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REVOLUÇÃO INTELIGENTE

Com novos recursos e expansão do seu uso, a Inteligência Artificial transforma a produção agrícola no Brasil e abre oportunidades inéditas para o setor

Por Lívia Andrade

Poucos setores têm sido tão impactados pela revolução trazida pela Inteligência Artificial (IA) quanto o agronegócio. Previsão de safra, monito ramento da qualidade do solo, manejo de água, identificação de pragas e doenças, pesagem de gado, uso de pulverizadores que liberam defensi vos apenas onde há ervas daninhas, aplicação de agroquímicos por drones e introdução de robôs que realizam o trabalho de polinização de abelhas são apenas alguns exemplos – existem muitos outros – sobre como a nova tecnologia se tornou onipresente nas lavouras brasileiras. “ Inteligência Artificial depende da análise de grandes bancos de dados para identificar padrões e dar uma resposta”, sintetiza o cientista da computação e agrônomo Marcelo Canteri, professor da Universidade Estadual de Londrina (Uel) e coordenador do Centro de Inteligência

Artificial no Agro (Cia-Agro), iniciativa que engloba pesquisadores, universidades, cooperati vas e empresas privadas. “A grande vantagem dela é analisar dados em quantidade e velocida de muito maior que a do cérebro humano.

Em termos gerais, a IA simula, por meio de sistemas complexos de algoritmos e da capacidade de processamento de computadores, os mecanismos de aprendizados adotados pelo cérebro humano – mas de maneira muito mais precisa. “Digamos que eu abasteço uma máquina com 15 mil imagens de doenças na soja e identifico quais lesões caracterizam uma mancha-alvo”, diz Canteri. “Ao fornecer uma nova foto, a Inteligência Artificial identifica se a folha está contaminada em função desse padrão.” Uma novidade que será lançada em breve é um software do Cia- Agro para detecção da ferrugem-asiática, doença fúngica que traz perdas de US$ 2 bilhões por safra de soja no Brasil. Atualmente, o monitoramento é feito com armadilhas, que dependem de uma pessoa para analisar a presença dos esporos do fungo na lâmina. “Um ser humano demora meia hora

Trator autônomo: o uso de veículos sem motorista é maior nas áreas rurais, onde existem menos variáveis para controlar em cada lâmina e ele tem 60 lâminas para analisar”, diz Canteri. “Nós criamos um software para fazer a leitura automatizada. Esses dados, junto com informações meteorológicas de temperatura e umidade, vão alimentar a IA para dar alertas às regiões propensas ao aparecimento da ferrugem-asiática.”

Não por acaso, nos últimos anos as grandes multinacionais do agro lançaram suas próprias plataformas de agricultura digital, que têm por finalidade ajudar os produtores a produzir mais e melhor na mesma área. A Climate FieldView, da Bayer, foi uma das pioneiras. Aterrissou no País em 2016 e, cinco anos depois, alcançou o marco de 22 milhões de hectares monitorados, o que tornou o Brasil o segundo maior mercado da plataforma no mundo. A iniciativa utiliza dados de satélites, drones e sensores acoplados em máquinas nas propriedades de seus clientes. Depois, as informações são usadas pela IA para dar diagnósticos em tempo real. Isso resulta em maior eficiência e economia de insumos, já que o produtor recebe a indicação da quantidade exata de fertilizantes e defensivos que cada talhão precisa. “É uma ferramenta de gestão maravilhosa, porque consigo entender melhor a fazenda com os mapeamentos”, diz Vanessa Bomm, produtora de grãos em Terra Roxa (PR). “Enxergo a propriedade como um todo, mas também consigo decifrar cada metro quadrado, nos mínimos detalhes. Além de receber o histórico de dados, descubro qual híbrido produz mais.”

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