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Fábrica Júdice Fialho de Ferragudo, Lagoa

LUÍS DE MENEZES Investigador e Documentalista

Afábrica de conservas de sardinha de Ferragudo, situava-se no sítio da Passagem (estrada que ligava a Ferragudo), Rua Infante D. Henrique, freguesia e concelho da Lagoa , distrito de Faro, tendo concessão de alvará n.º 11.289 de 21-10-1927. Pertencera a António Joaquim Júdice e irmãs e começara a funcionar em 1883, sob a firma de Patrício Eugénio Júdice. Depois foi comprada por João António Júdice Fialho e após algumas obras de modernização, começou a ser explorada a partir de 31-3-1904

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De referir ainda, que o número de operários e máquinas nesta fábrica, era superior à das outras duas fábricas de Portimão e a proporção da produção de conservas de sardinha nesta fábrica atingia 800.000 kl e de 820.000 kl para as outras duas unidades fabris.(1)

Esta unidade fabril, destinava-se à exploração da indústria de conserva de sardinha, como se constata num requerimento de Júdice Fialho à 5ª Circunscrição em 22-3-1922. Nesse ano (1922), verifica-se que a fábrica possuía: 1 motor a vapor, 6 máquinas cravadeiras, 3 geradores de vapor, 1 fabricante e 150 operários, 20 serventuários, embora os números para estes dois grupos de operários sejam variáveis, conforme o trabalho derivado da captura ou não de peixe.(2) Em 1956, a fábrica de conservas de peixe de Ferragudo, estava apetrechada com: 5 cofres para coser peixe com 12.500 m3, 2 autoclaves de esterilização com 8.356 m3, 1 cravadeira Sudry, 6 cravadeiras Matador, 1 cravadeira J.F., 1 máquina de lavar latas e 2 máquinas de azeitar.(3)

Na vistoria realizada à fábrica de Ferragudo pela Inspeção Geral de Fiscalização do Consórcio Português de Conservas de Sardinha a 16-2-1933, constavam 4 caldeiras a vapor (2 tipo C-F da João Perez, 1 tipo D da Babcok e 1 João Perez para montar), 2 cozedores (1 de 1m,29 de comprimento, 1m,24 de largura e 1m,48 de altura e outro de 1m,29 de comprimento, 1m,20 de largura e 1m,52 de altura), 1 esterilizador (de 3m,70 de comprimento, 1m,20 de largura e 1m,78 de altura), 1 tanque para Banho-Maria (de 2m,50 x 1m,18 x 0,99) e 8 cravadeiras (6 Matador, 1 Sudry e 1 Kargas Hemmer para lata redonda). As áreas calculadas nessa vistoria para esta fábrica eram em solo coberto de 3.300m2, alpendre 1.050m2 e terreno livre 2.505m2. Produzia 15.028 caixas com o peso líquido de 360.672 kl em 1929, 22.582 caixas com o peso líquido de 521.968 kl em 1930, 35.825 caixas com o peso líquido de 859.800 kl em 1931, 19.829 caixas com o peso líquido de 475.896 kl em 1932, no total de 93.264 caixas e peso líquido de 2.238.336 kl entre 1929-1934.(4)

Por despachos ministeriais do Subsecretário de Estado ou do Ministro do Comércio e Indústria era esta fábrica autorizada: a 15-3-1935, a instalar uma máquina de azeitar; a 29-10-1938, a instalar uma máquina de limpar latas, sendo publicada no Diário do Governo n.º 276 de 2811-1938; a 8-5-1939, a instalar um cozedor simples igual ao aí existente e uma cravadeira Sudry B.C. 15, sendo publicado no Boletim da DGI n.º 120 de 25-5-1939; a 3-101939, a instalar uma máquina Rose Brothers para embalar as latas de conservas de caixa em cartolina ilustradas; a 1-4-1940, a instalar 2 filtros para azeitar; a 4-6-1941, a instalar 2 autoclaves de esterilização

JORGE QUEIROZ Sociólogo

Nas comunidades humanas a língua é o elemento cultural mais influente, permite a comunicação e o entendimento entre as pessoas, tem implicações políticas, culturais e económicas. Historicamente a introdução e imposição de uma língua à comunidade com idioma próprio representou colonização económica e cultural. As línguas de aculturação e comércio como Pierre Bordieu demonstrou são instrumentos de poder e hierarquia, constituem o “mercado da língua”, em Portugal hoje escolas superiores obrigam o uso do inglês. Sobre o português os linguistas coincidem que a origem está no latim introduzido na Península Ibérica pelos exércitos romanos durante a “2ª Guerra Púnica” (218 a.C.) contra Cartago, pelo domínio do Mediterrâneo Ocidental. Roma foi a maior potência política, militar, marítima, comercial e cultural da Antiguidade, colonizou territórios da Ásia às Ilhas Britânicas.

As tribos ibéricas falavam dialectos, adoptaram o latim. Para além da utilidade prática o idioma foi elemento de civilização e prestígio social, impôs-se com implantação político-administrativa, mas com a derrota de Roma (séc. V) as províncias autonomizaram-se e também as línguas.

Como a etimologia, o estudo das palavras, o demonstra, o português tem influências das remotas línguas semitas, do latim, árabe, castelhano… Os moçárabes falavam um dialecto “hispano-romano”.

Nos séculos XIX-XX o estudo científico-comparativo das línguas, palavras e literaturas avançou, a linguística autonomizou-se, surgiu uma nova disciplina, a semiótica, o estudo dos signos.

Paul Teyssier da Sorbonne, autor da “História da Língua Portuguesa”, afirma que no período entre as invasões bárbaras e a chegada dos muçulmanos em 711 d.C começaram a formar-se três idiomas na península: galaico-português a oeste, castelhano na área central e catalão a leste.

De acordo com o mesmo autor, as dez vogais do latim clássico passaram a sete. No galaico-português surgiu o LH (ex: oculum - olho) e no castelhano o J (ex: ojo). Também no galaico-português se deu a queda do L intervocálico (ex.: salire – sair, dolore-dor…) e do N intervocálico (ex: corona-coroa), mas no sul do País manteve-se (Ex: granito, franganito…).

O primeiro texto conhecido escrito em português terá sido o testamento de D. Afonso II de 14 de Junho de 1214, contudo a língua não nasce num determinado dia, é um processo evolutivo.

Fernando Venâncio, linguista, escreveu numa obra recente que a língua portuguesa terá surgido 600 anos antes de Portugal, por volta dos séculos VI -VII d.C. O processo da autonomização do idioma fez-se através do “romance”, semelhante ao galego.

A análise da língua está marcada pelas tentativas de periodização. Entre