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Em Jesus vivemos, nos movemos e existimos José Carlos Silvares

Paleta de Cores

Tipologia TÍTULOS

Tipologia SUBTÍLUTOS

Tipologia ARTISTICA

Tipologia TEXTOS

Legendas LEGENDAS

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Índice

Apresentação

Uma Palavra

Equipe Pastoral

A origem da Igreja Sueca

John Ongman, o Missionário

A Missão de Örebro

Brasil nos planos

A imigração Sueca

Erik Jansson chega ao Brasil

Surge a primeira Igreja Batista

CIBI inicia nova era

A Suécia

O carteiro e a conversão

A origem dos Söderberg

Encontro inesquecível

O casamento

Músico e Luthier

O chamado

Rumo ao Brasil

O navio

Em Santa Rosa

Santa Rosa

O di�ícil início em Santos

A construção da Igreja

Nasce a Cem Porcento Vida

Valores, Visão, Missão

Celebrações

Diaconias

Mídia

Vale da Oração

Instituto de Artes

Editora Caminhantes

Fontes consultadas

Equipe Técnica

Ordem dos capítulos

1.Índice

2.Livro dedicado a...

3.Apresentação/ ou Uma Palavra (Pr. João e Pra. Annika, com foto do casal, a fazer)

4.Equipe Pastoral, com fotos dos 4 casais, a fazer

ESTES PRIMEIROS CAPITULOS, A DEFINIR

ESTES JÁ ESTÃO OK

5.A origem da Igreja Sueca

6.John Ongman, o missionário

7.A missão de Örebro

8.Brasil nos planos

9.A imigração sueca

10.Erik Jansson chega ao Brasil

11.Surge a primeira Igreja Batista

12.CIBI inicia nova era

13.A Suécia (tipo um apêndice, com mapa atual)

14.O carteiro e a conversão

15.A origem dos Söderberg

16.Encontro inesquecível

17.O casamento

18.Músico e luthier

19.O chamado

20.Rumo ao Brasil

21.O navio (tipo um apêndice)

22.Em Santa Rosa

23.Santa Rosa (tipo um apêndice)

24.O di�ícil início em Santos

32.Bibliogra�ia

33.Ficha técnica

25.A construção da Igreja (ainda não tem. A cargo do Pr. João)

26.Mudança da razão social da Igreja

CAPITULOS A DEFINIR 27.B 28.C 29.D 30.E 31.F

2. (Apresentação) – sem título, só o texto

Livro dedicado ao casal de Missionários Ulla-Britt e Rune Söderberg

4. Equipe Pastoral (com foto coletiva)

Pastores Sêniores

Annika e João Campos

Pastores Locais

São Vicente - Cristiane e Manoel Rodrigues

Praia Grande - Rosimeire e Marcos Pontes

Pastores Auxiliares

Lise e Paulo Zancul

Mônica e Elias Valentim

Miriam e Marcelo Barbosa

Luciana e Antônio Lima

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Origem da Igreja Sueca

QQuando assumiu como rei da Suécia em 1523, aos 27 anos de idade, Gustav Eriksson, da Casa de Vasa, recebeu o título de Gustav I, e ao longo de 37 anos, até a sua morte em 1560, fez transformações significativas que perduram até hoje, sendo considerado o fundador da Suécia moderna.

Entre as suas decisões foi o fundador da igreja nacional sueca, após desapropriar os bens da Igreja Católica e desafiar a autoridade do papa, levando a Suécia a se tornar o primeiro país a romper as relações com Roma.

Gustav I aceitou a doutrina de Martinho Lutero (ou Martin Luther; em alemão. Eisleben, Sacro Império Romano-Germânico, depois Alemanha, 1483-1546), um dos fundadores da Reforma Protestante, dando início ao protestantismo, movimento histórico de cisão do catolicismo e que marcou o fim da Idade Média e o início do período moderno na Europa. A fé luterana se tornou religião de estado.

Gustav I foi o responsável por expandir o comércio exterior, a mineração, a agricultura e criar acessos terrestres e marítimos entre a Suécia e outros países. Apoiado em seu poder de um governo forte introduziu a monarquia absoluta e hereditária.

Com a sua morte, deixou aos sucessores um país próspero, tanto na economia como de administração fortalecida. Entre os seus filhos, estão três reis da Suécia – Erik XIV, Johan III e Karl IX.

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Gustav Eriksson

John Ongman, o Missionário

AA Suécia era um país genuinamente evangélico quando John Ongman nasceu, a 15 de novembro de 1845, em Gisselasen (Oviken, condado de Jamtland, norte do país). Ele era o quarto de seis irmãos e recebeu do pai Nils Skold o nome de John Nilsson (filho de Nils). O pai era soldado, como o avô, e a mãe, Maria Laurentia, descendia de uma família de ferreiros com origem na Noruega.

Fervorosos luteranos, os pais o batizaram quando tinha três meses de vida, a 4 de fevereiro de 1846.

John foi criado num lar de poucos recursos, mas herda dos pais uma fervorosa educação religiosa, revelando nele a vocação para pregar a Palavra de Jesus, o que aos 10 anos o leva a ser clérigo da Igreja Luterana. Vive uma vida normal, trabalhando desde cedo, até que, aos 17 anos, ingressa na Jamtland Ranger Corps, para a mesma carreira militar do pai e do avô.

Foi nessa corporação militar que ele recebe dos colegas o apelido do lugarejo onde a família viveu durante algum tempo, Angmon, logo transformado em Ongman, sobrenome que passa a adotar desde então.

Batismo no gelo – Aos 18 anos, em 1864, John sente a necessidade de algo além das atividades militares. Seu coração busca orientação. E foi com um amigo de infância que conhece Jesus, abrindo um novo horizonte em sua vida.

Após entregar sua vida a Jesus, estimulado pelas palavras do amigo, John é batizado pelo pastor Sven Johnson, da Igreja Batista Myssjo, em Kovra. O batismo foi a 4 de março de 1864, de modo inusitado: nas águas gélidas de um buraco aberto no gelo do lago Storsjon, em temperatura abaixo de zero.

O encontro de Jesus causa uma reviravolta em sua vida. Revive a ideia de tornar-se pregador e logo surge a primeira oportunidade. Num casamento pede licença e fala do amor em Cristo, citando a passagem do “filho pródigo”. Atua novamente em outras ocasiões e logo percebe que estava no caminho missionário aceso na infância, da pregação do Evangelho.

Rumo à América – Em 1866, os pastores da igreja de que fazia parte reconhecem em John as aptidões missionárias e o preparam para pregar. Dois anos depois, em 1868, aos 22 anos, embarca para os Estados Unidos, onde começa a pastorear em igrejas batistas, em Red Wing, Minnesota. Logo entra para a Convenção das Igrejas Batistas de Minnesota, como ligação com os escandinavos locais.

A partir daí John Ongman passa a pregar quase em tempo integral, em meio a viagens e troca de cidades. A convite da The American Baptist Home Mission Society vai para Saint Paul e lá funda a Primeira Igreja Batista para os suecos. Ruma para Chicago, para ser pastor de nova igreja sueca. Estuda por seis anos no Seminário Teológico da União Batista, volta para Saint Paul como pastor e retorna para a

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Suécia em 1889, com objetivo de ter uma vida cristã mais abrangente e dar aos crentes a oportunidade de experiências mais sólidas com Deus.

A igreja de Örebro – Na Suécia, aos 43 anos, inicia seu Ministério como pastor da Igreja Batista Betel de Örebro. Ele adota por convicção dois fundamentos: o batismo com o Espírito Santo e a profunda compreensão das Escrituras Sagradas.

