigatoriamente, pelas autarquias, dentro de uma estratégia nacional de reforço do poder local, especialmente se tivermos em conta que a regionalização se apresenta como um projecto adiado.

Daí que se torne indispensável e urgente definir, no Algarve, programas de recuperação, valorização e revitalização das zonas urbanas e turísticas, ou seja, das “terras com muito turismo”, qualificando sobretudo as áreas onde se encontra concentrado.

O que se espera de alguns dos nossos presidentes de câmara é que sejam capazes de contrapor ao seu bairrismo concelhio e visão egocentrista, porventura legítimos, uma visão e posturas integradas da região no seu todo. É que dezasseis reinos para uma região com cerca de cinco mil quilómetros quadrados exige muitos reis.

*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia utilidade dual, com a intromissão do poder central por via dos malfadados PIN’s, com o assalto de fundos imobiliários sem face visível e de paternidade off-shore, a luta continua, os valores paisagísticos valem ZERO! A análise ao desempenho económico da Região fica-se muitas vezes pela superfície flutuante das taxas de ocupação hoteleira, de recorde em recorde. Ninguém parece preocupado em reflectir mais profundamente sobre a capacidade de carga turística da Região, como se tudo pudesse crescer rumo ao infinito sem avaliar os impactos no modo de vida de quem aqui reside permanentemente, no preço dos produtos, dos serviços, das casas. E, porque não dizê-lo, na qualidade do serviço massificado que se oferece aos Turistas. Sessenta anos depois de ter sido descoberto pelo mundo, o Algarve parece não ter aprendido nada com os erros do passado. Em 1993 (DL 351/93 de 7 de Outubro) exigiu-se aos projectos imobiliários em espera um Certificado de Compatibilidade com o PROTAL. Como é possível que quem nem sequer o solicitou nessa altura, seja elegível para aprovação 30 anos depois, passando por cima da REN, da RAN, e de todo um arquétipo legislativo de protecção contra este assalto, e que está em risco de se desmoronar. José Apolinário, responsável primeiro da CCDRA, tem nas mãos a possibilidade de fazer frente à investida. Tem fama de honesto, o futuro dirá se esteve à altura da reputação. Ao arquitecto José António Faísca Duarte Pacheco, o seu número

De vez em quando sai notícia que contraria a carga negativa que transparece de um urbanismo refém de interesses imobiliários insaciáveis, que devoram todo o espaço ainda disponível no casco central da cidade de Faro, com a bênção dos poderes políticos. Foi o caso de ter sido dada como concluída a requalificação da mítica “Mata do Liceu”, pulmão verde que envolve o coração educacional onde se formaram tantos milhares de algarvios desde a sua fundação. Aquele edifício educativo, imponente no Alto de Santo António sobranceiro sobre a cidade, comemora no dia 28 deste mês de Abril 75 anos de existência. No meio de tanta celebração insignificante que campeia por aí a propósito de tudo e de nada nos calendários de animação, esta é uma efeméride que merecia ser devidamente assinalada com boda e diamante. Tome-se esta boa nova da (re)inauguração da “Mata do Liceu” como o aperitivo de um programa que provavelmente não existe, para lá de um jantar de antigos alunos que parece estar em preparação. Aquele espaço natural arbóreo, outrora muito mais densificado, foi palco de muitos beijos e abraços enamorados e roubados ao “apartheid” sexista então reinante, meninos para um lado, meninas para o outro, protegidas em locais recatados de recreio e de estar próprios à volta da Sala de Lavores (femininos, pois claro!). Era arquitectura de opção simétrica, nada de misturas em escola mista, até pouco antes da alvorada de Abril. Por entre árvores e arbustos não havia percursos definidos, dependia das opções do chefe do grupo ginasta que fazia corta-mato fora dos muros do Liceu. Dependia da protecção que a cortina verde oferecia aos amores proibidos, coisa mais pueril do que se pudesse imaginar. Hoje é tudo às claras, a Mata tem tudo, “street workout” (seja lá o que for isso…), campo de basquetebol, parque geriátrico (outro palavrão modernista), parque infantil, anfiteatro, relvado, não falta nada ali. Talvez tenha desaparecido aquela árvore que produzia umas bolas castanhas tipo golfe, com que os veteranos fustigavam o crânio dos caloiros à entrada do portão principal, bullying doutros tempos. Seja como for, o Liceu, que já se chamou Nacional, Central, Escola Secundária, para acabar agora em cabecilha de Agrupamento (que horror!), continua a ser o orgulho de quem por lá passou. Recorde-se sem vírgulas a divisa do patrono, João de Deus, o grande Poeta e Pedagogo de Messines: “A escola não é tortura nem brinquedo é sim estudo não é cárcere nem páteo é sim templo”. Onde é que estaremos agora?...

*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia