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Fábrica Júdice Fialho em Lagos

LUÍS DE MENEZES

Investigador e Documentalista

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Afábrica de conservas de peixe em azeite e molhos de Lagos, situava-se no sítio da Aldeia, rua da Estalagem (posteriormente rua António Crisógono dos Santos), freguesia de S. Sebastião, concelho de Lagos, distrito de Faro, tendo concessão de alvará n.º 188 de 163-1923.

Foi instalada e construída em 1904, sendo destinada à exploração da indústria de conservas de peixe em azeite e molhos (sardinha), conforme processo inicial iniciado por Júdice Fialho, começando a laborar em Dezembro desse ano. A licença de exploração foi concedida a 26-11-1904.

Segunda a sua descrição de 1922, esta entidade fabril possuía: 3 caldeiras a vapor; 1 estufa; 2 cofres para cozer peixe; 1 motor; 6 cravadeiras; 1 fabricante; 1 contramestre; 3 empregados de escritório, nacionais; 1 empregado estrangeiro da secção de salga de peixe e 200 operários.1

A fábrica Júdice Fialho em Lagos, não era um só edifício mas um complexo de imóveis, onde se situavam: a sala de descabeço, o enchimento, o armazém do sal, a estiva, o armazém de vazio e demais valências daquela unidade fabril (com os terreiros de secagem das aparas - para produção de óleos ou farinha de peixe) e chaminé (que evidenciavam a zona da caldeira e eventualmente dos autoclaves). Em 1927, a fábrica de conservas de Lagos, tinha 110 operárias e 30 operários.2

Na vistoria realizada à fábrica de Lagos pela Inspeção Geral de Fiscalização do Consórcio Português de Conservas de Sardinha a

15-2-1933, constavam 3 caldeiras a vapor (1 tipo C-F, 1 tipo C-F de João Perez e 1 tipo C-F de Pierre Dumorá), 2 cozedores (1 de 1m,25 de comprimento, 1m,22 de largura e 1m,52 de altura, e 1 outro de 1m,26 de comprimento, 1m,29 de largura e 1m,60 de altura), 1 esterilizador (de 3m,56 de comprimento, 1m,28 de largura e 1m,78 de altura), 2 tanques para Banho-Maria a fogo directo (iguais de 1m,84 x 0,95 x 0,94) e 6 cravadeiras (2 Karger Hammer (Matador), 1 Vulcano, 1 Promitente (Matador) e 2 Street & C.ª (Matador)). As áreas calculadas nessa vistoria para esta fábrica eram em solo coberto de 7.724m2, galerias ou pavimentos superiores 501m2 e terreno livre 2.546m2. Produzia 10.115 caixas com o peso líquido de 242.760 kl em 1929, 15.309 caixas com o peso líquido de 367.368 kl em 1930, 21.190 caixas com o peso líquido de 508.560 kl em 1931, 9.631 caixas com o peso líquido de 231.144 kl em 1932, no total de 56.243 caixas

Excerto do anteplano de urbanização de Lagos de 1957 e vista áerea circundante da fábrica de conservas de peixe em azeite de Júdice Fialho em Lagos em 1947, in CCDR Algarve, in Francisco Capelo - Fototeca Municipal de Lagos - Cem anos de Indústria Conserveira em Lagos - a memória em imagens - 1º Congresso da Associação de Municípios Terras do InfanteCentro Cultural de Lagos - 23 de Março 2019, pp. 22 e 23 e peso líquido de 1.349.832 kl entre 1929-1934.3

Por despachos ministeriais do Subsecretário de Estado ou do Ministro do Comércio e Indústria era esta fábrica autorizada: a 153-1935, a instalar uma máquina de azeitar; e a 4-5-1936, a instalar um motor vertical a óleos pesados, sendo publicado no Diário do Governo n.º 118 de 21-5-1936; em 1953, temos conhecimento da instalação de 2 novas caldeiras em substituição das aí existentes.4

Esta empresa tinha os seguintes equipamentos e máquinas no ano de 1939: «Recebia energia para iluminação dos serviços municipais da Câmara de Lagos; tinha 3 geradores de vapor; 1 motor de vapor de 6 C.V.; 1 motor de combustão interna de 7/9 C.V.; 1 dínamo de 8 KW; máquinas operatórias para fabricação de conservas: 6 cravadeiras matador; 1 cravadeira para lata redonda; 1 máquina de azeitar; 2 cofres para cozimento de peixe; 1 cofre para estufagem de peixe.

Na secção de fabricação de Guano existiam 2 prensas Mabille e 2 comedores de desperdício de peixe. Finalmente em utensílios diversos, eram assinaladas 2 bombas de vapor sobre o poço; 2 caldeiras para banho-maria; 1 tanque para lavar grelhas; 3 burricos de alimentação de caldeiras e 1 burrico»

A fábrica de conservas de peixe em azeite de Lagos, deixa de laborar no ano de 1959, sendo o seu alvará transferido para a fábrica de conservas de peixe em molhos de Matosinhos, por despacho ministerial de 28-11-1959.5 Nesse diploma, estavam sublinhadas as condições que se deviam cumprir na transferência: pagar as indemnizações dos trabalhadores da fábrica de Lagos e o prazo de transferência e instalação da fábrica de Matosinhos, devia concluir-se em 18 meses.6

Esta fábrica produzia em 1933 e 1934, 2.088 e 8.234 caixas respectivamente (em 1935 produzia 30 caixas por hora, com as crava-