Propõe, então, a criação de uma Escola Bíblica mista, defendendo a muito custo a inclusão das mulheres no ministério cristão. A ideia se espalha pela Suécia. Já em 1890 forma a Igreja Batista Filadélfia de Örebro, da qual se torna pastor. Funda em seguida a Junta Missionária de Örebro, para difundir o trabalho evangélico no país e também nos países vizinhos.

Ao fundar em 1908 a Escola Missionária de Örebro, para formar pregadores e missionários, John compreende a escalada de grandes avivamentos ocorridos na Suécia entre 1890 e 1907, em especial entre os jovens de Örebro que sentiam a necessidade de um crescimento espiritual.

A aula inaugural da escola se dá em setembro de 1908, na Igreja Filadélfia, e John Ongman é eleito diretor da instituição.

Com o sucesso da escola e da direção implantada por John, surge na igreja uma corrente contrária às suas convicções, optando pelo ensino anterior. A cisão leva muitos membros a deixar a Igreja Betel para fundar a Segunda Igreja Batista Filadélfia de Örebro, da qual John se torna pastor, difundindo o ensino missionário. Ele se manteve ligado à Convenção Batista de Estocolmo e à Segunda Igreja Batista Filadélfia.

Família – John Ongman foi casado por três vezes, ficando viúvo das duas primeiras mulheres, Christina, Vilhelmine e Johanna (Hanna). Com elas teve nove filhos, Paul John, Lawrence Nikanor, Hanna Hildur, John Erik, Nils Julius, John Julius, Hanna Maria, Sune Johan e Clarence, todos com o sobrenome Ongman.

Ele faleceu aos 85 anos, em 28 de fevereiro de 1931 e foi enterrado no cemitério Nikolai, em Örebro.

Após a sua morte, em 1937, a Igreja Filadélfia e outras 70 igrejas se desligam da Convenção Batista de Estocolmo, formando a Convenção Batista de Örebro.

John Ongman, o Missionário
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A Missão de Örebro

PPelo menos três aspectos caracterizaram a Missão de Örebro desde sua fundação:

A forte ênfase em missões

O incentivo ao batismo no Espírito Santo; e

A abertura para o ministério feminino, desde as Escolas Bíblicas Dominicais e o Seminário Teológico.

Em 1937 houve a cisão. Metade das igrejas continuaram ligadas à Convenção Batista Sueca e a outra metade se manteve como Missão de Örebro.

Em 1996 a Missão tinha 130 missionários atuando em mais de 30 países, nos cinco continentes.

Em 1997 a Missão fundiu-se com outras duas missões batistas e pentecostais, a Aliança de Santificação e a Batista Livre. A nova denominação é InterAct. (Na Suécia é a Nova Construção – Cooperação Cristã).

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Brasil nos Planos

AAinda sob a orientação de John Ongman de expandir as missões batistas em toda a Suécia e também no exterior, surgem em 1893 as primeiras tentativas de implantar o trabalho missionário no Brasil. O país deixara de ser um império dependente de Portugal e, há apenas quatro anos, tornara-se uma República.

A imigração de famílias suecas para o Brasil, a partir de 1890 é o incentivo para que o jovem Adolf Larsson, da escola de Örebro, se candidata e é aceito para ser missionário no Brasil. No entanto, o país vivia uma epidemia de febre amarela e o jovem, atuando no Rio de Janeiro, contraiu a doença e morreu.

O fato abala o ânimo da Junta de Örebro, mas torna-se a tentativa precursora para se implantar as missões em terras brasileiras. Por 18 anos as ações foram suspensas, até que em 1911 um dos membros da colônia sueca em Guarany, no Rio Grande do Sul, Anders Gustaf Andersson, solicita um missionário. “Não temos nenhum guia, ninguém que pregue o Evangelho”, apela em carta a um jornal sueco, e o pedido chega até Ongman, que vê no pedido a oportunidade de encontrar a pessoa certa para atuar como missionário no Brasil.

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês.”

Mateus 28:19, 20a (NAA)

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A imigração Sueca

AAs relações diplomáticas entre o Brasil e a Suécia foram estabelecidas em 1826. Os primeiros Imigrantes suecos chegaram ao Brasil em 1890, quase sempre pelo Porto de Santos. Em 1909 foi iniciada a primeira linha marítima entre os dois países.

O mais antigo sueco a chegar ao Brasil, de que se tem notícia, foi o botânico, naturalista e explorador científico da Universidade de Uppsala, Daniel Solander, em 1768, durante viagem de volta ao mundo.

As regiões Sul e Sudeste foram as que receberam os maiores contingentes de suecos, fixados predominantemente em cidades dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A maior concentração, no entanto, está localizada na área de Missões, sul do estado do Rio Grande do Sul, a partir da chegada de 200 famílias que se instalaram na cidade de Guarany das Missões no final do século XIX.

Nessas regiões os suecos e outros escandinavos implantaram casas comerciais, indústrias e atividades culturais como os balés de Ijuí e de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

No ramo industrial destaca-se a empresa sueca Ericsson, pioneira em investimentos na área de telégrafo e telefonia e que se instalou no Brasil no início do século XX.

As relações Brasil-Suécia se desenvolveram a partir dos primeiros imigrantes, incluindo a implantação de câmaras de comércio entre os dois países. Atualmente há cerca de 180 empresas suecas no Brasil.

As estimativas oficiais indicam que havia 4.448 cidadãos de origem sueca no Brasil em 2020, e um total de 23.048 pessoas incluindo os seus descendentes.

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Erik Jansson chega ao Brasil

Um estudante de Teologia na Escola Missionária de Örebro, Erik Jansson, de 26 anos, foi o nome escolhido por John Ongman para atuar no Brasil, que abria novamente suas portas para se implantar de fato a pregação do Evangelho entre os imigrantes e o resto da população.

Jansson não tinha o Brasil nos seus planos. Nascido a 2 de fevereiro de 1885 em Gagnef, na Suécia, ele se esmerava nos estudos para tornar-se missionário na China, um outro país que se abria às experiências com Deus.

No dia em que foi ao escritório de Ongman, para comunicar sua pretensão de ir para a China, faltando ainda um ano para a conclusão de seus estudos, ouviu do líder de Örebro uma outra decisão: “Você irá ao Brasil”.

Jansson não aceitou a ordem, pois há algum tempo vinha definindo um plano para suas atividades com os chineses. Mas talvez não tenha percebido que a decisão não era somente de Ongman, mas uma orientação divina que se delineava para ele.

Após resistir, Jansson entrou em um período de orações para buscar uma saída para seu destino. China ou Brasil? Sua experiência com Deus, nas orações, foi marcante. O plano para ele era mesmo o Brasil.

Malas prontas – Após terminar os estudos bíblicos, Jansson arruma as malas e, sozinho, inicia a longa viagem até o Brasil. Deixa na Suécia a noiva Anna Malm e os demais parentes. Era maio de 1912. Segue de trem até Hamburgo, na Alemanha e entra em um navio rumo ao Porto

de Santos, em um mês de viagem transatlântica. Chega no dia 8 de junho de 1912.

De Santos parte para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O objetivo era prosseguir até a colônia de Guarany, então conhecida como Guarany das Missões. Em setembro chega a Ijuí, na casa de Anders Gustaf Andersson, autor da carta que originou a ida ao Brasil.

O primeiro culto foi na casa dos Andersson. A comunidade comemorou o Natal de 1912 e a bandeira da Suécia foi hasteada pela primeira vez na colônia. Erik Jansson é muito bem recebido por todos e ganha de presente um cavalo de montaria.

Pastor batista, Jansson prega a necessidade do arrependimento e o batismo nas águas. Os colonos tinham origem na Igreja Luterana, mas logo todos se adaptam ao novo pregador e é realizado o primeiro batismo em Guarany.

A noiva de Jansson, Anna Malm, chega da Suécia em junho de 1914. Ela era formada em Teologia no seminário em Örebro e também era enfermeira e parteira. Os dois se casam em 26 de junho, em festa da comunidade ao ar livre.

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Surge a primeira

Igreja Batista

AAnna e Erik Jansson, já casados, fundaram a Primeira Igreja Batista em Guarany das Missões, no dia 6 de setembro de 1914. Eles tiveram o apoio de outros casais suecos que já estavam na região. Depois, em 1915 foi a vez da fundação da igreja em Ijuí, que logo passou a batizar pessoas nessa cidade, a maioria suecos, mas ainda alemães, brasileiros e poloneses que residiam ali.

O pastor Erik Jansson trabalhou ativamente entre 1914 e 1923 para atender alemães e brasileiros, contando praticamente apenas com o sustento da Missão de Örebro e fundar mais igrejas em vilas do interior sul-rio-grandense, além de Guarany e Ijuí também em Pederneiras, Santo Cristo, Timbaúva e Ramada, entre outros locais, alguns dos quais depois se transformaram em prósperas cidades.

Com a expansão de igrejas foi constituída em 1919 a Convenção Batista Sul-Rio-Grandense e surgiu a primeira Escola Bíblica em 1921 para a preparação de voluntários para conduzir a fé batista e atuar junto aos pastores, em especial brasileiros residentes nas regiões das igrejas.

Depois de implantar igrejas no interior foi a vez de chegar à zona litorânea, com a abertura de templos em Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande e outras cidades. Em 1937 já se contava dez igrejas no Rio Grande do Sul e outras duas abertas na Argentina, totalizando 1.700 membros.

Erik Jansson permaneceu em atividades incansáveis visando ampliar o Reino de Deus até 1953, quando retornou à Suécia ao lado da esposa Anna. As filhas do casal, Svea e Ruth, depois de casadas, retornaram ao Brasil com os maridos, como missionárias pela Junta de Örebro.

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CIBI inicia Nova Era

OO trabalho continuou por anos a fio no Rio Grande do Sul, até que a 22 de fevereiro de 1952 foi fundada a Convenção das Igrejas Evangélicas Batistas Independentes, tendo como primeiro presidente e um dos idealizadores o pastor Pedro Falcão, da igreja em Pelotas. A diretoria tinha os pastores Noé Valêncio da Silva como secretário e Erik Jansson como tesoureiro.

A data coincidiu com a passagem dos 40 anos do trabalho missionário no Brasil. Os termos de fundação realizam-se durante encontro anual das igrejas sul-rio-grandenses, em Ijuí, cidade que também comemora 40 anos de emancipação.

Começa uma nova era de expansão. O primeiro casal missionário é enviado pela Convenção a Santa Rosa. Alcides e Annie Orrigo adquirem áreas e constroem o primeiro templo nessa localidade.

O campo de atuação era praticamente restrito ao Rio Grande do Sul, mas já se contabilizava também as igrejas pioneiras de São Paulo, como a Filadélfia de Água Rasa, de 1949, a de Sorocaba, de 1951 e depois a de Jundiaí. Em 1954 começa o trabalho missionário em Campinas. Abrem-se novas oportunidades de expansão em Santa Catarina e, depois, no Paraná.

Os jovens são atraídos em Escolas Bíblicas, reestruturadas pela CIBI com princípios doutrinários.

Em 1962, por ocasião dos 50 anos de atuação da Missão no Brasil e dos 10 anos de fundação da CIBI, comemora-se as datas em assembleia no Rio Grande do Sul, na região onde o pastor Erik Jansson iniciou os trabalhos pastorais. A comemoração do Jubileu de Ouro atrai caravanas de todo o País.

Novas missões são enviadas a cidades de outros estados como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Goiás, Paraíba e Mato Grosso.

Depois de 14 anos de fundação da Convenção, em 1966, o nome é alterado durante assembleia anual para Convenção das Igrejas Batistas Independentes.

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A Suécia

OO Reino da Suécia (Konungariket Sverige), seu nome oficial, é o terceiro maior país da União Europeia em área territorial, com 407 mil quilômetros quadrados. Tem mais de 10 milhões de habitantes e sua maior cidade é a capital Estocolmo. Está localizado na Península Escandinava, norte europeu.

O país tem uma economia altamente desenvolvida e recolhe índices de excelência como democracia e também na área social com um dos mais baixos níveis de desigualdade de renda no mundo.

A Suécia é uma monarquia constitucional, com sistema parlamentar de governo, administrado por meio de um primeiro-ministro. O rei Carlos XVI Gustavo da Suécia (seu nome completo é Carl Gustaf Folke Hubertus) é o chefe de Estado desde 1973, quando substituiu o avô Gustavo VI Adolfo, já que seu pai morreu em acidente no aeroporto de Estocolmo quando Carlos tinha apenas um ano. O rei tem poderes limitados a funções oficiais e de cerimonial.

A rainha Silvia Renata Sommerlath nasceu em Heidelberg, na Alemanha, mas tem descendência brasileira. É filha do empresário alemão Walther Sommerlath e da brasileira Alice Soares de Toledo, nascida em São Manuel, interior paulista.

A família morou em São Paulo entre 1947 e 1957, quando Walther tornou-se presidente da subsidiária brasileira da empresa metalúrgica Uddeholm. Nesse período Silvia estudou no colégio alemão Visconde de Porto Seguro.

A área hoje compreendida como Suécia foi povoada ainda na Idade da Pedra, com o derretimento do gelo glacial, segundo estudos arqueológicos. O encontro de ruínas no sul do país indica que foi densamente povoada por caçadores e pescadores na Idade do Bronze.

Nos séculos IX e X foi povoada por povos vikings. Entre os séculos XVII e XIX (1611 e 1718) tornou-se a grande potência europeia conhecida como Império Sueco. Sua história é bastante rica em acontecimentos importantes.

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O carteiro e a conversão

Rune contava que, quando menino, o seu lar não era um lar cristão, que seu pai não gostava de religião e que ele próprio também nunca teve interesse pelas coisas religiosas. Até que um dia o carteiro do distrito o convidou para assistir um culto numa capela da igreja onde era membro. Rune agradeceu, mas observou: “Não faltará oportunidade”.

A oportunidade chegou logo. Num domingo, após o ensaio de uma opereta em que o tio Isidor dirigia a orquestra e o evento, Rune, agora um rapaz, deixou o local com um rolo de partituras nas mãos, passou diante da capela e se lembrou do convite do carteiro. Como o dia estava com nevasca densa, resolveu entrar na igreja para proteger as partituras.

A capela estava cheia e Rune sentou-se num banco dos fundos, ao lado de um colega da escola. Ali, ouviu o pastor dizer que todos podiam falar com Deus, e que Ele responderia. Rune disse para si mesmo: “Se como este homem fala e Deus ouve a nossa petição, manda este homem vir falar comigo”.

A resposta veio quase instantânea. O orador parou de falar e disse que Deus mandou que ele entregasse uma mensagem a alguém que estava sentado na capela. Dirigiu-se diretamente a Rune e estendeu a mão. Pensando que ele queria ver as partituras, desenvolveu-se o seguinte diálogo:

Pastor – Eu quero entregar um recado de Deus, que me disse que você tem uma oportunidade de se entregar a Jesus.

Rune – Eu? E como faço isso?

Pastor – Dobra os seus joelhos e vou orar por ti.

Rune dobrou os joelhos e o evangelista orou. Estava salvo!

Quando se virou, quem ele viu sentada em outro banco? A linda garota Ulla-Britt. Ele não sabia que ela também frequentava os cultos. Um domingo depois, ela também se entregou a Jesus. Ela tinha14 anos e Rune, 17.

Quando Rune chegou em casa e contou para a mãe que tinha entregue sua vida a Jesus, ela se emocionou. E fez uma revelação. Que quando estava grávida dele tinha ouvido uma pregação e, desde então, desejava entregar-se a Jesus, mas o marido não permitiu. Ela colocou as mãos no ventre e disse a Deus: “Senhor, vês a vontade que tenho de Te seguir, mas meu marido não permite. Mas eu Te peço. Toma a vida que tenho dentro de mim e faça que seja um ser Teu”. Rune chegou a ser consagrado no ventre da mãe...

Depois disso muitos outros jovens se converteram e se batizaram. Diversos, mais tarde, saíram como servos na seara de Jesus.

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Deus começou a falar com Rune já na primeira semana como crente. Ele ouvia como se uma pessoa estivesse falando ao lado e até pensou que estava ficando louco. Uma das falas, Rune não se esquece:

“Filho do homem, a ti coloquei por atalaia para avisar ao ímpio do seu mau caminho. Se tu, portanto, avisares ao ímpio da sua situação, ele pode não aceitar, mas tu terias feito a tua parte. Porém, se tu não avisares ao ímpio do seu mau caminho, ele pode morrer nos seus pecados, mas o seu sangue será exigido da tua mão”.

Rune ficou perplexo e considerou aquilo como uma grande responsabilidade que Deus tinha colocado em sua vida. Três anos mais tarde, ao ler a Bíblia, Rune chegou no livro de Ezequiel 3.17-19 e encontrou ali as mesmas palavras que Deus tinha falado a ele. Nunca, antes, tinha visto esta palavra. Deus falara direto com ele.

Ainda muito jovem, Rune considerou que tinha um chamado para ser servo de Deus. Com o passar do tempo Deus confirmou esse chamado a ele e mostrou qual seria a sua tarefa, que era sair para o campo missionário.

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A origem dos Söderberg

PPouco antes de se casarem, Rune e Ulla-Britt se surpreenderam com um fato importante que surgiu diante deles. O de que eles seriam parentes entre si.

O bisavô de Rune era tataravô de Ulla-Britt.

A descoberta se deu a partir de uma antiga fotografia em que aparece uma praia, um pequeno muro e a mata subindo por uma colina.

Conta a história, relatada por Rune, que por volta dos anos de 1800 um homem de origem judaica, fugindo de seu país, que poderia ser a Alemanha, a Polônia ou a Hungria, atravessou os mares e foi parar nesse local da fotografia, já na Suécia.

Nessa época a Suécia proibia o ingresso de judeus em seu território. Mas esse homem conseguiu entrar e se estabeleceu numa praia de areia branca, construindo ali o seu abrigo.

Ele agora precisava de um nome, para não ter a sua origem reconhecida e tornar-se um cidadão sueco.

A partir da visão que tinha da mata subindo a colina, ao longe, o homem resolveu adotar o nome que os moradores dessa região davam ao local – “sörberg”, que significa “Monte do Sul”. Ele, então, tomou a expressão por seu sobrenome, adaptando-a para “Söderberg”, que significa “Monte Sulino”.

Ao conhecer a origem do sobrenome de seu bisavô, Rune aprofundou o estudo dos demais descendentes, concluindo que esse Söderberg era também o tataravô de Ulla-Britt. Uma descoberta surpreendente.

Esse sobrenome acompanha a família até os dias atuais.

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Encontro Inesquecível

FFoi em setembro de 1940, num período de clima ameno entre o verão e o outono, que duas crianças se encontraram pela primeira vez. Trazidos pelos pais, Ulla-Britt e os irmãos chegaram a Domsjö, cidade no condado de Västernorrland (na região sueca da Bótnia Ocidental), da paróquia de Själevad, cidade à beira de fiordes do Golfo de Bótnia, no Mar Báltico, que separa a Suécia da Finlândia, a 530 quilômetros ao norte da capital Estocolmo.

Domjö era a cidade onde nasceu Carl Axel Rune Söderberg, a 13 de março de 1927. Nessa época ele tinha 13 anos e Ulla-Britt, 11. Os dois se encontraram na escola. “Nunca vou me esquecer da primeira vez que a vi”. Alertado por um colega, na oficina do colégio, sobre a chegada da nova aluna, Rune a mirou e viu que ela era muito linda. “Meu coração bateu mais forte”. Ainda menino, ele previu: “É ela!”

Rune lembra que Ulla-Britt não era uma menina acanhada, tanto que no primeiro dia de aula já estava brincando e se enturmando com todos.

Desde o contato inicial dos dois, uma trajetória de futuro espiritual estava reservada a ambos.

Rune era o caçula de 13 filhos da família de Olov Albin Söderberg (falecido em 1959) e Sara Sofia Söderberg (falecida em 1982). Ele, na verdade, era o único filho desses pais, mas tinha 12 meios-irmãos. É que a mãe ficou viúva, com três filhos do ex-marido e tempos depois acabou casando com Olov, que também ficou viúvo, com nove filhos.

Os dois homens, Olov e o ex-marido de Sara eram sócios de uma empresa que cuidava da carga e descarga dos navios que chegavam ao porto. Depois, a empresa passou a uma firma de estivadores e Olov foi nomeado chefe-geral do porto. E era também comandante da Defesa Civil e tinha entre as missões preparar abrigos num eventual bombardeio e tomar conta de feridos.

Ulla-Britt nasceu a 25 de setembro de 1929 em Nederkalix, no condado de Norrbotten (na região da Bótnia Setentrional), também banhada por fiordes do Golfo de Bótnia e que fica a 917 quilômetros ao norte da capital Estocolmo. Recebeu dos pais o nome de Sif Ingrid Ulla-Britt Lindström.

Ela era a segunda filha de uma família de três filhos – um irmão mais velho e outro adotivo. Seus pais eram Karl Edvard Lindström e Lilly Maria Teresia Lindström. O pai era um homem muito capacitado e tinha liderado a construção de uma grande fábrica de celulose em sua cidade natal e também era oficial da reserva das Forças Armadas, tendo atuado em uma tropa militar no início da Segunda Guerra Mundial.

O destino dos dois estava reservado para uma longa vida em comum, e abençoada por Deus.

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O casamento

RRune e Ulla-Britt voltaram a se encontrar mais assiduamente em 1950, quando ambos recebiam a sua formação religiosa no Seminário Teológico de Örebro, cujo reitor, Sven Lagerquist e o teólogo Erik Sollerman, proporcionaram-lhes solidez de fé e caráter. Este último, aliás, lembrado pelos seus ensinamentos que momento após momento, amadureceram o coração e mente de Rune, que permaneceria até 1953 no Seminário onde aprendera também os idiomas inglês, alemão e grego, fundamentais para o futuro que se aproximava.

O casamento se deu no dia 19 de junho de 1953, na igreja de Örnsköldsvik, cidade portuária do condado de Västernorrland, a mesma região onde nasceu Rune. O casal foi abençoado pelo pastor Nils-Nilsson, da Igreja Pentecostal Elim. Nessa mesma igreja Rune assumiria depois o cargo de pastor assistente de Nilsson.

Ao casar, Ulla-Britt abandona o sobrenome paterno, Lindström, para assumir o sobrenome do marido, Soderberg.

Aqui estão muitas cenas do casamento.

N.A.: A IDEIA AQUI É USAR VÁRIAS FOTOS DO ÁLBUM DE CASAMENTO E AS CERTIDÕES

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Músico e Luthier

AA vocação sacerdotal do jovem Rune Söderberg se encontrou novamente com a música ainda durante o tempo de seminário em Örebro. Ele aprendera como autodidata a arte da luteria, tornando-se um luthier, fabricando de modo artesanal instrumentos de corda como o violino que tocava.

É bom lembrar que Rune, com apenas 5 anos de idade, influenciado pelo tio Isidor, concertista, iniciara estudos de violino, demonstrando grande interesse pelo instrumento. Aos 18 anos ingressou na Escola Superior de Música da Academia Nacional de Música, em Estocolmo.

Ele teve seus estudos regulares na cidade onde nasceu. Depois do período do colégio foi cursar os seis anos de Engenharia Elétrica na Domsjö Elektriska, na cidade de Härnösand, a 106 quilômetros ao sul da cidade natal. Ali obteve o registro dessa profissão.

A sua qualificação profissional já despontara nas forças armadas suecas, onde serviu de 1947 a 1948, como mestre de linha, responsável em caso de guerra pelas instalações de alta tensão (380.000 volts), compondo então a chamada tropa de engenharia.

Já em 1949, servia como Evangelista em igrejas da região do interior da Suécia, embora jamais tivesse deixado neste período de tocar violino. Ulla-Britt começou antes, em 1948 já evangelizava por alguns meses, ganhando almas.

Em 1950, enquanto evangelizava, Rune tocava na Orquestra de Câmara de Arvika. Paralelo a isso, no inverno de 1950, Rune atuou como missionário numa região próximo à Noruega, visitando igrejas e realizando cultos para os lenhadores em seus acampamentos.

Em agosto de 1950 Rune começou os estudos no Seminário em Örebro. Ele havia eliminado matérias que tinha estudado antes e fez os três últimos anos. Ulla-Britt cursou os dois últimos anos. No dia 10 de junho de 1953 houve a formatura no seminário.

Na profissão, Rune passou por experiências importantes. Em 1952, por ocasião de um incêndio na hidrelétrica de Gideabacka, 31 quilômetros ao norte de Domsjö, trabalhou na sua recuperação sob o comando do chefe da unidade, o prestigiado engenheiro Barremo.

Em períodos alternados surge uma grande oportunidade para Rune desenvolver seus estudos de música. A Escola Superior de Música de Estocolmo abrira uma filial em Örebro e, entusiasmado por seus colegas do seminário habilitou-se às provas para violino, sob os rigorosos ouvidos do examinador russo Max Pelz. Encantado por seu violino e sonoridade que produzia, Rune foi muito bem recebido na Academia e também convidado pelo mestre a participar do Quarteto de Cordas Max Pelz.

Rune também estudou por dois anos com Thorsten Foreaues, e nesse período tocou em orquestra sinfônica e estudou composição e contraponto com Ingvar Lidholm e regência com o belga George Raymond. Participou ainda como spalla (primeiro-violino) da orquestra sinfônica da escola. Não abandonou a música nem quando retornou de Örebro para Örnskoldsvik, onde passou a integrar a Orquestra Sinfônica Municipal.

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Sua determinação o levou a participar da Sociedade de Poetas em Örebro, no conhecido “Grupo Quarta-Feira” e também se tornou membro da Liga dos Luthiers, em que participava como um de três juízes que avaliavam a qualidade dos instrumentos produzidos. Neste período foi autor de artigos em vários jornais e revistas especializadas na Suécia.

E ainda participou como solista em concertos, tendo como destaque o “Canto do Pássaro” em sol menor, do compositor veneziano Antonio Vivaldi. Depois de formado, Rune é convidado pelo compositor Sven Erik Back, reitor da escola musical da TV Estatal Sueca, para ser violinista na que foi considerada a mais rigorosa seleção entre os músicos suecos.

Mas havia um chamado já definido para o futuro do casal, o que daria uma nova dimensão em suas vidas recentemente unidas pelo casamento.

Entre 1953 e 1955 foi o responsável pelo fornecimento de energia na região, vinculada à Mo och Domsjö (Mo-Do), então a maior indústria de celulose do mundo.

Rune abandona a profissão de músico e deixa a indústria onde era engenheiro eletricista. O presidente da empresa, Erik Kompe, lamenta a sua decisão e deixa gravada na memória de Rune uma frase que marcaria para sempre a sua vida: “É importante que você possa trabalhar como 10 homens. Mais importante, contudo, é que você consiga fazer 10 homens trabalharem como você”.

Ulla-Britt, que havia estudado Economia e se empregou no banco Sundsvall Banken, onde fez careira até ser a gerente, abandona o cargo.

Preparando-se para o exercício pastoral, Rune foi co-pastor (pastor assistente) na Igreja Elim, em Örnskoldsvik, ao lado do pastor Nils-Nilsson. Nesse período fez preleções em escolas superiores e redigiu artigos em jornais e revistas suecas tratando sobre etnografia e geologia na América Latina, revelando novamente sua versatilidade com relação a temas diversos, mas especialmente com o amor à região à qual dedicaria a maior parte de sua vida ao lado da esposa Ulla-Britt e demais familiares e amigos.

Nessa preparação, Rune é consagrado Missionário em outubro de 1955.

Agora era arrumar as malas para atravessar o Oceano Atlântico, rumo ao chamado, no Brasil.

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O chamado

CCom a progressiva expansão das igrejas evangélicas pelo Brasil surge a necessidade de se formar novos pastores e também de se atrair os que vinham de outros países.

Da Suécia viria o casal recentemente desposado, o engenheiro eletricista Carl Axel Rune Söderberg e a missionária Sif Ingrid Ulla-Britt Söderberg.

Ambos estavam preparados para reiniciar a vida pastoral em um país desconhecido. Com suas bíblias na bagagem de mão e a fé voltada para os ensinamentos cristãos, deixaram tudo para trás e se entregaram a um propósito maior que os acompanharia até o final de suas vidas.

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Rumo ao Brasil

De malas prontas, finalmente, no dia 11 de novembro de 1955 o casal deixa a Suécia rumo ao Brasil, a bordo do navio “Margareth Johnson” da empresa de navegação sueca Johnson Line.

Rune e Ulla-Britt enfrentaram algumas horas de viagem desde a cidade onde estavam, praticamente atravessando o país até chegar do outro lado do mapa, em Gotemburgo, onde o casal embarcou no “Margaret Johnson”.

O navio atravessou o Mar do Norte, escalando portos da Inglaterra e França, onde recebeu mais passageiros, até cruzar o Canal da Mancha em direção ao Oceano Atlântico. Seguiu até Salvador, na Bahia, escalando depois os portos do Rio de Janeiro, onde o casal desembarcou para conhecer a cidade, e Santos, onde o casal chegou em 6 de dezembro. O navio rumou depois para Montevidéu e Buenos Aires. Essa era a linha tradicional da embarcação.

Os 26 dias da viagem foram cumpridos com o pensamento em Deus, com fé em suas promessas de que o exercício pastoral seria plenamente atendido por esta missão espiritual em terras estrangeiras como o Brasil, em local ainda incerto no destino do casal.

A bordo, Ulla-Britt fez uma revelação ao marido. Olhou para suas roupas e contou que na visão que teve quando do momento de partir para o campo missionário, viu um homem que estava vestido exatamente como Rune estava vestido a bordo. “Vi, portanto, como Deus nos tinha dirigido até aquele momento”.

Ao desembarcarem no cais do Armazém 16-externo, o antigo Armazém de Bagagem do Porto de Santos, com as bagagens de mão, no final da escada, ouviram alguém chamar o nome de Ulla-Britt. Não esperavam nenhum conhecido ali. De cima de um grande navio, atracado ao lado, viram um vulto acenando. Era o amigo Benght, comandante do navio brasileiro Itajaí, um sueco que tinha estudado o colegial com Ulla-Britt e que já estava no Brasil há alguns anos. Rune relembra: “Imaginem, ao chegarmos num país estranho, ansiosos por aquilo que nos aconteceria, escutarmos o nosso nome sendo chamado”.

Foi uma chegada com acontecimento inesperado. Seguira depois para a estação de trens da região do Valongo, de onde partiram para a capital, São Paulo, onde foram recebidos na Igreja Batista Filadélfia de Água Rasa, que fora fundada em 10 de maio de 1949 e é filiada à Convenção das Igrejas Batistas Independentes (CIBI).

Nem Rune, nem Ulla-Britt conheciam a Língua Portuguesa. Mas isso não serviu de barreira para continuar a missão que tinham recebido.

Foram acolhidos pelo missionário alemão Alfred Winderlich e esposa sueca Elizabeth (Lisa) e o gerente da Philips no Brasil, Wolfgang Kundrich e esposa Lydia, com os quais se comunicavam em alemão e inglês e, com eles, aprenderam as primeiras palavras em português. Iniciaram ali o trabalho de evangelização, tendo assumido o pastorado da Igreja até a chegada do Pastor Pedro Mendes, que ficou à frente da Igreja por 30 anos, tornando-se um grande amigo da família.

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Alfred Windeslich era farmacêutico e havia chegado a São Paulo em 1948, procedente de Santa Cruz do Sul (RS). Participou ativamente ao lado da esposa da fundação da Igreja de Água Rasa, a primeira dessa missão no Estado de São Paulo. Após seis meses ali, Alfred adoeceu e foi obrigado a mudar-se para o Paraná.

Com isso, Rune e Ulla-Britt tiveram que tomar a frente do trabalho, até a chegada do Pastor Pedro Mendes.

Mas não foi nada fácil a adaptação à nova realidade, em São Paulo. Mesmo com a ajuda dos missionários já estabelecidos, os pastores chegaram a utilizar-se de histórias em quadrinhos para aprender palavras em português. No terceiro mês em que estavam na capital, Rune fez o seu primeiro sermão na Igreja Batista Filadélfia de Água Rasa. O tema era “O Caminho que Leva para o Céu”. Mas ele trocou as palavras. Em vez de “caminho” disse “caminhão”. Foi só um exemplo, de outros que vieram a seguir, mas a persistência foi tanta que em pouco tempo o casal praticamente já dominava o novo idioma.

Outros fatos pitorescos ocorreram. Eles lembram que na primeira noite em São Paulo Ulla-Britt ouviu um barulho e achou que eram pessoas dentro do sobrado onde moravam. Rune acudiu e foi ver o que era. Logo se depararam com muitas baratas, inseto que jamais tinham visto na Suécia.

Não demorou muito e o casal recebeu a notícia de que seria transferido para o município de Santa Rosa (RS), distante 490 quilômetros da capital Porto Alegre e conhecida como a terra das Missões, atuando ali como pastores entre fevereiro de 1958 a março de 1962.

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Onavio

OO navio “Margaret Johnson”, que trouxe Rune e Ulla Söderberg ao Brasil, em 1955, fez parte de uma frota de apenas três embarcações da empresa sueca Johnson Line, batizados com nomes de parentes do fundador da companhia.

Os três navios tinham as mesmas características e foram construídos nos estaleiros A/B Gotaverken, de Gotemburgo, Suécia, entre 1925 e 1928.

A empresa foi fundada em 1873 por Axel Johnson, à época com 29 anos, filho de um seleiro que abriu um escritório comercial, a A. Johnson & Co. e que logo, com atividades como importação de carvão e exportação de ferro tornou-se uma empresa na área de transportes, com participação em outras companhias.

Com a morte do fundador, em 1910, o grupo foi repassado ao filho mais velho, que tinha o mesmo nome do pai, Axel Johnson, de 35 anos. Na herança, o filho herdou uma casa comercial, a companhia de navegação e uma siderúrgica.

Logo os negócios se expandiram e novas atividades levaram à construção de navios que fizessem o transporte de cargas e também de passageiros, entre a Europa e portos dos Estados Unidos e da América do Sul.

Eram navios modernos para a época, e os primeiros a serem construidos no mundo com motores a óleo Diesel. Tinham 120 metros de comprimento, 16 metros de largura e 5 mil toneladas, com dois motores de 6 cilindros que garan-

tiam velocidade média de 12 nós.

Dessa nova frota própria, o primeiro foi o “Axel Johnson”, batizado com o nome do fundador. Foi o casco 391, lançado ao mar no dia 16 de maio de 1925.

O segundo foi o “Annie Johnson”, batizado com o nome da esposa do fundador. Foi o casco 392, lançado ao mar no dia 22 de agosto de 1925.

E o terceiro foi o “Margaret Johnson”, batizado com o nome da mulher do novo dono, nora do fundador. Foi o casco 417, lançado a 19 de maio de 1928.

Esses navios, além da carga, tinham capacidade para transportar 30 passageiros em classe especial, com passagens de custo alto e cabinas separadas e 30 nas acomodações coletivas da terceira classe, de custo mais baixo.

Em 1940, já com 12 anos de navegação, o “Margaret Johnson” teve o castelo de proa alongado nos mesmos estaleiros de sua construção. Em 1952 foi novamente reformado e transformado em navio-escola. O navio tinha essas características quando a família Söderberg veio ao Brasil.

Após 35 anos de serviços na navegação, o “Margaret Johnson” foi levado aos estaleiros de Ystad, no sul da Suécia, para demolição. Antes dele, em 1962, seus dois parceiros, o “Annie” e o “Axel”, foram demolidos na mesma empresa.

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Santa Rosa, o céu se abriu

C“Chegamos a Santa Rosa em um dia nublado e chuvoso, mas quando entramos na cidade o céu se abriu e raios como de holofotes iluminaram a praça, numa cena de boas-vindas e de prosperidade”, lembra Rune.

A lembrança de Santa Rosa se tornou inesquecível para o casal, não só por terem construído, com grande sacrifício, a nova igreja na cidade e uma capela na linha Cascata, mas também porque ali tiveram os dois primeiros filhos, Staffan Carl Olov Söderberg (em 25 de novembro de 1958) e Tomas Edvard Rune Söderberg (em 11 de setembro de 1960).

Durante os pouco mais de quatro anos em que viveram em Santa Rosa, entre fevereiro de 1958 e março de 1962, à frente de intensas ações missionárias, o casal viveu experiências espirituais das quais jamais esqueceram.

Em uma delas viram as mãos de Deus operar de modo marcante, na época em que estavam construindo um dos templos, quando receberam um carregamento de cal em pedras vindo de Caçapava do Sul (RS), oferecido pelo amigo Camilo Beltrame, que não tinha espaço para depositar o material, usado largamente na construção civil e que, em estado bruto, não pode ter contato com a água.

Para estocar a cal em segurança, Rune e outros membros da igreja fizeram uma cova no chão, de dois metros de comprimento por 1,20 metro de largura e dois metros de profundidade. Ali foi depositado o carregamento.

Rune relembra: “De repente,Ulla veio correndo informar que uma tempestade se aproximava. Mandamos recolher tudo o que tínhamos de plásticos e telhas para cobrir a cal, mas não deu tempo. Apenas uma pequena parte foi coberta quando veio a chuva, tão intensa, a ponto de o tempo ficar escuro como a noite”.

Com a chuva veio um vento muito forte. Todos correram para dentro da casa, que ficava a cinco metros do templo em construção. O vento era tão forte que todos pensaram que portas e janelas iriam ser arrancadas. Rune ficou no escritório escorando a janela. Ulla-Britt foi para o quarto dos meninos, segurando a janela. Um pedreiro membro da igreja, Valdemar da Rosa, sustentou a porta de entrada.

