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UM NOVO DESTINO PARA O PLÁSTICO

Tecnologia transforma um dos principais vilões da degradação ambiental em adubo com alto teor de nutrientes

Poucos produtos são tão associados à degradação ambiental quanto o plástico. Todos os anos, 9 milhões de toneladas do material chegam aos oceanos. Estima-se que pelo menos 800 espécies que vivem no mar já foram afetadas de alguma forma por essa presença incômoda e quase todas as aves marinhas ingeriram algum material plástico. Os microplásticos, pedaços que se quebram até ficarem com menos de 5 milímetros, foram encontrados na água potável, no ar e nos alimentos, e estão presentes em todos os continentes, inclusive na longínqua Antártica.

Os seres humanos não estão livres dessa verdadeira praga. Estudos recentes identificaram partículas plásticas nos pulmões e na placenta de mulheres grávidas. No ano passado, pesquisadores da Universidade de Vrije, na Holanda, fizeram a descoberta mais chocante, ao detectar micropartículas na corrente sanguínea de uma pessoa. De acordo com o trabalho científi- co, elas vieram de garrafas plásticas e de embalagens de alimentos. Portanto, todos os seres vivos estão expostos aos perigos trazidos pelo plástico, o que coloca em risco o próprio futuro do planeta.

Em 2022, a humanidade produziu 400 milhões de toneladas de plástico, mas apenas uma parcela ínfima –algo como 10% – é reaproveitada. Embora o quadro seja grave, a boa notícia é que, cada vez mais, a ciência busca alternativas sustentáveis para o material. Uma das mais promissoras é a transformação do plástico em adubo, o que poderia levar a uma revolução na produção agrícola. No início do ano, um time de engenheiros químicos da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, apresentou o resultado de um trabalho que consumiu anos de pesquisa. E ele, de fato, é bastante animador.

Os cientistas misturaram plásticos PET, aqueles usados em garrafas, e o poliestireno, o famoso isopor, com resíduos de milho, como restos de folhas, cascas e espigas. Depois, tudo isso foi aquecido em um reator. Após três horas, as altas temperaturas quebraram a estrutura molecular do plástico, num processo de decomposição conhecido como “pirólise”. O método deu origem ao chamado carbono elementar, uma espécie de carvão com forte potencial para atuar como adubo.

O estudo conduzido pela Universidade da Califórnia provou que o carvão nascido da combinação entre plástico e restos de milho aumenta consideravelmente o teor de nutrientes do solo, tornando-o mais fértil. Agora, os pesquisadores pretendem realizar o mesmo experimento com outros resíduos agrícolas, como cascas, sementes e polpa de frutas cítricas. Segundo os cientistas, a produção em escala do fertilizante é viável e já existem empresas interessadas em investir no desenvolvimento do projeto.

Há outras iniciativas nessa direção. A Earth Renewable Technologies (ERT), companhia americana que nasceu em 2009 a partir de pesquisas na Clemson University, da Carolina do Sul, produz atualmente 2 mil toneladas de seu bioplástico no Paraná, mas tem planos de elevar a produção local para 35 mil toneladas até 2025. Vilão da degradação ambiental, o plástico pode, enfim, ter destinos mais nobres.

Noruega O Pa S Mais Verde Do Mundo

No final do século passado, a Noruega estava na lista dos países que mais emitiam CO2 por habitante do planeta. Como maior exportadora de petróleo e derivados da Europa ocidental, a nação escandinava baseava sua economia na exploração dos combustíveis fósseis. Após forte pressão popular, contudo, o governo resolveu mudar esse cenário. Atualmente, não é exagero dizer que a Noruega está entre os países mais verdes do mundo. Acompanhe como isso se tornou possível.

Invent Rio Dos Poluentes

No início do século 21, a Agência Ambiental Norueguesa fez um balanço da origem das emissões e descobriu que quase 80% delas vinham de três atividades principais: incineração de lixo e fornecimento de energia (23%), automóveis particulares (35%) e outros veículos de combustão, como máquinas da construção civil (20%). A partir daí, o país resolveu atacar cada uma dessas frentes.

PROJETO NORTHERN LIGHTS (AURORA BOREAL, EM PORTUGUÊS)

Orçada em 2,5 bilhões de euros, a iniciativa consiste na instalação de grandes usinas que capturam as emissões de poluentes antes que elas cheguem à atmosfera. Depois, o CO2 é transformado em líquido e transportado até o fundo do mar, onde fica retido.

Rvores Preservadas

Em 2016, a Noruega se tornou o primeiro país a proibir o corte de árvores, além de ter banido a compra e produção de matérias-primas que contribuam para a destruição de florestas no mundo. Atualmente, 38% do território norueguês, ou 122 mil km2, é coberto por florestas.

Nova Estatal

Em 2018, a estatal de petróleo Statoil passou a se chamar Equinor. A mudança representou uma virada de estratégia. Antiga poluidora, a empresa rapidamente se tornou uma das líderes mundiais na pesquisa e implementação de tecnologias verdes.

Reciclagem Vira Dinheiro

Os noruegueses criaram um sistema de reciclagem de garrafas plásticas e latas de alumínio que remunera seus habitantes. Cada item recolhido rende um crédito que pode ser usado para comprar produtos em supermercados parceiros da iniciativa.

Carros El Tricos

Nenhum país investe tanto em carros elétricos quanto a Noruega. Atualmente, 80% dos veículos novos vendidos no país são movidos a eletricidade e a meta é proibir a circulação de automóveis a diesel ou a gasolina a partir de 2030.

Fundo Amaz Nia

A Noruega doou R$ 3 bilhões para o Fundo Amazônia, que se destina a proteger a floresta brasileira. O valor representa aproximadamente 90% de tudo o que o Brasil já recebeu em aportes para esse fim.

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