As paredes do novo templo tinham sido levantadas na frente da casa, com 15 metros de altura e 4,20 metros de largura, ainda sem as colunas de concreto para sustentação. Todos temiam que, com o vento, a parede caísse sobre a casa, esmagando a todos. Rune se recorda que o vento era tão forte que as peras foram arrancadas de uma pereira próxima e lançadas no ar por 60 metros, caindo contra uma tela no fundo do terreno. Todos ali dentro clamavam proteção a Deus.

Terminada a tempestade, puderam ver que nenhum tijolo caiu da parede e nenhuma gota da chuva caiu em cima da cal. Choveu em redor, mas nada caiu na cal, nem água na cova recém aberta. Na cidade, no entanto, o estrago foi grande. Muitas casas foram destelhadas, muros caíram, e em uma casa o telhado foi arrancado e 3

lançado no meio da rua. O construtor, um alemão muito católico que não gostava dos crentes, foi falar com Rune após os acontecimentos.

E disse:

“Pastor, perdoa-me por eu ter estado contra vocês, por não gostar dos evangélicos, mas agora em vejo realmente com quem Deus está”. Em seguida, ofereceu o material de construção dele, pelo preço que ele pagara.

Rune comemora, ao relembrar da tempestade: “Nenhum tijolo caiu da igreja e nenhuma pedra de cal se estragou. Isto nós consideramos um verdadeiro milagre de Deus!”

Outra experiência marcante em Santa Rosa se deu quando da inauguração da nova igreja. Os pastores esperavam a presença de 300 pessoas e resolveram oferecer um lanche a todos, no intervalo dos cultos. Foi solicitado aos membros a doação de pães e frios, e estes prontamente atenderam. Um deu dez bolos (chamados de cucas), outro cinco, outro conseguiu cinco quilos de mortadela, outro doou queijo, e assim formaram cerca de 300 lanches.

O que ninguém esperava foi o grande afluxo de pessoas. O jornal da cidade calculou que 4 mil estiveram na inauguração. Os pastores viram crianças da periferia pegando pães e correndo. Mesmo assim todos foram atendidos e ficaram satisfeitos. “O que nós consideramos um milagre foi tudo o que sobrou de comida. Ulla e eu enchemos nossa perua com pães, mortadela e queijo e durante dois dias distribuimos esses alimentos aos necessitados”, recorda Rune.

Novos rumos - Após sete anos à frente dos incessantes trabalhos missionários no Sul, o casal retornou em 1962 com os dois filhos à Suécia, onde por dois anos pastoreou na Igreja Pentescostal Elim. Ali tiveram a filha Annika Ingrid Maria Söderberg.

Permaneceram à frente da Igreja sueca por mais dois anos, até que, em 1964 foram novamente requisitados para funções no Brasil. O amigo Henry Holm assumiu como pastor da Igreja Elim.

O casal atravessou mais uma vez o Oceano Atlântico, agora com os três filhos, chegando ao Porto de Rio Grande (RS) no dia 15 de abril de 1964. Mas ficaram pouco tempo. De lá, por intercessão da Missão de Örebro, dirigiram-se para Santos, onde chegaram em definitivo em 5 de maio de 1964, iniciando um longo e profícuo período nessa cidade portuária, também conhecida como “Terra da Liberdade e da Caridade”.

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Santa Rosa - A capital das Missões

Conhecida no passado como capital das Missões, em razão da atuação de missionários que desbravaram a região, Santa Rosa é hoje também conhecida como a capital da soja, planta que ocupa grande parte das lavouras do município gaúcho.

Essa área foi inicialmente habitada por indígenas da linhagem Tapes, mas, a partir de meados dos anos de 1600 com a instalação ali de jesuítas e espanhóis logo se tentou a catequização desses indígenas.

Santa Rosa integrou por muitos anos a área dos Sete Povos das Missões, um conjunto de sete aldeamentos fundado numa das últimas ondas colonizadora por jesuítas espanhóis. A área pertenceu a Porto Alegre, Rio Pardo e Santo Ângelo, mas em 1876, com a divisão de Santo Ângelo, foi criado o distrito de Santa Rosa. Sua colonização efetiva só se deu após 1915, com o projeto de assentamento dos nascidos na região.

Aos poucos, Santa Rosa tomava ares de povoação mais concentrada, em especial com a chegada de funcionários do serviço de agrimensura, e mais tarde com o ingresso de alemães, italianos, suecos e outros povos, e seus descendentes.

Os primeiros passos para a emancipação começaram em 1927, quando havia 35 mil moradores. Vários serviços foram instalados e com o crescimento da arrecadação, finalmente a 1º de julho de 1931 o interventor no Estado do Rio Grande do Sul, general José Antônio Flores da Cunha assinou o decreto de emancipação do Município de Santa Rosa, distante 490 quilômetros da capital, Porto Alegre.

O cultivo da soja se iniciara por volta de 1915. O pioneirismo do cultivo em Santa Rosa fez com que a cidade recebesse o título de “Berço Nacional da Soja”, por lei federal de maio de 2022.

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O difícil início em Santos

AA vinda para Santos não se deu de modo tranquilo. Na verdade, Rune e Ulla-Britt desejavam mesmo era continuar em Santa Rosa, onde tinham muitos planos preparados e a expectativa de conseguir milhares de fiéis para a igreja. O terreno fora preparado para isso, e Deus os abençoou muito enquanto estiveram naquela cidade por pouco mais de quatro anos.

Mas, nas palavras de Rune, “Deus tinha outros planos e nos colocou em Santos”.

Ao chegar, em junho de 1964, a família foi alojada em uma casa modesta, administrada pela Missão de Örebro há cerca de sete anos e sob a coordenação do pastor Rangberth Thörn e esposa.

A casa, na Avenida Afonso Pena, 477, usada para moradia e templo, ficava no bairro Estuário, em região que na época era próxima à área em expansão do Porto de Santos e no seu entorno havia muitas residências de trabalhadores desse setor, mas também de outros.

No entanto, apesar de estar em um bairro populoso e pelos anos instalada ali, a igreja não tinha dado resultados satisfatórios até aquele momento. Rune questionou a diretoria da Missão sobre esse fato e se demonstrou relutante em permanecer nessa casa. Rangberth Thörn chorou e disse ao casal: “Rune, se você e Ulla-Britt não tomarem conta daqui, teremos que fechar, porque nenhum outro teria coragem para fazê-lo”.

Rune, então, fez uma proposta à esposa – fazer uma experiência de três meses ali. E assim foi.

A casa tinha um alpendre de 2,60 m por 7,00 metros (18,00 m2). Não cabia muita gente, mas, num grande esforço para resolver a questão do espaço, os pastores abriam a porta, colocavam cadeiras na área coberta fronteiriça entre a casa e o muro, e, por meio de uma grande janela de vidro as pessoas podiam acompanhar os cultos.

Havia um cômodo transformado em escritório para os pastores, onde dormia a filha Annika, uma sala, um quarto para eles e outro para os filhos Staffan e Tomas, cozinha, área de serviço e banheiro, além de uma edícula nos fundos do terreno, que tinha ainda corredores externos ao imóvel.

A casa, onde se iniciou a obra pastoral com os Pastores Rune e Ulla-Britt à frente, logo se transformou na primeira sede da Igreja Batista Filadélfia de Santos, com data de fundação a 18 de janeiro de 1959, conforme consta em seus estatutos sociais.

Foi nesse imóvel que se realizou um primeiro milagre, dos muitos que viriam a ocorrer. Rune conta:

“Tínhamos a Escola Dominical aos domingos pela manhã e vieram crianças, entre elas cinco filhos de uma mulher, meretriz, que morava numa favela perto do cais. Num dos cultos anteriores eu havia falado como Jesus curou um coxo. A mais velha das cinco crianças, chamada Rosângela, ouviu e guardou a mensagem. No culto posterior, ela veio com outro irmãozinho, de 4 anos de idade, sentado em uma cadeira de rodas para criança com assento de pano. Ela veio para mim e disse para que eu pedisse a Jesus que curasse o irmãozinho, como aquele coxo do culto do último domingo”.

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Rune viu que os olhos grandes da menina revelavam a fé e a esperança que ela tinha de ver o irmão curado. Rune se lembrou de um filme que vira na Suécia, “A Palavra”, em que um seminarista luterano contava às crianças como Jesus curava enfermos e fazia outros milagres, como o da ressuscitação de Lázaro. Um dia, uma parente dele morreu e uma das filhas da mulher foi pedir ao seminarista que intercedesse junto a Jesus para que a ressuscitasse como havia feito com Lázaro. Deprimido por sentir a sua fraqueza, o seminarista sai de casa, lutando consigo e com Deus, mas viu na menina a esperança e a fé de que Jesus pudesse operar o milagre. De volta à casa, todos oraram fortemente e, no final, o filme mostra a mulher se mexendo, voltando à vida, para alegria de todos.

Rune vira na menina Rosângela a mesma fé e esperança no seu rosto e nos seus olhos, como tinha visto na menina do filme. Mas nada aconteceu, e a menina levou o irmãozinho de volta para casa. O menino só olhava para cima, nada falava, balançava a cabeça e seus membros eram muito finos, sem músculos, parecendo o boneco de madeira das histórias, o Pinóquio.

Foi uma tortura para Rune enfrentar a semana seguinte, em especial a prova de sua fé. E dizia: “Senhor, sou Teu servo, prego a Tua Palavra por que não operas quando pedimos? Por que, Senhor, a Rosângela, desanimada, teve que levar de volta o seu irmão ainda enfermo?”

Dias depois, num sábado, enquanto almoçavam, Rune e Ulla-Britt ouviram um alvoroço na frente da casa. Correram para ver o que era e, em meio a várias pessoas reconheceram a mãe da Rosângela com o menino. Ela gritava sem parar: “Olhem, ele anda! Olhem, ele anda!” Viram o menino, com as pernas do Pinóquio, andando diante da casa, sem balançar a cabeça. Estava curado!

Os anos passaram e a mãe de Rosângela e do menino tiveram que deixar o bairro e o casal Söderberg perdeu o contato com a família.

O tempo passou. Os cultos na casa da Avenida Afonso Pena se multiplicavam em número de membros e o Pastor Rune já começava a preparar o terreno para construir a sede atual da igreja na Rua da Liberdade, 442.

Cerca de 15 anos depois, Rune retornava para casa após mais um dia na igreja e viu um rapaz com roupa militar conversando com o dono do bar da esquina. Os dois apontaram em sua direção e o soldado veio falar com ele, perguntando se era o Pastor Rune.

Após confirmar, o jovem indagou se ele se lembrava de uma menina chamada Rosângela que ia na Escola Dominical e tinha levado um irmãozinho enfermo que recebeu orações para ser curado. Rune jamais tinha esquecido desse fato e prontamente respondeu que sim. E o rapaz: “Esse irmãozinho sou eu”.

Rune atesta: “Na minha frente estava um moço forte e bonito, ombros largos, mais alto que eu, agora servindo ao Exército Brasileiro. Toda cena do passado voltou como um filme diante de mim. Eu vi que este milagre de Deus tinha sido completo”.

E finalizou: “Não quero trazer para mim a resposta da oração. Mas eu tinha pregado a Palavra de Deus, de tal maneira que a Rosângela acreditou. Lembrei-me o que Jesus disse ao que veio pedir a Ele – ‘Se crês é possível’. E eu tenho uma constante petição a Deus. Senhor, me ajude a pregar de tal forma que os ouvintes comecem a crer...” *

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Com muito sacrifício, nos estudos bíblicos, na formação dos filhos, na pregação e acompanhando de perto as obras de construção da nova Igreja, o Pastor Rune ainda atuou como professor no Seminário Teológico Batista Independente, em Campinas, entre 1965 e 1967, lecionando Teologia Sistemática, Homilética (arte de pregar sermões), Grego e Música. Ao mesmo tempo presidiu o Departamento de Literatura e foi autor de textos e artigos especializados. Foi ainda presidente do Concílio dos Missionários Batistas Independentes da Sociedade Missionária.

Nada o abateu. Nem mesmo a delicada cirurgia a que foi submetido em virtude de uma úlcera em 1976 e que quase ceifou a sua vida.

Durante 30 anos a família Söderberg viveu na casa da Avenida Afonso Pena 477, com os pastores atuando já na sede nova da Rua Liberdade 442, os filhos crescendo e frequentando escolas e todos se unindo à comunidade local.

Em relação aos estudos, os três filhos tiveram destinos diferentes durante o período na casa.

Quando vieram para Santos estudaram inicialmente no Ginásio Afonso Pena. Como os colégios públicos eram muito bem recomendados naquela época, Annika foi estudar na Escola Municipal Lourdes Ortiz. Os irmãos foram para a Escola Estadual Luiza Macuco. O Staffan fez o ginásio e o colegial nessa escola e o Tomas fez o ginásio e depois fez os 1º e 2º anos do colegial no Andradas, e em seguida foi para o Colégio Decisão, que também tinha o cursinho pré-vestibular. Annika posteriormente foi para o ginásio no Luiza Macuco e todo o colegial no Colégio Decisão.

Depois de 1980, quando o irmão mais velho, Staffan, foi estudar Medicina em Pouso Alegre, onde passou a morar, Annika mudou para o quarto com o irmão Tomas. Ela morou nessa casa até se casar, em 16 de agosto de 1986. Quando vinha para Santos, Staffan ficava nesse imóvel até se casar em 1988. Tomas morou até 1990, mesmo depois de ter se casado em 1989, até que seu apartamento ficasse pronto.

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A Igreja muda o nome

EEm Assembleia Geral Ordinária realizada no dia 1º de janeiro de 2004 sob a presidência do Pastor Rune, na ordem do dia, entre outros assuntos, constava a aprovação do novo Estatuto Social da Igreja Batista Filadélfia de Santos, adaptado conforme as exigências do Novo Código Civil Brasileiro (em vigor desde janeiro de 2003).

Durante a análise, os membros do encontro constataram que a alteração do nome da Igreja seria bem-vinda, já que, na prática, ela já não era mais conhecida pelo seu nome oficial, no que todos concordaram.

Desde então, passou a ser chamada oficialmente de Igreja Cem Porcento Vida, nome que se mantém até os dias atuais.

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Valores, Visão, Missão

"Em Jesus vivemos, nos movemos e existimos."

Atos 17:28a

1.Vivemos um relacionamento íntimo com Deus em disciplina espiritual.

2. Nos Movemos pela Bíblia em adoração no Espírito Santo, amor fraternal e discipulado.

3. Existimos em evangelismo missional e missionário como sinal do Reino de Deus para o mundo.

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Vale de Oração

Uma ampla área verde em meio à Mata Atlântica e junto à Reserva Florestal da Jureia, o Acampamento Vale de Oração é um espaço dedicado a diferentes atividades para reuniões e encontros de todas as gerações, kids, adolescentes, jovens e adultos. Com 105 mil metros quadrados de área, o local abriga com comodidade 300 acampantes, com obras permanentes como área esportiva, piscina, tanque de pesca e playground.

No entanto, a expansão compreende, também, uma futura base missionária para formação e envio de obreiros.

O sítio da Igreja Cem Porcento Vida está localizado no município de Itariri (distante cerca de 100 quilômetros de Santos) e compõe-se de alojamentos-suíte e coletivos, refeitório, ampla área de lazer.

A área é banhada pelo Rio do Azeite e tem como outro atrativo a Pedra da Moça, com locais de piscinas naturais.

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Bibliografia

Ficha técnica

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